Astro*Coaching José Maria Gomes Neto1 Stephen Arroyo afirma que o astrólogo tem o “privilégio de servir de condutor, guia, aos outros na luta por descobrirem o seu caminho entre as tempestades, os redemoinhos e os naufrágios da vida no plano material.”2 Assim, a sua principal função é restabelecer essa ponte, ou conexão com o sentido de pertencimento a algo maior, a reinserção em um cosmos organizado que funciona em perfeita ordem, percebida pelo movimento cíclico dos astros, por trás do caos aparente do dia a dia. E isso se dá por meio de um diálogo de alto nível, "conversas" que têm como objetivo dar apoio, facilitar a exploração e o encontro de novos caminhos e territórios, além de ajudar a conduzir o cliente de um lugar/estado em que se encontra para um lugar/estado desejado e possível de ser alcançado. Desse modo, ele próprio poderá criar e alcançar a “melhor versão de si mesmo”, reconhecer e liberar seus potenciais e promover mudanças significativas na sua vida. Diante desse cenário, ao astrólogo é mais prudente perguntar do que fazer pressuposições, ou afirmações prontas, ou dar respostas imediatas a questões que sequer foram levantadas. Assim, o primeiro a fazer, desde o momento mesmo em que se marca um Encontro de Leitura de Astro*Coaching é perguntar: “O que você está a buscar?” E, em seguida, questionar se há algum tema específico a tratar, o que quer saber ou explorar em seu mapa, enfim, o que o traz ali. A diferença, que faz diferença, entre o astrólogo tradicional e o Astro*Coach é a abordagem do atendimento: enquanto as técnicas preditivas de Astrologia estão focadas nos fatos e no aconselhamento, a prática do Astro*Coaching valoriza os processos e a reflexão sobre as dinâmicas que levam aos acontecimentos. O trabalho de um Astro*Coach consciente de seu papel é servir de “canal“, por meio das lentes do mapa do momento de nascimento da pessoa, para uma dimensão de ordem, conhecimento e penetração no Campo Sistêmico Gerativo,3 normalmente não accessível a outros tipos de conversas e diálogos. O mapa é um “sintonizador”, uma espécie de GPS - que denomino Guia de Percepção Sideral -, que permite acessar dimensões de experiências para as quais não existem explicações lógicas ou psicológicas, mas, por meio do fluxo de significados, traz a percepção da Sincronicidade. Para tanto, é preciso estar centrado, aberto (receptivo), atento (presente), conectado (com as qualidades de cada momento) e sem qualquer espécie de julgamento – isento de distorções cognitivas. Por isso que é tão importante, para o 1 José Maria Gomes Neto estuda astrologia desde 1979, é consultor, escritor, conferencista, tendo participado de vários Congressos Nacionais e Internacionais de Astrologia. Participou do TEDxRio+20 "Human Power": da Cegueira à Percepção, com o Tema: SINCRONICIDADES (Youtube). Coordena a Oficina de Astro*Coaching, realizando cursos, encontros de leituras, palestras e workshops em diversas cidades do país e do exterior. Atendimento e consultoria a empresas. Formação em Coaching InCoaching - Instituto Internacional de Coaching; MetaCoaching - International Society Neuro-Semantics Meta-NLP Practitioner, Meta-Master in Neuro-Linguistic Programming; International Society NeuroSemantics. Cursa Bacharelado de Filosofia na Faculdade São Bento, RJ. Ex- Diretor Social do Sinarj Sindicato de Astrólogos do Rio de Janeiro (2010/2011/2012/2013). 2 ARROYO, Stephan. Astrologia, karma e transformação. Tradução de Carolina O. Sá. Póvoa de Varzim: Publicações Europa-America, 1978, p. 336. 3 DILTZ, Robert. NLP II, The next generation. California: Meta Publications, 2010. praticante do Astro*Coaching, ter claros os seus valores, crenças, visão de propósito, motivações e principalmente ter a PUREZA DO CANAL (Estado C.O.A.C.H.). 