Revista de Enfermagem

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ISSN 1415-276
VOLUME 2
Nº 2
JUL/DEZ 1998
EDITORIAL....................................................................................... 56 - ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG - 66 ANOS
Roseni Rosângela de Sena
ARTIGOS ORIGINAIS ....................................................................... 57 - ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDO EM ANTROPOLOGIA DA
SAÚDE
Myriam Silva Marques
Marisa Antonini Ribeiro Bastos
62 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
Rachel Noronha
Marcelle Regina Silva
J. Ricardo N. Goes
68 - ATORES DO PROCESSO GLOBALIZADO DO ASSISTIR EM ESTOMATERAPIA
Sonia Maria Dias
73 - AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM
DA UFMG
Marisa Antonini Ribeiro Bastos
Flávia Sampaio Latini Gomes
79 - ESTUDO DA DOR NAS COSTAS EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE
UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
Adelaide De Mattia Rocha
Andréa Gazzinelli Corrêa de Oliveira
85 - ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA
ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG, NO PERÍODO DE 1987 A 1995
Laise Conceição Caetano
Antônia Matilde Maciel
Tânia Maria Picardi Faria Costa
Anatércia Muniz Miranda
92 - PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
Miguir Terezinha Viecelli Donoso
Antônia Matilde Maciel
Tânia Couto Machado Chianca
98 - TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
Sílvia Helena Zem-Mascarenhas
Emília Campos de Carvalho
RELATO DE CASO ........................................................................... 104 - UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM: ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS
CARDÍACOS
Marcos Venícios de Oliveira Lopes
Thelma Leite de Araújo
111 - A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE
ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
Bruna Guimarães Oliveira
Carla Aparecida Spagnol
Eliane Ferreira
Eliane Marina Palhares Guimarães
NORMAS DE PUBLICAÇÃO............................................................. 118
Uma Publicação da
Escola de Enfermagem da UFMG • Escola de Enfermagem
Wenceslau Braz • Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas •
Escola Técnica de Saúde da UNIMONTES • Faculdade Federal de
Odontologia de Diamantina • Faculdade de Enfermagem e
Obstetrícia da Fundação de Ensino Superior de Passos •
Faculdade
de
Enfermagem
da UFJF • Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro • Fundação
de Ensino Superior do Vale do Sapucaí • Universidade Estadual de
Montes Claros
Editor Geral
Roseni Rosângela Sena
Diretor Executivo
EDITORIAL
Tânia Couto Machado Chianca
Conselho Editorial
ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG - 66 ANOS
A Escola de Enfermagem cumpriu 66 anos de vida, de trabalho, de grandes desafios e de muitas realizações. A oportunidade da comemoração é salutar para reconhecer o crescimento institucional e a próspera trajetória de seus docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos. O momento de festa e jubileu remete-nos ao futuro. As experiên-
Ana Adelaide Martins • Ana Lúcia Magela de Rezende • Andréa
Gazzinelli Corrêa de Oliveira • Celina Camilo de Oliveira • Daclé
Vilma Carvalho • Darcília Maria Nagen da Costa • Edna Maria de
Rezende • Elizabeth Mendes das Graças • Emília Campos de
Carvalho • Emiko Yoshicawa Egry • Estelina Souto do Nascimento
• Francisco Carlos Félix Lana • Geralda Fortina dos Santos •
Jorge Gustavo Velasquez Melendez • Lélia Maria Madeira •
Maguida Costa Stefanelli • Marga Simon Coller • Maria Cristina de
Moura Ferreira • Maria Marly Simões • Maria Solange Guarino
Tavares • Marília Alves • Marisa Ribeiro Bastos Peixoto • Matilde
Meire Miranda Cadete • Roseni Rosângela de Sena • Tânia
Couto Machado Chianca • Valda da Penha Caldeira
cias acumuladas no ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e na
extensão, permitem à Escola um planejamento a longo prazo com um enfoque estratégico que lhe propicia avançar como uma Instituição de “excelência e relevância” social.
Ao cumprir 66 anos faz-se mister agradecer aos parceiros internos e externos, à Universidade, às Secretarias Estadual e Municipal de
Saúde e às organizações internacionais com as quais temos estabelecido
alianças para realizar um trabalho eficiente.
