1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO PAULA MEDINA DE CALAZANS A percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. RIO DE JANEIRO 2014 2 PAULA MEDINA DE CALAZANS A percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Paula Castro Pires de Souza Chimenti, D.Sc. RIO DE JANEIRO 2014 3 4 PAULA MEDINA DE CALAZANS A percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. Aprovada em 27 de agosto de 2014, por: __________________________________________________________________________ Paula Castro Pires de Souza Chimenti, D.Sc. (COPPEAD/UFRJ) __________________________________________________________________________ Antonio Roberto Ramos Nogueira, D.Sc. (COPPEAD/UFRJ) __________________________________________________________________________ José Afonso Mazzon, D.Sc. (FEA/USP) RIO DE JANEIRO 2014 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me ter dado a vida, força nos momentos difíceis e a oportunidade de ter em meu caminho pessoas as quais amo. Agradeço também aos meus amigos e familiares que sempre me incentivaram e me deram apoio nos momentos difíceis e nunca deixaram de acreditar na minha capacidade. Agradeço também por compreenderem a minha ausência nos momentos em que precisei estudar e torcerem por meu sucesso. Especialmente agradeço a minha mãe, Patrícia Medina, que com seu apoio incondicional me deu tudo o que precisei para eu alcançar os meus sonhos. Também agradeço em especial a minha irmã, Pâmella, pelo seu carinho e amizade durante a minha vida. Agradeço também aos amigos que conheci no COPPEAD, mas que quero levar para o resto da vida. Passamos por tantos momentos bons e ruins, um sempre incentivando o outro sem deixar desanimar. Agradeço à Paula Piazi por ser uma ótima amiga durante o intercâmbio e na vida. Lara Chaves, agradeço a sua amizade e apoio. Vocês foram e são muito importantes para mim, foi muito bom poder contar com vocês nesta caminhada. Agradeço aos professores do COPPEAD que me passaram seu conhecimento e me deram conselhos durante essa trajetória. Agradeço a minha orientadora Paula Chimenti por todo o conhecimento passado e orientação neste trabalho. Pelo constante acompanhamento do meu trabalho, por todo apoio e compreensão, pela grande dedicação em me ajudar quando as coisas não estavam saindo muito bem e por toda confiança depositada em mim. Obrigada aos dois outros membros da banca de avaliação do meu trabalho, Prof. Roberto Nogueira e Prof. José Afonso Mazzon, por sua disponibilidade, sua boa vontade e suas contribuições. 6 RESUMO CALAZANS, Paula Medina de. A percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. A pesquisa apresentada nessa dissertação buscou ampliar o conhecimento sobre a percepção do público brasileiro sobre o mobile marketing. Nesse sentido, essa pesquisa oferece uma contextualização sobre o mobile marketing e sugere uma organização dos diferentes canais e formatos utilizados atualmente para mobile marketing. Também é apresentada uma revisão da literatura sobre o tema, identificando os fatores estudados que influenciam a publicidade na mídia mobile. Tais fatores serviram de base teórica para a realização da pesquisa de cunho exploratório que buscou entender melhor a percepção do público brasileiro sobre o mobile marketing. A pesquisa qualitativa exploratória foi realizada por meio de entrevistas seguindo roteiro semiestruturado presencialmente pelo autor dessa pesquisa. O perfil dos participantes dessa pesquisa é de jovens usuários de smartphones. No total, foram feiras 13 entrevistas individuais informais com duração média de 1 hora, entre 19 de junho e 18 de agosto de 2013. Essa pesquisa sugere que existem diferenças entre os fatores que influenciam a percepção sobre o mobile marketing dependendo do canal do mobile marketing. Ainda sugere quais são os fatores que influenciam a percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing e como esses fatores exercem sua influência. Por fim, essa pesquisa traça recomendações para empresas que desejam se relacionar com o consumidor nesta plataforma. Palavras-chaves: mobile marketing, smartphones, marketing, Brasil. 7 ABSTRACT CALAZANS, Paula Medina de. A percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. The research presented in this thesis sought to expand the knowledge about the consumer perception towards mobile marketing in the Brazilian context. In this sense, this research offers a contextualization of mobile marketing and suggests an organization of the different channels and formats currently used for mobile marketing. A review of the literature about the topic is also presented, identifying in previous studies factors that influence marketing in the mobile media. These factors formed the theoretical basis for the realization of exploratory research that sought to better understand the perception of the consumers about the Brazilian mobile marketing. The exploratory qualitative research was conducted in person by the author of this research through interviews following a semi structured script. The profile of the participants of this research is young smartphone users. In total, 13 informal individual interviews were conducted with an average duration of 1 hour, between June 19 and August 18, 2013. This research suggests that there are differences between the factors that influence the perception of mobile marketing depending on the channel of mobile marketing used. It also suggests the factors that influence the perception of the smartphone users in relation to mobile marketing and how these factors exert their influence. Finally, this research outlines recommendations for businesses that want to relate to the consumer on this platform. Keywords: mobile marketing, smartphones, marketing, Brazil 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Usuários de internet mobile no Brasil (milhões) e variação anual, 2011-2017....... 14 Figura 2: Número de celulares 3G no Brasil ........................................................................ 17 Figura 3: Vendas globais de telefone celular ....................................................................... 18 Figura 4: Percentual de penetração de smartphones por idade no Brasil ............................ 18 Figura 5: População coberta com tecnologia 4G no Brasil ................................................... 19 Figura 6: Diagrama de formatos e canais de mobile marketing............................................ 22 Figura 7 Website adaptado às capacidades específicas da plataforma mobile .................... 25 Figura 8: Funil de compra .................................................................................................... 29 Figura 9: Resumo de benefícios do mobile marketing.......................................................... 34 Figura 10: Ecossistema da TV aberta brasileira ................................................................... 36 Figura 12: Teoria da Ação Racionalizada ............................................................................ 39 Figura 13: Teoria do Comportamento Planejado.................................................................. 40 Figura 14: Modelo de Aceitação de Tecnologia ................................................................... 40 Figura 15: Teoria de aceitação e uso de tecnologia unificada .............................................. 41 Figura 16: Síntese dos resultados........................................................................................ 83 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resumo das pesquisas sobre o comportamento do consumidor em relação ao mobile marketing revisadas nesse trabalho ......................................................................... 49 Tabela 2: Fatores estudados na literatura relacionados à aceitação e à atitude dos consumidores em relação ao mobile marketing ................................................................... 50 Tabela 3: Perfil dos entrevistados da pesquisa. ................................................................... 53 10 SUMÁRIO 1 2 Introdução..................................................................................................................... 12 1.1 O problema ............................................................................................................ 12 1.2 Objetivo de estudo ................................................................................................. 13 1.3 Relevância ............................................................................................................. 14 1.4 Delimitação ............................................................................................................ 15 1.5 Organização do trabalho........................................................................................ 15 Revisão da literatura ..................................................................................................... 17 2.1 Contextualização ................................................................................................... 17 2.2 Mobile marketing ................................................................................................... 20 2.2.1 Definição ........................................................................................................ 20 2.2.2 Canais e formatos .......................................................................................... 22 2.2.3 Estratégias para o mobile marketing............................................................... 27 2.2.4 Avaliando o retorno sobre o objetivo de marketing na plataforma mobile ....... 28 2.2.5 Características do mobile marketing ............................................................... 30 2.3 Plataforma e Ecossistema ..................................................................................... 34 2.4 O consumidor mobile ............................................................................................. 37 2.4.1 Uso mobile ..................................................................................................... 37 2.4.2 Teorias de aceitação de tecnologia ................................................................ 39 2.4.3 O consumidor e o mobile marketing ............................................................... 42 2.5 3 4 Síntese da revisão de literatura, gap e objetivo de pesquisa ................................. 48 Método ......................................................................................................................... 51 3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................... 51 3.2 Seleção dos Sujeitos ............................................................................................. 51 3.3 Coleta dos Dados .................................................................................................. 52 3.4 Perfil dos entrevistados ......................................................................................... 53 3.5 Análise dos Dados ................................................................................................. 54 3.6 Limitações do método............................................................................................ 54 Análise dos resultados .................................................................................................. 55 4.1 Características de uso e relação com o aparelho .................................................. 55 4.1.1 A internet móvel impulsionando o uso dos smartphones ................................ 55 4.1.2 Momentos de uso e motivações ..................................................................... 56 4.1.3 Mudança de hábitos antigos ........................................................................... 59 4.1.4 O que mais irrita os usuários? ........................................................................ 59 11 4.2 4.2.1 Mensagens formato SMS e MMS ................................................................... 63 4.2.2 TV................................................................................................................... 68 4.2.3 Websites no navegador do smartphone.......................................................... 68 4.2.4 Voz ................................................................................................................. 70 4.2.5 Aplicativos ...................................................................................................... 72 4.2.6 Aplicativo gratuito vs. pago ............................................................................. 80 4.2.7 Propaganda unida ao conteúdo no aplicativo ................................................. 81 4.2.8 Localização .................................................................................................... 81 4.3 5 Como os usuários percebem o mobile marketing .................................................. 62 Síntese dos resultados .......................................................................................... 83 Conclusão..................................................................................................................... 84 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 87 ANEXO ................................................................................................................................ 94 12 1 1.1 INTRODUÇÃO O PROBLEMA Nos últimos anos, a emergência de novas mídias como a Internet, celular e os game, transformou a forma de consumo, transferindo parte do controle dos veículos para o consumidor, que agora tem mais opções de escolha e pode decidir ser ou não impactado por mensagens publicitárias (RODRIGUES; CHIMENTI; NOGUEIRA, 2012). A interação dos consumidores com as mídias também mudou, já que o público passou a participar da criação de conteúdo, deixando de ser apenas um mero expectador (LIMEIRA, 2008). As novas mídias contribuíram também para a fragmentação da atenção dos consumidores de conteúdo, ao criarem alternativas às mídias tradicionais, como a televisão, o rádio e o jornal (CHIMENTI, 2010). Dessa forma, a emergência dessas mídias implicou em um o aumento da complexidade na tomada de decisão dos anunciantes em relação ao orçamento para cada mídia (RODRIGUES; CHIMENTI; NOGUEIRA, 2012). Historicamente, sempre que uma nova mídia surge, os profissionais da área de marketing passam por um período de relativa confusão, em que tentam reaproveitar os formatos dos anúncios que funcionaram nas mídias anteriores (GUPTA, 2013). Como exemplo, o primeiro comercial de TV foi ao ar em 1941 e durante 20 segundos exibiu uma imagem de um relógio Bulova sobre um mapa dos Estados Unidos com o ponteiro dos segundos rodando e uma narração informando a hora exibida no relógio (DALZELL, 1995; GOLDSTEIN, 2008). Esse anúncio não utilizou a amplitude de recursos que a nova mídia oferecia, assim como outros comerciais no inicio da televisão, que apresentavam narradores lendo o que era basicamente uma adaptação da propaganda feita para o rádio (GUPTA, 2013). Na década de 90, a criação dos browsers permitiu que a World Wide Web se tornasse uma mídia para os anunciantes, e logo surgiram os anúncios em formato de banners, que eram meras imagens estáticas posicionadas, tais quais cartazes (RODRIGUES, 2009). Isso exemplifica que o mesmo comportamento do momento da emergência da televisão ocorreu quando surgiu a internet, uma vez que os anunciantes utilizaram as propagandas estáticas que foram reaproveitadas das campanhas nas mídias impressas (GUPTA, 2013; NERGER, 2008). Goldstein (2008) destaca que a publicidade baseada em Web ainda depende desproporcionalmente de anúncios que pouco mudaram desde a introdução dos banners em 1994. Gupta (2013) sugere que novos métodos de publicidade devem ser criados para as novas mídias e que estes devem evoluir ao longo do tempo. Acredita-se que os profissionais de marketing estão cometendo o mesmo erro descrito anteriormente no que se refere à 13 publicidade nas mídias mobile, como os celulares, smartphones e tablets (GUPTA, 2013; NERGER, 2008). Outro erro que as empresas frequentemente comentem é de ignorar os diferentes mercados, falhando em considerar as diferenças culturais e as características específicas de cada mercado (ROHM et al, 2012). Devido ao recente desenvolvimento da tecnologia móvel, às crescentes taxas de penetração e às características inerentes dos aparelhos móveis, o canal mobile se transformou em um veículo de marketing importante, pelo qual as organizações estabelecem uma presença eletrônica onipresente ao lado de seus clientes a qualquer hora, em qualquer lugar (VARNALI; TOKER, 2010). Os gerentes de marca percebem cada vez mais os aparelhos móveis como uma plataforma pela qual podem interagir com os consumidores (GAO; SULTAN; ROHM, 2010). Dessa forma, os orçamentos para o mobile marketing continuam a crescer, tornando de suma importância para os profissionais de marketing entender como os consumidores percebem as interações com empresas na plataforma móvel (ROHM et al, 2012). No entanto, ainda pouco se sabe sobre como os consumidores brasileiros percebem as ações de marketing nas mídias móveis. Estudos ao redor do mundo (BARWISE; STRONG, 2002; TSANG; HO; LIANG, 2004; BAUERS et al, 2005; CARROLL et al, 2007; MERISAVO et al, 2007; PETERS; AMATO; HOLLENBECK, 2007; SULTAN; ROHM, 2008; GAO; SULTAN; ROHM, 2010; ARTONI et al, 2010) apontaram alguns fatores que levam à aceitação de mensagens comerciais no aparelho celular por parte dos consumidores, especialmente no formato SMS. Mas e quanto aos outros formatos e canais de propaganda que foram surgiram desde a introdução dos smartphones no mercado? 1.2 OBJETIVO DE ESTUDO Esta dissertação tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre a percepção do público brasileiro sobre o mobile marketing. Para tanto, os seguintes objetivos intermediários são propostos: Organizar e classificar os diferentes canais e formatos utilizados atualmente para mobile marketing; Revisar a literatura sobre o tema, identificando os fatores importantes para a publicidade nas novas mídias; Contextualizar o fenômeno, levantando dados sobre o mercado de telefonia móvel no Brasil e no mundo; Traçar recomendações para empresas que desejam se relacionar com o consumidor nesta plataforma. 14 1.3 RELEVÂNCIA O consumidor brasileiro está cada vez mais presente em plataformas móveis. Como mostra a pesquisa da eMarketer (2013) cujos dados podem ser vistos na figura 1, o número de usuários de internet na plataforma mobile vai aumentar muito nos próximos anos. O estudo do eMarketer (2013) ainda acrescenta que os usuários de internet no Brasil estão se tornando consumidores digitais proficientes que navegam em websites, acessam e-mail e interagem em redes sociais por seus telefones celulares. Figura 1: Usuários de internet mobile no Brasil (milhões) e variação anual, 2011-2017. Fonte: Emarketer (2013). A plataforma mobile oferece diferentes oportunidades de interagir com os usuários de aparelhos móveis. Os smartphones mostram um grande potencial para aumentar o engajamento com a marca, adicionar valor ao consumidor e aumentar o retorno do investimento de marketing. Dados de uma pesquisa conduzida pela MMA e Neustar (2013) com 400 profissionais de marketing mostram que 76% acreditam que mobile é a forma de se chegar o mais perto possível do consumidor e que 73% acreditam que é a melhor forma de construir retorno sobre o investimento. Ainda, MMA e Neustar (2013) destacam que os profissionais de marketing pretendem investir 68% a mais na plataforma mobile no ano seguinte à pesquisa. No Brasil, o investimento em anúncios nos dispositivos móveis totalizou US$24,6 milhões em 2012, no entanto, segundo a previsão da eMarketer, esse valor vai chegar a US$198 milhões em 2016 (VICENTE, 2013). 15 Por outro lado, ainda é pouco explorada a percepção dos consumidores sobre as atividades de marketing dentro da plataforma mobile. Com os avanços da plataforma mobile e a busca dos profissionais de marketing por formas mais eficientes de se relacionar com os consumidores, se torna relevante o melhor entendimento das possibilidades de uso desta plataforma. 1.4 DELIMITAÇÃO Mídias mobile podem ser compreendidas como quaisquer mídias que tenham mobilidade, como, por exemplo, letreiros em taxis ou ônibus. No entanto, essa pesquisa delimita o uso do termo mobile às plataformas de telefonia celular, focando, especificamente, nos smartphones. Assim, esta dissertação realiza um estudo exploratório sobre mobile marketing ao investigar jovens que sejam usuários de smartphones, sendo que o uso de outros aparelhos não foi abordado na pesquisa. O perfil dos indivíduos ainda delimita a pesquisa, pois somente a percepção de indivíduos que possuem e usam um smartphone foram exploradas, excluindo assim usuários potenciais e os que um dia tiveram um smartphone e não têm mais. O fato de termos entrevistado somente jovens pode ser considerado também um delimitador da pesquisa, uma vez que outros grupos de pessoas também utilizam o smartphone e, por isso, teriam um contato potencial com ações de mobile marketing. 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Os parágrafos anteriores buscaram ilustrar a relevância do tema para área de propaganda e marketing e servir de motivação para a pesquisa. No capítulo 2 é apresentada a revisão da literatura sobre o tema na qual é iniciada por uma contextualização sobre o a penetração das mídias mobile e rede de internet no Brasil comparado ao mundo, assim como sobre o mobile marketing. Em seguida, a literatura é utilizada discutir o mobile marketing oferendo o embasamento teórico necessário para definirmos o termo mobile marketing adotado nessa pesquisa, assim como a entrega do objetivo intermediário de pesquisa, que é a estrutura de canais e formatos para o mobile marketing. Ainda são apresentadas nesse capítulo as diferentes estratégias e as características inerentes ao mobile marketing. Também é explorada a literatura sobre a plataforma mobile mostrando a importância de analisarmos a indústria pelo seu ecossistema e algumas estratégias para competir em um mercado de redes. No final desse capítulo, o consumidor mobile é o tema, sendo assim, exploramos a literatura sobre como o consumidor usa a mídia mobile, sobre as teorias de aceitação de tecnologia e como o consumidor se relaciona com o mobile 16 marketing. Por fim, é concluída a revisão da literatura apresentada ao longo do capitulo 2 e mostra-se o gap de pesquisa que motivou o delineamento do objetivo principal da pesquisa. No capítulo 3 o método de pesquisa escolhido é descrito apontando o tipo de pesquisa, a seleção dos sujeitos, a coleta dos dados, o perfil dos sujeitos da pesquisa, a análise dos dados e as limitações do método. O capítulo 4 busca explorar os dados mostrando a análise dos resultados que fundamentam a conclusão da pesquisa exposta no capítulo 5. 17 2 2.1 REVISÃO DA LITERATURA CONTEXTUALIZAÇÃO Estudos recentes sugerem que aproximadamente 90% do mundo estará conectado por meio de algum tipo de aparelho móvel e que até 2015, existirá mais telefones móveis com acesso à internet do que computadores (ROHM et al, 2012). Particularmente, o mercado mobile brasileiro passa por um momento de crescimento, com o aprimoramento da infraestrutura de banda larda do país, o aumento dos acessos às redes 3G/4G e o aumento das vendas dos dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Ao serem combinadas, essas tecnologias fazem dos dispositivos móveis com acesso à Internet a mídia mais promissora para anunciantes e publicitários (OKAZAKI, 2006). O número de aparelhos habilitados para conexão 3G no Brasil segue uma tendência de crescimento desde 2008, como pode ser visto na Figura 2. Segundo estudo da consultoria IDC sobre o mercado brasileiro de celulares, a venda de smartphones cresceu 78% em 2012, comparado com o ano anterior. É previsto que, em 2013, o Brasil ocupe a posição de quinto maior mercado de smartphones, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos, Reino Unido e Japão e acima da Índia, que ocupará a sexta posição (COMPUTERWORLD, 2013). 