IP/04/1455 Bruxelles, 9 décembre 2004 Concentrações: a Comissão proíbe a EDP e a ENI de adquirirem a GDP A Comissão Europeia decidiu proibir o projecto de aquisição do controlo conjunto da empresa Gás de Portugal (GDP), o fornecedor histórico de gás em Portugal, pela Energias de Portugal (EDP), a empresa histórica de electricidade em Portugal, e pela ENI, uma empresa italiana do sector da energia, uma vez que a operação constituiria um obstáculo a uma concorrência efectiva. Na sequência de uma investigação aprofundada, a Comissão concluiu que a operação reforçaria a posição dominante da EDP nos mercados grossista e retalhista de electricidade em Portugal e a posição dominante da GDP nos mercados do gás em Portugal. Deste modo, a operação de concentração reduziria significativamente ou contrariaria os efeitos da liberalização dos mercados da electricidade e do gás e aumentaria os preços a nível dos clientes nacionais e industriais. As soluções propostas pela EDP e pela ENI revelaram-se insuficientes para dar resposta às preocupações em matéria de concorrência. A Comissária Neelie Kroes, responsável pela Concorrência, afirmou: “A Comissão deve assegurar que os consumidores beneficiam de uma concorrência mais efectiva em termos de escolha de fornecedor e de preços mais baixos, em resultado de operações de concentração. A existência de uma concorrência efectiva nos mercados nacionais contribui igualmente para a eficiência dos fornecedores e para que consigam penetrar melhor noutros mercados. Uma das minhas prioridades consiste em assegurar uma concorrência efectiva em mercados recentemente liberalizados, tais como o da energia, de modo a impedir que as empresas que se associam neutralizem os efeitos do acesso a novos mercados. Neste caso específico, o reforço das posições dominantes dos fornecedores existentes de electricidade e de gás teria resultado em preços mais elevados a nível dos consumidores e dos utilizadores industriais portugueses e, por conseguinte, numa perda de competitividade da economia portuguesa. Na ausência de soluções adequadas, a Comissão foi obrigada a proibir esta operação.” A EDP é o operador histórico que produz, distribui e fornece electricidade em Portugal. Através das suas filiais espanholas (Hidrocantábrico e Naturcorp) a EDP desenvolve igualmente actividades consideráveis nos mercados do gás e da electricidade em Espanha. A ENI é uma empresa com actividades de dimensão internacional a todos os níveis da cadeia de fornecimento e distribuição de energia. A GDP é o operador histórico que desenvolve actividades a todos os níveis da cadeia do mercado do gás em Portugal. A GDP detém direitos exclusivos de importação, armazenagem, transporte e fornecimento a nível grossista de gás natural e controla cinco das seis empresas regionais de distribuição de gás em Portugal (a sexta empresa é controlada pela EDP). Os mercados de electricidade em Portugal já se encontram totalmente abertos à concorrência e os mercados de gás em Portugal devem ser abertos progressivamente, de acordo com a Segunda Directiva da UE relativa ao gás (2003/92/CE). Este processo deve ter início brevemente com a liberalização do fornecimento de gás natural aos produtores de electricidade. A Comissão analisou o eventual impacto da operação proposta sobre os mercados de fornecimento de gás e de electricidade em Portugal, tendo concluído que a operação reforçaria a posição dominante da EDP nos mercados grossista e retalhista da electricidade em Portugal. Em especial, impediria a GDP de concorrer nos mercados de electricidade. Além disso, dado que o gás é actualmente uma das formas mais eficientes de produzir electricidade, a concentração tornaria os produtores actuais e, eventualmente, futuros de electricidade de Portugal dependentes do seu principal concorrente, isto é, a EDP. A operação de concentração reforçaria igualmente a posição dominante da GDP nos mercados relevantes do gás em Portugal, devido à supressão de uma parte significativa da procura de gás (controlada pela EDP) e ao facto de eliminar a própria EDP como operadora mais provável a entrar nos mercados do gás. 2