Maicon Fernando Zanon da Silva CARACTERIZAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE IMUNOEXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS FGFR1, PI3K, AKT, PTEN E SUAS ASSOCIAÇÕES CLINICOPATOLÓGICAS EM CARCINOMA ADENOIDE CÍSTICO DE CABEÇA E PESCOÇO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação-Pio XII Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde Área de concentração: Oncologia Orientador: Prof. Dr. Cristovam Scapulatempo Neto Barretos, SP 2014 Maicon Fernando Zanon da Silva CARACTERIZAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE IMUNOEXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS FGFR1, PI3K, AKT, PTEN E SUAS ASSOCIAÇÕES CLINICOPATOLÓGICAS EM CARCINOMA ADENOIDE CÍSTICO DE CABEÇA E PESCOÇO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação-Pio XII Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde Área de concentração: Oncologia Orientador: Prof. Dr. Cristovam Scapulatempo Neto Barretos, SP 2014 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada por Vanessa Alves Zagatto CRB 8/8638 Biblioteca da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos S586c Silva, Maicon Fernando Zanon da Caracterização da frequência de imunoexpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT, PTEN e suas associações clinicopatológicas em carcinoma adenoide cístico de cabeça e pescoço. / Maicon Fernando Zanon da Silva. - Barretos, SP 2014. 100 f. : il. Orientador: Dr. Cristovam Scapulatempo Neto. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos, 2014. 1. Neoplasias de Cabeça e Pescoço. 2. Glândulas Salivares. 3. Neoplasias das Glândulas Salivares. 4. Carcinoma Adenoide Cístico. 5. Imuno-Histoquímica. 6. Proteínas. I. Autor. II. Scapulatempo Neto, Cristovam. CDD 616.994 316 FOLHA DE APROVAÇÃO Maicon Fernando Zanon da Silva Caracterização da frequência de imunoexpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT, PTEN e suas associações clinicopatológicas em carcinoma adenoide cístico de cabeça e pescoço Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde - Área de Concentração: Oncologia Data da aprovação: 10/07/2014 Banca Examinadora: Prof.ª Dra. Albina Messias de Almeida Milani Altemani Instituição: Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Prof. Dr. Iberê Cauduro Soares Instituição: Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos Prof. Dr. Cristovam Scapulatempo Neto Orientador - Presidente da Banca “Esta dissertação foi elaborada e está apresentada de acordo com as normas da PósGraduação do Hospital de Câncer de Barretos – Fundação Pio XII, baseando-se no Regimento do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e no Manual de Apresentação de Dissertações e Teses do Hospital de Câncer de Barretos. Os pesquisadores declaram ainda que este trabalho foi realizado em concordância com o Código de Boas Práticas Científicas (FAPESP), não havendo nada em seu conteúdo que possa ser considerado como plágio, fabricação ou falsificação de dados. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a visão da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos”. “Os pesquisadores declaram não ter qualquer conflito de interesse relacionado a este estudo”. Aos meus pais, Marta e Carlos pelas alegrias proporcionadas durante uma vida inteira. Aos meus irmãos, Dú e Tami minhas maiores lembranças de uma infância feliz. AGRADECIMENTOS À Deus, te agradeço senhor por tudo que conquistei até agora e pela certeza de que tudo daria certo, sempre. Ao Cristovam Scapulatempo Neto, meu orientador, professor e exemplo de pessoa e profissional. Que em meio a grande correria que é sua vida, encontrou espaço para estar presente e conduzir toda orientação deste projeto. Agradeço pelo companheirismo, reconhecimento e conselhos que me fazem refletir diariamente sobre a busca constante pelo aprendizado e qualificação profissional. A você meu sincero muito obrigado e todo meu respeito pelo olhar humano com o qual enxerga sua família e a vida. Ao Dr. André Lopes Carvalho, pela competência, clareza e objetividade que muito contribuiu para o direcionamento deste projeto além, da disponibilidade e boa vontade em ajudar sempre, estruturando o banco de dados e realizando todas as análises estatísticas apresentadas neste projeto. Ao Dr. José Humberto T. G. Fregnani, pela disponibilidade imediata na realização das análises estatísticas para minha qualificação, além de todo conhecimento compartilhado durante suas aulas. Aos assessores, Dra. Marcia M. C. M. Silveira e Dr. Ibere Cauduro Soares pela disponibilidade e considerações propostas durante as bancas de acompanhamento e qualificação. Ao Dr. Luciano de Souza Viana, Dr. Rui Reis, Dr. Fernando Augusto Soares e Dr. Rafael Malagori, pelas contribuições clínicas, científicas e técnicas. À Flávia Eguchi, minha amiga Nem e barretense de longa data, que se faz presente na minha vida frequentemente, além de fazer meus dias mais felizes, pelas boas e constantes risadas e pelo apoio durante está jornada. À Marina Schmidt Carrijo, amiga e principal incentivadora para que eu me mantivesse forte durante toda pós-graduação, agradeço as palavras de conforto, a disponibilidade em me auxiliar sempre e em qualquer situação desde a formatação desta dissertação até a paciência para rever minhas apresentações e ouvir minhas histórias. À Taciane Macedo, pela amizade consolidada durante a pós-graduação, pelas horas de estudo e de boas risadas e por cada sonho dividido e alcançado juntos. À Deise Mendes, pela amizade, carinho, demonstrações explícitas de quão bom o ser humano pode ser e todo tempo que destinou na obtenção dos artigos científicos solicitados. Ao Renato Oliveira, pelas conversas que sempre variavam entre a fantasia e a loucura tornando tudo mais fácil e leve de se entender e aceitar, pelas boas explicações e os intermináveis momentos de bom humor compartilhados. À Adriana Cruvinel, pelo afeto e gentileza sempre prestados. À Letícia Yamane, Viviane Aline, Augusto Marino e Camila Martinelli pelas experiências enriquecedoras de vida trocadas durante nossas conversas. À Ana Laura Rodrigues, pelo reconhecimento, pelo incentivo e exemplo de perseverança. À Silvana Rodrigues, pelo acolhimento, pelas boas conversas sobre pós-graduação e cultura, mas principalmente por uma frase que faz pensar e refletir constantemente “uma pessoa faz o trabalho de uma pessoa”. À Brenda Honda, pela eficiência, agilidade e doces palavras de “boa sorte” sempre faladas antes de um seminário ou banca que quebravam toda tensão. À Allini Mafra, pela torcida, apoio e todo suporte prestado durante a estruturação da ficha de coleta, ensinamentos sobre edição de gráficos e a colaboração de sua equipe do Registro Hospitalar: Kelly, Lara, Pamela e Marcos pela atualização de informações de seguimento. Ao Matias Melendez, o argentino mais gente boa desse Brasil pelas revisões do inglês para minhas apresentações no Journal Club. Aos funcionários da Patologia, agradeço à dedicação, o empenho, a amizade e o bom humor prestados por: Patrícia, Guilherme, Bia e Letícia todas as vezes que solicitei auxílio técnico para execução deste projeto. Aos funcionários do SAME: Vinícius, Leonardo e Renan pela compreensão e agilidade no levantamento de prontuários todas as vezes que solicitados. Ao Núcleo de apoio ao pesquisador, Rossana, Estela e Cleyton pelo suporte estatístico e esclarecimentos durante as conversas além, do auxílio prestado pelas funcionárias Silvia, Ana Maria e Jamile durante a digitação das fichas de coleta. Aos funcionários da Biblioteca: Jacqueline pela eficiência no levantamento dos artigos, Vanessa e Rafael pelo bom atendimento e pelas orientações bastante válidas sobre o manuseio do software End note. As funcionárias do CEP: Daniela e Bruna pelos esclarecimentos e auxílio durante a submissão e manutenção do projeto ao comitê de ética em pesquisa. Aos colegas, que sempre prestaram apoio e encontravam em suas vidas um espaço para questionar como caminhava a minha vida e meu projeto: Fernanda Cury, Talitha Menghini, Mariana Schmidt, Carla Pinheiro, Isabela de Carvalho, Adriana Lorenzi, Carol Laus, Alessandra Paulino, Adriane Feijó, Silvana Gisele, Edenir Palmero, Andreza Vargas, Eliane Marçon, Luciana Manfredini, Marcio Saito, Natalia Campacci, Lidia Rebolho, Abel Queiroz, Ademar Longatto e Wilson Marçal. Por fim, minha imensa gratidão pela família que a vida me concedeu: minha mãe Marta (os olhos mais lindos que já vi), meu pai Carlos (um guerreiro), meus irmãos Dú (um sonhador) e Tami (uma batalhadora) que são a grande motivação para realização deste sonho e meus maiores orgulhos. Sou infinitamente grato por toda confiança depositada sobre mim, pela boa educação e pelo grande respeito que se referem ao meu trabalho. São por vocês, a força e garra que demonstro mesmo de longe e que me faz levantar diariamente e acreditar que posso matar um leão por dia e retornar vitorioso, e é por vocês que chego ao final, passados 24 meses com plena satisfação de um trabalho bem realizado. Á todos que sempre se fizeram presentes e que compartilharam dessa história comigo, nas próximas páginas segue um projeto embargado pelo companheirismo, aprendizado, desafios, otimismo, conquistas e muito orgulho. “No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade” Albert Einstein INDÍCE 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 INTRODUÇÃO Epidemiologia Comportamento clínico Histopatologia Imuno-histoquímica Alterações citogenéticas e moleculares Tratamentos Fator de crescimento dos fibroblastos Via de sinalização PI3K/AKT/PTEN 1 3 4 5 6 7 11 13 2 2.1 JUSTIFICATIVA Hipótese 17 3 3.1 3.2 OBJETIVOS Objetivo geral Objetivos específicos 18 18 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.9.1 4.9.2 4.9.3 MATERIAIS E MÉTODOS Ética na pesquisa Delineamento do estudo Critérios de inclusão Critérios de exclusão Instrumento de pesquisa População de estudo Confecção de TMA controle Confecção de TMA: Coletânea de Carcinoma adenoide cístico Imunohistoquímica em plataforma automatizada Análise de imunoexpressão dos marcadores Análise de sobrevida livre de doença e global Análise estatística 19 19 19 19 19 20 21 22 23 24 25 25 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 RESULTADOS Consistência de dados População do estudo Detecção de imunoexpressão Caracterização da população Caracterização topográfica Frequência de imunoexpressão dos marcadores Análise de sobrevida livre de doença em portadores de CAC Análise de sobrevida global em portadores de CAC 26 26 28 34 34 37 46 53 6 DISCUSSÃO 61 7 CONCLUSÕES 68 8 PERSPECTIVAS 69 REFERÊNCIAS ANEXO A Ficha de instrumento de pesquisa para coleta de dados ANEXO B Carta de aprovação do CEP 76 78 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Aspecto histopatológico dos padrões de crescimento do carcinoma adenoide cístico com coloração hematoxilinaeosina. Figura 2 - 5 Representação esquemática da translocação entre os cromossomos 6q22-23 e 9p23-24 na fusão oncogênica 6 MYB/NFIB. Figura 3 - Taxa de resposta de portadores de carcinoma adenoide cístico 9 a agentes quimioterápicos clássicos. Figura 4 - Taxa de resposta de portadores de carcinoma adenoide cístico 10 a agentes quimioterápicos alvo dirigidos. Figura 5 - Taxa de resposta de portadores de carcinoma adenoide cístico 11 a agentes quimioterápicos clássicos e alvo dirigidos. Figura 6 - Representação esquemática da cascata de sinalização 13 decorrente de ativação pelo FGF. Figura 7 - Representação esquemática da ativação das proteínas PI3K e AKT decorrente ao estímulo do receptor de fator de 14 crescimento. Figura 8 - Fluxograma representativo para construção de TMA. 22 Figura 9 - Descrição de anticorpos utilizados, fonte e diluições segundo 24 padronização imuno-histoquímica. Figura 10 - Imagens representativas de coloração imuno-histoquímica em CAC para detecção da expressão de FGFR1 total. Figura 11 - Imagens representativas de coloração imuno-histoquímica em CAC para detecção da expressão de PI3K total. Figura 12 - 29 Imagens representativas de coloração imuno-histoquímica em CAC para detecção da expressão de PI3K fosforilado. Figura 13 - 28 30 Imagens representativas de coloração imuno-histoquímica em CAC para detecção da expressão de AKT total. 31 Figura 14 - Imagens representativas de coloração imuno-histoquímica em CAC para detecção da expressão de AKT fosforilado. Figura 15 - 32 Imagens representativas de coloração imuno-histoquímica em CAC para detecção da expressão de PTEN total 33 Figura 16 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o sexo. 46 Figura 17 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o tabagismo. 47 Figura 18 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o etilismo. 47 Figura 19 - Curva de sobrevida livre de doença conforme a classificação topográfica. Figura 20 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o estadiamento clínico. Figura 21 - 52 Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão citoplasmática e nuclear da proteína AKT fosforilada. Figura 29 - 51 Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão nuclear da proteína AKT fosforilada. Figura 28 - 51 Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína PI3K fosforilado. Figura 27 - 50 Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína PI3K total. Figura 26 - 50 Curva de sobrevida livre de doença conforme o padrão histológico de crescimento. Figura 25 - 49 Curva de sobrevida livre de doença conforme o status de margem cirúrgica. Figura 24 - 49 Curva de sobrevida livre de doença conforme o estadiamento patológico (pN). Figura 23 - 48 Curva de sobrevida livre de doença conforme o estadiamento patológico (pT). Figura 22 - 48 52 Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína PTEN total. 53 Figura 30 - Curva de sobrevida global conforme o sexo. 54 Figura 31 - Curva de sobrevida global conforme o tabagismo. 