FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-FAMERP Thaís Guimarães Tavares NOTIFICAÇÃO DE EXTUBAÇÃO ACIDENTAL EM HOSPITAL DE ENSINO DA REDE SENTINELA São José do Rio Preto 2016 Thaís Guimarães Tavares NOTIFICAÇÃO DE EXTUBAÇÃO ACIDENTAL EM HOSPITAL DE ENSINO DA REDE SENTINELA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto para obtenção do grau de Enfermeiro. Orientadora: Profª. Drª. Lúcia Marinilza Beccaria São José do Rio Preto 2016 FICHA CATALOGRÁFICA Tavares, Thaís Guimarães NOTIFICAÇÃO DE EXTUBAÇÃO ACIDENTAL EM HOSPITAL DE ENSINO DA REDE SENTINELA / Thais Guimarães Tavares - São José do Rio Preto, 2016. Orientadora: Profª. Drª. Lúcia Marinilza Beccaria 19p. Monografia (TCC) - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto 1.Notificação; 2.Intubação endotraqueal; 3.Respiração Cuidados de Enfermagem; 5. Hospital de ensino. . artificial; 4. Tavares, Thaís Guimarães FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – AUTARQUIA ESTADUAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Banca Examinadora Trabalho de Conclusão de Curso para Obtenção do Grau de Enfermeiro DATA: 06/12/2016. ORIENTADOR: Profª. Drª Lúcia Marinilza Beccaria 1ª EXAMINADOR: Profª. Mestre Ana Maria Silveira Rodrigues 2ª EXAMINADOR: Profª. Drª Lígia Marcia Contrin SUPLENTE: Profª Drª Josimerci Ittavo Lamana Faria São José do Rio Preto 2016 Sumário Dedicatória ........................................................................................................................................... i Agradecimentos ...................................................................................................................................ii Epígrafe ............................................................................................................................................... iii Lista de Tabelas e Quadros ................................................................................................................. iv Lista de Abreviaturas............................................................................................................................v Resumo ............................................................................................................................................... vi Abstract .............................................................................................................................................. vii Introdução ........................................................................................................................................... 1 Objetivo ............................................................................................................................................... 3 Método................................................................................................................................................ 4 Resultados ........................................................................................................................................... 7 Discussão ........................................................................................................................................... 11 Conclusão .......................................................................................................................................... 15 Referências ........................................................................................................................................ 16 Anexo ................................................................................................................................................ 