1 - Revisao do grupo de pastagem

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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Departamento de Produção Vegetal – LPV
Disciplina: LPV 0672 – Biologia e Manejo de Plantas Daninhas
Controle de plantas daninhas em pastagens
Alan Claudino
Luis Felipe Martin
Mathaus Antonio Mandro
Piracicaba
2016
Índice
1.
Introdução .................................................................................................................................. 3
2.
Revisão Bibliográfica................................................................................................................ 4
2.1.
Principais plantas daninhas relacionadas à pastagem ........................................................ 4
2.2.
Problemas causados por plantas daninhas em pastagens ................................................... 5
2.2.1.
Competição por espaço ............................................................................................................. 6
2.2.2.
Competição por luz .................................................................................................................... 6
2.2.3.
Competição por água e nutrientes........................................................................................... 6
2.2.4.
Queda real da capacidade de suporte por área ..................................................................... 7
2.2.5.
Aumento do tempo para a formação das pastagens ............................................................. 7
2.2.6.
Ambiente propício ao desenvolvimento de parasitas externos ........................................... 7
2.2.7.
Ferimento nos animais .............................................................................................................. 8
2.2.8.
Envenenamento por plantas tóxicas ....................................................................................... 8
2.2.9.
Riscos de erosão.......................................................................................................................... 9
2.2.10.
Comprometimento da estética da fazenda ............................................................................. 9
2.3.
Métodos de controle de plantas daninhas ............................................................................. 9
2.3.1.
Medidas preventivas .................................................................................................................. 9
2.3.2.
Controle cultural ........................................................................................................................ 9
2.3.3.
Controle mecânico ................................................................................................................... 10
2.3.4.
Fogo ............................................................................................................................................ 10
2.3.5.
Controle biológico .................................................................................................................... 11
2.3.6.
Controle químico...................................................................................................................... 11
2.4.
Herbicidas em pastagem ......................................................................................................... 12
2.4.1
Herbicidas registrados para uso em pastagens no Brasil .................................................. 12
2.4.2
Uso de herbicida na pastagem ............................................................................................... 12
2.4.3.
Métodos de aplicação................................................................................................................ 13
2.4.5.
Resistências das plantas aos herbicidas................................................................................ 14
2.4.6.
Fatores que predispõem ao desenvolvimento de plantas resistentes ............................... 14
2.4.7.
Como evitar o aparecimento de plantas resistentes ........................................................... 15
2.4
Considerações finais ................................................................................................................ 16
2.5
Referências Bibliográficas...................................................................................................17
3
1. Introdução
A pecuária brasileira ocupa hoje uma área de 220 milhões de hectares, contemplando um
rebanho de aproximadamente 195 milhões de animais, distribuída por mais de dois milhões de
proprietários (DUTRA, 2005). Segundo Nogueira, no Brasil, a pecuária extensiva é
responsável por cerca de 93% do rebanho bovino, tendo nas pastagens sua principal fonte
alimentar. Esse tipo de sistema de produção de carne apresenta um dos menores custos do
mundo, estimado em 60% e 50% dos custos da Austrália e Estados Unidos, respectivamente.
A produção de carne e leite é baseada quase que exclusivamente em pastagens de gramíneas e
leguminosas forrageiras. Devido à importância da pecuária para a economia brasileira, o
cultivo de plantas forrageiras assume o papel relevante para a cadeia produtiva de carne e
leite.
O Brasil possui grandes áreas de pastagens em localizações adequadas que faz uma atividade
pecuária muito competitiva. Portanto, o nosso país tem condições de atendimento a grande
demanda mundial por alimento produzido de uma forma natural com respeito ao meio
ambiente. Todavia, um dos maiores problemas dos sistemas de produção de bovinos no Brasil
Central é a degradação das pastagens. Estima-se que 80% dos quase 60 milhões de hectares
de áreas de pastagens na região dos Cerrados apresentam algum estágio de degradação
(Macedo et al., 2000). Embora poucos trabalhos na literatura mostrem os efeitos da
competição das plantas daninhas com as pastagens, é bem conhecido que as pastagens mais
produtivas são aquelas que, dentro outros fatores apresentam baixo nível de infestação de
plantas daninhas (Victoria Filho, 1986).