54 Figura 32 - Curva de sobrevida global conforme o etilismo. Figura 33 - Curva de sobrevida global conforme a categorização 55 topográfica. 55 Figura 34 - Curva de sobrevida global conforme o estadiamento clínico. 56 Figura 35 - Curva de sobrevida global conforme o estadiamento patológico (pT). Figura 36 - Curva de sobrevida global conforme o estadiamento patológico (pN). Figura 37 - 59 Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão citoplasmática e nuclear da proteína AKT fosforilada Figura 42 - 58 Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão nuclear da proteína AKT fosforilada. Figura 41 - 58 Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão da proteína PI3K fosforilado. Figura 40 - 57 Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão da proteína PI3K total. Figura 39 - 57 Curva de sobrevida global conforme o padrão histológico de crescimento. Figura 38 - 56 59 Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão da proteína PTEN total. 60 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Dados demográficos, clínicos e histológicos dos portadores de carcinoma adenoide cístico (Hospital de Câncer de Barretos, 15.02.2014 a 14.03.2014). 35 Tabela 2 - Dados clínicos de portadores de carcinoma adenoide cístico (Hospital de Câncer de Barretos, 15.02.2014 a 14.03.2014). 36 Tabela 3 - Distribuição de sítios primários. 37 Tabela 4 - Frequência de imunoexpressão das proteínas na forma total e fosforilada em portadores de CAC. 38 Tabela 5 - Associação da imunoexpressão da proteína FGFR1 total com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). 39 Tabela 6 - Associação da imunoexpressão da proteína PI3K total com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=33). 40 Tabela 7 - Associação da imunoexpressão da proteína PI3K fosforilado com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). 41 Tabela 8 - Associação da imunoexpressão da proteína AKT citoplasmática fosforilada com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=37). 42 Tabela 9 - Associação da imunoexpressão proteína AKT nuclear fosforilada com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). 43 Tabela 10 - Associação da imunoexpressão da proteína AKT citoplasmática e nuclear com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). 44 Tabela 11 - Associação da imunoexpressão da proteína PTEN com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=32). 45 LISTA DE ABREVIATURAS CAC SPEN NOTCH1 KRAS BRAF MYB NFIB PI3K TP53 EGFR PTEN KIT FGFR2 KDM6A CREBBP FGF IGF 5 – FU HER2 c- KIT RTKs AJCC TNM HE FGFR PI3CA PDK1 AKT HCB SAME TMA Carcinoma adenoide cístico Spen Family transcriptional repressor gene Notch Kirsten Rat Sarcoma viral oncogene homolog v-raf murine sarcoma viral oncogene homolog B1 v-myb avian myeloblastosis viral oncogene homolog nuclear factor I/B Proteína Fosfatidilinositol 3-cinase gene supressor tumoral TP53 Receptor do fator de crescimento epidérmico Phosphatase and Tensin homolog gene localizado no cromossomo 4q12 Receptor 2 do fator de crescimento dos fibroblastos Desmetilase específica lisina K 6A CREB binding protein Fator de crescimento dos fibroblastos Fator de crescimento da insulina 5 –fluoracil Receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2. Receptor tirosina quinase KIT Receptores tirosina cinases “American Joint Committee on Cancer” Sistema de estadiamento de câncer da União Internacional contra o Câncer (UICC). Hematoxilina e Eosina Receptor de fator de crescimento de fibroblastos gene Fosfatidilinositol 3-cinase Gene Piruvato Desidrogenase Kinase 1 proteína cinase B Hospital de Câncer de Barretos Serviço de Arquivo de Estatística Médica Coletânea de microarranjos teciduais LISTA DE SÍMBOLOS ≥ α N % Maior ou igual Alfa Número amostral Porcentagem RESUMO Silva MFZ. Caracterização da frequência de imunoexpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT, PTEN e suas associações clinicopatológicas em portadores de carcinoma adenoide cístico de cabeça e pescoço. Dissertação. Barretos: Hospital de Câncer de Barretos; 2014. JUSTIFICATIVA: O Carcinoma Adenoide Cístico (CAC) é uma neoplasia rara que acomete predominantemente glândulas salivares, considerado rádio sensível e quimio resistente, com alta taxa de morbimortalidade e sem tratamento com resultados satisfatórios em longo prazo. Uma vez que este tumor tem frequências baixas de mutação demonstradas em estudos de sequenciamento de todo o genoma, surge a necessidade de caracterização de outros mecanismos genéticos, além da presença de mutações, e o estudo das vias de sinalização ativas que possam estar associadas à gênese e progressão desses tumores para que busquemos alternativas terapêuticas que possam ter efetividade clínica significativa a curto e longo prazo. OBJETIVOS: Avaliar a frequência de imunoexpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT, PTEN, assim como das formas fosforiladas de PI3K e AKT, buscando verificar associações com parâmetros clínico-patológicos em Carcinomas Adenoides Císticos de Cabeça e Pescoço. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo observacional transversal com 44 pacientes admitidos no departamento de cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital de Câncer de Barretos com diagnóstico de Carcinoma adenoide cístico. Foi construída uma coletânea de amostras teciduais (TMA) para avaliação da imunoexpressão das proteínas FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforiliado e PTEN total e as lâminas foram submetidas às reações de imunohistoquímica em plataforma automatizada. A análise descritiva foi realizada para descrever a frequência de imunoexpressão das proteínas. A sobrevida livre de doença e global foram calculadas utilizando Kaplan-Meier, e o teste de long rank foi empregado para comparação entre as variáveis plotadas na curva. RESULTADOS: Dos 44 casos avaliados, 25 se originaram em glândulas salivares menores (56,9%) e 19 (43,1%) ocorreram nas glândulas salivares maiores, sendo 11 dos 19 casos (57,9%) originados nas glândulas parótidas. Presença de imunoexpressão de FGFR1 total em 35 casos (97,2%), PI3K total em 25 casos (75,7%), PI3K fosforilado em 17 casos (47,2%), AKT total em 35 casos (100,%), AKT fosforilado em 35 casos (94,5%) e PTEN em 23 casos (28,1%). CONCLUSÕES: Não houve associação entre a imunoexpressão dos marcadores FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total com nenhuma das variáveis clínico-patológicas e também com a sobrevida livre de doença e sobrevida global. O estadiamento clínico mais avançado (III/IV), o maior estadio patológico (pT) e a presença de metástase linfonodal (pN) foram associados à menor sobrevida livre de doença e menor sobrevida global nos portadores de CAC. Ainda na sobrevida global, o sexo masculino e o etilismo foram fatores associados à menor sobrevida destes pacientes. PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias de Cabeça e Pescoço; Glândulas Salivares; Neoplasias das Glândulas Salivares; Carcinoma Adenoide Cístico; Imuno-Histoquímica; Proteínas. ABSTRACT Silva MFZ.Characterization of the immunoexpression frequency of the FGFR1, PI3K, AKT, PTEN and their clinicopathological associations in patients with adenoid cystic carcinoma of the head and neck. Barretos: Barretos Cancer Hospital; 2014. BACKGROUND: Adenoid Cystic Carcinoma (ACC) is a rare neoplasm that predominantly affects the salivary glands, and is radio sensitive and chemo-resistant, with a high mortality rate without longterm treatment satisfactory results. Since this tumor has low frequency of mutations demonstrated in studies of whole genome sequencing, the necessity of characterizing other genetic mechanisms, and the study of signaling pathways that plays a role in this tumor that can be associated with the genesis and tumor progression is critical for seeking new therapies that may have a significant impact on disease control and overall survival improvement. OBJECTIVES: To evaluate the immunostainning frequency of FGFR1, PI3K, AKT, PTEN proteins, as well as the phosphorylated forms of PI3K and AKT, looking for associations with clinicopathological parameters and disease free and overall survival in adenoid cystic carcinomas of the head and neck. MATERIALS AND METHODS: Cross-sectional observational study of 44 patients admitted to the Barretos Cancer Hospital Head and Neck surgery department with a diagnosis of adenoid cystic carcinoma. The samples were organized in a tissue microarray (TMA) to assess the immunostainning of FGFR1, PI3K, phosphor-PI3K, AKT, and phosphoAKT and PTEN. A descriptive analysis was performed to describe the frequency of immunostaining of the selected markers. The overall and disease-free survival were calculated using Kaplan-Meier method, and the long rank test was used to compare the variables plotted on the curve. RESULTS: Of the 44 cases evaluated, 25 were located in the minor salivary glands (56.9%) and 19 (43.1%) on the major salivary glands. Eleven of the 19 cases (57.9%) were located in the parotid glands. FGFR1 was positive in 35 cases (79.5%), PI3K in 25 cases (56.8%), phospho-PI3K in 17 cases (38.6%), AKT in 35 cases (79, 5%), phosphor-AKT in 35 cases (94.6%) and PTEN in 23 cases (52.3%). CONCLUSIONS: We didn´t find any association between FGFR1, PI3K, phosphor-PI3K, AKT, phosphor-AKT and PTEN with clinicopathological parameters and with disease free and overall survival. The most advanced clinical stage (III/IV), pathological stage (pT) and lymph node metastasis (pN) were associated with shorter disease-free survival and shorter overall survival in patients with ACC. We also observed shorter overall survival associated with male sex and alcohol consumption Keywords: Head and Neck Neoplasms; Salivary Glands; Salivary Gland Neoplasms; Adenoid Cystic, Carcinoma; Immunohistochemistry; Proteins. 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Epidemiologia As neoplasias de cabeça e pescoço acometem anualmente aproximadamente 900.000 pessoas, sendo a sexta causa mais prevalente de morte por câncer 1. Com uma ampla extensão de sítios anatômicos acometidos, dentre eles a cavidade oral, lábios, glândulas salivares, seios da face, cavidade nasal, faringe, laringe, hipofaringe, esôfago e traquéia. Dentre os agentes mais comumente associados à iniciação e progressão de alguns tipos clássicos de tumores de cabeça e pescoço, está a exposição aos agentes presentes no cigarro e ingestão frequente de álcool. No contexto geral, aproximadamente 75% das neoplasias de cabeça e pescoço tem atribuídos ao seu início e progressão a combinação álcool e cigarro 2. Localizadas na região da cabeça e do pescoço, as glândulas salivares são unidades formadas por componentes morfofuncionais cuja função exclusiva é a secreção de saliva na cavidade oral, objetivado a umidificação, lubrificação, digestão dos alimentos ingeridos e a destruição de patógenos presentes na cavidade oral. Essas glândulas por sua vez, são estratificadas em dois grupos, as glândulas salivares maiores e glândulas salivares menores e ainda classificadas quanto ao tipo de secreção que produzem 3. As glândulas salivares maiores constam de três pares: glândula parótida (localizada ao lado do ouvido) e classificada como uma glândula serosa pela característica da secreção que produz, glândula submandibular (localizada sob o arco mandibular) e classificada como uma glândula mista e a glândula sublingual (localizada no assoalho bucal) e classificada como uma glândula mucosa 4. As glândulas salivares menores são apresentadas em número aproximado de 600 a 1.000 e estão espalhadas pela cavidade oral, lábios, seios da face, cavidade nasal, faringe, laringe, esôfago e traquéia 3 4. Dez a quinze por cento das neoplasias das glândulas salivares são malignas, correspondendo a cerca de 3% de todas as neoplasias malignas de cabeça e pescoço5. As 2 frequências de localização, idade e gênero variam entre os tipos histológicos, de acordo com raça e localização geográfica 6 7 8. Em relação à etiologia, alguns fatores citados e comumente relacionados às neoplasias em glândulas salivares são a ingestão de álcool, exposição aos agentes ocupacionais como o pó originado da madeira 5. As neoplasias das glândulas salivares são relativamente incomuns e tem histologia complexa com incidência global de 0.4-13.5 por 100.000 pessoas anualmente e nos Estados Unidos incidência de 2.2 a 2.5 casos por 100.000 pessoas 9 10. Os sítios mais frequentes de neoplasias benignas são as glândulas parótidas (80%), seguido pelas glândulas submandibulares (50%); o palato e as glândulas salivares menores somam menos de 40% dos casos 10 5 . Os tumores benignos mais comuns são o adenoma pleomórfico e adenoma de células basais, já os malignos são o carcinoma mucoepidermóide e o Carcinoma Adenoide Cístico (CAC). O CAC é uma neoplasia maligna relativamente rara, sendo a segunda neoplasia mais comum em glândulas salivares com acometimento preferencial das glândulas salivares menores (60%) e, entre as glândulas salivares maiores, a glândula parótida é o sítio comumente mais atingido, sendo responsável por 25% dos tumores malignos dessa topografia 11 12 13 8 . O CAC não se restringe apenas aos sítios topográficos de cabeça e pescoço, sendo incidente também ainda que com menor frequência em glândulas exócrinas como mama, vulva, pele, próstata e vias aéreas 14 13 15. No contexto geral, o CAC compreende de 10%-15% de todas as neoplasias de glândulas salivares e corresponde a 1 % de todos os tumores de cabeça e pescoço 16 14. É comumente diagnosticado em pacientes entre a 5ª e 7ª década de vida com predileção pelo sexo feminino, enquanto sua etiologia e mecanismos moleculares ainda permaneçam desconhecidos e sem uma caracterização bem estabelecida 17 18 16 19. 