Conselho Administrativo
Helena Hemiko Iwamoto • Maísa Tavares Leite • Maria Aparecida
Vieira • Irmã Lucyla Junqueira Carneiro • Maria Lúcia Cardoso
Santos • Zélia Marilda Rodrigues Resck • Marly Salvador • Rosa
Maria Nascimento Moreira • Roseni Rosângela de Sena • Cássia
Luperni • Maria Girlene Martins
Normalização Bibliográfica
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Para o futuro pensamos fortalecer o nosso trabalho na Rede de
Escolas de Enfermagem de Minas Gerais, estender nossos programas de
ensino, os projetos de pesquisa e todas as nossas atividades de extensão.
Esperamos continuar contando com o valioso capital humano dos docentes, dos servidores técnico-administrativos, dos estudantes e de nossos
colaboradores.
Precisamos do apoio da administração da Universidade, da Direção do Hospital das Clínicas e da inestimável presença dos nossos
egressos para transformar os nossos sonhos e utopias em realidade.
No momento temos como um dos nossos desafios assumir a
estratégia de Saúde da Família, como uma possibilidade para a mudança
Secretaria Geral
Monica Patrícia Pinto Botelho
Escola de Enfermagem da Universidade Federal
de Minas Gerais
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do modelo assistencial. Nessa perspectiva, devemos responder a demanda quantitativa e qualitativa dos profissionais de Enfermagem capazes de
implantar, executar e avaliar os programas de Saúde da Família.
Como Escola participante do Pólo Saúde da Família da UFMG,
pretendemos contribuir crítica e ativamente para as mudanças nos currículos dos cursos de Enfermagem, curso de especialização e nos treinamentos dos profissionais já inseridos nas equipes.
A Escola conta com um número crescente de docentes engajados nas atividades do Pólo PSF/UFMG e em outros espaços vinculados
à Saúde da Família.
Vamos rapidamente buscar espaço para uma maior participa-
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Informação
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Periodicidade: semestral
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ção dos alunos, tendo como maior prioridade o estágio supervisionado
curricular, ora na região metropolitana de Belo Horizonte e no próximo ano
em municípios do interior de nosso estado.
Esperamos, assim, contribuir para a promoção e a integralidade de saúde da população.
ROSENI ROSÂNGELA DE SENA
Diretora da Escola de Enfermagem da UFMG
REME - Revista Mineira de Enfermagem
Belo Horizonte - Rev Min Enf
jul/dez 1998; 2(2):56-118
Artigos Originais
ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDO EM ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
INDUCED ABORTION AS THE OBJECT OF STUDY IN
HEALTH ANTHROPOLOGY
ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDIOS EN
ANTROPOLOGIA DE LA SALUD
MYRIAM SILVA MARQUES *
MARISA ANTONINI RIBEIRO BASTOS **
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de contribuir para a reflexão sobre o aborto provocado em adolescentes, sob o ponto de vista teórico-metodológico. Apresenta uma breve revisão bibliográfica bem como dados epidemiológicos. Aponta a adequação da etnografia como estratégia teórico-metodológica
para análise da temática.
Palavras-chaves: Aborto induzido; Adolescência; Antropologia Cultural
O
propósito deste texto é relatar um pouco dos estudos e
do psicológico em que chegam, a faixa etária mais jovem, entre ou-
reflexões que temos feito ao longo de nosso trabalho no
tras.
mestrado em Enfermagem, principalmente para a preparação da dissertação, cujo tema é o aborto provocado entre adolescentes.
O interesse por este estudo surgiu da prática quotidiana da alu-
Esta foi a primeira motivação, de cunho sanitário, para estudar
essa temática, por reconhecermos este como um problema de saúde pública que precisa ser mais bem compreendido.
na como enfermeira obstétrica em uma maternidade da região me-
Outra grande motivação foi a observação de como as pacientes
tropolitana de Belo Horizonte, mais precisamente na periferia de Be-
que provocavam o aborto eram tratadas pelos diversos profissionais.
Quem trabalha na área de obstetrícia, convive com uma certa
tim.
Neste serviço podemos perceber o grande número de casos
condescendência implícita com estes casos, no que diz respeito à
de curetagens pós-aborto realizadas, abrangendo cerca de 25%
questão legal. As pacientes não são encaminhadas para investiga-
dos atendimentos. No entanto essa não é uma estatística precisa,
uma vez que o cálculo desse dado é dificultado pela ilegalidade do
aborto no Brasil. O que podemos observar, na prática, é que o número de abortos provocados é alto. Esta observação baseia-se em
dados clínicos. O aborto espontâneo, dificilmente, está associado
com a presença de infecção, e é muito comum constatarmos abortos infectados nos serviços.