140.000 120.000 (Milhares) 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 2008 2009 2010 2011 2012 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 Figura 2: Número de celulares 3G no Brasil Fonte: Teleco (2014a) Em 2011, foram vendidos 712,6 milhões de smartphones no mundo, representando um aumento de 44,1% no ano, comparado a 2010, e uma penetração de 41,1% de todos os telefones celulares vendidos (TELECO, 2013a). Em 2009, o percentual dos brasileiros com smartphones era de 7% (IBOPE, 2012a). De 2011 a 2012, a penetração de smartphone, no 18 Brasil, passou de 9% para 18%, segundo pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência e pela Worldwide Independent Network of Market Research (WIN) em 2012 (IBOPE, 2013a). Podemos ainda ver na figura 3 que as vendas de smartphones ultrapassaram as vendas de celulares básicos, mostrando uma tendência global do crescimento dessa plataforma. Figura 3: Vendas globais de telefone celular Fonte: Gartner (2013 apud Business Insider, 2013) A figura 4 mostra que a penetração de smartphones entre os jovens brasileiros é maior do que em faixas etárias mais avançadas. Além disso, a participação de smartphones entre os usuários de celular vem crescendo e a tendência é de que o acesso à internet via dispositivos móveis se torne presente no cotidiano de mais consumidores brasileiros (IBOPE, 2012b). Mais de 50 4% De 30 a 49 12% De 18 a 29 27% 0% 20% 40% 60% 80% Figura 4: Percentual de penetração de smartphones por idade no Brasil Fonte: Our Mobile Planet (2012) 100% 19 As vendas de tablets no Brasil apresentaram um crescimento de 222% em 2012 em relação a 2011, alcançando assim, 3,1 milhões de unidades vendidas (ADNEWS, 2013b) e, de acordo com a projeção da consultoria do mercado de tecnologia IT Data, as vendas de tablets vão crescer 67% em 2013 (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2013). A penetração de tablets apresentou crescimento em 2012, saindo de 1% em 2011 para 5% em 2012, no entanto, quando calculado sobre o grupo de usuários de internet, a penetração de tablets é de 26%, que é mais próxima à penetração média mundial, que é de 24% (IBOPE, 2013a). Comparativamente, no terceiro trimestre de 2012 foram vendidos seis tablets por minuto no Brasil, enquanto nos Estados Unidos, a média foi de setenta e um aparelhos vendidos por minuto (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2013). A adoção de smartphones e tablets pelos consumidores impulsiona a utilização da internet móvel (TELECO, 2013b). O Brasil fechou fevereiro de 2013 com 72,8 milhões de acessos à banda larga móvel, sendo 58,9 milhões via aparelhos 3G (TELECO, 2013c). A rede de internet móvel 4G foi oficialmente lançada no Brasil no primeiro semestre de 2013 (TELECO, 2013d), o que colabora com um futuro aumento do número de celulares com acesso à banda larga de quarta geração, que é previsto chegar à cerca de 4 milhões até o final de 2013 (AMATO, 2013). Na figura 5, podemos ver o aumento percentual da população coberta pela rede 4G no Brasil desde o lançamento da rede até Junho de 2014. 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 4T12 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 Figura 5: População coberta com tecnologia 4G no Brasil Fonte: Teleco, (2014b) O momento de crescimento das vendas de smartphones e tablets e de evolução das redes de internet móvel impulsiona o mobile marketing (ADNEWS, 2013a) e outros setores de tecnologia, como mobile commerce, mobile payment, mobile banking, mobile ticketing. Entretanto, o setor de mobile marketing é o que mais tem crescido (ADNEWS, 2013b). As 20 estimativas do eMarketer 1 sugerem que o investimento mundial em anúncios em smartphones e tablets aumentará de US$8.4 bilhões em 2012 para cerca de US$37 bilhões em 2016, representando um crescimento maior do que 400% em quatro anos (JONES, 2013). No Brasil, o investimento em anúncios nos dispositivos móveis totalizou US$24,6 milhões em 2012. No entanto, segundo a previsão da eMarketer, esse valor vai chegar à US$198 milhões em 2016 (VICENTE, 2013). Comparativamente, os investimentos brasileiros ainda são pequenos, uma vez que o total investido em anúncios em mobile, em 2012, somente nos Estados Unidos, foi de US$3.4 bilhões2 (PWC; IAB, 2013). Além disso, segundo a eMarketer, a América do Norte apresentou, em 2012, uma média de investimento em propagandas mobile por usuário mobile de US$30, enquanto na Europa Ocidental uma média é de US$19 e na Ásia-Pacífico, US$4. Já o restante do mundo, incluindo o Brasil, apresentou uma média inferior à US$1 por usuário mobile em 2012 (JONES, 2013). O mercado de propagandas mobile, nos Estados Unidos, tem vivido um percentual de dígitos triplos de crescimento desde 2010, e segundo o relatório IAB Internet Advertising Revenue Report de 2013, isso pode ser atribuído ao aumento da penetração dos smartphones e tablets, às melhorias de infraestrutura que possibilitam ofertas de conexões de internet mais rápidas, melhorias na resolução das telas dos aparelhos móveis que facilitam a inserção de anúncios nas telas, ao aumento da sofisticação na incorporação de anúncios em aplicativos e websites, e ao deslocamento do consumo de redes sociais para os aparelhos móveis (PWC; IAB, 2013). Podemos observar no Brasil esses mesmos fenômenos, como descrito anteriormente, o que nos leva a entender que o país oferece grandes oportunidades para o mobile marketing. Além disso, os consumidores brasileiros apresentam um grande interesse por publicidade via celular, dado que 45% têm interesse em receber informações sobre novos produtos e 38% desejam receber publicidade (IBOPE, 2009). 2.2 MOBILE MARKETING 2.2.1 Definição A literatura sobre mobile marketing cresce na medida em que o tema ganha relevância. Porém, ainda está em desenvolvimento e por isso é fragmentada (VARNALI; TOKER, 2010). Sendo assim, um acordo comum sobre a definição de mobile marketing ainda está em falta na literatura (SMUTKUPT; KRAIRIT; ESICHAIKUL, 2010). 1 A estimativa inclui apenas propagandas em formatos de display (banners, vídeos e rich media) e busca, excluindo formatos de mensagem (SMS, MMS e P2P) 2 Inclui formatos de display, busca e mensagens. 21 A comunicação em mídia mobile foi conceituada na literatura de diversas, formas, como: (1) mobile marketing, (2) mobile advertising, (3) wireless marketing e (4) wireless advertising. Além da diversidade de nomenclaturas, são frequentemente encontradas distintas definições, mas que em geral, significam comunicação de marketing em mídia mobile (LEPPÄNIEMI; KARJALUOTO, 2008). O termo wireless e o mobile são frequentemente intercambiados para descrever as mídias móveis para comunicação de marketing (CARTER, 2008). A prática do mercado caracteriza os aparelhos tais como: smartphones (ex: iPhone, Blackberry, etc.), telefones celulares básicos (celulares com menores recursos, mas capazes de acessar conteúdo mobile) e tablets (ex: iPad, Galaxy, etc.) como dispositivos móveis, mídias móveis e mobile (IAB; PWC, 2012). Lima (2011) aponta evidências da existência de sobreposição entre os conceitos de mobile marketing e mobile advertising. Entretanto, é possível perceber que mobile marketing é comumente definido de forma mais generalista enquanto o termo mobile advertising inclui em sua definição detalhes sobre os formatos utilizados na comunicação. Além disso, a questão temporal parece também exercer um fator diferenciador das definições dos termos, uma vez que referências mais antigas consideram como mobile somente os celulares e as mais recentes expandem o conceito para plataformas móveis, incluindo os tablets. Carter (2008) define o mobile marketing como o planejamento, a realização e o controle de um conjunto de atividades com intenção de unir os compradores e os vendedores em uma troca ou transferência de produtos mutuamente vantajosa, onde o principal ponto de contato com o consumidor é o aparelho celular. Segundo Okazi, Katsukura e Nishiyama (2007), o termo mobile advertising pode ser considerado como um estímulo de marketing em uma interação entre o anunciante e o consumidor que é mediada pelo aparelho de celular. Rohm e outros (2012), foram mais abrangentes em relação ao meio de comunicação incluindo a possibilidade de utilização dos tablets, além dos celulares, ao conceituarem mobile marketing como os esforços de empresas, organizações e marcas em promover, informar, vender ou direcionar o consumidor a tomar alguma ação usando a plataforma móvel. No entanto, essa definição pode ser interpretada como restrita em relação aos objetivos da comunicação de marketing nas plataformas móveis, uma vez que essa mídia pode ser utilizada com outros propósitos além de informar, vender ou direcionar o consumidor a tomar ações. Kaplan (2012) conceituou o mobile marketing sem restringir os objetivos da comunicação, definindo-o como qualquer atividade de marketing conduzida por meio de uma rede ubíqua pela qual o consumidor está constantemente conectado usando seu aparelho móvel pessoal. Dessa forma, o mobile marketing requer acesso a uma rede ubíqua 22 que não é necessariamente uma única rede, podendo ser uma combinação de diferentes redes que se alternam de forma imperceptível. Por exemplo, um consumidor acessa a rede wireless quando está em casa e 3G/4G quando está na rua. A definição pressupõe o acesso constante à rede, que parece simples, uma vez que os consumidores não saem de casa sem seus celulares, ao contrário do que acontece para os tablets, nos quais a conexão constante depende da decisão consciente do consumidor de manter o aparelho ligado 24 horas por dia. A última condição dessa definição é a característica de uso pessoal do aparelho móvel, o que significa que o dispositivo não deve ser compartilhado. Neste trabalho, foi adotada a definição da Associação de Mobile Marketing (MMA). Segundo a MMA (2008), o mobile marketing é a utilização de mídias wireless como uma plataforma de entrega direta de conteúdo e canal de resposta dentro de programas de comunicação de marketing em mídia cruzada ou independente. Essa definição foi escolhida, pois permite a evolução das mídias móveis que podem ser utilizadas no mobile marketing e também enfatiza características relevantes do mobile marketing, como o cruzamento de mídias e o contato direto, sem restringir os objetivos das ações de marketing. Além disso, foi referenciada em diversos artigos na literatura de mobile marketing (LEPPÄNIEMI; KARJALUOTO, 2008; SULTAN; ROHM; GAO, 2009; SULTAN; ROHM, 2010; JAIN; PANT; DASWANI, 2011). 2.2.2 Canais e formatos Essa seção explica os diferentes formatos e canais que podem ser utilizados em ações de mobile marketing, sendo sua organização representada pela Figura 6. Essa organização foi elaborada a partir da revisão da literatura existente. Figura 6: Diagrama de formatos e canais de mobile marketing 23 Entre tantas opções, escolher o canal ideal para atingir o segmento alvo é muito relevante para o sucesso de uma campanha baseada em mobile marketing (SMUTKUPT; KRAIRIT; ESICHAIKUL, 2010). No entanto, cada canal pode ser utilizado de forma independente ou integrado com canais ou conteúdos mobile adicionais, bem como complementando outras mídias, tais como TV, jornais e revistas, rádio, outdoor, cinema, internet e mala direta (MMA, 2009). 2.2.2.1 Canal Mensagens O canal de mensagens é principal canal discutido na literatura de mobile marketing e já configura um canal popular para campanhas de marketing direto ao redor do mundo (OKAZAKI; KATSUKURA; NISHIYAMA, 2007). No Brasil, existem poucas pesquisas sobre o tema e a prática ainda é incipiente (ARTONI et al, 2010). Esse canal engloba o canal SMS (short messaging service) e o MMS (multimedia messaging service), sendo o SMS uma mensagem de texto enviada para o celular do consumidor e o MMS uma mensagem com imagens, vídeos ou áudio. Por estar disponível para praticamente a totalidade dos modelos de telefone celular e não exigir que o consumidor tenha acesso à rede de internet móvel, esse canal permite uma maior abrangência da campanha de marketing (LIMA, 2011; MMA, 2009). Além disso, as campanhas baseadas em SMS são percebidas pelos profissionais de marketing como as mais práticas e mais econômicas para a promoção de produtos e serviços (OKAZAKI; BARWISE, 2011). As campanhas baseadas em SMS e MMS podem ser distinguidas como campanhas pull e push e o modelo de diálogo contínuo. As campanhas pull se iniciam com o consumidor enviando uma mensagem para um short number apresentado pelo anunciante, usualmente exibido em outras mídias, como TV, rádio, impressas e internet. Campanhas push são aquelas em que o consumidor permite o envio de mensagens por meio de um cadastro na web, papel, etc., ou seja, o consumidor deve pertencer a uma base de assinantes opt-in, seja do anunciante ou da operadora. As campanhas de diálogo contínuo ou múltiplas etapas supõem um diálogo contínuo com o usuário (ARTONI et al, 2010). As propagandas enviadas por mensagem normalmente incluem uma opção de resposta para que o consumidor obtenha mais informações, ou inclui um link para um website ou de um número de telefone, o que permite uma interação com outros canais. Esse tipo de propaganda é normalmente avaliado por métricas como entrega, leitura e resposta (GLUCK, 2011). Segundo Frolick e Chen (2004), são esperadas maiores taxas de resposta para mensagens de marketing do que para e-mails marketing. Além disso, SMS têm maior probabilidade de visualização (70%) do que os e-mails (30%) (TIMPSON; TROUTMAN, 2009). 24 2.2.2.2 Canal Voz O canal de voz pode ser iniciado pelo consumidor ao clicar em link ou um website e ao discar um número divulgado pela campanha que direciona para uma \ linha de celular. Tipicamente, esse contato é usado para oferecer um mecanismo de resposta da campanha de marketing e aumentar a interação com o consumidor (MMA, 2008). Nesse canal, o consumidor pode interagir diretamente com um operador ou c com respostas interativas gravadas como, por exemplo, em campanhas de ligue para votar, ligue para comprar, ligue para obter mais informações, ligue para receber a promoção, entre outros (MMA, 2009). O contato com o consumidor pode ser iniciado pelo anunciante por esse canal, isto é, os consumidores que deram autorização prévia (opt-in) recebem chamadas de telefones celulares de pessoas endossando um produto ou serviço. Caso algum consumidor esteja na lista de opt-in por engano ou tenha esquecido a aprovação dada, o contato telefônico pode provocar reações negativas tanto do consumidor, quanto da operadora da linha telefônica e do governo. Outra preocupação é de que as mensagens devem ser curtas, inteligentes e relevantes, caso contrário o consumidor pode desligar e interromper o contato (SHANKAR; BALASUBRAMANIAN, 2009). 2.2.2.3 Canal Website De acordo com a MMA (2009), o canal website entrega conteúdo característico da internet com texto e gráficos adaptados para coincidir com a resolução da tela e as capacidades específicas de cada navegador do dispositivo móvel, como pode ser visto na figura 7. As métricas disponíveis para esse canal são similares às métricas da web baseada em computadores, como número de visitas na página e tempo dispendido, e métricas específicas da plataforma mobile, como tipo de dispositivo móvel e tamanho da tela (GLUCK, 2011). 25 Figura 7 Website adaptado às capacidades específicas da plataforma mobile Fonte: Print screen do website clássico e mobile do G1.com.br, elaborado pela autora O canal website traz oportunidades em ações de mobile marketing como a criação de portais de marca e anúncios em formato de texto exibidos em sites e ferramentas de busca (MMA, 2009). Os anúncios em texto são inseridos aos resultados da pesquisa solicitada como um link patrocinado de forma discriminada e relacionados aos termos definidos como palavras chaves na busca ou ao conteúdo do site (RODRIGUES, 2009). Os formatos de anúncio em display, que são muito comuns em websites já desde o início do World Wide Web (RODRIGUES, 2009), também podem ser utilizados no canal website mobile (MMA, 2009). Os display ads assumem formas de imagens estáticas ou rich media (combinação de vídeo, áudio e interatividade) (RODRIGUES, 2009). O formato pode aparecer no topo, no rodapé ou como um pop-up dinâmico na tela inteira, enquanto a página requisitada está carregando (LIMA, 2011). Tais formatos também foram inseridos na plataforma mobile no canal de aplicativos mobile ou Apps (antes, durante e depois da exibição do conteúdo) (MMA, 2009). A atratividade dos display ads na plataforma web se deve à possibilidade de monitorar a eficiência da inserção publicitária, sua flexibilidade para criação e a confiabilidade para a mensuração dos resultados (RODRIGUES, 2009). No entanto, segundo Gupta (2013), quando os formatos de display e texto são aplicados aos dispositivos móveis, problemas de criação e mensuração surgem. O autor avalia que não existe um espaço determinado para os displays ads e anúncios em texto 26 como na web e, por isso, tais anúncios aparecem em lugares inesperados, muitas vezes confundindo e irritando os consumidores. Gupta (2013) descreve o efeito do “dedo-gordo”, pelo qual muitos consumidores clicam nos anúncios sem querer em função do tamanho da tela e do anuncio, dificultando assim a mensuração da eficácia do anúncio. 2.2.2.4 Canal Aplicativos Gupta (2013) sugere que o melhor canal de comunicação mobile são os aplicativos, porque os consumidores não os percebem como propaganda e nem como intrusivos, pois valorizam sua funcionalidade. De acordo com a MMA (2009), os aplicativos mobile são softwares ou conteúdos que o consumidor baixa ou já recebe pré-instalado no momento da compra do aparelho. Como exemplos de tipos de aplicativos tem-se os jogos, leitores de notícias, e-mail, streaming de vídeos, bancos online, entre outros. As métricas disponíveis para este canal são: o número de downloads, instalação, frequência de uso e tempo de uso (GLUCK, 2011). Os aplicativos são atrativos para os profissionais de marketing, pois são mais eficientes em custo do que a propaganda tradicional e podem criar fontes de receitas inteiramente novas (GUPTA, 2013). Os aplicativos podem ser cobrados dos consumidores no momento do download e/ou durante o uso, normalmente são livres de anúncios, ou são oferecidos gratuitamente ao consumidor, que são financiados por propagandas da forma de display ads e product placement (inserção de produtos) (MMA, 2009). No entanto, os aplicativos gratuitos têm mais força no mercado do que os pagos (SULLIVAN, 2010), o que cria uma oportunidade única no canal, que é a possibilidade de criação de aplicativos patrocinados pela marca, que adicionam valor para a vida do consumidor e aumentam o engajamento de longo prazo com a marca (GUPTA, 2013). Sullivan (2010) explica que existem desafios para as marcas criarem aplicativos para dispositivos móveis. Primeiro, o custo do desenvolvimento de aplicativos são estimados em cerca de 100 mil dólares, sendo que esse custo pode não ser revertido em lucros, uma vez que pode não fazer sentido com a estratégia de marketing cobrar do consumidor pelo aplicativo. Segundo, as marcas precisam ter o conhecimento para desenvolver o software ou até mesmo para planejar e terceirizar e se esse know-how não estiver internalizado, isso pode ser um grande desafio. Terceiro, esforços de marketing para que o aplicativo se destaque no mercado, para isso a marca precisa entender como vender um software, que é uma expertise provavelmente desconhecida para muitas empresas. Gupta (2013) argumenta que o fato de a criação dos aplicativos exigir muito conhecimento torna esse canal ainda mais atrativo para as empresas, pois poucas marcas serão capazes de imitar essa estratégia. Dessa forma, desenvolvimento dos recursos necessários para a criação dos aplicativos pode ser uma fonte para uma vantagem 27 competitiva sustentável de uma marca como descrito por Barney (1991). Além disso, o canal de aplicativos passa uma imagem positiva para o mercado de que a marca está atualizada com a tecnologia (SULLIVAN, 2010). 2.2.2.5 Canal TV O canal TV mobile é disponibilizado aos consumidores com aparelhos habilitados para transmissão de conteúdo televisivo a partir de canais de TV. O mobile TV oferece oportunidades de propaganda similares à televisão tradicional em intervalos comerciais por meio da inserção de anúncios em formato de vídeo no início, no meio e no final da exibição do conteúdo, além do uso dos diferentes formatos existentes inseridos como forma de product placement e displays ads, por exemplo. Apesar da falta de padrão de tecnologia de transmissão do sinal de TV nas plataformas móveis, algumas tecnologias têm aumentado sua aceitação ao redor do mundo, tal como Digital Video Broadcasting – Handheld (DVB-H), MediaFLO, ATSC M-H, DMB, ISDB e SDMB (MMA, 2009). 2.2.3 Estratégias para o mobile marketing As aplicações estratégicas do mobile marketing foram categorizadas por Tsang, Ho e Liang (2004) como: baseadas em permissões, baseadas em incentivos, e baseadas em localização. A seguir, serão descritas as estratégias para elucidar os conceitos e descrever suas relações. Além disso, discutimos a integração das propagandas ao conteúdo aplicado às plataformas mobile. Tsang, Ho e Liang (2004) explicam que no mobile marketing baseado em permissão, as mensagens de comunicação de marketing sobre determinados produtos, serviços ou conteúdos são enviadas somente para pessoas que tenham explicitamente permitido o envio. O marketing de permissão foi popularizado por Godin, em 2000, e é considerado o oposto do marketing de interrupção tradicional. Segundo Godin (2000), o marketing de permissão pressupõe a construção de um relacionamento contínuo com os clientes e o aumento gradativo da profundidade desse relacionamento a partir do consentimento do cliente para receber informações de uma empresa. Nesta linha, temos também o movimento “Madison e Vine” descrito por Donaton (2004), que transmite a ideia de que a propaganda deve estar unida e totalmente integrada ao conteúdo midiático, ao invés de interrompê-lo. Donaton (2004) sugere que as indústrias de propaganda e entretenimento devem convergir para sobreviver, criando o encontro fictício da Avenida Madison em Nova Iorque com a Vine Street em Los angeles, onde estão concentradas as grandes agências publicitárias e os grandes estúdios de cinema, respectivamente. 28 O mobile marketing baseado em incentivos fornece recompensas financeiras específicas para os indivíduos que concordam em receber promoções e campanhas (TSANG; HO; LIANG, 2004). Esses incentivos podem ser, por exemplo, dinheiro (BARWISE; STRONG, 2002), minutos de ligação (GUPTA, 2013) e tempo de conexão de internet (TSANG; HO; LIANG, 2004). Segundo Godin (2000), os incentivos são um meio de iniciar e também aumentar o nível da permissão no relacionamento com o cliente. Contudo, o autor argumenta que a recompensa vai além dos incentivos monetários, podendo o consumidor ser incentivado com informações e entretenimento. Sendo assim, o mobile marketing baseado em incentivos está fortemente relacionado com as ações baseadas em permissão. O mobile marketing baseado em localização aproveita o recurso de localização do dispositivo móvel para atingir o público-alvo em um determinado local (TSANG; HO; LIANG, 2004). Também chamado de location-based-advertising (LBA), pode ser definido como informações de marketing enviadas para dispositivos móveis de forma personalizada de acordo com a posição geográfica do destinatário (BRUNER II; KUMAR, 2007). O potencial da utilização do LBA é poderoso uma vez que tecnologias GPS (Global Positioning System) estão presentes na maioria dos dispositivos móveis. Outras tecnologias que possibilitam o LBA envolvem o Bluetooth e o RFID que são instalados em portas de lojas, máquinas de venda automática e cartazes e são acionados quando estão em suficiente proximidade do dispositivo móvel (BRUNER II; KUMAR, 2007). Aplicações do LBA podem ser envio de cupons, anúncios, promoções e alertas, notificação e identificação do cliente na loja de bairro de forma segmentada (DHAR; VARSHNEY, 2011). De acordo com Bruner II e Kumar (2007), existem dois tipos de abordagem de LBA, push e pull. Na abordagem push, o anunciante envia anúncios para o usuário de acordo com a sua localização (BRUNER II; KUMAR, 2007). Já a abordagem pull acontece quando o consumidor requisita uma informação ou usa um serviço baseado na sua localização e recebe uma mensagem de anuncio. Por exemplo, ao procurar um restaurante próximo a um determinado local, o consumidor pode receber cupons promocionais de outros restaurantes próximos (BRUNER II; KUMAR, 2007). Dessa forma, podemos perceber que tanto a abordagem push quanto a pull são baseadas na permissão do consumidor, mostrando assim, como a estratégia de baseada em localização também está relacionada com a de permissão. 2.2.4 Avaliando o retorno sobre o objetivo de marketing na plataforma mobile O funil de compras é uma ferramenta utilizada frequentemente para analisar as atividades de marketing (BRIGGS et al, 2005). Kotler, Rackham e Krishnaswamy (2006) descrevem que convencionalmente, as primeiras quatro etapas do funil de compras são de 29 responsabilidade da área de marketing e a área de vendas é responsável pelas quatro últimas etapas do funil. O funil de compras apresentado por Kotler, Rackham e Krishnaswamy (2006) considera nas primeiras quatro etapas do funil a conscientização do cliente, o conhecimento da marca, a consideração da marca e a preferência pela marca. As últimas quatro etapas do funil são intenção de compra, compra, fidelidade do cliente e defesa do cliente. Nesta pesquisa, utilizaremos o funil de compra descrito na Figura 8, para avaliar os níveis de sucesso dos diferentes tipos de mobile marketing que a que nossos respondentes foram expostos. Na parte superior do funil de compra, a marca deve ser notada. Os níveis de retorno sobre os objetivos de marketing vão aumentando em direção à parte inferior do funil, que trata da conversão dos consumidores em compradores. Figura 8: Funil de compra Fonte: Briggs e outros (2005) A lembrança da propaganda e o reconhecimento da marca são métricas que podem ser utilizadas para avaliar o topo do funil, enquanto o aumento na consideração de compra e nas vendas podem ser exemplos de métricas utilizadas na parte inferior do funil (BRIGGS et al, 2005). Além de analisarmos o nível do funil de compra em que as diferentes atividades de mobile marketing estão, vamos também investigar quais as características que foram relevantes para a atividade estar caracterizada em cada nível. 