3 1.2 Comportamento Clínico O CAC foi primeiramente descrito por Billroth no ano de 1959, mas foi nos anos de 1853 e 1854 que esta neoplasia foi melhor caracterizada por um grupo francês, que publicou os primeiros relatos e descrições a cerca da aparência e comportamento clínico dos CAC que até então eram descritos como cilindromas 12. Já em 1974 Conley e colaboradores, o descreveram como um dos tumores mais imprevisíveis e biologicamente destrutivos da cabeça e pescoço 12 . Com todas essas descrições, tornou-se bem estabelecido que quanto ao contexto clínico, o CAC apresenta uma história natural caracterizada pelo crescimento lento, curso indolente, alta capacidade de invasão perineural e metástase à distância tardia 20 7. A literatura mostra que a sobrevida livre de doença em 5 anos ocorre em 65-70% dos pacientes, porcentagem essa reduzida para 30-40% quando essa sobrevida é avaliada em 15 anos, caracterizando dessa forma o alto perfil de morbimortalidade apresentado pela doença, a qual é a causa de óbito de 80%-90% dos pacientes nos 15 anos após o diagnóstico inicial 21 22. Entre os sítios mais incidentes de metástase, o pulmão é o mais frequente, seguido pelos rins e ossos 23 24 . Além disso, uma vez identificadas lesões metastáticas, a sobrevida média é de 20 a 32 meses, dependendo do local da metástase 12. A taxa de sobrevida de 3 anos após o diagnóstico varia de 41% a 46% 14 22 23. Além da importância prognóstica dos sítios primário e metastático da neoplasia, outros fatores contribuem para um prognóstico desfavorável: a histologia sólida (grau 3), infiltração perineural em nervos de maior diâmetro, margens comprometidas à ressecção cirúrgica e a presença de múltiplos sintomas. Além disso, a pior taxa de sobrevida é conferida pela presença de metástase óssea 20. 4 1.3 Histopatologia Histologicamente o CAC é constituído por uma dupla população celular, formada por células epiteliais e mioepiteliais. As células têm fenótipo basalóide, núcleos pequenos, angulados, com cromatina densa e exibem citoplasma muito exíguo, com capacidade de produzir matriz extracelular que pode variar de aspecto mixóide a material hialino 21. Patey e Thackray em 1958 estabeleceram a importância de se caracterizar o padrão de crescimento deste tipo de tumor uma vez que a agressividade está diretamente ligada ao padrão morfológico predominante. Desta forma, são identificados no CAC três padrões de crescimento (Figura1), a partir da extensão predominante, sendo estes: tubular (grau I), cribriforme (grau II) e sólido (grau III), nos casos que apresentam extensão de área sólida ≥30% 6 11. O padrão tubular é constituído por células arranjadas em ninhos circundadas por variável quantidade de material eosinofílico e frequentemente estroma hialinizado. Ocasionalmente pode haver aumento importante do estroma levando a compressão dos blocos celulares que podem ficar com aspecto trabecular. Túbulos bem formados são facilmente reconhecidos, com uma camada interna epitelial e a externa mioepitelial. O subtipo cribriforme é o mais frequente , composto de ilhas de células basalóides circundando espaços císticos de tamanhos variados, dando um aspecto de queijo suíço. O padrão sólido contém agregados de células basalóides sem formação tubular ou cística. Nesse padrão as células podem ser maiores e pode haver maior pleomorfismo nuclear 21 25. Um quarto padrão de crescimento que previamente era descrito como CAC desdiferenciado, foi melhor descrito por Leon Barns et al, como CAC com transformação de alto grau. É importante o reconhecimento dessa variante uma vez que são tumores mais agressivos e histologicamente são caracterizados por aumento e irregularidade nuclear, elevado índice mitótico e perda da dupla população celular (epitelial e mioepitelial). A área de transformação de alto grau se apresenta como adenocarcinoma cribriforme pouco diferenciado ou carcinoma sólido indiferenciado com necrose e desmoplasia proeminentes. Vale ainda ressaltar que esses tumores têm maior propensão à metástase ganglionar locorregional e conferem uma menor sobrevida aos pacientes 26 27. 5 Segundo classificação atual da Organização Mundial da Saúde (OMS) o padrão de crescimento deve ser relatado ao invés de se estabelecer uma frequência numérica para sua classificação. A B C Figura 1 - Aspecto histopatológico dos padrões de crescimento do carcinoma adenoide cístico com coloração hematoxilina-eosina: (A) Tubular; (B) Cribriforme; (C)Sólido. 1.4 Imunohistoquímica Uma característica do CAC é sua constituição por uma dupla população celular, no qual as células mioepitelias apresentam expressão de queratinas, actina de músculo liso, calponina, p63, proteína S100 e proteína ácida gliofibrilar (GFAP). Enquanto, as células epiteliais também expressam queratinas, porém, não expressam marcadores mioepiteliais. Aproximadamente 78% a 100% dos CAC expressam c-KIT, marcação essa não associada à presença de amplificação ou mutações do gene KIT. A frequência de mutações do KIT é muito rara ou praticamente ausente 13 28 e quando presente mostrou-se não funcional em culturas celulares 30. Somente um trabalho mostrou uma alta frequência (88%) de mutações no gene kit 29, mas o mesmo foi severamente criticado pela falta de qualidade metodológica30. Alguns marcadores preditivos expressos pelo CAC e avaliados por método imunohístoquímico incluem EGFR, HER-2, p53 31. 6 1.5 Alterações Citogenéticas e Moleculares A constante busca por novas ferramentas diagnósticas e o aprimoramento de tecnologias mais recentes, vem colaborando para melhor caracterização genética do CAC e para seleção de futuros alvos terapêuticos. Os trabalhos citogenéticos mostram alterações envolvendo os cromossomos 6 e 9, especificamente a translocação 6q22-23 e 9p23-24, gerando a fusão oncogênica entre o oncogene MYB, que está relacionado a processos básicos do ciclo celular, proliferação, diferenciação e apoptose e o gene NFIB, um fator relacionado a transcrição humana 13 22 . Assim, a fusão oncogênica MYB/NFIB (Figura 2) passa a ser analisada como uma assinatura genética do CAC, presente em até 79% dos casos. Esta fusão pode ser considerada até determinado ponto um biomarcador efetivo e auxiliar na detecção e confirmação desta neoplasia, uma vez que não foi documentada em outras neoplasias de glândulas salivares 13, 22 32 33 . Figura 2 - Representação esquemática da translocação entre os cromossomos 6q22-23 e 9p23-24 na fusão oncogênica MYB/NFIB. (Fonte: Referente a Persson M, Andren Y, Mark J, Horlings HM, Persson F, Stenman G. Recurrent fusion of MYB and NFIB transcription factor genes in carcinomas of the breast and head and neck. Proc Natl Acad Sci U S A. 2009;106(44):18740-4.) Stephens et al 33 ao sequenciarem o exoma completo de 24 amostras de CAC, identificaram 312 mutações somáticas, com destaque para as mutações no gene SPEN, NOTCH1, além de mutações pontuais envolvendo os oncogenes KRAS e BRAF; mutações estas já descritas e empregadas em terapias alvo dirigidas para outras neoplasias, sugerindo dessa forma, a exploração destes oncogenes e vias de sinalização como futuros e promissores alvos terapêuticos no tratamento do CAC. 7 Frierson et al 34 ao reportarem os resultados encontrados na análise do exoma de 24 amostras de CAC, identificaram a presença da translocação MYB/NFIB em 79% das amostras, confirmando neste caso está translocação como uma assinatura genética do CAC, enquanto mutações em PI3K ocorreram em apenas um caso, e foram ausentes em TP53, BRAF, EGFR, KRAS, PTEN e KIT. Foram também identificados, mutações no FGFR2 e NOTCH1/2 sugerindo provável relação com a tumorigênese. Ho et al 35 , ao reportarem os resultados encontrados em 60 amostras de sangue periférico e tecido tumoral fresco de CAC, identificaram aproximadamente 22 mutações somáticas por amostra e validaram 710 mutações não sinônimas distintas, entre, deleções homozigotas, amplificações, alterações estruturais e mutações somáticas, fornecendo evidências da ampla heterogeneidade e inconstância mutacional identificados nesta neoplasia. Aliás, ao identificarem as mutações com maior potencial oncogênico e/ou mais recorrentes, evidenciaram o envolvimento direto dos genes PI3K, TP53, PTEN, SMARCA2, KDM6A e CREBBP com o oncogene MYB, sinalização de PI3K, mutação nos reguladores da remodelação da cromatina (35%), danos ao DNA, e uma frequência de 30% de mutações em genes de grande importância da via de sinalização FGF/IGF/PI3K. Cabe ressaltar que todos os trabalhos que fizeram a pesquisa de sequenciamento em todo o genoma de CAC encontraram uma média muito baixa de mutações, quando comparado com outros tumores sólidos, mostrando uma pequena heterogeneidade mutacional entre as amostras. 1.6 Tratamentos O CAC é uma neoplasia com curso clínico indolente e com comportamento clínico bastante agressivo, logo, como conduta terapêutica a ressecção cirúrgica constitui a principal modalidade de tratamento, entretanto a extensa infiltração local e a disseminação através da invasão perineural característica nesta neoplasia frequentemente causam dificuldade para a obtenção de um controle efetivo do tumor com a cirurgia isolada 36 37. A ressecção cirúrgica objetiva o controle loco-regional da doença, tentando preservar ao máximo a funcionalidade do local acometido e reduzindo a probabilidade de disseminação à distância da neoplasia17. Complementar à ressecção, o tratamento radioterápico adjuvante pode beneficiar o paciente uma vez que este tumor é radio sensível, 8 entretanto, como modalidade única de tratamento a radioterapia não propicia a cura da doença, mas sim é efetivo na maioria dos casos para redução do volume tumoral e concomitante à cirurgia tem papel importante no controle local da doença 38. Logo, a radioterapia como opção isolada de tratamento não se mostra como uma conduta terapêutica elegível para fins de cura, mas poder ser considerada isoladamente como tratamento paliativo 18 28. Também considerada como efetiva para o controle do CAC, embora com altas taxas de toxicidade nos pacientes, a terapia com feixes de nêutron tem mostrado eficácia no controle da recorrência local com uma taxa de sobrevida em 5 anos de 45% 20. Com papel menos importante na adjuvância que o apresentado pela radioterapia, a quimioterapia vem sendo utilizada associada à radioterapia como método terapêutico. As drogas mais comumente utilizadas são a carboplatina e o paclitaxel, que exibem resposta terapêutica não muito efetiva16. A quimioterapia tem sido indicada em neoplasias localmente avançadas, em tumores recidivados ou metastáticos, mesmo não se comprovando uma diferença significativa no controle local e nem na melhora da sobrevida destes pacientes, entretanto há o benefício da melhoria dos sintomas, principalmente da dor, relatada pelos pacientes 20 24 39. Existem poucas publicações que reportam o tratamento de mais de 10 pacientes, a maioria deles utilizando uma única droga e apenas dois trabalhos utilizando mais de duas drogas. Os melhores resultados foram obtidos com a utilização de cisplatina, onde Schramm et al conseguiu resposta completa em 4 (40% e 29%) dos pacientes tratados, entretanto nenhum outro trabalho conseguiu reproduzir tais resultados, o que a maioria dos trabalhos mostrou foi uma estabilização da doença com o uso de uma única droga isolada (5-FU, Mitroxantrona, epirubicina, Paclitaxel e Gencitabina) 20 40. As drogas terapia alvo dirigidas como inibidor de c-KIT (Imatinib) e inibidor de EGFR (Gefitinib, Cetuximab), inibidor de proteossoma (Bortezomib) e inibidor de HER-2 e EGFR (Lapatinib), já foram testadas em CAC, e todas elas se mostraram úteis na estabilização da doença. Dentre elas, o Cetuximab foi o que mostrou maior taxa de estabilização da doença (80%)20. Devido à hiper-expressão imunohistoquímica de C-KIT em CAC foi tentado o tratamento com Imatinib, com resultados muito variados, alguns mostrando estabilização da doença 41 42. No entanto, os trabalhos relatam a ausência de uma resposta objetiva frente a 9 terapias alvo dirigidas e também relatam observar a progressão tumoral durante o tratamento 43. Um recente estudo de fase II ao empregar o fármaco Sunitinib, não evidenciou taxa de cura ou resposta à droga, entretanto mostrou uma estabilização da neoplasia durante aproximadamente 7,2 meses em 62% dos pacientes submetidos a está terapia alvo dirigida 44 . Papaspyrou et al publicaram no ano de 2011, um estudo que reunia as taxas de respostas a 7 agentes quimioterápicos clássicos e que foram reportadas em 10 trabalhos científicos publicados entre 1980-2008. Em todos os trabalhos (Figura 3), foi utilizado um único quimioterápico como terapia isolada, todas as taxas de respostas foram baixas e comumente com curta duração terapêutica 20. Agentes Quimioterápico 5-Fluoracil Cisplatina Autores Tannock and Sutherland Schramm et al Ano Portadores de CAC Resposta Completa Resposta Parcial Resposta Global Doença Estável 1980 12 0 (0%) - 4 (33%) 2 (17%) 1981 10 4 (40%) 3 (30%) 7 (70%) 0 (0%) Suen e Johns 1982 14 4 (29%) 5 (36%) 9 (64%) - Licitra et al 1991 13 2(15%) 0 (0%) 2 (15%) 6 (46%) de Haan et al 1992 10 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 5 (50%) Mattox et al 1990 18 1 (6%) 0 (0%) 1 (6%) 12 (67%) Verweij et al 1996 32 0 (0%) 4 (12%) 4 (12%) 22 (69%) Vermoken et al 1993 20 0 (0%) 2 (10%) 2 (10%) 10 (50%) Vinorelbine Airoldi et al 2001 13 0 (0%) 2 (13%) 2 (13%) - Paclitaxel Gilbert et al 2006 14 0 (0%) 0 (%) 0 (0%) - Gencitabine van Herpen et al 2008 21 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 11 (53%) Mitoxanthrone Epirubicin Figura3 - Taxa de resposta de portadores de carcinoma adenoide cístico a agentes quimioterápicos clássicos. (Fonte: Modificado de Papaspyrou G, Hoch S, Rinaldo A, Rodrigo JP, Takes RP, van Herpen C, et al. Chemotherapy and targeted therapy in adenoid cystic carcinoma of the head and neck: a review. Head Neck. 2011;33(6):905-11.) No mesmo estudo foram avaliadas as taxas de respostas encontradas em 7 trabalhos científicos (Figura 4) com fármacos alvo dirigidos, e observaram uma ausência completa de resposta dos pacientes a todas as drogas estudadas bem como resposta parcial e global praticamente ausentes pós tratamento 20. 