Laboratório para testar reentrada de naves espaciais na atmosfera

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Laboratório para testar reentrada de naves espaciais na atmosfera
inaugurado em Sacavém
É a maior instalação de pesquisa espacial e o maior investimento da Agência
Espacial Europeia num equipamento em Portugal.
LUSA | 16:33 Quarta feira, 4 de março de 2015
A Agência Espacial Europeia investiu dois milhões de euros no novo
laboratório do Instituto Superior Técnico / ESA
O Instituto Superior Técnico (IST) inaugura hoje um laboratório para
testar a reentrada de veículos espaciais na atmosfera terrestre, um
projeto financiado pela Agência Espacial Europeia (ESA).
Trata-se da "maior instalação de pesquisa espacial em Portugal" e
do "maior investimento da ESA" num equipamento em Portugal,
segundo o coordenador do projeto, Mário Lino da Silva.
O Laboratório de Plasmas Hipersónicos estará operacional no verão,
depois de feitos os primeiros testes, incluindo de segurança, e
representa um investimento de dois milhões de euros, a maior parte
suportado pela ESA.
De acordo com Mário Lino da Silva, investigador do Instituto de
Plasmas e Fusão Nuclear do IST, o laboratório é a "maneira mais
fiel", e barata, "de reproduzir as condições de reentrada na atmosfera
terrestre", para efeitos de construção de naves espaciais para
futuras missões a outros planetas.
Canhão de ar gigantesco
Fisicamente, o laboratório funcionará num edifício semienterrado, construído de raiz no Campus Tecnológico e Nuclear
do IST em Sacavém, onde existe o reator nuclear português.
Numa parte do edifício, numa espécie de "bunker" a cerca de seis metros de profundidade, está um canhão de ar
gigantesco de 16 metros de comprimento, feito em aço de alta resistência (para resistir a explosões).
Na prática, é um tubo de choque, composto por uma câmara de alta pressão e outra de baixa pressão, separadas por
uma membrana, que se rompe a uma temperatura e a uma pressão extremamente elevadas.
Um gás, obtido a partir de uma mistura de hidrogénio, oxigénio e hélio, aquece a 2.500ºC e a uma pressão de 600
atmosferas na câmara de alta pressão e depois expande-se ao longo do tubo, a baixa pressão, criando uma onda de
choque, que irá dar origem a um plasma hipersónico, um gás ionizado que atinge uma velocidade superior a dez
quilómetros por segundo (mais de 30 vezes a velocidade do som) e uma temperatura acima dos 10.000ºC. O efeito
gerado simula a reentrada na atmosfera terrestre.
Apoiar missões europeias a Vénus e Marte
"Este tubo de choque vai permitir não só apoiar missões de reentrada na Terra, mas também de entrada na atmosfera
de outros planetas, como Vénus ou Marte", assinalou à Lusa Mário Lino da Silva, acrescentando que o laboratório irá
estudar também, no futuro, os riscos associados à queda de meteoritos na Terra.
Segundo o investigador, o plasma hipersónico emite uma grande radiação e o seu estudo "permite dimensionar as
proteções térmicas dos veículos espaciais de reentrada, de maneira a evitar que estes ardam durante a sua entrada
numa atmosfera planetária".
O Laboratório de Plasmas Hipersónicos vai assistir, durante 20 anos, às campanhas experimentais da ESA, que
tenciona colocar, em 2016, um robô em Marte.
Na conceção do tubo de choque participaram diversas empresas portuguesas. O Instituto Superior Técnico, além de
coordenar cientificamente o projeto, contribuiu com 250 mil euros para a construção do edifício do laboratório. Portugal
é Estado-Membro da ESA desde 2000.
A cerimónia de inauguração conta com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e da secretária de
Estado da Ciência, Leonor Parreira.
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