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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE GEOGRAFIA
JUCÉLIA GUIDARINI FERRO
EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO URBANA DO BAIRRO RIO MAINA NO
MUNICÍPIO DE CRICIÚMA/SC: PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
DO USO DA TERRA URBANA
CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010
ii
JUCÉLIA GUIDARINI FERRO
EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO URBANA DO BAIRRO RIO MAINA NO
MUNICÍPIO DE CRICIÚMA/SC: PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
DO USO DA TERRA URBANA
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado
para obtenção do grau de Bacharelado no
curso de Geografia da Universidade do
Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha
de Pesquisa em sociedade, ambiente e
desenvolvimento.
Orientador: Prof. MSc. Maurício Pamplona
CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010
iv
Dedico esse trabalho ao meu amor Antonio
Augusto Boeing.
v
AGRADECIMENTOS
Á DEUS, por me iluminar para que conseguisse conquistar mais uma
etapa na minha caminhada, por sempre estar presente na minha vida me dando
forças para superar os obstáculos encontrados.
A minha família, por me ensinarem a não desistir dos meus sonhos e me
apoiarem nas minhas decisões. Em especial a minha mãe Zelinda Guidarini Ferro e
minha irmã Francieli Guidarini Ferro, que souberam compreender as minhas
ausências.
Ao meu amor Antonio Augusto Boeing, por ser tão atencioso,
compreensivo e por ter me incentivado a não desistir deste meu sonho.
Aos professores do curso de Geografia pelos ensinamentos que me
passaram. Em especial ao professor Maurício Pamplona pela orientação e
contribuição com a elaboração dos mapas. E as professoras Rose Maria Adami,
Yasmine de Moura da Cunha e Edna Lindaura Luiz pelo exemplo e dedicação ao
curso de Geografia.
Aos meus colegas de curso pelo companheirismo e por todos os
momentos inesquecíveis que compartilhamos, principalmente nas saídas à campo.
Aos meus colegas do Projeto Piava Sul e a Andréia, pela compreensão
que tiveram comigo principalmente nos momentos finais desse trabalho e sempre
esteveram dispostos a me ouvir e me ajudar.
Ao Sr. Augusto Colombo, a Sra. Diva Maccarini Scotti, o Sr. Flávio Ronchi
e a Sra. Solange Scotti pelas informações cedidas.
Ao Sr. Arlindo Pizzolo, funcionário da Intendência do Distrito do Rio
Maina, pelas informações e materiais cedidos.
A todos que contribuiram direta e indiretamente para a elaboração desse
trabalho.
vi
“Conhecer é ver a analisar as paisagens,
entender os modos de vida, compartilhar
das esperanças e angústias das regiões
visitadas, é incorporar-se a um pedaço do
solo e a um grupo de homens, e tornar-se
assim
mais
largamente
humano,
compreender melhor o duro trabalho do
homem sobre a terra.”
Pierre Deffontaines
vii
RESUMO
A alteração do uso da terra urbana pelas ações antrópicas está entre os assuntos
mais discutidos na atualidade e este trabalho aborda a evolução do uso da terra
urbana que ocorreu no bairro Rio Maina. O objetivo deste trabalho é analisar como
aconteceu a evolução do uso da terra urbana e para isso serão observados os
vetores de crescimento e os fatores sociais e econômicos que influenciaram no
processo de evolução do uso da terra. Não existem estudos sobre esse tema nesta
área e considerando que ela passa por um intenso processo de crescimento urbano,
é importante que se tenha estudos sobre a evolução do uso da terra para que se
possa compreender como, quando e o que influenciou no seu desenvolvimento. O
estudo se desenvolveu por meio de levantamento bibliográfico, pesquisa em campo
e análise de mapas. A evolução do uso da terra aconteceu de maneira linear ao
longo da Avenida dos Imigrantes e com a criação dos loteamentos essa evolução se
expandiu para áreas periféricas.
Palavras-chave: Cidade e urbano. Produção do espaço urbano. Evolução urbana.
Uso da terra urbana.
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Localização do Bairro Rio Maina no Município de Criciúma/SC........
14
Figura 2 – Carta do Bairro Rio Maina..................................................................
15
Figura 3 – Carta da Evolução Urbana no Bairro Rio Maina entre 1957 e 2007..
20
Figura 4 – Recorte da foto aérea n°3374 do vôo aerofotogramétrico de 1957
21
Figura 5 – Foto da localidade de Rio Maina por volta de 1940, no sentido NOSE........................................................................................................................
22
Figura 6 – Foto da localidade de Rio Maina em meados de 1940, na direção
SE-N....................................................................................................................
22
Figura 7 – Recorte da foto aérea n°22533 do vôo aerofotogramétrico de 1978
25
Figura 8 – Carta dos loteamentos construídos no Bairro Rio Maina entre 19642007.....................................................................................................................
26
Figura 9 – Imagem Google Earth da área urbanizada atual................................
29
Figura 10 – Foto de 1990 da área central do bairro Rio Maina no sentido E-W..
30
Figura 11 – Foto de 1990 da área central do Bairro Rio Maina, na direção NOSE........................................................................................................................
31
Figura 12 – Carta das áreas loteadas no Bairro Rio Maina 2007........................
32
Figura 13 – Carta do Uso da Terra do Bairro Rio Maina 2007............................
34
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Evolução da população do Distrito do Rio Maina...............................
17
Tabela 2 – Loteamentos no Bairro Rio Maina entre 1964-73...............................
24
Tabela 3 – Loteamentos no Bairro Rio Maina entre 1979-87...............................
28
Tabela 4 – Relação entre área loteada e não-loteada no Bairro Rio Maina........
33
Tabela 5 – Uso da terra urbana no Bairro Rio Maina...........................................
35
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Av.
Avenida
Cia.
Companhia
CODESC
Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina
EFDTC
Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPAT
Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas
R.
Rua
SCAN
Sociedade Criciumense de Auxílio aos Necessitados
xi
SUMÁRIO
Agradecimentos..................................................................................................
v
Resumo................................................................................................................
vii
Listra de ilustrações...........................................................................................
viii
Lista de tabelas...................................................................................................
ix
Lista de abreviatura e siglas..............................................................................
x
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................
1
2 ESPAÇO URBANO...........................................................................................
2
2.1 Cidade e o urbano........................................................................................
2
2.2 Produção e reprodução do espaço urbano...............................................
8
3 METODOLOGIA................................................................................................
11
4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................................
12
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS..................................................
16
5.1 Evolução do uso da terra no bairro Rio Maina..........................................
18
5.2 Uso da terra no bairro Rio Maina................................................................
18
5.3 Uso da terra no bairro Rio Maina até 1957................................................
23
5.4 Uso da terra no bairro Rio Maina entre 1978 e 2007.................................
27
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................
36
7 REFERÊNCIAS.................................................................................................
38
1
1 INTRODUÇÃO
A intensificação do uso da terra urbana pelas ações antrópicas, como por
exemplo, o processo de urbanização e expansão das atividades econômicas,
permeia um dos assuntos mais discutidos na atualidade. Na cidade de Criciúma
esse processo aconteceu de maneira desordenada, sem planejamento e ocasionou
problemas sociais e ambientais. No bairro do Rio Maina, que está localizado a oeste
da cidade de Criciúma, não foi diferente.
O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre a evolução do uso da
terra urbana no bairro do Rio Maina, a partir de aerofotos de 1957 e 1978 na escala
de 1:25.000 e das Cartas Temáticas de 2005 na escala de 1:25.000 e de 2007 na
escala de 1:50.000 e 1:15.000. Serão realizados alguns estudos para analisar a
evolução do uso da terra urbana, identificar os vetores de crescimento, analisar a
acessibilidade à área de estudo, identificar os agentes produtores do espaço urbano,
identificar os fatores sociais e econômicos no processo de crescimento urbano e
identificar o uso da terra atual.
Este estudo é importante, pois visa contribuir ao estudo da geografia
urbana do município de Criciúma por meio do estudo do bairro do Rio Maina que se
constitui numa parte da sua mancha urbana. Possui grande parte de sua área
ocupada por residências, comércios e indústrias.
De acordo com Carlos (1994), ao ocupar um lugar no espaço, o homem o
produz e realiza ações que modificam e transformam o uso da terra urbana em que
está inserido. Essas modificações são realizadas por meio de suas atividades diárias
e da utilização deste espaço num momento específico.
O bairro do Rio Maina se desenvolveu significativamente, e alguns dos
fatores econômicos que influenciaram na sua ocupação urbana e no crescimento
populacional foi a exploração carbonífera que teve início em meados de 1915,
devido à ocorrência de camadas de carvão mineral.
2
2 O ESPAÇO URBANO
Para Corrêa (2000), o espaço urbano é formado por um conjunto de
diferentes usos da terra que estão interligados. Esses usos definem algumas áreas
como as de atividades comerciais, industriais, o centro da cidade, residenciais, lazer,
expansão, etc. Ao mesmo tempo em que o espaço urbano é fragmentado é também
articulado, pois cada uma de suas partes mantém relações espaciais com as
demais. O espaço urbano é um produto social, resultado de ações acumuladas
através do tempo, e geradas por agentes que produzem e consomem espaço.