20 i DEDICATÓRIA Aos meus pais que lutaram sempre por mim e me ajudaram a construir o meu caminho, ao meu amor que foi meu alicerce e aos meus familiares que me apoiaram e estimularam meu crescimento profissional e pessoal. ii AGRADECIMENTOS Começo pelos meus pais, Neusa Guimarães Bacurau e Gelson Ap. Tavares, meus heróis que choraram meu choro, sofreram comigo, ficaram cansados com o meu cansaço e apesar de todos os percalços que a vida nos deu, permanecemos sempre unidos e fortes, batalhando, lutando e suando para que hoje este trabalho estivesse concluído, e agora está. Também ao meu irmão Thiago Guimarães Tavares que apesar da nossa rotina corrida e falta de tempo devido a emprego, trabalho e faculdade, nunca deixou de permanecer ao meu lado me ajudando em todos os momentos possíveis da minha vida, amor de irmão, pode passar vidas, eras, milênios e próximas reencarnações, jamais irá mudar. Ao meu amor Ronaldo Braga da Silva que me conheceu no meio desta jornada e o é meu principal incentivo e inspiração para me esforçar e ser melhor do que eu posso ser, foi meu alicerce em todos os momentos em que pensei que iria cair, sempre esteve ao meu lado para me erguer e me apoiar para conquistar o que estou conseguindo hoje. Agradeço também as minhas melhores amigas que hoje são irmãs de alma e coração, Bruna O. Sanches, Rayssa Dalbello, Desyrre Lopes e Jéssica Rossi, que foram minhas aliadas e espero que continuem a ser durante toda a minha vida, até o meu envelhecer. Agradeço também a toda a minha família que me incentivaram do inicio ao fim para que eu buscasse ser melhor tanto pessoalmente quanto profissionalmente. A enfermeira Miriam Borges que me ajudou durante toda essa etapa difícil da minha carreira acadêmica, passando todo seu conhecimento para que eu pudesse completar esse trabalho com eficiência. A professora Lúcia Marinilza Beccaria que com toda sua paciência e amorosidade, soube me conduzir durante este trabalho, onde pude absorver muito mais do que conhecimentos acadêmicos, mas também conhecimentos para vida que eu levarei eternamente comigo em meu coração. E por fim, agradecer a Deus e a Nossa Senhora que sempre iluminaram meu caminho, ofertando tal oportunidade de conhecer pessoas tão incríveis durante minha graduação, professores maravilhosos que me trouxeram não só conhecimento teórico especifica, mas também ensinamentos para a vida, que jamais esquecerei. iii EPÍGRAFE TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTISSÍMA VIRGEM “28. No céu, Maria impera aos anjos e aos bem-aventurados. Como recompensa da sua profunda humildade, deu-lhe Deus o poder e o encargo de encher de santos os tronos deixados vazios pela orgulhosa queda dos anjos apóstatas. É vontade do Altíssimo, que exalta os humildes, que o céu, a terra e os infernos obedeçam, livre ou forçadamente, às ordens da humilde Maria. Fê-la soberana do céu e da terra, condutora dos seus exércitos, guarda dos seus tesouros, dispensadora das suas graças, obreira das suas grandes maravilhas, reparadora do gênero humano, medianeira dos homens, vencedora dos inimigos de Deus e fiel companheira de suas grandezas e triunfos.” São Luís Maria de Montfort iv LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabela 1. Incidência de extubação acidental. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 ......... 7 Tabela 2. Caracterização sociodemográfica. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 .......... 7 Tabela 3. Caracterização da internação. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 ................. 8 Tabela 4. Caracterização do incidente. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 ................... 9 v LISTA DE ABREVIATURAS UTI – Unidade de Terapia Intensiva SUS – Sistema Único de Saúde PCQH – Programa de Compromisso com a Qualidade Hospitalar CID – Classificação Internacional de Doenças CEP – Comitê de Ética em Pesquisa FAMERP – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto vi RESUMO Introdução: A extubação não planejada ou acidental é um evento adverso que pode trazer danos ao paciente, portanto, é importante monitorar, analisar suas causas e reforçar a atenção da equipe de enfermagem para que o evento não ocorra. Objetivo: Verificar a incidência de extubação acidental em um hospital de ensino da rede sentinela, as características sociodemográficas e da internação dos pacientes acometidos pelo evento, o grau de dano e o desfecho final da internação. Métodos: Estudo quantitativo, retrospectivo, realizado em um hospital da rede sentinela. Os dados foram coletados por meio do sistema de notificação de eventos adversos da gerência de risco e prontuário eletrônico, no período de setembro/2014 a agosto/2015. Resultados: Foram notificadas 32 extubações acidentais, cuja incidência média de foi 0,2 no período de coleta de dados. Destas, a maioria ocorreu em homens, com