0 ALESSANDRA CARLA VENTURINI DA LUZ ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A INCIDÊNCIA DE CÂNCER COLORRETAL E ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO Joinville - SC 2011 1 ALESSANDRA CARLA VENTURINI DA LUZ ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A INCIDÊNCIA DE CÂNCER COLORRETAL E ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Meio Ambiente da Universidade da Região de Joinville. Orientador: Prof. Dr. Mauro Leite Pinho. Joinville - SC 2011 2 TERMO DE APROVAÇÃO “Análise da Correlação Entre a Incidência de Câncer Colorretal e Índice de Desenvolvimento Humano” por Alessandra Carla Venturini da Luz Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração Saúde e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente. __________________________________ Prof. Dr. Mauro de Souza Leite Pinho Orientador (UNIVILLE) __________________________________ Prof. Dr. Gilmar Sidnei Erzinger Coordenador do Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente Banca Examinadora: __________________________________ Prof. Dr. Mauro Leite Pinho Orientador (UNIVILLE) __________________________________ Prof. Instituição __________________________________ Prof. Instituição Joinville, ____ de ________ de 2011. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao Prof. Dr. Mauro Pinho e ao meu marido e Prof. Msc. Haroldo Luz. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Dr. Mauro Pinho pela orientação e paciência. Agradeço ao Dr. Marco Antonio Moura Reis pela importante co-orientação. 5 “Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está disposto a evitar no futuro as causas da doença; em caso contrário, abstém-te de ajudá-lo” (SÓCRATES, 469-399 a.C.) 6 RESUMO INTRODUÇÃO: Uma ampla quantidade de fatores tem sido relatada como potenciais causas de câncer colorretal (CCR). Esse extenso painel inclui variáveis epidemiológicas a partir de múltiplos níveis, como a ingestão oral, atividade física, geografia e condições socioeconômicas. Hábitos alimentares individuais estão claramente relacionados com o ambiente, cultura e capacidade socioeconômica salientando-se ainda que existem fortes evidências de que as taxas de câncer colorretal são afetadas por movimentos migratórios. Por outro lado, tem sido demonstrado que a distribuição global do câncer colorretal tem relação consistente tanto com o status econômico como com o posicionamento geográfico. Já foi demonstrado que o câncer colorretal é essencialmente doença de países de nível sócio econômico elevado. Em 1990, as Nações Unidas introduziram o conceito de desenvolvimento humano como nova forma de medição dos indicadores de desenvolvimento, combinando a expectativa de vida, nível educacional e renda em um índice composto de desenvolvimento humano, o IDH. OBJETIVO: Analisar a relação entre a incidência de câncer colorretal e índice de desenvolvimento humano (IDH) em escala global. MÉTODOS: A incidência de câncer colorretal de 166 países foi obtida a partir do GLOBOCAN 2008, derivada de registros de câncer de base populacional. Uma lista de Índice de Desenvolvimento Humano dos mesmos 166 países foi obtida do Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2009. Foram obtidos modelos de regressão não linear por meio do método de estimativa de Levenberg-Marquardt. RESULTADOS E CONCLUSÕES: Dos 166 países avaliados, 148 situaram-se na faixa entre 10 e -10 de variação do predito, estando esses, portanto entre o quinto e o 95° valores percentis. Os 18 países cujas incidências do CCR se encontraram com desvio fora dessa faixa (nove acima e abaixo, respectivamente) foram considerados como observações discrepantes. Uma vez removidos os dados dos países com observações discrepantes, obteve-se análise de regressão não linear do grupo de 148 países restantes usando-se o método de estimativa de Levenberg-Marquardt identificando-se um valor de “R2” em 0,888, confirmando a elevada confiabilidade do modelo matemático proposto. Esse resultado sugere a hipótese de que os fatores incluídos no cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano apresentam forte relação com aqueles envolvidos na incidência populacional do câncer colorretal. A aplicação desse modelo sugeriu ainda existência de um grupo de países que aparentemente apresenta fatores protetores ou favorecedores do surgimento do câncer colorretal. Palavras-chave: Câncer colorretal; Índice observações discrepantes, regressão não-linear de desenvolvimento humano; 7 ABSTRACT INTRODUCTION: A wide range of factors have been reported as potential causes of colorectal cancer. This panel includes extensive epidemiological variables from multiple levels, such as oral intake, physical activity, socioeconomic status and geography. Individual dietary habits are clearly related to the environment, culture and socioeconomic capacity stressing also that there is strong evidence that rates of colorectal cancer are affected by migration. On the other hand, it has been shown that the global distribution of colorectal cancer has a consistent interface for both global economic status and geographical positioning. It has been shown that colorectal cancer is mainly a disease of high-income countries. In 1990, the United Nations introduced the concept of human development as a new way of measuring development indicators, combining life expectancy, educational attainment and income into a composite index of human development, the HDI. OBJECTIVE: To analyze the relation between the incidence of colorectal cancer and human development index (HDI) on a global scale. METHODS: The incidence of colorectal cancer from 166 countries was obtained from GLOBOCAN 2008, derived from cancer registries in population base. A list of the Human Development Index of the same 166 countries mentioned above was obtained from the Human Development Report 2009 United Nations. Non linear regression models were obtained through the method of Levenberg-Marquardt estimation. RESULTS AND CONCLUSIONS: From 166 countries evaluated, 148 remained in the range between 10 and -10 of variation of predicted, and these are therefore between the fifth and 95 th percentile. Eighteen countries with the incidence of colorectal cancer outside this range (nine above and below, respectively) were considered outliers (outliers). Once these countries were removed from the whole data, we obtained a non-linear regression analysis of the remaining 148 other countries using the estimation method of Levenberg-Marquardt identifying a value “R²” at 0,888 confirming the high reliability of the mathematical model. This strongly suggests the hypothesis that factors included in calculating the Human Development Index show a strong relationship with those involved in the incidence of colorectal cancer population. This model also suggested the existence of a group of countries with possible protective factors or promoters of colorectal cancer. Key-words: colorectal cancer; human development index; outliers, non-linear regression. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Gráfico de dispersão da relação observada entre ICCR e IDH de 166 países (linha de tendência)......................................................................... 32 Figura 2 - Dispersão do desvio-padrão entre ICCR observadas e previstas, de acordo com os respectivos índices de desenvolvimento humano. Linhas paralelas transversais identificam os percentis 5 e 95....................................... 34 Figure 3 - Distribuição geográfica dos países com incidência de câncer colorretal menor que a esperada........................................................................ 38 Figura 4 - Distribuição geográfica dos países com incidência de câncer colorretal maior que a esperada......................................................................... 38 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Valores de Média e Desvio Padrão de ICCR e IDH de acordo com as distribuições geográficas dos países............................................................. 31 Tabela 2 - Os 10 maiores e os 10 menores de acordo com a ICCR e respectivo IDH, ICCR predita e Desvio Padrão.................................................. 33 Tabela 3 - Países com valores abaixo do percentil 5 (P5)................................ 35 Tabela 4 - Países com valores acima do percentil 95 (P95)............................. 35 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANOVA Análise de Variância TIP Taxa de Idade Padronizada CCR Câncer Colorretal ICCR Incidência de Câncer Colorretal AIPC Agencia Internacional para Pesquisa sobre Câncer IDH Índice de Desenvolvimento Humano INCA Instituto Nacional do câncer GLOBOCAN Incidência e Mortalidade de Câncer no Mundo PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RNB Rendimento Nacional Bruto PIB Produto Interno Bruto OMS Organização Mundial de Saúde SPSS Software de Programa Estatístico para Ciências Sociais R² Coeficiente de determinação 11 SUMARIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 1. OBJETIVOS .......................................................................................................... 14 1.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 14 1.2. Objetivos Específicos ......................................................................................... 14 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 15 2.1. Câncer Colorretal ............................................................................................... 15 2.2. Índices de Desenvolvimento Humano (IDH)....................................................... 19 3. MÉTODOS ............................................................................................................ 22 3.1 Incidências de Câncer Colorretal ........................................................................ 22 3.2. Índices de Desenvolvimento Humano ................................................................ 23 3.3. Análise dos Dados ............................................................................................. 23 3.3.1. Definição de Um Modelo de Regressão .......................................................... 23 3.3.2. Definição das Observações Discrepantes e Seu Impacto Sobre o Modelo de Regressão ................................................................................................................. 24 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 26 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 40 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41 APÊNDICE A ............................................................................................................ 44 12 INTRODUÇÃO A cada ano, mais de um milhão de pessoas irão desenvolver câncer colorretal (CCR) no mundo. A maioria dos casos de câncer colorretal surge esporadicamente, ou seja, não apresenta aspectos sugestivos de hereditariedade (CUNNINGHAM et al., 2010). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2009) essa é uma das neoplasias malignas mais freqüentes no ocidente. É o quinto câncer mais diagnosticado no Brasil e, no sudeste, ocupa o segundo lugar, é a quarta causa mais importante de mortes por câncer no país sendo que cerca de metade dos doentes morrem em menos de cinco anos após tratamento. Uma ampla quantidade de fatores tem sido relatada como causas potenciais de câncer colorretal. Esse extenso painel inclui variáveis epidemiológicas a partir de múltiplos níveis, como a ingestão oral, atividade física, geografia e condições socioeconômicas (CENTER et al., 2009). Hábitos alimentares individuais estão claramente relacionados ao ambiente, cultura e capacidade socioeconômica e existem fortes evidências de que as taxas de câncer colorretal são afetadas por movimentos migratórios (CHEN et al., 1998; SANKARANARAYANAN et al., 1998). Por outro lado, tem sido demonstrado que a distribuição global do câncer colorretal tem relação consistente para a situação econômica e posicionamento geográfico (CENTER et al., 2009). A observação do aumento da incidência e mortalidade do câncer colorretal em altas latitudes levou à hipótese de um efeito protetor da exposição solar, 13 possivelmente relacionado ao estímulo à síntese de vitamina D (BLACK et al., 1998; GONDOS et al., 2005; COLEMAN et al., 2008). Já foi demonstrado que o câncer colorretal é essencialmente doença de países de rendimento elevado. Segundo a Organização Mundial da Saúde as taxas globais são quase quatro vezes maiores do que nos países de baixa renda, com taxas de incidência ajustadas para idade variando de mais de 40 por 100 000 pessoas na América do Norte, partes da Europa, Austrália, Nova Zelândia e Japão, para menos de cinco por 100 000 em grande parte da África, América Central, e partes da Ásia (CENTER et al., 2009). Em 1990 as Nações Unidas introduziram o conceito de desenvolvimento humano como uma nova forma de medição dos indicadores de desenvolvimento, combinando a esperança de vida, nível educacional e renda em um índice composto de desenvolvimento humano, o IDH. O avanço promovido pelo IDH foi a criação de um único dado estatístico para servir como quadro de referência, tanto para o desenvolvimento econômico e social quanto para uma classificação atualizada de países periodicamente publicada (PNUD, 1990). A idéia de que desenvolvimento é um fator extrínseco, associado à determinação ambiental da doença, juntamente com a afirmação de que a incidência do câncer colorretal também pode estar relacionada com a localização geográfica de alguns países, motivaram a realização do presente trabalho. No nosso conhecimento, nenhum estudo foi realizado até agora analisando o potencial do IDH como fator relacionado com câncer. 