10 Agentes Quimioterápico Autores Ano Portadores de CAC Resposta Completa Resposta Parcial Resposta Global Doença Estável Imatinib, Cisplatina Slevin et al 2004 12 0 (%) 1 (8%) 1 (8%) 5 (42%) Gefitinib Glisson et al 2005 19 0 (%) 0 (%) 0 (%) 13 (68%) Imatinib Hotte et al 2005 15 0 (%) 0 (%) 0 (%) 9 (60%) Bortezomib Argiris et al 2006 25 0 (%) 0 (%) 0 (%) 16 (64%) Lapatinib Aguinik et al 2007 19 0 (%) 0 (%) 0 (%) 15 (79%) Imatinib Pfeffer et al 2007 10 0 (%) 0 (%) 0 (%) 2 (20%) Cetuximab Locati et al 2009 23 0 (%) 0 (%) 0 (%) 20 (87%) Figura 4 - Taxa de resposta de portadores de carcinoma adenoide cístico a agentes quimioterápicos alvo dirigidos. (Fonte: Modificado de Papaspyrou G, Hoch S, Rinaldo A, Rodrigo JP, Takes RP, van Herpen C, et al. Chemotherapy and targeted therapy in adenoid cystic carcinoma of the head and neck: a review. Head Neck. 2011;33(6):905-11.) A Adenoid Cystic Carcinoma Research Foundation localizada em NeedhamMassachusets publicou resultados encontrados nos 10 últimos anos dedicados aos ensaios clínicos com pacientes portadores de CAC e submetidos ao uso de diversos quimioterápicos clássicos e alvo dirigido com a proposta de encontrar, estabelecer e validar novas opções terapêuticas nos ensaios clínicos que conduzem. Ao final, relataram que apesar de um número alto de ensaios clínicos, os resultados ainda eram bastante limitados principalmente pela alta frequência de ausência de resposta completa e parcial (Figura 5) 18 45. 11 Agentes Quimioterápico Paclitaxel e Carboblatina Vinorelbine e Cisplatina Vinorelbine Gefitinib Imatinib Paclitaxel Bortezomib Lapatinib Imatinib Gemcitabine Sunitinib Cetuximab Gemcitabine e Cisplatina Imatinib e Cisplatina Alvos Moleculares Ano Pacientes com CAC Resposta Completa Resposta Parcial Doença Estável Quimioterápicos 2000 10 0% 20 % NA Quimiterápicos 2001 9 22% 22% NA Quimioterápico EGFR Múltiplos alvos Quimioterápico Proteasome EGFR, HER2 Múltiplos alvos Quimioterápico Múltiplos alvos EGFR 2001 2005 2005 2006 2006 2007 2007 2008 2008 2009 13 19 15 14 25 19 10 21 12 23 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 15% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% NA 68% 60% 50% 64% 79% 70% 52% 92% 87% Quimioterápicos 2009 10 0% 20% NA Múltiplos avos e Quimioterápicos 2010 28 0% 11% 68% Figura 5 - Taxa de resposta de portadores de carcinoma adenoide cístico a agentes quimioterápicos clássicos e alvos dirigidos. (Fonte: Modificado de Adenoid Cystic Carcinoma Research Foundation – www.accrf.org) Esses dados nos revelam a magnitude e a complexidade que é o tratar o CAC. Todos os esforços terapêuticos associados à utilização de quimioterápicos clássicos, isoladamente ou em combinação, assim como a utilização de múltiplas drogas alvo utilizadas isoladamente ou em combinação com quimioterápicos clássicos como platina e taxanos também falharam em mostrar resultados satisfatórios para o tratamento do CAC. 1.7 Fator de crescimento de fibroblastos (FGF) Os receptores tirosina quinases (RTKs), abrangem um ampla família de proteínas transmembranas com arquitetura celular bastante similar entre si e têm direta relação com os processos clássicos relacionados ao controle do ciclo celular. Estes RTKs modulam funções primordiais aos processos de homeostasia e estão diretamente envolvidos em alterações genéticas bastante comuns ao câncer e doenças emergentes como o diabetes 46. Dentre as 20 subfamílias dos RTKS, destaca-se a família dos fatores de crescimento dos fibroblastos (FGF), que são pequenos polipeptídios com alta afinidade pela heparina e 12 diretamente responsáveis pelo controle de múltiplos processos relacionados ao comportamento celular e o desempenho em funções importantes, relacionadas aos processos básicos de regulação da angiogênese, reparo de tecidos e cicatrização de feridas nos organismos adultos 47 48. Os receptores do fator de crescimento dos fibroblastos (FGFR), por sua vez, são expressos em vários sistemas orgânicos, entre eles o endotélio vascular, sugerindo que exerçam um papel fundamental relacionado aos mecanismos homeostáticos e sua direta relação com o comportamento celular e desempenho de funções básicas como proliferação, diferenciação, migração e sobrevivência 47 49. No entanto, os ligantes do FGF são 4 receptores de membrana altamente conservados (FGFR1, FGFR2, FGFR3 e FGFR4) que podem sofrer alterações como a proliferação excessiva e sinalização constante, apresentando relação direta com mecanismos diretamente envolvidos no estímulo e proliferação de células cancerosas. Dentre os mecanismos mais comuns e bem descritos na literatura relacionados à carcinogênese, está a modulação de mutações pontuais, indução de translocações cromossômicas, a amplificação de genes receptores e consequentemente a promoção de angiogênese alterada 47. Especificamente o FGFR1, localizado no cromossomo 8p11-12 foi identificado em vários estudos e correlacionado em grande parte destes com algumas alterações genéticas bastante comuns ao câncer. Sua amplificação está presente em aproximadamente 10% das neoplasias de mama, 5% das neoplasias de ovários, em 3% das neoplasias hematológicas e 3% dos casos de rabdomiosarcomas, enquanto mutações pontuais e translocações específicas são aparentemente raras nos casos de melanoma e leucemias mielóides crônicas 47 50 . O mecanismo pelo qual o FGF estimula os FGFRs levando a transmissão de sinais intracelulares e posterior ativação de múltiplas vias de transdução de sinais (Figura 6), dá-se através da ligação do FGF (conjugado a heparina que confere maior estabilidade a ligação) ao FGFR, seguido da dimerização dos FGFRs e transmissão de sinais extracelulares através da autofosforilação e recrutamento de proteínas adaptadoras que levam a ativação de cascatas de sinalização específicas e diretamente relacionadas ao controle do ciclo celular 46 47 51. Myoken et al demonstraram que carcinomas adenoide císticos de glândula salivar proveniente de 6 pacientes através do método imunohistoquímico encontravam-se 13 superexpressos apesar da localização variando entre membrana, citoplasma e núcleo do FGFR52 53. Figura 6 - Representação esquemática da cascata de sinalização decorrente de ativação pelo FGF. (Fonte: Referente a Turner N, Grose R. Fibroblast growth factor signalling: from development to cancer. Nat Rev Cancer. 2010;10(2):116-29.) 1.8 Via de sinalização PI3K/AKT/PTEN Fosfatidilinositol 3-cinase (PI3K), são cinases lipídicas codificadas pelo gene PI3CA, localizado no cromossomo 3q23. Essa família de cinases são heterodímeros classicamente ativado por RTKs, que têm uma subunidade catalítica (p110) e uma subnunidade reguladora/adaptadora (p85), que tem a função de fosforilar 3´-hidroxila em fosfolípides de inositol. A ativação de PI3K rapidamente promove a conversão de PIP2 em PI3-4-5-P3 (PIP3), um segundo mensageiro que recruta um subgrupo de proteínas de sinalização com 14 homologia Pleckstrin (PH) para a membrana, inclusive PDK1 e AKT (Figura 7). A ativação de PI3K desempenha funções relacionadas à regulação do ciclo celular, diferenciação, proliferação e sobrevivência. Figura 7 - Representação esquemática da ativação das proteínas PI3K e AKT decorrente ao estímulo do receptor de fator de crescimento. (Fonte: Referente a Vara JAK CE, Castro J de, Cejas P, Belda-Iniesta C, González-Barín M. PI3K/Akt signalling pathway and cancer. Cancer Treat Rev. 2004:193-204.) No entanto, mutações, amplificações, superexpressão e deleção deste gene passaram a ser observadas em neoplasias gástricas, do ovário e mama, passando assim este gene a ser considerado um potencial alvo para terapias direcionadas no tratamento do câncer, já que apresenta relação direta na regulação do crescimento e angiogenêse tumoral 54 55 56 . Além disso, o PI3K controla várias vias de sinalização, no qual a proteína cinase B (AKT), destaca-se como seu maior alvo. Esta proteína é fundamental na modulação do crescimento, diferenciação, sobrevivência e progressão do ciclo celular por bloquear a função das proteínas pro-apoptóticas. Por mediar esses mecanismos, apresenta relação direta com processos fisiológicos, angiogênicos e amplificações comuns em neoplasias de mama, pâncreas, ovário e estômago, apresentando assim potencial alvo para terapias dirigidas 57 56 55. 15 A partir do potencial exploratório observado na via de sinalização PI3K/AKT como proteínas que desempenham papel fundamental na regulação e proliferação do ciclo celular e a relação direta com múltiplas neoplasias, a ativação desta via de sinalização sem mutação dos genes, tem sido descrita frequentemente em câncer de mama, pâncreas, esôfago, ovário, tireoide entre outras neoplasias 57. Nesta via de sinalização, a proteína fosfatase homóloga à tensina deletada do cromossomo 10 (PTEN) exerce participação como supressor tumoral, regulador negativo ou diminuição progressiva dos níveis, quando dar-se-á perda de sua função, o resultado é a consequente ativação permanente e ou constitutiva de PI3K pela desfosforilação PI(3,4,5)P3 na posição 3′ e consequentemente de AKT 58. Análises pré-clínicas em células de câncer de mama demonstram a relação entre ativação do FGFR e a via PI3K/AKT 59 . Estudos pré-clínicos em linhagens celulares de carcinomas adenoide cístico demonstraram que a utilização de quercetina e flavanóide natural, inibe a expansão das linhagens celulares tumorais através da regulação negativa da via PI3K/AKT apontando para uma ligação entre a via PI3K e a carcinogênese destes tumores 60 . Os principais mecanismos pelos quais o FGFR promove a ativação inadequada da via de sinalização, PI3K/AKT, são através da superexpressão do gene FGFR1, que ocorre mediante a amplificação ou transcrição aberrante, aumento da disponibilidade dos fatores de crescimento, dentre outros 52 59. A ativação anômala da via PI3K ocorre com mais frequência por mutações no gene PI3CA responsável pela subunidade catalítica p110. Essas alterações são mais comumente via amplificação do gene e mutações pontuais, onde 80% ocorre em 3 hot spots já conhecidos 61 . A AKT é uma proteína fundamental na transdução de sinal, situando-se na intersecção da via PI3K com outras vias intracelulares. Mutações no gene PI3CA ou inativação do PTEN promovem sua ativação 61. A maior parte do conhecimento da via PI3K foi estabelecida a partir de estudos relacionados ao gene PTEN. Este gene tem função antagonista na sinalização desta via, assim quando sua atividade está reduzida, devido mutações inativadoras, na qual ocorrem acúmulo de PIP3 (fosfatidilinositol3-4-5-trifosfato) que mantém a via de sinalização com hiperatividade através da fosforilação da proteína AKT 61. 16 Ressalta-se que mutações em múltiplos componentes da via não são necessariamente redundantes, mesmo que ambos aumentem a sinalização da via PI3K, exemplo mutação do gene PI3CA e PTEN, em carcinomas de endométrio, onde se sugere um efeito aditivo ou talvez sinérgico 61. 17 2 JUSTIFICATIVA O Carcinoma Adenoide Cístico é uma neoplasia rara que acomete predominantemente glândulas salivares, considerado rádio sensível e quimio resistente, com alta taxa de morbimortalidade e sem tratamento com resultados satisfatórios em longo prazo. Uma vez que este tumor tem frequências baixas de mutação demonstradas em estudos de sequenciamento de todo o genoma, surge a necessidade de caracterização de outros mecanismos genéticos, além da presença de mutações, e o estudo das vias de sinalização ativas que possam estar associadas à gênese e progressão desses tumores para que busquemos alternativas terapêuticas que possam ter efetividade clínica significativa a curto e longo prazo. Haja visto que há escassa literatura que reporte a frequente hiperexpressão de FGFR1 em Carcinoma adenoide cístico e que existem estudos clínicos em andamento testando a efetividade do fármaco Dovitinib, que é um inibidor de FGFR1 em carcinomas adenoides císticos, levantamos a necessidade de estudar o papel do FGFR1 como uma proteína que quando fosforilada fosse capaz de ativar a via PI3K-AKT, tendo assim papel chave no crescimento, invasão e progressão tumoral, tornando o FGFR1 um importante alvo terapêutico. 2.1 Hipótese Caracterizando a expressão das proteínas FGFR1, PI3K( total e fosforilada), AKT (total e fosforilada) e PTEN isoladamente, poderíamos indiretamente inferir sobre a ativação de pAKT via ativação de FGFR1. 18 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Avaliar a frequência de imunoexpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT, PTEN, assim como das formas fosforiladas de PI3K e AKT, buscando verificar associações com parâmetros clínico-patológicos em Carcinomas Adenoide Císticos de Cabeça e Pescoço. 3.2 Objetivos específicos 1. Descrever a frequência de imunoexpressão de FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total em Carcinomas adenoides císticos; 2. Verificar a associação da imunoexpressão das proteínas FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total com parâmetros clínico-patológicos. 3. Avaliar a associação da imunoexpressão das proteínas FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total com sobrevida global e sobrevida livre de doença. 4. Avaliar a sobrevida global e livre de doença nos pacientes com carcinoma adenoide cístico. 19 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Ética na Pesquisa Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos e obteve aprovação sob número 135.352/29.10.2012. Por se tratar de um estudo retrospectivo de casos, não foi aplicado o termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados clínicos foram obtidos exclusivamente por meio de prontuários arquivados no Serviço de Arquivo de Estatística Médica (SAME). 4.2 Delineamento do estudo Trata-se de um estudo observacional transversal. 