Nesta maternidade, como em outras do Brasil,(1) observamos
ser comum o uso de um comprimido à base do misoprostol, uma
ções, e evita-se até a anotação em prontuário de relatos comprometedores. No entanto, os comportamentos na relação com a paciente variam da piedade à punição. Aspectos sociais e culturais envolvidos no processo de assistência à saúde da mulher são, freqüentemente, desconsiderados nos serviços de saúde e, nestes casos,
que envolvem questões morais e legais complexas, isto se torna ainda mais evidente.
Assim, voltamos a atenção para as adolescentes que formam
um grande grupo de pacientes assistidas na maternidade e que têm
particularidades pela própria fase de seu desenvolvimento. A gravi-
prostraglandina de nome comercial Cytotec®, como indutor do
dez, nesta fase da vida, e suas conseqüências têm sido objeto de
aborto. Com freqüência, este é encontrado, ainda, no colo do útero
preocupação por parte de estudiosos, pesquisadores e dos formu-
das mulheres no momento do atendimento ou seu uso é relatado.
ladores de políticas de saúde. A prática do aborto, no entanto, tem
Podemos, ainda, observar certas semelhanças entre as pacientes que provocam o aborto como as histórias que contam, o esta-
* Enfermeira, Mestranda - Curso de Mestrado da Escola de Enfermagem
da UFMG
** Enfermeira, Professora Adjunta - Doutora da Escola de Enfermagem
da UFMG
57
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):57-61
sido relevada embora seja um problema com conseqüências para a
saúde física e mental dessas adolescentes.
Endereço para correspondência:
Marisa Antonini Ribeiro Bastos
Rua Patagônia 500/101 - Sion
30320-080 - Belo Horizonte - MG
E-mail: [email protected]
Myriam Silva Marques
Rua Coronel Fulgêncio 373/311
São Lucas
30240-340 - Belo Horizonte - MG
E-mail: [email protected].
ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDO EM ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
O aborto provocado é, sem dúvida, um grave problema de Saú-
nova economia emergente são revistas as políticas sociais a partir de
de Pública, principalmente, pela sua íntima relação com a morbi-mor-
uma visão de garantias à saúde da mulher trabalhadora e, na Rús-
talidade materna.
sia, o aborto é legalizado e oferecido pelo Estado, procedimento que
Estima-se que, no Brasil, o coeficiente de mortalidade materna
foi seguido por muitos países do Bloco.(6)
esteja em torno de 150-156 por 100.000 nascidos vivos, o que é
Nas décadas seguintes, o tema do aborto passa a ser assumi-
uma taxa alta se comparamos com países como, por exemplo, o
do de forma vigorosa pelo Movimento Feminista como um direito da
Canadá (4 por 100.000 n.v.) ou Cuba (12 por 100.000 n.v.). Em
mulher nos países desenvolvidos e será o principal protagonista das
pesquisa específica sobre saúde reprodutiva realizada em 1982, da-
mudanças legislativas a partir da década de 60.
dos do IBGE apontam que este número dobra na faixa etária de 10
a 14 anos.(2)
Segundo Barsted,(9) a problematização do aborto como um fato
social, no Brasil, teve início apenas na década de 70, com a realiza-
Na maioria dos estudos de mortalidade materna o aborto é
ção de alguns estudos na área acadêmica, principalmente da área
apontado como a quarta causa de morte materna, responsável por
de Saúde Pública. Através desses estudos, começou-se a se reve-
cerca de 11% do total,(3) mas estima-se que existe um alto número
lar a alta incidência desta prática, sua relação com a pobreza e a fal-
de sub-registros dos casos.
ta de serviços de planejamento familiar. A partir do final dessa déca-
Os estudos de mortalidade geral em adolescentes apresentam
da, o movimento feminista brasileiro começou a colocar esta ques-
as complicações de parto, puerpério e gravidez como uma das cin-
tão como ponto chave de debates e reivindicações até os dias de
co principais causas de morte entre mulheres de 15 a 24 anos, uma
hoje.
característica muito diferente da que se observa em outras faixas etárias.(4)
Na década de 90, ocorreu um aumento da oferta dos meios de
planejamento familiar no Brasil, sem contudo, haver ainda um servi-
Um estudo investigativo dos aspectos psicossociais envolvidos
ço amplamente disseminado no país. Outra novidade dessa década
com a prática do aborto apontou a existência de condições psicoló-
é a criação de serviços públicos de aborto para os casos previstos
gicas importantes, como transtornos mentais, estresse, sentimentos
em lei, em algumas cidades.