As pastagens naturais ou cultivadas são constituídas principalmente de gramíneas. As
principais gramíneas utilizadas são: Panicum maximum Jacq. Cv. Colonião, Tanzânia e
Mombaça, Brachiaria brizantha Cv. Marandu, Xaraes, Brachiaria decumbens Stapf (capimbraquiaria), Brachiaria humudicola (capim-humidicola), Brachiaria ruziziensis (capimbraquiaria), Cynodon dactylon (L.) Pers (grama-seda), Cynodon rizomatosa (capim-tifton),
Andropogon gayanus (Andropogon) além de outras.
No Brasil existem diversos levantamentos realizados sobre as plantas daninhas com
pastagens. Assim, Dantas & Rodrigues (1980) realizaram um levantamento em pastagens
cultivadas na Amazônia, apresentando uma lista de 266 espécies pertencentes a 54 famílias e
168 gêneros. Gonçalves et al (1974) apresentam uma relação de 144 espécies invasoras de
pastagens do Estado do Pará, indicando as mais freqüentes nas áreas levantadas.
3
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Principais plantas daninhas relacionadas à pastagem
As plantas daninhas surgiram de um processo dinâmico de evolução ao
adaptarem-se às perturbações ambientais provocadas pela natureza ou pelo
homem por meio da agricultura (Silva et al. 1994). Sua perpetuação, como
infestante em áreas agropecuárias, está condicionada a um compromisso entre a plasticidade
de
cada
indivíduo
e
aqueles
processos
que,
em
longo
prazo,
outorgam-lhe flexibilidade adaptativa diante das eventuais modificações do
ambiente e aquelas que ocorrem em condições naturais em todo o sistema,
através do tempo (Fernandez, 1979).
Pitelli (1989) distingue dois tipos básicos de invasoras que se instalam em
pastagens: a) em pastagem bem formada, com forrageiras de alto poder de
ocupação de solo e com manejo adequado de animais, na qual as oportunidades de infestação
de
espécies
ruderais
extremas
são
reduzidas.
As
espécies que predominam são tipicamente arbustos e árvores de pequeno porte, não
apresentando grande alocação de recursos em estruturas reprodutivas e, portanto, suas
populações crescem de maneira relativamente lenta,exigindo controle pouco freqüente e
menos rigoroso; b) em pastagens mal formadas ou manejadas inadequadamente - como
acontece com grande parte das pastagens estabelecidas na Região Amazônica - em que não há
ocupação efetiva da superfície do solo, são submetidas à superlotação de animais, a
competitividade da forrageira é reduzida e os distúrbios muito maiores. Com isso,
predominam as espécies com características mais eletivas na reprodução, apresentando ciclo
curto e com mais rápido crescimento populacional, levando à rápida degradação da pastagem
Tais plantas concorrem com as forrageiras em termos de luz, água,
nutrientes e espaço físico, arranham os animais, desvalorizando o couro, e são
responsáveis também, quando tóxicas, pela mortalidade de alguns animais
(Carvalho & Pitelli, 1992). Muzik (1970) salienta que as plantas invasoras
causam mais perdas e danos à agricultura do que as pragas e doenças das
plantas cultivadas, e se constituem na maior barreira para o desenvolvimento
econômico de muitas regiões do mundo.
Um grande numero de plantas daninhas, incluindo arvores, ou arbustos, dicotiledôneas
herbáceas, gramíneas e ciperáceas, infesta as pastagens. As arvores e os arbustos em geral são
perenes, enquanto os demais apresentam ciclo de vida anuais ou perenes. Qualquer planta
invasora numa pastagem causa problemas e prejuízos, devido à competição por espaço, luz e
nutrientes dessas plantas com as forrageiras; portanto precisam ser combatidas. Embora as
plantas herbáceas sejam mais comuns numa pastagem, os arbustos e subarbustos se
constituem no principal problema. (Embrapa, 2006). Entre todas as plantas daninhas
relacionada a pastagens, há algumas de maior importância, presentes na tabela 1.
4
Tabela 1: Principais plantas daninhas em pastagem (Tokarnia et al, 2000).
2.2 Problemas causados por plantas daninhas em pastagens
Os fatores analisados anteriormente mostram porque as plantas daninhas são mais
competitivas que as pastagens. Vamos analisar agora, os principais problemas causados pelas
plantas daninhas: a competição direta por espaço, luz, água e nutrientes, além de outros
problemas indiretos que também justificam o seu controle.