4.3 Critérios de inclusão 1. Pacientes com diagnóstico histológico de carcinoma adenoide cístico de cabeça e pescoço com idade ≥ 18 anos. 2. Pelo menos 1 bloco de parafina do tumor primário que não foi submetido a qualquer tratamento radioterápico ou quimioterápico prévio, e que esteja disponível no arquivo do Serviço de Patologia do Hospital de Câncer de Barretos. 4.4 Critérios de exclusão 1. Material tumoral insuficiente para confecção do tissue microarray (TMA). 4.5 Instrumento de Pesquisa Para correta caracterização da população de estudo e estratificação do perfil de pacientes atendidos pelo departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Câncer de Barretos (HCB) foi elaborado um instrumento de pesquisa (Anexo 1) junto a dois médicos do serviço de cabeça e pescoço do HCB. 20 4.6 População de estudo A busca dos pacientes com Carcinoma Adenoide Cístico foi realizada junto ao departamento de Registro Hospitalar de Câncer do HCB e nos arquivos do departamento de Patologia do HCB. Foram selecionados retrospectivamente 119 pacientes com diagnóstico histológico de CAC atendidos no HCB até o ano de 2012. Para cada paciente, foi solicitado junto ao SAME o seu prontuário médico e utilizando o instrumento de pesquisa como guia foram coletadas informações necessárias para obtermos dados sobre a avaliação clinicopatológica, informações sócio demográficas, estadiamento clínico, número de identificação de blocos referente à biópsia ou peça cirúrgica tumoral incluídas em parafina, tratamentos realizados e informações de seguimento. Durante a avaliação do prontuário médico, as informações referentes a tabagismo e etilismo (sim atual/sim passado; não atual/não passado) foram consideradas apenas quando relatadas de maneira clara durante a anamnese do paciente, na ausência desta informação no prontuário consideramos como informação ignorada. Após, a revisão dos prontuários, todas as lâminas referentes à biópsia ou peça tumoral que estavam fixadas e coradas com hematoxilina-eosina (HE) foram revisadas quanto aos parâmetros histopatológicos de maior interesse nesta neoplasia, sendo: topografia, padrão histológico (tubular/cribriforme/sólido), invasão perineural (presente/ausente), invasão angiolinfática (presente/ausente), extravasamento capsular (presente/ausente) e o status das margens cirúrgicas (livres/comprometidas). Nos casos em que os pacientes possuíam apenas material de biópsia e/ou que houve dificuldade em avaliar presença ou ausência de invasão perineural e angiolinfática estes parâmetros não foram descritos como ausentes e sim classificados como não-avaliáveis. Nos casos em que não observamos a identificação dos blocos nos respectivos laudos anátomo-patológicos consideramos as margens cirúrgicas como não avaliáveis. Posteriormente, todas as informações registradas no instrumento de pesquisa foram tabuladas em programa SPSS for Windows, versão 21.0 para estruturação do banco de dados. 21 4.7 Confecção de TMA controle Para uma melhor avaliação da qualidade das imunomarcações dos anticorpos FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforiliado e PTEN total nas amostras tumorais de carcinoma adenoide cístico, inicialmente construiu-se um TMA controle para a correta padronização de diluições e especificidade de imunomarcação. Para tanto, elegeu-se 105 amostras tumorais entre peças e biópsias de diversas origens topográficas entre elas mama, estômago, cólon, pele, rim, fígado, pulmão e glândula salivar normal. A partir destas, a lâmina de HE destes tumores foram previamente avaliadas e a área tumoral mais representativa delimitada com caneta permanente. Uma vez delimitada as áreas mais representativas das amostras tumorais, foi traçado um mapa guia com a correta identificação, localização, e distância entre os cilindros para auxílio na confecção do TMA. Sendo assim, por meio de instrumento mecânico Beecher™ (Beecher Intruments, Estigen, Estônia), foram criadas “caselas” no bloco receptor seguido da retirada de 1-2 cilindros ou “spots” de 1,0 milímetro de diâmetro do bloco doador e transferidos para o bloco receptor em posição previamente mapeada gerando ao final, uma coletânea de amostras teciduais de diversos sítios topográficos (Figura 8). Ao final, constava em único bloco receptor de 1-4 cilindros oriundos dos 105 blocos doadores, na sequência foram realizados 20 cortes com 4µm de espessura que foram transferidos e fixados para lâminas com carga positiva StarFrost (Knittel Glaser, Bielefeld, Alemanha), das quais 1 lâmina foi corada com HE, para avaliação em microscópio Nikon i50 da integridade de cada cilindro. Posteriormente, estas lâminas foram submetidas às reações de imuno-histoquímica em plataforma automatizada Ventana BenchMark Ultra® (Ventana, Tucson, AZ, USA) e na sequência foram avaliadas quanto intensidade e extensão de imunomarcação até estabelecimento da padronização ideal. 22 A B C D F E Figura 8 - Fluxograma representativo para obtenção de TMA: (A) Beecher Intruments utilizado na confecção do TMA; (B) retirada de tecido tumoral (cilindro) do bloco doador; (C-D) transferência e inserção de cilindro no bloco receptor; (E)confecção de cortes de 4µm em micrótomo; (F) coletânea de amostras teciduais fixada em lâmina com carga positiva. (Fonte: Referente a http://www.microarraystation.com/tissue-microarray/) 4.8 Confecção de TMA: Coletânea de Carcinomas adenoide císticos Durante a revisão das lâminas para caracterização histopatológica dos CACs, a área mais representativa do tumor primário foi delimitada com caneta permanente. Como descrito previamente para a construção do TMA controle, foi confeccionado 1 bloco de TMA de CACs que continham de 1-3 cilindros tumorais de cada amostra, dependendo da quantidade de material no bloco de parafina. Além, dos cilindros tumorais originados de bloco de parafina de CAC, foram inseridos cilindros de outros órgãos como pulmão, mama, rim e glioblastomas para facilitar a orientação espacial na lâmina no momento da leitura. Na sequência foram cortadas com micrótomo (Leica RM2235) 30 cortes histológicos com 4µm micra de espessura que foram transferidos e fixados para lâminas com carga positiva StarFrost (Knittel Glaser, Bielefeld, Alemanha), das quais 4 lâminas foram coradas com hematoxilina-eosina, para avaliação em microscópio Nikon i50 da integridade de cada cilindro. 23 4.9 Imunohistoquímica em plataforma automatizada Com a finalidade de avaliação da imunoexpressão dos anticorpos FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforiliado e PTEN total em CACs, as lâminas foram submetidas às reações de imunohistoquímica em plataforma automatizada Ventana BenchMark Ultra® (Ventana, Tucson, AZ, USA). Inicialmente, todas as lâminas, foram previamente incubadas em estufa durante 20 minutos à temperatura de 1000 Célsius para desparafinização. Na sequência foram transferidas para o equipamento Ventana BenchMark Ultra®, que possui um painel com programas específicos e bem estabelecidos de incubação. Uma vez inseridas na plataforma automatizada, as lâminas foram novamente desparafinizadas, desta vez a 720 Célsius e receberam uma solução (1x) de lavagem EZ Prep para remoção da parafina residual, seguido de uma lavagem com tampão, para posterior recuperação antigênica com solução cell condicioner CC1 (Ventana, Tucson, AZ) de pH alto e bloqueio das peroxidases endógenas com água oxigenada (H2O2). Após o bloqueio das peroxidases, e com as diluições e tempo de recuperação antigênica padronizada para cada um dos anticorpos inseridos no estudo, procedeu-se a incubação das lâminas com o anticorpo primário, seguido desta incubação, os cilindros histológicos receberam o anticorpo secundário (Ultraview DAB, Ventana, Tucson, Az- USA), (Figura 9). Ao final das reações imunohistoquímicas, procedeu-se a contra coloração com hematoxilina de Harris (Hematoxilin II, Ventana), durante 4 minutos seguidos da incubação com o reagente Bluing (Ventana) durante 4 minutos, resultando em uma coloração nuclear azulada. Na sequência, os cilindros receberam uma lavagem com solução de água e detergente para remoção do óleo que é dispensado na superfície das lâminas para evitar dessecamento do material. Ao final das reações imunohistoquímicas, as lâminas foram retiradas da plataforma e submetidas à desidratação em banhos de etanol 70%, 85% e 100% durante 2 minutos e após a secagem, procedeu-se a montagem das lâminas com uma gota de resina sintética Entelan (Merck Millipore, Damstat, Alemanha.) e cobertura dos cilindros com lamínula de 22x22 mm. 24 Anticorpo (Ac) FGFR1 Clone/espécie Fabricante Recuperação (minutos/solução) 64CC1 Rabbit mAb Cell Signaling (D8E4) XP Anti-PI3 Rabbit abcam 8CC1 Kinase monoclonal [ep380y] Anti-phospho- Rabbit polyclonal Bioss Sem recuperação PI3K (Tyr524) AKT (pan) Rabbit mAb Cell Signaling 64CC1 (C67E7) Phospho-AKT Mouse mAb Cell Signaling 64 CC1 (Ser473) PTEN total 6H2.1 M3627/ Dako PT Link high pH Monoclonal Figura 9 - Descrição de anticorpos utilizados, fonte e diluições Incubação/Ac Secundário 2H Ac Diluição 44 Ac 1;100 32 Ac 1;100 32 Ac 1;300 32 Ac 1;100 20 Ac FLEX 1;50 segundo padronização imunohistoquímica. 4.9.1 Análise de imunoexpressão dos marcadores (Anticorpos avaliados: FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total) A partir dos testes de padronização inicial no TMA controle, foram realizados ajustes quanto tempo de incubação com anticorpos, diluições e posterior avaliação para definição das melhores concentrações e diluições de cada um dos anticorpos avaliados neste estudo. Durante os testes de padronização foi priorizado o estabelecimento de um protocolo imuno-histoquímico no qual a imunomarcação era altamente específica nas áreas tumorais. Uma vez estabelecida a padronização imuno-histoquímica, o mesmo protocolo foi executado no TMA com a população de CAC para posterior avaliação do estudo. Para análise das imunonomarcações, foi utilizado o microscópio Nikon ECLIPSE 50i juntamente ao sistema de aquisição de imagens NIS Elements F3.0 O perfil de expressão imunohistoquímico dos 44 pacientes foi avaliado por dois observadores após a calibração visual inicial quanto à intensidade e extensão de imunomarcação. Assim, tornaram-se elegíveis para análise apenas os cilindros com material tumoral íntegro e marcação imunohistoquímica específica e sem fundo de coloração. A expressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT nas formas totais e fosforiladas foram avaliadas e classificadas a partir da extensão: 0. (negativo); 1. (até 10%); 2. (11% - 50%); 3. 25 (≥50% das células), e a intensidade: 1. (Fraco), 2. (Moderado) e 3. (Forte). Foram considerados como positivos os casos onde a soma dos escores de extensão e intensidade foram ≥ 4. A imunomarcação de PTEN de acordo com Fang-Hua Li et al 62 foi avaliada de acordo com a extensão e a intensidade da marcação. Quanto à extensão, foram classificados em 3 grupos: 1 (0-25%), 2 (26-50%) e 3 (≥ 50%), e quanto a intensidade os casos foram classificados como 1( fraco), 2 (moderado) e 3 (forte). Para o PTEN foram considerados positivos os casos com escore ≥ 5. A proteína AKT fosforilada, permitiu análise nuclear e citoplasmática isoladamente. Para correlacionar com nossas variáveis clinico patológicas, optamos por considerar a análise citoplasmática comumente descrita na literatura. 4.9.2 Análise de sobrevida livre de doença e sobrevida global Para análise de sobrevida livre de doença foi considerado o tempo, em meses, da data de cirurgia até o aparecimento da primeira recidiva local, regional, á distância ou última informação de seguimento. Somente os pacientes que sofreram tratamento com intenção curativa e que não tinham metástase ao diagnóstico foi calculada a sobrevida livre de doença. Para análise de sobrevida global definiu-se o tempo, em meses, decorrente entre a data de cirurgia e data de óbito ou última informação de seguimento. 4.9.3 Análise estatística A análise descritiva foi realizada para descrever a frequência de imunoexpressão das proteínas na forma total e fosforilada, e descrição das variáveis clinico-patológicas estudadas, além de cálculos simples de porcentagem, média e mediana. Para a análise comparativa realizamos testes de qui-quadrado e o teste exato de Fisher, confrontando as características clinico-patológicas com a imunoxpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT e PTEN. A sobrevida livre de doença e global foi calculada utilizando Kaplan-Meier, e o teste de long rank foi empregado para comparação entre as variáveis plotadas na curva. Todos os testes estatísticos foram realizados pelo software estatístico (Statistical Package for Social Science – SPSS for Windows, versão 21). 26 5 RESULTADOS 5.1 Consistência de dados Após a finalização da coleta e tabulação de dados clinicopatológicos em programa SPSS, realizou-se a consistência de dados com um médico do serviço de cabeça e pescoço para triagem e seleção apenas dos pacientes elegíveis e de interesse para o estudo. Para tanto, a partir da população de estudo composta inicialmente por 119 pacientes, foram excluídos 19 pacientes com diagnóstico de CAC de outras topografias exceto cabeça e pescoço, sendo 03 de colo uterino, 11 de mama, 03 de vulva, 01 de pulmão e 01 de pele. Quando analisados somente os casos de CAC de cabeça e pescoço, foram excluídos 56 pacientes, 30 por não possuírem bloco de parafina nos arquivos do departamento de Patologia do HCB, 11 por terem somente bloco da recidiva ou metástase do tumor primário, 06 por já terem sido tratados com radioterapia ou quimioterapia prévia à ressecção cirúrgica, 06 por apresentarem escassa quantidade de tumor no bloco de parafina, impossibilitando assim a amostragem no TMA e outros 3 casos foram reclassificados pelo patologista sendo 2 casos de adenoma canicular e 01 caso de carcinoma polimorfo de baixo grau. Ao final excluímos 75 pacientes por não estarem de acordo com os critérios de inclusão e exclusão inicialmente propostos. 