4 Diferente do terapeuta que ouve, observa e orienta o seu cliente, ou mesmo do coach que o treina e o acompanha em sua performance; ou do mentor que ensina, ou do consultor que compartilha sua experiência adquirida, o Astro*Coach CONSIDERA! E ao “considerar”, pode exercer um pouco de cada uma dessas funções descritas acima, sem se prender primordialmente a esta ou aquela. Isto porque a “consideração” é, antes de tudo, uma posição perceptual, uma atitude, ou um estado de conexão entre o que está em cima e o que está embaixo, entre o que está dentro e o que está fora, entre o que está à frente ou atrás, ao lado direito ou esquerdo, pois é “com o sidéreo” que observa, é com o sidéreo que aprecia, admira, se maravilha e que traz revelações e descobertas que acontecem a cada momento. Da perspectiva do universo, não existe dentro ou fora, acima ou abaixo, nem lados. Está na base do desenvolvimento da consciência humana, desde a Antiguidade, a percepção dessa conexão, que é a capacidade que todo ser humano tem de fazer "considerações". O ato de "considerar" não se refere apenas à cerimônia de respeito no tratamento de qualquer pessoa ou situação. Considerar, do latim [con+sidus] => "sidus" = grupo de estrelas, constelação, o céu // "sidereus" => pertencente aos astros, celeste, divino => "Considero", é examinar com cuidado, ver com atenção, olhar com respeito, observar e medir o espaço com a vista, consultar e contemplar o espaço sideral. Olhar para qualquer situação com os “olhos das estrelas”. É justo o olhar do Astro*Coach para os mapas de uma pessoa que estabelece essa conexão do que está escrito nas equações matemáticas do tempo, que descrevem os movimentos e as posições dos astros no espaço sideral, com o indivíduo que ali se encontra (o território) e os possíveis significados para as coisas correspondentes que acontecem na realidade. Assim, a pressuposição básica mais assertiva, talvez a mais importante premissa que devemos CONSIDERAR numa abordagem do Astro*Coaching, vem do cientista polonês que desenvolveu a teoria da semântica geral, Alfred Korzybski: "O mapa não é o território". E o território é sagrado. Jamais deve ser violado, com o risco de serem reproduzidos verdadeiros Testamentos Cósmicos! É preciso ter em mente que um mapa é apenas um sistema de referências, uma explicação de certos aspectos do território. Especificamente, o mapa do céu de um determinado momento é um modelo representacional da totalidade de tudo que nasce, ou surge daquele momento único e diferenciado, seja uma pessoa, uma empresa, um evento, uma nação. Há uma relação entre uma coisa e outra, entre mapas e territórios, mas não uma determinação preestabelecida. Essa relação se cria por fluxo de significados, metáforas, mitos e também analogias. Já não se pode dizer que exista uma relação de causa e efeito entre as partes, mas uma correspondência de alguma ordem entre uma coisa e outra. E essa ordem, é ditada pelo fluxo de informações e de energias, pois se não houvesse energia tampouco haveria significado. Por isso não é possível colocar nos planetas, que estão lá no espaço, o peso da responsabilidade pelas coisas que ocorrem aqui na Terra. Podemos, sim, buscar as possíveis relações simbólicas entre o que ocorre na realidade e as posições geocósmicas desses “pequenos planos” descritos pelos planetas, e “constelar”, mais do que refletir, o que estamos fazendo com isso, para criar então uma 4 Idem. oportunidade de perceber outras e mais amplas possibilidades. Entre elas, a possibilidade de perceber que fazemos parte de um Universo em movimento vivo e vibrante, de relações e interconexões, repletas de significados, onde tudo faz parte do Todo, e o Todo é muito mais do que a soma das partes. Como afirma Richard Tarnas, “Um universo informado pela inteligência criativa e permeado por padrões de ordem e de significados que se estendem e se propagam por todos os níveis, e que se expressa através de uma constante correspondência entre eventos astronômicos e eventos humanos”.5 O Astro*Coaching busca adentrar o “mundo extraordinário” dos significados das estruturas arquetípicas que emergem do Cosmos e as possíveis relações destas com os fatos, comportamentos, valores, crenças, estados, sentido de identidade, visão, missão, levando em “consideração” (portanto incluindo a participação do Ser Humano na totalidade do Universo) o seu Padrão Individual de Tempo6, descrito pelos ciclos planetários desde o nascimento. O mapa do céu de um dado momento, como sabemos, contém informações de alta especificidade sobre o cliente, pois, entre outros enquadramentos, uma das premissas básicas de validação para isso é a percepção do Tempo como uma dimensão dotada de qualidades específicas, que podem ser percebidas na natureza pelo ritmo das estações e dos planetas e pelo seu fluxo de energias e informações repletas de significados. O tempo não é apenas um monitor sequencial da distância entre onde estamos e onde detectamos que podemos e