30 2.2.5 Características do mobile marketing O mobile marketing apresenta características que destacam as mídias móveis das outras mídias. Personalização, ubiquidade, interatividade e localização são atributos do mobile marketing que sustentam o grande potencial desse formato para comunicações comerciais (BAUER et al, 2005). Além disso, o mobile marketing é capaz de reduzir os custos gerais com propaganda em função de seu menor custo e maior eficácia (GENG, 2009 apud GAO; SULTAN; ROHM, 2010) e pode fortalecer a eficiência de outros canais de marketing existentes (NYSVEEN et al, 2005). O telefone celular é um dispositivo de uso pessoal, que tipicamente tem somente um usuário (MMA, 2009) e raramente é usando por uma pessoa que não o proprietário (BAUER et al, 2005). Ainda, em função da tecnologia SIM (subscriber identification module) embutida nos dispositivos móveis, os profissionais de marketing têm a possibilidade de identificar o consumidor e criar um banco de dados com variadas informações de cada consumidor (TRUONG; SIMMONS, 2010). Essa particularidade dos dispositivos móveis permite maior personalização e direcionamento das ações de mobile advertising (RANCHHOD, 2007). Além da comunicação mais direta entre consumidores e marcas, o mobile marketing permite maior interatividade que as comunicações de marketing tradicionais (BAUER et al, 2005; SULTAN; ROHM, 2005 apud SULTAN; ROHM; GAO, 2009). Os aplicativos patrocinados, por exemplo, são uma forma de propaganda em smartphones mais interativa que os websites e o display ad (BELLMAN, 2011). A interatividade nas propagandas, de forma geral, têm efeitos positivos, já que o indivíduo tende a processar a propaganda mais profundamente e por mais tempo, gerando mais pensamentos sobre a marca (BELLMAN, 2011). Pelo mobile marketing, as marcas interagem diretamente com o consumidor, que por sua vez se engajam em um diálogo direto ao responder ao conteúdo da mensagem anunciada (BAUER et al, 2005), o que não acontece com propagandas veiculadas em mídias tradicionais, que não são personalizadas e impactam receptores passivos das mensagens de comunicação (AYANWALE et al, 2005). Bauer e outros (2005) entendem que as mídias móveis são ideais para comunicações individualizadas orientadas ao diálogo e por isso podem ser consideradas superiores aos meios de comunicação de massa. Schierholz, Kolbe e Brenner (2007) acrescentam que os aparelhos móveis permitem uma comunicação de duas vias maior do que qualquer outra ferramenta. Segundo Kavassalis e outros (2003), o diálogo “um-para-um” proveniente da personalização e da interatividade beneficia as campanhas baseadas em dispositivos móveis pela sua capacidade de atrair a atenção do consumidor e aumentar as suas respostas. Em resultado, 31 o mobile marketing proporciona excelente eficácia e níveis de resposta em campanhas ao comparados com marketing em outras mídias (MMA, 2009). Todavia, um trabalho criativo deve moldar a conversa “um-para-um”. Assim, o anunciante nunca deve enviar a mesma mensagem duas vezes. Isso requer dos criadores dos anúncios e dos gerentes de marca a continua geração de novas ideias acompanhada de uma excelente gestão de banco de dados (BARWISE; STRONG, 2002). Os dispositivos móveis apresentam uma capacidade de transmissão de dados ubíqua (OKAZAKI; KATSUKURA; NISHIYAMA, 2007). Apesar dos jornais e revistas impressos também serem portáteis, são frequentemente esquecidos e considerados volumosos para serem carregados o tempo todo (PETERS; AMATO; HOLLENBECK, 2007). Por outro lado, os aparelhos celulares são carregados pelas pessoas facilmente tornando-as cada vez mais dependentes de seus dispositivos móveis a ponto de sentirem que não funcionam bem sem eles (BRUNER II; KUMAR, 2007). As pessoas não saem de casa sem seus telefones celulares, o que gera a vantagem da ubiquidade para esta mídia, que se refere à possibilidade do usuário receber informações e desempenhar operações a qualquer hora, em qualquer local (CLARKE, 2001). A ubiquidade e as tecnologias de LBA permitem que o consumidor seja informado sobre ofertas de novos produtos no ponto de venda e então seja induzido a realizar compras por impulso (BAUER et al 2005). A informação da posição geográfica possibilita que os profissionais de marketing interajam com o consumidor de acordo com a sua localização, mas também permite que os consumidores façam buscas ou recebam anúncios e informações de estabelecimentos comerciais em determinada localização (CARTER, 2008). Assim, as estratégias de mobile marketing podem ser especificas para a localização do consumidor e seu contexto de consumo (SULTAN; ROHM; GAO, 2009). Dessa forma, pelo mobile marketing ter o potencial de impactar o consumidor individualmente, no local correto, no momento perfeito e no contexto apropriado, o mobile marketing é considerado a melhor ferramenta de gerenciamento do relacionamento com o cliente (CRM) (BAI et al, 2005; METZ, 2005a apud PETERS; AMATO; HOLLENBECK, 2007). Por outro lado, os consumidores percebem os seus celulares como uma parte integrante de seu espaço individual (HART, 2008 apud AL-ALAK; IBRAHIM, 2010). Particularmente para os consumidores jovens, os celulares representam mais do que um simples dispositivo de comunicação, eles são uma maneira de expressar a sua individualidade por meio de imagens na tela e ringtones personalizados (SULTAN; ROHM. GAO, 2009). Em razão da natureza pessoal desses dispositivos, os consumidores esperam que as propagandas enviadas sejam altamente relevantes (BARWISE; STRONG, 2002) e podem ainda considerá-las como uma invasão da sua privacidade (KIM; JUN, 2008). 32 Em muitos países, o envio de mensagens comerciais é baseado em permissão por determinação legal para que não sejam enviadas, aos celulares dos consumidores, mensagens indesejadas (MERISAVO et al, 2007). No Brasil, o consumidor tem o direito a optar por não receber de mensagem de cunho publicitário da sua prestadora de serviços de telecomunicações em seu celular, além disso, a prestadora só tem permissão para enviar mensagens publicitárias para clientes que tiverem consentido previamente em receber esse tipo de comunicação (Agência Nacional de Telecomunicações, 2007). No entanto, no Brasil não há uma lei federal que regulamente o marketing, dessa forma, nada impede que outras mensagens publicitárias, como de banco e operadoras de cartão de crédito, por exemplo, sejam enviadas ao celular do consumidor (GALVÃO, 2012). A preocupação com a privacidade, isto é, o desejo do consumidor de se manter anônimo, e o desejo do consumidor de receber mensagens relevantes e sensitivas ao seu contexto de consumo, fornecida por location-based-advertising, levam ao que Rimkus (2000 apud BRUNER II; KUMAR, 2007) chamou de o paradoxo da localização. Isso implica que anúncios relevantes podem se tornar um incômodo se o usuário receber uma quantidade excessiva de anúncios, mesmo que o consumidor tenha fornecido a permissão de envio (BRUNER II; KUMAR, 2007). Ainda existem desafios técnicos a serem ultrapassados pelos profissionais de marketing e anunciantes. Primeiramente, existem milhares de marcas e modelos de telefones celulares no mercado e são lançados novos modelos em curtos períodos de tempo, sendo que cada aparelho tem um específico formato, tamanho de tela, profundidade de cor e outras diferenças. Dessa forma, é preciso reconhecer as capacidades específicas do dispositivo do usuário para adaptar o conteúdo e, assim, explorar ao máximo o potencial do dispositivo. A alternativa menos indicada é nivelar a experiência do usuário ao menor denominador comum, isto é, para o mínimo de recursos disponíveis em qualquer telefone (NERGER, 2008). Outro desafio é o fato do consumidor poder conectar seu dispositivo móvel à rede de internet via Wi-Fi, LTE ou 3G, que podem variar significativamente em relação à qualidade. Isso significa que o anúncio desenvolvido pode aparecer como uma mensagem de erro em determinados dispositivos dependendo da conexão e do formato do anúncio. Sendo assim, os anunciantes e os profissionais de marketing devem garantir que o anúncio a ser inserido seja ótimo para cada uma das múltiplas plataformas existentes no mercado (WASSERMAN, 2012). Os profissionais de marketing ainda precisam imaginar formas diferentes de obter informações comportamentais para personalização de anúncios em dispositivos móveis. No computador pessoal, os anunciantes são capazes de atingir clientes em potencial com base em perfis desenvolvidos usando cookies. No entanto, os aparelhos com sistema operacional 33 iOS (Apple) não permitem que anunciantes usem cookies de terceiros, mas sim cookies primários, isto significa que se o consumidor acessar um site, os anunciantes desse site não poderão identifica-lo, somente o dono do site. No sistema operacional Android (Google), alguns anunciantes estão começando a descobrir como programar os cookies de terceiro, mas ainda não parece fornecer informações confiáveis (WASSERMAN, 2012). Além disso, o consumidor nem sempre acessa o conteúdo mobile online, uma vez que existem opções de download de conteúdo, como revistas e jornais, para acesso posterior sem conexão de internet. Em razão desse comportamento, os anúncios rich media se tornam uma opção de menor valor agregado, uma vez que reduziriam a velocidade de download do conteúdo e não podem ser atualizados no momento do consumo. Principalmente, a leitura posterior implica em perda da interatividade, por exemplo, se consumidor não conseguir clicar no anúncio para obter mais informações (WASSERMAN, 2012). A fim de organizar e clarificar o que foi discutido nesse tópico, foi elaborada a Figura 9, na qual apontamos as características principais do uso da plataforma mobile para atividades de marketing. Assim podemos ver que o mobile marketing tem as oferece opções de baixo custo, interatividade, comunicação baseada em localização, comunicação no contexto de consumo, fácil identificação do consumidor, comunicação personalizada, possibilidade de seleção do público-alvo, impacto individualizado do consumidor, ubiquidade, mas também se tem desafios por parte do desenvolvimento das atividades como se adaptar às especificidades dos dispositivos móveis e aos diferentes níveis de qualidade da internet. 34 Figura 9: Resumo de benefícios do mobile marketing 2.3 PLATAFORMA E ECOSSISTEMA Segundo Iansiti e Levien (2004), a estratégia de uma empresa deve considerar o ecossistema na qual a empresa se encontra e o seu respectivo papel nesse ecossistema. Os autores afirmam que a analise do ecossistema é uma das ferramentas mais relevantes para a tomada de decisão sobre o posicionamento estratégico de longo prazo para as empresas. O ecossistema no qual uma empresa se insere deve incluir, por exemplo, instituições que forneçam serviços, tecnologias que suportem o seu negócio e fabricantes de produtos complementares ao produto de sua empesa, além de incluir competidores, setores adjacentes, clientes, agencias regulatórias e canais de comunicação que afetem os seus negócios e o desenvolvimento do seu produto e/ou processos. A importância de se utilizar o ecossistema para o planejamento estratégico de longo prazo é que, de acordo com Iansiti e Levien (2004), o sucesso de uma empresa depende da saúde coletiva das organizações inseridas no seu ecossistema. Os autores sugerem, que qualquer elo fraco dentro que um ecossistema pode prejudicar o desempenho de todas as empresas inseridas no mesmo. 35 Por isso, as empresas devem levar em consideração o impacto de suas ações em todo o ecossistema, mantendo os elos saudáveis. A saúde de um ecossistema deve ser medida em termos de produtividade, robustez e criação de nicho. Produtividade se refere à habilidade da rede de inovar tecnologicamente ou de outra forma a fim de gerar custos menores ou novos produtos. Robustez significa a capacidade de sobrevivência à mudanças disruptivas, como inovações tecnológicas não previstas, tornando todo o ecossistema mais forte. A criação de nicho é a capacidade da rede de absorver mudanças e inovações, criando valor por meio da utilização da diversidade em novos negócios e produtos (IANSITI; LEVIEN, 2004). Cusomano e Gawer (2002) enfatizam a importância do gerenciamento dos complementares, que são empresas fundamentais para a formação da oferta final aos consumidores. Por meio do gerenciamento dos complementares, uma organização pode se colocar em uma melhor posição competitiva, uma vez que ao exercer este papel, a empresa tem uma maior chance de tornar-se a líder (hub) desta plataforma, atraindo os complementares para sua plataforma (lock-in) e afastando-os das plataformas concorrentes. Os autores argumentam que a colaboração mútua entre os líderes e os complementares aumenta o potencial de todos no ecossistema. Cusomano e Gawer (2002) mostram que a indústria está organizada em camadas sequenciais interconectadas. A partir dessa forma de organizar a indústria, os autores explicam que os líderes precisam trabalhar com seus complementares a fim de torná-los seus seguidores para fazer com que suas inovações sejam percebidas pelo usuário final do produto. Isso sugere que inovações que ocorrem em uma camada da indústria devem ser seguidas pelas outras camadas para que a inovação seja percebida pelo usuário final. Rodrigues, Chimenti e Nogueira (2011) analisaram o ecossistema da TV aberta brasileira (Figura 10), oferecendo uma visão abrangente sobre a indústria e ressaltando a importância dos complementares e a inclusão de novos participantes que não fazem parte da indústria, mas são elementos importantes no ecossistema. A análise mostrou que empresas de telefonia mobile e canais de comunicação, como Amazon, iTunes e YouTube, apareciam como novos Hubs. Isso implicou em uma mudança no ecossistema ao retirar da TV a posição absoluta de ponto principal meio de conexão entre os anunciantes e o seu público-alvo, pela oferta de novas alternativas de mídia eficientes e personalizadas. 36 Figura 10: Ecossistema da TV aberta brasileira Fonte: Rodrigues, Chimenti e Nogueira (2011) Além de conectar anunciantes e o público, os telefones mobile incorporaram funcionalidades de tocadores de música e vídeos, de computadores e até mesmo de cartões de créditos. Esse fenômeno é chamado de convergência e é comum em mercados de rede. É possível que uma plataforma seja “envelopada” por uma plataforma adjacente que entre no mercado, uma vez que muitas vezes essas diferentes plataformas têm a mesma base de usuários (EISENMAN; PARKER; ALSTYNE, 2006). Eisenman, Parker e Alstyne (2006) descrevem as plataformas de dois lados, formadas por empresas que obtêm receitas ao conectar diferentes lados de sua rede de 37 clientes, como por exemplo empresas financeiras, de softwares e de mídia. Tais empresas diferem das tradicionais em termos do caminho da receita e dos custos., Enquanto nas tradicionais cadeias de valor o custo fica no lado esquerdo da empresa e a receita no lado direito, o custo e a receita ficam ambos no lado esquerdo e no lado direito das plataformas de dois lados uma vez que cada lado da plataforma atende um diferente grupo de usuários, incorrendo em custos e gerando receitas. As plataformas de dois lados podem coletar receita dos dois grupos e incorrem em custos dos dois lados. No entanto, um dos lados pode ser subsidiado pelo outro lado da plataforma dependendo dos efeitos da rede e do willingness to pay do usuário, que é a valor máximo pelo qual o usuário está disposto a pagar pelo produto/serviço, de cada lado da plataforma. Plataformas com efeitos de rede têm seu valor, para qualquer dos usuários, atrelado ao número de usuários no outro lado da plataforma como no caso de efeitos de rede de lado cruzado (cross-side network effect) ou até mesmo atrelado ao número de usuários no mesmo lado da plataforma como no caso de efeitos de rede de mesmo lado (same-side effect). Ou seja, no caso de efeito de rede de lado cruzado, quanto mais usuários em um lado da plataforma, mais valiosa essa será para os usuários do outro lado da plataforma, e no caso de efeito de rede de mesmo lado, quanto mais usuários em um lado da plataforma, mais valiosa essa plataforma será para os usuários desse mesmo lado (EISENMAN; PARKER; ALSTYNE, 2006). 2.4 O CONSUMIDOR MOBILE 2.4.1 Uso mobile O estudo Especial Mobile conduzido no primeiro semestre de 2012, aponta que, dos usuários de smartphones que realizam acessos à internet pelo aparelho, 84% durante a espera para algum atendimento, 59% no carro de carona, 58% no transporte público, 44% durante a espera pelo início de um evento (cinema, teatro etc.), 42% no trabalho, 38% no banheiro, 34% enquanto assistem TV e 28% durante as conversas com amigos (IBOPE, 2012b). Isso mostra que grande parte dos consumidores está conectada via smartphone constantemente. Pesquisa realizada pela AOL e BBDO com usuários de smartphones dos Estados Unidos descobriu que 68% dos minutos de utilização do smartphone são realizados dentro de casa (AOL e BBDO, 2012). Corroborando o estudo Especial Mobile, a média de utilização de dispositivos móveis pelos brasileiros supera a de outros países segundo os resultados da pesquisa do IBOPE Inteligência em conjunto com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN). A pesquisa mostra que, no Brasil, a média diária de uso de celular é 59 minutos, enquanto a de smartphone é de 84 minutos e a de tablet 79 minutos. Mundialmente, as médias são, 38 respectivamente, 42 minutos, 74 minutos e 71 minutos (IBOPE, 2013a). O estudo AdReaction de 2012, desenvolvido pela Millward Brown, mostra que 60% das pessoas que utilizam smartphones ou tablets consideram os aparelhos indispensáveis para o dia-a-dia e se consideram mais eficientes ao usar o smartphone (IBOPE, 2013c). De acordo com dados do Mobile Report publicado em Fevereiro de 2013, 13% dos usuários de smartphones brasileiros realizaram compras através do aparelho dentro dos 30 dias anteriores à pesquisa. Além disso, a pesquisa mostra que 36% dos consumidores que compraram via smartphone declaram um ticket médio superior a R$300. Entre os que fizeram compras, 37% adquiriram jogos e aplicativos, 27% ingressos para shows e cinemas, 22% artigos de moda, saúde e beleza, 21% compras coletivas, 21% artigos de informática e 19% aparelhos eletrônicos e 19% viagens (IBOPE, 2013b). Outra estatística relevante para mobile marketing é que 12% dos consumidores entrevistados na pesquisa do Mobile Report reportaram que ao visitar lojas físicas, consultam e comparam preços pelo smartphone (IBOPE, 2013b). Os dados do estudo AdReaction de 2012 ainda apontam que as duas ações mais frequentes dos consumidores depois de ver uma propaganda mobile são a visita ao website da marca ou a busca sobre mais informações a respeito do produto/serviço na internet (IBOPE, 2013c). Além disso, o estudo Especial Mobile descreve as principais atividades dos consumidores na internet via celular, mostrando que 87% acessam e-mails, 77% visitam redes sociais, 40% escutam música, 29% assistem a vídeos e 25% jogam games, 79% utilizam sites de busca, 52% os de notícias, 46% procuram por mapas, 38% pelo internet banking, 34% acessam a previsão do tempo e 37% usam para se comunicar (IBOPE, 2013c). Por outro lado, AOL e BBDO (2012) argumentam que observar as atividades dos usuários pelas suas atividades é uma visão superficial, dessa forma, realizaram a pesquisa com os usuários americanos que resultou na categorização de sete momentos de uso do smartphone de acordo com suas motivações subjacentes: realizar, socializar, preparar, “me time”, descobrir, comprar, expressão pessoal. Com 60% do tempo de todos os momentos, a motivação principal do consumidor não é comprar ou socializar como se é esperado, mas sim o que os pesquisadores chamaram de “me time”, que é descrito como o momento em que o usuário busca relaxamento e entretenimento a fim de satisfazer-se e passar o tempo. Além disso, a análise mostra que os consumidores usam o mesmo aplicativo ou site para saciar necessidades distintas e não intuitivas e utilizam aplicativos e sites que não foram criados para o “me time”. Dessa forma, aplicativos como os de lojas online podem ser usados para checagem de novidades com motivação apenas de diversão, o que é muito além da motivação de compras. 39 2.4.2 Teorias de aceitação de tecnologia Esta seção apresenta estudos que investigam a aceitação e as atitudes do consumidor em relação ao mobile marketing ou ao mobile advertising. Vários estudos na literatura propuseram modelos baseados em teorias oriundas da adoção de tecnologia, psicologia e de comunicações, descritas a seguir. 2.4.2.1 Teoria da ação racionalizada (TRA) A TRA é uma das teorias mais influentes sobre o comportamento humano baseada na teoria da psicologia social proposta por Fishbein e Ajzen (1975) e Ajzen e Fishbein (1980). A TRA sugere que a intenção comportamental de uma pessoa depende de atitudes da pessoa e de normas subjetivas. A Norma Subjetiva se refere à percepção do indivíduo sobre a opinião de outras pessoas a respeito de como ele deveria agir ou se comportar. A Atitude diz respeito aos sentimentos positivos ou negativos do indivíduo com relação ao comportamento estudado. A Norma Subjetiva e a Atitude influenciam a Intenção, que é a pré-disposição do indivíduo a se comportar de determinada maneira, sendo o comportamento futuro consequência desta intenção. A figura 12 ilustra o modelo: Figura 11: Teoria da Ação Racionalizada 2.4.2.2 Teoria do Comportamento Planejado (TPB) A TPB é uma extensão da TRA que acrescentou outro fator influenciador da intenção comportamental, que é o controle comportamental percebido. Crenças de controle e poder percebido são os principais construtos do controle comportamental percebido. Portanto, espera-se que se as pessoas têm fortes crenças de controle sobre "a existência de fatores que possam facilitar um comportamento, então eles vão ter alta percepção de controle sobre esse comportamento". (MACKENZIE; JURS, 1993 apud AL-ALAK; IBRAHIM, 2010). A figura 13 ilustra o modelo: 40 Figura 12: Teoria do Comportamento Planejado 2.4.2.3 Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM) Davis (1989) teve como base para a construção desse modelo a TRA, substituindo a construção mais geral de atitudes com dois construtos da aceitação da tecnologia: utilidade percebida e facilidade de uso (PETERS; AMATO; HOLLENBECK, 2007). De acordo com a TAM, variáveis externas influenciam a Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida. Essas duas variáveis influenciam a Atitude, que influencia a Intenção Comportamental de Usar, o que, finalmente, influencia o Real Uso da Tecnologia. A figura 14 ilustra o modelo: Figura 13: Modelo de Aceitação de Tecnologia 2.4.2.4 Modelo de Usos e Gratificações (UGM) O modelo de usos e gratificações foi desenvolvido na década de 50 como um paradigma de pesquisa da comunicação que determina motivações, concentrando-se sobre o que as pessoas fazem com a mídia de massa (KATZ, 1959). De acordo com essa teoria, os consumidores conscientemente selecionam e usam determinada mídia e conteúdo para gratificar necessidades específicas (BAUER et al, 2005). Esse modelo foca no uso da tecnologia pelo indivíduo tanto por razões racionais ou utilitárias quanto por razões hedônicas ou não utilitárias (GAO; SULTAN; ROHM, 2010). 41 Nas décadas de 70 e 80, essa teoria foi utilizada por muitos pesquisadores de mídias (PICARD, 1989). Chimenti e outros (2014) levantaram estudos sobre usos e gratificações em novas mídias que destacam algumas motivações chaves que podem influenciar a seleção e o uso de uma mídia específica, como gratificações de conteúdo (informações ou entretenimento) gratificações de processo (brincar com a tecnologia e a navegação), necessidades afetivas, experiências estéticas, prazerosas e emocionais, as necessidades de integração pessoais (credibilidade, confiança, estabilidade e status do indivíduo), as necessidades de integração social, como entrar em contato com a família, amigos e com o mundo, as necessidades escapistas, referente a escapar, liberar a tensão e desejo para desvio e a conveniência. 