5.2 População do estudo Tornaram-se elegíveis para o estudo 44 pacientes pertencentes à topografia de cabeça e de pescoço, estes pacientes por sua vez a partir da localização primária foram estratificados em dois grandes grupos: Glândulas salivares maiores (Glândulas parótida, submandibulares e sublinguais) e Glândulas salivares menores (lábio, boca, seios paranasais, laringe, faringe e cavidade nasal). No período de 08/04/2014 a 10/04/2014, os prontuários referentes aos 44 pacientes foram revistos para o estabelecimento do estádio patológico. Assim, a partir do sistema de estadiamento TNM (AJCC 2007), foram revisadas as variáveis patológicas pT (tamanho tumoral), pN (número de linfonodos positivos ao diagnóstico) e pM (presença ou ausência 27 de metástase ao diagnóstico), resultando assim no estadiamento clínico dos pacientes ao diagnóstico. Neste mesmo período, foram atualizadas as informações de seguimento dos pacientes quanto ao status atual: óbito por câncer, óbito por outras causas, vivo com doença e vivo sem doença a partir da data com a última informação registrada no prontuário médico. Atualizamos também, a informação referente ao seguimento deste paciente e consideramos a perda de seguimento referente a duas ausências em consultas médicas. Ao final da revisão do seguimento clínico, concluímos a perda de seguimento de 16 pacientes. Os prontuários dos mesmos foram encaminhados ao departamento de Registro Hospitalar do HCB para a atualização de informação a partir de ligação telefônica para os pacientes, familiares ou cartórios da cidade de origem. Sendo assim, atualizamos a informação de seguimento atual de 11 pacientes e apenas 05 continuaram com perda de seguimento pela dificuldade em conseguir estabelecer contato com familiares e ausência de informações em cartórios, neste contexto, para estes pacientes mantemos a última informação de status vital. 28 5.3 Detecção de imunoexpressão A B C D Figura 10 - Imagens representativas de coloração imunohistoquímica em CAC para detecção da expressão de FGFR1 total. (A, B, C) imunomarcações positivas, x100, x400, x100. (D) imunomarcação negativa, x100. 29 A B C D Figura 11 - Imagens representativas de coloração imunohistoquímica em CAC para detecção da expressão de PI3K total. (A, B) imunomarcações positivas, x100, x200. (C, D) imunomarcações negativa, x100, x200. 30 A B C D Figura 12 - Imagens representativas de coloração imunohistoquímica em CAC para detecção da expressão de PI3K fosforilado. (A, B, C) imunomarcações positivas, x200, x100, x100. (D) imunomarcação negativa, x100. 31 A B C D Figura 13 - Imagens representativas de coloração imunohistoquímica em CAC para detecção da expressão de AKT total. (A, B) imunomarcações positivas, x100. (C) imunomarcação negativa, x100. (D) imunomarcações negativa e positiva, x40. 32 A B AKT FOSFORILADO C D Figura 14 - Imagens representativas de coloração imunohistoquímica em CAC para detecção da expressão de AKT fosforilado. (A) imunomarcação positiva, x100. (B) imunomarcação positiva, x400. (C) imunomarcações positiva, x100. (D) imunomarcação negativa, x100. 33 A B C D Figura 15 - Imagens representativas de coloração imunohistoquímica em CAC para detecção da expressão de PTEN total. (A) imunomarcação positiva e negativa, x200. (B) imunomarcação positiva e negativa, x100. (C) imunomarcação positiva, x100. (D) imunomarcação negativa, x100. 34 5.4 Caracterização da população Este estudo foi composto por 44 pacientes, com média de idade de 50 anos, dos quais 26 (59,1%) eram mulheres e 18 (40,9%) homens. Com relação às informações clínico-patológicas 13(86,7%) dos pacientes relataram dor ao diagnóstico, 15 (34,0%) apresentaram estádio precoce (I/II) e 29 (65,9%) estádio avançado (III/IV), 3 (7,1%) apresentaram metástase linfonodal ao diagnóstico e o padrão histológico mais comum foi o cribriforme 21 (47,7%). Entre as características de maior agressividade do tumor, a presença de invasão perineural foi observada em 38 (41,9%) dos casos e a invasão angiolinfática em 6 (14,0%). Margens cirúrgicas comprometidas foram observadas em 17 (39,5%) dos casos. A ressecção cirúrgica com intenção curativa foi realizada em 41 (93,2%) dos casos, dos quais 27 (61,4%) realizaram ressecção total da lesão, seguido de tratamento radioterápico adjuvante em 38 (86,4%) dos casos e apenas 1 (2,3%) caso de quimioterapia adjuvante. Durante a evolução clínica 25 (56,8%) dos pacientes não recidivaram localmente. Entretanto, 14 (31,8%) apresentaram recidiva, a recorrência loco-regional foi presente em 5 (11,4%) e a evidência de metástases à distância em 12 (27,3%) dos casos, sendo as topografias mais frequentes o pulmão 11 (25,0%) e ossos 2 (4,5%). No decorrer da evolução clínica, ocorreram 13 óbitos (29,5%) pela doença, entretanto, 7 pacientes (15,9%) permanecem vivos porém com doença em atividade e 24 pacientes (54,5%) tiveram remissão completa e estão vivos sem doença. 5.5 Caracterização topográfica Dos 44 casos avaliados, 25 se originaram em glândulas salivares menores (56,9%) e 19 (43,1%) ocorreram nas glândulas salivares maiores, sendo 11 dos 19 casos (57,9%) originados nas glândulas parótidas. 35 Tabela 1 - Dados demográficos, clínicos e histológicos dos portadores de carcinoma adenoide cístico (Hospital de Câncer de Barretos, 15.02.2014 a 14.03.2014). Variável Categoria Idade, mediana n (%) 46,44 (24,32-85,27) Sexo Feminino Masculino 26 18 59,1 40,9 Dor ao diagnóstico Não Sim 2 13 13,3 86,7 Estadiamento clínico I/II III/IV 15 29 34,0 65,9 Metástase linfonodal Ausente Presente 39 3 92,9 7,1 Padrão histológico de crescimento Tubular Cribriforme Sólido 17 21 6 38,6 47,7 13,6 Invasão perineural* Não Sim 24 18 55,8 41,9 Invasão angiolinfática* Não Sim 36 6 83,7 14,0 Tratamento primário Cirurgia Radioterapia Quimioterapia 41 3 1 93,2 6,8 2,3 Status de margem cirúrgica** Livre Comprometida 7 17 16,3 39,5 Tratamento adjuvante Radioterapia Quimioterapia 38 1 86,4 2,3 36 Tabela 2 - Dados clínicos de portadores de carcinoma adenoide cístico (Hospital de Câncer de Barretos, 15.02.2014 a 14.03.2014). Variável Categoria N (%) Ressecção cirúrgica Não realizada Total Parcial Ressecção não declarada 3 27 10 4 6,8 61,4 22,7 9,1 Radioterapia Não realizada Adjuvante Paliativa 3 38 3 6,8 86,4 6,8 Quimioterapia Não realizada Adjuvante Adjuvante concomitante à rxt Paliativa 38 1 86,4 2,3 4 1 9,1 2,3 Recidiva Não Sim Progressão 25 14 5 56,8 31,8 11,4 Recidiva local Não Sim 40 4 90,9 9,1 Recidiva regional Não Sim 43 1 97,7 2,3 Recidiva à distância Não Sim 32 12 72,7 27,3 Pulmão Fígado Pele Ossos Sistema nervoso central 11 1 1 2 1 25,0 2,3 2,3 4,5 2,3 Status vital Óbito por câncer Vivo com doença Vivo sem doença 13 7 24 29,5 15,9 54,5 Perda de seguimento Não Sim 37 7 84,1 15,9 Topografia das metástases à distância 37 Tabela 3 - Distribuição de sítios primários (n= 44). Categoria n (%) Glândulas salivares maiores Parótida Submandibular 19 11 8 43,2 57,9 42,1 Glândulas salivares menores Laringe Hipofaringe Base da língua (orofaringe) Assoalho da boca Lábio superior Boca Bochecha Palato mole (orofaringe) Retromolar Seios da face Cavidade nasal Fossa nasal Seio maxilar 25 1 1 2 3 1 2 1 3 2 5 2 1 1 56,9 4,0 4,0 8,0 12,0 4,0 8,0 4,0 12,0 8,0 20,0 8,0 4,0 4,0 5.6 Frequência de imunoexpressão dos marcadores Observamos a presença de imunoexpressão dos marcadores na frequência que segue: FGFR1 total, 35 casos (97,2%), PI3K total, 25 casos (75,7%), PI3K fosforilado, 17 casos (47,2%), AKT total 35 casos (79,5%), AKT fosforilado-nuclear, 23 casos (53,2%), AKT fosforilado-citoplasmática, 35 casos (79,5%), AKT fosforilado citoplasmática e nuclear, 23 casos (52,3%) e PTEN, 23 casos (71,8%). As frequências de imunoexpressão estão listadas na tabela 4. Não encontramos nenhuma associação estatística significativa entre a imunomarcação dos anticorpos FGFR1, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado-nuclear, AKT fosforilado-citoplasma, AKT fosforilado citoplasma e núcleo e PTEN, e as variáveis clínico patológicas e demográficas. 38 Tabela 4 - Frequência de imunoexpressão das proteínas na forma total e fosforilada em portadores de CAC. Anticorpos Categoria Negativo n (%) Positivo n (%) FGFR1 Total 1 (2,8%) 35 (97,2%) PI3K Total Fosforilado 8 (24,3%) 25 (75,7%) 19 (52,8%) 17 (47,2%) AKT Total nuclear fosforilado citoplasmática fosforilado citoplasmática e nuclear fosforilado 0 (0,0%) 14 (31,8) 2 (4,5%) 14 (31,8) 35 (79,5%) 23 (52,3%) 35 (79,5%) 23 (52,3%) PTEN Total 9 (28,2) 23 (71,8%) 39 Tabela 5 - Associação da imunoexpressão da proteína FGFR1 total com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). Variável Categoria Imunoexpressão FGFR1 total negativo n (%) FGFR1 total positivo n (%) 1 (2,8%) 35 (97,2%) p* Sexo Feminino Masculino 0 (0,0%) 1 (6,2%) 20 (100,0%) 0,444 15 (93,8%) Tabagista Não Sim 0 (0,0%) 1 (7,7%) 21 (100,0%) 0,382 12 (92,3%) Etilista Não Sim 0 (0,0%) 1 (10,0%) 23 (100,0%) 0,303 9 (90,0%) Glândulas salivares Menores Maiores 1 (4,5%) 0 (0,0%) 21 (95,5%) 1,000 14 (100,0%) Tubular Cribriforme Sólido 0 (0,0%) 1 (5,9%) 0 (0,0%) 14 (100,0%) 0,563 16 (94,1%) 5 (100,0%) I/II III/IV 0 (0,0%) 1 (4,0%) 11 (100,0%) 1,000 24 (96,0%) T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 0 (0,0) 1 (4,2%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 1 (2,9%) 0 (0,0%) 12 (100,0%) 1,000 23 (95,8%) 32 (97,0%) 1,000 2 (100%) 33 (97,1%) 1,000 2 (100,0%) Padrão de crescimento histológico Estadiamento clínico Estadiamento patológico Invasão perineural Invasão angiolínfatica Não Sim 19 (100,0%) 15 (100,0%) Não Sim 29 (100,0%) 5 (100,0%) *Teste exato de Fisher 40 Tabela 6 - Associação da imunoexpressão da proteína PI3K total com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=33). Variável Categoria Imunoexpressão PI3K total negativo n (%) PI3K total positivo n (%) 8 (24,3%) 25 (75,7%) p* Sexo Feminino Masculino 6 (30,0%) 2 (15,4%) 14 (70,0%) 11 (84,6%) 0,431 Tabagista Não Sim 5 (26,3%) 2 (16,7%) 14 (73,7%) 10 (83,3%) 0,676 Etilista Não Sim 5 (22,7%) 2 (25,0%) 17 (77,3%) 6 (75,0%) 1,000 Glândulas salivares Menores Maiores 4 (19,0%) 4 (33,3%) 17 (81,0%) 8 (66,7%) 0,420 Tubular Cribriforme Sólido 3 (23,1%) 5 (29,4%) 0 (0,0%) 10 (76,9%) 12 (70,6%) 3 (100,0%) 0,563 I/II III/IV 2 (16,7%) 6 (28,6%) 10 (83,3%) 15 (71,4%) 0,678 T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 2 (16,7%) 6 (28,6%) 7 (21,9%) 1 (100,0%) 8 (25,0%) 0 (0,0%) 10 (83,3%) 15 (71,4%) 25 (78,1%) 0 (0,0%) 24 (75,0%) 1 (100,0%) 0,678 Não Sim 4 (22,2%) 4 (28,6%) 14 (77,8%) 10 (71,4%) 0,703 Não Sim 6 (22,2%) 2 (40,0%) 21 (77,8%) 3 (60,0%) 0,578 Padrão de crescimento histológico Estadiamento clínico Estadiamento patológico Invasão perineural Invasão angiolínfatica *Teste exato de Fisher 0,242 1,000 41 Tabela 7 - Associação da imunoexpressão da proteína PI3K fosforilado com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). Variável Categoria Imunoexpressão PI3K fosforilado negativo n (%) PI3K fosforilado positivo n (%) 19 (52,8%) 17 (47,2%) p* Sexo Feminino Masculino 10 (50,0%) 9 (56,2%) 10 (50,0%) 7 (43,8%) 0,749 Tabagista Não Sim 10 (47,6%) 9 (69,2%) 11 (52,4%) 4 (30,8%) 0,296 Etilista Não Sim 13 (56,5%) 5 (50,0%) 10 (43,5%) 5 (50,0%) 1,000 Glândulas salivares Menores Maiores 12 (57,1%) 7 (46,7%) 9 (42,9%) 8 (53,3%) 0,736 Tubular Cribriforme Sólido 7 (46,7%) 9 (56,2%) 3 (60,0%) 8 (53,3%) 7 (43,8%) 2 (40,0%) 0,816 Estadiamento clínico I/II III/IV 6 (50,0%) 13 (54,2%) 6 (50,0%) 11 (45,8%) 1,000 Estadiamento patológico T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 6 (46,2%) 13 (56,5%) 18 (54,5%) 1 (50,0%) 18 (52,9%) 1 (50,0%) 7 (53,8%) 10 (43,5%) 15 (45,5%) 1 (50,0%) 16 (47,1%) 1 (50,0%) 0,730 Invasão perineural Não Sim 12 (63,2%) 6 (40,0%) 7 (36,8%) 9 (60,0%) 0,300 Invasão angiolinfática Não Sim 16 (55,2%) 2 (40,0%) 13 (44,8%) 3 (60,0%) 0,648 Padrão de crescimento histológico *Teste exato de Fisher 1,000 1,000 42 Tabela 8 - Associação da imunoexpressão da proteína AKT citoplasmática fosforilada com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=37). Variável Categoria Perfil de imunoexpressão AKT fosfo cito negativo n (%) AKT fosfo cito positivo n (%) 2 (4,5%) 35 (94,6%) p* Sexo Feminino Masculino 1 (5,0%) 1 (5,9%) 19 (95,0%) 16 (94,1%) 1,000 Tabagista Não Sim 1 (5,0%) 1 (7,1%) 19 (95,0%) 13 (92,9%) 1,000 Etilista Não Sim 1 (4,5%) 1 (9,1%) 21 (95,5%) 10 (90,9%) 1,000 Menores Maiores 2 (9,1%) 0 (0,0%) 20 (90,9%) 15 (100,0%) 0,505 Tubular Cribriforme Sólido 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (33,3%) 15 (100,0%) 16 (100,0%) 4 (66,7%) I/II III/IV 0 (0,0%) 2 (8,0%) 12 (100,0%) 23 (92,0%) 1,000 T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 0 (0,0%) 2 (8,3%) 1 (3,0%) 1 (33,3%) 2 (5,7%) 0 (0,0%) 13 (100,0%) 22 (91,7%) 32 (97,0%) 2 (66,7%) 33 (94,3%) 2 (100,0%) 0,532 Não Sim 2 (10,5%) 0 (0,0%) 17 (89,5%) 16 (100,0%) 0,489 Não Sim 2 (6,7%) 0 (0,0%) 28 (93,3%) 5 (100,0%) 1,000 Glândulas salivares Padrão de crescimento histológico Estadiamento clínico Estadiamento patológico Invasão perineural Invasão angiolínfatica 0,162 1,000 43 Tabela 9 - Associação da imunoexpressão proteína AKT nuclear fosforilada com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36). Variável Categoria Imunoexpressão AKT fosfo nuclear negativo n (%) AKT fosfo nuclear positivo n (%) 14 (37,8%) 23 (62,2%) p* Sexo Feminino Masculino 9 (45,0%) 5 (29,4) 11 (55,0%) 12 (70,6%) 0,498 Tabagista Não Sim 8 (40,0%) 4 (28,6%) 12 (60,0%) 10 (71,4%) 0,717 Etilista Não Sim 9 (40,9%) 3 (27,3) 13 (59,1%) 8 (72,7%) 0,703 Menores Maiores 9 (40,9%) 5 (33,3%) 13 (59,1%) 10 (66,7%) 0,738 Tubular Cribriforme Sólido 5 (33,3%) 5 (31,2%) 4 (66,7%) 10 (66,7%) 11 (68,8%) 2 (33,3%) 0,280 I/II III/IV 3 (25,0%) 11 (44,0%) 9 (75,0%) 14 (56,0%) 0,306 T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 3 (23,1%) 11 (45,8%) 12 (36,4%) 2 (66,7%) 14 (40,0%) 0 (0,0%) 10 (76,9%) 