14 1. OBJETIVOS 1.1. Objetivo Geral Analisar a relação entre a incidência de câncer colorretal e o índice de desenvolvimento humano em escala global. 1.2. Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: a) Correlacionar a incidência de câncer colorretal e o IDH em países nas diferentes regiões do mundo; b) Identificar possível valor preditivo do IDH em relação a incidência do câncer colorretal. 15 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Câncer Colorretal Mundialmente câncer colorretal é a quarto tipo de câncer mais comum no homem e a terceiro mais comum na mulher, sendo a terceira causa de morte mais comum em ambos os sexos e a segunda em países desenvolvidos (CENTER et al., 2009; INCA, 2009). De acordo com o INCA (2009) o número de casos novos de câncer colorretal estimados para 2010 é de 13.310 em homens e 14.800 em mulheres. O cólon, incluindo o reto, é o órgão mais freqüente de neoplasias primárias do corpo humano. É sede de neoplasias de origem benigna, os adenomas, e de origem maligna, os carcinomas. Os adenocarcinomas representam a quase totalidade dos cânceres colorretais. Há múltiplos fatores envolvidos na etiologia do câncer colorretal na medida em que múltiplos passos estão implicados na sua patogênese (ARAUJO e SEID, 2010, p. 2). A sobrevida associada a esta neoplasia é boa se diagnosticada em estágios iniciais. A sobrevida média global varia de 40% para os países em desenvolvimento e 55% para os países desenvolvidos (INCA, 2009). A distribuição global do câncer colorretal apresenta relação direta com o status econômico e posicionamento geográfico (CENTER et al., 2010). 16 Cerca de 63% dos doentes com câncer do intestino grosso vivem em países desenvolvidos, com igual distribuição, entre sexos, para o câncer do cólon e com predominância do sexo masculino para o câncer do reto (FANG CHIA, 2002). Santos (2007) relata que o aumento desses casos deve-se à evolução do nosso país rumo ao processo de industrialização, assemelhando se características de países mais desenvolvidos onde o câncer colorretal é a segunda ou terceira causa mais importante de morte. Um aumento na incidência de câncer colorretal, foi notado nos novos países economicamente desenvolvidos ou em transição. Do período de 1983-1987 para 1998-2002 notou-se aumento em 27 países, incluindo países do leste europeu, Ásia e America do Sul (CENTER et al., 2009). Nos países economicamente mais desenvolvidos, como Japão e Austrália, a incidência permanece elevada, assim como na maioria dos registros da Europa Ocidental e América do Norte (CENTER et al., 2009). Center et al. (2009) ainda notaram diminuição das taxas de mortalidade por câncer colorretal observadas em grande número dos países analisados em seu trabalho. Porem, os aumentos nas taxas de mortalidade continuam a ocorrer em países com recursos mais limitados, incluindo o México e o Brasil na América do Sul, e Romênia e Rússia na Europa Oriental; em comparação aos países desenvolvidos economicamente. O desenvolvimento e a ocidentalização modificando uns e estabelecendo outros fatores de risco como: inatividade física, tabagismo, álcool, consumo de carne vermelha e processada e o consumo inadequado de frutas e vegetais, contribuíram para essa variação da incidência do câncer colorretal (CENTER et al., 2009). 17 Alguns comportamentos de risco (tabagismo, principalmente) melhoraram ao longo dos últimos anos, enquanto outros (obesidade e exercício físico) aumentaram. Os dados mundiais mostram que, globalmente, se mantidas as tendências atuais (incluindo tendências positivas na triagem e quimioterapia), a mortalidade de câncer colorretal continuará a declinar (AIPC, 2011, web). A dieta apresenta-se como a causa mais freqüentemente descrita para esta distribuição epidemiológica relacionada ao desenvolvimento, uma vez que países industrializados apresentam, usualmente, maior consumo de carnes, gorduras e carboidratos. Evidências referentes às mudanças de hábitos alimentares e migrações suportam essa hipótese (ARAUJO e SEID, 2010). A dieta baseada em gorduras animais, consumo de carne vermelha, obesidade, sedentarismo, baixa ingestão de frutas, vegetais e cereais, consumo excessivo de álcool e tabagismo, sexo masculino, pólipos no cólon ou câncer colorretal prévio, são considerados fatores de risco para o aparecimento da doença (INCA, 2009; CUNNINGHAM et al., 2010) No Japão, quando se verificou a adoção de dieta semelhante à de outras nações industrializadas, a incidência do câncer colorretal aumentou rapidamente. Por outro lado, a migração para os Estados Unidos de famílias japonesas e chinesas, com a conseqüente adoção da dieta ocidental, esteve associada à elevação da incidência da doença para seus descendentes em até quatro vezes (ARAUJO e SEID, 2010). Wakai et al.(2007) examinaram a associação entre fibras dietéticas e risco de câncer colorretal. Analisando 43.115 homens e mulheres num seguimento médio de 7,6 anos, 443 casos de câncer colorretal foram registrados. Os autores observaram 18 tendência à diminuição do risco de câncer com o aumento da ingestão de fibra dietética total relacionado ao câncer do colon. Esse estudo prospectivo na população japonesa deu suporte ao potencial efeito protetor de fibra alimentar. O maior consumo da fibra pode estar relacionado a uma diminuição de 25% no risco do câncer colorretal, quando comparado com o menor consumo (WAKAI et al., 2007). Norat et al. (2005) encontraram associação positiva e consistente entre o consumo elevado de carne vermelha e processada e câncer colorretal. Estudos controlados têm levantado a possibilidade de que a nitrosação endógena surgida a partir da ingestão do ferro orgânico pode contribuir para o risco associado ao consumo de carne vermelha e processada (NORAT et al., 2005). Já as aminas heterocíclicas e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos formados como subprodutos das reações durante o cozimento, fritura ou grelhamento de carnes, peixes ou aves podem representar um risco potencial de câncer nos seres humanos (NORAT et al., 2005). Uma meta-análise incluindo informações sobre 70.000 casos indicou que a obesidade tem relação direta com a incidência do câncer colorretal. Indivíduos com IMC (índice de massa corporal) maior ou igual a 30 kg/m² têm risco 20% maior de desenvolver câncer colorretal em comparação aos considerados com peso normal. Para cada aumento de dois kg/m² no IMC o risco aumentou 7% (MOGHADDAM et al., 2007). Da mesma forma, um aumento de 2,0 cm na circunferência abdominal está associado a um risco 4% maior de câncer colorretal. A obesidade parece ser um marcador do efeito cumulativo de um desequilíbrio crônico no consumo alimentar e atividade física ao longo da vida (MOGHADDAM et al., 2007). 