2.1 A Cidade e o urbanao
A cidade é o resultado da interação das ações antrópicas no meio físico
transformada num ambiente urbanizado, mas que no seu desenvolvimento ainda
está sobre a influência das práticas sócio-espaciais. Estas relações e interações lhe
dão forma e conteúdo (CARLOS, 2007, p. 19), que em última análise resultam no
que deve-se entender por espaço urbano. Neste conjunto é preciso fazer a distinção
entre os termos “cidade” e “urbano”. Santos (2002) dá-nos essa idéia, pois afirma
que a cidade é a parte física deste espaço ou a parte construída e o urbano são as
relações entre as suas partes, ou a imaterialidade.
Da mesma forma, Carlos (2007) referencia na sua tese de doutorado “A
reprodução do espaço urbano: o caso de Cotia” que “o espaço urbano apresenta um
sentido profundo, pois se revela condição, meio e produto da ação humana – pelo
uso – ao longo do tempo” (Carlos 1992 apud Carlos, 2007, p. 11). É a ação humana
que cria e transforma o espaço urbano no qual o homem esta inserido.
Também para Beaujer-Garnier (1997, p. 31), o espaço urbano é a
“projecção de uma sociedade num quadro físico, ou seja, a relação com os bens
naturais”. Este espaço resulta das relações entre o meio físico e a ação humana,
que é diretamente responsável pelo nascimento e desenvolvimento urbano.
Corrêa (1995) afirma que o espaço urbano é fragmentado e articulado,
pois cada uma de suas partes mantém relações espaciais com as demais. É um
3
produto social, resultado de ações acumuladas através do tempo, e geradas por
agentes que produzem e consomem espaço.
A cidade pode ser entendida como um sistema dinâmico que para os
marxistas têm por finalidade a reprodução da força de trabalho. Neste sentido
Beaujer-Garnier (1997, p. 34) afirma que a reprodução da força de trabalho é uma
“dinâmica necessária à manutenção e ao desenvolvimento da cidade”. Para o autor
é na cidade que está inserida grande parcela da população e de suas atividades.
Com relação a isso, Roncayolo (1986, p. 397) afirma que “a noção de
cidade implica a aglomeração de toda uma população... a concentração do habitat e
das actividades”. E devido ao fato da população estar concentrada nas cidades que
a produção da força de trabalho acontece, pois a população é essa força de
trabalho.
Por meio dessa visão não se pode pensar na “cidade reduzida à simples
localização dos fenômenos”, como por exemplo, o comércio, as indústrias, mas,
mostra - lá como “sentido da vida humana em todas as suas dimensões”. Com isso a
cidade também se tornaria efetivamente como “lugar do possível”, um lugar em que
os fatos acontecem é na cidade que são pensados os projetos para o futuro
(CARLOS, 2007, pág.11)
Corrêa (1995) também aborda sobre esse assunto e afirma que a cidade
é o lugar em que vive a “parcela crescente da população”, os “investimentos de
capital” são maiores, seja em atividades localizadas na cidade, seja no próprio
urbano, na produção da cidade. Para o autor é o lugar em que os conflitos sociais
estão mais evidentes. (CORRÊA, 1995, p.5).
Outra definição de cidade, parte da construção humana, que para Carlos
(2007, pág. 11) “é um produto histórico-social e nesta dimensão aparece como
trabalho materializado, acumulado ao longo do processo histórico de uma série de
gerações”. A evolução da ocupação urbana influência no uso da terra, pois a medida
que o trabalho materializado é acumulado ao longo dos anos, ele modifica o uso da
terra.
A cidade pode ser analisada como um modo particular de ocupação e de
uso da terra e também como “elemento fundamental da organização do espaço”.
(BEAUJER-GARNIER,1997, p.9). Com relação a isso, Carlos (1994, p. 84) afirma
que a "a cidade é uma forma de apropriação do espaço produzido". A cidade é o
elemento funcional de um sistema econômico, ela é responsável pelo seu
4
funcionamento. Segundo Carlos (2007).
A análise espacial da cidade, no que se refere ao processo de produção,
revela a indissociabilidade entre espaço e sociedade, na medida em que as
relações sociais se materializam em um território real e concreto, e isso
significa dizer, que ao produzir sua vida, a sociedade produz/reproduz um
espaço através da prática sócio-espacial. A materialização do processo é
dada pela concretização das relações sociais produtoras dos lugares, está é
a dimensão da produção/reprodução do espaço, passível de ser vista,
percebida, sentida, vivida (CARLOS, 2007, p. 20-21).
Essa prática sócio-espacial que a autora cita é responsável pela alteração
das diferentes formas do uso da terra, neste caso, urbana. Tais usos são definidos
segundo as atividades nela praticada, os principais são comercial, industrial,
residencial, lazer, administrativo, educacional e esportivo.
Autores consagrados como Beaujer-Garnier (1997), Carlos (1994, 2007),
Corrêa (1995, 2000), falam da importância de se estudar/conhecer o urbano.
A temática do urbano interessa aos “planejadores e políticos e aqueles
que detêm alguma fração do capital, seja ele financeiro, industrial, comercial,
fundiário ou imobiliário. Interessa a todos os habitantes da cidade, entre eles os
ativistas das associações de bairro” (CORRÊA, 2000, p. 5). Pois, como o próprio
autor cita é no espaço urbano que a cidade está inserida, e os recursos relacionados
ao capital são investidos, por isso esse interesse.
A importância de estudar/conhecer o espaço urbano, se deve ao fato de
nele estar inserida a “prática sócio-espacial” que é a ação realizada pelo homem ao
ocupar um lugar no espaço, pois, o produz e realiza ações que modificam o uso da
terra urbana (CARLOS, 2007, p.11).
Os usos da terra que são realizados no espaço urbano são responsáveis
pela produção e reprodução do espaço. Por isso é importante conhecer como essa
produção e reprodução se materializam no espaço urbano.
No estudo da cidade e do urbano também é importante a análise não só
do espaço urbano a partir da visão de sua unidade, que é particular a cada caso,
mas também das questões relacionadas ao espaço intra-urbano, a partir do
entendimento da localização das atividades urbanas presentes e a constituição da
sua dinâmica interna, ou seja, a dinâmica dos movimentos e relações. Villaça (2001,
p. 21) afirma que a "estruturação do espaço intra-urbano é dominada pelo
deslocamento do ser humano, enquanto portador da mercadoria força de trabalho ou
5
enquanto consumidor".
A estruturação da dinâmica intra-urbana é marcada fundamentalmente
por atributos, como transporte de produtos de um ponto a outro; deslocamento de
pessoas e de comunicação; rede de infra-estrutura composta por vias, redes de
água e esgoto, pavimentação, energia, etc. Mas de acordo com Villaça (2001, p.23),
é a "acessibilidade" o atributo mais importante, pois um espaço construído não pode
ser considerado urbano se não for acessível, por meio do deslocamento diário de
pessoas. Em última análise, a dinâmica intra-urbana permite-nos entender a sua
construção e reconstrução a partir do trinômio acessibilidade-deslocamento-rede que
acabam se constituindo em vetores para o crescimento da cidade como, segundo
Oliveira (2010), um deslocamento para o consumo.
As relações vistas até aqui fazem com que a cidade seja apreendida
também a partir da subdivisão espacial da paisagem. Dessa forma, a Geografia
urbana vê a paisagem a partir do entendimento e das metodologias de investigação
a partir de diversas linhas como, por exemplo, a cultural e a marxista.
A paisagem sob a ótica cultural é discutida por Sauer (2004, p.59) e
segundo o autor é “modelada a partir de uma paisagem natural por um grupo
cultural. A cultura é o agente, a área natural é o meio, a paisagem cultural é o
resultado”, ou seja, é definida pela cultura que determinado povo possui.
Segundo Corrêa e Rosendahl (2004) a paisagem apresenta uma:
dimensão morfológica... um conjunto de formas criadas pela natureza e pela
ação humana, e uma dimensão funcional, isto é, apresenta relações entre
as suas diversas partes. Produto da ação humana ao longo do tempo, a
paisagem apresenta uma dimensão histórica (CORRÊA; ROSENDAHL,
2004, p. 8).
Ainda para os autores acima citados afirmam que a paisagem cultural
contempla diversos significados e expressa valores, crenças, mitos e utopias. Com
isso apresenta uma dimensão simbólica.
Sob a perspectiva marxista, Carlos (1994, p.48) afirma que a paisagem
urbana é a “forma exterior, a aparência sob a qual se descortina a essência
articulada e objetiva do espaço geográfico”. Ainda complementa dizendo que a
paisagem tem “um papel relevante na análise do espaço, visto que este só pode ser
entendido através de sua manifestação formal” (CARLOS, 1994, p. 43). A “paisagem
(urbana) é a forma de manifestação do urbano e tende a revelar uma dimensão
6
necessária da produção espacial...” Através dessa afirmação pode-se compreender
a importância de conhecer a paisagem urbana para que se possa estudar o espaço
urbano.