de culpa, fazendo as mulheres sofrerem física e emocionalmente.(5)
A realidade, na maioria dos países do terceiro mundo como o
Brasil, onde o aborto é permitido apenas em situações de risco de
Aborto: uma história antiga - resumo da historiografia
vida da mãe e estupro, é muito diversa da dos países desenvolvidos
encontrada
capitalistas e socialistas, Nestes países calcula-se que são realizados
cerca de 50% dos abortos praticados no mundo.(6)
Acredita-se que a prática do aborto seja muito antiga e conhe-
Atualmente tem crescido o número de legislações mais liberais
cida de todas as culturas. Segundo Portella,(6) alguns relatos históri-
em relação ao aborto e os recentes documentos mundiais aprova-
cos mostram que ela está presente nas sociedades desde a antigüi-
dos nas Conferências da ONU sobre a População - Cairo 94 e so-
dade, utilizada como forma de contracepção e mantida como práti-
bre a Mulher - Beijing 95,(10) não recomendaram para os países
ca privada até o século XIX, com o início da industrialização na Euro-
membros a legalização do aborto, porém pela primeira vez este é re-
pa. Antes disso, a vida privada era regida pelos códigos orais e pe-
conhecido como um problema grave de saúde pública no nível mun-
los costumes, sendo que as posições correntes sobre a concep-
dial e todos os países se comprometeram a acabar com legislações
ção, como a de que o princípio vital estava no espermatozóide, cria-
punitivas às mulheres que o praticam.
vam condições para que as práticas abortivas não fossem condenáveis.
Possíveis caminhos para uma pesquisa sobre aborto
Segundo Hurst,(7) mesmo no seio da Igreja Católica, que passa-
provocado
ra a condenar as práticas contraceptivas e o aborto, vivia-se uma
época de tolerância, influenciada, principalmente, pelas idéias de
Santo Thomaz de Aquino, tomadas como dogmas a partir do século XIV. Estas idéias eram baseadas em conhecimentos biológicos da
época e, segundo ele, só haveria alma quando o feto tomasse a for-
O breve levantamento da literatura bem como nossa experiência
profissional e política na área de saúde da mulher fazem-nos constatar que poucos temas provocam debates tão apaixonados como o
aborto. Dificilmente encontram-se opiniões, seja em forma de pes-
ma humana e se movimentasse.
As primeiras descobertas da Embriologia contribuem para derrubar as antigas crenças e para o avanço da ciência médica no início
quisas, artigos ou na mídia, que não coloquem o autor em um posicionamento “a favor" ou "contra". O tema do aborto aparece como um
do século XIX. A prática do aborto passa a ser avaliada como peri-
grande tema universal, pela sua relação com a reprodução. A princí-
gosa para a mulher e estes são os primeiros passos para sua regu-
pio, pode ser visto como um processo que acontece no corpo das
lação social. Assim, até o fim do século, vários países europeus e os
mulheres, mas suas implicações transcendem crenças e instituições
EUA adotam legislações punitivas. Na virada do século, essas legis-
muito mais amplas.
lações se estendem para as colônias
européias.(8)
Embora encarado como um problema de saúde pública, um
Este quadro restritivo mantém-se até o fim da Segunda Guerra
problema político no campo dos direitos reprodutivos, um problema
Mundial, quando se dá a formação do Bloco Socialista Europeu. Na
da ética moral das pessoas e instituições, estas implicações devem
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ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDO EM ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
ser consideradas como pano de fundo, um background a ser reco-
sividade e passividade seriam atributos de ambos os sexos variando
nhecido. No entanto, tais aspectos não devem direcionar toda pes-
sob condições culturais e sociais específicas.
quisa referente a essa temática. Devemos partir da reflexão de que
Para a mesma autora, houve e ainda há um período de crítica a
esta é uma das práticas das mulheres ao lidar com sua vida repro-
estes modelos porque elas colocariam a subjetividade e identidade
dutiva. Assim, praticar um aborto é um dos acontecimentos a que
femininas como algo já estruturado culturalmente sem possibilidade
uma mulher está sujeita em sua vida reprodutiva assim como, prati-
de uma redefinição, levando ao mesmo problema do reducionismo
car anticoncepção, engravidar e viver a gestação, ter partos, ter
anterior, principalmente nos trabalhos estruturalistas e pós-estrutura-
doenças sexualmente transmissíveis. Cada um destes acontecimen-
listas.
tos envolve valores, crenças, mitos e estratégias compartilhadas pelas participantes que vivenciam esta experiência.