período de internação hospitalar superior a 15 dias. A causa principal do evento foi confusão mental e agitação psicomotora do paciente. Os enfermeiros que notificaram o evento apontaram que a maioria das extubações acidentais causaram danos leves e a maior parte dos pacientes que sofreram o evento receberam alta hospitalar como desfecho clínico da internação. Conclusão: A monitoração de extubação acidental, neste estudo, possibilitou inferir que pode ter havido falhas nos processos de trabalho, principalmente em pacientes que apresentaram agitação psicomotora, portanto, o enfermeiro deve estar atento e prevenir essas ocorrências. Palavras Chave: Notificação; Intubação endotraqueal; Respiração artificial; Cuidados de Enfermagem; Hospital de ensino. vii ABSTRACT Introduction: Unplanned or accidental extubation is an adverse event which results in harm to the patient, therefore, it is important to monitor, analyze its causes and reinforce the attention of the Nursing team so that the event does not occur. Objective: Verify the existence of accidental extubation in a teaching hospital of the sentinel network, the sociodemographic characteristics and the hospitalization of the patients affected by the event, the degree of damage and the final outcome of hospitalization. Methods: Retrospective, quantitative study performed in a hospital from the sentinel network. Data were collected through the adverse event reporting system of risk management and electronic medical records, from September / 2014 to August / 2015 Results: Thirty two accidental extubations were reported, with a mean incidence of 0.2 in the period of data collection. Out of these, the majority occurred in men, a hospital stay longer than 15 days. The main cause of the event was mental confusion and psychomotor agitation of the patient. The nurses who reported the event pointed out that most of the accidental extubations caused mild damage and most of the patients who suffered the event had hospital discharge as a clinical outcome of the hospitalization. Conclusion: In this study, accidental extubation monitoring allowed to infer that there may have been shortcomings in the work processes, mainly in patients who presented psychomotor agitation, therefore, the nurse must be alert and prevent such occurrences. Keywords: Reporting; Endotracheal intubation; Artificial respiration; Nursing care; School hospital. 1 INTRODUÇÃO Com a globalização da economia, o custo crescente dos serviços, o contínuo progresso da ciência e da tecnologia, a rapidez da comunicação, os avanços da informática, a produção e difusão dos conhecimentos técnico-científicos colocados à disposição do público têm-se um contexto de avanço na área da saúde pelo aumento da competitividade entre as instituições e profissionais que devem seguir o nível de excelência na qualidade do atendimento para os pacientes, e ao mesmo tempo manter um baixo custo financeiro.1-2 Para se avaliar o nível desse avanço nas empresas, o método gerencial de indicadores assistenciais são importantes ferramentas que auxiliam na avaliação destes parâmetros nos hospitais.3 Ele é uma variável, característica ou atributo de estrutura, processo ou resultado capaz de sintetizar, representar, ou dar maior significado ao que se quer avaliar, sendo válido em um contexto específico.4-5 Na assistência, os indicadores são imprescindíveis para a avaliação dos processos de trabalho, que vão desde o planejamento, passando pela organização, a direção, chegando ao resultado das ações desenvolvidas. Isto é importante em hospital, especialmente os de ensino, por ser alvo de questionamentos e pesquisas, e estar em constante avanço tecnológico e científico, podendo contemplar os objetivos destas, melhorando as metas para alcançar maior qualidade de serviços.6 Os indicadores de qualidade podem estar relacionados à assistência ou à gestão de pessoas. Entre os assistenciais está a ocorrência de extubação não planejada ou acidental da cânula endotraqueal que deve ser monitorada nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).7 Nessas unidades, os pacientes geralmente estão sob ventilação mecânica, por meio da intubação endotraqueal para o suporte de vida.8 2 Alguns fatores relacionados à assistência de enfermagem