13 (54,2%) 21 (63,6%) 1 (33,3%) 21 (60,0%) 2 (100,0%) 0,288 8 (42,1%) 6 (37,5%) 11 (57,9%) 10 (62,5%) 1,000 12 (40,0%) 2 (40,0%) 18 (60,0%) 3 (60,0%) 1,000 Glândulas salivares Padrão de crescimento histológico Estadiamento clínico Estadiamento patológico Invasão perineural Não Sim Invasão angiolínfatica Não Sim 0,547 0,517 44 Tabela 10 - Associação da imunoexpressão proteína AKT citoplasmática e nuclear com variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=36) Variável Categoria Imunoexpressão AKT fosfo AKT fosfo (c+n) negativo (c+n) positivo n (%) n (%) 14 (37,8%) 23 (62,2%) p* Sexo Feminino Masculino 9 (45,0%) 5 (29,4%) 11 (55,0%) 12 (70,6%) 0,498 Tabagista Não Sim 8 (40%) 4 (28,6%) 12 (60%) 10 (71,4%) 0,717 Etilista Não Sim 9 (40,9) 3 (27,3%) 13 (59,1) 8 (72,7) 0,703 Glândulas salivares Menores Maiores 9 (40,9%) 5 (33,3) 13 (59,1%) 10 (66,7%) 0,738 Tubular Cribriforme Sólido 5 (33,3%) 5 (31,2%) 4 (66,7%) 10 (66,7%) 11 (68,8%) 2 (33,3%) 0,280 I/II III/IV 3 (25,0%) 11 (44,0%) 9 (75,0%) 14 (56,0%) 0,306 T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 3 (23,1%) 11 (45,8%) 12 (36,4%) 2 (66,7%) 14 (40,0%) 0 (0,0%) 10 (76,9%) 13 (54,2%) 21 (63,6%) 1 (33,3%) 21 (60,0%) 2 (100,0%) 0,288 Não Sim 8 (42,1%) 6 (37,5%) 11 (57,9%) 10 (62,5%) 1,000 Não Sim 12 (40,0%) 2 (40,0%) 18 (60,0%) 3 (60,0%) 1,000 Padrão de crescimento histológico Estadiamento clínico Estadiamento patológico Invasão perineural Invasão angiolínfatica *Teste exato de Fisher 0,547 0,517 45 Tabela 11 - Associação da imunoexpressão da proteína PTEN com as variáveis demográficas e clínico patológicas de pacientes com CAC (n=32). A Variável Categoria Imunoexpressão PTEN total negativo n (%) PTEN total positivo n (%) 9 (28,2%) 23 (71,8%) p* Sexo Feminino Masculino 5 (26,3%) 4 (30,8%) 14 (73,7%) 9 (69,2%) 1,000 Tabagista Não Sim 5 (26,3%) 3 (27,3%) 14 (73,7%) 8 (72,7%) 1,000 Etilista Não Sim 6 (28,6%) 2 (25,0%) 15 (71,4%) 6 (75,0%) 1,000 Glândulas salivares Menores Maiores 5 (26,3%) 4 (30,8%) 14 (73,7%) 9 (69,2%) 1,000 Tubular Cribriforme Sólido 2 (16,7%) 6 (37,5%) 1 (25,0%) 10 (83,3%) 10 (62,5%) 3 (75,0%) 0,474 Estadiamento clínico I/II III/IV 3 (27,3%) 6 (28,6%) 8 (72,7%) 15 (71,4%) 1,000 Estadiamento patológico T1/T2 T3/T4 N0 N+ M0 M1 4 (33,3%) 5 (25,0%) 8 (26,7%) 0 (0,0%) 7 (23,3%) 2 (100,0%) 8 (66,7%) 15 (75,0%) 22 (73,3%) 1 (100,0%) 23 (76,7%) 0 (0,0%) 0,696 Invasão perineural Não Sim 5 (31,2%) 4 (26,7%) 11 (68,8%) 11 (73,3%) 1,000 Invasão angiolínfatica Não Sim 7 (28,0%) 2 (33,3%) 18 (72,0%) 4 (66,7%) 1,000 Padrão de crescimento histológico 1,000 0,073 46 5.7 Análise de sobrevida livre de doença em portadores de CAC Foram consideradas durante a análise de sobrevida livre de doença e sobrevida global, as variáveis relacionadas às características clinico-patológicas apresentadas por 39 pacientes. Durante a análise 5 pacientes foram excluídos, dois por apresentarem metástase ao diagnóstico e três por apresentarem progressão da doença. Através da análise e comparação das curvas de sobrevida livre de doença (60 meses), foram identificadas 3 variáveis estatisticamente significativas: estadiamento clínico (p=0,026/Figura 20), estadiamento patológico T (p=0,026/Figura 21) e estadiamento patológico N (p=0,000/Figura 22). Entre os marcadores analisados, nenhum mostrou diferença significativa nas curvas de sobrevida. Figura 16 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o sexo. 47 Figura 17 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o tabagismo. Figura 18 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o etilismo. 48 Figura 19 - Curva de sobrevida livre de doença conforme a classificação topográfica. Figura 20 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o estadiamento clínico. 49 Figura 21 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o estadiamento patológico (pT). Figura 22 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o estadiamento patológico (pN). 50 Figura 23 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o status de margem cirúrgica. Figura 24 - Curva de sobrevida livre de doença conforme o padrão histológico de crescimento. 51 Figura 25 - Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína PI3K total. Figura 26 - Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína PI3K fosforilado. 52 Figura 27 - Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína nuclear AKT fosforilada. Figura 28 - Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão citoplasmática e nuclear da proteína AKT fosforilada. 53 Figura 29 - Curva de sobrevida livre de doença conforme imunoexpressão da proteína PTEN total. 5.8 Análises de sobrevida global As análises de comparações das curvas de sobrevida global (250 meses), evidenciaram 5 variáveis estatisticamente significativas : sexo (p=0,0230/Figura 30 ), etilismo (p=0,042/Figura 32 ), estadiamento clínico (p=0,003/Figura 34 ), estadiamento patológico T (p=0,003/Figura 35 ) e estadiamento patológico N (p=0,021/Figura 36 ). As análises das curvas de sobrevida global revelaram que as mulheres tiveram sobrevida maior que os homens (p=0,0230/Figura 30), os etilistas tiveram menor sobrevida global (p=0,0420/Figura 32 ), os pacientes com estádios clínicos menores (I/II) tiveram uma maior sobrevida quando comparados aos estádios avançados (III/IV) (p=0,003/Figura: 34 ), assim como os pacientes com presença de metástases linfonodais ao diagnóstico pN tiveram menor sobrevida global quando comparados com os pacientes sem metástase linfonodal (p=0,021/ Figura 36). O padrão de imunoexpressão de nenhum dos marcadores se mostrou estatisticamente significante na análise de sobrevida global 54 Figura 30 - Curva de sobrevida global conforme o sexo. Figura 31 - Curva de sobrevida global conforme o tabagismo. 55 Figura 32 - Curva de sobrevida global conforme o etilismo. Figura 33 - Curva de sobrevida global conforme a categorização topográfica. 56 Figura 34 - Curva de sobrevida global conforme o estadiamento clínico. Figura 35 - Curva de sobrevida global conforme o estadiamento patológico (pT). 57 Figura 36 - Curva de sobrevida global conforme o estadiamento patológico (pN). Figura 37 - Curva de sobrevida global conforme o padrão histológico de crescimento. 58 Figura 38 - Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão da proteína PI3K total. Figura 39 - Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão da proteína PI3K fosforilada. 59 Figura 40 - Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão nuclear da proteína AKT fosforilada. Figura 41 - Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão citoplasmática e nuclear da proteína AKT fosforilada. 60 Figura 42 - Curva de sobrevida global conforme imunoexpressão da proteína PTEN total. 61 6 DISCUSSÃO O CAC é um tumor extremamente desafiador para todos aqueles profissionais envolvidos desde seu diagnóstico até o seu tratamento. O desafio em lidar com este tumor se deve ao seu potencial de progressão que é lento, porém constante, cursando com baixas taxas de cura em longo prazo de seguimento. Em relação à prevalência nos gêneros, os dados são bastante controversos com publicações não relatando diferenças de frequências entre os sexos e algumas mais recentes mostrando discreta prevalência do sexo feminino, dados esses que vão de encontro com nossa casuística, onde 59,1% dos pacientes eram mulheres 19 63. Os fatores de risco ambientais para o desenvolvimento do CAC ainda permanecem desconhecidos, embora a literatura mostre uma frequência de aproximadamente 75% das neoplasias de cabeça e pescoço com desenvolvimento atribuído a combinação tabagismo e etilismo. Em nossa população 15 pacientes (34,1%) eram tabagistas, 12 (27,3%) eram etilistas, dos quais 10 também eram tabagistas. Na avaliação da sobrevida global destes pacientes, foi possível notar uma diminuição expressiva da sobrevida de pacientes etilistas quando comparada aos não etilistas(105 versus 194 meses). Esse achado pode ser explicado pelo pior estado físico que esses pacientes se encontram decorrente do hábito de fumar e/ou de beber, o que os torna mais susceptíveis a complicações mais severas do tratamento realizado 2 5. As glândulas salivares menores foram os sítios primários mais incidentes em 56,8% dos casos, assim como relatado por Dodd et al e Volker 14 64. Em relação à topografia isolada, a glândula parótida foi o sítio mais acometido, sendo responsável por abrigar 11 casos, correspondendo a 25% de todos os tumores e 57,9% dos tumores das glândulas salivares maiores. Bradley et al, van Weert et al e Papaspyrou et al relataram a parótida como o sítio mais frequente de CAC enquanto, Ko et al e Dodd et al reportam a glândula submandibular como o sítio mais frequente 12 16 20 14 63 . Em relação às glândulas salivares menores, a literatura é bastante variada em relação ao sítio mais frequente. Na série de Khan et al a orofaringe seguida da cavidade nasal foram os sítios mais frequentes31, Rapidis et al65 mostraram maior frequência no palato seguido pelo antro maxilar enquanto, em nossa casuística os seios da face foi a topografia mais acometida isoladamente. Esta topografia é reportada como indicativo de pior prognóstico entre os sítios de cabeça e pescoço 12. 62 Dodd14 durante um trabalho de revisão mostrou que os tumores em glândulas salivares maiores apresentam um melhor prognóstico que as glândulas salivares menores, pela facilidade na remoção cirúrgica completa destas glândulas infiltradas pela neoplasia. Não observamos associação estatística significativa entre o sítio primário em glândulas salivares maiores e menores e a sobrevida livre de doença e sobrevida global em relação para inferir em nossa casuística está categorização topográfica como fator determinante de melhor ou pior prognóstico. Embora alguns trabalhos mostrem que o sítio primário em seios da face confere um pior prognóstico pela complexidade anatômica e dificuldade de ressecção cirúrgica12, não encontramos tal associação com a sobrevida global e livre de doença . O que pudemos observar é que a radioterapia foi bastante eficiente em prevenir a recidiva local de grande parte dos casos de CAC até mesmo entre aqueles com margens comprometidas (9 casos) somente 2 apresentaram recidiva local. O que pode acontecer é que por se tratar de uma neoplasia rara as séries são bastante antigas e as técnicas de planejamento radioterápicas evoluíram, mostrando uma melhoria no controle local da doença. Composto por uma morfologia bastante heterogênea, definida por três padrões clássicos de crescimento a considerar tubular, cribriforme e sólido; o padrão cribriforme é relatado por van Weert e Ko et al como o mais comum assim como observado em nossa casuística16 63 . Quando comparamos o tempo de sobrevida livre de doença e global dos pacientes que apresentavam isoladamente estes três padrões de crescimento, com maior destaque para o padrão sólido inferido como preditor de pior prognóstico 16, que foi o subtipo menos frequente, representado por apenas 6 casos (13,6%), ficou evidente na curva o menor tempo de sobrevida apresentado por 13,6% dos pacientes embora, não tenha resultado em significância estatística significativa pelo baixo número de pacientes incluídos com este subtipo histológico. Além da graduação histológica, foi importante a caracterização da presença de invasão perineural e angiolinfática, uma vez que estas variáveis classicamente estão associadas a comportamentos biológicos de maior agressividade, e são associados a maior frequência de metástases regionais em carcinomas. Nos CAC a invasão perineural é um achado histológico bastante frequente que até auxilia o patologista na classificação do tumor como CAC e a infiltração angiolinfática não é um achado muito frequente. Embora saibamos que esses tumores não costumam metastatizar em linfonodos regionais, a 63 metástase ganglionar quando presente é associada à presença de metástase à distância, e menor sobrevida global63. Na nossa casuística observamos invasão angiolinfática em 6 pacientes (14%) e invasão perineural em 18 pacientes (41,9%). Entre os pacientes que apresentaram margens cirúrgicas comprometidas (39,5%), apenas 2 pacientes recidivaram, e nestes casos a recidiva à distância foi no pulmão, mais uma vez, mostrando o importante papel da radioterapia no controle local da doença. Ao estadiamento clínico, 65,9% das lesões foram classificadas como avançadas (III/IV), mostrando que assim como em quase todas as neoplasias atendidas em nosso Hospital, à maioria dos pacientes tem um diagnóstico tardio por motivos que vão desde a falta de acesso ao sistema de saúde à baixa escolaridade. Houve recorrência de doença (local, regional e à distância) em 14 pacientes, dos quais em 7 a recorrência ocorreu em até 5 anos e nos outros 7 pacientes (50%) a recorrência ocorreu em mais de 60 meses, sendo que a recorrência mais tardia ocorreu em 134 meses após o diagnóstico, este tempo encontra-se de acordo com a literatura, por se tratar de um tumor indolente, no qual as recorrências ocorrem aproximadamente entre o quinto e décimo ano pós tratamento. Por isso, diferente da maioria dos pacientes com câncer, o tempo de seguimento tem que ser muito longo e não devemos falar em “cura” para esses doentes. Em nossa casuística o tempo de seguimento variou de 7 a 215 meses, com uma média de 59 meses e uma mediana de 50 meses, o que consideramos um bom tempo de seguimento haja visto que em 50 meses pudemos detectar aproximadamente 60% das recorrências. O tratamento frequentemente realizado em portadores de CAC é a cirurgia seguida de radioterapia adjuvante 16 31 . Conforme observado em nossa casuística, a ressecção cirúrgica foi realizada em 93,2% dos casos e a radioterapia adjuvante em 86,4% destes, apesar de não definido como um tratamento standart para o CAC ainda é o mais eficiente e comumente escolhido como terapêutica de escolha. Em nossos pacientes, a eficiência desta combinação (ressecção + radioterapia) ficou evidente ao notar a baixa frequência de casos que recidivaram (31,8%), sendo que destas apenas 11,4% dos casos recidivaram em sítios locoregionais ressaltando a qualidade do tratamento cirúrgico disponibilizado a estes pacientes. Entre os pacientes que fizeram metástases à distância, o sítio mais frequente e já descrito por Papaspyrou e van Weert foi o pulmão seguido dos ossos 20 16. 