Aprendizagens docentes e desenvolvimento profissional

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Aprendizagens docentes e desenvolvimento profissional: contribuições
de experiências formativas desenvolvidas pela UFSCar
BORGES, Fabiana Vigo A.
MASSETTO, Débora.
REALI, Aline Maria Medeiros. (orientadora)
Introdução: Conhecendo alguns programas de formação docente.
A
formação
docente,
entendida
em
uma
perspectiva
de
desenvolvimento profissional contínuo vem constituindo-se em um desafio
constante para o avanço profissional dos professores e seu aprimoramento,
assim como para a melhoria da educação brasileira. Nesse sentido, o cenário
encontrado é de desigualdades em relação à distribuição de oportunidades na
educação, provando que as realidades educativas são difíceis de mudar
(VAILLANT, 2009).
Nesse sentido, a partir dessas dificuldades presentes no contexto
educacional, iniciativas formativas estão sendo desenvolvidas pela UFSCar,
pautando-se no desenvolvimento de programas de formação docente. Essa
universidade possui ampla tradição em programas de formação docente, já que
desde sua criação, em 1970, oferece cursos superiores de licenciatura e conta
departamentos de pós-graduação voltados para pesquisas educacionais.
Neste trabalho serão consideradas algumas iniciativas de formação
continuada de professores das séries iniciais do ensino fundamental
desenvolvidos na modalidade virtual, sendo que a primeira é intitulada
“Formação de professor-tutor-regente1” e a segunda chamada “Programa de
Mentoria online da UFSCar”2, ambas desenvolvidas na modalidade a distância.
1
Referente à dissertação de mestrado intitulada “Professor-tutor-regente: base de conhecimento
e aprendizagens”, defendida em 2013, que objetivou analisar as aprendizagens de oito professores
experientes que participaram da formação e atuaram como “professores-tutores-regentes” na disciplina
“Estágio Supervisionado” presente no curso de Pedagogia a distância..
2
Referente à dissertação de mestrado “Formação de professores iniciantes: o Programa de Mentoria
online da UFSCar em foco”, defendida em 2014, com o objetivo de analisar se e de que maneira o
Programa (2004-2007) contribuiu para a formação de professores iniciantes, participantes da iniciativa, a
partir da análise atual desses docentes sobre sua participação no programa.
O Programa de Formação de professores tutores-regentes objetivou a
formação de “professor- tutor-regente”, ou seja, professor experiente atuante
em escolas públicas, cujo papel é receber um, ou mais, “aluno-estagiário” do
curso em questão, visando à orientação e à aproximação desse estudante de
pedagogia com o contexto escolar, ou seja, o professor experiente atuará como
orientador de estágio, se responsabilizando pela formação no estágio do futuro
pedagogo. É importante destacar que, por este motivo, o professor experiente
teve uma formação específica, pois atuou presencialmente como um formador
a partir da supervisão de estágio.
Com essa iniciativa buscou-se promover um acompanhamento mais
cuidadoso do licenciando da parte da universidade em suas experiências de
inserção e atuação nos contextos escolares, superando a distância física entre
o professor da disciplina “estágio supervisionado” e o estudante-estagiário,
características específicas e inerentes a esta modalidade de ensino, que conta
também, com a mediação das tecnologias da informação e comunicação, além
da dispersão dos alunos em diferentes cidades e polos de apoio presencial.
È importante destacar que apesar de docente experiente, o professor, que
assume a função de tutor- regente, recebe uma formação específica para a
tutoria do estudante-estagiário, que será recebido em sua sala de aula. Essa
formação ocorre no curso de extensão na modalidade de Educação a
Distância, com 60 horas, oferecido e certificado pela UFSCar. Diante dessa
constatação, concordamos com Oliveira et. al. (2010), quando afirmam que
esse trabalho possui em sua gênese o desafio de construir parcerias entre uma
universidade pública e escolas públicas, numa perspectiva de colaboração
entre as instituições.
Por fim, é necessário apontar que esse “professor-tutor-regente” deve
possuir uma base de conhecimento mais consolidada e ser exemplo positivo
em sua comunidade escolar pois ensina “de modo responsivo ao contexto,
levando em conta as respostas dos alunos às diversas atividades propostas”,
bem como, “são mais capazes de implementar alterações em suas ações em
resposta a dicas do ambiente e necessidades dos alunos” (TANCREDI et al.,
2006 ).