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2.2.1 Competição por espaço
Segundo VELINI (1987), a competição por espaço é de difícil quantificação e compreensão,
podendo-se, contudo, admiti-la quando uma determinada planta é forçada a assumir uma
arquitetura que não lhe é característica. Não se encontrou nenhuma referência na literatura
sobre a importância da competição por espaço. No entanto, este é o tipo de competição mais
percebido pelo pecuarista, pois onde está presente uma planta daninha, a gramínea forrageira
não poderá tomar o seu lugar, causando uma diminuição no número de plantas desejáveis na
pastagem. Neste aspecto a planta daninha também é muito favorecida pelo pastejo seletivo.
2.2.2 Competição por luz
A atividade fotossintética das plantas geralmente é bastante reduzida devido ao seu
sombreamento. Assim, a habilidade de uma espécie em competir pela luz normalmente está
bastante correlacionada com a sua capacidade de situar suas folhas acima das folhas de outras
espécies; por conseqüência, normalmente ocorre uma correlação direta entre a habilidade de
uma espécie competir por luz e o seu porte (VELINI, 1987). Assim fica fácil perceber que as
plantas daninhas de folhas largas apresentarão maior facilidade em competir com a pastagem
devido à sua arquitetura particular.
2.2.3 Competição por água e nutrientes
A competição por água e nutrientes depende da espécie infestante, porém, aquelas com raízes
superficiais muito desenvolvidas competem com maior agressividade com a gramínea
forrageira, que apresenta sistema radicular fasciculado (VICTÓRIA FILHO, 1986). A
competição será maior principalmente em situações em que a disponibilidade de água é
limitada. Neste caso, as plantas daninhas de folhas largas infestantes de pastagens levariam
vantagem sobre o pasto devido a sua maior capacidade de remoção de água do solo (sistema
radicular mais desenvolvido). A baixa fertilidade natural da maioria dos solos ocupados por
pastagens, aliada à não utilização de práticas de adubação para a reposição de nutrientes, faz
com que a competição por nutrientes se torne uma das mais importantes
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2.2.4 Queda real da capacidade de suporte por área
A competição pelos fatores citados anteriormente provocam uma diminuição da produção de
massa verde nas pastagens (quantidade de forragem disponível), consequentemente a
quantidade de animais por área deverá ser menor para não acelerar a degradação das
pastagens.
2.2.5 Aumento do tempo para a formação das pastagens
A competição com as plantas daninhas provoca um atraso no estabelecimento das gramíneas
forrageiras, atrasando o desenvolvimento da parte aérea, do sistema radicular e reduzindo o
perfilhamento. Estudo realizado por Rosa et al. (2001) mostra que o uso de herbicida para
controle de plantas daninhas em reforma de pastagem proporciona um maior número de
perfilhos da gramínea forrageira quando comparado a uma reforma de pastagem onde as
plantas daninhas não foram controladas e competiram com o capim. Isso explica a demora de
até um ano para a plena utilização da capacidade de suporte da pastagem.
Diversas espécies de plantas daninhas apresentam espinhos e a sua presença nas pastagens,
além de não permitir que o gado se alimente do capim nas suas proximidades, ainda causam
ferimentos nos animais, principalmente nas tetas das vacas. Como exemplos destas plantas
poderiam citar algumas do gênero Solanum (joá e jurubeba), a Malícia ou Dormideira
(Mimosa pudica) e o Arranha-Gato (Acacia plumosa). Trabalho realizado por Yabuta F.H. et
al. ( 2003 ) demostrou haver redução da disponibilidade de capim para plantas invasoras sem
espinhos, mas concluiu que a indisponibilidade de capim é muito maior em pastagens
infestadas com plantas invasoras que apresentam espinhos, podendo afetar uma área de até 2
meros de raio a partir do caule principal da invasora.
2.2.6 Ambiente propício ao desenvolvimento de parasitas externos
A planta daninha constitui importantes hospedeiros alternativos de pragas, moléstias,
nematóides, ácaros, plantas parasitas e outros inimigos naturais das plantas forrageiras. Com
isso, permitem as presenças de populações relativamente densas de inimigos naturais das
forrageiras, mesmo em épocas em que as pastagens são destruídas pelo fogo, por estiagem ou
por pastejo excessivo (PITELLI, 1989).