2.4.2.5 Teoria de aceitação e uso de tecnologia unificada (UTAUT) A teoria de aceitação e uso de tecnologia unificada foi desenvolvida por Venkatesh e outros (2003) a partir da revisão de diversas teorias de aceitação e uso de tecnologia existentes na literatura. UTAUT considera quatro constructos principais que influenciam a intenção de usar a tecnologia e/ou o uso da tecnologia, sejam eles: expectativa de desempenho, expectativa de esforço, influência social e condições facilitadoras. Segundo a UTAUT, a expectativa de desempenho, a expectativa de esforço e a influência social influenciam a intenção de usar a tecnologia, enquanto a intenção de usar a tecnologia e as condições facilitadoras determinam o uso da tecnologia. Essas variáveis ainda são mediadas por variáveis como idade, gênero, experiência e voluntariedade, segundo a UTAUT. A figura 14 ilustra a teoria. Figura 14: Teoria de aceitação e uso de tecnologia unificada 42 2.4.3 O consumidor e o mobile marketing Embora a área de pesquisa acadêmica sobre aceitação de mobile advertising seja relativamente nova, uma quantidade significativa de estudos foram conduzidos nesse campo (MERISAVO et al, 2007). Barwise e Strong (2002) realizaram uma das primeiras pesquisas empíricas em mobile marketing. Os resultados da pesquisa de Barwise e Strong (2002) sugerem que a permissão explicita do consumidor em receber mensagens publicitárias gera níveis mais altos de aceitação. Isso vai de acordo com a idealização do marketing de permissão proposto por Godin (2000), na qual explica que os consumidores que dão a permissão a uma determinada empresa, geralmente, estão interessados em serviços e produtos que a empresa oferece, e, portanto, quando recebem mensagens publicitárias, apresentam maior probabilidade de prestar mais atenção e de ler a mensagem do que os consumidores que recebe mensagens de empresas que não deram a permissão. Barwise e Strong (2002) revelaram que a relevância, moderação da frequência, brevidade e o valor de entretenimento ou de informação das mensagens também influenciam a aceitação. O sistema de recompensa utilizado no experimento também impulsionou a aceitação do mobile advertising para muitos consumidores, mas o grau pareceu variar de acordo com a idade e riqueza do consumidor. Os consumidores entrevistados relataram que o mobile advertising parece ser mais adequado para anunciar itens simples e de baixo valor monetário do que para itens complexos e de alto valor. Em uma pesquisa quantitativa realizada na China, Tsang, Ho e Liang (2004) destacaram que os consumidores geralmente têm atitudes negativas em relação ao mobile advertising via SMS, exceto quando as mensagens são enviadas com a permissão do consumidor, caso em que os consumidores apresentam atitudes positivas. Os autores averiguaram que atributos das mensagens SMS, como entretenimento, informação e credibilidade são positivamente correlacionados com a atitude geral, sendo o entretenimento o maior influenciador das atitudes. Além disso, mostraram a existência de uma relação direta e positiva entre as atitudes do consumidor e sua intenção de receber mobile advertising via SMS, que por sua vez é afetada positivamente pelo fornecimento de incentivos. Também foi apontado que os indivíduos com maior intenção de receber SMS tendem a ler a mensagem na íntegra e imediatamente após o recebimento, mas os outros tendem a ignorá-las. Sultan e Rohm (2008) investigaram, por meio de pesquisa quantitativa realizada nos Estados Unidos e no Paquistão, sete fatores que poderiam influenciar a aceitação do mobile marketing. Na análise, esses mercados apresentam similaridades. Em ambos os mercados, as características de uso das mídias móveis (utilidade e entretenimento) e a aplicação do 43 marketing baseado na permissão refletem na maior aceitação do mobile marketing, enquanto o apego pessoal ao aparelho e a influência social (símbolos e status) não influenciam significativamente a aceitação do mobile marketing. Diferenças também foram encontradas, sendo verificado que a capacidade de inovação do consumidor, a preocupação com a privacidade e as atitudes perante comunicações móveis influenciam significativamente a aceitação do mobile marketing para o mercado americano, mas não para o paquistanês. A influência do apego pessoal ao aparelho e da aceitação de risco foram testadas por Gao, Sultan e Rohm (2010) com consumidores na China. Os resultados indicaram que maiores níveis de aceitação de risco influenciam positivamente a propensão do consumidor em fornecer informações e acessar conteúdo nos dispositivos móveis, que por sua vez media e direciona o consumidor para a aceitação do mobile marketing. O maior grau de apego pessoal ao aparelho não implicou em maior propensão do consumidor em fornecer informações, mas implicou em maior propensão em acessar e compartilhar conteúdo. Posteriormente, Rohm e outros (2012) realizaram um estudo comparativo entre três mercados, China, Estados Unidos e Europa Ocidental. Verificaram que a participação em atividades de mobile marketing é influenciada direta e positivamente pelas as atitudes em relação ao mobile marketing nos três mercados. A utilidade da informação/conteúdo/atividade, o apego ao telefone celular, e o caráter inovador do consumidor influenciam positivamente as atitudes dos consumidores americanos, chineses e europeus em relação ao mobile marketing. O estudo mostrou ainda que o desejo de prevenção de riscos influencia negativamente as atitudes para os chineses e europeus, mas não para os americanos. Portanto, a pesquisa sugeriu que as características individuais dependem de indicadores culturais específicos. Bauer e outros (2005) testaram um modelo conceitual de aceitação por meio de um questionário quantitativo online na Alemanha. Os autores destacaram que o conhecimento sobre comunicações móveis afeta a atitude e as intenções em relação ao mobile marketing positivamente, porém a magnitude dessas relações se mostrou fraca. Ainda mostraram que a as normas sociais exercem forte influencia indireta nas intenções de aceitar o mobile marketing, uma vez que influencia positivamente as atitudes em relação ao mobile marketing. Além disso, identificaram que a utilidade percebida é central para a aceitação do mobile marketing, sendo a utilidade total determinada, principalmente, pelo valor de entretenimento e de informação. Ao mesmo tempo, a percepção de risco, que é explicada como o medo da má utilização das informações divulgadas ao anunciante e o recebimento de mensagens não solicitadas, determinam atitudes negativas em relação ao mobile marketing e são negativamente relacionadas com as intenções de aceitação do mobile marketing. De acordo 44 com Bauer e outros (2005), a baixa percepção de risco, ou a confiança, é fundamental para que o consumidor permita o envio das mensagens e forneça informações para a personalização do mobile marketing. Ademais, a falta de personalização das mensagens de comunicação de massa não oferece nenhum valor de informação ou entretenimento e, por isso, evocam reações negativas por parte dos consumidores. Dessa forma, os autores consideram a confiança como um pré-requisito para a aceitação do mobile marketing. Similarmente, Okazaki, Katsukura e Nishiyama (2007) investigaram os efeitos da confiança na atitude em relação ao mobile advertising e na recordação da campanha entre os japoneses. Para tanto, realizaram um experimento baseado em envios de mensagens MMS no qual os consumidores receberam incentivos de ringtones e cupons para permitir o envio. Os autores mostraram que a confiança em mobile advertising não gera um efeito positivo significativo nas atitudes em relação à marca, porém influencia positivamente as atitudes em relação ao mobile advertising, que por sua vez tem influência positiva na recordação da campanha mobile para amostra que recebeu ofertas de um bem-durável, mas não para a amostra de bens não duráveis. Assim, parece que o mobile advertising funciona de forma diferente dependendo do produto anunciado. Além disso, apontaram que a confiança na marca influencia positivamente as atitudes em relação à marca, que por sua vez tem efeito positivo na recordação da campanha baseada em mobile. Ainda, Al-alak e AInawas (2010) mostraram por meio de uma pesquisa sobre propagandas via SMS realizada com universitários da Jordânia, que consumidores que expressaram atitudes negativas em relação ao marketing direto sentiam menor confiança e, por isso, eram menos propensos a compartilhar sua informação pessoal via mensagens publicitárias. Além disso, os consumidores que foram anteriormente sujeitos à ampla propaganda apontaram que eram menos propensos a confiar em empresas que utilizam o mobile marketing. Também mostram que a intenção de participar de programas de mobile marketing baseado em permissão e a intenção de compra dos produtos anunciados são influenciados negativamente pela crença de que o aparelho é para uso pessoal, pela ampla sujeição à propaganda e pela preocupação com a privacidade. Entretanto, perceberam que existe uma relação positiva entre a percepção de utilidade, relevância da informação e a percepção de entretenimento com a intenção de participar de um programa de mobile marketing baseado em permissão e com a intenção de compra dos produtos anunciados. Igualmente, Merisavo e outros (2007) encontraram, em um estudo quantitativo, que a utilidade total, definida como percepção de entretenimento, informação, incentivos monetários, relevância e utilidade, e o contexto temporal e/ou espacial das mensagens de mobile advertising baseada em SMS são os fatores positivos mais fortes na aceitação do mobile advertising entre Finlandeses. A percepção de sacrifício do consumidor, que são exemplificados como risco de exposição da privacidade, de recebimento de conteúdo 45 inconveniente e sentimentos de irritação, também influencia fortemente a aceitação do mobile advertising entre Finlandeses, porém negativamente. Apesar das preocupações sobre a privacidade, os resultados da pesquisa indicam que a confiança e o controle do mobile advertising em relação, por exemplo, á permissão, frequência e ao conteúdo, não são tão importantes para os consumidores na aceitação do mobile advertising. De acordo com Merisavo e outros (2007), os consumidores finlandeses são bem protegidos pela legislação contra mobile advertising não solicitados, por conseguinte, esses resultados podem não ser encontrados em outros países com diferentes leis e condutas de mobile advertising. Em contrapartida, Carroll e outros (2007) argumentam que a permissão de marketing é o fator mais importante para a aceitação do mobile advertising, mas também afirmam que somente a permissão parece não ser mais suficiente para a aceitação. Carroll e outros (2007) perceberam que os consumidores desejam maior controle sobre a relevância do conteúdo, o horário, a privacidade e a frequência das mensagens a partir de um estudo exploratório, na Nova Zelândia, sobre a percepção e a atitude dos consumidores em relação ao mobile advertising via SMS. Inicialmente, Carroll e outros (2007) realizaram dois grupos de foco qualitativos com estudantes e profissionais com idade entre 20 e 28 anos e diferentes níveis de familiarização com a tecnologia e as aplicações móveis, sendo que nos dois grupos, os participantes tinham experimentado mobile marketing via SMS enviados somente por seus fornecedores de serviço wireless. Os resultados gerais da etapa qualitativa ainda levantaram ainda que um filtro das mensagens pelo fornecedor de seu serviço wireless, a simplicidade (curta e concisa) e a conveniência (facilidade de uso em termos de tecnologia) das mensagens e a marca ou a empresa que envia a mensagem são fatores que podem impactar a aceitação do mobile advertising. No entanto, a confiança da marca não apareceu como um fator de grande impacto na aceitação nessa etapa. Em seguida, os fatores mais importantes encontrados na etapa qualitativa foram categorizados em quatro e testados empiricamente. Os resultados mostraram que a permissão e a distribuição (frequência) apresentam igualmente o mais forte impacto no nível de aceitação, a relevância do conteúdo o segundo maior e o controle do fornecedor de serviço wireless o menor. Em um estudo comparativo, Koo e outros (2012), baseados na teoria TAM e TRA, examinaram as diferentes percepções de valor da Geração Y em relação ao mobile advertising de vestuário em função da modalidade (SMS e MMS) e da cultura (EUA e Coreia). Os resultados apontaram que os consumidores percebem que as mensagens MMS entretêm mais do que as SMS, porém não foram encontradas diferenças significativas entre as duas modalidades no que se refere aos valores de informação, credibilidade e irritação. A cultura, por sua vez, mostrou exercer influência em todos os valores. Assim, os 46 consumidores americanos perceberam um maior valor de entretenimento, informação e credibilidade no mobile advertising de vestuário do que os coreanos, e ainda consideraram o mobile advertising de vestuário menos irritante do que os coreanos. Peters, Amato e Hollenbeck (2007) realizaram uma pesquisa qualitativa fundamentada na teoria de usos e gratificações para explicar e prever a utilização de mensagens wireless advertising (WAM) via SMS por consumidores. Foram percebidas três categorias de motivos antecedentes das atitudes em relação ao WAM, sendo essas: processo, socialização e conteúdo. Os informantes sugeriram que o WAM pode fornecer entretenimento (a partir do uso da mídia e não do conteúdo), preenchimento de tempo e estruturação de suas atividades do dia-dia, que são as motivações derivadas do processo. No que se refere à motivação de socialização, os consumidores perceberam o WAM seria capaz de promover a manutenção de relacionamentos pessoais, além de relacionamentos comerciais. Ainda fizeram comparações entre as mensagens enviadas por patrocinadores do WAM e mensagens enviadas por familiares e amigos, sendo assim, as mensagens de empresas solicitadas foram percebidas como "pessoal", "informativa" e "especial" que foram enviadas por empresas que "cuidam" das suas necessidades individuais. As motivações de conteúdo, por sua vez, mostram o desejo dos consumidores por conteúdo personalizado, que pode incluir informação que auxilie o consumidor em solução de problemas ou com as últimas novidades, os fazendo sentir-se importante e atualizado. Ainda, a pesquisa de Peters, Amato e Hollenbeck (2007) perceberam os custos monetários e sociais associados à WAM como barreiras para adoção do WAM pelo consumidor. Os informantes apontaram que a gratuidade do WAM é determinante para a sua adoção, mas ao mesmo tempo, alguns informantes vislumbraram que se fosse transferido o controle do conteúdo das mensagens para o consumidor, eles estariam dispostos a pagar por isso. Também devem ser ultrapassados os custos sociais, que são as preocupações com a divulgação de suas informações (número de identidade, cartão, etc.) e com a invasão da privacidade pessoal, como exemplo, a distração pode ser vista como um custo social quando atividades importantes são negligenciadas. Além disso, a pesquisa indica que o uso da mídia para um conjunto de atividades pelos consumidores pode prepará-los para a aceitação dessa mídia para um novo conjunto de atividades. De acordo com uma pesquisa qualitativa realizada por Calin (2011) na França, a mobilidade, a personalização e o imediatismo foram as características indicadas, nessa ordem, como as mais marcantes da comunicação comercial em dispositivos móveis. Além disso, informação, entretenimento, propaganda e comunicação pessoal são as principais funções da comunicação móvel de acordo com a percepção dos respondentes. Contudo, apontaram que funcionalidades híbridas são percebidas como uma nova tendência e possível forma de aumentar a eficácia das comunicações: advertainment (propaganda + 47 entretenimento), infotainment (informação + entretenimento) e infortising (informação + propaganda). A pesquisa ainda mostrou que consumidores têm preferencia pela combinação de conteúdo centrado no consumidor, no produto/serviço e na localização no que se refere às comunicações em dispositivos móveis. Apesar de suas preferências, foi reportado que é fundamental que o consumidor possa interagir e controlar o conteúdo e as funções das mensagens de propagada enviadas para seus dispositivos móveis. Artoni e outros (2010) estudaram qualitativamente o comportamento do consumidor brasileiro de baixa renda frente ao mobile marketing, mais especificamente aplicado ao canal de mensagens. As interpretações das entrevistas de profundidade indicaram que os consumidores percebem os celulares como uma ferramenta indispensável para o dia-a-dia, sendo que as funcionalidades do aparelho apontadas como as mais utilizadas por esse grupo de pessoas foram a ligação e as mensagens de texto. As análises mostraram que para o publico de baixa renda no Brasil, o mobile marketing ainda não é focado na divulgação de produtos e serviços de empresas que não sejam as próprias operadoras de celular. A pesquisa de Artoni e outros (2010) ainda mostrou que os impactos do mobile marketing em seus públicos alvos são ainda controversos, causando impacto positivo e negativo, uma vez que mensagens que enviam bônus em créditos são bem vistas e as propagandas causam incômodo a ponto de influenciar a vontade de receber mensagens de mobile marketing. Esse incômodo pareceu ser causado, principalmente, pela falta de interesse no conteúdo e pela repetição do conteúdo. Além disso, os autores observaram que a falta de conhecimento sobre as regras das promoções geram uma desconfiança e descrédito por parte dos consumidores, causando assim uma resistência às campanhas de mobile marketing. Foi percebido ainda que a confiança na marca que realiza a promoção tem influência sobre a decisão de participação na promoção, mas segundo os entrevistados, mensagens promocionais ainda não foram recebidas de empresas pelas quais eles tenham admiração e confiança. Em outro estudo conduzido no Brasil, Lima e outros (2010) testaram o modelo proposto por Bauer e outros (2005) relativo à aceitação de mobile marketing via SMS com estudantes do ensino médio. Os resultados foram similares a outros países em alguns aspectos, porém diferentes em outros. Dessa forma, não foram encontrados indícios de influência do conhecimento prévio sobre telefonia celular e da atitude geral em relação a propagandas sobre a atitude em relação ao mobile marketing via SMS. No entanto, a utilidade percebida, as normas sociais e a percepção de risco de receber mensagens não solicitadas (spam) surgiram como fatores relevantes para a formação de atitude em relação ao mobile marketing via SMS. Além disso, as hipóteses de influência direta e positiva tanto 48 da atitude quanto das normas sociais sobre a intenção do consumidor em adotar as iniciativas de mobile advertising foram suportadas por esse estudo. Bellman e outros (2011) conduziram o primeiro estudo que aborda a utilização dos aplicativos para dispositivos móveis em mobile marketing. O estudo testou os efeitos de aplicativos patrocinados por meio de um experimento de duas etapas com indivíduos dos Estados Unidos e da Austrália. Na primeira etapa, os indivíduos responderam um questionário online. Na segunda etapa, os indivíduos utilizaram os aplicativos patrocinados e, no final, responderam novamente o questionário da primeira etapa. Os resultados confirmaram que o uso de aplicativos patrocinados aumenta o interesse do usuário na marca e na categoria do produto da marca. Ainda, os aplicativos patrocinados parecem exercem um grande efeito positivo na atitude em relação à marca, mas apenas um pequeno efeito sobre a intenção de compra. Já a relevância da categoria do produto para o usuário não influenciou a efetividade do aplicativo, isto é, não alterou a atitude em relação à marca e nem a intenção de compra entre as duas etapas do experimento. No entanto, na prática, dificilmente seriam baixados os aplicativos patrocinados que promovessem produtos de baixa relevância para o consumidor. Ainda, os resultados evidenciaram que o estilo do aplicativo patrocinado implica em diferenças na efetividade do app. Aplicativos patrocinados informacionais, por exemplo, aplicativos com conteúdo de compras online e de funcionalidades bancárias, influenciam mais fortemente a intenção de compra do que os aplicativos experienciais. De acordo com os autores, isso é justificado, pois os aplicativos experienciais, como os jogos, revistas online e bate-papos, focam a atenção no aparelho, enquanto os informacionais no usuário, o que encoraja conexões pessoais do usuário com a marca. 2.5 SÍNTESE DA REVISÃO DE LITERATURA, GAP E OBJETIVO DE PESQUISA A partir da revisão da literatura, é possível perceber que o comportamento do consumidor em relação ao mobile marketing foi principalmente estudado para aplicações em SMS e MMS ou de forma genérica, com exceção do estudo de Bellman e outros (2011), que estudou aplicativos. Os únicos dois estudos que investigaram o comportamento dos brasileiros são focados em SMS. A tabela 1 apresenta um resumo das pesquisas revisadas que abordam o comportamento do consumidor em relação ao mobile marketing. 49 Autores Barwise; Strong Tsang et al Bauers et al Okazaki; Katsukura; Nishiyama Carroll et al Merisavo et al Peters; Amato; Hollenbeck Sultan; Rohm Calin Gao; Sultan; Rohm Al-alak; AInawas Artoni et al Lima et al Bellman et al Rohm et al Koo et al Ano 2002 2004 2005 2007 2007 2007 2007 2008 2010 2010 2010 2010 2010 2011 2012 2012 Canal Mercado SMS Reino Unido SMS Taiwan SMS Alemanha MMS Japão SMS Nova Zelândia SMS Finlândia SMS Estados Unidos Estados Unidos e Paquistão França China SMS Jordânia SMS Brasil SMS Brasil App Estados Unidos e Austrália Estados Unidos, China e Europa SMS e MMS Estados Unidos e Coreia Tabela 1: Resumo das pesquisas sobre o comportamento do consumidor em relação ao mobile marketing revisadas nesse trabalho Podemos ver, na tabela 2, os fatores que foram estudados no contexto da aceitação e atitude do consumidor em relação ao mobile marketing que foram revisados neste trabalho. Como a maior parte dos estudos foi baseada no canal de mensagens, não assumimos que essa lista seja compreensiva sobre a percepção dos consumidores em relação aos outros canais e formatos do mobile marketing. Dessa forma, os fatores levantados na revisão da literatura serviram de base para a elaboração do roteiro de entrevistas, mas o roteiro foi mantido aberto para o caso de surgimento de outros fatores ainda não explorados na literatura. 50 Fatores Autores Barwise e Strong (2002) Tsang, Ho e Liang (2004) Carroll e outros (2007) Permissão Merisavo e outros (2007) Sultan e Rohm (2008) Lima e outros (2010) Barwise e Strong (2002) Carroll e outros (2007) Merisavo e outros (2007) Relevância / Al-alak e AInawas (2010) Interesse Artoni e outros (2010) Bellman e outros (2011) Calin (2011) Barwise e Strong (2002) Carroll e outros (2007) Frequência Merisavo e outros (2007) Al-alak e AInawas (2010) Barwise e Strong (2002) Brevidade Carroll e outros (2007) Barwise e Strong (2002) Tsang, Ho e Liang (2004) Bauer e outros (2005) Entretenimento Merisavo e outros (2007) Al-alak e AInawas (2010) Calin (2011) Koo e outros (2012) Barwise e Strong (2002) Tsang, Ho e Liang (2004) Bauer e outros (2005) Merisavo e outros (2007) Informação Al-alak e AInawas (2010) Bellman e outros (2011) Calin (2011) Koo e outros (2012) Rohm e outros (2012) Barwise e Strong (2002) Tsang, Ho e Liang (2004) Incentivos Merisavo e outros (2007) Artoni e outros (2010) Fatores Autores Tsang, Ho e Liang (2004) Bauer e outros (2005) Carroll e outros (2007) Credibilidade / Merisavo e outros (2007) Confiança Okazaki, Katsukura e Nishiyama (2007) Al-alak e AInawas (2010) Artoni e outros (2010) Koo e outros (2012) Sultan e Rohm (2008) Apego pessoal ao Al-alak e AInawas (2010) aparelho Gao, Sultan e Rohm (2010) Rohm e outros (2012) Bauer e outros (2005) Carroll e outros (2007) Privacidade Merisavo e outros (2007) Sultan e Rohm (2008) Al-alak e AInawas (2010) Bauer e outros (2005) Normas sociais Sultan e Rohm (2008) Lima e outros (2010) Capacidade de Sultan e Rohm (2008) inovação do Rohm e outros (2012) Gao, Sultan e Rohm (2010) Atitude em relação a Lima e outros (2010) risco Rohm e outros (2012) Horário Carroll e outros (2007) Personalização Bauer e outros (2005) Barwise e Strong (2002) Produto anunciado Okazaki, Katsukura e Nishiyama (2007) Contexto temporal / Merisavo e outros (2007) espacial Carateristicas de uso Sultan e Rohm (2008) do aparelho Atitudes perante Sultan e Rohm (2008) comunicações móveis Conhecimento sobre Bauer e outros (2005) comunicações móveis Tabela 2: Fatores estudados na literatura relacionados à aceitação e à atitude dos consumidores em relação ao mobile marketing Ao analisar o resumo das pesquisas sobre o comportamento do consumidor em relação ao mobile marketing, pode-se identificar uma lacuna de pesquisa, uma vez que o mobile marketing oferece diversas formas de interação das empresas com o consumidor que ainda não foram abordadas na literatura, como por meio de aplicativos. Esse gap pode ter ocorrido em decorrência do enfoque nos celulares básicos e não nos smartphones, que são aparelhos que oferecem uma gama maior de possibilidades de comunicação. Esta lacuna de pesquisa também foi encontrada para as pesquisas realizadas no Brasil. Assim, esta dissertação estuda a percepção dos consumidores brasileiros sobre a os diferentes tipos de mobile marketing com o objetivo principal de sugerir os fatores que influenciam o comportamento do consumidor perante as comunicações comerciais vindas de empresas em seus smartphones. 51 3 3.1 MÉTODO TIPO DE PESQUISA Como foi discutido anteriormente, o comportamento do consumidor em relação aos diferentes tipos de mobile marketing é um fenômeno ainda pouco explorado na literatura, principalmente no Brasil. Sendo assim, este fenômeno se enquadra no primeiro degrau da escada do conhecimento apresentada por Bento e Ferreira (1982). Em decorrência disto, esta dissertação objetiva buscar informações sugestivas sobre o fenômeno em caráter exploratório. Nesse tipo de pesquisa, são geradas informações que fornecerão uma nova compreensão sobre o fenômeno (BENTO; FERREIRA, 1982). Segundo Bento e Ferreira (1982), pesquisas exploratórias não têm a intenção de encontrar conclusões definitivas ou verificar hipóteses ou descrever a realidade, e sim têm a intenção de criar insights que servirão na sugestão de perguntas e na formulação de hipóteses para pesquisas posteriores. Os autores argumentam que, nesse tipo de pesquisa, a qualidade das informações depende menos da quantidade e mais da qualidade das fontes escolhidas, da intensidade da análise dos dados e da atitude do pesquisador em relação à busca e à receptividade. Segundo Malhotra (2001), em pesquisas exploratórias, o método de pesquisa qualitativa é comumente adotado, caracterizando uma abordagem não estruturada, exploratória. São identificadas três técnicas de pesquisa qualitativa: grupos de foco, entrevistas em profundidade e técnicas projetivas. No processo direto os objetivos da pesquisa são revelados ao respondente, enquanto no indireto, são disfarçados, sendo o processo direto considerado mais adequado para a presente pesquisa. Comparado ao grupo de foco, as entrevistas em profundidade possuem algumas vantagens, como conseguir extrair informações pessoais mais aprofundadas, possibilitar a atribuição das informações a um entrevistado e evitar que informações sejam influenciadas devido à pressão e dinâmicas do grupo. Dessa forma, dentre as técnicas de pesquisa qualitativa, foi aplicada nesta dissertação a técnica de entrevista em profundidade, com utilização de entrevistas não estruturadas, diretas, pessoais, em que um único respondente é testado por um entrevistador para descobrir motivações, crenças, atitudes e sensações subjacentes sobre um tópico (MALHOTRA, 2001). 