De forma geral, percebemos que a ação do professor-tutor-regente
desenvolve-se frente à orientação e aconselhamento do aluno-estagiário, futuro
professor; tornando-se assim, um formador, ou melhor, “formadores de
professores na escola”.
Já o Programa de Mentoria online foi organizado por pesquisadoras da
UFSCar e oferecido por meio do Portal dos Professores3, ambiente idealizado
com o intuito de oferecer formação em serviço para professoras em início de
carreira, com o apoio de professoras experientes. O contato entre as
professoras foi realizado via internet, a partir de trocas de correspondências
online, entre professoras iniciantes que lecionavam nas séries iniciais do
Ensino Fundamental (na época, de 1ª a 4ª série), e professoras com
experiência, as quais possuíam uma carreira bem- sucedida e características
que viabilizaram seus papéis como mentoras.
A partir desse modelo de programa, cada professora iniciante possuía
uma mentora, enquanto esta oferecia apoio a mais de uma iniciante, atendendo
às necessidades de cada uma, sendo que o apoio às dificuldades do início da
carreira docente contava com a construção de casos de ensino, processos e
experiências de ensino e aprendizagem, materiais didáticos e reflexões sobre
assuntos relacionados à docência e ao início da carreira docente.
O tratamento individualizado foi possível por meio da flexibilidade do
currículo do Programa, baseado no atendimento das demandas das práticas e
das dificuldades encontradas pelas professoras iniciantes, em que “o novo
currículo se constrói individualmente, pois se caracteriza pelo conhecimento de
necessidades apontadas pelas professoras iniciantes e de ir em busca de sua
superação” (MIGLIORANÇA et. al, 2006, p. 14-15).
Aprendizagens docentes e Desenvolvimento Profissional
Consideramos que a aprendizagem docente acontece de forma contínua
segundo Cole e Knowles (1993), sendo marcada por um conjunto de processos
de aprendizagem que envolve aquisição e construção de conhecimentos
teóricos e práticos oriundos de diferentes fontes de experiências e reflexões.
Neste sentido, a partir das análises realizadas nas pesquisas aqui
consideradas, podemos afirmar que tanto as professores experientes que
atuaram como “professoras-tutoras-regentes”, como as professoras iniciantes
3
Site do Portal dos Professores: www.portaldosprofessores.ufscar.br
que foram orientadas por mentoras tiveram aprendizagens significativas, que
serão analisadas abaixo.
A realização dessa análise, nas diferentes categorias propostas será
ilustrada por trechos de entrevistas de participantes dos programas de
formação considerados.
 Aprendizagens das professoras experientes a partir do curso de
extensão para atuação como “professoras-tutoras-regentes”.
Considerando
as
professoras
experientes
que
atuaram
como
4
“professoras-tutoras-regentes” podemos pontuar que as aprendizagens em
torno do curso de formação se referem, de forma geral, ao primeiro contato
destas com um curso na modalidade a distância, com as ferramentas
disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem e com o uso do computador
(50%, ou seja, 4 professoras fizeram indicações nesse sentido), bem como á
aprendizagem da tutoria para orientar os estagiários (37,5%, ou seja, três
professores indicaram essa aprendizagem).
Além
destas,
foram
identificadas
aprendizagens
em
relação
ao
planejamento didático, a consideração da escola como espaço de formação, a
alfabetização de crianças, a necessidade de prudência para fazer relatos
escritos e as trocas com colegas de outras realidades.
Explorando essas informações nas entrevistas individuais pudemos
compreender detalhes, já que as professoras deram destaque para as
mesmas,conforme podemos acompanhar no excerto a seguir:
Para mim a primeira aprendizagem diz respeito ao estágio como conteúdo. Sobre o
estágio eu posso destacar três pontos, que posso chamar de aprendizagem. A primeira foi em
relação à retomada de conteúdos que já tinha visto no magistério e assim pudemos comparar,
né, vermos como está a didática hoje e como era a didática antigamente, refrescando a
memória. (...). Outra aprendizagem é enxergar e considerar a escola como um espaço de
formação já que nela podemos estar em constante formação, principalmente se pensamos e
olhamos para a nossa própria prática. (...) aprendi a usar a internet. Isso foi muito importante,
porque eu já usava a internet, mas era para uso profissional, fazer pesquisa para as aulas; usar
o correio eletrônico; todo dia eu dou uma checada no e-mail, aquela coisa básica! Hoje eu
conheço algumas ferramentas do ambiente virtual AVA do Moodle, sei usar o fórum, o WIKI, o
diário, etc.
