1 Universidade de Brasília Departamento de Economia Disciplina: Macroeconomia I Professor: Carlos Alberto Período: 2/03 Provão Questões 1. Imagine o seguinte modelo macroeconômico: (1) Y = Yd + T (1) Yd = C (Yd) + G – T Onde: Y = nível de renda; T = impostos; Yd = renda disponível; C = consumo (que é uma função da renda disponível); G = gasto autônomo; d C / d Yd = propensão marginal a consumir, que é positiva e está entre zero e um. Determine o multiplicador dY / dT (ou seja, o impacto de uma mudança nos impostos sobre o nível de renda. Indique o sinal (positivo, negativo ou zero) desse multiplicador. (Esta questão vale um ponto) Resposta: Derivando totalmente (1) e (2) com respeito a T temos que: (1´) d Y / d T = d Yd / dT + 1; (2´) d Yd / d T = ( dC / d Yd ) (d Yd / dT) –1 De (2´) temos que: dYd / d T = - ( 1/ 1-c), onde c = propensão marginal a consumir ou d C / d Yd. Substituindo essa expressão em (1´), temos que d Yd / dT = -c / (1 –c). Como 0<c<1, o multiplicador é negativo, como era de se esperar. 2. Imagine que a produção de uma economia está dada por: Q=4LK (onde Q = produção; L = trabalhadores; K = capital) 2 A demanda de trabalho vem dada pela seguinte função: L d = 60 – 2 (w/p); ( onde L d = demanda de trabalho; w = salário nominal e p = preços); Suponha que o nível de preços dessa economia é de 1 ( p = 1), e não muda (a inflação é zero). O estoque de capital é de 3 ( K = 3). A oferta de trabalho é dada pela seguinte função: L s = 3 (w/p). a) Determine a situação inicial: demanda de trabalho; oferta de trabalho e produção; b) suponha, agora, que os sindicatos, depois de uma dura greve, conseguem fixar um salário real de 15. Devido à deterioração econômica/política dessa greve, observa-se uma queda da demanda agregada e os empresários só podem colocar 240 unidades do produto (de Q). Nessa nova situação, determine o total de desempregados e estabeleça que parte pode ser caracterizada como desemprego keynesiano e que parte como desemprego clássico. (A questão (a) vale um ponto e a questão (b) dois pontos) Resposta: a) Na situação inicial, a oferta de trabalho coincide com a demanda (não se tem desemprego) e a quantidade de trabalhadores é de 36. O nível de produto é de 432 unidades; b) Dado que os sindicatos conseguem um salário real de 15, a demanda de trabalho será de 30 trabalhadores e a oferta de trabalho de 45. Aí já temos um desemprego de 15. Contudo, As firmas só podem vender 240 unidades e, para essa produção, são necessários 20 assalariados ( 240 = 12 * L). Assim, a firma não vai contratar 30 pessoas, senão 20. Dessa forma, 10 trabalhadores estarão desempregados por insuficiência de demanda agregada ou desemprego keynesiano (30 – 20) e 15 por um salário real muito elevado ((45 – 30). O desemprego total (25) estará composto por uma parte clássica (15) e por outra parte keynesiana (10). 3. Na literatura, se conhece como efeito crowding-out o deslocamento do setor privado (consumo, investimento, vendas externas, etc.) devido a uma expansão do gasto público. Analise o efeito crowding-out em um país pequeno, com perfeita mobilidade de capital e taxas de câmbio flexíveis. (Esta questão vale dois pontos) 3 Resposta: O efeito crowding-out é total, dado que uma expansão do gasto público desloca a IS para a direita, o que faz com que as taxas de juros se situem sobre as internacionais, redundando em apreciação da taxa de câmbio, queda das vendas nos mercados internacionais e retorno da IS ao ponto de interseção entre a LM e a BP. Como a IS está no lugar inicial com aumento do gasto público, o corolário lógico é um deslocamento total de setor privado pelo aumento do gasto público. 4. Analise o efeito crowing-out em um país pequeno, com taxas de câmbio fixo e mobilidade perfeita de capitais. (Esta questão vale dois pontos) Resposta: A política fiscal recupera a sua efetividade, dado que as taxas de juros não são alteradas. Com efeito, um deslocamento para a direita da curva IS devido a um crescimento dos gastos públicos gera um nível de taxas de juros superior ao internacional. Dada a hipótese de câmbio fixo, as maiores taxas de juros provocam um deslocamento da curva LM até o ponto de interseção entre a nova IS e a BP. Ou seja, temos um aumento do nível de renda, justamente, porque o gasto público não deslocou a gasto privado, como era no caso da questão anterior, onde o câmbio era flexível. 5. Imagine uma economia pequena, com taxas de câmbio flexíveis e perfeita mobilidade de capital. Dada uma posição inicial de equilíbrio interno e externo, que impacto teria se o governo implementasse uma expansão da oferta de moeda. (Esta questão vale um ponto, utilize um gráfico para complementar seu raciocínio) Resposta: Uma elevação da oferta de moeda desloca a curva LM para a direita. A nova taxa de juros será inferior à internacional e, dada a hipótese de câmbio flexível, esse fato gerará uma desvalorização da moeda local. Assim, a curva IS se deslocará até o ponto no qual faça interseção com a nova LM e a BP. 6. Diante de um choque de oferta negativo, o governo aplica uma política monetário-fiscal restritiva. Qual das seguintes afirmações é correta (só uma é correta): a) b) c) d) Resposta: d Aumenta o emprego mas também aumenta a inflação; O desemprego não se reduz e aumenta a inflação; Aumenta a produção e o emprego; Aumenta o desemprego mas a inflação fica sob controle.