A paisagem urbana é a “manifestação formal do processo de produção do
espaço urbano”. A autora afirma ainda que a paisagem é “humana, histórica e social
e se justifica; existe pelo trabalho do homem, ou melhor, da sociedade que a cada
momento ultrapassa a anterior” (CARLOS, 1994, p.48).
A análise da paisagem urbana, para a autora tem como principal objetivo
“entender o modo pelo qual ela se produz, sua substância e conteúdo a partir de
relações reais”. É necessário entender o modo como a paisagem urbana se produz,
pois ela apresenta um papel fundamental na análise do espaço urbano.
As ações que o homem realiza no espaço urbano modificam a paisagem.
Segundo Carlos(1994) “a sociedade produz seu próprio mundo de relações a partir
de uma base material, um mundo que vai desenvolvendo e criando à medida que se
aprofundam as relações da sociedade com o espaço” (CARLOS, 1994, p.48). A
autora afirma ainda que dependendo da hora do dia ou da semana a observação da
paisagem se altera, pois “a paisagem vai mostrar um determinado momento do
cotidiano da vida das pessoas que moram, trabalham e se locomovem num
determinado lugar” (CARLOS, 1994, p.49). A paisagem urbana é um dos elementos
do bairro.
Neste estudo é importante a definição da justificação do bairro como
recorte do espaço urbano. Para Teixeira e Machado (1986) é preciso criar uma
unidade espacial, neste caso o bairro, que possibilite o armazenamento e a
divulgação de informações que representem o espaço do ponto de vista do morador
e do usuário. A definição de um bairro acontece por três elementos que são:
paisagem urbana, conteúdo social e função. A paisagem urbana está
refletida no tipo, estilo e idade das construções, no traçado de suas ruas
etc.; o conteúdo social é referente ao modo e ao padrão de vida de sua
população; a função é a atividade básica que o bairro desempenha dentro
do organismo urbano, isto é, função residencial, comercial ou administrativa,
para a qual desenvolve um determinado equipamento funcional (TEIXEIRA;
MACHADO, 1986, p. 66).
Através
dessas
definições
pode-se
compreender
que
ele
está
intimamente relacionado com o espaço urbano e na maioria das vezes assume
características espaciais específicas como paisagem urbana.
7
Soares (1959) apud Teixeira e Machado (1986, p. 66) afirma que é
“importante analisar a dinâmica dos bairros, já que eles resultam da ação de forças
do passado e fatores do presente.”
A cidade é composta por um conjunto de bairros e segundo Teixeira e
Machado (1986, p. 67), cada um dos bairros “apresenta uma fisionomia própria,
resultante da sua função, de seus habitantes e de sua idade”. E são essas
características, juntamente com as funções que cada bairro possui que define o seu
conceito.
A paisagem urbana sofre alterações, que são provocadas e tem relação
direta com uso da terra que é praticado num determinado espaço urbano. Por isso é
necessário conhecer o uso da terra para que possa planejar as ações que serão
realizadas no espaço urbano.
A "cidade revela-se concretamente através do uso que dá sentido a vida,
revelando a prática sócio-espacial" (CARLOS, 2007, p.30), e é através desse uso,
ou da atividade praticada, que a "vida se realiza", que os rastros são construídos
assim como a "identidade revelada como atividade prática capaz de sustentar a
memória" (CARLOS, 2007, p.30).
Ross (1995) apud Simon et al (2010) afirma que o uso da terra pode
significar
um
retrato
das
manifestações
desenvolvidas
pelas
relações
socioeconômicas de um território com os elementos do sistema ambiental. São as
atividades realizadas pelo homem que alteram o uso da terra e consequentemente
os elementos ambientais, pois precisam destas para desenvolver suas atividades
econômicas.
O uso do solo... é o modo de ocupação de determinado lugar da cidade, a
partir da necessidade de realização de determinada ação, seja a de
produzir, consumir, habitar ou viver. O ser humano necessita, para viver,
ocupar um determinado lugar no espaço (CARLOS, 1994, p. 85).
O uso da terra está interligado com a produção do espaço urbano, pois o
uso que é realizado influencia na produção do seu espaço intra-urbano.
8
2.2 A produção e a reprodução do espaço urbano
O espaço urbano é um produto social, Barrios (1986) afirma que são as
relações antrópicas que são responsáveis pela sua produção e reprodução. A
expansão das atividades do homem sobre a terra foi e ainda é responsável por
grande parte da alteração do espaço físico que o homem está inserido.
A análise da produção e reprodução do espaço urbano será realizada sob
o enfoque econômico. De acordo com Barrios (1986):
as práticas econômicas...compreendem o conjunto de ações sociais que
tenham por finalidade a produção, a distribuição e o consumo de meios
materiais (valores de uso - valores de troca). Sua realização implica a
utilização de meios materiais - a tecnologia e os objetos de trabalho -, assim
como o estabelecimento de relações entre os homens que participam
coletivamente de tais processos (BARRIOS, 1986 p. 3).
De acordo com Corrêa (2000), a produção que ocorre no espaço urbano é
fruto da ação de diversos agentes sociais que além de produzirem consomem o
espaço. A “ação destes agentes é complexa, derivando da dinâmica de acumulação
de capital, das necessidades mutáveis de reprodução das relações de produção, e
dos conflitos de classe que dela emergem” (CORRÊA, 2000, p.11) Os agentes são
responsáveis pelo processo de “reorganização espacial” realizada através da criação
de novas áreas no espaço urbano, do uso da terra, da destruição de algumas áreas,
organização da infra-estrutura e mudanças da questão social e econômica de
algumas áreas da cidade.
É de fundamental importância conhecer quem são esses agentes e saber
qual o papel que desempenham já que são responsáveis por parte da transformação
que é realizada no espaço urbano. Dessa forma são determinados como agentes
produtores do espaço urbano os proprietários dos meios de produção; os
proprietários fundiários; os promotores imobiliários; o Estado; e os grupos sociais
excluídos (CORRÊA, 2000, p.12).
Os proprietários dos meios de produção são grandes consumidores de
espaço, devido a dimensão de suas atividades. Corrêa (2000, p.15) afirma que:
Nas grandes cidades onde a atividade fabril é expressiva, a ação espacial
dos proprietários industriais leva a criação de amplas áreas fabris em
9
setores distintos das áreas residenciais nobres onde mora a elite, porém
próximas às áreas proletárias. Deste modo a ação deles modela a cidade,
produzindo seu próprio espaço e interferindo decisivamente na localização
de outros usos da terra (CORRÊA, 2000, p.15).
Como o próprio autor afirma, os proprietários dos meios de produção são
agentes que exercem muita influência na localização de outros usos da terra, pois a
partir do momento que uma indústria se instala em uma área, todo esse espaço será
transformado. A classe proletária irá se multiplicar, a infra-estrutura terá um
desenvolvimento, pois a indústria necessita de energia elétrica, água encanada,
sistema de esgoto, estradas e portos para que suas mercadorias sejam
transportadas.
Os proprietários fundiários, de acordo com Corrêa (2000) são os
proprietários de terras exercem suas ações fundamentalmente com o objetivo de
que suas propriedades tenham a maior renda. Estes têm interesse que as terras
rurais sejam convertidas em urbanas e com isso aumenta o espaço da cidade.
Nesse caso pode-se observar a importância que os proprietários fundiários possuem
na expansão/transformação do espaço urbano, pois exercem pressão junto ao
Estado para que as leis de uso de solo e do zoneamento urbano sejam alteradas, e
assim as terras rurais se tornam urbanas.
Os promotores imobiliários são os agentes responsáveis pelas seguintes
etapas incorporação, financiamento, estudo técnico, construção e a comercialização
dos imóveis. Existem promotores que realizam apenas algumas dessas etapas, já
outros realizam todas. Eles não têm interesse em construir seus imóveis para as
camadas populares, pois estes não possuem condições de arcar com os custos da
habitação. Seus maiores interesses estão nas classes que dispõem de recursos
para pagar e a sua “A atuação espacial dos promotores imobiliários se faz de modo
desigual, criando e reforçando a segregação residencial que caracteriza a cidade
capitalista” (CORRÊA, 2000, p. 23), de forma a visar o lucro sendo a forma mais
rápida de obter é priorizar a construção de seus imóveis para as classes que têm
condições de pagar pelos seus preços.
O Estado possui uma atuação em três níveis, o federal, o estadual e o
municipal e sua atuação se dá "através da implantação de serviços públicos como
sistema viário, calçamento, água, esgoto, iluminação, parques, coleta de lixo..."
(CORRÊA, 2000, p. 24), sendo estes serviços de interesse da população em geral e
10
das empresas. A ação do Estado é marcada por conflitos de interesse entre as
classes da sociedade, e privilegia os interesses dos segmentos da classe dominante
que estão no poder. Sua atuação tem como objetivo criar condições de realização e
reprodução da sociedade capitalista e tornar viáveis a atividade econômica e a
diferenciação social.
Os grupos sociais excluídos se tornam agentes modeladores como, por
exemplo, "na produção da favela, nos terrenos públicos e privados invadidos".