(...) O que me surpreendeu foi o meu aprendizado com a renovação mesmo, de sair do
lugar cômodo, é começar a refletir outra vez muita coisa, de como era antes e como é agora
(entrevista- PTr 6)
4
Nas entrevistas a denominação “professora-tutora-regente” será abreviada em PTr.
Eu acho assim, o curso foi muito bom, eu estava enferrujada, porque havia muito tempo
que eu não estudava, foi um desafio para mim, e você sabe como é difícil, na hora de fazer um
diário reflexivo, na hora de relatar sobre um texto, para mim era muito difícil (...)
Desde o inicio, no letramento digital, eu não sabia nada, por exemplo, não me lembro o
nome, mas era um texto que falava algumas dicas de como se portar na internet, como por
exemplo, não escrever de letra maiúscula porque tá gritando. NETIQUETA? Isso mesmo,
verdade! Ali eu aprendi muito, porque eu nunca imaginei que teria uma regra de etiqueta na
internet(...)
Também aprendi sobre o tema do planejamento, porque a gente sabe que é necessário
mas não faz de forma tão sistemática, e eu pude ver que por mais que eu dou aula há muito
tempo no primeiro ano é importante realizar o planejamento, porque cada turma é diferente da
outra, eu mesma não serei a mesma, porque devido a rotina muitas coisas fazemos
mecanicamente, sem pensar no porque estaríamos fazendo. Mas com o planejamento a aula
corre muito melhor. Tudo o que veio foi importante, acrescentou.... (entrevista PTr-2)
Observando os relatos das professoras-tutoras-regentes, podemos
perceber o quão significativo foi o curso de formação inicial denominado
Letramento Digital e o curso de Acompanhamento, que, de acordo com os
relatos, pôde ensinar não apenas a lidar com o ambiente virtual e com a
modalidade EaD, como também, com os estagiários e a forma como se portar
para ser uma “tutora-regente”.
Em relação ás aprendizagens próprias da modalidade EaD, é importante
apontar uma das respostas (PTr2) que aponta a “Netiqueta” como um exemplo
de aprendizagem, que é necessária para poder se relacionar com outras
pessoas na realidade virtual. Assim como, destacamos as aprendizagens
decorrentes do contato com ferramentas típicas desta modalidade de ensino,
como é o caso do WIKI e dos fóruns de discussões e, ainda, o conhecimento
de novos sites educativos.
Sob tais aspectos que envolveram a organização da iniciativa de
formação, concorda-se com Ortiz (2010), ao afirmar que esta modalidade de
ensino pressupõe “aprendizagens específicas que permitem a interação, já que
a participação ativa implica, nesse contexto, partilhar e trocar opiniões,
associar, estabelecer relações, rejeitar e conflitar ideias a partir de dados, fatos
ou situações” (ORTIZ, 2010, p.31).
Neste sentido, podemos destacar as aprendizagens iniciadas pela
possibilidade, da leitura de textos e do estudo de temas e assuntos
educacionais que em muitos momentos são esquecidos no cotidiano escolar,
mas que são essenciais para a atuação do “tutor-regente” como, por exemplo,
a alfabetização. Para ilustrar essas aprendizagens entre os temas destacados,
como letramento, alfabetização, histórico do estágio curricular, o planejamento
didático e a avaliação diária das aulas.
È interessante observar que de acordo com os depoimentos das
“professoras-tutoras-regentes” coletados, a rotina muitas vezes “atropela” e
torna mecânicas ações que devem ser sistematizadas para a atuação e ensino
dos estagiários, sendo que entre essas ações foi possível identificar o
planejamento sistemático e a avaliação da aula.
