CONDUTAS TERAPÊUTICAS PACIENTE COM DENGUE E DE SUPORTE HEMORRÁGICO* NO Aluizio Prata 1, Amélia P. A. Travassos da Rosa2, Glória Teixeira3, Ivo Castelo Branco Coêlho4, José Tavares-Neto5, Juarez Dias6, Luiz Tadeu M. Figueiredo7, Reynaldo Dietze8, Rogério Valls9, Sonia Maris 1°, Wilson Alecrim 11 Foram revistas as bases fisiopato/ógicas da infecção pelo vírus do dengue, bem como os critérios de diagnóstico e a conduta terapéutica, especialmente em pacientes com a febre hemo"ágica do dengue (FHD). Os autores chamam a atenção sobre o fluxo no atendimento do paciente com a FHD, com ou sem choque, notadamente quanto à releváncia da organização da rede de serviços de saúde. Os pacientes com FHD são atendidos em unidades de saúde de vários níveis de complexidade. No entanto, a rede de serviços local deve ser adaptada, oco"endo casos clínicos suspeitos de FHD. Desta forma, os autores anexam fluxos de atendimento, nos quais a unidade de terapia intensiva não é local exclusivo de atendimento e, nesses mesmos fluxos, citam as condutas terapéuticas com base na evolução clínica do paciente. Os autores também enfatizam os critérios de diagnóstico (e sinais de alerta) das formas clínicas graves; os critérios de alta destes casos e citam, entre outros parámetros, a avaliação da hemoconcentração usando o índice hematócritolhemoglobina (acima de 3,5). O grupo técnico faz também algumas recomendações, inclusive sobre a necessidade dos órgãos gestores promoverem a qualificação de serviços e treinamento de pessoal. '* Trabalho realizado durante o "Cuno So~ Dengue: clínica e terapêutica", em Salvaoor-BA,de 311')7 a 04/08/1997, organizaoo pela Socieda~ Brasileira ~ Medicina Tropical (Regional-BA) e com o ptnOOnio da S=taria da Saúdedo Estado da Bahia (SESAB), da F\U1da~o Nacional ~ SaÍkle (FNS), da Organiza~o Pan-Affiericanade Saúde (BrasíliaDF) e 00 Laboratório J~en-CiIag. I.Professor Tindar da Factddade de Medicina do TmngWo Min.,11'O(Uberaba-MG) e Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Programa de Erradicação do AedesRegyptido Ministério da Saúde; 2.Pesquisadora TinJlar do Instiruto EvandroChagas(Belém-PA);3.P1rt'essoraAdj\U1tado lmtirulD <k:Saú<k:Coletiva da UFBA (SalvadocBA); 4.Professor Adjunto-doulDr da Faalldade de Medicina da UFCE (Fortaleza-CE); 5.ProfessorAdjunro-doutor da Facukla<k:<k:Medicina da UFBA (Salvadoc-BA);6.Médico-Sanitaristada SecretariaEstl.dual da Sat'Ueda Bahia e Médico do Hospital Universitário P1rt'essorEdga1dSanrosda UFBA (Salvaoor-BA); 7.ProfessocAdjunto-dmtcr da Faculdadede Medicina de Ribeirão PreIDfUSP(Ribeirão Preto-SP); 8.ProfessorAdjunto-douIDr da Faallda<k:de Medicina da UFES (Vit6ria-ES); 9.PesquisadorAdj\U1IDda F1n1dação Oswaklo Cruz (FlOCRUZ) e Médico do Hospital Evandro Chagas (Rio <k:Janeiro-RJ); la.Professora Assistenteda Universidade Fe<k:ral~nse e Médica da Fmdação Muniápal de Saúdede NitelÚi (NitelÚi-RJ); II.Professor TinJlar da Facukla<k:<k: CiêlK:iasda Saú<k:da UFAM e Diretcr 00 lmtituID de Medicina Tropical do Amazonas(Manaus-AM). pu-aC(I'respondência: fuf". J~ Tav~s-Ncto. Faalldadede Medicinada UFBA, Av. ReirorMiguelCalmon s/n", CampusCanela,40110-100,Salvado!;Bahia E~ em quatro Estados (RJ, PE, AL, CE) e a transmissão localizadaem mais três Estad~ (Sp, O Grupo Técnico, responsável pela MG, BA). Nessa ocasião, as açõesde combate elaboração deste doc1,1ffiento,entende que a ao At. aegyptiforam intensificadas, porém a princi pai forma de enfrentamentodo dengueno circulação viral não foi interrompida. As país continua sendo a interrupção do elo vulnerávelda suacadeiade transmissão,ou seja, epidemias tiveram caráter explosivo; com a a erradicação do Aedes aegypti, e todos os diminuição paulatinade susceptíveisao sorotipo envolvido houve redução marcante do número esforços devem ser feitos neste sentido. de casos notificados nas localidades com Entretanto, pelas dificuldadeS' políticas, transmissão ativa nos anos de 1987/1988. administrativase financeirasqueo Plano Diretor Todavia, asmedidas adotadaspara combate ao de Erradicação vem atravessando, e pela vetor foram insuficientes e sem a devida magnitude da tarefa, infere-se que a eliminação continuidade e, com o passar do tempo, da circulação viral não ocorrerá em um curto ~bservou-se expansão do número de muniápi~ espaço de tempo. Nestas circunstâncias, do Brasil com transmissão do vírus do dengue. permanece o risco potencial de ocorrência de A partir de 1990, quando se identificou gravesepidemiasde denguehemorrágico, corno a circulação do sorotipo DEN-2(1) no Estado a que foi verificada em Cuba em 1981, com do Rio de Janeiro, a situação do dengue tomoumagnitude que pode ultrapassar a capacidade se mais preocupante, pelo crescente risco de de atendimento da rede de serviços de saúde. surgimento das formas graves da doença. Neste Além disso,o Grupo Técnico considerouelevado o risco de reurbanização do vírus da febre período, começaram a ser registrados os primeiros casos e óbitos por dengue amarela no Brasil. hemorrágico no Rio de Janeiro. Este documento visa contribuir para a A circulação dos sorotipos DEN-l e melhoria da atençãoàspopulaçõesdasáreascom DEN-2 continuou e, no período de 1986 a circulação viral, atualizando os conhecimentos 1995, foram notificados no país sobre o diagnóstico e tratamento das formas aproximadamente 472.635 casos de dengue, graves do dengue. Por outro lado, além de com registro de denguehemorrágico em 1990/ oferecersubsídiostécnicos e científicos para os profissionaisde saúde,tem-setambémo objetivo 1991 (Rio de Janeiro -462 casos,e 8 óbitos) e de colocaresseproblema na agenda<k discussão 1994 (Fortaleza -25 casos,e 12 óbitos). Em 1994 houve epidemia de dengue 1 e e planejamento dos dirigentes do sistema de 2 no Ceará, predominando o sorotipo DEN-2. saúde do país, visando minimizar a morbiPosteriormente, o inquérito sorológico de uma mortalidade que essadoençapoderá ocasionar. amostra estratificada (1.341 indivíduos), por local de residência em Fortaleza-CE, mostrou Situação Epidemiológica que a população acometida foi estimada em A primeira epidemia de dengue com 660.000 habitantes,cotn incidênciade 1486,88/ isolamento viral no Brasit <x;urrcuem 198:l/ 100.000 habitantes. Os resultados deste 1982, em Boa Vista-RR, quando os sorotipos inquérito sorológico também evidenciaramque DEN-l e DEN-4 foram responsáveis pela a população susceptívelfoi de 56% do total de infecção de 12.000 pessoas. habitantesde Fortaleza. A partir de 1986, há o registro de Em 1996, todos os Estados brasileiros, epidemiade dengtx:no &tado 00 Rio ~ Janeiro com exceçãodo Amapá, tiveram municípios causada pelo soro tipo DEN-l e que, infestados peloAe. aegypti..com registro de rapidamente..em 1986/1987, causouepidemias 180.392 casosdistribuídos em 19 Estados, e Introdução (1) Em 1989, o Laborat6rio de AItIovíro.