devemos chegar, constituído por segundos correndo atrás de minutos, horas, dias, meses, anos, sem fim. Ele está impregnado de certas qualidades repletas de significados, e os mapas sinalizam, através dos ciclos, essas diferentes qualidades de cada momento. Assim podemos explorar por meio de técnicas e exercícios de Coaching, Coaching Gerativo, MetaCoaching7, além de conversas com perguntas poderosas, lugares ou “territórios” nunca antes explorados. Quando estes são percebidos, ou descobertos, liberam e atualizam potenciais, e até mesmo permitem encontrar verdadeiros tesouros por meio de fluxo de significados, que mudam estados, promovem transformações e facilitam trazer para a Terra “coisas” que até então se encontravam “distantes”, lá no Céu, ou perdidas num mundo simbólico confuso, ou até então sem sentido. Na prática, podemos dizer que se trata de “Descobrir o mapa explorando o território”. O Astro*Coaching coloca em marcha esse desafio de realizar na Terra o caminho que por correspondência está escrito nas estrelas. As ferramentas do Coaching e da PNL se tornam ainda mais eficazes quando aliadas ao conhecimento dos mapas do céu, pois inserem o indivíduo no Sistema Planetário, o que é fundamental para que as conversas do Astro*Coach estabeleçam um rapport ainda mais preciso, que o ajude a identificar o que quer e busca numa sessão: traz chão para caminhar entre as estrelas! Amplia a percepção de que o Mapa não é o Território, ajuda a fazer distinções entre as lentes que colocamos no mundo e a realidade que estamos experimentando por meio de nossos sentidos. 5 TARNAS, Richard. Cosmos and Psyche, intimations of a new world view. New York: Plume, 2007. Tradução livre. 6 HAMMACK, Jr., Edward O. Livro completo de astrologia prática. Tradução de Maio Miranda. SP: Pensamento, 1980. 7 HALL, Michael. Liberte-se, estratégias para autorrealização. Tradução de Paulo Brindeiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2012. Com os mapas do céu e do Coaching juntos, podemos estabelecer correspondências simbólicas entre diferentes estruturas de sistemas e sondar por meio de perguntas poderosas e metáforas, as matrizes de conteúdo da pessoa, que ajudam a trazer ainda mais clareza e sentido ao momento. Em alguns casos até pode facilitar a ressignificação de situações, revelar novas percepções que ativam novas intenções e assim transformar a pergunta "O que você busca está à sua procura?" não apenas em uma nova crença ou afirmação, mas em evidências tangíveis e realizáveis. É aqui que entra a importância do Coaching e da percepção de SINCRONICIDADES. A percepção da Sincronicidade8 é um capítulo especial no processo de Astro*Coaching, pois a todo instante, na prática do atendimento, estamos lidando com fluxo de significados ou eventos que não estão sujeitos às leis de causa e efeito. E quando experimentamos tais fenômenos, seja num Encontro de Leitura ou decorrente dele, isso quase sempre provoca algum câmbio de percepção da realidade, alguma revelação ou mesmo mudança do nível de consciência acerca das situações que estamos vivendo. Esse é o poder transformador da Astrologia. Passo a descrever um exemplo de Astro*Coaching com a presença de Sincronicidade: “Maria” me pediu para que a atendesse em sua casa. Já havíamos feito outros Encontros de Leitura e o que queria ver em seu mapa como tema principal era o relacionamento em que se encontrava há alguns anos, que não ia para lugar nenhum. Ela sentia-se presa, desempoderada e sem perspectiva de afirmar sua vontade diante do outro. Depois de ampliarmos a lente desse assunto a partir da consideração do seu mapa e do Padrão Individual de Tempo (Saturno encontrava-se na fase 2 do ciclo de vida e transitava pela casa 8 de seu mapa natal), chegamos ao entendimento de que a saída dessa sensação de confinamento poderia ser explorar as emoções que sentia quando tinha que afirmar suas posições diante das do outro, pois sempre acabava cedendo, mesmo ao não concordar. Havia uma espécie de medo com o qual Maria se sentia sem recursos para lidar. Identificado o problema por meio dos recursos que a Astrologia nos dá, nesse momento deixamos os mapas e fomos direto ao território... É onde e quando podemos aplicar, com o consentimento da pessoa, as técnicas de Coaching Gerativo. Colocamos a situação à sua frente. Pedi para que desse um passo adiante, entrasse ali e se