Analisando a PTr2, vemos que há consciência que o planejamento é
importante, mas este não acontece de forma sistemática: “eu pude ver que por
mais que eu dou aula há muito tempo no primeiro ano é importante realizar o
planejamento, porque cada turma é diferente da outra, eu mesma não serei a
mesma, porque, devido à rotina, muitas coisas fazemos mecanicamente, sem
pensar no porque estaríamos fazendo.” A PTr1 também faz referência à
necessidade de sistematização, porém em relação à avaliação diária: “porque
eu, de certa forma fazia, porém, não era tão sistemático, não era diário, por
causa da correria, do dia a dia, e com o curso tive que fazer o registro do dia,
repensando o meu dia, observando o que eu achei que não foi legal, o que foi
legal”.
 Aprendizagens das professoras iniciantes a partir do Programa de
mentoria.
A apresentação das aprendizagens de uma professora5 ex-participante do
Programa de Mentoria (2004-2007), a partir de suas análises atuais sobre a
época em que participou da iniciativa, será realizada por meio de trechos de
entrevistas6 realizados a respeito das contribuições do Programa no
enfrentamento das dificuldades do início da carreira docente.
O termo “reflexão” foi um aspecto de destaque na compreensão da
professora Solange sobre sua prática e como isso ajudou na superação das
dificuldades que foram apresentadas em seu início de carreira:
A importância da reflexão sobre a prática, isso fez com que eu visse que em algumas
coisas eu estava certa, em algumas coisas eu estava errada e havia outros caminhos... A gente
não pode dizer que estava errada, porque foi o ensino que eu tive, um ensino bancário mesmo,
5
6
As entrevistas foram realizadas em 2013, por meio da pesquisa:
tradicional, em que o professor é o único que sabe. De repente, a Denise foi me trazendo
situações, propostas, encaminhamentos pra minha prática, reflexões sobre aquilo que eu fazia,
que foram me fazendo refletir e retomar... Ampliar o meu conhecimento! A questão de coesão e
coerência, uma coisa que melhorou, inclusive pra mim, eu via que o meu próprio uso, não
somente para trabalhar com as crianças, mas eu vi que, no decorrer do Programa, eu vejo a
diferença entre a minha produção quando conversava com ela no início e a minha produção no
final do Programa, eu tinha outra escrita, sabe? Não só para as crianças contribuiu, mas pra
mim também, pro meu próprio uso (entrevista Solange).
A professora apresenta que a reflexão é referente a um movimento de
pensar sobre as práticas realizadas e aquelas que poderiam ser feitas,
justificando as suas escolhas erradas a partir da formação obtida até chegar
como professora, ou melhot, o ensino tido como bancário e tradicional.
A reflexão tem um lugar importante na fala de Solange, já que a
professora pôde retomar suas escolhas e pensar sobre elas, em um movimento
de ampliação de seus conhecimentos, além disso, notou o avanço não
somente de seus alunos, como também de seu entendimento sobre a escrita
de um texto, auxiliando a sua produção textual. Assim, ao compreender a
importância e como trabalhar coerência e coesão na produção de textos com a
classe, teve sua escrita influenciada e pôde ensiná-los com propriedade.
Dessa forma, observa-se que é preciso trabalhar os conteúdos com os
professores, em diferentes momentos formativos, a fim de que eles
compreendam o que está sendo tratado e que avancem de um movimento
técnico, de execuções de práticas que são rotuladas como eficazes.
Outro aspecto importante sobre as aprendizagens pôde ser notado
sobre o apoio da mentora à iniciante:
E com os textos que ela me deu, algo muito importante que ela me passou foi a leitura
em voz alta, para que os alunos se apropriassem do repertório de um texto e, com isso, eles
teriam um vocabulário, um desenvolvimento, a própria oralidade, um maior conhecimento para
poder registrar. E a outra atividade que ela deu foi a reescrita de textos, então eu contava para
eles uma história, começamos pela fábula, depois eles faziam a reescrita. Eu escolhia um
desses textos, também orientada por ela, pra fazer uma revisão coletiva (entrevista Solange).