19 Botteri et al. (2008) encontraram, em meta-análise, aumento significativo da incidência de câncer colorretal entre os usuários de tabaco por mais de 30 anos. Os autores acreditam que o tabagismo represente um fator importante a se considerar no momento da decisão de quando começar a triagem para a investigação do câncer colorretal, reduzindo a idade para os fumantes e aumentando para os não fumantes. Na revisão realizada por Center et al. (2009) é mencionada a importância da ocorrência do fenômeno da “ocidentalização”, ou seja, de um processo de desenvolvimento que afeta fatores potencialmente relacionados à ocorrência do câncer colorretal como inatividade física, tabagismo, álcool, consumo de carne vermelha e processada e o consumo inadequado de frutas e vegetais. 2.2 Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) O IDH foi criado pelo economista Mahbub ul Haq com a colaboração de Amartya Sem (Prêmio Nobel de Economia de 1998) para ser medida geral e sintética do desenvolvimento humano. A premissa do IDH, considerada radical na época, era que o desenvolvimento nacional devia ser medido não apenas pelo rendimento nacional ou Produto Interno Bruto (PIB), mas também pela expectativa de vida(longevidade) e pela alfabetização (educação), com dados disponíveis e comparáveis para a maioria dos países (SILVA e PANHOCA, 2007; PNUD, 2010). 20 Segundo Kovacevic (2010) o IDH foi criado com seis princípios orientadores básicos, (i) medir a finalidade básica do desenvolvimento humano - para ampliar as escolhas das pessoas, (ii) incluem um número limitado de variáveis para mantê-lo simples e manejável, (iii) ser composta, em vez de uma infinidade de índices separados; (Iv) abrangem as escolhas sociais e econômicas; (v) ser suficientemente flexível para a cobertura e metodologia que permitisse a aperfeiçoamentos graduais, uma vez que melhores alternativas se tornarem disponíveis, (vi) não ser inibidos pela falta de confiança e uma série de dados atualizáveis. O IDH surgiu para abranger as “conquistas em três dimensões básicas - a longevidade, educação e padrão de vida”, ou seja, saúde, educação e rendimento. Para capturar essas dimensões empregou, até 2009, quatro indicadores: “expectativa de vida ao nascer, taxa de alfabetização de adultos, escolarização bruta combinada dos ensinos primário, secundário e ensino superior e PIB per capita”. Em síntese uma vida longa e saudável, com acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno (KOVACEVIC, 2010; PNUD, 2010). Os parâmetros originais para definir o desenvolvimento em 1990 eram de: 0,610 ou menos para os com “baixo” nível de desenvolvimento humano; de 0,610 a 0,820 para os com “nível médio”de desenvolvimento humano e os acima de 0,820 são os com “alto” nível de desenvolvimento humano (ANAND e SEN, 1994). Apesar de ter sido publicado pela primeira vez em 1990, o índice foi recalculado para anos anteriores, a partir de 1975. Aos poucos, o IDH tornou-se referência mundial. É um índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e, no Brasil, tem sido utilizado pelos governos federal e estaduais, sob a denominação de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (SILVA e PANHOCA, 2007). 21 Esse índice é de extrema importância para a epidemiologia, pois possibilita abordar a saúde frente a um panorama contextual complexo (SILVA e PANHOCA, 2007). A análise do IDH permitiu a comprovação de que uma parte substancial da humanidade estava simplesmente esquecida pelos mais desenvolvidos. A partir destas análises, a ONU estabeleceu os oito objetivos do milênio (SILVA e PANHOCA, 2007). 1. Acabar com a fome e miseria; 2. Educação básica de qualidade para todos; 3. Igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4. Reduzir mortalidade infantil; 5. Melhorar a saude das gestantes; 6. Combater a AIDS, a malaria e outras doenças; 7. Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; 8. Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. Desde sua criação, o IDH recebeu muitas críticas. Uns apontaram problemas relacionados à elaboração e composição, enquanto outros sugerem sua ampliação incluindo dimensões que vão desde a igualdade de gênero até a biodiversidade (PNUD, 2010), O objetivo não é criar um indicador inatacável do bem-estar - é redirecionar as atenções no sentido do desenvolvimento antropocêntrico e promover o debate sobre como fazer progredir as sociedades. Quanto mais discutimos o que deve ou não ser incluído no IDH – se faz sentido aglomerar categorias distintas, quanta importância deve atribuir-se a cada uma delas, como obter mais e melhores dados – mais o debate se afasta da concentração exclusiva de atenções no crescimento que impregna o pensamento sobre o desenvolvimento. 22 3. MÉTODOS 3.1 Incidências de Câncer Colorretal A incidência de câncer colorretal de 166 países foi obtida a partir do GLOBOCAN 2008 (Incidência e Mortalidade de Câncer no Mundo), um projeto da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (AIPC), parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). A incidência deriva de registros de câncer de base populacional, abrangendo toda a população nacional, mas podendo cobrir áreas subnacionais e, em particular, nos países em desenvolvimento, somente as grandes cidades. Como o risco de câncer aumenta exponencialmente com o aumento da idade, a taxa bruta de incidência é influenciada pela estrutura da população e não pode ser usada isoladamente para comparar as taxas de câncer entre as diferentes populações. Para superar esse viés, optou-se por utilizar a Taxa de Idade Padronizada (TIP), que é calculada como se a população tivesse a estrutura etária de uma população padrão. A taxa de incidência padronizada por idade se expressa, como a taxa de incidência bruta, como o número de casos novos por 100 000 pessoas-ano. Casos de câncer colorretal são considerados, na base de dados, como o grupo de casos codificados como C18 a C21 de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID, OMS, 10 ª revisão), incluindo doenças malignas do cólon e reto. 23 3.2. Índices de Desenvolvimento Humano Uma lista de Índice de Desenvolvimento Humano dos mesmos 166 países acima mencionados foi obtida do Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2009. Este é um índice multifatorial, incluindo a análise de três dimensões, seus respectivos parâmetros: saúde (esperança de vida ao nascer); conhecimento (taxa de alfabetização de adultos, taxa de escolarização combinada primário, secundário e terciário) e padrão de vida (Produto Interno Bruto). Detalhes sobre o cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano podem ser obtidos a partir da web site Relatórios de Desenvolvimento Humano. 