(CORRÊA, 2000, p. 30). Estes grupos criam seu espaço, como uma forma de
resistência e uma estratégia de sobrevivência, às dificuldades que são impostas a
eles. Todos esses agentes são responsáveis pela modificação e transformação do
espaço urbano. Para Carlos (1994) o homem é
o elemento central na discussão da produção do espaço, o homem em
condições e situações sociais e históricas específicas, como ser cuja
humanidade foi produzida ao longo da história, e que se realiza no processo
de reprodução da vida (CARLOS, 1994, p. 21).
A reprodução do espaço urbano, segundo a autora, recria condições em que são
realizadas a reprodução do capital (CARLOS, 1994, p. 83). A autora afirma ainda
que:
o urbano é um produto do processo de produção num determinado
momento histórico, não só no que se refere à determinação econômica do
processo (produção, distribuição, circulação e troca), mas também as
sociais, políticas, ideológicas, jurídicas que se articulam na totalidade da
formação econômica e social (CARLOS, 1994, p. 84).
Com relação a isso se pode analisar que o urbano além de ser um modo
de produzir é um modo de consumir, sentir, pensar o espaço. Por meio dessa forma
de pensar, o urbano torna-se um modo de vida. Ao ocupar um lugar no espaço, o
homem o produz e realiza diversas modificações e transforma o lugar no qual está
inserido. Essa "produção espacial" é realizada no dia-a-dia das pessoas a partir da
utilização desse espaço num momento específico.
Com base no que foi exposto fica claro compreender a importância do
estudo do espaço urbano e, dessa forma, este trabalho visa contribuir como estudo
de geografia urbana à análise da evolução do uso da terra do bairro Rio Maina que
se constitui em parte da mancha urbana da conurbação que tem por centro a cidade
de Criciúma, no extremo sul catarinense, e é um dos pólos de fomentadores da
11
ampliação histórica da referida área cidade.
3 METODOLOGIA
Foi
realizado
levantamento
bibliográfico
para
construção
da
fundamentação teórica. Os principais autores utilizados foram Carlos (1994, 2007),
Corrêa (1995,2000), Beaujer-Garnier (1997) e Villaça (2001).
O processo de evolução do uso da terra urbana foi realizado, por meio de
análise das fotos dos vôos aerofotogramétricos de dos anos de 1957 e 1978 na
escala 1:25.000 cedidas pela Secretaria do Estado de Planejamento de Santa
Catarina. Também foram analisadas as Cartas Temáticas confeccionadas para os
planos diretores dos municípios que sofreram impactos com a duplicação da BR101, na escala de 1:25.000, de 2005, e das para a elaboração do Plano Diretor de
Criciúma, nas escalas 1:50.000 e 1:15.000, de 2007.
Foram realizadas entrevistas com quatro moradores do bairro que
acompanharam o processo de evolução e ocupação urbana do bairro e com um
técnico da Intendência do distrito do Rio Maina. A entrevista foi semi-aberta e tinha
como objetivo conhecer como aconteçeu a evolução urbana no bairro e também
completar as informações obtidas através da análise das aerofotos e dos mapas
temáticos.
Também foi realizado levantamento de material fotográfico dos anos de
1940 e 1990, foram cedidas pelo Sr. Flávio Ronchi do seu arquivo pessoal, que foi
um dos moradores entrevistados, para auxiliar na identificação do processo de
evolução do uso da terra urbana.
Para identificar os fatores sociais e econômicos foram coletados dados
estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) através dos
censos de 1970 e 2000, que estava subdivididos em distritos e foi utilizado somente
os dados do distrito do Rio Maina, que tem como sede o bairro do Rio Maina. Os
dados foram utilizados a partir do censo de 1970 pois o de 1960 ainda não estava
dividido por distritos e com isso não seria possível estimar a população do bairro.
O mapa dos loteamentos construídos foi elaborado com base nas
informações dos loteamentos aprovados coletadas na Intendência do Distrito do Rio
12
Maina.
Para identificar o uso da terra atual, partiu-se das cartas temáticas da
Região Administrativa 1 na escala 1:15.000 elaboradas pelo IPAT (Instituto de
Pesquisas Ambientais e Tecnológicas) em 2007 em meio digital no software
AutoCAD que forma posteriormente convertidos ao formato shape permitindo-se
assim o uso no software Kosmo, um Sistema de Informação Geográfica para assim
serem tratados e retrabalhados.
4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O bairro Rio Maina está situado na porção oeste da malha urbana
formada pela cidade de Criciúma, entre as seguintes coordenadas geográficas:
latitudes -28º39’5,21” e -28º40’45,99” e longitudes -49º26’42,00” e 49º24’0,03”.
O bairro ocupa uma área de 4,94km2, equivalente a 2,09% da área do
município de Criciúma com 236,12 km2.. A cidade de Criciúma é pólo da região
carbonífera de Santa Catarina e localizada no extremo sul catarinense. A inserção do
bairro no Município de Criciúma bem como na mancha urbana contínua formada
pela conurbação das cidades de Criciúma, Içara e Forquilhinha pode ser observada
na Figura 1.
As altitudes no bairro variam de 30 à 100 metros, tendo as altitudes mais
baixas depósitos aluvionares e o retrabalhamento fluvial dos médio e baixo vales
dos rios Maina e Sangão. Nas porções central e norte o relevo torna-se mais
acentuado, abrangendo as altitudes de 75 a 105 metros. Nas altitudes maiores temse a ocorrência de rochas do Permiano Inferior (entre 275 e 255 milhões de anos) da
bacia sedimentar do Paraná, pertencentes à sequência superior do Membro
Siderópolis,
intervalo
superior da
Formação
Rio
Bonito, ocorrendo
nesta
sequênciaque a camada de carvão Barro Branco. À leste e em algumas porções à
oeste da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina (EFDTC) ocorrem arenitos
quartzosos da sequência média do Membro Siderópolis, sendo que na sua porção
superior tem-se a ocorrência da camada de carvão Irapuá. A ocorrência camadas
Barro Branco e Irapuá permitiu a atividade de mineração no bairro.
O território do bairro Rio Maina situa-se entre as bacias dos rios Maina e
13
Laranjinha, afluentes de oeste do médio curso do rio Sangão e que, por sua vez, é
afluente do rio Mãe Luzia, um dos formadores do rio Araranguá. De uma forma geral
as átreas urbanas estão inseridas em bacias hidrográficas e integram uma visão
conjunta do comportamento das condições naturais e das atividades humanas nelas
desenvolvidas (GUERRA e CUNHA, 1996). Dessa forma é importante entender a
relação de causa e efeito da ocupação pelo espaço urbano sobre as bacias
hidrográficas.
As bacias hidrográficas sofrem alterações na qualidade de seus cursos
hídricos devido à exploração dos recursos naturais e da ocupação humana
desordenada (SILVA et al, 1999 e Guerra et al, 1996), e no caso de Criciúma este
fato é especialmente verificado. O "ciclo hidrológico é totalmente alterado, na maioria
das vezes através do mau uso da terra" (SILVA et al: 1999, p. 229). Devido ao
crescimento urbano, os rios têm sido transformados, perdendo suas características
naturais, sendo que
no Brasil, 80% da população reside nos centros urbanos, em que a falta de
percepção da sociedade sobre o papel da natureza, em especial quanto aos
azuis urbanos, conjugada ao uso do solo desordenado, à erosão das
encostas e ao aumento das áreas impermeáveis, tem provocado sérias
consequências, como o assoreamento e inundações (VIEIRA e CUNHA,
2001, p. 112).
Com as bacias dos rios Maina e Laranjinha não foi diferente, elas também
sofreram alterações na qualidade de suas águas, devido às atividades que foram
realizadas no uso da terra. Como por exemplo, tem-se a exploração de carvão,
propiciada pela ocorrência de camadas de carvão, o que conduziu a instalação das
minas. Esta atividade fez com que a evolução do uso da terra urbana se expandisse.
Também como aspectos relacionados as bacias tem-se a Av. dos
Imigrantes ocupando o divisor de águas, sendo este o principal eixo e vetor do
desenvolvimento urbano do bairro. Essa informação pode ser observada na Figura
2, e ilustra também a mancha urbana atual concentrada entre o rio Maina, ao sul, e a
EFDTC, a leste.
MARACAJÁ
-10
1
ARARANGUÁ
BR
CRICIÚMA
Centro
COCAL DO SUL
IÇARA
-10
1
a
ce
O
no
A
ic
nt
tlâ
o
JAGUARUNA
BR
MORRO
DA FUMAÇA
Figura 1 - Localização do Bairro Rio Maina no Município de Criciúma/SC. Observa-se a urbanização contínua
que constitui a mancha urbana da cidade de Criciúma, na parte centro-superior, hoje já fazendo conurbação com as cidades de Içara, a leste, e
Forquilhinha, a sudoeste. Fonte: Google Earth, capturada em 22 nov. 2010.