São várias as indagações possíveis decorrentes desta percepção: existe uma cultura do aborto entre as mulheres? A prática do
Essa autora propõe alternativas para pensar a identidade feminina como experiência dinâmica. Esta experiência não é só determinada por relações de poder, mas, também, por uma relação contínua
de experiências de interação com o quotidiano.
aborto se insere como um viés da cultura sexual e reprodutiva mais
Essa perspectiva torna possível pensarmos a estruturação da
ampla? Como esta prática se insere numa cultura mais ampla que é
identidade feminina num contexto cultural de mudanças aceleradas
a cultura adolescente? As respostas a estas questões levam a uma
e que tem trazido impactos na vida sexual e reprodutiva das mulhe-
reflexão sobre os conceitos de cultura, culturas, subculturas que só
res. A gravidez na adolescência e a opção por fazer um aborto po-
podem ser compreendidas numa descrição do que compartilham
deriam constituir-se em uma experiência desnormalizadora no per-
pessoas que vivenciam a mesma situação social.
curso da construção da identidade, uma vez que alteram essa iden-
Um caminho teórico, presente em estudos sobre a gravidez na
tidade numa idade precoce. O conjunto de práticas, hábitos, valo-
adolescência, é o da construção da identidade feminina, consideran-
res, sentimentos envolvidos na vivência do aborto poderiam entrar in-
do que as mulheres adolescentes estão num processo de transição
teragindo com modelos sociais, modelos de identidade feminina por
na construção desta identidade.
ser uma vivência complexa, parte de uma cultura que precisa ser co-
Para Desser,(11) a fase da adolescência seria uma fase tolerada
nhecida.
como de menor responsabilidade com a família, o trabalho e maior li-
É importante lembrar que todas estas relações de identidade/sexua-
berdade como a experimentação de mais autonomia em relação aos
lidade são expressadas na linguagem, são portanto simbólicas e par-
pais. Como entraria uma vivência como a do aborto nesta fase?
ticulares de cada contexto cultural.
Ainda segundo Desser,(11) no caso da sexualidade e da saúde
reprodutiva verificam-se alterações de valores e concepções como
Etnografia: estratégia teórico-metodológica para o
virgindade, casamento, amor, papéis sexuais, padrões de fecundi-
estudo do aborto provocado
dade, entre outras que têm impacto importante na vida das mulheres e nas relações de gênero. São situações que levam ao questio-
A partir das reflexões anteriores, optamos por realizar uma pes-
namento: como tantas mudanças podem alterar a identidade femini-
quisa que buscasse uma descrição, a mais próxima possível, do uni-
na? Isto vale para todos os grupos culturais pesquisados?
verso dos sujeitos desta cultura através da análise etnográfica.
O conceito tradicional de "natureza feminina", de cunho biológi-
Assim, propomos uma pesquisa qualitativa, de cunho etnográfi-
co, define a mulher totalmente determinada por sua anátomo-fisiolo-
co, visto que é um método adequado para a tradução de significa-
gia. Esta visão reserva à mulher a passividade e ao homem a agres-
dos particulares compartilhados pelas adolescentes dentro de seu
sividade.
contexto cultural.
em seu conhecido "Segundo Sexo"
Na escolha de um método de pesquisa, concordamos com Ro-
descreve a subjetividade feminina como uma construção cultural
drigues(13) quando afirma que, "não há como dissociar a sua dimen-
montada em diferenças anatômicas que seriam discretas ou que se
são social e política de sua dimensão técnica". Assim, a visão de
tornaram discretas com a evolução humana. Sempre é reconhecido
mundo do pesquisador, suas concepções sobre a realidade e a na-
Simone de
Beauvoir,(12)
este mérito de Beauvoir, mas a crítica da sua obra está em sua desvalorização da reprodução como algo incoerente com a possibilidade de criação e de valor, como se a solução para a igualdade entre
os gêneros estivesse na eliminação desta especificidade.
Para Desser(11) a teoria feminista que veio depois tenta levar este
desafio de pensar o conteúdo cultural da identidade feminina sem
suprimir a subjetividade. Os estudos feministas, principalmente nas
ciências sociais e culturais, fazem um esforço teórico para valorizar as
tureza humana, estão intimamente articuladas à escolha da metodologia adequada para descrevê-la e compreendê-la.(14)
Reportando-nos à natureza do objeto estudado e ao objetivo
desta pesquisa, consideramos pertinente a opção por uma abordagem qualitativa tendo em vista que: o contexto da cena cultural será
considerado parte da pesquisa,(15-17) e não serão delimitadas hipóteses a priori.(18)
Por outro lado, adotamos alguns critérios preconizados por Rodrigues,(13) tais como:
características femininas numa leitura de mulheres, já que, até então,
1º - "O estudo de campo é um lugar de aprendizagem con-
estas foram distorcidas por uma visão masculina. Nesta fase, agres-
tínua. (...)