-.do Instinnn Evandro Chagasisolou em Retémo sorotipo DEN-2 de paàente procedente de Angola, cancterizado como genotipo Ama (Bmirina mo). 88 IESUS. VI(2), Abr/Jun, 1007. Introdução O Grupo Técnico, responsável pela predomínio da transmissãonaregião Nordeste. elaboração deste doc1,1ffiento,entende que a Também em 1996, foram notificados 63 casos princi pai forma de enfrentamentodo dengueno de FebreHemorrágica do Dengue (FHD) no país continua sendo a interrupção do elo Rio de Janeiro e confirmados 6 casos em vulnerávelda suacadeiade transmissão,ou seja, Pernambuco. a erradicação do Aedes aegypti, e todos os Em 1997, todos os Estados foram esforços devem ser feitos neste sentido. infestados pelo Ae. aegypti e, até a semana Entretanto, pelas dificuldadeS' políticas, epidemiológicae25 (terceiraque semana de junho), administrativas financeiras o Plano Diretor houve o registro parcial de 138.990 casos de Erradicação vem atravessando, e pela notificadosde denguee de 15 casosconfirmados magnitude da tarefa, infere-se que a eliminação de Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) -6 da circulação viral não ocorrerá em um curto casos em Pernambuco e 9 no Rio Grande do espaço de tempo. Nestas circunstâncias, Norte, alémde casosem investigaçãonafuaíba. permanece o risco potencial de ocorrência de No início do ano, no Distrito Federal, foram gravesepidemiasde denguehemorrágico, corno registrados os primeiros casos autóctones de a que foi verificada em Cuba em 1981, com dengue. que pode ultrapassar a capacidade magnitude de atendimento da rede de serviços de saúde. Impacto Epidemias de Dengue Além disso,das o Grupo Técnico considerou elevado o riscoAde reurbanização daà saúde febre transcendência de do wn vírus agravo amarela no Brasil. é mensurada pela gravidade e pelo valor social Este documento visa para a que representa à sociedade, oucontribuir seja,pelo impacto melhoria atençãoàsepopulações dasáreascom atual oudapotencial suas repercussões no circulação viral, atualizando os conhecimentos desenvolvimento s6cio-econômico. Peloexposto sobre o diagnóstico e tratamento das formas no item anterior verifica-se a intensa e contínua graves do dengue. Por outro lado, além de circulação dos sorotipos 1 e 2 do dengue em oferecer subsídios técnicos e científicos para os extensasáreasdo território nacional, atingindo profissionais de saúde, tem-se também o objetivo pequenascidades e grandes metrópoles, o que de colocaresse problema na agenda<k evidencia a possibilidade çoncreta dediscussão awnento edaplanejamento dos dirigentes do sistema de ocorrênciade formasgravese potencialmente saúde letais. do país, visando minimizar a morbimortalidade queminimizado essadoençapoderá ocasionar. Tem-se as repercussões sociais e econômicas dessas infecções, particularmente quando da ocorrência das primeiras epidemias com circulação de um único sorotipo do vírus. Entretanto, mesmo nas primeiras infecções, que geralmente se apresentam sob a forma de epidemias explosivas, são consideráveis os prejuízos decorrentesdo a~nteísmo coletivo ao trabalho e àsescolas, além do desconforto e espoliação protéico-calórica causadosaosindivíduos. Por outro lado, a manutençãodos fatores determinantes e condicionantes da circulação viral vem favorecendo o aparecimento das formas hemorrágicas da doença, modificando o perfil de gravidade e, conseqüentemente,o IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1~7. impacto sócio-econômicodas epidemiasno Brasil. De acordo com a atual situação epidemiol6gica, verifica-se que o Brasil tem a maior concentraçãode indivíduos susceptíveis no mundo, sob risco de epidemias de dengue hemorrágico.Apesardisso, atéo momento temse registrado relativamente poucos casosdesta forma da doença. A expansãoe a persistência de circulação dos soroti pos 1 e 2, aliadas à possibilidade de introdução dos sorotipos 3 e 4, impõe que se coloque este problema na agendade planejamento dos dirigentes da área de saúde coletiva e de atenção individual. Também a infestação maciça do territ6rio nacional peloAe. Aegypti oferece risco elevado da circulaçãodo vírus da febre amarelanasáreas urbanasdo Brasil. Existem duas possibilidades de apresentaçãoepidemiol6gica das epidemias de dengue hemorrágico. A primeira é semelhante ao maior evento ocorrido nas Américas, que foi a explosivaepidemia de CUbaem 1981, com registro de 344.203 notificações, quando foi institlÚdo um programa de hospitalização em J)lassa(116.143 internações). A segunda é a forma de apresentação epidemiol6gica das manifestações hemorrágicas,que vêm ocorrendo em outros paísesda América Latina (Venezuela, Brasil, Nicáragua., Porto Rico), e mais recentemente em Cuba, que corresponde ao aparecimento de um número mais limitado de casos em áreas onde a infecção das formas clássicasestáocorrendo sob a forma epidêmica ou endêmica. Em qualquer das duas situações, as repercussões econômicas para o Brasil nos pr6ximos anosserãoconsideráveis,em virtude da necessidade de capacitação de recursos humanos e adequaçãoda rede de serviços de saúde para atenção aos pacientes, visando minimizar a letalidade da doençaatravésde um sistema de atendimento de qualidade. A nãoinstituição deste sistema resultará em impacto social imensurável, em virtude das altas taxas de letalidade que poderão ocorrer na ausência de assistênciamédica adequada.Exemplo dessa 89 natureza já foi verificado na epidemia de 1994 no Ceará, onde se registraram 25 casoscom 12 óbitos (taxa de .1etalidadepróximo a 50%), quando o esperadoera inferior a 1% navigência de diagnóstico e tratamento ágeise eficientes. A atençãoaospacientescom suspeitade dengue hemorrágico pode serfeita em serviços de saúdede pequenacomplexidade, desde que os profissionais estejamatentos e capacitadosa efetuar o diagnóstico e tratamento. Conseqüentemente, tais medidas reduzirão o custo médico-social, atravésda diminuição dos óbitos e do usoinadequadode serviçosde grande complexidade, como unidades de terapia intensiva. Fisiopatogenia Os vírus do dengue, após serem inoculadoopela picadado mosquito, fazemuma primeira replicação em células musculares estriadas, lisas e fibroblastos, bem como em linfonodos regionais. Seguindo-se a esta replicação, inicia-se o período de viremia, que