Texto para as questões 1 e 2: 1. No romance Dom Casmurro, um

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3º
Literatura
Carolina
Aval. Mensal
EM
12/09/12
Texto para as questões 1 e 2:
“Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade;
advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o
contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar
os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o
melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si
mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que
é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente
pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitarse, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos,
nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar da opinião,
esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que
ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do
exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos
finados.”
(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Scipione, 1994)
1. No romance Dom Casmurro, um velho tenor italiano afirma: “A vida é uma ópera
e uma grande ópera”. Explique como essa frase se relaciona com a passagem
acima.
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2. Com o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis inovou
a forma de fazer literatura em alguns aspectos. Quais? Explique.
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Texto para a questão 3:
NOTURNO
O mar soprava sinos,
Os sinos secavam as flores,
As flores eram cabeças de santos.
Minha memória cheia de palavras,
Meus pensamentos procurando fantasmas
Meus pesadelos atrasados de muitas noites.
De madrugada, meus pensamentos puros
Voavam como telegramas;
E nas janelas acesas toda a noite
O retrato da morta
Fez esforços desesperados para fugir.
(MELO NETO, João Cabral de. João Cabral de Melo Neto – obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994)
3. Você relacionaria o poema de João Cabral de Melo Neto a qual das tendências
de vanguarda que surgiram na Europa entre 1907 e 1924? Por quê?
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Texto para a questão 4:
“Os novos expedicionários ao atingirem-no perceberam esta transição
1
violenta.
Discordância absoluta e radical entre as cidades da costa e as malocas de telha do interior, que
desequilibra tanto o ritmo de nosso desenvolvimento evolutivo e perturba a unidade nacional.
Viam-se em terra estranha. Outros hábitos. Outros quadros. Outra gente. Outra língua mesmo,
2
articulada em gíria original e pinturesca . Invadia-os o sentimento exato de seguirem para uma
3
guerra externa. Sentiam-se fora do Brasil. A separação social completa dilatava a distância
geográfica; criava a sensação nostálgica de longo afastamento da pátria.
4
5
Além disto, a missão que ali os conduzia frisava , mais fundo, o antagonismo . O inimigo
6
lá estava, para leste e para o norte, homiziado nos sem-fins das chapadas, e no extremo delas,
7
ao longe, se desenrolava um drama formidável ...
O que ia fazer-se era o que haviam feito as tropas anteriores – uma invasão – em
território estrangeiro. Tudo aquilo era uma ficção geográfica.”
(Euclides da Cunha. Os Sertões. P. 368)
Glossário:
1
transição: transformação, mudança.
2
pituresca: pitoresca.
3
dilatava: aumentava.
6
homiziado: escondido.
4
frisava: acentuava, destacava.
7
formidável: terrível, pavoroso.
5
antagonismo: oposição, incompatibilidade.
4. Qual foi a sensação dos expedicionários ao atingirem o sertão e entrarem em
contato com a gente que lá vivia? Por que eles tiveram essa sensação?
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5. Euclides da Cunha, Augusto dos Anjos, Lima Barreto e Monteiro Lobato
pertencem a um período chamado de Pré-Modernismo. Por que não se pode
denominar tal momento como uma escola literária?
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Texto para as questões 6 e 7:
De linho e rosas brancas vais vestido,
sonho virgem que cantas no meu peito!...
As aves sonorizam-te o caminho...
És do Luar o claro deus eleito,
E as vestes frescas, do mais puro linho
das estrelas puríssimas nascido.
e as rosas brancas dão-te um ar nevado...
Por caminho aromal, enflorescido,
No entanto, ó Sonho branco de quermesse!
alvo, sereno, límpido, direito,
Nessa alegria em que tu vais, parece
segues radiante, no esplendor perfeito,
que vais infantilmente amortalhado!
no perfeito esplendor indefinido...
(Cruz e Sousa. Sonho
Branco.)
6. Identifique o movimento literário ao qual está associado o poema, apontando
uma característica típica dessa tendência. Transcreva um verso ou fragmento do
poema que exemplifique sua resposta.
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7. Liste dois substantivos e quatro adjetivos dispersos ao longo do poema para
criar sua atmosfera luminosa e etérea (divina, celestial), ao gosto do movimento
literário em que se insere. Identifique os versos que, em certo momento, criam
uma tensão em relação à trajetória pura e vivificante do poema, introduzindo
uma nota sombria em sua atmosfera.
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Texto para as questões 8 e 9:
VASO CHINÊS
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Mas, talvez por contraste à desventura,
Contador sobre o mármor luzidio,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Entre um leque e o começo de um bordado.
Também lá estava a singular figura.
Fino artista chinês, enamorado,
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Nele pusera o coração doentio
Sentia um não sei quê com aquele chim
Em rubras flores de um sutil lavrado,
De olhos cortados à feição de amêndoa.
(Alberto de Oliveira)
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
8. O
poema
acima
pertence à
escola
literária
do
Parnasianismo.
Que
características permitem tal classificação?
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9. Podemos classificar as rimas de um poema em: pobres (aquelas feitas com
palavras da mesma categoria gramatical), ricas (aquelas compostas por palavras
de categorias gramaticais diferentes), raras (combinações de rimas difíceis) e
preciosas (combinações de rimas entre uma palavra e um verbo junto de um
pronome). Extraia do poema um exemplo de rima pobre e um exemplo de rima
preciosa, nessa ordem.
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Texto para a questão 10:
VERSOS A UM COVEIRO
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Oh! Pitágoras da última aritmética,
Tal é, sem complicados silogismos,
Continua a contar na paz ascética
A aritmética hedionda dos coveiros!
Dos tábidos carneiros sepulcrais
Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Porque, infinita como os próprios números,
Na progressão dos números inteiros
A tua conta não acaba mais!
A gênese de todos os abismos!
(ANJOS, Augusto dos. Toda a poesia. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1978)
10. Os versos de Augusto dos Anjos (1884-1914) já foram considerados "exatos como fórmulas
matemáticas".
(ROSENFELD, Anatol. A costeleta de prata de A. dos Anjos. Texto/contexto, São Paulo:
Perspectiva, 1969, p. 268).
Justifique essa afirmativa, destacando aspectos formais do texto.
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