3.3. Análises dos Dados 3.3.1. Definição de um Modelo de Regressão Pelo uso do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 13.0, os dados da incidência padronizada de câncer colorretal e do índice de desenvolvimento humano dos 166 países foram analisados, inicialmente, pela sua plotagem em um gráfico de dispersão simples. Tendo o padrão da dispersão sugerido a existência de uma relação não-linear do tipo cúbica entre as variáveis, a 24 análise de regressão não linear foi executada a partir da proposta de um modelo de equação cúbica: y = a.x3 + b.x2 + c.x + d (Equação 1) O método de estimativa de Levenberg-Marquardt foi utilizado, considerando a incidência de câncer colorretal como sendo a variável dependente (y), IDH como independente (x) e zero como os valores de partida para a definição dos parâmetros a, b, c e d. O ajuste ao modelo proposto (R2) foi apresentado pela Análise de Variância (ANOVA). 3.3.2. Definição das observações discrepantes e seu impacto sobre o modelo de regressão A partir da definição do modelo de regressão, a análise complementar foi realizada com vistas à definição das observações que mais se afastavam dos valores de CCR preditos pela equação proposta. Aplicados os valores de IDH de cada país, calculou-se o desvio existente entre o valor de CCR observado pelo GLOBOCAN2008 e aquele predito. Foram considerados valores discrepantes (outliers) os desvios posicionados abaixo do 5 percentil (P5) e aqueles acima do 95 percentil (P95) da matriz dos desvios. 25 Para a verificação do impacto no desempenho do modelo de regressão da presença das observações discrepantes (outliers), nova análise de regressão nãolinear foi realizada com a exclusão dos dados dos países associados aos valores considerados discrepantes. 26 4. RESULTADOS Conforme previsto no Regimento do Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente da UNIVILLE, os resultados do presente trabalho serão apresentados por meio da versão do artigo original a ser enviado para publicação em periódico. Podemos prever a incidência de câncer colorretal baseados no Índice de Desenvolvimento Humano? Alessandra Carla Venturini da Luz*, Marco Antonio de Moura Reis*, Mauro de Souza Leite Pinho* Departamento de Medicina e Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente, UNIVILLE, Joinville, Santa Catarina, Brasil O câncer colorretal está entre os quatro cânceres mais comuns em todo o mundo e sua incidência varia de acordo com padrões geográficos. Estudos epidemiológicos sugerem estreita relação com hábitos alimentares, mas evidenciam também papel proeminente referente a outras variáveis como a obesidade e o sedentarismo. Entretanto, além de hábitos individuais, podemos observar relação aparente entre a incidência de câncer colorretal e o desempenho sócio-econômico nacional, como demonstrado pela elevada incidência dessa doença na América do 27 Norte e países da Europa Ocidental, quando comparadas às menores incidências na África e outros países em desenvolvimento. Recentes estudos epidemiológicos têm detectado variação internacional não linear na incidência de câncer colorretal, com aumento especial em países economicamente em transição, independentemente da sua situação geográfica. Apesar de possível "efeito ocidentalização”, descrito como a adoção de hábitos peculiares aos países do ocidente, em consequência do processo de desenvolvimento, nenhum estudo se concentrou em uma análise em grande escala sobre essa relação aparente entre o estado de desenvolvimento e a incidência de câncer colorretal. O desenvolvimento humano é um conceito amplo que não pode ser reduzido a uma única questão econômica. Desde 1990, as Nações Unidas publicam o Relatório de Desenvolvimento Humano anual abordando a questão de como o crescimento econômico se traduz em desenvolvimento humano. Uma ferramenta importante para esta avaliação foi a criação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que combina informações de três diferentes dimensões, tais como saúde, conhecimento e padrão de vida. Esse índice tem sido amplamente aceito como um método confiável para avaliar o nível socioeconômico real de uma população, com maior sensibilidade quando comparado ao Produto Interno Bruto (PIB). A Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (AIPC) tem produzido grande contribuição para o conhecimento da incidência global de doenças neoplásicas, cooperando com registros por meio de monitoramento de variações geográficas e tendências ao longo do tempo. Publicações como a “Incidência de câncer nos cinco continentes” forneceram perfil amplo e confiável de cada um dos quase 200 países ao redor do mundo. 28 O objetivo deste estudo é realizar uma análise conjunta de ambas as bases de dados internacionais sobre o Índice de Desenvolvimento Humano e a incidência de câncer colorretal para detectar eventual padrão reprodutível, afim de contribuir para a melhor compreensão sobre o papel das questões sócio-econômicas na ocorrência do câncer colorretal em diferentes regiões do mundo. Métodos Incidência de câncer colorretal Incidência de câncer colorretal de 166 países foi obtida a partir do Globocan 2008, um projeto da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), parte da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses dados de incidência derivam de registros de base populacional de câncer, cobrindo toda a população nacional, embora em alguns casos sejam utilizados dados referentes a áreas subnacionais e, em particular, nos países em desenvolvimento, apenas as grandes cidades. Como o risco de câncer aumenta exponencialmente com o aumento da idade, a taxa bruta de incidência é influenciada pela estrutura da população e não pode ser utilizada isoladamente para comparar a incidência do câncer entre diferentes