dissemina o vírus por todo o organismo. Os sintomasgeraisdo dengue,com febre e mal-estar, surgem após um período de incubação de 2 a 7 dias, coincidindo com a viremia. Essessintomas relacionam-sea níveis séricos elevados de citocinas liberadas por macrófagos ao interagirem com linfócitos T (LT) auxiliares (helper) ativados. Observam-se altos teores séricos de IL~2 e de seu receptor solúvel, de CD4, lFN-símbolo 103 \f"Symbol" \s 12, IFN-símbolo 97 \f"Symbol" \s 12 (com elevaçãomantida até a convalescença),TNFsímbolo 97 \f"Symbol" \s 12, IL-1símbolo 98 \f "Symbol" \s 12 e PAR A leucopenia e a discreta e transitória depressãomedular que se apresentamnestescasostambém relacionam-se aos altos teores de citocinas macrofágicas. As mialgias são conseqüentes, em parte, da multiplicação viral no próprio tecido muscular. O acometimento dos músculos óculo-motores é responsável pela cefaléia retro-orbitária, apresentadapela maioria dos pacientes. A febre do dengue, nas formas oligossintornática e clássica,é auto-limitada e o 90 desaparecimento da doença coincide com o aparecimento de vigorosa respostaimune. Os anticorpos, principalmente os que se ligam a epitopos da proteína E, promovem lise do envelope viral ou bloqueio de seusreceptores com conseqüente neutralização viral. Os epitoposda proteína E definem a produção de anticorpos específicos para o sorotipo viral. Podem ser detectados por múltiplos testes sorológicos (ensaios imuno-enzimáticos e de imunofluorescência; testesde neutralização,de inibição da hemagiutinação e de facilitação da infectividade). Nos pacientes com dengue, a resposta humoral produzida por plasmócitos resultantes da ativaçãode linfócitos B costumaservigorosa. Os anticorpos IgM específicos podem ser detectáveisa partir do 42dia apóso início dos sintomas, atingindo os níveis mais elevadospor volta do J2 ou 82 dia e declinando lentamente, passando a não ser detectáveis entre 60 e 90 dias. Os anticorpos IgG específicos são observados,em níveis baixos, ~ partir do 42 dia apóso início dos sintomas, ou mesmo antes,se o paciente teve outro episódio de infecção por FlR:Pivirus.Esses anticorpos IgG elevam-se gradualmente, atingindo altos títulos em duas semanas,e mantêm-se detectáveis por vários anos, conferindo imunidade contra o tipo infectante provavelmente por toda a vida. Na Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e na Síndrome de Choque do Dengue (SCD), há outra resposta imune ao vírus do dengue que é paradoxal, ou seja, prejudica o hospedeiro infectado. Esta resposta pode ser observada em dois grupos de indivíduos: (i) acima de um ano de idade com uma segunda infecção por dengue(mais de 90% dos casos)e (ii) em crianças,menoresde um ano, infectadas pela primeira vez, filhos de mães possuidoras de anticorpos para dengue. A importância da infecção secundária ou terciária por dengue, aumentando o risco de FHDjSCD, foi corroborada em estudo mais recente efetuado em Myanmar. No primeiro grupo, que correspondeaos casosde infecçãoseqüencialpelo vírus do dengue IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. Condutas Terapêuticas e de Suporte no Paciente com Dengue Hemorrágico apresentando FHDjSCD, os anticorpos preexistentes,obtidos quando da infecçãoprévia por outro sorotipo viral, não neutralizam o segtmdo vírus infectante de tipo diferente e amplificam a infecção, facilitando a este novo sorotipo infectante a infecção maciça de macrófagose o desenvolvimentode FHD jSCD. O segtmdo grupo de pacientesde risco para FHDjSCD são lactentes que receberam, intra-útero, anticorposmatemoscontra dengue. Com o passardos meses,essesanticorpos, que apresentam diminuição progressiva, atingem níveis sub-neutralizantes. No casode infecção desteslactentespelo mesmo sorotipo do vírus do dengue que causoua infecçãomaterna e, na presençadestesanticorpos sub-neutralizantes, ocorreria o fenômeno de facilitação, com a penetraçãode mais vírus em macrófagos.Deste modo, os pacientes, nestas condições de superinfecção pelo vírus dengue, ficam mais susceptíveisao desenvolvimentoda FHDjSCD. Acredita-se q~ indivíduos com FHDj SCD possuam populações de macrófagos maciçamente infectadas e produzam viremias elevadas.A presençaaumentada de moléculas ffi.A classesI e 11nos macrófagosapresentando antígenosfacilita o reconhecimentode múltiplos epitopos virais pelos LT auxiliadores e citotóxicos. Os antígenosdo vírus dengueexpressos namembranamacrofágicainduzem fenômenos de eliminação imune por LT auxiliadores e citotóxicos. Os macrófagos, ativados pelos linfócitos e agredidos ou lisados pelas células citotóxicas, liberam tromboplastina, iniciando fenômenosda coagulaçãoe proteasesativadoras do complemento,causandolise celulare choque. O TNF-, de origem macrofágica e linfocitária, encontra-seem níveisséricoselevadosnos casos gravesde FHDjSCD e afetacélulasinflamatórias e endoteliais, o que contribui para a trombocitopenia, induz IL-8, estimula a liberaçãode histarninapelosbasófilose aumenta a permeabilidadevascular.A IL-6 séricaelevada, o~ervada em alguns casos graves de FHDj SCD, provavelmente induz a hipertermia àpresentada por esses pacientes. Também, JESUS,VI(2), VI(2), Abr/Jun, Abr/Jun, 1007. 1007. JESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. JESUS, 91 anafilotoxinas como C3a e C5a, leucotrienos, histamina e o fator inibidor do ativador do plasminogênio (impede a fibrinólise e leva à deposiçãode fibrina intravascular) encontramsepresentespor curto tempo na FHD/SCD. A cepado vírus da dengueinfectante nos casos de infecção secundária é reconhecida como provável fator determinante para o aparecimentode FHD/SCD. Tambémobservase, nessasepidemias de dengue, agravamento clínico dos casos com a progressão do surto, sugerindo o aumento da virulência do microorganismo após passagenssucessivasem sereshumanos. Finalmente, fatores do hospedeiro têm papelreconhecidono desenvolvimentode FHD/ SCD. Na epidemia de dengue hemorrágico cubana, em 1981, observou-seo maior número de casos em brancos e relacionou-se ainda a anemia falciforme, diabetes mellitus, doenças reumáticas e asma brônquica como fatores de risco. Outros fatores genéticos como alguns haplótipos HLA relacionam-seà gravidadedos casos. Portanto, a FHD/SCD tem como base fisiopatológica uma resposta imune an6mala envplvendo leucócitos, citocinas e imunocomplexos, causando aumento da permeabilidade por má função vascular endotelial,massemdestruiçãodo endotélio,com extravasamentode líquidos para o interstício, causando queda da tensão arterial e manifestações