Observa-se que Solange se apropriou dos aspectos que foram
abordados na mentoria, como a leitura em voz alta e a reescrita e, a partir
desse trecho, pode-se verificar a segurança com que a professora fala dos
assuntos que foram foco de suas preocupações no início de sua carreira,
demonstrando como eles foram tratados na época e que esses conhecimentos
ainda estão atuais.
Ainda assim, nota-se a importância das interações da iniciante com a
mentora, a fim de construírem, juntas, saberes sobre o ensino e estratégias de
superação dos problemas, conhecimentos que compõem a base de
conhecimentos para a docência.
A fim de complementar a fala de Solange, a professora avalia a sua
participação no Programa de Mentoria online:
Então quando apareceu esse Programa, eu digo: foi algo de Deus, que realmente me
ajudou muito. E o desempenho dos meus alunos! E o melhor de tudo para mim, além do
aprendizado que eu tive, mas o melhor de tudo foi a questão da melhora, de ser uma
professora que pode desenvolver uma experiência de ensino e aprendizagem. Isso pra mim foi
muito importante (entrevista de Solange).
Solange demonstra satisfação em ter participado do Programa de
Mentoria, visto a partir de seu aprendizado e do avanço de seus alunos, o que
envolve, dentro de sua trajetória de mentoria, o desenvolvimento de uma
experiência de ensino e aprendizagem, a construção de conhecimentos e
saberes, reflexão sobre as práticas, elementos que ajudaram a constituí-la
como uma professora segura e com condições de prosseguir na carreira
docente.
Algumas reflexões sobre as contribuições dos programas:
Diante das experiências de formação docentes destacadas e analisadas
podemos pontuar a importância de programas de formação que sejam
planejados considerando os contextos dos participantes, que neste caso são
professores atuantes na educação básica, possibilitando momentos formativos
de reflexão sobre suas práticas.
Neste sentido, concordamos com Nóvoa (1992) quando o mesmo afirma
que qualquer iniciativa de formação docente deve, “estimular uma perspectiva
crítico-reflexivo, que forneça aos professores os meios de um pensamento
autônomo e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada” (p. 26).
Para esse autor, toda formação e mudança na prática docente implica um
investimento pessoal, pois o professor é uma pessoa, com seus sentimentos,
suas crenças, seu conhecimento, por isso, é importante dar espaço “para a
interacção entre as dimensões pessoais e profissionais, permitindo aos
professores apropriar-se dos seus processos de formação e dar-lhes um
sentido no quadro das suas histórias de vida”. (p. 26)
Outro aspecto considerado na elaboração destas experiências formativas
é a possibilidade da formação estar conectada com a realidade educacional do
país, considerando que as professoras participantes, sejam elas iniciantes ou
experientes, eram atuantes em escolas brasileiras. Para TANCREDI et all.
(2006), “inegavelmente a qualidade do sistema educativo depende de seus
professores e de suas práticas pedagógicas, que por sua vez relacionam-se
aos processos formativos ao quais foram/são submetidos e que podem ter
impactos sobre a qualidade da aprendizagem dos alunos”. (p.9).
Sobre a parceria Universidade-escola, verifica-se que a parceria foi
vantajosa e de alto alcance devido ao fato de ser oferecida na modalidade a
distância possibilitou que diferentes realidades fossem atingidas, a partir da
grande abrangência de professores de todo país, concordando que “desenhase uma nova geografia, em que já não importa o lugar onde cada um habita,
mas as suas condições de acesso às novas realidades tecnológicas” (KENSKI,
2007, p. 18).
De forma mais específica sobre esse assunto, no caso do Programa de
Mentoria online da UFSCar, foi possível perceber a importância das
aprendizagens mediante interações entre profissionais experientes e iniciantes
e que, para viabilizar esse apoio, foi pertinente o uso de interações na
modalidade a distância, as quais minimizam dificuldades como a escassez de
tempo e acúmulo de responsabilidades pessoais e profissionais.
Por fim, tendo como base os dados e as análises apresentadas, é
possível afirmar que os programas organizados por pesquisadores da UFSCar
colaboraram com a formação docente dos professores participantes das
iniciativas, no sentido de possibilitar aprendizagens sobre a docência,
pautando-se em processos reflexivos sobre a prática, na construção de
conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem.
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Pesquisa 1).
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