3.2 SELEÇÃO DOS SUJEITOS Os entrevistados foram selecionados por acessibilidade, buscando diversidade de operadoras e sistemas operacionais utilizados. Para conseguirmos explorar a percepção do consumidor em relação ao mobile marketing julgou-se necessário que os sujeitos tivessem 52 prévia experiência com a mídia mobile. Apesar das mídias mobile, por definição, incluírem celulares básicos, smartphones e tablets, somente os smartphones possibilitam a investigação de toda a diversidade de canais e formatos disponíveis para o mobile marketing. Por isso, foram selecionados para as entrevistas somente indivíduos que fossem usuários de smartphones, o que acaba diminuindo a diversidade dos sujeitos entrevistados em relação à classe social. Optou-se nesta pesquisa por entrevistar indivíduos jovens. Carter (2008) argumenta que os jovens apresentam maior propensão de usar os dispositivos móveis para atividades diferentes de falar, de optar por receber propagandas e cupons em seu telefone e por isso devem ser alvo de pesquisa aplicada ao mobile marketing. Já Rohm e outros (2012), escolheram uma amostra de jovens para a sua pesquisa porque eles cresceram com acesso a conteúdos digitais e são os consumidores principais do futuro, dado seu poder de compra. Além disso, os autores apontaram que o mercado de jovens apresenta ampla adoção e utilização de smartphones. Como mostrado anteriormente, o grupo de jovens é aquele com maior utilização de smartphones no Brasil. 3.3 COLETA DOS DADOS Conforme Snow e Thomas (1994), entrevistas são discussões entre um entrevistador e um informante que permitem um exame profundo sobre determinado fenômeno e requerem dos respondentes, entre outras coisas, que falem sobre eles próprios, informem atitudes e ações de outras pessoas, relembrem de eventos que ocorreram no passado e especulem sobre situações futuras. As entrevistas são uma forma de interação humana e podem variar desde a mais descontraída conversa até o mais cuidadosamente précodificado e sistematizado conjunto de perguntas e respostas disposto em um programa ou roteiro de entrevista (MANN, 1979). Para a coleta de dados desta dissertação, foram realizadas presencialmente pelo autor dessa pesquisa 13 entrevistas individuais informais com duração média de 1 hora, entre 19 de junho e 18 de agosto de 2013. A quantidade de entrevistas realizadas foi definida pela lógica de saturação, com o término do campo a partir do momento em que novas entrevistas não adicionavam novas perspectivas. Nas entrevistas informais, como descrito por Mann (1979), o entrevistador inicia a entrevista sobre o tema que está interessado e permite que o informante imponha a situação subsequente. Além disso, o entrevistador utiliza frases provocativas para estimular o informante a falar sobre o tema, mas, fora isso, ele se limita a escutar. Uma das vantagens desse método de pesquisa é que a entrevista informal é mais natural, a conversa flui espontaneamente, dando maior liberdade para o informante expor suas ideias, o que permite maior profundidade no 53 entendimento dos acontecimentos e pode introduzir fatores de que o entrevistador sequer tinha conhecimento prévio. Sendo assim, as entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado, disponível no Anexo 1. Um roteiro semiestruturado apresenta perguntas básicas e pontos a serem explorados, definidos a partir de aspectos abordados na literatura, a fim de guiar o pesquisador a abordar os mesmos tópicos com todos os entrevistados mesmo que não na mesma ordem. O roteiro é flexível ao possibilitar que o pesquisador incorpore e explore novos pontos que se mostrem relevantes durante as entrevistas (GASKEL, 2000; PATTON, 2002), inclusive ao alterar parte da ordem dos tópicos tratados (SAMPIERE; COLLADO; LUCIO, 2006). Mann (1979) explica que as entrevistas informais resultam em respostas pouco padronizadas, o que acarreta dificuldades para a administração e registros das informações. Por isso, para esta dissertação foi seguida a sugestão do autor de registrar as entrevistas com um gravador para conservar o registro textual para posterior transcrição, consulta e análise. 3.4 PERFIL DOS ENTREVISTADOS O perfil dos entrevistados selecionados consta na tabela 3 3 . Os nomes dos entrevistados foram omitidos para preservar a confidencialidade. A numeração dos entrevistados foi atribuída de forma aleatória, ou seja, não indica a ordem na qual as entrevistas ocorreram ou foram analisadas. Entrevistado Sexo Idade Operadora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Masculino Feminino Masculino Feminino Feminino Masculino Masculino Masculino Feminino Masculino Feminino Feminino Feminino 19 28 31 19 21 30 27 23 26 28 25 26 28 Vivo Vivo Oi TIM Vivo Vivo Oi TIM Oi Oi Vivo TIM Oi Sistema Operacional do Smartphone Android iOS e Windows Android Android iOS e Android Android iOS iOS iOS Android iOS iOS Windows Tabela 3: Perfil dos entrevistados da pesquisa. 3 Os entrevistados 2 e 5 usam, atualmente, smartphones com sistema operacional iOS, mas relataram experiências com aparelhos anteriores de sistema Windows e Android, respectivamente. Foi apontado na análise quando o entrevistado referiu-se ao sistema operacional anterior. 54 3.5 ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados das entrevistas envolveu, inicialmente, a transcrição do áudio das entrevistas. As transcrições foram lidas inteiramente uma a uma em busca de temas aos quais os participantes dessa pesquisa tenham exposto. A resultante dessa etapa foi a identificação dos trechos das entrevistas, na margem das transcrições em papel, como referente ao tema características de uso e ao tema percepções em relação aos diferentes tipos de mobile marketing. Em seguida, os dados foram agrupados nos dois temas em um software e codificados de acordo com as ideias expressadas pelo entrevistado a partir das transcrições. Os dados agrupados e codificados foram analisados à luz da literatura pesquisada, permitindo-se, entretanto, flexibilidade para emergência de novas categorias anteriormente não mapeadas. 3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO Essa pesquisa apresenta limitações para generalização dos dados e da análise em decorrência das escolhas metodológicas dessa pesquisa, como limitações inerentes às metodologias de pesquisa qualitativa, aos critérios de seleção dos entrevistados e ao fato da pesquisa não apresentar uma visão longitudinal, tendo sido realizada em um recorte transversal. A opção por utilizar entrevistas, como um método de pesquisa também limita os resultados a medida que estas dependem fortemente das opiniões, perspectivas e lembranças dos entrevistados (SNOW; THOMAS, 1994). Gil (2008) ainda menciona que o uso de entrevistas tem muitas desvantagens tais como: a falta de motivação do entrevistado, a incompreensão do significado da pergunta por parte do entrevistado, o fornecimento de respostas falsas conscientemente ou inconscientemente, falta de vocabulário adequado para expressar as opiniões e a influência da relação pessoal entre o entrevistado e o entrevistador. Além disso, o método de entrevista depende da habilidade do entrevistador e a sua interpretação, o que levanta dúvidas sobre a invariabilidade das respostas e resultados dado diferentes entrevistadores (MCDANIEL; GATES, 2004). 55 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise dos resultados foi inicialmente separada em dois grandes blocos, sendo que o primeiro explora as características de uso e a relação dos usuários com o seus smartphones e o segundo explora a percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. Dentro das características de uso e a relação com o aparelho algumas subcategorias interessantes surgiram durante a análise dos dados. Primeiro mostramos como a internet móvel impulsiona o uso dos smartphones, logo depois apontamos os diferentes momentos e motivações de uso dos smartphones. A seguir, aborda-se como os usuários percebem os smartphones comparados a outras telas. Durante a pesquisa surgiram dados sugerindo mudanças no comportamento dos usuários de smartphone em relação ao uso mobile, que são explorados na análise. Serão explorados também os pontos considerados mais irritantes do uso do smartphone pela perspectiva do usuário. O segundo bloco de análise dos resultados explora a percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing. Esse bloco de resultados explora as particulares percepções de cada canal, sendo SMS e MMS, TV, Websites no navegador do smartphone, Voz, Aplicativos. Em seguida, é apresentada uma análise sobre o dilema de aplicativo gratuito vs. pagos, a questão de unir a propaganda ao conteúdo do aplicativo e a propaganda baseada em localização. 4.1 CARACTERÍSTICAS DE USO E RELAÇÃO COM O APARELHO 4.1.1 A internet móvel impulsionando o uso dos smartphones A pesquisa sugere que a internet móvel é fator responsável pela maior utilização do smartphone e um consequente aprofundamento da relação do usuário com o aparelho. Como foi relatado pelo Entrevistado 1, ter um smartphone sem conexão à rede de internet móvel torna o aparelho um celular básico sem muitas funcionalidades. “Como eu não tinha internet não tinha nem o que fazer no celular, ou era ligar ou passar mensagem e muitas vezes nem tinha assunto para isso, não tinha nem que mexer.” (Entrevistado 1) “Na época do E63 ainda estava na faculdade, eu morava no Recreio, trabalhando em Botafogo e vinha digitando o trabalho no Word do celular (...) No E63 era basicamente isso, até porque ainda era muito caro dados, era aquela coisa meio obscura ainda.” (Entrevistado 2) Como apontado por Clarke (2001) e Bruner e Kumar (2007), as pessoas não saem de casa sem seus telefones celulares e se tornaram cada vez mais dependentes desse aparelho a ponto de sentirem que não funcionam bem sem eles. Nessa pesquisa, vimos que 56 quando a conexão à internet é onipresente, os entrevistados carregam seu smartphones o dia inteiro e usam os aparelhos em diversos momentos do dia, apresentando uma relação tão intensa a ponto de alguns entrevistados declararem que não conseguem viver sem seus smartphones. “É tipo aquele vicio, o tempo que você está com ele, está sempre por perto..." (Entrevistado 1) “Quando eu fui para o iPhone aí eu faço tudo, eu vejo e-mail, eu pago conta, Instagram, Facebook, Candy Crush, vício” (Entrevistado 2) "...a maioria das vezes está do meu lado, mas eu não estou nem usando, mas eu não consigo viver sem." (Entrevistado 1) “Isso é meio preocupante, uso o dia inteiro esse negócio.” (Entrevistado 8) “O tempo todo, o dia inteiro (...) eu fico o dia inteiro jogando, sou meio viciada.” (Entrevistado 4) 4.1.2 Momentos de uso e motivações “Todos os momentos. Quando estou acordado eu uso, eu acordo com ele né, é meu despertador... ou seja, durante o dia inteiro praticamente.” (Entrevistado 7) É interessante observar diferenças nos momentos em que os usuários de smartphone usam o aparelho, funcionalidades utilizadas e motivações. Assim como apresentado no estudo da AOL e BBDO (2012) sobre o “me time”, pudemos perceber nessa pesquisa que o smartphone tem função de escape das responsabilidades tais como estudos, trabalho e tarefas do lar para alguns dos usuários. Também funciona como forma de superar o tédio e de entretenimento, por exemplo, através dos jogos, atualização de novidades em redes sociais e notícias. "[Uso] Quando eu não estou fazendo nada, geralmente quando eu estou em casa sozinho, ou tenho que fazer uma coisa muito chata" (Entrevistado 1) “Minha preferida acho que é jogar jogo, mas eu não digo que é mais importante, mas é o que eu mais gosto de fazer... é uma fonte de lazer. Às vezes eu estou estudando e fico cansado e começo a jogar um joguinho enquanto tomo um café ou então antes de dormir, quando eu estou sem sono jogo algum jogo também.” (Entrevistado 7) “Quando eu estou entediada quando quero ver, contar, me distrair um pouquinho... mais quando estou sozinha. Estou ali à toa pra saber as novidades.” (Entrevistado 13) “Eu joguei duas vezes quando baixei, mas é só para quando eu estiver na fila de banco.” (Entrevistado 3) “[Quando] não tem nada para fazer, e é uma diversão, uma distração.” (Entrevistado 4) Foi observado que, apesar de muitos entrevistados relatarem usar o dia inteiro o smartphone ou serem até viciados no aparelho, é possível notar nas declarações que as 57 pessoas usam o smartphone principalmente quando estão sozinhos. Inclusive um dos entrevistados diz se sentir em uma bolha, como uma bolha de isolamento social, quando usa o aparelho em ambientes sociais. “Quando eu estou jogando, eu estou sozinha. Agora quando eu estou com outras pessoas é aquela coisa chata de bar, Facebook, Instagram, Twitter, a galera conversando e a gente ali na bolha.“ (Entrevistado 2) Enquanto o entrevistado 2 relata usar o smartphone em ambientes sociais mesmo quando esse comportamento gera um isolamento social, alguns usuários de smartphone declaram que conseguem evitar o uso do aparelho quando estão acompanhados de outras pessoas, sugerindo que, apesar desse sentimento de dependência e vício, alguns usuários têm controle sobre os momentos de uso e escolhem quando usar e não usar o smartphone. “Quando eu estou com alguém procuro não ficar mexendo o tempo inteiro assim em email e coisa de trabalho, pesquisando alguma coisa, lendo algum texto ou em rede social, eu procuro estar com a pessoa.” (Entrevistado 12) “Eu uso mais o celular quando eu estou sozinho e quando eu estou acompanhado eu tento evitar um pouco (...) Quando você está acompanhado de alguém eu acho que é interessante você interagir com aquela pessoa e não ficar focando em outras coisas.” (Entrevistado 3) Ao mesmo tempo em que determinadas funções do smartphone são evitadas pelos usuários quando em companhia de outras pessoas, o aparelho permite atividades de socialização entre amigos e familiares. Tanto por facilitar a comunicação entre as pessoas, quanto por registrar momentos especiais com as câmeras digitais embutidas nesses aparelhos. “Então é mais para passar o tempo para eu poder estar em contato com minha noiva, com amigos, com pessoas da igreja.” (Entrevistado 10) “Então eu queria muito e era muito mais fácil também porque eu tinha skype, tinha tudo e rede social para falar com a minha família que estava longe.” (Entrevistado 12) “Quando eu estou com outras pessoas perto de mim, a coisa que eu mais uso é para foto, em alguma festa, porque eu acho muito prático e o meu celular tem uma foto e uma câmera muito boa. Então é uma coisa que está sempre comigo o celular. Eu estou sempre com uma câmera boa perto de mim e dá para eu tirar foto e registrar momentos bons com a câmera do iPhone.” (Entrevistado 12) Alguns entrevistados declaram que os jogos presentes nos smartphones podem ser uma forma de aumentar a conexão pessoal com amigos e que portanto constituem uma ferramenta de socialização. Os jogos são temas de conversa entre os amigos e isso motiva o usuário a jogar mais ou trocar de jogos. “Todo mundo falando que joga, que é divertido, que é viciante, então eu entrei nessa e terminei gostando.” (Entrevistado 7) 58 “Se as pessoas param de jogar e eu paro de conversar com as pessoas sobre isso, eu termino jogando menos e quando as pessoas ficam o tempo todo falando sobre isso, falando, eu bati o recorde, alcancei uma meta nova, isso é uma forma de incentivo” (Entrevistado 7) O fato de o smartphone estar sempre com o usuário é um motivador para o aumento do uso do smartphone, mas é relevante mencionar como isso impacta o uso de outras telas. Por exemplo, a conveniência dos aplicativos de banco nos smartphones facilitou a troca da tela do computador para a tela do smartphone para o entrevistado 2. “É não precisar ir ao banco, sabe, é você fazer o que você quiser de onde você estiver, tipo, eu tenho que ligar o computador para fazer alguma, não, não preciso ligar o computador, pego o telefone e faço. “ (Entrevistada 2) Quando os respondentes foram questionados sobre o uso das funcionalidades de seus smartphones em relação ao acesso a conteúdos online, o aplicativo foi citado como um dos preferidos canais de acesso a esse conteúdo. Os aplicativos economizam o tempo do usuário de busca da informação quando comparado ao tempo de busca do navegador uma vez que o aplicativo requer menos etapas para exibir o conteúdo, por exemplo, para acessar notícias atualizadas por meio de um aplicativo de notícias basta somente o usuário abrir o aplicativo, enquanto por meio do navegador é necessário abrir o navegador e digitar o endereço do website de notícias. “É mais direto, do que primeiro você entrar no navegador e depois entrar no site para fazer o que você quer.” (Entrevistado 1) “É mais rápido do que entrar no navegador e digitar o site, e acho mais prático... É tempo. É a praticidade, em geral é mais direto, não tem que entrar no navegador e depois entrar no site. Você acaba pulando etapas.” (Entrevistado 8) “Quando você tem que abrir o navegador você tem que colocar o site, escrever e quando você abre um aplicativo é só um clique e já entra o site que você queria.” (Entrevistado 5) “Por que é mais fácil, mais prático. O navegador tem que ficar esperando, demora para carregar, é chato (...) tem que o colocar site, tem que esperar carregar e o aplicativo já vai abrindo, já está tudo logado e já abre tudo de uma vez.” (Entrevistado 4) Além disso, os aplicativos são percebidos como criados para o tipo de tela de smartphones, enquanto o uso do navegador não. Assim, os websites adaptados para o formato menor da tela evitam que o usuário tenha que rolar a tela demasiadamente, facilitando o aceso ao conteúdo, e por isso esses websites são percebidos mais positivamente pelos usuários do que os que não são adaptados a tela mobile. “Eu imagino que o pessoal que faz o aplicativo, faz já pensando no uso do telefone e não do computador. Então, acho que tem uma plataforma, uma interface de quem está no celular. Então, acho que facilita.” (Entrevistado 8) 59 “O aplicativo ele já vem no formato, ele já vem de acordo com o telefone porque pelo navegador hoje em dia eu estou vendo nesse telefone aqui, antigamente abria como uma página da internet normal e como dependendo do celular ele é pequeno a tela então você tinha que abrir a imagem e ficar [rolando a tela].” (Entrevistado 10) 4.1.3 Mudança de hábitos antigos Uma tendência observada nessa pesquisa é que os usuários de smartphone cada vez usam menos as funcionalidades dos celulares básicos, como ligação de voz e mensagem de texto SMS ao mesmo tempo em que o uso da internet aumenta. “Na verdade eu quase não uso telefone para falar, é só para usar internet e Whatsapp, essas coisas, nada de falar no telefone, meu plano é quase nada por que eu não uso, só uso para internet praticamente.” (Entrevistado 5) “Mensagem não tenho usado mais depois que eu instalei o Whatsapp.” (Entrevistado 13) A internet no celular possibilitou o uso de outros canais para comunicação que substituem os antigos canais SMS e voz que adicionam mais valor ao usuário, como por exemplo, o fato do usuário saber quando o receptor da mensagem recebeu a mensagem, redução de custos de conta do celular e agilidade na comunicação. “Ultimamente eu tenho ligado muito pouco para as pessoas... uso muito assim mensagem de texto, Whatsapp, coisas mais práticas que eu sei que na hora a pessoa recebeu e não precisa ligar.” (Entrevistado 12) “[Whatsapp] é uma forma de eu ficar mais próxima dos meus amigos, falando com eles direto e além de não gastar nada. Reduz a conta eu gastava muito com mensagens te texto, e até celular (ligação) mesmo, o Whatsapp facilitou muito porque é de graça e você fala com muita frequência com as pessoas que você às vezes poderia ficar um tempo sem falar.” (Entrevistado 11) “Tipo marcar com a galera, antigamente tinha que ligar para um, ligar para outro, agora cria um grupo e manda mensagem geral, gente, hoje no bar todo mundo. Então assim, acho que facilita muito a vida.” (Entrevistado 2) 4.1.4 O que mais irrita os usuários? Os entrevistados forem inqueridos sobre o que mais os irrita em relação ao seu smartphone. Apenas um dos entrevistados para essa pesquisa mencionou as propagandas no celular como um fator irritante. No entanto, muitas outras características não esperadas foram listadas como irritantes, mas que tem forte relação com a linha de pensamento exposta por Cusomano e Gawer (2002), na qual explica que para que seja percebida pelos usuários finais, uma inovação de uma das empresas em uma camada da indústria a qual pertence deve ser seguida por outras camadas da mesma indústria. Percebe-se uma possível relação entre o aparelho, a operadora, a qualidade do plano de dados de internet e a frequência do uso e o tipo do uso do smartphone. A 60 Entrevistada 13 que utiliza um smartphone com sistema operacional Windows relatou que normalmente busca aplicativos indicados pelos seus amigos. Quando não encontra tais aplicativos o usuário sente que tem um aparelho inferior ao aos outros e isso a deixa irritada com o smartphone. “Tem um problema em relação à esse aparelho, por exemplo, eu não consigo baixar o... Instagram... A sensação é de que é um aparelho inferior aos outros.” (Entrevistado 13) Problemas com a lojas de aplicativos os smatphones iOS também apareceram, no entanto de forma diferente. Um usuário de smartphone iOS relatou que a falta de integração dos aplicativos do celular da Apple com outros aparelhos é um incômodo, mas também o carregador de bateria específico para a marca também irrita. “Uma coisa que me irrita bastante no meu celular que é da Apple, é a falta de integração com outros celulares, por exemplo. Os aplicativos da Apple não são compatíveis com os da Android, eu não posso carregar, não é um carregador comum, não tem uma entrada USB, então essa exclusividade da Apple me desagrada um pouco.” (Entrevistado 7) Além disso, parece que a bateria dos smartphones acaba rapidamente e isso foi relatado como um dos fatores mais irritantes pelos usuários, principalmente para os que usam o celular com mais frequência. Isto está de acordo com a argumentação de Cusomano e Gawer (2002), uma vez que a evolução tecnológica das baterias de smartphones não parece acompanhar a demanda dos novos produtos que estão já no mercado. “Ele me irrita quando ele não pega o sinal e a bateria acaba rápido, é isso e o que mais me irrita é a bateria dele acabar rápido... Por ele ser bom, eu usar muito... Eu sai do trabalho e não posso ir direto para algum outro lugar, teria que carregar ou cada minutinho que eu estou no carro... eu sinto que a bateria acaba rápido e me incomoda eu ter que economizar bateria, eu não gosto de ter que economizar.” (Entrevistado 12) “Eu tenho carregador veicular e eu não tenho carro, eu tenho um cabo extensor que fica na minha bolsa, tem um no trabalho, tem um em casa, eu tenho um cabo de carregamento do iPhone em todos os lugares que eu vou na minha vida. Porque ela não dura. Eu venho duas horas de trânsito, eu venho de casa para o trabalho jogando Candy Crush, vou jogando, entro no Facebook, entro no meu e-mail, vou fazendo as coisas com a bateria ali 100% porque eu acabei de acordar, e quando eu chego aqui tem 60. (...) quando eu vou ver no meio do dia eu estou com 20% de bateria. Então eu tenho que carregar.” (Entrevistado 2) A baixa qualidade da conexão de internet é um fator irritante para os usuários de smartphone em geral. Assim como Cusomano e Gawer (2002) já apontaram a importância dos complementares e das camadas da indústria acompanharem as inovações da indústria, a conexão de internet móvel é um complementar de suma importância para a utilização das funcionalidades dos smartphones, mas no Brasil, parece ainda não acompanhar a demanda por maior qualidade de conexão gerada pelas funcionalidades dos smartphones. 