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2.2.7 Ferimento nos animais
Diversas espécies de plantas daninhas apresentam espinhos e a sua presença nas pastagens,
além de não permitir que o gado se alimente do capim nas suas proximidades, ainda causam
ferimentos nos animais, principalmente nas tetas das vacas. Como exemplo destas plantas
poderia citar algumas do gênero Solanum (joá e jurubeba), a Malícia ou Dormideira (Mimosa
pudica) e o Arranha-Gato (Acacia plumosa). Trabalho realizado por Yabuta F.H. et al. (
2003) demostrou haver redução da disponibilidade de capim para plantas invasoras sem
espinhos, mas concluiu que a indisponibilidade de capim é muito maior em pastagens
infestadas com plantas invasoras que apresentam espinhos, podendo afetar uma área de até 2
meros de raio a partir do caule principal da invasora
2.2.8 Envenenamento por plantas tóxicas
Algumas plantas daninhas são extremamente tóxicas e a sua presença nas pastagens traz
muitos problemas para os pecuaristas devido à perda de animais intoxicados. São exemplos
destas plantas a Palicourea marcgravii (erva-de-rato), a Pteridium aquilinum (samambaia) e
a Baccharis coridifolia (mio-mio) que podem levar a morte um animal que ingira 700 mg de
material vegetativo por quilo de peso vivo (no caso da erva-de-rato) e 1000 mg (no caso do
mio-mio) (LORENZI, 1991). Nos EUA por exemplo, a importância dada a este problema é
tanta, que existe um programa para o controle de espécies tóxicas em pastagens no qual o
governo subsidia uma parte do custo do herbicida utilizado pelos pecuaristas. No Brasil ainda
não foi percebida a real dimensão do problema das plantas tóxicas. Dobereiner et al (2000)
publicaram algumas informações sobre os prejuízos causados por plantas tóxicas ao rebanho
do Estado do Rio Grande do Sul extrapolando os dados para o Brasil, mostrando que estamos
sujeitos a grandes perdas devido a esse problema.
propriedade, uma vez que são mais produtivas que pastagem degradadas infestadas por
plantas invasoras, além de apresentar maior liquidez de venda no mercado .
8
2.2.9 Riscos de erosão
A competição das plantas daninhas com as pastagens, aliado ao super-pastejo, reduz a
cobertura do solo, expondo-o à erosão, o que degrada a sua fertilidade e a sua capacidade
potencial de produção de forrageiras, além dos problemas ambientais decorrentes da erosão.
2.2.10 Comprometimento da estética da fazenda
Obviamente as preocupações com a estética da fazenda são bem menores do que a
preocupação com os danos econômicos causados pelas plantas daninhas. Entretanto,
pastagens limpas ajudam a valorizar a propriedade, uma vez que são mais produtivas que
pastagem degradadas infestadas por plantas invasoras, além de apresentar maior liquidez de
venda no mercado.
2.3 Métodos de controle de plantas daninhas
O manejo das plantas daninhas é a combinação de uma forma racional de medidas preventivas
com medidas de controle e erradicação
2.3.1 Medidas preventivas
Consiste na adoção de medidas que impeçam ou minimizem a introdução e disseminação de
plantas daninhas na área. Como exemplo o uso de sementes de qualidade é muito importante
no estabelecimento da espécie forrageira e introdução de novas espécies na área. É importante
consultar a legislação vigente sobre as sementes nocivas proibidas e toleradas em gramíneas e
leguminosas forrageiras. importante consultar a legislação vigente sobre as sementes nocivas
proibidas e toleradas em gramíneas e leguminosas forrageiras.
2.3.2 Controle cultural
Seria a utilização de qualquer prática que viesse a auxiliar a espécie forrageira na ocupação do
solo disponível, proporcionando-lhe maior habilidade competitiva com as plantas daninhas.
Os principais exemplos de métodos culturais são os seguintes:
a) uso de semente de qualidade, livre de plantas daninhas
b) manejo adequado do pasto deixando a reserva fisiológica adequada
c) as espécies forrageiras devem estar adaptadas as condições de clima e solo do local.
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d) o uso do consórcio de gramíneas e leguminosas permite uma ocupação mais rápida da
superfície do solo diminuindo a infestação das plantas daninhas.
e) uso adequado da adubação, permitindo melhor desenvolvimento das espécies forrageiras.
f) manutenção do gado no curral por 48 horas, quando ele vem de uma área altamente
infestada de plantas daninhas que ainda não estão presentes na área onde serão lotados.
g) calagem do solo em alguns casos pode diminuir a infestação de algumas plantas daninhas.