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
limite municipal
limite do bairro Rio Maina
limite de mancha urbana
Legenda
FORQUILHINHA
NOVA VENEZA
Bairro Rio Maina
SIDERÓPOLIS
-28º40’46,66”
-28º39’07,80”
-49º24’21,01”
-49º26’21,08”
50
Figura 2:
Carta do Bairro Rio Maina
50
100
2007
50
75
Legenda:
75
limite do bairro
arruamento e rodovias
ferrovia
rio
50
lago ou açude
50
curva de nível e cota
50
mancha urbana atual
R. Antônio
Ronsani
RIO MAINA
R
Ma . Joã
ne o
nt
i
antiga igreja
igreja atual
50
50
50
cemitério
SC
-44
7
200
0
200
400
50
47
SC-4
100
Fonte: IPAT, 2007
CODESC, 2005
50
50
50
-28º40’43,41”
-49º26’21,13”
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
distrito industrial
50
-28º40’42,00’
-49º24’19,58”
600m
16
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A evolução da economia do município de Criciúma foi influenciada,
segundo Nascimento (2004), pela descoberta e a exploração do carvão, no início da
década de 1920. O autor afirma que a
atividade de mineração ajudou a consolidar a área da igreja São
José como central na medida em que atraiu pessoas das localidades
vizinhas, que vieram trabalhar nas minas, estimulando o comércio e
outras atividades na área que havia crescido nas proximidades das
duas estradas coloniais, o atual centro da cidade (NASCIMENTO,
2004, p. 389).
E também em outras áreas do município que possuía atividades de
mineração
Em relação à evolução da ocupação urbana e do uso da terra, a
exploração do carvão, segundo Costa (1999) apud Nascimento (2004), fez com as
empresas carboníferas construíssem pequenas casas de madeira nas proximidades
das minas, permitindo e provocando a fixação da mão-de-obra. As denominadas
vilas operárias possuíam armazéns, açougue, escolas, clubes e igrejas, ou seja,
eram praticamente independentes e auto-suficientes.
Nascimento (2004) salienta que a presença das minas e vilas operárias
tornaram-se elementos predominantes na paisagem urbana do município. E como as
mineradoras tinham o direito da concessão de lavra de uma área, ela exercia forte
influencia sobre aquele espaço e as atividades econômicas e a vida cotidiana dos
moradores girava em torno das mineradoras.
De acordo com Fermo (2002) outros elementos além da mineração
contribuíram na formação da cidade, como por exemplo a indústria cerâmica. Com a
diversificação industrial a densidade populacional do município de Criciúma
aumentou
consideravelmente,
pois
os
trabalhadores
eram
atraídos
pelas
oportunidades de emprego.
O autor afirma ainda que algumas indústrias instalaram-se em áreas
pouco habitadas. Isso propiciou a evolução/expansão do uso da terra urbana passou
a concentrar populações deslocadas de áreas próximas ao centro. Dessa forma
passou a ocorrer uma nova distribuição da população para essas áreas periféricas.
17
Tal diversificação industrial, que acontece até os dias atuais provocou o
aumento da mancha urbana notadamente na parte norte do município ampliando-se
a partir da área central tanto em direção a leste quanto oeste.
Para corroborar estas informações a Tabela 1 demonstra a evolução da
população no Distrito do Rio Maina1. Os dados obtidos se iniciam no censo de 1970,
momento em que já havia sido criado distrito que ocupa a parte noroeste do
município.
Tabela 1: Evolução da população do distrito do Rio Maina
População do distrito do Rio Maina
Ano
Rural
Urbana
Total
1970
10.817
4.488
15.305
1980
1.129
19.633
20.762
1991
8.005
32.826
40.831
2000
9.446
40.535
49.981
Fonte: IBGE (dados do Censo)
Em 1970 o número da população rural predominava em relação à urbana,
essa diferença pode ser explicada pelo fato de que mesmo a atividade carbonífera
predominar, ela mas não estava presente em todo o distrito e dessa forma a
população rural poderia se dedicar a agricultura, como também se ocupar ao
trabalho nas carboníferas.
O aumento mais significativo no número de habitantes foi entre os anos
de 1980 e 1991, intervalo no qual a população urbana teve um salto significativo de
19.633 para 32.826 habitantes. É importante ressaltar que esses dados são do
distrito do Rio Maina, e esse aumento no número de habitantes se deve ao fato de
que além do bairro Rio Maina outros bairros também passaram por esse processo
de evolução do uso da terra urbana. No bairro Rio Maina o aumento do número de
habitantes aconteceu por diversos fatores como por exemplo a criação de
loteamentos (Figura 8) que atraiu muitas pessoas para residirem no bairro devido a
infraestrutura dos mesmos, ampliação da malha viária, que proporcionou maior
acessibilidade para o bairro e o deixou mais atrativo, o comércio que já estava
desenvolvido e diversificado e as famílias que já residiam no bairro também foram
ampliando o número de integrantes. Todos esse fatores influenciaram neste aumento
Criado pela Lei Municipal 264, de 10 de abril de 1959, e teve seu limite Leste alterado pela Lei
Municipal 280, de 27 de julho de 1959.
1
18
significativo da população entre os anos de 1980 e 1991.
Esses fatores também influenciaram no aumento que teve do número de
habitantes entre os anos de 1991 e 2000.
De uma forma geral pode-se afirmar que a população do distrito, a partir
dos anos de 1980, passou a ser predominantemente urbana. Comprovando a
diversificação das atividades industriais e comerciais que passou a ocorrer na
região, e que passou a atrair os imigrantes.
5.1 A evolução do uso da terra no bairro Rio Maina
A área do bairro Rio Maina não fugiu a regra do desenvolvimento urbano
do município como um todo. Das oito primeiras empresas Carboníferas que se
localizavam no município, duas possuíam concessões nos limites atuais do bairro,
as Carboníferas Catarinense e Metropolitana. A Carbonífera Catarinense possuia
70% das concessões, e dessa forma, foi de significativa importância no
desenvolvimento da economia do bairro e a partir daí no uso da terra urbana, que
teve início com a construção das vilas operárias.
A Figura 3 trata-se da carta de evolução urbana do bairro entre 1957 e
2005, notando-se a crescente ampliação da mancha urbana com edificação
contínua.
5.2 O uso da terra no bairro Rio Maina até 1957
A partir da análise das aerofotos de 1957, é possível observar a ocupação
urbana restrita a poucas casas que constituíam a localidade de Rio Maina, marcando
assim o início do uso da terra como eminentemente residencial entremeado ao
pequeno comércio, características das vilas operárias. Essa ocupação estava restrita
a Av. dos Imigrantes (Figura 3). O alinhamento de casas que formavam a vila
operária, pode ser observado na Figura 4, e possui uma extensão de 140 metros
que forma a parte inicial da R. Antônio Ronsani, onde atualemnte localiza-se o
19
Sindicato dos Mineiros.
Na foto aérea é marcante a ocupação ao longo da Av. dos Imigrantes
(Figura 4), numa extensão de 860 metros, denotando a ocupação linear a época do
bairro. A avenida como eixo de circulação assume características de vetor principal
na evolução e crescimento urbano do bairro, pois era o principal elo de ligação com
a cidade de Criciúma para ao sul, e a norte com a localidade de Metropol. Também a
R. Virgílio Mondardo é um eixo importante já que faz a ligação com a cidade de
Nova Veneza.
Estes vetores propiciaram a ocupação lateral marcada pelo uso
residencial e comercial, impulsionada pela crescente economia baseada na extração
do carvão.
Essas propriedades era ocupadas pelos habitantes que não trabalhavam
na indústria do carvão.
O uso da terra urbana, que na década de 1940 estava concentrado na Av.
dos Imigrantes, está ilustrado nas Figuras 5 e 6. O uso da terra foi influenciado pela
instalação da Carbonífera Catarinense na localidade, pois construiu a primeira vila
dos operários, criou empregos e possibitou o desenvolvimento da economia.
Na Figura 5 observa-se a localidade de Rio Maina no entorno da antiga
igreja em dia festa religiosa. Na foto, tomada no sentido sudeste-noroeste, observase a ocupação junto a atual Av. dos Imigrantes concentrada em suas margens, junto
a antiga igreja localizada à cerca de 200 metros a noroeste da atual e no lado oposto
da avenida. Observa-se na mesma foto, a sudeste da igreja, o caminho que deu
origem à R. João Manentti ainda sem ocupação.
Na Figura 6, foto tomada na direção sudeste-noroeste, a partir da torre da
antiga igreja, observa-se na parte centro-superior a antiga vila operária dos
trabalhadores de carbonífera junto a R. Antônio Ronsani.
-28º40’46,66”
-28º39’07,80”
-49º24’21,01”
-49º26’21,08”
50
Figura 3
50
Carta da Evolução Urbana
no Bairro Rio Maina entre
1957 a 2005
100
50
75
Legenda:
75
limite do bairro
arruamento e rodovias
ferrovia
rio
50
lago ou açude
50
curva de nível e cota
50
R. Antônio
Ronsani
Extensão da mancha urbana (ano)
1957
RIO MAINA
1978
R
Ma . Joã
ne o
nt
i
antiga igreja
2005
igreja atual
50
50
leque de espraiamento da mancha urbana
50
cemitério
vetor de crescimento da mancha urbana
SC
-44
7
200
50
50
-49º26’21,13”
200
400
600m
Fonte: IPAT, 2007
CODESC, 2005
Aerofoto Cruzeiro do Sul, 1957 e 1978.