na ventilação mecânica podem predispor a ocorrência de eventos adversos, como por exemplo, a manipulação da cânula endotraqueal (troca da fixação do tubo, aspiração endotraqueal) e o manejo do paciente durante a realização de procedimentos.8,9 Outros fatores também podem contribuir, entre eles, o transporte do paciente, sedação inadequada, agitação e/ou estado mental do paciente.8-10 Nesse contexto, visando a segurança do paciente, a equipe de enfermagem deve atuar de forma a reduzir os riscos de danos ao mínimo aceitável.11 O monitoramento de extubação acidental deve ser realizado uma vez que estão intimamente ligados à qualidade do cuidado de enfermagem em UTI e pode causar aumento da morbidade e mortalidade.10,12,13 Após este evento, o paciente sofre consequências em vários âmbitos, e muitas vezes se torna necessária a reintubação, aumentando o uso da ventilação mecânica e do tempo de internação.8,14 Dessa forma, exige reflexão sobre as causas que levam à sua ocorrência. Os fatores de risco relacionados à ocorrência da extubação acidental, como o aumento da morbi-mortalidade, do tempo de internação e da ventilação mecânica, pela possível exposição à nova intubação endotraqueal, justifica-se o monitoramento deste indicador.15 Por meio da caracterização dos incidentes de extubação acidental e grau de dano do evento, possibilitará direcionar ações para uma assistência mais segura ao paciente.16,17 Assim sendo, o objetivo deste estudo foi verificar a incidência de extubação acidental e grau de dano causado aos pacientes, por meio de um sistema de notificação de eventos adversos em um hospital de ensino . 3 OBJETIVO Verificar a incidência de extubação acidental em um hospital de ensino da rede sentinela, as características sociodemográficas e da internação dos pacientes acometidos pelo evento, o grau de dano e o desfecho final da internação. 4 MÉTODO Estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa, realizado em um hospital do noroeste paulista, de porte especial, geral, de ensino, com aproximadamente 800 leitos. É uma instituição de nível terciário, credenciada para atendimento de pacientes de alta complexidade, que atende 85% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas também presta serviços de saúde suplementar e particular. Além disso, destaca-se pelas atividades de ensino e pesquisa. Pertence à Rede de Hospitais Sentinela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, cuja finalidade é gerenciar eventos adversos e queixas técnicas relacionadas a produtos de saúde, por meio do Gerenciamento de Riscos. A amostra foi composta de pacientes adultos internados que tiveram a ocorrência de extubação acidental durante o período de internação, notificada por meio do sistema informatizado, no período de setembro de 2014 a agosto de 2015. Os critérios de exclusão foram notificações provenientes de outras instituições ligadas ao Hospital de estudo, cujo monitoramento é realizado pela mesma Unidade de Gerenciamento de Riscos; presença de dados incompletos no sistema informatizado, sendo excluídas seis notificações. A incidência de extubação acidental foi calculada utilizando-se as fórmulas do Manual de Indicadores de Enfermagem do Núcleo de Apoio a Gestão Hospitalar, elaborado em parceria com o Programa de Compromisso com a Qualidade Hospitalar (PCQH)8. Para as extubações acidentais o cálculo realizado foi “nº de extubações não planejadas/nº de pacientes intubados-dia x 100”. A coleta de dados foi feita por meio de uma ficha de notificação de eventos adversos, preenchidas por profissionais de saúde, por meio do sistema informatizado no 5 período de 12 meses. Estas fichas abrangem a identificação do notificador (nome, profissão, unidade de trabalho e data do cadastro da notificação), data de ocorrência do evento, identificação do paciente (quarto, leito, unidade de internação, nome e prontuário), tipo de evento, descrição e gravidade do dano. É importante destacar que em alguns casos ocorreram mais de um incidente com o mesmo paciente. Para determinar a gravidade do evento, utilizou-se a Classificação Internacional para a Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde.11 (Nenhum dano - A consequência no doente é assintomática ou sem sintomas detectados e não