Todavia, Carvalho & Xavier (2000) utilizando doses crescentes de calcáreo dolomítico para
reduzir a infestação do sapé (Imperata brasiliensis) não obtiveram resultados satisfatórios. O
controle cultural tem uma importância fundamental na manutenção da pastagem, evitando os
danos provocados pelas plantas invasoras.
2.3.3 Controle mecânico
O controle mecânico é realizado com a utilização dos seguintes equipamentos: foice,
roçadeira, correntão, rolo-faca, trilho. O uso de cada tipo de equipamento depende do tipo de
vegetação, do porte e da densidade de infestação. As plantas arbustivas infestam as pastagens
de um modo geral são perenes e tem a capacidade de regenerar a parte aérea quando cortadas.
A utilização da foice é ainda muito comum, todavia, por necessitar muita mão-de-obra e
ocorrer a reinfestação rapidamente, muitos fazendeiros estão avaliando os custos. O
investimento inicial não é alto, todavia, deve ser comparado com outras alternativas. Victoria
Filho, et al (1986) em trabalho conduzido em pastagens de capim-colonião (Panicum
maximum Jacq) na região Amazônica, comparando o efeito dos métodos químicos e manual
de controle das plantas daninhas, verificaram que a reinfestação pode afetar o
desenvolvimento da pastagem, e conseqüentemente a capacidade de suporte.
2.3.4 Fogo
O fogo é ainda uma prática bastante utilizada em pastagens no Brasil. Para que haja um
controle adequado dos arbustos, há necessidade de uma boa massa de capim para desenvolver
temperaturas elevadas, que possam eliminar os arbustos mais desenvolvidos. Todavia, muitos
dos arbustos nativos de porte mais alto sobrevivem, pois são tolerantes. O fogo é um meio
barato e fácil de eliminar arbustos de pastagens, todavia, o seu uso não é recomendado,
considerando os aspectos ecológico e agronômico. A queima traz implicações ambientais,
poluindo a atmosfera, sendo recomendado o uso controlado em todas as áreas agrícolas do
mundo. Sob o aspecto agronômico, o uso do fogo em pastagens diminui o teor de matéria
orgânica no solo, provoca a perda de nutrientes como nitrogênio, fósforo e enxofre que seriam
incorporados ao solo, e também provoca a redução do pH do solo. O uso do fogo em
pastagem no Brasil e suas limitações são relatadas por alguns autores como Evangelista
(1996) e Macedo (1995)
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2.3.5 Controle biológico
O método de controle biológico consiste na utilização de inimigos naturais como insetos,
fungos, bactérias, ácaros, vírus, peixes, aves e mamíferos no controle de plantas daninhas. O
controle do figo-da-índia ou cactus (Opuntia inermis e Opuntia stricta) em pastagens da
Austrália com a lagarta Cactoblastis cactorum Berg. é um dos exemplos de sucesso mais
citado na literatura. Essa planta daninha chegou a atingir grandes áreas das pastagens da
Austrália. Em 1925 foi introduzido esse inseto que, em 5 anos, quase fez desaparecer essa
cactácea. Outros exemplos de controle de plantas daninhas de pastagem tem ocorrido com o
uso do controle biológico inundativo, com a utilização de microorganismos de uma forma
maciça sobre a população da planta daninha para criar um rápido e elevado nível da doença
(Charudattan & Pitelli, 1993). Assim, para a Senna obtusifolia (fedegoso) tem sido
pesquisado o fungo Alternaria cassiae com a marca comercial CASST TM . Também para a
Malva pusilla tem sido pesquisado o fungo Colletotrichum gloeosporoides f. sp. Malvae, com
a marca BIOMAL TM . Swarbrick e Kent (1982) já citavam que o método de controle
biológico tende a ser um método extremamente útil no manejo de plantas daninhas em
pastagens em condições tropicais. Almeida (1972) cita a utilização de cabras em diversos
países, pois este animal inclui, na sua dieta, folhagem e mesmo rebentos de plantas arbustivas.
Além da folhagem a cabra utiliza a casca de algumas espécies, e a ação contínua pode
provocar o anelamento do caule e a conseqüente morte do arbusto.