hemorrágicas, associadas à trombocitopenia. Conseqüente a estas manifestaçõessurgem hemoconcentraçãocom redução da volemia, má perfusão tissular, hipóxia e acidose lática. Nas análises microscópicasde materiaisde necrópsiao~rvase edema perivascular com grande extravasamentode hemáciase infilttado rico em célulaslinfomonocitárias.Entretanto,nãoparece haverdano de paredesvasculares. A FHD/SCD é comum em países do SudesteAsiático e Oceano Pacífico Ocidental, onde essavirose ocorre endemicamente, com circulação simultânea de mais de um tipo viral. Nesses locais, a doença acomete, mais comwnente, crianças. Atualmente, no Brasil, ~ve-seessasituaçãocom a circulaçãosimultânea dos vírus do denguesorotipos 1 e 2. Entretanto, em surtosde FHDjSCD ocorridos nasAméricas e particularmente no Brasil, os doentes foram, predominantemente, indivíduos adultos de ambos os sexos. Uma seqüênciade infecções por dengue foi claramentedefinida como fator determinante de risco para FHDjSCD. Em 1981, na epidemia de FHDjSCD ocorrida em Cuba, isolou-se dos pacientes o sorotipo 2, quatro anosap6sa ocorrênciada epidemia pelo sorotipo 1. Na ocasião, determinou-se que o risco de FHD jSCD em infecçãosecundáriaseria aproximadamehte 100 vezesmaior do que em wna primo-infecção. Mais recentemente,em 1997, ocorreuem Santiagode Cubawna epidemiade denguepelo sorotipo 2 (cepa Jamaica) com 2.409 casos notificados, sendo 205 de FHDjSCD. Nesta epidemia,ascaracterísticasclínicasapresentadas pelos pacientesdiferiram da epidemia anterior (1981) e assemelharam-se em muito à do Brasi~ que tem sido causada pela mesma cepa (Jamaica)de DEN-2. Os casosnotificados em Santiago de Cuba apresentaram freqüência maior de encefalite e miocardite. Na mesma série, asformas brandasdo dengueforam mais freqüentes em criançase a FHD jSCD não foi notificada nesta faixa etária. ser classificado em um estágio de FHD/ SCD e evoluir, posteriormente, para outro: .Grupo A- Febre acompanhada de outros sinais e sintomas inespecíficos e prova do laço positiva; .Grupo B- Febre acompanhada de outros sinais e sintomas inespecíficos, e de manifestações hemorrágicas espontâneas; .Grupo C- Febre acompanhada de outros sinais e sintomas inespecíficos, de wn ou mais dos sinais de alerta mencionados no item Triagem dos Casos e manifestações hemorrágicas; .Grupo D- Choque. Para fins de notificação de caso suspeito de dengue hemorrágico, devem ser utilizados os seguintes critérios: (i) situação epidemiológica; (ii) história de febre; (iii) manifestação hemorrágica; {iv) síndrome de choque; (v) plaquetopenia e (vi) hemoconcentração. Caso conftrmado clinicamente de febre hemorrágica do dengue (FHD) é aquele em que todos os critérios abaixo estão presentes: .Febre ou história recente de febre há 7 dias ou menos; .Tendência hemorrágica: prova do laço positiva, presença de petéquias, equimoses, púrpura, sangramento do trato gastrointestinal ou outros sangramentos; Definição de Casos A grandedificuldade de classificaçãodos ~ de denguehemorrágicogeralmenteocorre pela insuficiência de dados na história cünica, ausência dos resultados de hematócrito e da quantificaçio do número de plaquetas. Paraacompanhamentodo paciente,pela própria dinâmica da doença, ele deve receber wn diagnóstico provisório em cada estágio. A classificaçãodiagnóstica definitiva deverá ser feita por ocasiãodo encerramentodo caso.Por isto, sugere-seo estadiamento cünico abaixo. Devido ao processo ser dinâmico, o paciente .Plaquetopenia (plaquetas 100.OOO/mm3), e .Aumento do hematócrito em 20% sobre o basal na admissão(2), ou queda do hematócrito em 20% após o tratamento, ou efusão plasmática (derrame pleural, ascite e hipoproteinemia) . Um caso clínico típico de FHD ocorreu com a pacitnte H. E C., de 60 anos: A paciente estR:Pabem e, abruptamente, começoua apresentar febre, que no primeiro dm chegoua serde 39,4°C. Noprimeiro dmdadoença também apresentoummlgias e intensa astenm. Por esses motivos, no segundodm da doença (2) Se houver dosagem de hemoglobina, pode ser usado o índice hematócrito/hemoglobina, que quando maior que 3,5 indica hemoconcentração (isto não é válido quando se calalla o valor da hemoglobina a parrir do hematócrito). 92 poderá IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. Condutas Teraptutlcas e de Suporte no Paciente com Dengue Hemorráglco procurou o médico do Postode Saúdepr~mo à sua hídrica (ve~ e oral), o hematli-rito sofreu redução residincia, que s~eitou de infecçãoviral pelo Pírus progressilJa e, no ftnalda tarde do 51 dia, era de dengue,apósafa.rtar clinicamente infecçãourinária 40% e asplaquetRS foram contadas em SO.OOO/mm3. e leptospirose.Nesta consulta, a prova do laço foi Durante o período de internação a paciente não negativa, e a paciente recebeu a orientação de apresentou fezes pretas, sangramento vaginal ou manter repouso,dieta livre com bastante líquidos e outras hemorragias (exceto as petéquias no ombro usode anti-térmiclb" (contra-indicou o usode ácidoesquerdo,mas sem o aparecimento de outras sufusões). acetil-salict1ico). A prova do laço na tarde no 51 dia .foi assinalada Naquela ocasiãofoi marcado o retorno da como negativa. paciente ao Postode Saúde dentro de dois dias (4~ Na tarde do d dia a paciente recebeu alta, dia de doença). Neste dia, oMédico anotou que a com a recomendação de manter o repouso durante paciente referiu ter acordado semfebre e passou a 10 dias, e a ingesta oral de liquidos. O Rx de tórax manhã sen#nM-sebemmelhor até a hora do alm(f"O, foi nonnal. O hematócrito de salda foi de 40%, apesar de continuarem as mialgias e a astenia. plaquetas de 70.000/mm3 e a prova do laço era Entretanto, antes do horário do almoço,passou a negativa. Uma última amIEtra de sangue foi colhida apresentardor abdominal localizadano hipocôndrio às 16:00h, e o soro encaminhado para a realização direito de moderada intensidade. Quando da do exame MAC-EllSA (IgM) e inibição de consulta (às 15:00h), a paciente apresentava hemaglutinRfão (1H, cmn antígenos de sorotipos do vírus dengue, pirus vacinal da febre amarela e outros petéquias no ombro esquerdo, a prova do laço foi positiva e ela apresentava hipotensão postural Flavivirus). Posteriormente, o caso foi encerrado com a anotação dos seguintes resultados soroú!ficos e (deitada: 1::1.de 100x85mmHg e em pé, 1::1.de 80x85mmHg). Nesta segunda consulta a Pirológiço: (i) IgM -positiva antidengue; (ii) m para DEN-2 com titulo recíproco de 160 e titulo hemtylobinaerade 13,8gjdl; ohe~de 58% (índice hematócritojhemoglobina=4,2) e as recíproco de 20 para DEN -1, sendo negativa para: DEN-3, DEN-4, 17D (vírus vacinal da febre plaquetas foram avaliadas ~elo método de Fonio e amarela) e outros Flavivirus e (iii) isolamento do com valor de 60.000jmm .Outra amostra de PirusDEN-2 em camunliqngosrecém-nascidar e em sangue foi colhida e conservada a -7(fC para células C6/36 (da amostra coletada no quarto dia isolamentoviral. da doença). Com esses indicadoresclínicose laboratoriais a paciente passou a recebersorofisiológico, venoso (1 Oml/kg/h) e foi transportada ao Centro de Saúde, Triagem dos Casos onde estava adaptada a Unidade de Internação Nos casos de epidemias de dengue para casossuspeitos de dengue hemorrágico. A sugere-seque sejam realizados esforços para paciente, ao chegar ao Centro de SaúdejUnidade organizar e envolver toda a rede de saúde. O de Internação, teve o volume a ser administrado atendimento~ dcx:ntesdeveserdeslocadopara aumentado para 2Omljkgjh. Na noite do 4~dia de asUnidades Básicas,onde essespacientesterão doença, o médico-plantonista observou "marcante a oferta de pelo menos duas consultas, uma redução do munnúrio vesicular na basedopulmão inicial e outra 48 a 72h após. direito", e anotou que havia dor abdominal intensa Por ser o tratamento bastante simples, localizada no hipocdndrio direito, à palpação sugere-sequetodas asunidadesbásicasde sa(Kle superficial. A partir das 22:30h, a diurese foi de sejamdotadasde sorofisiológico e equipamento O,6ml/kg/h. No dia seguinte (.5'1dia de doença), a paciente continuava com dor no hipoclJndriodireito à palpação, e o Rx de tórax mostrava pequeno der-rame na basedopulmão direito. Com instituição do esquema de reposição IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1~7. para iniciar a hidratação venosa nos pacientes que tiverem hipotensão ou grande elevaçãodos níveis de hematócrito. Só deverão ser referenciadospara unidades de emergência ou intermediárias os pacientesque necessitaremde hidrataçãovenosae omervaçãocontinuada. Por 93 isso, também asunidadesdevemserdotadasde pessoalcom qualificaçãopara realizar prova do laço e microhematócrito. Nos casosde dengue, independente da forma clínica, a rotina a serseguidaquando os pacientes chegam à Unidade de Saúde é particularmente importante. Todos os pacientes que procuram o sistemade saúdedeverãoter uma história clínica e epidemiológica sucintamente registrada no prontuário ou no boletim de atendimento e exame físico constando de pelo menos: (i) a medidada tensãoartérial (TA) em duasposições (deitado e em pé, preferencialmente, ou sentado); (ii) a freqüência por minuto do pulso radial; (iii) provado laço(3); (iv) descriçãodas colorações das mucosas, grau de hidratação e tempo de enchimentocapilar(4). O examefísico deve ser completado .com a ausculta cárdiopulmonar e palpaçãodo abdome (enfatizandoa presençade dor e visceromegalias),assimcomo a descrição de exantema e manifestações hemorrágicas,cutâneasou não. Os pacientes que necessitamde maior atenção do sistema de saúde são os que têm dengue e apresentam história patológica pregressa de alergias (principalmente asma brônquica),anemiafalciforme,diabetesmellitus, doenças autoimunes, doenças severas do aparelho cardiovascular e respiratório; esses pacientes e todos aqueles que tiverem manifestações hemorrágicas ou hipotensão arterialdevemsero~rvados com maior cuidado e freqüência. A avaliaçãodeve ser completada com a coletade amostrasangüíneapelo menos para o hematócrito, contagem das plaquetase exame( s) sorológico( s) e virológico, no mesmo dia da consuka ou posteriormente (após o 42 dia da doençano casode examessorológicos). Os pacientesque apresentemum ou mais sinais de alerta, listados abaixo, devem permanecer sob tratamento e observação rigorosa nas 24 horas seguintes, pois correm grande risco de desenvolverSíndrome de Choquedo Dengue. Sinais de Alerta .dor abdominal intensae contínua; .vômitos persistentes; .hepatomegalia dolorosa; .derramescavitários (pleuralejouabdominal); .sangramentos importantes; .hi potensãoarterial (TA sistólica~ 80 mmHg se ~5 anos de idade; TA sistólica ~ 90mmHgse> 5 anosde idade); .diminuição da pressão diferencial (TA sistólica -TA diastólica ~ 20mmHg); .hipotensão postural (TA sistólica deitado TA sistólica em pé > 10 mmHg); .diminuição da diurese; .agitação ou letargia; .pulso rápido e fraco; .extremidades frias; .cianoseo , .diminuição bruscada temperaturacorpórea associadaà sudoreseprofusa, taquicardia e lipotímia e .aumento do hematócrito (com variaçãode 200/0 )(5). Recomendações 1. No período de queda da temperatura corpórea, os pacientes que não apresentam manifestaçõeshemorrágicasou qualquer outro (3) Todo o Grupo Técnico enfatizou a necessidadede n\:inamento da equipe na realizaçãoda prova do laço e alguns membroo consideraramque a duração do teste deve ser de 3 (nis) minuroo e náode 5 (cinco) minutoo, porque com esta última duração o número de casoofalsoo-positivooé maior e muiroo pacientes referem e~mo desconforto. A tensão arterial (TA) média deve ser mantida durante toda a prova do laço e corresponde ao quociente da divisão da (TAsistólica+ TAdiast6lica)/2 e o tamanho e ~ura do manguito deve seradequadopara a idade,peso e a circunferência do braço do paciente. A prova é positiva quando 20 ou mais petéquias forem fonnadas, abaixo do manguito, em área correspondente no braço a :t 2,3cm2 (ou a área de uma polpa digital); (4) A descompressãoda polpa digital da região palmar ou 16bulo da orelha a coloração volta ao normal após tempo inferior a dois segundos; quanto maior for o tempo, maior é a evidência de hemoconcentração. (5) Verificar observaçãosobre o Úldice hematócrito/hemoglobinano item Definição de Casos. 