61 “Ela é lerda demais. É muito devagar. Você quer carregar o Facebook, por exemplo, dependendo de onde você esteja, você leva 10 minutos para conseguir carregar tudo. É uma coisa assim muito tempo. Você quer carregar e-mail, fica lá recebendo mensagem 1/10 e fica recebendo mensagem 1/10, demora bastante.” (Entrevistado 2) Interessante observar que, para um usuário de smartphone que utiliza primariamente a internet para comunicação, a falha do sinal da operadora para ligações já não é tão relevante e irritante para o usuário quando o smartphone está conectado à internet, seja a internet da operadora ou rede de internet wireless. “Depende, por exemplo, se eu estou sem o sinal da operadora. Se eu estou com um sinal, por exemplo, wi-fi e com alguma internet me incomoda menos... Porque eu acho que uso mais as coisas da internet do que a ligação em si.” (Entrevistado 12) A operadora ainda mostra se causa de irritação para alguns usuários não somente pela qualidade do sinal, mas também por alterar piorar a usabilidade dos aparelhos e pelo atendimento insatisfatório do cliente em situação de problemas. “Quando ele trava, aqueles bugs quando você está jogando, fazendo alguma coisa e ele para e trava e volta na tela de início. Dá vontade de jogar ele longe, odeio isso... é problema da internet, operadora... Eu passei para Vivo justamente para usar a internet, e depois que eu passei para Vivo é que ele começou a travar.” (Entrevistado 1) “Se o seu 3G é fraco, o Iphone funciona mal...Eu sei que a gente passou uns quatro meses com quatro celulares na empresa praticamente incomunicáveis. Eu sai com um estresse bizarro. O atendimento da operadora é muito ruim. Se você quiser reclamar de alguma coisa, quiser resolver algum problema do seu serviço com as operadoras é um inferno. Você vai ficar 50 minutos escutando musiquinha no telefone. Então, isso realmente é horrível. A gente não sabe o que fazer.” (Entrevistado 8) No entanto, o problema de travamento dos smartphones ou a lentidão para a usabilidade também é atribuído pelos os usuários à configuração do hardware do aparelho, memória interna do aparelho e a quantidade de arquivos e dados salvos na memória interna do aparelho. Mostrando novamente a importância de passar a inovação para todas as camadas da indústria como sugerido por Cusomano e Gawer (2002). Como exemplo, a citação do entrevistado 5 se referindo a um smartphone que ele teve anteriormente, do sistema Android, e outro também usuário de Android atribuindo o travamento à configuração inadequada do hardware do aparelho. “Na verdade o antigo, como ele estava muito pesado e ele não tinha cartão de memória, era memória interna, ele de vez em quando ficava lento e isso me irritava.” (Entrevistado 5) “Me irrita quando ele não suporta a quantidade de aplicativos que ele tem, quando eu quero ouvir música e falar no Whatsapp e ver o email ao mesmo tempo e ele dá uma travada e o desempenho dele às vezes me irrita... com certeza é o hardware que interfere nisso.” (Entrevistado 3) 62 “Quando ele para de funcionar, quando ele congela tudo e eu tenho que voltar e fazer tudo que eu estava fazendo desde o começo (...) de vez em quando ele dá “a louca” e faz isso, com qualquer aplicativo, qualquer hora (...)Acho que está muito sobrecarregado, tem muita coisa aberta, aí ele faz isso” (Entrevistado 4) Os entrevistados relataram ainda que o vício no aparelho é uma coisa irritante. Além disso, a praticidade, a grande quantidade de informações e de notificações no aparelho parece incomodar os usuários quando isto desvia a atenção desses usuários em outras atividades, como o trabalho e os estudos. Sendo assim, ao mesmo tempo em que o uso do smartphone serve como uma fuga de responsabilidade e fonte de entretenimento para alguns, o smartphone é uma fonte de stress e irritação. “Acho que o que acaba te estressando é o próprio fato de ser tão prático, você acaba usando tanto que daqui a pouco você está meio estressado, viciado nesse negócio Aí acho que a culpa não é do celular. Não irrita, não. Essa relação de dependência que cria acaba estressando. Sei lá, eu pego um táxi e não consigo ficar parado, pego o celular e começo a ver alguma coisa. Dá até dor de cabeça de vez em quando.” (Entrevistado 8) “às vezes eu tenho que fazer alguma coisa que precisa concentração, aí toda hora apitar por mensagem, não que irrita assim, quando é importante não tem problema, mas quando não é, é um pouco irritante... tira minha concentração e às vezes eu vejo mensagens que me desnorteiam, por exemplo, eu estou no meio de um trabalho e uma amiga minha manda uma mensagem no grupo de uma super fofoca, uma notícia super legal e eu quero participar daquilo, só que eu não posso parar de trabalhar, não posso parar para fazer aquilo, então me tira o foco do trabalho e eu também não consigo, não sei, é um pouco às vezes estressante isso. E é muita informação ao mesmo tempo, então você nunca está tranquilo, você sempre está checando o seu celular. Esse vício que o celular cria é meio complicada de a gente se policiar.” (Entrevistado 9) Como mencionado, um dos entrevistados citou a propaganda no celular como um dos pontos mais irritantes no uso do smartphone. No caso ele deu um exemplo de um aplicativo de jogo que exibe um banner, pausando o jogo. Podemos ver a descrição da propaganda feita pelo usuário e o motivo que o faz se sentir irritado com essa propaganda. “quando eu estou jogando Temple Run do nada vem uma propaganda na hora onde eu vou clicar play, e eu clico na propaganda, isso me irrita bastante.(...) “Me irrita por que ela aparece na hora errada, por que você está jogando e no meio do jogo aparece uma imagem, dá uma pausa no jogo sem você pedir e aparece uma imagem na hora que você vai clicar na tela. Parece que eles sabem o tempo certinho que você vai clicar na tela, para clicar na propaganda. Isso me incomoda bastante por que na verdade é uma imagem que aparece de um outro jogo, talvez do mesmo fabricante.” (Entrevistado 6) 4.2 COMO OS USUÁRIOS PERCEBEM O MOBILE MARKETING Apesar da maioria dos usuários de smartphone entrevistados nessa pesquisa não citarem espontaneamente as propagandas nos smartphones como a coisa mais irritante, muitos relataram irritabilidade quando questionados diretamente sobre sua percepção em relação aos diferentes tipos de propaganda com que tiveram contato no smartphone. 63 Entretanto, alguns respondentes também expressaram atitudes positivas em relação às propagandas em diferentes níveis. Isso torna interessante investigar os motivos pelos quais os usuários se irritam com as propagandas nos smartphones e como evitar percepções negativas dos usuários em relação aos diferentes tipos de propaganda em que tiveram contato. Assim como identificar os pontos positivos percebidos pelos usuários em relação ao mobile marketing. A análise foi organizada por canais e formatos, pela percepção de sua influência nas atitudes geradas. 4.2.1 Mensagens formato SMS e MMS O uso de mensagens MMS para propagandas não foi captado pelos usuários entrevistados para essa pesquisa. Por outro lado, os usuários de smartphone entrevistados recordaram receber propagandas em formato SMS rapidamente quando perguntados, principalmente das operadoras. De maneira geral, podemos dizer que o canal de propagandas mobile SMS ainda é principalmente explorado pelas operadoras de telefonia, assim como já levantado por Artoni e outros (2010). "Normalmente assim por SMS só por operadoras, eu ainda não recebi nada fora disso não. Vendas, mudança de plano, a TIM me abordando para que eu viesse porque como eu sou cliente da Oi, a Tim, a Claro, a Vivo sempre mandam propagandas para que eu venha mudar, para que eu venha conhecer planos. " (Entrevistado 10) O canal SMS é percebido negativamente por muitos dos entrevistados para essa pesquisa. Os motivos que influenciam essa percepção são motivos já conhecidos e estudados anteriormente na área de marketing e propagandas, como falta de permissão, relevância e frequência que serão mais explorados a seguir. "Eu recebo via mensagens e SMS, eu detesto receber mensagens de SMS de propagandas." (Entrevistado 3) É possível observar que os objetivos de marketing das campanhas mobile por meio de mensagens SMS não estão sendo atingidos nos casos pesquisados, uma vez que os usuários apagam as mensagens antes mesmo de lê-las. Isso mostra que as propagandas da forma que estão sendo feitas não chegam na parte inferior do funil de compra (BRIGGS ET AL, 2005), ou seja, não geram um comportamento ou intenção de compra. “Quando eu recebo um SMS e eu vejo aqueles números 1, 2, 3, 4 tipo o número da Vivo que não é um número de telefone eu já olho por que aparece aqui na tela a mensagem e vou em mensagens e já apago sem abrir a mensagem. Eu leio o início e paro, Vivo informa, Vivo oferece, Vivo não leio." (Entrevistado 5) "Eu vou lendo a propaganda e quando eu vejo que é propaganda de cadastre seu número para receber não sei o que, esses tipos de propaganda eu paro de ler a mensagem no meio até identificar que é uma propaganda mesmo e cancelo e apago." (Entrevistado 6) 64 "Eu nunca me dei o trabalho de ler tentando entender mensagem de operadora. Em geral eu deleto.” (Entrevistado 8) Os entrevistados relataram diferentes motivos para não perceberem as mensagens de propaganda SMS de uma forma positiva. Um dos motivos é a questão da permissão já estudada por Godin (2000) e por Barwise e Strong (2002). O envio de SMS com propagandas sem a permissão do usuário do smartphone surpreende o usuário e é percebido como desrespeitoso e uma invasão da sua privacidade. "Acho que é meio uma falta de respeito, como é que eles descobriram o meu celular se o telefone que estava no meu plano era dos meus pais? Como é que eles conseguem o meu celular?" (Entrevistado 1) Além disso, como discutido por Godin (2000), a permissão influencia a atitude do usuário uma vez que é uma forma de demonstrar interesse na marca ou no produto/serviço sendo oferecido. Nessa pesquisa, foi possível perceber que os usuários que deram sua permissão apresentam atitudes mais favoráveis em relação às propagandas SMS. "Então, por exemplo, algumas lojas que eu vou mandam mensagens, só que mandam porque eu me cadastrei, então foi interesse meu. Então eu não me importo porque é até uma forma boa de eu ver.” (Entrevistado 11) "Se for uma propaganda que eu concordei em receber, eu acho válido, entendeu? (...) por SMS só coisa relevante mesmo. Tipo eu gosto de carro, receber alguma coisa sobre carro. Se eu gosto de viajar, alguma coisa de viagem, entendeu? Tipo assim, informação, promoção, tipo novos destinos da moda...” (Entrevistado 2) Mesmo que a permissão tenha sido concedida em determinado momento, a mesma deve ser renovada ou pode-se ainda dar ao usuário uma opção de não mais receber as mensagens (opt-out), dado que o interesse na empresa ou no assunto pode ser temporário. "Na verdade eu acho que eles podem assim dar opção de você não receber mais aquele tipo de propaganda (...) recebo SMS de festa, de pessoas que eu não conheço, mas aí eu entrei num cadastro e eles me mandam. Se eu tivesse atualmente solteira ia achar o máximo." (Entrevistado 9) "Se fosse uma coisa que me interessasse muito eu aceitaria por SMS. Mas tem que ser um assunto que me interesse muito. (...) No meu aparelho assim, tem que ser de acordo com minha disponibilidade realmente. Eu não ia querer cada hora meu celular tocando com uma mensagem de propaganda. Assim como se eu quiser cancelar, eu quero que cancele na hora. Eu acho que isso tudo tem que estar de acordo comigo, com as minhas condições, enquanto cliente, vamos dizer assim, eu tenho que ter minhas condições” (Entrevistado 13) Um usuário que recebe propagandas SMS de lojas às quais deu permissão pode se sentir especial quando recebe as mensagens, mostrando que o canal tem potencial para ser utilizado em atividades de marketing. 65 "eu acho que você meio que se sente personalizada, entendeu? Uma coisa meio personalizada. Um cliente especial, recebi uma mensagem de texto da loja, entendeu?" (Entrevistado 11) "(...) se fosse realmente uma coisa que me interessasse ia fazer a diferença, eu ia me sentir especial." (Entrevistado 5) A personalização das mensagens, como chamar o usuário pelo nome, ou enviar uma promoção no mês de seu aniversário, foi levantada com uma das vantagens do mobile marketing por Kavassalis e outros (2003). Na pesquisa, a personalização é percebida de forma positiva pelos usuários de smartphone. "Eu me sinto prestigiada, sou cliente preferencial. É assim que eu me sinto, eu sou especial." (Entrevistado 9) "Caso tivesse promoção normal da loja, eu acho que passaria como mais uma, menos uma. Mas quando é "porque é seu mês de aniversário você tem desconto" você tem a tendência de "vou comprar nem que seja uma blusinha, tem algum peso a mais." (Entrevistado 13) "Gostaria, acho que eu me sentiria acolhida, nesse ponto se mandasse uma mensagem com meu nome falando alguma coisa que eu goste" (Entrevistado 4) A propaganda SMS tem outro ponto negativo de acordo com alguns entrevistados para essa pesquisa. Eles comentam que as mensagens interrompem suas atividades e geram desilusão, uma vez que eles esperam que a mensagem seja uma mensagem particular e quando veem é uma propaganda. Parece que esse sentimento está relacionado ao interesse no assunto da mensagem e também com a permissão dada às empresas para enviar a mensagem. "Eu recebo a mensagem, penso que pode ser alguma pessoa querendo falar comigo, quando vejo é uma propaganda que quase sempre não me interessa. (...) quando são essas mensagens, coisas que obrigatoriamente eu tenho que ver, isso me incomoda um pouco." (Entrevistado 7) "Às vezes você está em um assunto no meio de um trabalho e você está resolvendo alguma coisa e chega uma mensagem, e você achando que é algo particular e é propaganda. Então não me agrada muito. " (Entrevistado 6) "É uma coisa que incomoda, uma besteira, mas é uma coisa que incomoda. A gente ouve o barulhinho da mensagem e quando vai ver: "Propaganda". É uma coisa meio que, parece que é alguém querendo se comunicar com você e não, é propaganda” (Entrevistado 13) Os entrevistados sugerem que os horários em que as mensagens são enviadas devem estar de acordo com suas preferências, refletindo novamente a ideia de marketing de permissão proposta por Godin (2000). “contanto que respeite aqueles horários na parte de ligação e SMS, eu não receber nada domingo de manhã ou nada depois das 9 da noite, eu acho que já estou feliz, entendeu?" (Entrevistado 2) 66 “Tem que haver um mapeamento de que horas pode ser enviado isso, que seja por um horário pré-determinado" (Entrevistado 3) Os entrevistados ainda argumentaram que as propagandas devem estar disponíveis para quem as busca e não devem ser enviadas para o usuário, uma vez que isso causa irritação. Novamente, a questão da permissão foi levantada pelos entrevistados, sugerindo ser fator fundamental para o sucesso das ações de marketing por meio de SMS. Isso ainda está de acordo com a discussão levantada por Godin (2000), na qual ele argumenta que a falta da permissão gera uma percepção negativa nos usuários em relação à atividade de marketing. “Eu acho que propaganda tem que estar disponibilizada pra quem estiver buscando. Tipo, eu quero saber de algum serviço da minha operadora. Eu entro no site da operadora e busco ou ligo pra operadora e informo. É chato você receber quando não está procurando." (Entrevistado 13) A frequência com que as empresas enviam as mensagens SMS para o usuário também influencia a percepção desses em relação ao usuário de smartphone. Assim como encontrado por Merisavo e outros (2007) e Carroll e outros (2007), os entrevistados se sentem irritados ao receber mensagens em excesso, o que poderia ser evitado se controlada frequência no momento da concessão da permissão pelo usuário. Essa irritação do usuário prejudica a eficácia da atividade de marketing, pois, como vemos pelos exemplos, os usuários passam a ignorar as mensagens, ou seja, eles não as leem e as apagam de imediato. "Na verdade eles têm que fazer as propagandas deles, eu entendo, mas de vez em quando me irrita (...) Eles ficam insistindo em uma coisa que se você quiser você vai procurar, mas aí eles mandam 1, mandam 2, mandam 3 mensagens e eu apago na hora, eu não quero." (Entrevistado 5) "...Muita propaganda da Vivo e isso é meio irritante (...) Eram muitas, tipo era toda hora, entendeu? Isso que me irritava Às vezes no mesmo dia você recebia não sei quantas mensagens, aí às vezes você estava lá, olhava e era mensagem da Vivo. Esperava uma mensagem diferente e era uma mensagem da Vivo (...) Quando era da Vivo não lia não (...) porque era muita quantidade e não me interessava..” (Entrevistado 11) A frequência das propagandas SMS deve ser controlada com cuidado pelo anunciante para atender as expectativas do usuário de smartphone, pois quando enviada de forma excessiva, pode prejudicar a percepção que o usuário tem sobre a marca anunciante. "Também não pediria para ficar recebendo. Não sei também é... Tem um tipo de propaganda que queima quem está fazendo a propaganda, enche tanto o saco que você passa odiar a marca." (Entrevistado 8) 67 O canal SMS ainda sofre um problema de credibilidade, como relatado pelo entrevistado a seguir. Assim, mesmo que a mensagem tenha sido enviada pela operadora, o usuário não tem garantias para acreditar nisso. “Acho que a mensagem pode ser uma coisa para chamar a sua atenção, mas você não consegue ter total confiança relacionado a isso. É justamente por isso, pelo celular você não vai conseguir saber se é daquela empresa realmente. É difícil saber." (Entrevistado 8) A credibilidade das mensagens SMS está também relacionada à percepção da atividade de marketing em formato SMS. Como podemos ver, o entrevistado diz não acreditar nas mensagens que recebeu pelo fato de não ter se inscrito em promoções, isto é, não ter dado a sua permissão. Isso sugere que, de acordo com os achados de Tsang, Ho e Liang (2004) a falta de credibilidade pode exercer uma influencia negativa na percepção do consumidor em relação às mensagens SMS. "Já ganhei um carro, já ganhei 100 mil, quer dizer, carro eu acho que já ganhei uns 3.Comecei a rir né. (...) Jamais vou acreditar nisso. Eu não me inscrevi em promoção nenhuma, como é que eu vou ganhar um carro se eu não me inscrevi em promoção nenhuma?" (Entrevistado 2) "Olha, quando é uma mensagem tipo essa de celular Galaxy dois chips 599 por 200 reais e tem um site, eu não conheço, não tem uma marca aqui de loja, tem um site tipo www.peguei.com.br. Isso fica me parecendo spam, parecendo que é um golpe. (...) eu gostaria de poder tirar meu telefone desse cadastro em si, desse outro que fica mandando como se fosse golpe, entendeu? (...) Eu olho e falo, que porcaria. De novo essa encheção de saco." (Entrevistado 9) A confiança que o usuário tem de que a mensagem foi realmente enviada pela empresa parece ser um importante fator na percepção positiva em relação à mensagem de texto da propaganda. Como podemos ver, o entrevistado 9 recebeu propagandas assinadas pela empresa em que tinha se cadastrado e a assinatura deu ainda mais credibilidade à mensagem. “a menina assina como Shop 126, aí quando assina dessa maneira em geral é verdade, a propaganda é verdadeira. Eu já fui em loja por conta disso assim, Shop 126 entrou em liquidação, eu vou lá. O Mocelin, por exemplo, que é uma churrascaria que em geral manda 50% de desconto, eu já fui na churrascaria umas duas vezes por conta de torpedo que eu recebi.” (Entrevistado 9) Podemos sugerir que as propagandas SMS são mais eficazes quando o usuário de smartphone confia nas mensagens de SMS, tem interesse, deu a sua permissão e ganha incentivos financeiros, como descontos. A confiança é um fator importante para passar para os níveis inferiores do funil de compra (BRIGGS et al, 2005), impactando também o boca-aboca, com o encaminhamento da informação para conhecidos que têm interesse comum. 68 “Quando o shopping 126 está em promoção eu sempre aviso a minha irmã, olha, vai entrar em promoção, quando eu sei que ela está interessada, eu aviso. Quando é alguma promoção que eu sei que uma pessoa está interessada e que é legal, eu passo adiante. Já fiz isso. Não é frequente, mas já fiz mais de uma vez." (Entrevistado 9) “Tem que ser uma coisa que me traga benefício, por exemplo, não adianta eles me mandarem propagandas de coisas que eu vou na loja e vou ver aquele preço naquela condição. Propaganda ela tem que me chamar por ter algum diferencial, sei lá de preço, de condições, de qualidade, entendeu?" (Entrevistado 13) 4.2.2 TV A televisão não é um canal muito utilizado pelos usuários de smartphone entrevistados, principalmente porque esses aparelhos não estavam habilitados para transmissão de conteúdo televisivo a partir de canais de TV. No entanto, no caso do entrevistado 2, a TV foi assistida no aparelho celular da sua amiga e o entrevistado 9 assistiu o conteúdo de TV ao vivo pelo navegador do smartphone. Ambos os usuários relataram não perceberem as duas telas, smartphone vs. televisão, como diferentes em relação às propagandas enquanto assistiam ao conteúdo de TV. "É propaganda comum né. Não tinha nada demais. Na hora do intervalo é o que a gente faz em casa, a gente conversava, comia, bebia, aí peraí, começou a novela, pára tudo e vamos assistir de novo." (Entrevistado 2) "Aí é como se estivesse na tv. É uma ideia mais madura propaganda na tv, normal. Basicamente é o seu celular agindo como um computador, você já consegue ver o que está passando na tv." (Entrevistado 8) Assim como MMA (2009) sugeriu, os formatos para mobile marketing no canal TV mobile são similares ao da TV tradicional. Parece que, apesar das diferentes formas e momentos de uso dos smartphones, os usuários estão acostumados com o formato de propaganda já utilizado no aparelho de televisão tradicional e por isso já esperam encontrar esse mesmo formato quando esse conteúdo é acessado pelo smartphone. 4.2.3 Websites no navegador do smartphone Os usuários acreditam que websites que têm propagandas são mais relevantes do que os que não têm propagandas. Sugerindo que, de certa forma, a propaganda endossa o website em relação à qualidade da informação e credibilidade, criando um efeito de rede cruzado positivo (EISENMAN; PARKER; ALSTYNE, 2006). "O site sem propagandas eu acho que não tem tanta credibilidade como o site com propaganda e se o site tem propaganda, quer dizer que ele é muito acessado, ou seja, que existe uma gama de pessoas que frequentam aquele site e tornam as informações lá acho que mais confiáveis do que um site que não entra quase ninguém, ou seja, que não tem 69 propaganda. Acho que a propaganda acaba dando um pouco dessa credibilidade para o site." (Entrevistado 3) No entanto, a forma como as propagandas aparecem nos websites podem interferir e até mesmo atrapalhar o seu potencial benefício. O formato mais explorado em de websites no navegador do smartphone, de acordo com os usuários de smartphone entrevistados para essa pesquisa, é o banner do tipo pop-up que pode ter uma imagem, um texto ou um vídeo, assim como os utilizados em websites acessados pelos computadores pessoais. Isso reforça o comportamento descrito por Gupta (2013) de replicar o formato de propaganda usado em uma mídia antiga em uma mídia nova ainda acontece. No entanto, ao contrário do que esperado por Gupta (2013), essa pesquisa sugere que ao replicar os modelos de propaganda que já são utilizados em websites acessados por meio de computadores pessoais na tela dos smartphones, os usuários não se sentem tão incomodados e declaram que como já estão acostumados com esse formato, esse tipo de propaganda não é considerada agressiva. "aquelas coisas que tem no site comum. Não me agride porque assim, porque no site eu já estou acostumada, entendeu?" (Entrevistado 2) Por outro lado, os usuários de smartphone reconhecem que o formato de tela do smartphone e a conexão a internet móvel exigem uma adaptação das propagandas no navegador assim como sugerido por Gupta (2013), por exemplo, o entrevistado 2 sugere que a propaganda não apareça na versão mobile do website em função da qualidade da conexão à internet e o Entrevistado 7 sugere que é preciso dar zoom na tela para fechar a propaganda. "Tem aquela nova modalidade agora que ele abre de qualquer jeito, aí eu vou lá e fecho. Essa outra modalidade que agora eu esqueci o nome ela me irrita porque você não tem opção (...) é irritante. Você está arrastando a página, ele desce junto. (...) Só na versão completa. No mobile dificilmente aparece, mobile eu acho que eles entendem que a internet não é muito boa e aí já dá uma coisa mais básica." (Entrevistado 2) “Era pop up, aquela janelinha que você tem que dar um zoom para fechar por que senão você acaba clicando dentro da propaganda. (...) Eu fecho, eu acho chato, eu acho chato esse tipo de propaganda." (Entrevistado 6) O interesse no conteúdo da propaganda também afeta a percepção dos usuários de smartphone por esse canal. O entrevistado 5 menciona se irritar quando vê propagandas em formato banner sempre que abre o website de TV online no qual já é assinante dos serviços ofertados no banner, o que mostra a importância para o usuário de receber uma propaganda personalizada aos seus interesses assim como sugerido por Bauer et al (2005) e Calin (2011). 