50
-28º40’43,41”
0
50
47
SC-4
100
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
distrito industrial
50
-28º40’42,00’
-49º24’19,58”
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
limite atual do bairro
ruas onde há alinhamento
de construções (vetores)
Legenda
Figura 4 - Recorte da foto aérea nº 3374 do vôo aerofotogramétrico de 1957, na escala original de 1:25:000. Observa-se ao centro
a ocupação urbana que formava o núcleo da localidade de Rio Mania de configuração linear às margens das estradas que deram origem
as atuais Avenida dos Imigrantes (Estradas Criciúma - Rio Maina e São Marcos - Rio Maina) e Rua Virgílio Mondado (Estrada Nova
Veneza- Rio Maina). Fonte: Aerofoto Cruzeiro do Sul. Rio de Janeiro. 1957.
Rio Maina
Vila Operária
22
Figura 5: Foto da localidade de Rio Maina por volta de 1940, no sentido sudeste-noroeste. Observase a Avenida dos Imigrantes em dia de festa religiosa, junto à antiga igreja, na parte central superior.
À esquerda localizam-se as casas dos operários da indústria do carvão. Fonte: Acervo de Flávio
Ronchi (Foto Galdino).
Figura 6: Foto da localidade de Rio Maina em meados de 1940, na direção sudeste-noroeste.
Observa-se em primeiro plano à direita a Av. dos Imigrantes, e na parte superior a sua bifurcação com
a R. Virgílio Mondardo. A primeira rua à direita é a R. Antônio Ronsani com as casas dos operários da
indústria do carvão. Fonte: Acervo de Flávio Ronchi (Foto Galdino).
23
5.3 O uso da terra no bairro Rio Maina entre 1957 e 1978
A análise das fotos aéreas de 1978 (Figura 7) demonstra o aceleramento
da produção urbana com o acréscimo acentuado da área da mancha urbana de
ocupação contínua. No período 1957-1978 a ocupação ocorre pela ampliação da
malha viária em eixos perpendiculares à Av. dos Imigrantes, deixando de ser uma
ocupação linear. A ocupação passou a acontecer em quadras com a subdivisão em
lotes menores nos dois lados da avenida. A partir do sul a ocupação abre-se em
leque em direção a Ferrovia Tereza Cristina, a leste, e ao rio Maina, ao sul.
A ocupação passa também a acontecer na parte norte do bairro, ainda
sob a influência do vetor Av. dos imigrantes, por meio de um núcleo com ocupação
de forma descontínua em relação à área inicial.
Pode-se entender, que na época a produção do espaço urbano ocorreu a
partir da ação da Carbonífera Catarinense, que além de ser a principal empregadora
possuía as concessões da exploração das terras, de outros proprietários de terras.
De acordo com entrevista com a Sra. Diva Maccarini Scotti, residente em
Rio Maina há aproximadamente 65 anos, alguns proprietários cediam suas terras
para as carboníferas afim de se tornarem sócios.
A Carbonífera Catarinense também passou a agir como promotores
imobiliários, pois vendia parte de suas terras para os novos moradores, além de
promoverem a implantação dos primeiros loteamentos na área, conforme a Tabela 2,
e a Carta dos Loteamentos implantados no bairro Rio Maina (Figura 8) que identifica
a localização dos sete loteamentos construídos no bairro entre os anos de 1964 e
2009.
Na Tabela 2 constam dados dos dois primeiros loteamentos que foram
construídos no bairro: o Santa Rita, em 1964, e o Severino Brogni, em 1973. O
loteamento Santa Rita está situado às nas margens da R. Virgílio Mondardo que foi
um dos vetores de crescimento do bairro em direção sudeste-noroeste e o Serevino
Brogni está situado entre a EFDTC e a Av. dos Imigrantes. Suas localizações podem
ser observadas na Figura 8.
24
Tabela 2: Loteamentos no Bairro Rio Maina entre 1964-73
Ano
Loteamento
Proprietário(s)
Área (m²)
1964
Santa Rita
Firma Imobiliária Rio Maina Ltda.
50.000,00
1973
Severino Brogni
Severino Brogni
47.716,97
Fonte: Intendência do Distrito do Rio Maina
A ação do Estado como agente produtor do espaço deu-se pela
concessão das terras para a mineração que estavam sob seu domínio para as
carboníferas, cujos proprietários eram da classe dominante. Com esta ação o Estado
passou a lucrar com a cobrança de impostos, mas em última análise propiciou a
movimentação da economia da localidade, já que os trabalhadores das carboníferas
investiam seus salários no comércio local.
O comércio que já existia ao longo da Avenida dos Imigrantes se expandiu
e novos estabelecimentos comerciais foram criados. Um fato retratado com
unanimidade pelos moradores entrevistados foi que alguns comércios que já
existiam em 1957 ampliaram suas instalações em 1978 e alguns continuam ativos
até os dias atuais.
A partir da entrevista realizada com o Sr. Augusto Colombo, com 72 anos,
nascido e morador no bairro, a primeira loja de materiais de construção foi fundada
por ele em 1969 e existe até os dias atuais. Esse tipo de comércio impulsionou o
desenvolvimento da construção civil, pois facilitou o acesso à matéria-prima para a
área.
A decadência da atividade carbonífera, devido ao esgotamento das
camadas de carvão aconteceu no final dos anos de 1980 levou ao fechamento de
carboníferas,
segundo
o
Sr.
Flávio
Ronchi,
com
75
anos,
que
morou
aproximadamente 60 anos no local. Muitos mineiros ficaram desempregados e,
dessa maneira, tiveram que buscar outras frentes de trabalho no próprio bairro ou
em outras áreas do município ou da região. Dessa forma, a diversificação industrial
ocorrida na região foi alternativa de emprego.
Também com a expansão do uso da terra para fim residencial devido ao
aumento do número de habitantes, provocou a criação de loteamentos e assim
ampliou a indústria da construção civil. Isto propiciou a migração de mineiros como
mão-de-obra à construção civil.
i te
at
ua
ld
o
Ba
irr
o
Ri
o
Ma
in
a
Rio Maina
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
limite atual do bairro
ruas onde há alinhamento
de construções (vetores)
Legenda
Loteamento Severino Brogni
Figura 7 - Recorte da foto aérea nº 22533 do vôo aerofotogramétrico de 1978 na escala original de 1:25.000. Observa-se o aumento
da área urbanizada a partir da implantação de ruas perpendiculares a Avenida do Imigrantes e a Rua Virgílio Mondardo. As quadras
existentes fazem parte dos loteamentos implantados a partir de 1964 ou do desmenbramento de terrenos. Fonte: Aerofoto Cruzeiro
do Sul. Rio de Janeiro. 1978.
lim
Loteamento Santa Rita
antiga Vila Operária
-28º40’46,66”
-28º39’07,80”
-49º24’21,01”
-49º26’21,08”
50
Figura 8:
r io
Carta dos loteamentos
construídos no Bairro
Rio Maina entre
1964 - 2007
na
R. Francisco Ronchi
ti
ris
75
7
limite do bairro
Av
ferrovia
os Imigrant
es
50
rio
50
o
o
gã
n
Sa
lago ou açude
50
curva de nível e cota
área loteada atual
Mo
nd
ard
o
R. Antônio
Ronsani
1
arruamento e rodovias
.d
4
R.
Vi
rg
ílio
3
Legenda:
ri
8
50
50
75
Laranjinha
aC
rez
. Te
E. F
100
Loteamento e ano de construção
6
RIO MAINA
1964 - 1 (Santa Rita)
antiga igreja
1973 - 2 (Severino Brogni)
2
5
5
R
Ma . Joã
ne o
nt
i
1979 - 3 (Montes Claros) e 4 (Las Vegas)
igreja atual
1981 - 5 (Manenti)
1987 - 6 (Catarinense)
50
50
2007 - 7 (Jardim das Hotências)
igran
50
2009 - 8 (Jardim das Acácias)
Im
os
rio M
aina
.d
Av
cemitério
tes
SC
-44
7
200
0
200
400
Fonte: IPAT, 2007
Intendência Municipal do Rio Maina, 2010.
50
50
50
-28º40’43,41”
-49º26’21,13”
600m
50
47
SC-4
100
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
distrito industrial
50
-28º40’42,00’
-49º24’19,58”
27
Por outro lado, alguns desempregados criaram seus próprios negócios,
para atendedimento das necessidades da população local.
Dessa forma, a partir dos fatores citados acima, o uso da terra urbana
então estabelecida nesse período motivava as pessoas a permanecerem na
localidade.
Também havia uma parcela da população que por algum motivo não
conseguiram emprego nas carboníferas. Em sua maioria vinham de outras regiões e
passaram a se fixar na localidade e buscar alternativas para a sobrevivência, como
por exemplo, o trabalho na agricultura para os proprietários de terras em troca de
moradia e alimento. Nesta época já existia a SCAN (Sociedade Criciumense de
Auxílio aos Necessitados), uma entidade beneficente que tinha como objetivo
auxiliar as famílias carentes.