necessita tratamento. Leve - A consequência no doente é sintomática, com sintomas leves, perda de funções ou danos mínimos ou intermédios de curta duração, sem intervenção ou com uma intervenção mínima requerida (por exemplo: observação extra, inquérito, análise ou pequeno tratamento). Moderado - A consequência no doente é sintomática, requerendo intervenção (por exemplo: procedimento suplementar, terapêutica adicional) um aumento na estadia, ou causou danos permanentes ou a longo prazo, ou perda de funções. Grave - A consequência no doente é sintomática, requerendo intervenção para salvar a vida ou grande intervenção médico/cirúrgica, encurta a esperança de vida ou causa grandes danos permanentes ou a longo prazo, ou perda de funções. Morte - No balanço das probabilidades, a morte foi causada ou antecipada a curto prazo, pelo incidente)11. Além destes dados, foram pesquisadas no prontuário eletrônico do paciente, informações complementares como, idade, raça, escolaridade, estado civil, procedência, profissão, religião, convênio, número de dias de internação, diagnóstico médico segundo a classificação internacional de doenças (CID-10), número de dias de permanência na UTI, 6 número de dias sob ventilação mecânica, a via do tubo, se foi realizado o protocolo de restrição do paciente, uso de sedação no dia do evento e desfecho da internação. Os dados foram armazenados em banco de dados no Microsoft Office Excel®, analisados descritivamente em frequências absolutas e relativas e apresentados em tabelas. Foi calculado a média e desvio padrão para as variáveis quantitativas (idade, tempo de internação, permanência na UTI e número de dias sob ventilação mecânica.). O estudo seguiu as normas do CNS 466/12. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP, Parecer nº 1.050.829. 7 RESULTADOS São apresentados na Tabela 1 os índices de extubações acidentais notificados mensalmente. A incidência teve maior valor em Janeiro de 2015 e menor em Setembro de 2014. Tabela 1. Incidência de extubação acidental. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 Setembro/2014 Outubro/2014 Novembro/2014 Dezembro/2014 Janeiro/2015 Fevereiro/2015 Março/2015 Abril/2015 Maio/2015 Junho/2015 Julho/2015 Agosto/2015 Índice extubação accidental 0,07 0,27 0,20 0,16 0,59 0 0,15 0,39 0 0,16 0 0 A caracterização sociodemográfica e dados relacionados ao período da internação dos pacientes estão apresentados nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. Tabela 2. Caracterização sociodemográfica. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 Dados Sociodemográficos Sexo Masculino Feminino Faixa etária < 40 anos 41 a 60 anos 61 a 80 anos > 80 anos Raça Branca N % 22 10 Média: 44,8/ DP:28,03 16 7 8 1 68,8 31,2 27 84,4 50 21,9 25 3,1 8 Negra Parda Estado Civil Casado/União estável Solteiro Separado/Desquitado Viúvo Escolaridade Até Ensino Fundamental Incompleto Até Ensino Médio Incompleto Até Ensino Superior Incompleto Até especialização Profissão Aposentados/Pensionistas Atividade remunerada Do lar Estudante Sem informação Religião Católica Evangélica/Pentecostal Outras Nenhuma Procedência São José do Rio Preto Região de São José do Rio Preto Outro estado Total 2 3 6,2 9,4 12 15 3 2 37,5 46,9 9,4 6,2 19 11 1 1 59,4 34,4 3,1 3,1 4 19 6 2 1 12,5 59,4 18,8 6,2 3,1 23 5 3 1 71,8 15,7 9,4 3,1 10 21 1 32 31,2 65,7 3,1 100 Tabela 3. Caracterização da internação. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 Internação Convênio SUS Saúde Complementar Diagnóstico Médico Grupo 1* Grupo 2** N % 29 3 90,6 % 9,4 % 12 2 37,5 % 6,2 % 9 Grupo 3*** 15 46,9 % Grupo 4**** 3 9,4 % Tempo de internação Média: 26,1/ DP:18,55 Até 7 dias de internação 3 9,4 % 8 a 15 dias de internação 6 18,7 % 16 a 30 dias de internação 14 43,8 % > 30 dias de internação 9 28,1 % Nº de dias na UTI Média: 13,7/DP:11,03 Até 7 dias na UTI 13 40,7 % 8 a 15 dias na UTI 9 28,1 % 16 a 30 dias na UTI 8 25 % > 30 dias na UTI 2 6,2 % Desfecho da internação Alta 28 87,5 % Óbito 4 12,5 % Total 32 100 % * Doenças dos sistemas Circulatório, Respiratório, Digestivo e Geniturinário./ ** Doenças Infecciosas e Parasitárias e Neoplasias./ *** Achados anormais de exames laboratoriais, causas externas ou consequência destas e fatores que influenciam o estado de saúde./ **** Outros (doenças do sistema nervoso; doenças do sangue; doenças do sistema endócrino; transtornos mentais; doenças do olho e anexos; doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo; gestação, parto e puerpério). Quanto à caracterização do incidente notificado, causa da extubação e o grau de dano causado encontram-se na Tabela 4. Tabela 4. Caracterização do incidente. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2016 Incidente Nº de dias sob Ventilação Mecânica Até 7 dias de internação 8 a 15 dias de internação 16 a 30 dias de internação > 30 dias de internação Grau de dano Nenhum Leve Moderado Grave N Média: 7,65/DP:7,11 18 10 4 - % 56,25 % 31,25 % 12,5 % - 7 14 7 4 21,9 % 43,7 % 21,9 % 12,5 % 10 Via do Tubo Orotraqueal Orotraqual + Traqueostomia* Motivo da extubação (tipo) Agitação/confusão Déficit Sensitivo Em uso de sedativo/pós uso Manuseio do paciente Não identificado Protocolo de Restrição do Paciente Não Sim Sedação Não Sim Total * Pacientes que inicialmente estavam intubados ventilação mecânica por traqueostomia. 27 5 84,4 % 15,6 % 23 1 3 4 1 71,9 % 3,1 % 9,4 % 12,5 % 3,1 % 13 19 40,6 % 59,4 % 24 75 % 8 25 % 32 100 % e posteriormente evoluíram para 11 DISCUSSÃO A incidência de extubações acidentais apresentou média de 0,2 no período de 12 meses, sendo que em Fevereiro, Maio, julho e Agosto de 2015 não houveram eventos notificados. A maior taxa com 0,59 ocorreu em Janeiro de 2015, divergindo de estudo realizado em Belo Horizonte, em que a incidência foi 1,0.9 Essas divergências podem estar relacionadas com as estratégias implementadas em cada serviço e talvez indique a existência de subnotificações por parte do serviço. Os meses de Julho e Agosto não foram utilizados devido a falta de informações para os cálculo da incidência. Destacou-se que 68,8% dos pacientes acometidos pela extubação acidental eram do sexo masculino, corroborando com outros estudos,18,19 porém, divergiu de um estudo de coorte realizado em um hospital escola de Florianópolis, no qual, a maior parte dos pacientes era do sexo feminino.18 É importante ressaltar que 50% dos pacientes tinham idade menor que 40 anos, porém a média foi de 44,8 anos, com Desvio Padrão igual a 28,03. Em relação à faixa etária, encontrou-se dados semelhantes ao do presente estudo, entretanto, um estudo realizado em UTI adulto de um hospital no município de São Paulo evidenciou maior ocorrência em idosos.19 A raça, estado civil, religião, entre outros dados sociodemográficos não demonstraram relação significativa com a ocorrência do evento. Em relação às características da internação, 90,6% dos pacientes foram atendidos por meio do SUS, porém deve-se levar em conta que o serviço é referência para esse atendimento. Todos os eventos ocorreram em pacientes internados em unidades de terapia intensiva, que são fechadas e possuem equipes altamente especializadas. 12 O diagnóstico médico de 46,9% dos pacientes estava relacionado a achados anormais de exames laboratoriais, causas externas ou consequência destas e fatores que influenciam o estado de saúde e em segundo lugar, com 37,5% relacionado às doenças do sistema circulatório, respiratório, digestivo e geniturinário, divergindo de achados de estudos realizado em outro hospital escola, no qual, entre os pacientes que tiveram extubação não planejada, o diagnóstico de 25,5% era de doenças do sistema nervoso.18-20 Os pacientes permaneceram internados em média 26 dias, que foi elevada pelo fato de 71,9% deles terem o tempo de internação superior a 15 dias. O tempo médio de dias de internação dentro das UTIs foi de 13,75. Essa taxa corroborou com achados de estudos realizados em hospitais do estado de São Paulo, que apresenta a média de permanência de 14,3 dias.14-19 Entretanto, divergiu de um estudo realizado em Belo Horizonte que apresentou um período médio de 12 dias e outro em Florianópolis a média foi de 8,2 a 10,8 dias de internação na UTI.18-21 Apesar do longo período de internação, 87,5% receberam alta hospitalar , mas é importante destacar que 12,5% o desfecho clínico foi o óbito, percentual que coincidiu com um estudo realizado em uma UTI Adulto no estado de São Paulo com o percentual também de 12,5% com desfecho clínico de óbito.19 O tempo médio do uso de