2.3.6 Controle químico
O controle químico é realizado com a utilização de produtos químicos denominados
herbicidas, que provocam a morte ou impedem o desenvolvimento dos arbustos. Esses
produtos devem controlar os arbustos e serem seletivos às gramíneas forrageiras. Essa
seletividade é devido a aspectos morfológicos das plantas como também a habilidade da
gramínea forrageira em degradar metabolicamente parte do herbicida que é absorvido
(seletividade bioquímica). Os herbicidas utilizados em pastagens, de modo geral, são
sistêmicos, ou seja, após a absorção necessitam ser translocados até o local de ação na planta
daninha.
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2.4 Herbicidas em pastagem
2.4.1 Herbicidas registrados para uso em pastagens no Brasil
Atualmente, existem mais opções no mercado, com o aparecimento de novos
produtos e de outros que estão em fase de registro. Os mais recomendáveis
são: 2,4-D na forma amina, associação 2,4-D + Picloram, Fluoxipi-MHE,
Glyphosate, Paraquat, Tebuthiuron, Triclopyr e Dicamba (em fase de registro)
(Mascarenhas et al. 1999).
2.4.2 Uso de herbicida na pastagem
Segundo Oliveira & Wendling, o controle químico é método rápido e necessita menor
quantidade de mão-de-obra. A utilização de herbicidas, ao acabar com a competição causada
pelas plantas daninhas, ajuda no aumento da produção de massa verde na pastagem,
conseqüentemente aumento da capacidade de suporte. Após a limpeza das pastagens é
fundamental que se utilize boas práticas de manejo (adequada lotação, repasse para controle
de rebrota) para evitar a sua reinfestação e mantê-la produtiva por um longo tempo. Ao se
optar pelo controle químico, deve-se definir o herbicida e o método de aplicação mais
eficiente, econômico e seguro para cada caso. Para isto recomenda-se levar em consideração
os seguintes fatores:
a) Verificar as condições da pastagem: antes de se recomendar a utilização de herbicidas
numa pastagem, é fundamental verificar se há um número suficiente de plantas forrageiras
para tomar o lugar das plantas daninhas que serão controladas. Quando a pastagem está em
adiantado estado de degradação, pode ser mais vantajosa a reforma do pasto.
b) Identificar a planta daninha: primeiramente antes de definir um programa de controle de
plantas daninhas em pastagens sugere-se a identificação das espécies infestantes. Com isso,
poderemos conhecer suas características morfológicas, anatômicas, ecológicas, capacidade
competitiva, susceptibilidade aos herbicidas, etc.
c) Tipo de folhagem: folhas do tipo coriáceo dificultam a penetração do herbicida nas
aplicações dirigidas à folhagem. Deve-se escolher o herbicida e o aditivo (espalhante adesivo)
apropriados para facilitar a absorção. Assim, deve-se escolher um tipo de aplicação no qual
este fator não determine o resultado da aplicação (aplicações no toco, por exemplo).
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d) Estádio de desenvolvimento: o estádio de desenvolvimento da planta daninha interfere
diretamente na eficiência das aplicações foliares de herbicidas sistêmicos. Esste tipo de
aplicação deve ser utilizado quando as plantas daninhas estão em pleno desenvolvimento
vegetativo, pois a planta apresentará boa área foliar para a absorção do herbicida e haverá
uma melhor translocação, o que ocorre durante o período chuvoso. Durante o florescimento e
frutificação das plantas daninhas, a translocação até as raízes é bastante reduzida, sendo
direcionada para as estruturas de reprodução (flores e frutos). Como o herbicida deve também
atuar a nível radicular, aplicações foliares durante este estádio podem não obter o sucesso
desejado.
e) Densidade de infestação: é importante para a escolha do tipo de aplicação e do
equipamento. No caso de aplicações foliares, quando a porcentagem de infestação é elevada,
recomenda-se utilizar equipamentos tratorizados, desde que a topografia da área o permita.
2.4.3 Métodos de aplicação
Os métodos de aplicação dos herbicidas podem ser: aplicação foliar, aplicação no toco,
aplicação no tronco (basal), aplicação no solo.
Aplicação foliar: a calda do herbicida é aplicada nas folhas das plantas daninhas e da
pastagem. Dependendo do tipo e do porte das plantas daninhas, tamanho da área ocupada
pelas plantas daninhas, a aplicação poderá ser realizada em área total ou dirigida. A tomada de
decisão por aplicação foliar dirigida ou em área total poderá seguir o critério da intensidade da
infestação de plantas daninhas na pastagem: menor que 40 % de infestação recomenda-se
aplicação foliar dirigida (aplica-se sobre as plantas daninhas apenas), e maior que 40 % de
infestação recomenda-se aplicação em área total (aplica-se sobre as plantas daninhas e
pastagem continuamente). Nas áreas em que as plantas daninhas encontram-se em reboleira
(distribuição apenas numa parte da pastagem) sugere-se aplicação dirigida.