5.4 O uso da terra no bairro Rio Maina entre 1978 e 2007
Entre 1978 e 2007, a mancha urbana continuou seu acelerado ritmo de
espraiamento da área construída contínua sobre o território do bairro, a Figura 3
ilustra a evolução dessa mancha urbana. É importante observar que da Figura 12
consta a divisão da terra urbana no bairro em lotes e a na Figura 3 consta a mancha
urbana ou seja, a área efetivamente ocupada por construção contínua. A ampliação
da área em forma de leque ultrapassa em dois pontos a Ferrovia Tereza Cristina, na
direção leste e o rio Maina, na direção sudoeste. Isto se pode observar na Figura 9.
Neste período, as ações dos proprietários de terras e dos promotores
imobiliários passam a ser mais efetivas à incorporação de novas áreas para
expansão. Os proprietários fundiários vendiam suas terras a promotores imobiliários
ou incorporadores, o que gerava a criação de novos loteamentos. Vendiam também
suas terras para os proprietários de pequenas empresas que queriam se instalar no
bairro.
Entre 1979 e 1987 foram construídos quatro loteamentos, o Montes
Claros, o maior do bairro, e o Las Vegas, em 1979, o Manentti, em 1981 e o
Catarinense, em 1987. O loteamento Montes Claros e o Catarinense foram criados
pela Carbonífera Catarinense que passaram a agir como promotora imobiliária além
28
de proprietára de meio de produção. Esse fato pode ocorrer devido a grande
quantidade de terras que tinha sob concessão.
Dos quatro loteamentos criados nesse período, dois têm seus
arruamentos partindo de vias perpendiculares a R. Virgílio Mondardo: Montes Claros
e Catarinense. No caso do Loteamento Manentti seu arruamento perpendicular parte
da R. Virgílio Mondardo e também da Av. dos Imigantes. O Loteamento Las Vegas
tem seu arruamento partindo perpendicularmente à R. Francisco Ronchi que passa a
ser um novo vetor de crescimento a noroeste do bairro. A localização desses
loteamentos é ilustrada na Figura 8 e a Tabela 3 dá informações sobre os mesmos.
Tabela 3: Loteamentos no Bairro Rio Maina entre 1979 e 1987
Ano
Proprietário(s)
Área (m²)
Montes
Cia. Carbonífera Catarinense, Dikson Pessi e Olávio Francisco
235.468,76
Claros
Olávio
1979
Las Vegas
Imobiliária Bortoloto Ltda
60.000,00
1981
Manentti
Olivia M. Manentti
174.466,61
1987
Catarinense
Cia. Carbonífera Catarinense
18.000
1979
Loteamento
Fonte: Intendência do Distrito do Rio Maina
Pelo exposto até aqui fica claro que evolução do uso da terra urbana
ocorreu nas margens da Av. dos Imigrantes e da rua Virgílio Mondardo e teve como
limite a leste a EFDTC e ao sul rio Maina. Tal análise parte da observação da Figura
9.
A época estes loteamentos possuíam o mínimo de infra-estrutura
necessária para que os compradores pudessem construir suas residências.
Estes loteamentos localizados ao sudeste da Av. dos Imigrantes e ao sul
da R. Virgílio Mondardo passaram a ser vetores de crescimento à área urbana do
bairro e praticamente foram os responsáveis pela ocupação do quadrante sudoeste
do bairro.
A área ocupada a norte da Av. dos Imigrantes foi produzida a partir de
desmembramentos efetuados por proprietários de terras que validavam tal ação em
Figura 9 - Imagem Google Earth. Observa-se a ocupação da área urbanizada atual em forma de leque tendo a mancha
contínua estendendo-se até o rio Maina, a SO, e a Estrada de Ferro Tereza Cristina, W, sendo estes limite físicos. Dessa
forma ocupação se direciona a NO e a N, tendo a Rua Virgílio Mondardo e a Avenida dos Imigrantes como vetores de
crescimento.Fonte: Google Earth. Capturada em 22 de novembro de 2010.
30
cartório.
No ano de 2007 foi aprovado e implantado no limite do bairro Rio Maina
como Bairro Wosocris o Loteamento Jardim das Hortências de propriedade da Trem
Empreendimento Imobiliário Ltda.
Em 2009 foi aprovado o Loteamento Jardim das Acácias de propriedade
da Santa Clara Empreendimentos Imobiliários que embora esteja fora dos limites do
bairro tem sua implantação e acesso ligados a R. Francisco Ronchi, vetor de
crescimento do bairro.
As Figuras 10 e 11 são fotos tiradas 1990 em que se tem visão parcial da
área central do bairro nesse período. Observa-se a Av. dos Imigrantes e a noroeste o
entroncamento com a rua Virgílio Mondardo. E nas suas margens observa-se a
expansão do uso da terra urbana, que resultou na ampliação da mancha urbana.
Nas duas figuras observa-se que o houve um aumento significativo da
área central do bairro em extensão. Nelas verifica-se a implantação dos loteamentos
indicados na Tabela 2 e Tabela 3, ampliando em muito o uso da terra para o fim
residencial. Nas margens da Av. dos Imigrantes está concentrado o comércio.
Figura 10: Foto de 1990 da área central do Bairro Rio Maina, na direção noroeste-sudeste. Vista
parcial da Av. dos Imigrantes. Na parte inferior esquerda a bifurcação da avenida com a R. Virgílio
Mondardo. A esquera nas partes inferior e superior há a presença de áreas relacionadas à exploração
do carvão. Fonte: Acervo de Flávio Ronchi (Foto Galdino).
31
Na Figura 10, nas partes inferior e superior esquerda, observa-se áreas
relacionadas à exploração de carvão, ambas a leste da Av. dos Imigrantes. A área
que se está localizada na parte inferior é o local onde funcionava o escritório da
Carbonífera Catarinense, hoje desativada.
Figura 11: Foto de 1990 da área central do bairro Rio Maina no sentido E-W. Observa-se na diagonal
a Av. dos Imigrantes e no canto superior direito sua bifurcação com a rua Virgílio Mondardo. Fica claro
o adensamento da área edificada na área central, que é ocupada pela praça com a nova igreja.
Fonte: Acervo de Flávio Ronchi (Foto Galdino).
Uma primeira análise dos dados de uso e ocupação da terra urbana no
bairro Rio Maina foi efetuada a partir da construção da Tabela 4 construída a partir
da Carta das Áreas Loteadas (Figura 12), que mostra a distinção de categorias de
usos da terra, ou seja, a distinção entre a área loteada e a área não loteada. A área
loteada denota a propriedade da terra privada em sua maior parte, embora existam
dentre estes propriedade pública também. Algumas áreas que estão representadas
-28º40’46,66”
-28º39’07,80”
-49º24’21,01”
-49º26’21,08”
50
Figura 12:
50
Carta das áreas loteadas
no Bairro Rio Maina
2007
100
50
75
Legenda:
75
limite do bairro
arruamento e rodovias
ferrovia
rio
50
lago ou açude
50
curva de nível e cota
50
R. Antônio
Ronsani
Área loteada segundo a ocupação
lotes ocupado
RIO MAINA
lote baldio
R
Ma . Joã
ne o
nt
i
antiga igreja
igreja atual
50
50
50
cemitério
SC
-44
7
200
0
200
400
50
47
SC-4
100
50
Fonte: IPAT, 2007
50
50
-28º40’43,41”
-49º26’21,13”
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
distrito industrial
50
-28º40’42,00’
-49º24’19,58”
600m
33
como lotes ocupado, podem possuir apenas uma pequena construção, mas toda a
extensão do terreno fica representado como lote construído.
Com relação a área não loteada o material do IPAT não dá informação, por exemplo,
se corresponde a terras públicas ou não. Os motivos que esses lotes ainda não
foram ocupados, é devido ao fato de estarem em áres de rejeito de carvão, que
desvaloriza os terrenos. E os que não estão nessas áreas é devido ao fato de que
os proprietários fundiários e os promotores imobiliários estão aguardando a
valorização para posteriomente vende-los, ou seja a expeculação imobiliária. Neste
estudo está incluída a malha viária no espaço intra-urbano.
Tabela 4: Relação entre área loteada e não-loteada no bairro Rio Maina
Área
Ocupação
Lote ocupado
m
2
%
2.108.394,39
42,64
787.613,88
15,93
Área não ocupada e arruamento
2.048.774,62
41,43
Total
4.944.782,89
100
Lote desocupado
Fonte: A partir da Carta Temática Uso do Solo (IPAT, 2007)
Fica clara a subdivisão da terra em lotes em sua maioria privados no
bairro equivalendo a 58,57% do total da área do bairro. Também é evidente a
superioridade dos lotes ocupados por algum tipo de construção que caracterize o
usos da terra urbana, com 42,64%.
A área não ocupada incluindo a malha viária é composta por grandes
áreas vegetadas entremeadas por áreas relacionadas à exploração de carvão perfaz
41,43% do bairro.