70 "Para mim é irritante por que toda hora é aquela caixinha pequenininha e você tem que procurar o x e sempre está escondido e você vai e fecha(...) eu já tenho aquilo, então eu não quero mais saber daquilo. Eu fico irritada, mas eu acabo fechando por que não tem outra opção.” (Entrevistado 5) Além disso, o banner em website parece ser percebido de forma negativa pelos usuários uma vez que os atrapalham a utilizar o website e obter as informações em que desejam no website, uma vez que o objetivo ao entrar nos website não está relacionado com a propaganda do serviço ou produto ofertado. Isso mostra que o marketing de interrupção em websites nos smartphones também não parece ser bem percebido pelos usuários de smartphone, sugerindo que a relação entre o tema do website e da propaganda inserida nele tem que ser forte e não deve atrapalhar o usuário a acessar a informação que o fez visitar o website. “Tem propagandas que eu nem olho, eu já procuro o x logo para fechar por que eu estou na Globo.com para ver as notícias, não para ver propaganda de outra coisa. Então acaba sendo chato e irritante, mas é só fechar e está tudo certo." (Entrevistado 5) “Por que eu estou abrindo o meu navegador para ver uma coisa que eu queira ver, não estou abrindo meu navegador para ver ofertas e promoções, eu acho chato isso. Quando eu quiser encontrar algum serviço ou comprar alguma coisa eu pesquiso a respeito e compro ou contrato o serviço. (...) demora mais até ver o que você quer ver. Você tem que esperar fechar a outra janelinha" (Entrevistado 6) 4.2.4 Voz Como vimos anteriormente, os usuários de smartphone carregam consigo o aparelho durante o seu dia-a-dia enquanto estão fazendo outras atividades. Ao investigarmos a percepção dos usuários de smartphone em relação ao canal de voz, vimos que as ações de marketing por meio de ligações são percebidas negativamente por todos os usuários de smartphone entrevistados para essa pesquisa. Eles se sentem aborrecidos com as ligações de propaganda que recebem uma vez que tais ligações interrompem outras atividades em que estão envolvidos durante o seu dia-a-dia. "Em geral é chato. Porque eu tenho que ficar sendo simpática no meio do dia, um telefone desconhecido, aí eu acho que pode ser alguma coisa de trabalho, alguma coisa importante, às vezes eu interrompo uma reunião (...) e aí me atrapalha, entendeu?" (Entrevistado 9) "Detesto, eu desligo antes de terminar (...) Atendo porque eu não sabia, porque vem com número como se fosse uma ligação normal, um número fixo. Eu acho que não deveria ter. Acho que tem outros meios dela se comunicar com o cliente dela e pode ser através da fatura e acho que é bem incomodo porque às vezes eles te ligam em um momento inoportuno e você está no meio de uma reunião e toca e quando você acha que é uma coisa importante é uma propaganda. Enfim ele não quer saber onde você está para mandar aquela propaganda, eu não gosto muito." (Entrevistado 3) 71 "Eu acho que ligação é muito agressivo, muito invasivo. Tem que parar o que está fazendo, tem que atender, às vezes você está trabalhando, está no ônibus, não pode ficar segurando o telefone, está com um monte de sacola na mão, o telefone está tocando e você não conhece o número, aí você acaba atendendo, tipo, quem é né que está me ligando, e é propaganda” (Entrevistado 2) Além disso, os usuários de smartphone apontaram novamente a questão de interesse no conteúdo anunciado como relevante para uma percepção positiva das ações de marketing pelo canal de voz. Ainda percebem que as propagandas devem estar disponíveis para consulta quando demostrado interesse, ou seja, o anunciante não deveria contatar o usuário sem que ele deseje isso. "Isso é bem chato, parar para receber mensagem de propaganda que você não quer, que você não está precisando. Por que acho que é assim, se eu estou precisando eu vou correr atrás, não preciso que ninguém venha até mim." (Entrevistado 1) "Em geral você sempre fala que está ocupado. De novo, primeiro porque você não está pedindo o serviço e as pessoas estão oferecendo o negócio. Você não pediu.” (Entrevistado 8) Outro ponto apontado como negativo desse canal é que os usuários não gostam que as empresas insistam em ligar para o seu smartphone quando os mesmos já falaram que não têm interesse no produto/ serviço ofertado. "muitas vezes você é obrigado a ser mal educado porque a pessoa não entende que você não está interessado, quer explicar e muitas vezes naquele momento você não pode falar... é bem chato." (Entrevistado 13) “Chato demais por que não foram 10 vezes que eles ligaram, foram mais e eu já disse que eu não tenho interesse agora, que sou uma pessoa nova, não quero ter cartão de crédito por que sei que vou me enrolar e falei que não quero e falei para pararem de me ligar por que o dia que eu quisesse eu ia ligar, entrar em contato. Aí não me ligaram mais, deve estar há 1 mês e meio sem me ligar já. Então eu acho que sendo grossa funcionou" (Entrevistado 5) A falta de confiança em quem está anunciando também aparece nesse canal de comunicação mobile. Os usuários de smartphone suspeitam que as ações de marketing por meio de ligações podem não ser verdadeiras. Por exemplo, eles desconfiam que a pessoa que está fazendo a ligação pode não ser da empresa anunciante que ele menciona. Essa falta de confiança é explicada pelo histórico de ocorrências criminosas por meio de ligações no Brasil. “E tem a questão da confiança, você não vai confiar numa pessoa que você não sabe quem é. Você não sabe se a pessoa é realmente ou não. A questão da violência também no Brasil, pode ser meio perigoso porque o cara pode querer buscar um dado seu, um CPF. Eu nunca vi ninguém se interessar pelo negócio e começar a conversar." (Entrevistado 8) 72 4.2.5 Aplicativos Em relação aos aplicativos, exploramos as percepções os usuários de smartphone em relação a diferentes formatos de propaganda em que eles já tiveram contato, como formato de banner com imagens ou textos, formato de vídeos e aplicativos de marca. Cada um desses formatos será explorado separadamente a seguir. Além disso, discutimos a percepção dos usuários de smartphone em relação ao trade-off entre aplicativos gratuitos com propagandas vs. pagos e sem propagandas. 4.2.5.1 Banner em aplicativos O marketing de permissão como descrito por Godin (2000) novamente aparece como relevante dentro do mobile marketing em aplicativos, mas ainda vimos, nessa pesquisa, que o efeito “dedo-gordo” e os problemas de posicionamento dos banners em aplicativos influenciam a percepção do usuário de smartphone em relação ao mobile marketing em aplicativos. Vimos nessa pesquisa que os usuários não gostam de propagandas banner quando essas atrapalham a usabilidade do aplicativo, seja interrompendo as atividades do usuário ou reduzindo a qualidade do aplicativo em relação a tamanho da tela, como exemplificam os entrevistados ao explicarem suas opiniões sobre os formatos banner em barra na parte inferior da tela do aplicativo. "Essas propagandas não atrapalham tanto, atrapalha um pouco... Elas são propagandas enjoadas. Por que acaba que você não vê o gráfico todo do jogo, por que tem uma parte tapada pela propaganda." (Entrevistado 6) “não gosto porque às vezes ele fica atrapalhando a funcionalidade do aplicativo (...) Ele diminui o tamanho da tela porque a tela acaba sendo ocupada por uma janelinha com a propaganda " (Entrevistado 3) "tem um aplicativo da cervejinha que simula um copo de cerveja e tem propaganda, mas eu nunca cliquei (...) Eu acho chato porque acaba tirando a função do aplicativo que é simular um copo de cerveja, ao invés de ficar só o copo aqui ele fica com a propaganda ali aparecendo, eu acho chato." (Entrevistado 3) “Se for aqueles discretos no aplicativo, acho tranquilo, se não interromper o que você está fazendo..." (Entrevistado 2) No entanto, fazer o banner menor a ponto de não atrapalhar o usuário pode ser ineficaz também, uma vez que a propaganda formato banner pode passar despercebida aos olhos do usuário de smartphone, como no caso do entrevistado 2. Esse entrevistado só reparou na propaganda quando abriu o aplicativo em busca de propagandas, ou seja, esse tipo de propaganda não fora notado antes durante a utilização do aplicativo. Se analisarmos esse caso de acordo com o funil de compras de Briggs e outros (2005), essa propaganda 73 não foi bem sucedida nem no primeiro nível do funil que é o reconhecimento, sendo assim pode ser considerada ineficaz. "Esse aplicativo aqui é basicamente de trânsito também. E olha, ele tem a propaganda pequenininha. (...) Mas é pequena, não é uma coisa que te agride, que fica pulando aqui na tela. Está ali no cantinho, num lugar quietinho." (Entrevistado 2) "Eu acho legal, mas eu acho que respeita assim o cliente, o consumidor, só que nesse caso é tão pequeno que a pessoa nem presta muito a atenção. Então não sei se é muito eficiente." (Entrevistado 7) O tipo de banner que aparece inesperadamente (pop-up) enquanto o usuário está utilizando o aplicativo é percebido negativamente pelos usuários que clicam na propaganda sem querer e são redirecionados automaticamente para um website ou para outro aplicativo. Isso incomoda os usuários a ponto de excluírem o aplicativo, pois interrompe a atividade na qual o usuário do smartphone estava envolvido. "Todos os jogos que tinham essas propagandas eu excluí porque atrapalhava, você está ali jogando e aí quando você vai apertar um botão pula uma tela e você já clicou naquele link do jogo que você não quer. Aí eu acabei excluindo todos, eu não tenho mais nenhum jogo que fique pulando essas propagandas." (Entrevistado 2) "Só que tem uns que cobrem a tela toda. Às vezes você está ali fazendo alguma coisa, você clica nele, ele sabe o que você está fazendo e joga você lá para o Google. É melhor a notificação na barrinha lá em cima porque ali você vê se vai te interessar. É uma forma até de eles chamarem sua atenção cobrindo a tela toda quando aparece... É uma forma até legal de chamar atenção, mas às vezes atrapalha. Se você não estiver prestando atenção, se a internet for ruim e se você estiver fazendo uma coisa emergencial acabou, você fica nervoso, joga o celular no chão..." (Entrevistado 10) "Essas aqui não me incomodam, são tão discretas (...) Discreta, não me atrapalha assim. Eu acho que propaganda chata é aquele que ela abre e ocupa toda a tela (...) porque ela te impede de ver o que você realmente está querendo ver. O seu objetivo ali não é ver propaganda. Agora essa que fica assim no cantinho da página não incomoda." (Entrevistado 13) Como mencionado por Gupta (2013), muitos dos cliques nas propagandas em formato banner em smartphones são decorrentes do efeito dedo-gordo, no qual acontece quando o usuário clica na propaganda quando estava tentado clicar em outra parte da tela, o que pode vir a prejudicar a mensuração da eficácia dessa atividade de marketing. Esse tipo de banner é irritante para o usuário uma vez que interrompe a sua atividade, assim como sugerido por Gupta (2013). "O que me irrita é quando você está jogando e esbarra e abre outra página, acaba o jogo ou o que você estava fazendo e sai da página para entrar em uma página de propaganda que você não quer, eu detesto isso (...) Por que interrompe o que eu estava fazendo." (Entrevistado 1) 74 "Chato, por que às vezes eu estou no aplicativo e sem querer eu clico e vai para propaganda e dá o maior trabalho, e abre o navegador e abre um monte de coisa, eu acho incômodo, mas eu não estou interessada naquilo (...) se eu estou em um jogo é por que eu quero ficar no jogo, não quero ficar lendo propaganda, eu acho inconveniente" (Entrevistado 4) “Eu estava no meio do jogo, uma coisa importante, no meio do raciocínio, é um jogo de tabuleiro assim, você tem que raciocinar e aí vinham umas mensagens, toda hora ficava apitando, vibrando o meu celular e na tela interrompia a tela para uma propaganda. E aí se sem querer eu não fosse tão ágil, sem querer apertasse, ele tirava do jogo e passava para outra tela, e isso me atrapalhava porque eu tinha que voltar, às vezes eu perdia o que eu tinha feito, então me atrapalha em relação a isso" (Entrevistado 9) Apesar do entrevistado 5 dizer gostar de receber opções de novos jogos por meio de propagandas, a percepção geral dele sobre o formato banner que cobre a tela inteira é negativa, principalmente pelo efeito chamado de dedo-gordo, no qual o fez clicar na propaganda quando ele, na verdade, queria fechá-la para continuar suas atividades. Além disso, esse usuário de smartphone ainda demonstra certo grau de desconfiança sobre o redirecionamento da propaganda após o clique. "Cobria a tela inteira e aparecia a propaganda do outro jogo e o X de fechar era muito pequeno, lá embaixo e era até difícil de apertar por que era tão pequeno que você clicava na tela e aparecia outra página da propaganda do outro jogo para você baixar outro jogo. “Eu não quero baixar o jogo, eu quero fechar a tela para jogar o outro jogo”. Eu achava interessante por que toda hora era um jogo novo que aparecia e eu podia até me interessar por algum, mas não, eu queria jogar aquele que eu estava jogando. Mas eu achei o X inconveniente por que você clica e vai que é um vírus ou sei lá (...) eu gostei de ter várias opções sempre, mas o X pequenininho eu não gostei." (Entrevistado 5) De maneira geral, a confiança na propaganda é um fator que influência a percepção do consumidor em relação à mesma. O entrevistado 6, por exemplo, afirma não clicar em propagandas de banner em um aplicativo de jogos uma vez que desconfia que a propaganda pode violar as informações armazenadas no seu dispositivo móvel. “Tem muita propaganda, por exemplo, nesse joguinho,, eu não sabia se aquela propaganda era uma coisa preocupante, que pudesse violar o sistema e pudesse violar as minhas informações, vai que eu clico em uma coisa que é um hacker e tenha acesso às minhas coisas." (Entrevistado 5) "Se for alguma coisa que eu não confio e que eu não conheço, não vou nem olhar a propaganda e vou achar que é vírus, alguma coisa assim. Eu tenho que ter uma confiança naquela marca, naquele produto ou então naquele tipo de serviço que está sendo oferecido." (Entrevistado 3) Ainda podemos ver por essa pesquisa que o mobile marketing em aplicativos ainda apresenta alguns problemas de adaptação das camadas da indústria como descrito por Cusomano e Gawer (2002). A percepção negativa gerada pela interrupção das atividades do usuário do smartphone pode ser agravada quando a propaganda não é compatível às especificações técnicas dos smartphones e/ou internet que recebem as propagandas. A 75 falta de compatibilidade pode travar o sistema do smartphone fazendo com que o usuário tenha que desligar o aparelho, o que incomoda o usuário. "Têm momentos que é bem inconveniente. Têm momentos que você está jogando ou fazendo alguma coisa aí recebe. Aí você tem que tirar senão trava também. Não sei se é só meu telefone, mas às vezes a propaganda trava quando ela entra. (...) mas quando trava o telefone, às vezes você tem que tirar a bateria, não é só sair, então é muito ruim quando acontece isso." (Entrevistado 10) A questão de a propaganda ser focada ao interesse do usuário também aparece no canal de aplicativos. Os usuários não percebem de forma positiva as propagandas do tipo banner que cobre a tela inteira quando está utilizando o aplicativo, pois além de interromper a sua atividade, pode não ser do interesse do usuário, como no caso do entrevistado 2 que recebeu uma propaganda de jogo de boliche em um aplicativo de jogo infantil. "...quando você vai passar, aí entra uma propagandazinha. Essa propaganda me irrita...Você não consegue fazer nada enquanto não clica sim ou não. Porque eu não quero saber de jogar boliche, se eu quiser jogar boliche, eu vou entrar no iTunes e baixar um jogo de boliche, entendeu?" (Entrevistado 2) Quando a propaganda exibida tem um conteúdo relacionado com o conteúdo do aplicativo que a exibe, a percepção do usuário do smartphone em relação à propaganda pode ser mais positiva, porém como podemos ver, jogos nem sempre é suficiente para segmentar os aplicativos que devem ser exibidos as propagandas de jogos. Podemos sugerir que baixar, por exemplo, um aplicativo de viagens funciona como uma indicação de interesse sobre viagens, o que poderia fazer o usuário mais receptivo a propagandas sobre viagens nesse aplicativo, mas outras informações, como exemplo lugar de verão ou inverno ajudam a segmentar e melhorar a percepção do usuário em relação à propaganda. Como podemos ver, o entrevistado 9 sugere que sendo do mesmo desenvolvedor do aplicativo, a propaganda do jogo pode ser mais interessante. "Quando tem a ver, eu acho que não tem problema nenhum. Acho que é até legal porque eu geralmente clico, mas quando é coisa que não tem realmente nada a ver, jogando e vem uma loja de roupa, não acho que seja bacana." (Entrevistado 9) “E aí os outros joguinhos eu sempre mudo de um para o outro em relação à propaganda porque eu gostei desse jogo, aí eu vou, jogo o nome do criador às vezes e aí vejo a propaganda ou ele lança a propaganda no próprio telefone e aí eu mudo o jogo. " (Entrevistado 9) "Eu acho que é interessante porque como que no caso eu já estou usando aquele aplicativo para um determinado assunto, eles me oferecem uma propaganda sobre esse mesmo assunto (...)” (Entrevistado 7) Outro ponto que parece influenciar positivamente a percepção dos usuários de smartphone em relação às propagandas em formato de banner em aplicativos são os 76 incentivos. Isso corrobora a argumentação de Godin (2000) de que os incentivos podem aumentar o nível de permissão no relacionamento com o cliente. Como no exemplo a seguir, em que são oferecidos tokens ao usuário, caso ele faça o download do outro jogo, sendo que tokens são moedas virtuais que podem ser usadas no aplicativo. "Quando é do jogo eu acho que é mais tranquilo. Essa daqui, download free games and get token, essas barrinhas que eu falo de baixar outros jogos, essa daqui também não me incomoda por que ganha token." (Entrevistado 1) Também foi mencionado pelos entrevistados experiências com formato de banner em vídeos exibidos dentro de aplicativos. Esses banners são percebidos de forma mais neutra entre os usuários uma vez que são facilmente fechados e não atrapalham o usuário a assistir ao vídeo, mas novamente, o conteúdo anunciado do banner deve estar de acordo com o interesse do usuário para gerar uma percepção positiva em relação à propaganda. “Também tem aquele que fica embaixo, essa aí eu acho que ninguém vê também, fecha só para ver o vídeo melhor." (Entrevistado 4) "Eu acho que banner é melhor. Eu sempre clico em banners porque às vezes eu estou pesquisando uma música e embaixo do vídeo aparece uma propaganda de uma outra música com uma outra cantora enfim similar àquela que eu estou procurando, aquele estilo de música. Então volta e meia eu clico para saber qual novidade. Aí me leva a um site que tem lá um show daquela música enfim eu acho maneiro, é aquilo que eu disse, eu gosto de propaganda de quando ela tem a ver e vai para o público alvo dela. Propaganda aleatória para quem estiver por acaso ali abrindo o vídeo e aparece uma propaganda de uma coisa nada a ver, não sou a favor." (Entrevistado 3) 4.2.5.2 Vídeos em aplicativos Vimos nessa pesquisa que a imposição ao usuário do smartphone em relação aos vídeos de propaganda exibidos em aplicativos é um fator relevante para a percepção negativa do usuário. Isso vai de acordo com que Godin (2000) descreve no marketing de permissão, a imposição interrompe e incomoda o usuário de smartphone. "Incomoda principalmente o tempo perdido. Que é como se fosse quando a gente vê no Youtube aquela, a gente quer ver um vídeo só que tem que ficar 10 segundos ou então 30 segundos vendo um vídeo obrigatório. Às vezes eu quero começar logo a jogar e tem um videozinho aparecendo e eu não quero assisti-lo, entendeu? É aquele negócio, não é opcional, é obrigatório. Para jogar o jogo, eu tenho que assistir a propaganda" (Entrevistado 7) Além disso, o formato de vídeo para propagandas em aplicativos não parece ser tão eficaz quando analisado pelo funil de compra de Briggs e outros (2005) isto é feito na forma de imposição. Essas propagandas quando são impostas pelo aplicativo criam uma audiência fictícia o que não pode ser considerada uma ação de marketing bem sucedida nem no nível mais baixo do funil de compra, que é o reconhecimento. Isso pode ser visto no exemplo, em 77 que o usuário é forçado à assistir a um anúncio em formato de vídeo no aplicativo de jogo para ganhar os tokens (moeda interna do aplicativo) necessários para dar continuidade ao jogo. "O que me irrita também dentro desses jogos é "assista vídeos de propaganda para você ganhar moedas grátis", e você precisa de moeda para poder continuar jogando, mas você tem que assistir vídeo de propaganda (...) Aí eu ponho lá, deixo rolando enquanto eu vou fazer outra coisa, por que eu não quero assistir, mas eu tenho que assistir então eu deixo rolando e vou fazer outra coisa." (Entrevistado 1) Assim como sugerido por Cusomano e Gawer (2002), outro ponto a ser observado com atenção quando exploramos o formato de propaganda de vídeo em aplicativos é a compatibilidade técnica do vídeo com a rede de internet móvel, o aplicativo e sistema operacional do smartphone garantindo que todas as camadas envolvidas no mobile marketing estejam no mesmo nível tecnológico. Isso por que vimos nessa pesquisa que os vídeos podem apresentar problemas de exibição que podem gerar insatisfação por parte do usuário em relação à modalidade de propaganda em vídeos. "O que chateia é esse aqui, por exemplo, fica carregando para poder mostrar a propaganda. E demora muito para carregar, eu nunca cheguei a ver a propaganda, por que demora demais, aí eu vou e tiro." (Entrevistado 1) No entanto, as propagandas de vídeo em aplicativos ainda têm um valor de entretenimento para o usuário, com a ressalva que o isso acontece quando o vídeo não é imposto ao usuário de smartphone e não o interrompe. Como Godin (2000) sugeriu, o entretenimento pode servir como um incentivo para o consumidor a estreitar o relacionamento com a marca. No caso, os vídeos com as propagandas estão dentro de uma opção no menu de opções do aplicativo, no qual o usuário acessa se estiver interessado em saber sobre novidades de outros jogos. "Eu acho divertidas também porque às vezes são uns vídeos que você clica ali no link ou então na figurinha e ele te redireciona para um link do Youtube. Aí é um videozinho sobre a história que o outro jogo se trata. Então é isso, eu posso clicar se eu tiver interessado eu clico ali e vejo. Assisto o vídeo e baixo o aplicativo. Se eu não tiver interessado, eu simplesmente passo e ignoro." (Entrevistado 7) Os usuários de smartphone entrevistados para essa pesquisa recordaram mais de propagandas em formato de vídeo em aplicativos que exibem vídeos. Essas propagandas aparecem na maioria das vezes antes de iniciar o vídeo que o usuário deseja assistir com a opção de pular o vídeo de anúncio depois de alguns segundos de exibição. Em geral, podemos ver que essa propaganda também é percebida de forma negativa pelo usuário que pula as propagandas sempre depois que termina o tempo mínimo da propaganda até aparecer a opção de pular o vídeo. 78 "eu quero ver o vídeo e fica um negócio chato, ninguém gosta daquela propaganda (...) Nunca assisti, eu espero os 5 segundos e aparece "pule a propaganda, pule o anúncio”.” (Entrevistado 4) Quando não é oferecida ao usuário a opção de pular o vídeo de propaganda para assistir ao vídeo desejado, o que temos é uma forma de propaganda imposta ao contrário da ideia do marketing de permissão proposto por Godin (2000). A imposição ao usuário é rejeitada, gerando uma percepção negativa em relação ao formato de propaganda e criando uma audiência fictícia o que torna esse formato uma ação de marketing não eficaz em termos do funil de compras de Briggs e outros (2005). “tem umas que não dá para pular e isso realmente me irrita por que eu não sou obrigada a ver aquilo, mas você acaba sendo obrigada por que não tem como pular. Eu pelo menos coloco no mudo por que eu não ouço e aí eu não sei o que é." (Entrevistado 5) No entanto, novamente, o interesse no conteúdo anunciado aparece como um fator importante para o usuário assistir ou não ao vídeo. Sendo uma propaganda que seja do interesse do usuário, este pode ter uma percepção mais positiva em relação à propaganda a ponto de assisti-la. O usuário pode até mesmo passar a perceber a propaganda como uma forma de entretenimento como mencionado anteriormente. "eu sempre pulo as propaganda (...) Enquanto tiver opção de pular eu vou pular (...) até hoje nunca pintou uma propaganda do meu interesse que eu achasse que valesse a pena ver até o final..." (Entrevistado 3) "se eu estou com muita pressa de ver aquele vídeo eu boto "pular anúncio" e quando eu tenho tempo eu vejo porque eu gosto de ver e são propagandas que eu gosto (...) Eu acho que são bem criativas e interessantes, eu acho diferente das outras. Essas propagandas de vídeo, eu acho muito, muito interessantes. São coisas diferentes e criativas de que eu vejo em outros lugares, diferentes da televisão. Muitas vezes são propagandas importadas de algum outro lugar e as da Irlanda eu adorava por sinal." (Entrevistado 12) 4.2.5.3 Aplicativos de marca Nessa pesquisa, assim como Gupta (2013) argumentou, percebemos que o aplicativo de marca não é percebido como uma propaganda e não causa percepções negativas nos usuários de smartphone. Vimos que mesmo quando o aplicativo mostra novidades de novos produtos e indica onde comprar o produto, o usuário não entende o aplicativo como uma propaganda. A propaganda, nesse caso, está unida ao conteúdo do aplicativo como descrito por Dontaton (2004), assim o usuário valoriza o conteúdo do aplicativo pela sua utilidade e função de compartilhar as informações que ele tem interesse. Os aplicativos de marca ainda estão de acordo com o marketing de permissão descrito por Godin (2000), já que fornece conteúdo relevante ao usuário dada a permissão do usuário no momento de download do aplicativo. 