CAPÍULO X O mecanismo da flexão portuguesa Alguns pontos pricipais do capítulo Qual é o significado do termo “flexão”? Um vocábulo flexiona quando muda sua forma para novos empregos (flecta, se dobra). No português as flexões são segmentos fônicos pospostos ao radical , e denominados sufixos ou desinências. Os sufixos flexionais se distinguem dos sufixos derivacionais, destinados a criar novas palavras. Os mecanismos flexionais expressam modalidades específicas de uma mesma palavra: canto, cantei , cantarei. Os mecanismos derivacionais não seguem tal pauta sistemática. Cantar-cantarolar ok, mas não servem para gritar, falar. Temos fala para falar, consolo/consolação para consolar, julgamento para julgar. Na flexão há obrigatoriedade e pauta sistemática. Imposta pela natureza da frase: Comemos o doce ( nós) A concordância: singular/plural. A casa - as casas – as casa. Concordância de gênero masculino/feminino Casa aberta- portão fechado Os mecanismos flexionais expressam relações fechadas. O resultado da derivação é um novo vocábulo. As relações são abertas. Sempre possível criar um novo vocábulo, um novo termo. Não há um paradigma fechado, exaustivo. A formiga morreu/desmorreu. Os sufixos flexionais são poucos: encontram-se a rigor entre os nomes e os verbos. Os nomes se flexionam em gênero e número. O gênero condiciona uma oposição entre uma forma masculina e uma forma feminina. Tem como flexão básica um sufixo flexional ou desinência: –a (átono final), para a marca do feminino. A flexão de número cria o contraste entre a forma singular e plural. . Decorre da presença de um sufixo flexional ou desinência /S/ à forma do nome. O masculinos se caracteriza pela ausência da marca de feminino. O singular se caracteriza pela ausência da marca de plural. Ambos são assinalados pelo morfema gramatical zero (). Alguns pronomes têm essas flexões: ele, ela, eles , elas Os pronomes apresentam noções ausentes dos nomes: noção de pessoa nos pronomes: 1a, 2a, e 3a pessoas. A noção de pessoa não se realiza por flexão, mas por vocábulos distintos. Noção de caso: São vocábulos distintos. As 3 noções dos pronomes: pessoa, gênero neutro inanimado) ( isso, isso, aquilo) e gênero animado (alguém, ninguém) e caso não se realizam por flexão mas por vocábulos distintos. Caso reto: eu , tu , ele, nós, vós, eles . Caso obliquo: átonos: me, lhe e regido por preposição: para mim, ele, nós. Nos verbos: Classe de vocábulos flexionais. Noções diferentes: 1) Tempo: ocasião do estado ou ação a que o verbo se refere do ponto e vista do momento da comunicação. Acumula-se na noção de Tempo a noção de Modo: (indicativo, subjuntivo, imperativo). Pretérito: aspecto concluso e inconcluso. 2) Pessoa gramatical do sujeito. Pessoa gramatical implica automaticamente a indicação de número; singular e plural. Tema: radical ampliado pela vogal temática. Em cant- fal- grit- temos temas em –a: cant- a, fal - a, grit-a. Tais vogais colocam esses verbos numa classe morfológica de 1a conjugacão. Verbos de tema em –e (2a conjugação) e verbos de tema em -i (3a conjugação). A mesma distinção nos nomes: nomes de tema em -a: planet- a; estrel-a; poet-a; ros-a. Nomes de tema em –e (/i / átono final): satélit-e ; dent-e; pont-e. Nomes de tema em –o (/u/ átono final): astr-o; trib-o; livr-o. Não se confunde a desinência de feminino –a lobo-loba e a vogal temática -a que não é marca de gênero: poeta (masculino); artista (masculino/feminino) . Formas atemáticas: oxítonas. Os que terminam no singular em consoante posvocálica tem uma forma teórica em –e /i/ átono final que se deduz do plural: feliz- *felize- felizes; mar- *mare- mares. O nome e suas flexões: Do ponto de vista funcional: substantivos e adjetivos. Determinado/determinante. Um marinheiro( subs) brasileiro (adj). Um brasileiro (subs) marinheiro (adj). Nomes essencialmente adjetivos: grande, feio, etc. Nomes essencialmente substantivos: homem, leão. Mas se pode ter: um homem leão/ um homem fera. Diferença formal dos adjetivos: 1) Tema em -o e tema em -e, para a maioria dos adjetivos. a) concretamente em -e : grande; b) teoricamente em -e: feliz ( felize), fazendo o plural felizes. 2) Oa djetivos de tema em -e não apresentam a flexão de feminino em -a . Os adjetivos de tema em -o apresentam a flexão de feminino em -a: corajoso-corajosa. Os substantivo possuem femino em -a. mesmo quando são de tema em -e: mestremestra; pintor-pintora; autor-autora. Ou atemáticos: peru-perua. A flexão de gênero 1) Incoerência da descrição na gramática tradicional: confundida com a noção de sexo. O gênero abrange todos os nomes substantivos, quer se refiram a seres animais, ou coisas. Mesmo quando se referem a pessoas não hea uma relação direta entre gienero e sexo: testemunha ( sempre feminino); , cônjuge (sempre masculino), cobra (feminino), tigre (masculine).. O gênero é uma distribuição dos nomes em classes mórficas. Distingue os seres por certas propriedades semânticas: jarro-jarra; urso-ursa. O masculino é a forma geral, não marcada. O feminino indica uma especialização qualquer: jarra= espécie de jarro. Ursa =fêmea do urso. Na GT não foi feita a didstinção entre flexão de gênero e processos lexicais ou sintáticos que indicam gênero. a) mulher = feminino de homem ( errado) mulher é sempre feminino e homem é mascuino. Ambos os vocábulos estão semanticamente relacionados, mas não flexionalmente. Gênero por heteronímia. b) O mesmo para os sufixos derivacionais: imperador: sufixo derivacional -dor ( o que impera). Imperatriz , sufixo derivacional-triz. Galinha –diminutivo de galo. Assim os sufixos -triz, -inha não são flexão de gênero, mas derivação. c) “epicenos” não é flexão de gênero. Macho e fêmea. Não é obrigatório. O gênero não muda com a presença das palavras macho e fêmea. A cobra macho. O tigre fêmea. Como formular a regra de flexão de gênero? Uma única regra, com alguns alomorfes. Acréscimo para o feminino do sufixo flexional –a (/a/átono fina). Ver os alomorfes no cap. XI. Ver também os detalhes da flexão de número no cap. XI.