59
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):57-61
ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDO EM ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
2º - O pesquisador deve estar sempre próximo às intera-
gia teórico-metodológica para descobrir os símbolos de uma cultura
ções de que emerge o simbólico...
e compreender suas relações dentro de um complexo sistema de
3º - A abordagem e a análise dos dados devem ser intera-
significados.
gentes, isto é, o pesquisador não parte para o campo com
idéias pré-concebidas, ou com uma série de hipóteses já
Summary
estabelecidas; ao contrário, o acúmulo de conhecimento
surge a partir das interações....
The objective of this study is to contribute for a theoretical
4º - É importante focalizar a atenção nas formas de expres-
and methodological reflection about induced abortion in ado-
são e na linguagem, porque é através delas que se tem
lescents. The author presents a bibliographic review as well
acesso ao universo simbólico."(13:111)
as the epidemiological data. It shows the adequacy as well as
Definindo cultura como o conhecimento que as pessoas apren-
a theoretical and methodological strategy for analysis.
deram enquanto membros de um grupo, Spradley(19) aponta a relação desse conceito com a teoria do interacionismo simbólico, "a teo-
Key-words: Induced abortion, Adolescence, Cultural Anthro-
ria que busca explicar o comportamento humano em termos de sig-
pology
nificados".
Para Blumer(20) o interacionismo simbólico possui três premissas
Resumen
básicas:
1- os seres humanos agem com base no significado que as coisas têm para eles, incluindo objetos físicos, seres humanos, instituições, atividades, situações do cotidiano, entre outros;
2- o significado das coisas é derivado das interações sociais, ou
seja, o significado das coisas é um produto social;
3- os significados das coisas são tratados e modificados através
de um processo interpretativo nas interações dos seres humanos com eles próprios e com os outros.
O interacionismo simbólico, na ótica de Blumer(20) está fundamentado em algumas concepções básicas referentes a grupos humanos ou sociedades, interação social, objetos, seres humanos enquanto atores e ação humana. Segundo o autor, essas concepções
El articulo tiene el propósito de contribuir para la reflexión
sobre el aborto provocado en adolescentes, bajo una visión
teórico-metodológica. Presenta una revesión bibliografica y
datos epidemiologicos sobre el tema. Apunta la propriedad
de la etnografia como estrategia teórico-metodologica para
analise del tema.
Unitermos: Aborto Inducido; Adolescencia; Antroplogia
Cultural
Referências Bibliográficas
básicas representam a perspectiva do interacionismo simbólico relativa à sociedade e à conduta humana.
Para Germain(21) o objetivo da etnografia é descobrir o conhecimento cultural que as pessoas usam para organizar seus conhecimentos e interpretar suas experiências.
Da mesma forma Mackenzie(22) afirma que o etnógrafo busca
compreender os significados que as pessoas dão às várias situações de interação.
Assim, o objetivo da etnografia é descrever os modos de vida,
os comportamentos manifestos e explícitos e os valores de um grupo social a partir de um cenário natural.
Assim, optamos por realizar um estudo etnográfico através de
1 - Barbosa RM, Arilha M. A experiência brasileira com o Cytotec. São Paulo, 1993. (Mimeogr.)
2 - Costa AM. Direitos reprodutivos, riscos e encruzilhadas. Brasília, 1993.
(Mimeogr.)
3 - Tanaka AC. Situação da mortalidade materna no Brasil. In: Anais do Simpósio Brasileiro sobre Prevenção da Mortalidade Materna com ênfase da
gravidez adolescência. São Paulo: USP; 1992. (Cadernos da Faculdade
de Saúde Pública da USP).
4 - Chipkevitch E. Puberdade e adolescência: aspectos biológicos, clínicos e
psicossociais. In: Tratado da adolescência. São Paulo: Roca, 1994: 50025.
trabalho de campo, uma vez que é adequado para compreender a
5 - Barchifontaine CP. Considerações psicossociais sobre o aborto provoca-
complexidade dos fenômenos culturais, sob a perspectiva das ado-
do. (Dissertação de mestrado) São Paulo: Faculdade São Camilo de Ad-
lescente que vivenciam essa experiência.
Buscaremos compreender o universo simbólico compartilhado
pelas meninas que vivenciam a experiência de provocar o aborto,
através de uma estratégia metodológica adequada para descrever
cultura.
Na ótica de Spradley,(23) a etnografia é o trabalho de descrição
de uma cultura a partir da visão de mundo do nativo dessa cultura.