populações. Para superar esse viés, optou-se por utilizar a Taxa de Idade Padronizada (TIP), que é calculada considerando-se a população como apresentando a estrutura etária de uma população padrão. A taxa de incidência da idade-padrão é expressa da mesma forma que a taxa de incidência bruta, ou seja, por meio do número de novos casos por 100 000 pessoas/ano. Casos de câncer colorretal são considerados nesse banco de dados como o grupo de casos codificados como C18 a C21 de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID, Organização Mundial da Saúde, 29 revisão 10), incluindo doenças malignas do cólon e reto. Mais detalhes sobre esses dados podem ser obtidos a partir dos relatórios publicados pelo Agencia Internacional de Pesquisa sobre Cancer (IARC, 2011). Índice de Desenvolvimento Humano A lista do Índice de Desenvolvimento Humano dos mesmos 166 países acima mencionados foi obtida a partir do Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2009. Esse é um índice multifatorial, que inclui a análise de três dimensões, considerando seus respectivos parâmetros, a saber: saúde (esperança de vida ao nascer); conhecimento (taxa de alfabetização de adultos, combinada do ensino primário, taxa de escolarização secundária e terciária bruta) e padrão de vida (Produto Interno Bruto). Mais detalhes sobre o cálculo Índice de Desenvolvimento Humano pode ser obtido a partir do site Relatórios de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2011). Análise de dados A análise dos dados e o modelo estimado foram feitos usando-se o programa SPSS para Windows versão 13.0. a) Definição de um modelo de regressão: A Incidência de Câncer Colorretal (ICCR) e os dados de IDH foram primeiramente analisados em um gráfico de dispersão simples, que sugeriu a existência de uma relação cúbica (não linear) entre as variáveis, expressa pela Equação 1. 30 y = ax³ + bx² + cx + d Equação 1. A fim de criar um modelo de regressão não-linear para a predição da ICCR, o método de estimação Levenberg-Marquardt foi utilizado, considerando IDH como variável independente e definir os valores iniciais de zero para os parâmetros a, b, c, e d. A montagem do modelo (R²) (Coeficiente de Determinação) foi calculado pela ANOVA. O modelo não foi validado porque o conjunto original contém todos os dados da ICCR disponíveis para os países. O método de estimação de Levenberg-Marquardt foi utilizado considerando câncer colorretal como saída (y) e IDH como variável independente e definindo a, b, c, d como valores começando como zero. O cálculo foi realizado por ANOVA nos parâmetros propostos para obter valor de R². b) Identificação dos valores discrepantes para o modelo proposto: Considerado o modelo de regressão, o desvio-padrão foi calculado pela subtração da incidência prevista de câncer colorretal da ICCR observado para cada país. A análise da distribuição percentual dos desvios da ICCR foi utilizada para definir o modelo de valores discrepantes como sendo aqueles com um desviopadrão abaixo do quinto ou acima do nonagésimo quinto percentil. c) Análise do impacto dos valores discrepantes: Para avaliação do impacto dos valores discrepantes estes foram removidos, sendo realizada em seguida nova análise de regressão não linear utilizando-se os dados restantes por meio do mesmo método descrito acima. 31 Resultados Um conjunto completo de dados da incidência de câncer colorretal e índice de desenvolvimento humano foi obtidos de 166 países, sendo 49 da África (29,5%), 43 da Ásia (25.%), 38 da Europa (22,9%), 27 da América Latina / Caribe (16,3%), dois da América do Norte (1,2%) e sete da Oceania (4,2%). Seis países não foram incluídos por indisponibilidade de dados da ICCR (Andorra, Maldivas, Micronésia, Moldova, São Tomé e Príncipe e Tonga). Foi encontrada, para o grupo de países estudados, a incidência média de câncer colorretal de 14,27 (DP = 11,52) e uma média de índice de desenvolvimento humano de 0,733 (DP = 0,178). A Tabela 1 apresenta os resultados da ICCR e IDH, de acordo com as macrorregiões geográficas. Tabela 1 - Valores de Média e Desvio Padrão de ICCR e IDH de acordo com as distribuições geográficas dos países. ICCR Continente MEDIA IDH DP MEDIA DP África 4.92 2.80 0.536 0.130 Ásia 12.56 8.84 0.757 0.134 Europa 28.99 7.64 0.902 0.058 America Latina/Caribe 11.50 5.55 0.793 0.077 America do Norte 33.65 6.29 0.961 0.007 Oceania 15.47 16.55 0.754 0.161 32 A inserção dos dados em um gráfico de dispersão simples mostrado na Figura 1 sugere a existência de uma relação não-linear (cúbica) entre ICCR e IDH. A partir destes dados, um modelo de regressão foi obtido, apresentado na Equação 2. ICCR = 218.03 IDH3 – 285.99 IDH 2 + 120.6 IDH – 11.769 Equação 2. Figura 1 - Gráfico de dispersão da relação observada entre ICCR e IDH de 166 países (linha de tendência) Este modelo foi associado a um R² de 0,748 e foi aplicado ao índice de desenvolvimento humano de cada país a fim de definir a incidência prevista de câncer colorretal, que foi usado para calcular o desvio-padrão para a ICCR observada, como mostrado no exemplo- extrato apresentados na Tabela 2. 33 Tabela 2 - Os 10 países com alta ICCR observada e preditas, e respectivo IDH; e os 10 países com baixa ICCR observada e predita e IDH , bem como o desvio padrão dos mesmos. País IDH ICCR Observada ICCR Predita DP Lesoto 0.514 1.8 4.27 -2.47 Tanzânia 0.530 1.8 4.27 -2.47 Suazilândia 0.572 2.2 4.45 -2.25 Botsuana 0.694 2.3 7.06 -4.76 Comoros 0.576 2.4 4.48 -2.08 Guiné 0.435 2.4 4.52 -2.12 Malaui 0.493 2.6 4.30 -1.70 Gâmbia 0.456 2.6 4.43 -1.83 Serra Leoa 0.365 2.7 4.75 -2.05 Belize 0.772 2.8 11.20 -8.40 . . . . . . . . . . Holanda 0.964 36.6 43.04 2.56 Noruega 0.971 37.8 35.30 2.50 Canadá 0.966 38.1 34.40 3.70 Austrália 0.970 38.7 35.12 3.58 Dinamarca 0.955 39.7 32.47 7.23 Israel 0.935 40.4 29.19 11.21 Nova Zelândia 0.950 40.5 31.63 8.87 Eslováquia 0.880 42.1 21.47 20.63 Hungria 0.879 42.6 21.35 21.25 Republica Tcheca 0.903 43.0 24.47 18.53 34 148 países estão situados na faixa entre o quinto e o 95 percentis do gráfico de dispersão (Figura 2). Os 18 países fora desses limites foram considerados discrepantes, cujos dados são apresentados na Tabela 3 e Tabela 4. Figura 2 - Dispersão do desvio-padrão entre ICCR observadas e previstas, de acordo com os respectivos índices de desenvolvimento humano. Linhas paralelas transversais identificam os percentis 5 e 95 35 Tabela 3 - Países com valores abaixo do percentil 5 (P5). SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ SARAZIN FILIPOWICZ Tabela 4 - Países com valores acima do percentil 95º (P95). País acima de P95 