Aplicação no toco: aplica-se o herbicida diretamente no toco das plantas logo após o corte
rente ao solo. A poda é feita com foice ou enxadão, rachando-se ou picando-se o tronco ou
raíz. O herbicida é aplicado com pulverizador costal manual ou pincel. Em plantas que
apresentam um engrossamento do toco abaixo do nível do solo, recomenda-se o uso do
enxadão. Recomenda-se o uso de corante (azul de metileno ou violeta de genciana) na calda
para marcar as plantas tratadas. Aplicações no toco são recomendadas para plantas resistentes
ás aplicações foliares ou de porte muito elevado, podendo ser realizadas durante todo o ano.
Aplicação no tronco (basal): método utilizado para arbusto de grande porte ou resistente às
aplicações foliares. O herbicida pode ser aplicado nos caules, sem roçada, com pulverizador
manual ou pincelamento basal, até 30 a 40 cm de altura. Geralmente, utiliza soluções com
óleo diesel. Em plantas muito resistentes, os cortes são feitos manualmente ao redor do tronco
ou mesmo anelamento total precedendo a aplicação.
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Tratamento no solo: utiliza herbicidas granulados que possam ser absorvidos no sistema
radicular e translocados para a parte aérea. Os grânulos devem ser depositados ao redor do
caule da planta daninha ou a lanço no caso de plantas espinhosas, plantas de reboleira e a
grama batatais. Com a chuva, o produto é diluído, infiltrado no solo e absorvido pelo sistema
radicular da planta daninha. As aplicações não devem ser feitas em plantas roçadas ou
queimadas recentemente.
2.4.5 Resistências das plantas aos herbicida
Entende-se por resistência a habilidade herdável de alguns biótipos de plantas,
dentro de uma população, em sobreviver à aplicação de herbicidas em doses
que normalmente controlam a espécie. Assim, a resistências implica a
sobrevivência das plantas daninhas às doses normalmente aplicadas no campo, como
resultado da seleção ou da resposta genética às repetidas exposições aos herbicidas de mesmo
mecanismo/local de ação. O biótipo resistente passa a enfrentar menor competição com os
suscetíveis, permitindo maior sobrevivência e aumento no número daqueles indivíduos,
tornando a população resistente (Christoffoleti et al. 2001) O caráter resistências das plantas
daninhas é um aspecto, entre outros, de suma importância a ser observado no manejo de
herbicidas utilizados no controle dessas plantas. Esse aspecto assume maior relevância
quando se sabe das dificuldades que se impõem ao controle dessas plantas e do crescente
aumento no número de plantas resistentes aos atuais herbicidas disponíveis no mercado, bem
como das dificuldades observadas no lançamento de novos produtos capazes de fazer frente a
esse problema.
2.4.6 Fatores que predispõem ao desenvolvimento de plantas resistentes
A possibilidade de uma área agrícola ser infestada por indivíduos de plantas
daninhas resistentes aos produtos químicos disponíveis depende de diferentes
fatores, como a capacidade adaptativa ecológica manifestada pelos indivíduos e proliferação,
longevidade e dormência das sementes da espécie ou biótipo sob seleção, freqüência de
utilização de herbicidas de um único mecanismo de ação e sua persistência, eficácia do
herbicida e métodos adicionais (Trezzi & Vidal, 2000; Gressel & Segel, 1990). Vidal (1997)
relaciona o aparecimento de plantas resistentes aos herbicidas a fatores associados às próprias
plantas daninhas, ao herbicida e ao manejo.
Com relação ao herbicida, o principal fator que favorece o desenvolvimento da
resistência é a utilização constante de herbicidas em um único local de ação nas plantas.
Entretanto, o uso repetitivo de um mesmo herbicida para controle tem exercido alta pressão de
seleção, promovendo mudanças na flora de algumas regiões. Em geral, espécies ou genótipos
de uma mesma espécie que melhor se adaptam a uma determinada prática são selecionadas e
multiplicam-se rapidamente (Vargas et al. 2001; Holt & LeBaron, 1990). Aspectos relativos a
herbicidas altamente eficientes, herbicidas com residual prolongado e utilização intensiva de
14
um mesmo herbicida selecionam mais rapidamente o biótipo resistente. O uso intensivo de
herbicidas seletivos e específicos tem levado à resistência em espécies comuns de invasoras
em muitos cultivos (Maxwell ET AL. 1990.)