Assim, a etnografia busca a compreensão do significado de ações e
eventos para os participantes, significados esses expressos através
ministração Hospitalar; 1989.
6 - Portella A P. Aborto: uma abordagem da conjuntura nacional e internacional. São Paulo, 1991. (Mimeograf.)
7 - Hurst J. A história das idéias sobre o aborto na Igreja católica. Montividéu:
Católicas pelo Direito a Decidir; 1992.
8 - Del Priore MLM. A árvore e o fruto - um breve ensaio histórico sobre o
aborto. Rev Bioética Cons Fed Med, Brasília, 1994; 2 (1): 21-6
9 - Barsted LL. Legalização e discriminalização do aborto no Brasil- 10 anos
de luta feminista. Rev Est Femin UFRJ, Rio de Janeiro, 1992;
da linguagem ou indiretamente através de ações, constituindo-se
10 - ONU. Plataforma de Beijing 95. Um instrumento de ação para as mulhe-
num sistema de significados complexos. Esse sistema de significa-
res. Santiago do Chile: Coordenação Sub-Regional Cone Sul de ONGs
dos constitui a cultura. O autor situa a etnografia como uma estraté-
para mulheres; 1996.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):57-61
60
ABORTO PROVOCADO COMO OBJETO DE ESTUDO EM ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
11- Desser NA. Adolescência, sexualidade e culpa. Brasília: Ed. Rosa dos
Tempos, EdUNB; 1993.
12 - Beauvoir S. O Segundo sexo. São Paulo: DIFEL; 1962.
13 - Rodrigues SB. O chefinho, o telefone e "O BODE": autoritarismo e mudança cultural no setor de telecomunicações. (Tese, Titular). Belo Horizonte: Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas
Gerais; 1991.
14 - Peixoto MRB. A prioridade, o isolamento e as emoções: estudo etnográfico do processo de socialização em um centro de tratamento intensivo.
(Tese Doutorado) São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de
São Paulo; 1996.
15 - Field PA, Morse JM. Nursing research: the application of qualitative approaches. London: Croom Helm; 1985.
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17 - Triviños ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 1987.
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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
COLON PULL-THROUGH OPERATION FOR CHAGAS’ DISEASE:
NURSING POSTOPERATIVE CARE
ASITENCIA DEL ENFERMERÍA POSTOPERATÓRIA AL PACIENTE SOMETIDO
AL CIRURGÍA PARA TRATAMIENTO DEL MEGACOLÓN LLAGASICO
RACHEL NORONHA *
MARCELLE REGINA SILVA **
J. RICARDO N. GOES ***
RESUMO
A doença de Chagas, afecção endêmica comum no Brasil, pode deixar seqüelas em diversos órgãos do indivíduo por ela acometido, a exemplo do
intestino grosso (cólon), cuja doença denomina-se megacólon chagásico. Muito freqüentemente o cólon sigmóide é o mais acometido. O megacólon
chagásico caracteriza-se por estase fecal crônica, com dilatação cólica, podendo evoluir para formação de fecaloma e outras complicações. A doença
é progressiva e o tratamento clínico nem sempre tem sucesso, o que culmina em tratamento cirúrgico, cujas técnicas empregadas podem levar a um
pós-operatório difícil para o paciente. Assim, o presente trabalho procurou oferecer subsídios à equipe de enfermagem que cuida desses pacientes,
na intenção de contribuir para uma assistência sistematizada e de bom nível, através da identificação dos cuidados de enfermagem mais freqüentes,
que foram prescritos aos pacientes submetidos a tratamentos cirúrgicos para o tratamento do megacólon chagásico. Foram pesquisadas as prescrições de enfermagem pós-operatórias nos prontuários desses pacientes, nas quais pôde ser observado que os cuidados higiênicos e de observação de sinais e sintomas são predominantes. Com base nos dados encontrados, os autores sugerem prescrições de enfermagem gerais e específicas para a assistência a pacientes em pós operatório de cirurgia para o megacólon chagásico.
Palavras-chaves: Enfermagem em Pós-Anestésico; Cuidados Pós-Oeratórios; Megacólon/cirurgia; Doença de Chagas
O
megacólon consiste numa doença do intestino grosso,
incoordenação motora sigmoidorretal e alterações do mecanismo de
caracterizada por estase fecal crônica, com dilatação,
abertura e fechamento dos esfincteres.(2)
alongamento e hipertrofia das camadas musculares, sem que exista
O sintoma predominante do megacólon chagásico é a constipa-
obstáculo mecânico responsável por obstrução, atingindo mais fre-
ção crônica e progressiva. Além disso, podem aparecer aumento do
qüentemente o cólon sigmóide.(1,2) Classifica-se em megacólon con-
volume do abdome e complicações, como obstrução intestinal, cau-
gênito (doença de Hirschsprung) e adquirido, o qual integra o tema
sada por fecaloma e volvo sigmóide (torção de alça).(1,2)
do presente trabalho.