94 JESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. Condutas Terapêuticas e de Suporte no Paciente com Dengue Hemorrágico sinal de alerta listado acimae que evoluamcom melhora progressivado estadogeral,retorno do apetite e regressãodos sintomas da faseaguda, deverão ser orientados a permanecerem casa. Se necessário,farão uso de hidratação oral e antitérmicos. Nesses casos é recomendável entregarasrecomendações assinaladas no Anexo I ao paciente ou familiar.2. A classificação correta do paciente, uma observaçãoclínica acurada,orientaçãoadequada e uma conduta terapêutica oportuna e correta são fatores essenciaispara uma boa evolução do caso. No examefisico, a prova do laço deve serrealizada em todos os pacientes,bem como a verificaçãoda existênciade hipotensãopostural (medir TA com o paciente deitado e em pé). convencionais de fixação do complemento (FC), inibição da hemaglutinação (lli) e neutralização de plaques (NtRP) em cultivos celulares, embora adequados em termos de sensibilidade (IH) e especificidade (FC e NtRP), são realizados em poucos laboratórios de referência. Os testes de IH e a FC permitem a diferenciação das respostas imlUlológicas a infecções primárias e secundárias, enquanto a NtRP permite o reconhecimento dos Flavivirus envolvidos na resposta seclUldária. Em uma infecção primária por dengue, os títulos de anticorpos elevam-se lentamente até um nível moderado e são relativamente monoespecíficos (ou seja, o título é mais alto contra o sorotipo do dengue infectante que contra outros Flavivirus). Nas infecções Diagnóstico Laboratorial seclUldárias, o título de anticorpos eleva-se A comprovaçãolaboratorial de infecções rapidamente a níveis muito altos (IH.?. 1280) e há reação com uma ampl~ variedade de pelo vírus dengue é feita por métodos Flavivirus. Estes métodos (IH; FC e NtRP), virológicos e sorológicos. discriminar Os métodosvirológicos compreendemo no entanto, não permitem isolamentoviral e a detecçãode antígenosvirais. anticorpos IgG de IgM e necessitam de amostras O isolamento do vírus pode ser feito nos pareadas para a confirmação diagnóstica seguintes sistemas: culturas de células de (mediante elevação.?. a quatro vezes no título mosquitos e camundongos recém-nascidos. sérico do soro de convalescença). Sangue,soro e fragmentosde órgãos,lxm como .Os métodos modernos, por discrimaceradosde mosquitos, sãoos espécimesmais minarem IgM, permitem que o diagnóstico seja utilizados com este objetivo. O sanguepara feito precocemente, com uma única amostra isolamento viral deve sercolhido até o 52dia de sérica. Anticorpos IgM antidengue desenvolvemdoença. Quando o espécimeé um tecido, deve se rapidamente e, pelo 52 dia, 80% dos casos serpreparadoparao exameo maisprecocemente (resposta primária e seclUldária) têm anticorpos possível após a morte do paciente. Esses IgM detectáveis, os quais em média perduram materiais (prefere-se sangue total ao soro) de 60-90 dias após <1início da infecção. Os testes deverão ser mantidos a 4°C e enviados ao mais utilizados são os imunoenzimáticos, laboratório em, no máximo, 12 horas, onde principalmente o de captura de IgM (MACdeverão ser preservados a -70°C ou em ELISA). Para interpretação de um resultado de temperaturasinferiores. A detecçãode antígenos MAC- ELISA, é importante considerar: (i) uma virais a partir de soro ou tecidos pode ser feita única amostra positiva não significa pelo uso da reação da polimerase em cadeia necessariamente que o quadro atual seja (PCR) e/ou métodos imunohistoquímicos. decorrente de infecção por vírus do dengue, Os testes soro lógicos representam os podendo esta infecção ter ocorrido há 2 ou 3 métodos mais simplese rápidos de confIrmar O meses; (ii) amostras de soro colhidas precocemente, isto é, antes do quinto dia do diagnóstico clínico de infecção pelo vírus dengue. Quando o isolamento vira) não é início dos sintomas, podem não apresentarníveis possível,os testessorológicosservemcomo meio de IgM detectáveis e (iii) no caso da resposta imlUle a uma infecção seclUldária, pequena de diagnóstico alternativo. Os testes IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. 95 porcentagem de pacientes (em tomo de 5%) não produz níveis detectáveisde IgM. Os materiais encaminhados ao laboratório de referência de cada Estado da Federaçãodevem acompanhar-sedasseguintes informações: nome completo do paciente, idade, sexo, endereçoe local onde foi colhida a amostra (inclusive para envio do resultado do teste), data do início dos sintomas e data da tomada da amostra. Deve-se enfatizar que a c-onfiabilidade dos resultados dos testes laboratoriais depende dos cuidados durante a coleta,manuseio, acondicionamentoe envio das intramuscular é contra-indicada. Em casode: Febre: recomenda-se o uso de antitérmico. Entretanto, na grande maioria dos casos,nafaseinicial da doença,a febre costuma ser elevadae pode não haver normalização da temperatura com o uso da medicação. O intervalo entre as doses deve ser o suficiente para manter a temperatura abaixo de 38,5°C, na dependência do que for suportável pelo paciente.Usa-sehabitualmente paracetamolou dipirona. Há contra-indicação para o uso do ácido-acetil-salicílico (aspirina), pelo potencial de agravamento do quadro hemorrágico. A amostras. mesma contra-indicação aplica-se aos demais antiinflamatórios não-hormonais, mesmo Tratamento quando usadospela via intra-muscular. Dores (cefaléiaretro-orbitária, mialgias A assistênciaao paciente com dengue é e artralgias): asmesmasdrogasutilizadas como extremamente simples. Usa-se, terapeuticamente, na grande maioria dos casos,apenas anti-térmicas devem ser utilizadas como anti-térmicos, analgésicos e soluções de analgésicas.A cefaléia pode ser minorada com bolsa de gelo na cabeça.Nos casosgraves de hidratação, sejamelasde uso oral ou venoso. A principal dificuldade é sabera via a serutilizada dor, quando não há resposta aos analgésicos citados acima, utilizar a associaçãode codeína e a dose em cada situação. com Chama-se a atençãopara a dinâmica da + paracetamol (comprimidos doençae suascaracterísticasclínicas. As formas respectivamente 30mg e 500mg, os adultos gravessurgirão durante os dois primeiros dias podem usar até um comprimido a cadaquatro de defervescênciada febre, em geral entre o 42 horas). Mesmo assim, pode não haver o desaparecimentomarcantedos sintomasálgicos. e 62 dia de doença -exatamente no momento em que a vigilância sobre o paciente decresce Neste caso, ou quando houver doenças autoe, assim, pode ser a fase de maior risco para o imunes associadas(àrtrite reumatóide, lupus, entreoutras), deve-seusarcloridrato de tramadol paciente. Por isso, há necessidadede orientar o enfermo, seus familiares e a equipe de saúde ou meperidina. Contudo, a indicação de tramadol ou meperidina não foi consensual, sobre estacircunstância. Na Unidade de Saúdee no domiano deve porque ambas têm como para-efeito a serincentivado o uso de mosquiteiro durante o hipotensão arterial, em especial em pacientes período diurno (quando a fêmea doAe. aegypti hipovolêmicos. Também não foi consensuala faz o repasto sangüíneo), porque a presençade indicação do uso do ácido mefenâmico. indivíduo \1irê~jcopoàeráampliara tfansmissão Manifestações digestivas (náuseas, do vírus do dengue. Algumas recomendações vômitos e diarréia): não costumam ser sãoextremamenterelevantesdurantea avaliação dominantes no quadro da doença e, e/ou