A Carta do Uso da Terra Urbana do bairro Rio Maina (Figura 13), foi
construída a partir da carta temática elaborada para o Município de Criciúma pelo
IPAT a partir do uso praticado no lote que, dessa forma neste trabalho, se caracteriza
a produção do espaço urbano. A Tabela 5 é o produto da Figura 13 e resume
numericamente a ousos do solo urbano no bairro.
-28º40’46,66”
-28º39’07,80”
-49º24’21,01”
-49º26’21,08”
50
Figura 13:
r io
Carta do Uso da Terra
do Bairro Rio Maina
segundo os lotes
2007
50
50
75
Laranjinha
aC
rez
. Te
E. F
100
ti
ris
na
Legenda:
75
limite do bairro
Av
arruamento e rodovias
.d
os Imigrant
es
50
rdo
o
o
gã
n
Sa
lago ou açude
50
R. Antônio
Ronsani
Mo
nd
a
rio
50
ri
R.
Vi
rg
ílio
ferrovia
curva de nível e cota
Uso da Terra por lote
residencial
RIO MAINA
comercial
antiga igreja
R
Ma . Joã
ne o
nt
i
prestação de serviços
igreja atual
industrial
educacional
50
50
esportivo ou recreacional
religioso
igran
50
serviço público
Im
os
rio M
aina
.d
Av
cemitério
baldio
tes
SC
exploração do carvão
-44
7
200
47
0
200
400
50
SC-4
100
Fonte: IPAT, 2007
CODESC, 2005
50
50
50
-28º40’43,41”
-49º26’21,13”
Elaboração: Geóg. Mauricio Pamplona
distrito industrial
50
-28º40’42,00’
-49º24’19,58”
600m
35
Tabela 5: Uso da terra urbana no Bairro Rio Maina
Uso da terra urbana
Comercial
Lote
nº
Área total
%
m
2
Área média
%
m
2
71
2,34
307.208,67
10,61
4.326,88
Educacional
4
0,13
21.410,52
0,74
5.352,63
Esportivo ou recreacional
3
0,10
54.987,58
1,90
18.329,19
Industrial
10
0,33
23.605,05
0,82
2.360,50
Prestação de serviços
14
0,46
20.830,53
0,72
1.487,90
5
0,17
10.275,35
0,35
2.055,07
77,54 1.650.801,63
57,00
703,07
Religioso
Residencial
Serviço público
Baldio
Total
2.348
7
0,23
19.275,06
0,67
2.753,58
566
18,69
787.613,88
27,20
1.391,54
3.028 100,00 2.896.008,27 100,00
Fonte: A partir da Carta Temática Uso do Solo (IPAT, 2007)
696,76
A análise dos dados apresentados na tabela demonstra o alto percentual
de lotes baldios no bairro Rio Maina correspondendo a 18,69% do total de lotes e a
27,20% da área incorporada à malha urbana. Isto pode denotar que tais lotes estão
a espera de valorização, embora entre eles estejam alguns marcados pelo uso na
exploração do carvão servindo de depósito de rejeito do carvão estes são os
maiores. Estão distribuídos por todo o bairro, e na maioria são pequenos lotes
provavelmente restantes de loteamentos ou casos em que as edificações foram
demolidas.
O lotes baldios que esperam a especulação imobiliária localizam-se
principalmente as margens da Avenida dos Imigrantes, local em que estão
concentradas as edificações de uso comercial e esse é um fator que faz com que os
lotes tenham valores mais elevados.
A maior parte da área loteada ocupada no bairro é destina ao uso
residencial num total de 77,54% do número de lotes e 57,00% da área loteada
ocupada. Isto caracteriza o bairro eminentemente residencial. O uso residencial está
distribuído uniformemente por todo o bairro. A área média de 703,07m2 indica que os
lotes são pequenos em sua maioria como o padrão de lote urbano, ou seja, por volta
de 450m2.
O uso comercial ocupa a segunda posição embora muito distante da em
numero de lotes do uso residencial. O uso comercial se concentra junto às margens
36
da Avenida dos Imigrantes num percurso de aproximadamente 270m, área que
constitui a centralidade do bairro e a sua entrada sul. Esta centralidade vem se
acentuando e a parti de uma descentralização tornando o bairro auto-suficiente em
algum sentido em relação área central de Criciúma.
Os lotes com uso industrial não são significativos, pois existe uma área
destinada as indústrias junto ao limite sul, mas em outro bairro, configurado como o
Distrito Industrial.
Os demais usos, educacional, esportivo ou recreacional, prestação de
serviços, religioso e serviço público apresentam-se de forma pontual e somam
apenas 1,09% dos total de lotes e 4,48% da para dos lotes ocupados.
Através dessas informações pode-se afirmar que o bairro apresenta um
uso da terra atual misto intercalado ao uso residencial.
Dessa forma pelo até aqui exposto fica clara a produção do espaço
urbano sendo impulsionada pelo desenvolvimento da economia num primeiro
momento baseada na extração do carvão até a sua decadência e depois seguida
pela diversificação industrial. Também a ação dos diversos agentes produtores do
espaço. Observa-se que houve uma mudança dos agentes pela própria dinâmica
econômica do município e região e da dinâmica da cidade, mas é importante
ressaltar que as ações realizadas por estes multiplicaram-se. Em suma, todos esses
fatores estão interligados e são responsáveis pela produção do espaço urbano e
modificam o uso da terra urbana.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evolução do uso da terra urbana no bairro Rio Maina, aconteceu de
maneira linear, ao longo da Avenida dos Imigrantes e foi impulsionado pela atividade
carbonífera, pois muitas pessoas foram atraídas pelas oportunidades de emprego, e
isso fez com que o número de habitantes aumentasse consideravelmente.
Com o fechamento das minas, devido ao esgotamento das reservas de
carvão mineral, as pessoas que ficaram desempregadas, procuraram alternativas de
emprego em outras áreas, como por exemplo, nas cerâmicas, ou criavam seus
próprios comércios.
37
Por encontrarem condições de moradia, devido a criação de loteamentos,
continuaram residindo no bairro do Rio Maina e isso permitiu que a população
urbana aumentasse cada vez mais e o uso da terra urbana também. E os
proprietários dois meios de produção, que no caso eram os donos das carboníferas,
como possuíam muitas terras em seu domínio criaram loteamentos e com isso
passaram também a ser promotores imobiliários.
A criação dos loteamentos, que eram aprovados pela Prefeitura Municipal,
fez com que essa evolução se expandisse para áreas periféricas. A ação do Estado
na esfera municipal teve um impulso com a criação da Intendência, pois novos
investimentos foram realizados no bairro do Rio Maina, principalmente relacionados
a infraestrutura. Um vetor de crescimento foi a Avenida dos Imigrantes, pois,
segundo Villaça (2001, p. 80) uma via “provoca nos terrenos adjacentes a melhoria
de sua acessibilidade e a sua valorização” e foi isso que a Avenida dos Imigrantes e
a rua Virgílio Mondardo impulsionaram, pois influenciaram na instalação de
residências, comércios e indústrias e fizeram com que o uso da terra se
diversificasse e ampliasse.
O grupo social excluído em 1957, composto por pessoas que não
conseguiam emprego nas carboníferas, era pequeno se tomarmos como base as
pesquisas que foram realizadas com os moradores que acompanharam o
desenvolvimento do bairro. Em 1978 e 2005 o número de pessoas inseridas neste
grupo aumentou, devido à diversificação econômica que passou a ser atrativa à
imigração. As desigualdades sociais ficaram cada vez mais evidentes com o
desenvolvimento de novas tecnologias, o que possibilitou a maior concentração de
renda pela classe dominante, acentuando as diferenças entre as classes sociais. O
reflexo deste fato na paisagem ficou evidente. A produção do espaço urbano pelos
grupos sociais excluídos é percebida atualmente pelas edificações com padrão
baixo, ou seja, aquelas que não possuem acabamento nem boa estrutura e estão
localizadas em áreas que possuem baixo valor, na maioria das vezes em áreas com
rejeito de carvão.
Com as entrevistas realizadas com moradores que acompanharam o
processo de evolução do bairro Rio Maina, foi possível confirmar e complementar as
informações obtidas a partir de interpretação das aerofotos de 1957 e 1978.
Em 2007 a SC 447, que liga as cidades de Criciúma e Nova Veneza, já
estava construída e várias indústrias instalaram-se nas suas margens. Um dos
38
motivos que impulsionou a vinda destas indústrias foi o fato de suas mercadorias
poderem ser facilmente transportadas para outras regiões. Esses vetores continuam
a ter grande importância no desenvolvimento do uso da terra e na produção do
espaço urbano, pois atraem cada vez mais indústrias e comércios para o bairro.
Recomenda-se uma continuidade deste trabalho de pesquisa incluindo o
plano diretor de Criciúma.
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40
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JORGE, Solange Scotti. Criciúma, 30/10/2010.
PIZZOLO. Arlindo. Criciúma, 03/11/2010.
RONCHI, Flávio. Criciúma, 05/11/2010.
SCOTTI, Diva Maccarini. Criciúma, 30/10/2010.
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