79 "O aplicativo da Nespresso ele é ótimo, você pode comprar café por ele, trocar sua máquina, comprar acessório para sua máquina, sua cafeteira, enfim (...) fica em cima, tipo assim como se fosse um destaque para as novidades (...) Mas eu vi aqui que você pode comprar café, se quiser achar uma boutique Nespresso tem aqui também pelo GPS, onde, aí ele vai ver onde você está e vai te dar o mais próximo, assim, eu acho ele bem útil. Mas não tem propaganda nele." (Entrevistado 2) "O HSBC também não tem propaganda por que é aplicativo direto de conta, no site aparece propaganda deles mesmos de “vamos criar uma conta poupança com conta salário, com conta corrente”, no site tem isso, mas no aplicativo não tem e eu acho ótimo." (Entrevistado 5) "Eu tenho aplicativo aqui da Nespresso que ele me diz as novidades da Nespresso. Ele me avisa quando tem um café novo chegando, que eu tenho a máquina Nespresso e eu posso comprar, fazer meus pedidos pelo aplicativo, eu adoro comprar on-line né, então para mim é bem interessante e aí eu posso comprar as cápsulas pela internet, pelo aplicativo. E eu posso ver também o que cada café, um resuminho de cada café" (Entrevistado 9) “A Nestlé tem um aplicativo de receitas e aí você está sempre na cabeça, Nestlé, e dá receitas usando os ingredientes que eles vendem no mercado, creme de leite Nestlé, leite Ninho, assim, Dona Benta, usa esse tipo de coisa também que reforça a marca e agrega algum valor para o cliente, o cliente aprende receitas.Tem que ser útil de alguma maneira. Tem que ter alguma utilidade. " (Entrevistado 9) Ainda em consonância com o estudo de Gupta (2013), a pesquisa sugere que os aplicativos de marca podem ser uma opção interessante para as marcas, pois podem se tornar uma fonte de receita extra ao mesmo tempo em que tem o seu valor de marketing e de relacionamento com os clientes. Como podemos ver a seguir, o entrevistado aceitaria pagar pelo aplicativo da marca, que atualmente é gratuito, justamente pela sua utilidade. “Como é um aplicativo gratuito eu acho que todo mundo tem, se fosse pago eu acho que eu teria, eu compraria por que é uma coisa muito eficiente. Eu poderia muito bem abrir o Safari e colocar no HSBC.com.br e entrar, mas o trabalho que eu ia ter de colocar o número do meu CPF, colocar o número da minha conta, agência para poder entra no HSBC internet ia demorar muito e no aplicativo você tem um número de ativação que você tem ir no caixa tirar e você coloca o seu CPF uma vez só. Então aquele telefone tem só o seu número de ativação, só ele tem o seu CPF e é muito mais eficiente por que é só entrar, colocar uma senha de 6 dígitos rápida que já vai entrar na minha conta e eu vou poder fazer o que eu quiser." (Entrevistado 5) Assim como Bellman e outros (2011), vimos nessa pesquisa que os aplicativos marca aumentam o interesse do usuário na marca e parecem exercer efeito sobre a intenção de compra em produtos da marca. Os aplicativos de marca ainda podem ser considerados uma atividade de marketing eficiente quando analisado pelo funil de compras de Briggs e outros (2005), dado que encontramos nessa pesquisa um aumento na intenção de compra por parte do usuário de smartphone. Podemos ver dois exemplos de um entrevistado que aumentou a sua intenção de compras em função do aplicativo, um em função de comunicações de novidades feitas pelo aplicativo, mesmo quando não tinha uma promoção ou desconto envolvido, e o outro no qual fez a compra do produto para usar o 80 aplicativo que tinha escolhido, mostrando que a qualidade do aplicativo pode ser o fator decisivo na intenção de compra do produto final da marca. “No caso da Nespresso eles mandaram agora essa semana 3 cafés novos, aí eu fui e comprei os 3 e comprei mais 2 que eu já queria, estava esperando para fazer um pedido maior porque tem que ser no mínimo 50 cápsulas, eu fiz um pedido de 110 reais porque eles me mandaram uma propaganda que nem era desconto.” (Entrevistado 9) "Esse aplicativo aqui da Nike tem que comprar um chip para correr (...) Na verdade eu já pesquisei vários aplicativos sobre saúde, para corrida eu acho que esse é o melhor (...) Esse aplicativo me fez comprar um tênis que tinha o buraco para o tal do chip, que era adaptado para o chip e o chip. Nisso eu gastei oitenta dólares, e eu fiz o meu marido também comprar um tênis igual o meu e o chip igual o meu, ou seja, foram cento e sessenta dólares." (Entrevistado 9) 4.2.6 Aplicativo gratuito vs. pago Eisenman, Parker e Alstyne (2006) sugerem que mercados de dois lados têm a estratégia de precificação relacionada com o willingness to pay dos seus usuários, isto é, o valor máximo que o usuário está disposto a pagar pelo produto ou serviço. Podemos ver por, essa pesquisa, que os usuários de smartphone têm preferência por aplicativos gratuitos, ou seja, baixo willingness to pay, mostrando que os aplicativos gratuitos têm maior força no mercado de aplicativos do que os pagos, como já fora sugerido por Sullivan (2010). "Prefiro aplicativos grátis com propaganda, por que eu não vou pagar para baixar um aplicativo, eu sou totalmente contra isso, não gosto (...) Eu toleraria qualquer uma que desse para fechar, passou, acabou (...) Fico incomodada com todas, eu não gosto por que acho que me atrapalha, mas assim é só fechar e pronto" (Entrevistado 4) Podemos ver que os usuários de smartphone, no geral, ficam incomodados as propagandas nos aplicativos em diferentes formatos, no entanto, vimos nessa pesquisa que alguns ainda estão dispostos a aceitar certos formatos de propaganda em troca de obter um aplicativo gratuito. A interrupção da usabilidade do aplicativo, o fato da propaganda ser opcional ou ser imposta e o interesse que o usuário tem no aplicativo apareceram nessa pesquisa como possíveis fatores influenciadores na decisão de pagar ou não pelo aplicativo. "Me irrita, mas eu aceito. O cara tem que ganhar dinheiro de alguma forma, entendeu? Então que seja com a propaganda no aplicativo. Apesar de eu não gostar, se for essas discretinhas que eu te mostrei ali, tipo está ali, clica quem quer, mas se for àquela outra igual do jogo que pulou ali, já não gosto. " (Entrevistado 2) "Assim, em geral eu não pago por eles não, assim, mas já teve um que eu paguei seis dólares por ele, mas gosto muito desse jogo (...) Eles lançaram a primeira versão, aquela versão gratuita que aí eles ficam fazendo um monte de propaganda, só que é muito chato jogar com um monte de propaganda, e aí eu fui e comprei o de seis dólares por conta disso.” (Entrevistado 9) 81 4.2.7 Propaganda unida ao conteúdo no aplicativo As propagandas quando unidas ao conteúdo no aplicativo, como no caso das propagandas inseridas no feed de notícias do aplicativo Facebook não parecem incomodar o usuários de smartphone. Como sugerido por Donaton (2004) em “MadisoneVine”, as propagandas se misturam ao conteúdo do usuário, o que leva até uma dificuldade de recordar a presença das propagandas. "Eu acho que não atrapalha, acho que deve ser um jeito de mostrar o produto, apesar de que não incomoda, no feed eu acho normal, não sei explicar (...) Já (cliquei) várias vezes. De algum produto legal aí eu clico, ou de algum jogo ou de algum aplicativo interessante, eu acho legal para conhecer coisas novas." (Entrevistado 4) “Eu não me lembro de ter nenhuma propaganda no facebook. Ah tem, lógico, pronto, tem propaganda no facebook sim e ela é sempre voltada para aplicativos aqui, pelo menos é o que eu mais vejo, é para fazer downloads de aplicativos (....) Eu achei muito boa e cheguei até a baixar um aplicativo dela porque (...) acho que ele entendeu que eu gostava de música e estava procurando aplicativos para música, aí apareceu lá um aplicativo gratuito tipo DJ. Aí quando eu entrei era exatamente aquilo que eu queria e baixei” (Entrevistado 3) No entanto, unir as propagandas ao conteúdo não parece ser suficiente quando se trata da plataforma mobile, uma vez que ainda vimos que o tamanho da tela reduzido pode ainda influenciar negativamente a percepção sobre a inserção desse tipo de propaganda nos smartphone. Além disso, o interesse no conteúdo ofertado também se mostra relevante nessa forma de inserção de propagandas. "Eu acabo olhando por que está ali no meio das minhas coisas, mas na maioria das vezes são inúteis, então eu olho e passo" (Entrevistado 1) " na minha vida basicamente Facebook que tem essas propagandas, muitas, irritantes. Primeiro porque o espaço do celular ele já é limitado, a tela é pequena, então você quer ver o que os seus amigos estão postando, você quer interagir e está lá página sugerida, Galinha Pintadinha. Não, eu não quero ver a Galinha Pintadinha. (...) no computador não porque aí, tipo, tem aquela lateral da direita que você sabe que ali são as propagandas, então se você quiser ver, você vai olhar para o lado e ver o que tem de propaganda ali, entendeu? Agora no celular eu acho um saco porque a tela já é pequena, aí tu já está ali normalmente dentro do ônibus sacudindo, tentando enxergar o que está escrito e está lá página sugerida, aí eu acho horrível. " (Entrevistado 2) 4.2.8 Localização Propagandas baseadas em localização, seja push ou pull, não foram vivenciadas pelos entrevistados nessa pesquisa, mas esses usuários de smartphone compartilharam a sua percepção sobre a hipótese de receber propagandas em seu smartphone baseadas em sua localização. Parece que usar a localização para enviar propagandas aos smartphones baseadas no contexto de compra seria percebido positivamente pelos usuários entrevistados nessa pesquisa. 82 “Eu ia achar genial, muito legal por que ia ser um jeito de me fazer olhar (...) Eu vou achar isso sensacional.” (Entrevistado 4) “Tipo, você está comendo em um lugar e automaticamente tem uma propaganda que tem uma sobremesa, tal. Bacana, legal. Acharia legal. (Entrevistado 8) Os pontos positivos da propaganda baseada na localização, segundo os entrevistados dessa pesquisa, é o fator surpresa, o contexto de compra e a inclusão de um incentivo financeiro como um desconto. “1º porque é uma surpresa, a pessoa não espera isso. É bom, tudo o que é promoção, você já está sentado em algum lugar (...) Se você já está ali no contexto é bacana, você vai considerar realmente comprar. Aí a propaganda é bem vinda. (...)” (Entrevistado 8) “Tipo, entre na loja e ganhe 10% de desconto. Eu acho que tem que ter alguma coisa assim, alguma coisa em troca, entendeu?” (Entrevistado 2) No entanto, existem ressalvas que os próprios entrevistados levantaram sobre o formato no qual essas mensagens serão enviadas, o controle do conteúdo que irá receber no seu smartphone e controle da frequência de propagandas que vai receber, o que sugere a relação com o marketing de permissão de Godin (2000). “Se é uma marca que você gosta, você poderia parar... De novo, seria bom você escolher o que quer. Daqui a pouco tua mãe vai estar ali e vai estar passando sex shop direto, chato, não é?” (Entrevistado 8) “eu não gostaria de receber mais do que 05 mensagens por dia de propagandas voltadas à minha localização e gostaria de receber via SMS que eu acho que é mais confortável do que colocar lá uma propaganda no meio da tela do celular. Porque vai o SMS e ele chega e fica ali e no momento em que eu abrir não vai me atrapalhar tanto e que seja feito um estudo prévio do meu perfil para tentar me mandar propagandas que tem a ver comigo.” (Entrevistado 3) Além disso, podemos ver que a confiança também influenciam a percepção dos usuários de smartphone em relação as propagandas enviadas baseada na sua localização. O entrevistado 5, por exemplo, já mostra medo de que suas informações privadas sejam acessadas por pessoas as que não deveriam ter esse acesso e ainda fazerem uso indevido dessas informações. “Eu ia achar creepy (...) Estranho, eu estar passando em frente à um restaurante e me mandar uma mensagem na hora, eu ia achar estranho (...) eu ia ficar com medo, eu ia achar macabro. (...) tenho medo que as informações sejam hackeadas e uma gangue pegue as informações e vão te assaltar por que eles já tem a sua localização.” (Entrevistado 5) 83 4.3 SÍNTESE DOS RESULTADOS A fim de simplificar a leitura e interpretação da análise de resultados, foi realizada uma síntese dos resultados que aponta os principais achados seguindo a estrutura na qual a análise de resultados foi desenvolvida (Figura 16). Características de uso e relação com o aparelho A internet móvel impulsiona a utilização do smartphone e, consequentemente, intensifica a relação do usuário com o Os smartphones têm função de escape das responsabilidades e de entretenimento O smartphone é mais utilizado quando estão sozinhos, exceto para funções do aparelho que permitem atividades de Existe uma substituição da tela do computador pela tela do smartphone, assim como a substituição do acesso de conteúdo Os usuários de smartphone substituem funcionalidades dos celulares básicos, como VOZ e SMS por outros canais de Existe uma incompatibilidade da inovação dentre as camadas da indústria no qual o mobile marketing está inserido. Como os usuários percebem o mobile marketing Os usuários deletam antes de ler a maioria das mensagens de propaganda que recebem A permissão influenciam a percepção, uma vez que o envio de mensagens sem prévia permissão gera um sentimento de invasão e desrespeito no usuário de smartphone A interrupção do usuário influenciam a percepção, que atrapalha as suas atividades e ainda gera uma desilusão no usuário que espera receber mensagens de conhecidos, mas vê uma mensagem de propaganda no lugar. SMS A frequência em excesso e o horário de envio das mensagens foram apontadas como pontos negativos desse canal O canal tem pouca credibilidade, uma vez que os usuários não conseguem acreditar que o remetente da mensagem é de quem diz ser. O interesse sobre o produto/serviço anunciado influencia a percepção em relação a propaganda nesse canal. Website TV Voz A personalização das mensagens podem fazer o consumidor se sentir especial ao receber o SMS de propaganda Existe uma replicação do formato de propaganda utilizado em websites em computadores pessoais na plataforma mobile, que são os banners. Os banners não agridem o usuário que já está acostumado com esse tipo de propaganda, mas ao mesmo tempo, incomoda o usuário pelo fato da tela ser menor e o botão para fechar a propaganda menor O banner atrapalha a obtenção de informações desejadas no website e por isso é percebido como negativamente O interesse no conteúdo anunciado também influencia a percepção nesse canal As propagandas endossam o website em termos de credibilidade e qualidade da informação. O canal TV se mostrou não relevante na plataforma mobile para os usuários entrevistados nessa pesquisa. Esse canal é explorado da mesma forma como é explorada a TV tradicional Os usuários relataram estar acostumados ao formato de anúncios da TV tradicional, e por isso reagem como a propaganda a TV mobile como a tradicional, isto é, param de prestar atenção na tela da TV durante os anúncios. A percepção do mobile marketing nesse canal é influenciada pela baixa credibilidade. A ligação interrompe o usuário de suas atividades diárias, influenciando a percepção sobre a atividade de marketing O interesse no conteúdo anunciado e a permissão também influencia a percepção Os usuários expressaram descontentamento com esse canal devido à insistência do anunciante ao ligar novamente para o usuário mesmo que este já tenha expressado o desejo de não receber mais essas ligações. Os usuários não percebem os aplicativos de marca como uma atividade de marketing Os usuários percebem o aplicativo de marca positivamente ou negativamente em função da utilidade do aplicativo. O download de um aplicativo de marca demonstra interesse do usuário e fornece uma permissão implícita para atividades de marketing. Os aplicativos de marca se mostraram uma possibilidade de nova fonte de receita além de aumentar a intenção de compra. Aplicativos Propaganda unida ao conteúdo não incomodam os usuários de smartphone quando não atrapalham a visualização do conteúdo demasiadamente. Propaganda unida ao conteúdo não são muito recordadas pelos usuários de smartphone. Os usuários de smartphone têm uma percepção positiva de propagandas baseadas em localização quando estão alinhadas ao contexto de compra ou incluem um incentivo financeiro. O usuário de smartphone deseja ter controle sobre o conteúdo anunciado e a frequência das propagandas baseadas em localização, sugerindo forte relação com o marketing de permissão. A confiança influencia a percepção da mobile marketing baseado em localização. Figura 15: Síntese dos resultados 84 5 CONCLUSÃO Esta dissertação buscou ampliar o conhecimento sobre a percepção do público brasileiro sobre o mobile marketing. Para isso foi feita uma contextualização do fenômeno, na qual foi levantando dados sobre o mercado de telefonia móvel no Brasil e no mundo. A seguir, foram levantadas, a partir da revisão da literatura sobre mobile marketing, informações que embasaram uma organização dos diferentes canais e formatos utilizados atualmente para mobile marketing. Ainda foram identificados na literatura sobre o tema os fatores importantes para a publicidade nas novas mídias que serviram de base teórica para a realização da pesquisa de cunho exploratório que buscou entender melhor a percepção do público brasileiro sobre o mobile marketing. A pesquisa qualitativa exploratória foi realizada por meio de entrevistas seguindo roteiro semiestruturado presencialmente pelo autor dessa pesquisa. No total, foram feiras 13 entrevistas individuais informais com duração média de 1 hora, entre 19 de junho e 18 de agosto de 2013. Encontramos durante essa pesquisa algumas características interessantes no uso dos smartphones. Vimos que os usuários de smartphone percebem que a internet estimula o aumento do uso desses aparelhos e que eles o usam o dia inteiro atualmente a ponto de estabelecer uma relação dependência. Ainda, percebemos que alguns usuários estão trocando a tela dos computadores pessoais pela a do smartphone e ainda estão substituindo os canais de comunicação tradicionais de celulares, como o canal de mensagens e voz, pelo canal de aplicativos em função da internet. Percebemos que os usuários buscam no smartphone mais praticidade e agilidade para acessar informações, formas de entretenimento e de intensificar suas relações sociais. Assim, os usuários usam os smartphones não somente pelas suas funcionalidades, mas também por razões hedônicas. A partir dessa pesquisa percebemos que existem diferenças entre os fatores que influenciam a percepção sobre o mobile marketing dependendo do canal do mobile marketing, mas também muitas similaridades. Assim, foi possível sugerir fatores que influenciam a percepção do consumidor em relação ao mobile marketing e como esses fatores influenciam essa percepção. Um dos fatores principais é a permissão prévia do usuário de smartphone parece influenciar positivamente a percepção, no entanto, a falta da permissão influencia negativamente. A permissão funciona de formas diferentes entre os distintos canais de mobile marketing, como em mensagens e voz, a permissão é declarada, mas já em aplicativos, a permissão parece ser automática quando o usuário baixa um aplicativo gratuito e ou um aplicativo de marca. Entretanto, mesmo quando há permissões, os usuários podem ter percepções negativas sobre as propagandas em função de outros fatores. Além disso, os usuários percebem negativamente quando não há a possibilidade de retirar a permissão (opt-out) ou o envio de propagandas após a declaração da falta de 85 interesse por parte do usuário de smartphone. O usuário de smartphone percebe negativamente a imposição de propagadas, mas incentivos de diferentes formas podem influenciar positivamente a percepção do usuário de smartphone. O interesse no conteúdo anunciado também apareceu como um fator que influencia a percepção, ou seja, quando o usuário se interessa pelo conteúdo pode-se gerar uma percepção positiva e negativa quando ele não se interessa. O usuário percebe positivamente propagandas com valor de entretenimento, utilidade da informação e personalização. Ainda os usuários percebem positivamente as propagandas quando estão relacionadas ou unidas ao conteúdo, como em aplicativos ou websites. A entrega de propagandas adequadas ao contexto de compras também parece influenciar positivamente a percepção dos usuários de smartphone, no entanto, a preocupação com a privacidade também apareceu como um fator relevante para a percepção geral. A credibilidade da propaganda ou da empresa que envia a propagada também influencia a percepção do usuário de smartphone em relação à propaganda, sendo a falta de credibilidade influenciando negativamente. Interessante apontar que a inserção de propagandas em websites pode aumentar a credibilidade do website. O usuário de smartphone ainda percebe positivamente quando tem o controle sobre o conteúdo que irá receber no seu smartphone, sobre a frequência ou volume que recebe e sobre o horário (caso de mensagens ou ligações) ou momento (aplicativos e website) que recebe a propaganda. A interrupção das atividades do usuário gera uma percepção negativa em relação ao mobile marketing, podendo atividades incluir reuniões de trabalho, noite de sono, e outros, mas também atividades com o próprio smartphone. Os usuários percebem negativamente quando as propagandas atrapalham a usabilidade do smartphone, por exemplo, ao interromper o uso de um aplicativo ou ao travar a tela do smartphone devido à incompatibilidade tecnológica entre a propaganda e o aparelho ou a rede de internet. A incompatibilidade também pode ser em relação ao tamanho da tela, dessa forma, os usuários de smartphone percebem negativamente propagandas que tenham tamanhos grandes demais a ponto de reduzir a usabilidade do aparelho e pequenas demais a ponto de não conseguirem fechar a propaganda facilmente. Em resultado, temos que os profissionais de marketing têm que pensar em vários fatores que podem influenciar a eficácia das atividades de marketing na plataforma mobile, como a permissão, incentivos, interesse, credibilidade, valor de entretenimento, informação e utilidade, integração com o conteúdo, personalização, contexto de compras, privacidade, frequência, horário, interrupção, passar o controle o para o usuário, usabilidade do aparelho, tamanho da propaganda vs. aparelho, adaptação à tecnologia do aparelho e da rede de internet. Vimos nessa pesquisa que é importante a consideração de todos esses fatores, mas também que os profissionais de marketing pensem diferente sobre as atividades de 86 marketing nessa plataforma. Imitar os formatos de propaganda que são amplamente utilizados em outras mídias pode não influenciar negativamente a percepção do usuário de smartphone, mas também não influencia positivamente. Por isso, é recomendado para os profissionais de marketing encarem o mobile marketing de forma diferente, mas que considerem os trade-offs de cada decisão sobre a atividade de marketing em relação aos fatores que influenciam a percepção do usuário de smartphone. Em suma, a pesquisa qualitativa desta dissertação contribuiu ao apresentar uma visão da percepção dos usuários de smartphone em relação ao mobile marketing no contexto Brasil que inclui diferentes formatos de propaganda nos diferentes canais de mobile marketing. Além disso, como essa pesquisa oferece uma visão sobre mais de um canal de mobile marketing, essa pesquisa também contribuiu ao sugerir que os fatores que influenciam a percepção do usuário de smartphone são diferentes dependendo do canal do mobile marketing abordado. No entanto, esta dissertação ainda se encontra limitada dado que não possibilita a generalização dos resultados, a seleção dos entrevistados e por apresentar um recorte transversal e ter sido realizada por método de entrevistas. Assim, sugere-se que em pesquisas futuras seja feito um estudo quantitativo que explore um público mais abrangente do que os selecionados para este trabalho. 87 REFERÊNCIAS ADNEWS. 5 Razões para investir em campanhas de mobile marketing. São Paulo, 25 abr. 2013a. Disponível em: <http://www.adnews.com.br/artigos/5-razoes-para-investir-emcampanhas-de-mobile-marketing>. Acesso em: 25 abr. 2013. ADNEWS. Mobile advertising e os aplicativos. São Paulo, 25 fev. 2013b. Disponível em: <http://www.adnews.com.br/artigos/mobile-advertising-e-os-aplicativos>. Acesso em: 6 maio 2013. AJZEN, I.; FISHBEIN, M. Understanding attitudes and predicting social behaviour. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1980. AL-ALAK, B., IBRAHIM, A. 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Marca, Operadora, Plataforma 1 – Gostaria que você falasse um pouco sobre o que você faz com seu smartphone. Explorar: a quanto tempo tem, o que costuma fazer, quando, aonde e com quem 2 – Dessas coisas que você faz, qual é a sua preferida? Explorar o porque e também se alguém o influenciou nesse sentido. Vale também atentar para a questão da auto-imagem... O que ele percebe ser cool no uso de uma feature, app. Se usa mais app ou browser, os porques... 3 – O que mais te irrita no seu celular? Explorar a percepção de produto, serviço (aí incluindo a operadora) e plataforma (complementares e venda de produtos/serviços...) 4 – Você já recebeu algum tipo de propaganda no seu celular? Qual? O que achou? Explorar: Canais (SMS, MMS, Voz, App, TV, WEB); Formatos (Texto, Áudio, Imagem, Vídeo) 5 – Você usa aplicativos no celular? Poderia citar alguns? Checar quantos possui. Explorar se tem aplicativos patrocinados e se percebe como propaganda. O que acha destas “propagandas”? Prefere aplicativos gratuitos com propaganda ou pagos sem propaganda? 6 – Você aceitaria receber propaganda no seu celular? Explorar: em troca do que? Qual tipo? Informação sobre oferta de seu interesse é percebido como propaganda? Deixe ele falar das experiências passadas dessa natureza...Explorar também Permissão, Personalização, Incentivos, Localização, Confiança, Privacidade 7 – Que tipo de comunicação vinda de empresas você gostaria de receber no seu celular? 8 – O que uma empresa deveria fazer para se comunicar com você por meio do seu celular? Poderia dar um exemplo? 9 – Imagine que você é um publicitário e vai fazer uma campanha para celulares. O que você faria?