64 Papaspyrou et al66 mostraram em um trabalho de revisão sobre artigos que utilizou a quimioterapia isoladamente para o tratamento de pacientes com CAC utilizando drogas clássicas, terapias-alvo dirigidas ou combinações de ambas, a ausência de respostas completas e até mesmo ausência de resposta nos CACs. Na presente casuística 86,4% dos pacientes não foram tratados com quimioterapia e mesmo assim conseguimos uma alta taxa de controle local da neoplasia, observando recidiva local em apenas 4 pacientes. Vale ressaltar que mesmo a quimioterapia tendo um efeito sistêmico, nenhum trabalho até o momento comprovou a eficácia do método par ao tratamento desses tumores. Esse tópico é tem que ser vastamente estudado, para que possamos além do controle local com a radioterapia melhorar o controle da doença metastática e consequentemente a sobrevida desses pacientes. O processo de início da carcinogênese decorre de alterações constantes em proteínas e vias de sinalização que desempenham funções chaves relacionadas ao processo celular, estas proteínas encontram-se circulantes em níveis basais durante a homeostasia e podem se apresentar completamente desreguladas durante o câncer. A partir destas constatações teve-se início uma busca constante e crescente por biomarcadores moleculares preditivos de resposta frente ao diagnóstico e direcionamento para condutas diagnósticas e terapêuticas. Vara et al55 mostrou a importância de identificar alterações em PI3K/AKT que estão diretamente envolvidos com diversos tipos de neoplasias sendo portanto, preditores a biomarcador diagnóstico e implicado como alvo específico de drogas anti-neoplásicas, e também relatados como potencias alvos de resistência e resposta aos tratamentos de escolha. Assim, com o auxílio da técnica imunohistoquímica foi possível caracterizar a frequência de imunoexpressão das proteínas FGFR1, PI3K, AKT e PTEN em peças e biópsias tumorais de portadores de CAC. A proteína FGFR1 na sua forma total foi expressa por 97,2% dos casos conforme reportado no website da Adenoid Cystic Foundation45, a qual também é reportado que FGFR1 é superexpresso, assim como sua forma fosforilada na maioria dos CAC, sem citar porcentagem ou referência. Corroborando com os dados do site previamente citado, Frierson e Moskaluk34, num comentário sobre o artigo de Stephens et al33 sobre “Whole exome sequencing of adenoid cystic carcionoma” também referem que seu grupo encontrou aumento da expressão e ativação de FGFR1 em muitos casos, quando comparados com o tecido normal da glândula salivar onde originou o tumor, mais uma vez 65 também não reportou a porcentagem numérica desse aumento da expressão e ativação frequente desta proteína nos CACs. Estudos recentes demonstram que a proteína PI3K pode controlar múltiplas vias de sinalização celular, está diretamente relacionado com a carcinogênese e pode ser ativada pelos RTKs, no entanto, em CAC de cabeça e pescoço a sua frequência de expressão até o presente não foi estabelecida. Em nossa casuística verificamos sua imunoexpressão na forma total em 25 (75,8%) dos 33 casos que foram passíveis de avaliação e na forma fosforilada em 16 (44,5%) dos 36 casos com avaliação válida. A imunomarcação citoplasmática para a forma fosforilada da proteína AKT (p-AKT) foi positiva em 35 das 37 amostras avaliadas (94,6%), e em 23 das 35 amostras (65,7%) positivas para p-AKT também observamos imunomarcação nuclear. Das 35 amostras que pudemos ter a avaliação de FGFR1, PI3K fosforilado e AKT fosforilado, 16 (45,7%) foram positivas para todos os marcadores, resultado esse que demonstra a importância dessa via FGFR1/PI3K/AKT no CAC. Esse achado nos faz refletir sobre a presença de existência de outra(s) via(s) que podem ser ativadas pelo FGFR1 que culminam com a fosforilação de AKT. Também podemos levar em consideração a dificuldade de trabalhar com anticorpos fosforilados em material parafinado e se considerarmos a via ativa através da expressão das proteínas FGFR1, PI3K e AKT nas suas formas totais, dos 30 casos com avaliação válida para os 3 marcadores, 23 (76,6%) tiveram co-expressão de todos os marcadores, resultado esse que de uma maneira mais significativa ainda ressalta a alta frequência da ativação de AKT através do FGFR1 e do PI3K. Em relação às proteínas FGFR1 e PI3K a literatura é quase que completamente desprovida de informação que nos permitam tecer comparações, excetuando o comentário publicado por Frierson e Moskaluk34 que refere que FGFR1 é expresso e ativo em muitos casos de CAC. A presença de fosforilação de AKT foi reportada por Lima et al67 nos 22 CACs estudados (100%) e por Volker et al64 em 18 dos 29 casos de CAC estudados (62%). Segundo Vara et al55 e Carnero et al57 a via PI3K/AKT é citada frequentemente em diversas neoplasias, no entanto, em CAC não encontramos trabalhos avaliando a co-ativação de PI3K e de AKT, o que gerou um questionamento sobre a importância de caracterização dessa via, que atualmente é estudada como alvo terapêutico em várias neoplasias. Mesmo sem ter realizado ensaios funcionais através da frequente expressão dessas proteínas podemos inferir que esta via é constitutivamente ativa em grande parte dos casos de CAC 66 avaliados. No entanto, torna-se necessária a validação da expressão das proteínas por metodologias que comprovem a atividade da proteína bem como sua fosforilação no sítio alvo. O PTEN é tido como o principal inibidor de PI3K/AKT, entretanto na presente casuística observamos a ausência de imunoexpressão de PTEN associada à presença de imunoexpressão de PI3K fosforilada em 10 dos 30 casos (33,3%) que tiveram válidas as avaliações dos dois marcadores, achado esse que está de acordo com o esperado, uma vez que com a ausência de expressão de PTEN, ocorre um aumento da síntese de PI3K e consequente fosforilação da mesma, entretanto não conseguimos explicar a presença de coexpressão de PTEN e PI3K fosforilado em 13 dos 30 casos (43%), que pode ser decorrente de outras alterações moleculares ou citogenéticas, como a perda de somente um dos alelos ou microdeleções do gene PTEN que fazem com que não haja perda de expressão da proteína, mas cursa com redução da sua função e promove uma maior ativação de PI3K, como ocorre nos carcinomas de próstata, conferindo pior prognóstico aos mesmos 55 57 68. A ausência de associação dos marcadores pesquisados com as variáveis demográficas e clínico patológicas pode ser decorrente da frequente expressão desses marcadores nos CACs e devido ao pequeno número de casos estudados. A sobrevida livre de doença em portadores de CAC em 5 anos é bastante otimista sendo descrita em torno 67% a 73%17. Em nossa casuística, ao associar os preditores mais importantes como o estadiamento clínico, estadio patológico T e o status N, verificamos relação direta entre estes preditores e a redução do tempo de sobrevida. Os pacientes com estadios I e II a estimativa de sobrevida livre de doença foi de até 106,7 meses enquanto nos pacientes com estadios III e IV o tempo estimado foi de 65,7 meses. As estimativas são exatamente as mesmas quando levamos em consideração o estadio patológico, pois em quase todos os pacientes o estadiamento clínico foi semelhante ao estadiamento patológico. Quando a sobrevida livre de doença é estimada de acordo com o status linfonodal, os pacientes sem metástase ganglionar tiveram o tempo estimado foi de 93,1 meses comparado aos pacientes com presença de metástase ganglionar, que tiveram tempo de sobrevida de 25,3 meses. O conjunto desses achados corrobora para que consideremos essa casuística bem estudada e com consistência dos dados. Outro ponto fundamental é que a metástase ganglionar regional é um evento bastante infrequente em CACs, somente observada em 3 dos 44 casos (6,8%), mas é um achado associado a maior 67 agressividade da doença e está associado a menor sobrevida livre de doença e global, tendo os 3 pacientes desenvolvido metástase pulmonar. Também nos chamou atenção que 2 tumores eram grau 1 (tubular) e 1 era sólido, que é a variante considerada mais agressiva na literatura. A presença de metástase ganglionar associada a uma menor sobrevida é um dado extremamente escasso na literatura, mas vai de encontro aos achados de Ko et al que observaram que a presença de metástase ganglionar foi o único preditor independente de pior sobrevida global na análise multivariada63. Em relação à sobrevida global, além das variáveis que influenciaram a sobrevida livre de doença (estadiamento clínico, estadiamento patológico T e o status linfonodal N) encontramos maior sobrevida nos pacientes do sexo feminino e naqueles pacientes não etilistas. Em relação ao sexo, a maior sobrevida de pacientes do sexo feminino é um achado reportado por Ellington et al28 e Lloyd et al69, e que colocam que não é claro esse achado, mas que possa haver influência hormonal e que as mulheres têm tendência a aderir melhor ao tratamento que os homens. Já a menor sobrevida global conferida aos etilistas pode ser justificada pelas próprias consequências físicas causadas pelo abuso crônico do álcool. 68 7 CONCLUSÕES 1. Na presente série de CAC observamos a presença de imunoexpressão de FGFR1 total em 35 casos (97,2%), PI3K total em 25 casos (75,7%), PI3K fosforilado em 17 casos (47,2%), AKT total em 35 casos (79,5%), AKT fosforilado em 35 casos (94,6%) e PTEN em 23 casos (71,8%). 2. Não observamos associação entre a imunoexpressão dos marcadores FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total com nenhum parâmetro clínico-patológico estudado. 3. Não observamos associação entre a imunoexpressão dos marcadores FGFR1 total, PI3K total, PI3K fosforilado, AKT total, AKT fosforilado e PTEN total com a sobrevida global e sobrevida livre de doença. 4. O estadiamento clínico mais avançado, o maior estadio patológico (pT) e a presença de metástase linfonodal foram associados à menor sobrevida livre de doença e menor sobrevida global nos portadores de CAC. Ainda na sobrevida global, o sexo masculino e o etilismo foram fatores associados à menor sobrevida. 69 8 PERSPECTIVAS Com os interessantes achados que tivemos nesse trabalho, iremos avaliar em amostras de CAC congeladas no Banco de Tumores de nossa Instituição, o perfil de proteínas fosforiladas através da técnica de fosfo arrays. Esses resultados servirão para validarmos nossos achados e também para que através de novos marcadores imuno-histoquímicos possamos validar os achados dos resultados dos fosfo arrays, continuando assim a tentar elucidar as vias de ativação de tirosinas cinases nos CACs. 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Silveira A, Goncalves J, Sequeira T, Ribeiro C, Lopes C, Monteiro E, et al. 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AVALIAÇÃO DA VIA DE SINALIZAÇÃO FGFR1/PI3K/AKT EM CARCINOMAS ADENOIDES CÍSTICOS - Mestrado (Maicon Zanon) IDENTIFICAÇÃO 1 Nome 2 Registro Hospitalar 3 Data de nascimento 4 5 6 DD/MM/AAAA Sexo 1- Feminino; 2- Masculino Tabagista 0- Não; 1- Sim, atual; 2- Sim, passado, 3- Sim, não especificado 99- Ignorado Etilista 0- Não; 1- Sim, atual; 2- Sim, passado, 3- Sim, não especificado 99- Ignorado DADOS CLÍNICOS Data do diagnóstico 7 DD/MM/AAAA Local do tumor 1- 8 9 10 Glândulas salivares maiores; 2- Glândulas salivares menores; 3- Outras glândulas da cavidade oral; 4- Faringe; 5- Laringe; 6- Seios da face; 7- Outra localidade _______________ Dor no momento do diagnóstico 0- Não; 1- Sim; 99- Ignorado Estadiamento clínico 1- I; 2- II; 3- III; 4- IV TRATAMENTO Data da cirurgia 11 DD/MM/AAAA 12 13 Tipo de cirurgia 1- Total; 2- Parcial Radioterapia 0- Não; 1- Sim, adjuvante; 2- Sim, paliativa 14 Data de início da radioterapia 15 Data do término da radioterapia 16 DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA Quimioterapia 0- Não; 1- Sim, adjuvante; 2- Sim, adjuvante concomitante à Rxt; 3- Sim, paliativa 17 Data de início da quimioterapia 18 Data do término da quimioterapia 19 DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA Número de linhas (Quimioterapia) 1- 1; 2- 2; 3- ≥3; 99- Ignorado ANATOMO-PATOLÓGICO Tamanho do tumor 20 Cm 21 22 Invasão perineural 0- Não; 1- Sim; 99- Ignorado Invasão angiolinfática 77 0- Não; 1- Sim; 99- Ignorado 23 24 25 26 27 28 29 30 Margens 1- Livres; 2- Exiguas; 3- Comprometidas; 99- Ignorado Extravasamento capsular 0- Não; 1- Sim; 99- Ignorado Padrão de crescimento 1- Cribriforme; 2- Tubular; 3- Sólido; 99- Ignorado Nº de linfonodos dissecados Nº de linfonodos positivos Estadiamento patológico - T 1- T1; 2- T2; 3- T3; 4- T4 Estadiamento patológico - N 0- N0; 1- N1; 2- N2; 3- N3; 88- Não se aplica (não dissecou o pescoço) Estadiamento patológico – M 0- M0; 1- M1 SEGUIMENTO Recidiva 32 0- Não; 1- Sim 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 31 Data do primeiro diagnóstico de recidiva DD/MM/AAAA Recidiva local 0- Não; 1- Sim Recidiva regional 0- Não; 1- Sim Recidiva à distância 0- Não; 1- Sim Local da recidiva à distância – Pulmão 0- Não; 1- Sim Local da recidiva à distância – Rins 0- Não; 1- Sim Local da recidiva à distância – Ossos 0- Não; 1- Sim Local da recidiva à distância – Outros Descrever Status 0- Óbito por câncer; 1- Óbito por outras causas; 2- Vivo com doença; 3- Vivo sem doença Data da última informação ou óbito DD/MM/AAAA Perda de seguimento (2x o tempo do retorno sem informação) 0- Não; 1- Sim Estadiamento patológico 1- I; 2- II; 3- III; 4- IV; 88- Não se aplica (não dissecou o pescoço) 78 79 Anexo B: Carta de Aprovação do CEP. 80