Macedônia 9.43 Ucrânia 9.81 Servia 11.10 Israel 11.21 Croácia 12.22 Bulgária 12.33 Republica Tcheca 18.53 Eslováquia 20.63 Hungria 21.25 36 A equação 3 é o modelo resultante de uma análise de regressão não-linear realizada com dados de todos os outros 148 países, exceto os discrepantes, o que mostrou um R² de 0,888. ICCR = 292.31 IDH3 - 427.45 IDH2 + 205.73 IDH - 27.95 Equação 3. Discussão Durante muito tempo foi reconhecido que a incidência de câncer colorretal segue um padrão econômico-geográfico, com forte prevalência em países ocidentais desenvolvidos. Estudos epidemiológicos referem-se principalmente aos aspectos que afetam os indivíduos, tais como químicos, físicos ou comportamentais. No entanto, a observação de que as recentes mudanças socioeconômicas em alguns países ou regiões têm sido associadas a mudança no padrão epidemiológico de câncer colorretal nos levou a questionar a necessidade de análise mais abrangente. A adoção do Índice de Desenvolvimento Humano como medida objetiva do grau de desenvolvimento de um país tem se mostrado adequada, devido à padronização e abrangência dos fatores analisados (saúde, educação e renda), bem como a alta confiabilidade institucional das Nações Unidas. Da mesma forma, apesar da limitação de dados disponíveis em algumas áreas geográficas, a disponibilidade de uma correção da idade padronizada (TIP) para incidência de câncer colorretal de quase todos os países, mostrou ser contribuição relevante da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (AIPC). 37 O gráfico de dispersão destes dois dados, referentes à amostra de 166 países, mostrou clara relação positiva, mas não linear, com uma deflexão aparente da linha de tendência para os pontos associados à IDH maior que 0,7. Após esse ponto, a relação entre o IDH e a ICCR mostrou-se bastante linear e fortemente ascendente. A avaliação visual nos permite perceber que, para países com IDH baixo, a ICCR tende a ser não só mais baixa, mas menos disperso. A incidência de câncer progressivamente maior está associada à distribuição mais dispersa para os países com IDH maior que 0,7. A razão para esse comportamento pode estar em limitações de medição da ICCR em países menos desenvolvidos. A análise de regressão não-linear resultou em um modelo promissor matemático. Levando em conta o desvio da ICCR prevista fomos capazes de prever, dentro de uma margem razoável, cerca de 90% dos resultados. A identificação dos dezoito países com índices discrepantes, com maior desvio entre a incidência real e prevista de câncer colorretal, tornou possível analisar as suas características, revelando um aspecto muito interessante da sua localização geográfica. Conforme mostrado na Figura 3 e Figura 4, dezesseis desses dezoito países poderiam ser agrupados em algumas regiões geográficas específicas, como segue: a) Países com incidência de câncer colorretal abaixo do esperado (Figura 3): Esse grupo de nove países inclui cinco países do Golfo Pérsico (Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kwuait, Bahrein e Omã) e a Grécia, no sul da Europa. Em outra região, foram identificados outros dois países vizinhos, México e Belize. A Finlândia foi o único país geograficamente isolado neste grupo. 38 Figure 3 - Distribuição geográfica dos países com incidência de câncer colorretal menor que a esperada b) Países com incidência de câncer colorretal maior do que a esperada (Figura 4): Oito dos nove países desse grupo estão localizados na Península dos Balcãs, ou muito próximo à ela, incluindo Macedônia, Sérvia, Croácia, Bulgária, República Checa, Eslováquia, Hungria e Ucrânia. Israel é o único fora dessa vizinhança. Figura 4 - Distribuição maior que a esperada geográfica dos países com incidência de câncer colorretal 39 A proximidade desses países, agrupados exclusivamente pela variação da incidência de câncer colorretal prevista após a aplicação do modelo matemático, sugere que a diferença observada não é aleatória na natureza, mas conseqüência de fatores geográficos comuns, aumentando o risco ou a proteção contra a ocorrência de câncer colorretal. Na verdade, essa incidência acima da média em países como Eslováquia, Eslovênia e República Checa já havia sido descrita por Center et al. (2009) e classificada entre os picos mais altos de câncer colorretal entre os 55 registros examinados. Da mesma forma, os autores ressaltaram a baixa incidência observada no Kuwait. Duas hipóteses podem ser sugeridas para explicar esses agrupamentos geográficos de países com incidências inesperadas de câncer de cólon. A primeira poderia ser atribuída à similaridade dos hábitos culturais dos países vizinhos, particularmente relacionada com padrões de dieta. A outra hipótese a ser considerada refere-se à incidência maior de possíveis polimorfismos genéticos relacionados com a patogênese do câncer colorretal. O elevado valor de R² (0,888), obtido pelo modelo de regressão dos dados dos 148 países restantes após a exclusão de 18 países com valores discrepantes, confirmou a alta confiabilidade do modelo matemático, e sugere a hipótese de que os aspectos incluídos no cálculo Índice de Desenvolvimento Humano tem forte relação com os envolvidos na incidência de câncer colorretal na população. Assim, conclui-se que esta demonstração de correlação entre essas duas variáveis pode contribuir como elemento adicional a ser considerado no estudo de aspectos etiopatogênicos câncer colorretal. 40 5. CONCLUSÕES Observou-se forte relação não linear entre a incidência de câncer colorretal e o IDH em países das diferentes regiões do mundo. Após a determinação de modelo matemático, foi possível identificar, no Índice de Desenvolvimento Humano, um valor preditivo em relação á incidência do câncer colorretal. A aplicação desse modelo sugeriu a existência de um grupo de países que aparentemente apresentam fatores protetores ou favorecedores do surgimento do câncer colorretal. 41 REFERÊNCIAS AIPC. INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER. Disponível em: <http://www.iarc.fr>. Acesso em: 15 abr. 2011. ANAND, S.; SEN, A. Sustainable Human Development: Concepts and Prioprities. UNDP, 1994. ARAUJO, S. E. A.; SEID, V. E. Câncer <www.coloretal.com.br>. Acesso em: 23 mar. 2010. do reto. Disponível em BLACK, R. J.; SANKARANARAYANAN, R.; PARKIN, D.M. Interpretation of population-based cancer survival data. IARC Sci Publ. n. 145, 1998. p. 13-7. BOTTERI, E.; IODICE, S.; BAGNARDI, V. Review smoking and colorectal cancer: A meta-analysis. JAMA. v. 23, n. 300, 2008. p. 2765-2778. CENTER, M. M.; JEMAL, A; WARD, E. International Trends in Colorectal Cancer Incidence Rates. Cancer Epidemiol. Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention. v. 6, n. 18, jun. 2009. p. 1688-1695. 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Abr. 16:668-675, 2007. 44 APÊNDICE A – Incidência de Câncer Colorretal (ICCR), Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos 166 países estudados e Desvio do Predito Desvio do Pais ICCR IDH ICCR Predito Predita (ICCR % DifPred Predito) Afeganistão 6,90 0,35 4,76 2,14 0,45 Albania 11,30 0,82 14,86 -3,56 -0,24 Algeria 9,80 0,75 10,03 -0,23 -0,02 Angola 3,80 0,56 4,39 -0,59 -0,13 Argentina 20,40 0,87 19,79 0,61 0,03 Armenia 17,10 0,80 13,15 3,95 0,30 Australia 38,70 0,97 35,12 3,58 0,10 Austria 28,60 0,96 32,47 -3,87 -0,12 Azerbaijão 8,70 0,79 12,29 -3,59 -0,29 Bahamas 15,00 0,86 18,66 -3,66 -0,20 Barein 10,20 0,90 23,39 -13,19 -0,56 4,20 0,54 4,30 -0,10 -0,02 Barbados 22,20 0,90 24,47 -2,27 -0,09 Belarus 23,70 0,83 15,60 8,10 0,52 Belgica 35,50 0,95 32,13 3,37 0,10 Belize 2,80 0,77 11,20 -8,40 -0,75 Benin 4,90 0,49 4,30 0,60 0,14 Butão 6,30 0,62 5,01 1,29 0,26 Bolivia 6,30 0,73 8,63 -2,33 -0,27 18,70 0,81 14,32 4,38 0,31 Bangladesh Bosnia Herzegovena 45 Botswana 2,30 0,69 7,06 -4,76 -0,67 Brasil 11,60 0,81 14,41 -2,81 -0,20 Brunei 26,70 0,92 26,90 -0,20 -0,01 Bulgaria 29,30 0,84 16,97 12,33 0,73 Burkina Faso 3,20 0,39 4,70 -1,50 -0,32 Burundi 3,90 0,39 4,69 -0,79 -0,17 Camboja 9,00 0,59 4,64 4,36 0,94 Camarões 3,90 0,52 4,27 -0,37 -0,09 38,10 0,97 34,40 3,70 0,11 Cabo Verde 3,40 0,71 7,64 -4,24 -0,55 Republica África Central 4,20 0,37 4,75 -0,55 -0,12 Chad 5,00 0,39 4,69 0,31 0,07 Chile 13,00 0,88 21,22 -8,22 -0,39 China 14,20 0,77 11,20 3,00 0,27 Colombia 10,60 0,81 13,89 -3,29 -0,24 Comoros 2,40 0,58 4,48 -2,08 -0,46 Republica do Congo 4,90 0,60 4,74 0,16 0,03 Republica Democrática do Congo 3,30 0,39 4,70 -1,40 -0,30 14,40 0,85 18,44 -4,04 -0,22 3,00 0,48 4,33 -1,33 -0,31 Croacia 32,60 0,87 20,38 12,22 0,60 Cuba 16,80 0,86 19,45 -2,65 -0,14 Cyprus 18,20 0,91 26,02 -7,82 -0,30 Republica Tcheca 43,00 0,90 24,47 18,53 0,76 Dinamarca 39,70 0,96 32,47 7,23 0,22 Djibouti 4,90 0,52 4,27 0,63 0,15 Republica Dominicana 9,20 0,78 11,55 -2,35 -0,20 Canada Costa Rica Cote d Ivoire 46 Equador 9,80 0,81 13,81 -4,01 -0,29 Egito 4,50 0,70 7,42 -2,92 -0,39 El Salvador 5,00 0,75 9,62 -4,62 -0,48 Guinea Equatorial 3,40 0,72 8,14 -4,74 -0,58 Eritrea 4,90 0,47 4,37 0,53 0,12 Estonia 25,40 0,88 21,84 3,56 0,16 Ethiopia 6,00 0,41 4,61 1,39 0,30 Fiji 6,30 0,74 9,27 -2,97 -0,32 Finlandia 23,20 0,96 33,16 -9,96 -0,30 França 29,40 0,96 33,51 -4,11 -0,12 Gabon 4,10 0,76 10,10 -6,00 -0,59 Georgia 10,80 0,78 11,63 -0,83 -0,07 Alemanha 35,50 0,95 31,13 4,37 0,14 Ghana 3,80 0,53 4,27 -0,47 -0,11 Grecia 13,30 0,94 30,31 -17,01 -0,56 Guatemala 5,10 0,70 7,47 -2,37 -0,32 Guinea 2,40 0,44 4,52 -2,12 -0,47 Guinea-Bissau 4,20 0,40 4,68 -0,48 -0,10 11,20 0,73 8,63 2,57 0,30 Haiti 8,10 0,53 4,28 3,82 0,89 Honduras 7,30 0,73 8,79 -1,49 -0,17 Hungria 42,60 0,88 21,35 21,25 1,00 islandia 30,40 0,97 34,93 -4,53 -0,13 3,90 0,61 4,90 -1,00 -0,20 17,20 0,73 8,89 8,31 0,93 7,60 0,78 11,91 -4,31 -0,36 36,10 0,97 34,22 1,88 0,06 Guyana India Indonesia Republica Islâmica do Ira Irlanda 47 Israel 40,40 0,94 29,19 11,21 0,38 Itália 36,50 0,95 31,80 4,70 0,15 Jamaica 12,90 0,77 10,80 2,10 0,19 Japão 31,50 0,96 33,34 -1,84 -0,06 Jordânia 13,60 0,77 11,07 2,53 0,23 Kazaquistão 17,60 0,80 13,64 3,96 0,29 4,80 0,54 4,29 0,51 0,12 Republica da Korea 35,20 0,94 29,51 5,69 0,19 Kuwait 12,10 0,92 26,31 -14,21 -0,54 Quirquistão 11,30 0,71 7,72 3,58 0,46 8,90 0,62 5,01 3,89 0,78 Latvia 23,20 0,87 19,79 3,41 0,17 Líbano 13,00 0,80 13,56 -0,56 -0,04 Lesotho 1,80 0,51 4,27 -2,47 -0,58 Liberia 2,80 0,44 4,49 -1,69 -0,38 Libia 11,80 0,85 17,69 -5,89 -0,33 Lithuania 24,80 0,87 20,26 4,54 0,22 Luxemburgo 32,90 0,96 33,34 -0,44 -0,01 Madagascar 11,60 0,54 4,30 7,30 1,70 Malawi 2,60 0,49 4,30 -1,70 -0,40 Malasia 17,50 0,83 15,88 1,62 0,10 5,80 0,37 4,74 1,06 0,22 26,00 0,90 24,34 1,66 0,07 4,40 0,52 4,27 0,13 0,03 10,90 0,80 13,64 -2,74 -0,20 Mexico 6,50 0,85 18,44 -11,94 -0,65 Mongolia 6,10 0,73 8,53 -2,43 -0,28 Kenya Lao PDR Mali Malta Mauritania Mauricio 48 Montenegro 18,30 0,83 16,37 1,93 0,12 Marrocos 7,20 0,65 5,77 1,43 0,25 Moçambique 3,30 0,40 4,66 -1,36 -0,29 Mianmar 12,10 0,59 4,57 7,53 1,65 Namibia 3,60 0,69 6,76 -3,16 -0,47 Nepal 5,00 0,55 4,34 0,66 0,15 40,50 0,95 31,63 8,87 0,28 Nicaragua 7,90 0,70 7,26 0,64 0,09 Niger 6,60 0,34 4,74 1,86 0,39 Nigeria 5,60 0,51 4,27 1,33 0,31 37,80 0,97 35,30 2,50 0,07 Oman 7,00 0,85 17,59 -10,59 -0,60 Paquistao 4,60 0,57 4,45 0,15 0,03 11,60 0,84 16,97 -5,37 -0,32 7,00 0,54 4,29 2,71 0,63 11,50 0,76 10,47 1,03 0,10 Peru 8,20 0,81 13,81 -5,61 -0,41 Filipinas 8,60 0,75 9,85 -1,25 -0,13 Polonia 23,90 0,88 21,47 2,43 0,11 Portugal 31,40 0,91 25,31 6,09 0,24 Qatar 10,70 0,91 25,45 -14,75 -0,58 Romenia 22,80 0,84 16,67 6,13 0,37 Federação da Russia 23,80 0,82 14,77 9,03 0,61 Ruanda 4,70 0,46 4,41 0,29 0,06 Samoa 7,80 0,77 11,14 -3,34 -0,30 12,10 0,84 17,28 -5,18 -0,30 4,30 0,46 4,40 -0,10 -0,02 Nova Zelandia Noruega Panama Papua Nova Guine Paraguai Arábia Saudita Senegal 49 Servia 26,70 0,83 15,60 11,10 0,71 Serra Leoa 2,70 0,37 4,75 -2,05 -0,43 Singapura 34,60 0,94 30,64 3,96 0,13 Eslovaquia 42,10 0,88 21,47 20,63 0,96 Eslovenia 35,50 0,93 28,26 7,24 0,26 4,10 0,61 4,87 -0,77 -0,16 Republica da África do Sul 14,50 0,68 6,66 7,84 1,18 Espanha 30,40 0,96 32,47 -2,07 -0,06 Sri Lanka 6,60 0,76 10,35 -3,75 -0,36 Sudão 4,10 0,53 4,28 -0,18 -0,04 10,30 0,77 11,00 -0,70 -0,06 2,20 0,57 4,45 -2,25 -0,51 Suecia 28,50 0,96 33,86 -5,36 -0,16 Suiça 25,90 0,96 33,34 -7,44 -0,22 Republica Arabe da Siria 5,60 0,74 9,33 -3,73 -0,40 Tajaquistão 4,70 0,69 6,84 -2,14 -0,31 Tanzania 1,80 0,53 4,27 -2,47 -0,58 Tailandia 13,30 0,78 11,99 1,31 0,11 Macedonia 24,20 0,82 14,77 9,43 0,64 2,60 0,46 4,43 -1,83 -0,41 36,60 0,96 34,04 2,56 0,08 4,40 0,50 4,29 0,11 0,03 Trinidade e Tobago 14,70 0,84 16,67 -1,97 -0,12 Tunisia 10,30 0,77 11,00 -0,70 -0,06 Turquia 11,00 0,81 13,81 -2,81 -0,20 Turcomenistao 9,80 0,74 9,16 0,64 0,07 Uganda 5,90 0,51 4,27 1,63 0,38 Ilhas Salomao Suriname Suazilandia Gambia Paises baixos Togo 50 Ucrania 22,80 0,80 12,99 9,81 0,76 7,50 0,90 24,47 -16,97 -0,69 Reino Unido 29,30 0,95 31,13 -1,83 -0,06 Estados Unidos da America 29,20 0,96 32,65 -3,45 -0,11 Uruguai 27,90 0,87 19,68 8,22 0,42 Usbequistão 4,90 0,71 7,72 -2,82 -0,37 Vanuatu 3,90 0,69 7,02 -3,12 -0,44 10,30 0,84 17,38 -7,08 -0,41 Vietnã 9,20 0,73 8,43 0,77 0,09 Yemen 4,50 0,58 4,47 0,03 0,01 Zambia 4,70 0,48 4,34 0,36 0,08 Emirados Arabes Venezuela