Mobilis vivendi

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Mobilis vivendi
Adino Bandeira1
Em sua monumental obra Understanding Media, Mcluhan afirma que todo meio é,
em si, sua própria mensagem. Sendo que a “‘mensagem’ de qualquer meio ou tecnologia é
a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas
humanas”.
Neste sentido, a mensagem da tecnologia móvel, enquanto acréscimo às recentes
técnicas desenvolvidas pela ciência eletrônica parece ser da mesma modalidade e
significado do prefixo gramatical trans-; talvez a mais perfeita tradução do espírito de
nosso tempo.
Vivemos numa era de intensa transformação, onde a quantidade de informação
transborda nossos sentidos e os meios que a veiculam. Estamos criando pontes móveis com
alta definição de conteúdo que começam a atar laços de comunicação hiperfísicos entre
fontes/receptores capazes de assimilar, transmudar e retransmitir dados entre si. Estamos
galgando degraus rumo à estruturação do consciente coletivo – uma exteriorização
tecnologicamente mediada do inconsciente coletivo de Jung. Vamos expondo o nosso
sistema nervoso global, estabelecendo redes conexas e sistemas contínuos de relações
sócio-econômico-culturais jamais alcançados ulteriormente.
De forma análoga, nosso papel é o mesmo que o dos neurônios para o nosso corpo
biológico, e a tecnologia móvel disponível é como uma verdadeira enxurrada de
neurotransmissores, possibilitando acesso total para além das fronteiras de tempo e espaço.
Num futuro não tão distante, viveremos cotidianamente a metáfora do estado descrito pelos
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Graduando da habilitação de Jornalismo, do Curso de Comunicação Social da UFPB.
Ano V, n. 03 – Março/2009
usuários de LSD. Em vez de dimetiltriptamina ou psilocibina, estaremos conectados em
todas as extensões de nossos axônios sensoriais por celulares, pagers, MP1000’s ou
quaisquer outras traquitanas cibernéticas que venham a ser criadas.
Encaminharemo-mos então rumo à descoberta holística da realidade na qual estamos
imersos; a transcendência do ser humano enquanto indivíduo limitado e parcial para o ser
total, inter-dinâmico e retroalimentado, das idéias humanas. Dessa transa virtual nascerá o
Homo Cyber Mundi, o polvo cibernético da neocultura mundial.
A esta altura, quem sabe, estaremos prontos para, assim como o E.T. de Spielberg,
fazer uma ligação a fim de que nos venham buscar para casa, no infinito do espaço... ou
espaço/tempo.
Ano V, n. 03 – Março/2009
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