acompanhamento dos pacientes, freqüentemente,não necessitamde tratamento especialmente a manutenção de repouso do específico.Se houver necessidade,pode-seusar pacientee a ingestaoral de líquidos, sucose/ou para náusease vômitos os anti-eméticos usuais soro caseIro. (metoclopramidaou alizaprida)e para a diarréia A terapêuticaa seradministradadeve ser reforçar a hidrataçãocom soluçõessalinasorais. pelavia oral, preferencialmente,e/ou venosa.A É contra-indicado o uso de anti-diarréicos. administração de medicamentos pela via Pacientescom histó~ia pregressade gastrite ou 96 ~ IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. Condutas Terapêuticas e de Suporte no Paciente com Dengue Hemorrágico wcera péptica ou que apresentaremreativação ou agravamentodestaspatologiasdevemreceber bloqueador H2: (i) ranitidina, oral; adultos comprimido de 150mg, duas vezes por dia e crianças -comprimidos efervescentes ou xarope sendo a dose total diária de até 150mg, dependendo do peso ou (ii) cimetidina, oral; adultos -800mg por dia, à noite, ou dividida em duas doses, pela manhã e a noite. A ranitidina também poderá ser usada rotineiramente em casos de dengue hemorrágico, com a justificativa de reduzir o risco de wceras de "stress". Prurido e exantema: aparecemem 30 a 40% dos pacientes.O prurido surge na fasede defervescênciada síndrome febril e localiza-se com maior intensidade nas regiões palmoplantares. Nesses casos utiliza-se os antihistamínicos usuais (dexclorfe -amina, terfenadinaou cetirizina), mas nem semprecom bonsresultados.Medidaslocaiscomo compressa de gelo sobre as regiões mais pruriginosas podem causarmelhora temporária. O exantema não necessitade tratamento. Hipotensão arterial: instituir imediatamente a hidratação venosa, de preferência puncionando a veia basilar. A hidratação deve ser iniciada no local onde o paciente estiver sendo atendido. Por isso, ~ Unidade de Saúdedeve ter um "Kit" para este procedimento. Utilizar soro fisiológico a 0,9% na dose de 10 a 20ml/kg/h, de forma rápida. Isto pode ser feito com grande margem de segurança,se houver um médico monitorizando a tensãoarterial, o pulso, a turgência jugular e a auscultacárdio-pulmonar. Havendo sobrecarga momentâneade volume, a velocidadede infusão deve serreavaliadae, senecessário,transportar o paciente para uma Unidade de Saúde com melhores condiçõesde atendimento. Para adultos, após a estabilização da tensãoarterial deve-semantera infusãode 30ml/ kg/dia, com 1/3 de solução salina (soro fisiológico preferencialmente,ou Ringer lactato) e 2/3 de soro glicosado a 5% ou de solução glicossalina. A alimentação oral deve ser mantida. Em casode lactente, o leite materno IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1007. deve continuar sendo oferecido e as lmidades de saúdedevembuscarmecanismospara apoiar e incentivar a amamentaçãomaterna. É necessáriaa vigilância constantesobre a tensão arterial (aferida preferencialmente na seguinte seqüência: com o paciente deitado e em pé), o pulso, a turgência jugular, o enchimento capilar, a ausculta cardíaca e pulmonar e, sobretudo,a diurese (manter acima de O,5ml/kgih). A evolução do paciente com denguehemorrágico é extremamentedinâmica e, também por isto, durante a fase de administração venosa de soluções hidroeletrolíticas e/ou hemoderivadasdeve ser mantida rigorosa vigilância dos sinais vitais, especialmente de sinais associados a hiperhidrataçãoe edemapulmonar, ocorrências freqüentesem lmidadesde atençãoao paciente com denguehemorrágico. O acompanhamento ambulatorial e durante a internação estão apresentadosnas árvores de decisão expostas, respectivamente,nos Anexos 11e 111. Nas criançase adultos, sem ingesta de líquidos especialmenteapósa primeira diurese Qbservada durante ou após a reposição da volemia, recomenda-sea reposiçãode potássio (2 a 3 .mEq/kgi24h), acrescentadona solução de soro fisiológico. Durante a reposiçãoda volemia e na fase de manutenção o volume total de líquidos nas 24h, ou por período deve serajustado,estando o paciente febril com temperatura> 38°C (aumentar em .::t 6% o volume calculado), diarréia (repor 50rnl de líquidos/evacuação), vômitos (repor o volume perdido) e/ou taquipnéico. Critérios de alta dos pacientes graves: os pacientes(dos grupos Ce D, citados no item Definição de Casos) terão alta da unidade de internação quando apresentaremos seguintes indicadores: (i) afebril por mais de 24h; (ii) sinaisvitais estáveis;(iii) prova do laço ne!?ftiva; (iv) plaquetas acima de 20.000/mm ; (V) recuperaçãodo apetite (a anorexia é associada quasesempre,especialmentenascrianças,à dor abdominal); (vi) ausênciade sangramentoativo; (vii) ausênciade hepatomegaliadolorosa; (viii) 97 ausência de dor torácica; (ix) face nãoruborizada; (x) reabsorção de derrame(s) cavitário(s) e (xi) nível de consciência conservado. Quando da alta, o paciente deve receber a recomendação de manter repouso relativo, durante oito a quinze dias, de acordo com a situação élínica anterior. Essetratamento precoce resulta em boa resposta clínica. Na grande maioria dos casos de FHD não se deve adotar proc~dimento invasivo para infusão de líquidos, sendo isto quase sempre desnecessário para o acompanhamentoclínico e que pode aumentar o risco de infecçãosecundáriae/ou hemorragias. Considerações Finais O Grupo Técnico julgou conveniente fazer também as seguintes observações e/ou recomendações: 1. Os pacientes com infecção pelo vírus do dengue após a fase de convalescença, habitualmente com duração média de 15 dias, podem fazer doação de sangue, após avaliação pelo médico do Hemocentro, Serviço de Hemoterapia ou Banco de Sangue; 2. Os Hemocentros devem promover discussõese cursos sobre o uso de sanguee hemoderivados em casos de dengue hemorrágico não-responsivos a soluções hidro-eletrolíticas e/ou expansoras,inclusive planejando estratégiasno casode epidemia de denguehemorrágico; 3. Os Serviços de Saúde devem promover cursos sobre dengue, especialmente sobre diagnóstico e tratamento dasformas graves, qualificando a equipena realizaçãoda prova do laço e outros procediment~ necessári~; 4. Os orgãos gestores devem equipar as unidadesassistenciaiscom micro-centrífugas para microhematócrito, e outros equipamentos para a dosagem de hemoglobina e quantificação do número de plaquetas. 98 Agradecimentos O Grupo Técnico agradece aos alunos de Medicina do Programa Especial de Treinamento (PET-Medicina) da CAPESUFBA: Marcelo Martinez, Luiz Serra Azul e também Elenaide Coutinho, Ília Aragão e Marcelo Cunha. Estes alunos não só acompanharam a discussãodo Grupo Técnico como colaboraramna digitação e editoração do presentetexto, especialmenteMarcelo Martinez. Bibliografia 1. Antezana, D.; Nobre, A.; Tauil, E L. Febre amarelae dengueno Brasil: epidemiologia e controle. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 27(supl. 1lI): 59-66, 1994. 2. Bhamarapravati, N.; Tuchinda,E; BoonyapakNavik, v: PathologyofThailand haemorrhagic rever:a studyof 100 autopsycases.Annals of Th>picalMedicine and Parasitology.61 : 50010,1967. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Dengue Vigilância Epidemiológica e Atenção ao Paciente.2aed., Brasília, 1996. 4. Escalante,J.; Gonzalez,J. Aspectosclínicos deI denguehemorrágicoenpacientesadultos. Monografia, Hospital Central de Maracaye Universidadede Carabobo,Venezuela,1990. 5. Figueiredo, L. T. M. Fisiopatogenia da infecção pelo vírus do dengue. Curso sobre dengue: clínica e terapêutica, Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Salvador, Bahia, p.18, 1997 [mimeog.]. 6. PanAmericanHealth Org.1nization-Dengue and Dengue Hemorrahgic Fever in the Americas: Guidelines for Prevention and Control. ScientificpublicationN2 548, 1994. 7. Pereira,M. A.; Giorgiew, M. G. Respuesta aI tratamento en pacientes adultos con diagnóstico de dengue hemorrágico. Monografia, Hospital Central de Maracaye Universidadede Carabobo,Venezuela,1990. 8. Rio de Janeiro.SecretariaEstadualde Saúde. IESUS, VI(2), Abr/Jun, 1~7. Condutas Terapêuticas e de Suporte no Paciente com Dengue Hemorrágico Dengue: diagnóstico e tratamento. Informe técnico 3,1990. 9. Situação de dengue no Brasil. Documento elaborado pela Gerência Técnica de Febre amarela e dengue. Fundação Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, p.7, 1997 [mimeog.]. lO.Travassos da Rosa, A. P. A.; Travassos da Rosa, E. S.; Travassos da Rosa, J. F. S.; et al. - Os arbovírus no Brasil: Generalidades, métodos e técnicas de estudo. Doe. téc. N ° 2, Serviço de Arbovírus, Instituto Evandro Chagas, Fundação Nacional de Saúde. Belém, Pará, 1994. Anexo i* DENGUE IDENTIFICAÇÃO (Para pacientes e parentes) DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS Data T A deitado Unidade de atendimento: T A em p é N ° do p r o n t u á r i o : N o m e completo do paciente: Prova do L a ç o Hematócrito Plaquetas (xlOOO/mm-) Sorologia Idade: A s s i n a t u r a do M é d i c o Sexo: ( ( ) Masculino ) Feminino 1°. 2°. 3». 4°. Recomendações para pacientes com dengue e parentes A s complicações s e apresentam geralmente entre o terceiro e o quinto dia d a doença e o s familiares devem observar o paciente até dois dias após o desaparecimento da febre. 1. Dar muito líquido (água, sucos de frutas, soro caseiro, água de coco, sopas, leite, chá, etc.) e fazer repouso. Para as crianças que mamam no peito não deve ser suspenso o leite materno. A s mulheres c o m dengue podem continuar a amamentação de s u a s crianças. 2. Procurar atendimento médico, s e aparecerem; • Pontos ou manchas vermelhas ou roxas na pele • Sangramento de nariz, boca ou outros tipos de sangramento 3. Procurar imediatamente atendimento de emergência, s e aparecerem: • Fezes pretas • Vómitos frequentes • Muito sono ou agitação • Dor na barriga • Tontura, vista escura, desmaio • Pele pálida, fria, seca • Dificuldade de respirar 4. Siga rigorosamente as orientações acima. (Local de atendimento:. (parte interna da carteira) • Adaptado do Antxo « do Manual d* Dongiw: Vigilância Epidomiolóflica • Atmçio ao DoMtiMInistáiio da Saúda, 1»SC l E S U S , Vl(2), Abr/Jun, 1997. 99 Aluizio Prata et al Anexo II* Atendimento Ambulatorial do caso suspeito de dengue hemorrágico Verificar: Colher l-amaslra do soro para exames sorológicos e sangue total para isolannito virai, confornB o dia da doença e orientação da Vigilância Epidariológica SINAIS M : A L E R T A ou CHOQUE jPROVA DO LAÇO POSITIVA Inkiar (ou aunentar) Hidratação Venosa INTERNAÇÃO Centro de Saúde, Uiidade imsta ou intemiediária (Ver Anexem) e/ou SANGRAMENTO Prova do laço n^ativa e ausência de sangrainentos. Controle ambidatorial (retomo em 48-72h). Repouso e Hidratação oral. Qientação ao paciaite sobre Sinais de Alerta Preendierfidia individual (Anexo 1) Nfonitorar evoli^o dos sinais de alerta Prova do laço + e/aa presença de sangramentos. PiEsaiça de algum Sinal de Alerta ou Hbnoconcentração (hanatócrito: crianças >38"/(^ milhaies >40%^ homais >45%) Flaquetoperaa (<100.000mm^ NAO SINAIS D E A L E R T A SIM OBSERVAÇÃO AMBULATORIAL: tenço iiKdiode3h. Preencher ficha (Anexo 1) Hidratação Ond e Venosa IWABIlJAEi^EE HEMCXÍNAMCA NAO SIM * Revisão do Anexo 6 do Manual de Dengue: Vigilaneia Epidemiolágica e Atenf ão ao Doe 100 Dor ahtoimal contínua; vómitos persistentes; hepatran^alia dolorosa; derrames cavitários; sar^ramentos; cianose; hipotensão arterial; TA convergente; hipot^ão postural; diniiiTmção da diurese; agitação ou letargia; pulso ráfido e fia;»; extremidades fiias; diirimáção repentina da tençeratura corpÓTea, associada à sudoieseprofiisa; taquicardia; lipotimia e aumaitodo hematócrito. istério da Saúde, 1MC lESUS, Vl(2), Abr/Jun, 1997. Condutas Terapêuticas e de Suporte no Paciente com Dengue Hemorrágico Anexo III Internação: dengue hemorrágico ou choque Funcionar veia calibrosa. Iniciar hidratação com soro fisiológico (Sf) ou Ringer lactato (RI) (10-20ml/kg/h) Verificar sinais vitais 30/30inin, hematócrito 2/2h e balanço hídrico. Melhora hemodínâmica: redução da hemoconcentração, aumento da tensão arterial, pulso cheio e aumento da diurese. Instabilidade hemodinâ mica: hemoconcentração persistente ou aumentada , hipotensão arterial, pulso débil e/oii filiforme. Aumentar infusão de Sf ou RI para 20ml/kg/h. A v a l i a r introdução de oxigenoterapia Reduzir hidratação (30ml/kg/dia) Persiste instabilidade hemodinâmics. Hematócrito aumentado EstabUidade hemodínâmica (Htc, T A , F C e diurese >0,5ml/kg/h) Manter hidratação de manutenção por 24h$ com solução glicofisiológica 1:1 ( S G a 5 % 480ml+NaCla 2 0 % 22,5ml) ALTA Espansores plasmáticos: plasma (20ml/kg) ou albumina (3ml/kg/h) Persiste Instabilidade hemodínâmica Dissecar veia e monitorar P V C . Recalcular volume de plasma, soluções hídroeletrolítícas e outros expansores. A v a l i a r doenças associadas. Hematócrito dimiiluído Sinais de sangramento. Avaliar coagulopatia de consumo Transfusão de sangue. A v a l i a r indicação de concentrado de plaquetas Hiper-hidratação, sinais de I C C (Fc >100bpm, terceira bulha, estertores pulmonares bolhosos e hepatomegalia). Diuréticos lESUS. Vl(2), Aísr/Jun, 1997. 101