A biologia da planta daninha também pode influenciar a taxa, na qual a
resistência se desenvolve, como é o caso das plantas daninhas de ciclo anual,
que podem desenvolver resistência mais rapidamente do que as espécies
bianuais ou perenes, visto que maior número de gerações é submetido ao
agente selecionador (Monqueiro et al. 2000). Ainda com relação à biologia das
plantas, um fator importante é aquele relacionado ao local de ação dos
herbicidas. Para que os herbicidas façam efeito, é necessário que sejam absorvidos pelas
folhas
ou
raízes
para
ser
transportado
até
as
células
e
atravessar a membrana celular, diluindo-se no citoplasma, para, osteriormente,
atravessar as membranas do cloroplasto e, então, estar pronto para agir.
Porém, as células de algumas plantas possuem proteínas na membrana do vacúolo capazes de
carrear herbicidas para o seu interior, deixando-os indisponíveis para atingir os cloroplastos e,
portanto, perdendo atividade fitotóxica (Vidal & Merotto Junior, 2001). Outro importante
mecanismo que as plantas lançam mão para evitar a ação dos herbicidas é a decomposição
acentuada desses produtos no tempo compreendido entre a absorção do herbicida e sua
entrada no cloroplasto. As informações disponíveis mostram que esse mecanismo de
resistência é verificado em biótipos resistentes aos seguintes grupos de herbicidas: inibidores
de ACCase, inibidores de ALS, inibidores de EPSPs, auxinas sintéticas e inibidores de FS2
(Vidal & Merotto Junior, 2001). Outro aspecto de suma importância no aparecimento de
resistência é a diversidade genética. Algumas espécies possuem alta taxa natural de mutações
gênicas, conferindo resistência a uma classe de herbicidas antes mesmo que ela seja aplicada
no campo. Muitas vezes, a característica de resistência pode ser disseminada via pólen e das
sementes, aumentando, assim, o fluxo gênico que confere resistência para áreas adjacentes
(Monqueiro & Christoffoleti, 2001).
2.4.7 Como evitar o aparecimento de plantas resistentes
O desenvolvimento da resistência de plantas aos herbicidas pode ser evitado
pelo conhecimento dos fatores envolvidos no processo. Um exemplo desse
aspecto está associado ao entendimento dos padrões de crescimento e
desenvolvimento das plantas daninhas, o qual pode fornecer ferramentas para
detectar diferenças entre biótipos de uma mesma espécie quanto à sua
adaptabilidade (Holt & Radosevich, 1983)
Para que esse fenômeno seja evitado, é recomendada, entre outras, a rotação de herbicidas,
evitando o uso do mesmo produto (ou de outros herbicidas com o mesmo mecanismo de ação)
ao longo dos anos, O manejo deve envolver não apenas a mudança pura e simples do
herbicida, mas considera, também, o sítio molecular de ação. Gazziero et al. (2000)
estabeleceram elenco de estratégias com vista à prevenção da resistência em plantas
invasoras. A seguir, são listadas algumas que podem ser utilizadas em áreas de pastagens
15
cultivadas:
Utilizar sementes com alto grau de pureza.
Providenciar limpeza de tratores e implementos agrícolas.
Acompanhamento da mudança das espécies de plantas daninhas na pastagem.
Acompanhamento do resultado das aplicações dos herbicidas.
Seguir as instruções de uso constantes no rótulo dos produtos.
2.4 Considerações finais
A presença de plantas daninhas na pastagem constitui um dos principais fatores responsáveis
pelas perdas de produtividade em geral e de processos de degradação da pastagem, tornando
dessa maneira, necessário uma melhor conscientização desses problemas por parte dos
pecuaristas. Portanto, há necessidade de maior número de trabalhos científicos nessa área
procurando estudar a biologia dessas plantas, como a determinação das fases de seu ciclo
biológico, quando são mais sensíveis aos métodos de controle disponíveis. Já para seu
controle o herbicida se constitui numa ferramenta útil desde que utilizado sempre em
associação com outros métodos de controle disponíveis, procurando-se favorecer a planta útil
forrageira na luta pela ocupação do espaço no agroecossistema.
16
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