ventilação mecânica foi 7,65 dias e 56,25% dos pacientes a utilizaram por até sete dias, taxas inferiores ao encontrado em um estudo realizado em hospital pediátrico, no qual o tempo médio de uso da ventilação mecânica foi 11,2 dias e a maioria das extubações ocorreu nos primeiros sete dias.9 Por outro lado, os achados foram superiores aos relatos do 2º Censo Brasileiro de UTIS, em que o tempo médio sob ventilação mecânica foi de 3 a 6 dias, com a maioria dos eventos adversos ocorrendo até o quarto dia.22 13 Todos os pacientes iniciaram o tratamento (ventilação mecânica) por meio de tubo orotraqueal e posteriormente, 15,6% passaram a utilizar traqueostomia. A causa da extubação, em 71,9% dos casos, foi relacionada à agitação/confusão. Essa é uma das principais causas citadas em estudos, associada à manipulação inadequada do paciente, entretanto, outras causas também possuem ocorrência significativa, e não foram encontradas no presente estudo. 9,18,19,23 Em se tratando da agitação psicomotora, na qual o paciente apresenta risco de retirar dispositivos, a instituição possui protocolo de Restrição do Paciente para evitar que incidentes, como a extubação acidental, aconteçam. Este protocolo possui preenchimento obrigatório das indicações para a restrição e ao menos três ações que foram tentadas antes de realizar a restrição física. Tal documento também indica a avaliação, a cada hora, da necessidade de manutenção da restrição, e se for necessário deve ser repetido a cada 24h. Dos pacientes que tiveram extubação acidental, 59,4% possuíam o protocolo de Restrição do Paciente preenchido, evidenciando que nem todos os pacientes que foram classificados com agitação psicomotora (71,9%) estavam restritos. Já quanto ao uso de sedativo, 75% dos pacientes não estavam utilizando, fato que poderia explicar a ocorrência da agitação. Entretanto, vale ressaltar que em muitos casos, a suspensão dos sedativos é proposital, para programação de extubação, após avaliação das respostas do cliente. Também foi constatado em outro estudo que a maioria dos pacientes que sofreram extubação não estavam em uso de sedação contínua, tampouco com os membros restritos.9,19,23 Apesar do evento, 43,7% deles foram classificadas com grau de dano leve segundo a avaliação do enfermeiro. 14 Um estudo evidenciou que os pacientes acometidos pela extubação acidental tiveram seu tempo de permanência sob ventilação mecânica aumentado em 23%, apontando uma correlação entre a ocorrência do evento e o aumento do tempo de internação bem como do uso de ventilação mecânica.19 Outro estudo baseado em informações coletadas da base de dados de um hospital de ensino, de notificações dos eventos adversos existentes usadas para calcular os indicadores deste cenário, constatou que é preocupante em relação ao cuidado de enfermagem nas UTIs.24 15 CONCLUSÃO A maioria dos eventos ocorreu com pacientes do sexo masculino, com idade até 40 anos, nos primeiros sete dias de ventilação mecânica, com período de internação prolongado, sendo a causa mais frequente, confusão e agitação do paciente, entretanto, a maior parte dos pacientes recebeu alta hospitalar e os enfermeiros consideraram que o evento não causou danos graves. A monitoração de extubação acidental ocorreu principalmente em pacientes que apresentaram confusão e agitação psicomotora, portanto, o enfermeiro deve estar atento e prevenir essas ocorrências. 16 REFERÊNCIAS 1. Rossaneis MA, Gabril CS, Haddad MCL, Melo MRAC, Bernardes A. Indicadores De Qualidade Da Assistência: Opinião De Enfermeiros Gerentes De Hospitais De Ensino. Cogitare Enfermagem, v. 20, n. 4, 2015. 2. D’Innocenzo M, Adami NP, Cunha ICKO. O movimento pela qualidade nos serviços de saúde e enfermagem. Rev Bras Enferm. 2006; 59(1): 84-8. 3. Faraco MM, Albuquerque GL. Auditoria do método de assistência de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2004; 57(4): 71-5. 4. Scarparo AF, Ferraz CA. Auditoria em enfermagem: identificando sua concepção e métodos. Rev Bras Enferm. 2008; 61(3): 302-5. 5. Duarte SCM, Bessa ATT, Büscher A, Stipp MAC. Caracterização De Erros Na Assistência De Enfermagem Em Terapia Intensiva. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 5, 2016. 6. 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