remetesse ao modo como se sentia diante daquela situação, para que pudesse contatar, o mais próximo possível, as sensações no corpo, a fim de que as reconhecesse. Claro, nada disso sem antes instalar o estado C.O.A.C.H.; Então veio à tona a lembrança da emoção do temor, medo. Isso era visível em sua expressão facial, algo parecido com alguma dor, não física, mas na alma. Então pedi para que desse um passo atrás, saindo daquele lugar pobre de recursos, e, desde esta outra posição, percebesse uma segunda emoção. A emoção que dirige a cena. A segunda emoção controla a primeira. Tem sempre precedência. Como uma mãe com uma criança chorando no colo. A primeira emoção é a criança chorando. No caso de Maria, o medo. A segunda emoção é a mãe com a criança no colo. Assim perguntei: - Qual a emoção que sente ao ver-se com o medo? Ela respondeu: - Uma sensação de impotência, de não conseguir fazer nada para sair dali. 8 JUNG, Carl. Sincronicidade. Tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha. Petrópolis: Vozes, 1988 Então a segunda emoção à qual o medo estava associado era de desempoderamento. Sentia-se fraca, débil, refém da vontade do outro. É como se a mãe entrasse em desespero com o choro da criança e acabasse jogando a criança junto com a água da bacia fora, para se livrar da situação. Diferente da mãe que, diante do desespero da criança, fica calma, a segunda emoção, de calma, pode lidar melhor com a aquela situação. O passo seguinte era sair da segunda posição, dar mais um passo atrás e acessar alguma lembrança de empoderamento, ou algum símbolo que a munisse de força, ou ainda imaginar alguma cena ou personagem que pudesse vir em seu auxílio. Maria acessou, no Campo Sistêmico de recursos, a ideia de um Peixe. E, ao escolher o Peixe, ativou também a sensação de empoderamento que esse símbolo trouxe para ela naquele momento. Em seguida, pedi que entrasse com aquela sensação na segunda posição e que a descrevesse. Ela relatou que se sentia melhor, mais confiante, com mais força e recursos em seu corpo naquela segunda posição. E era visível a mudança de expressão na sua fisiologia, pela respiração e postura corporal. Então perguntei se aquele estado era bom e adequado para entrar na situação do medo, do enfrentamento; se estava mais forte e com coragem para lidar com a primeira posição, onde se encontra com outro e o medo. Ela disse que sim! Então pedi que entrasse ali com seu Peixe, e com o estado em que se encontrava. Deu um passo à frente, abriu os olhos e descreveu uma sensação de fortaleza interior, de empoderamento e de certeza de saber que tinha dentro dela recursos para lidar com aquela situação. Então finalizei o exercício perguntando: “Agora você vê que existem outras possibilidades? E você vê alguma possibilidade específica?” Ela, ainda naquele estado, respondeu que sim! O mais interessante veio em seguida. Justamente, naquele momento, adentra sua avó na sala com um presente, envolto em papel brilhante prateado, nas mãos. Abrindo o embrulho, falou para Maria: “Olha o que ganhei agora no Bingo da tarde!” Era um Peixe, de Cristal: SINCRONICIDADE! Por instantes, ficamos nos entreolhando e em conexão com aquela dimensão à qual antes eu me referi: o Campo de Possibilidades Infinitas de onde emergem as estrelas, constelações e todo o entendimento que nos oferece a Astrologia. Alguns recursos de Coaching, Meta Coaching, Coaching Gerativo e de Astrologia que podem ser utilizados durante um processo de Astro*Coaching, de acordo com a necessidade de cada caso: - testes de gestão de mudança e de níveis de consciência - níveis lógicos de aprendizado para especificação de objetivos - Missão/Visão/Ambição/Papel (motivações do Ego e da Alma) - formulação de “meta planos” (de acordo com as informações do mapa) - a roda da vida, as 12 casas e o balanceamento do mapa - ativação do Centro (círculo de excelência) - exercício para encontrar a Zona Interna de Excelência: Estado C.O.A.C.H. - exercício de Presença e meditações astrológicas - percepção de conflitos - identificação de C.R.A.S.H. - Resolução de conflitos identificados no mapa através do "Tetra Lema" - reconhecendo os dragões e as armadilhas // descoberta do Verdadeiro Norte - reconhecimento de padrões arquetípicos: disponibilizando forças universais para solução de problemas. Esses temas são abordados nas Oficinas de Astro*Coaching => MetaPlanos