O megacólon chagásico é uma doença evitável. Após sua ins-
O megacólon adquirido é principalmente de origem chagásica,
talação, os pacientes são sempre tratados, numa primeira fase, cli-
sendo a manifestação cólica da afecção sistêmica da doença de
nicamente. Entretanto, se o paciente apresentar, em sua evolução,
Chagas. Trata-se de doença endêmica comum no Brasil, que acom-
fecalomas, volvo do sigmóide ou constipação de controle clínico
panha a distribuição geográfica da doença de Chagas. Atinge mais
quase impossível, o tratamento será, obrigatoriamente, cirúrgico. Me-
o trabalhador rural, do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 40
lhor seria se medidas de prevenção fossem adotadas, de tal forma
anos.(1)
que a doença não se instalasse no indivíduo. Ocorre, contudo, que,
Normalmente, a progressão do bolo fecal no cólon ocorre atra-
na realidade brasileira, muitas são as pessoas acometidas por essa
vés de ondas peristálticas, que, ao chegarem ao reto, provocam re-
doença e que necessitam da intervenção cirúrgica para voltarem a
laxamento do aparelho esfincteriano. No paciente acometido por me-
ter trânsito intestinal próximo à normalidade.
gacólon chagásico, devido à destruição, em graus variáveis, dos plexos nervosos mioentéricos (maior acometimento no reto), ocorrem
* Professor Assistente Doutor do Curso de Enfermagem da Faculdade de
Ciências Médicas - FCM, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
** Aluna do terceiro ano do Curso de Enfermagem da FCM/
UNICAMP.
Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados, podem ser agrupados em cinco, com descrição sucinta, a seguir.
*** Professor Assistente Doutor do Curso de Medicina da FCM/
UNICAMP
Endereço para correspondência:
Denf/FCM - Caixa Postal: 6111
13081-970 - Campinas - SP
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):62-67
62
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
A cirurgia de Duhamel Clássico, resulta no abaixamento retrorretal transanal do cólon, procedimento este modificado por Haddad et
Identificar os cuidados de enfermagem prescritos aos pacientes
al.(3) (técnica de Duhamel-Haddad), pelo qual é acrescentada a ex-
em período pós-operatório de cirurgia para o tratamento do mega-
teriorização do cólon, sob forma de colostomia perineal.(3) A anasto-
cólon chagásico.
mose se dá por segunda intenção, de forma retardada. A cirurgia é
realizada em duas etapas: o paciente permanece com o coto cólico
Contribuir para a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem pós-operatória em cirurgias para o tratamento do megacólon chagásico.
por aproximadamente 15 dias, quando ocorre o segundo tempo cirúrgico, com ressecção do coto.(1,2) Recentemente, na reconstru-
Sujeitos e Métodos
ção do trânsito colorretal, pela técnica de Duhamel, tem sido utilizado o grampeador mecânico, que tem possibilitado a realização de
Inicialmente foi feito um levantamento do registro de todos os pa-
anastomose colorretal primária, como originariamente proposta, sem
cientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon, jun-
a necessidade de exteriorização de alça ou colostomia de proteção.
to ao Setor de Informática do hospital, onde consta arquivo informa-
Da mesma forma, a técnica de Duhamel tem sido realizada através
tizado de prontuários de pacientes, desde outubro de 1993. Foram
da videolaparoscopia e os resultados têm também sido bastante sa-
fornecidos 36 registros (outubro de 1993 a junho de 1996). Desses
registros, sete prontuários não se encontravam arquivados, dois
tisfatórios.(4)
Além desses procedimentos, são utilizados também a hemicolectomia esquerda, com anastomose colorretal baixa e a retossig-
aguardavam cirurgia, cinco possuíam diagnóstico médico de megacólon congênito, dois tinham sido submetidos a fístula cutâneo-mucosa (procedimento sem internação ou com internação curta), um
moidectomia, com anastomose colorretal baixa (Operação de Di-
apresentou complicações cardíacas (sem condição anestésica) e 19
xon),(1,5) mas a ocorrência de recidiva do megacólon tem sido con-
eram portadores de megacólon chagásico, os quais foram submeti-
siderada mais precoce após essas técnicas.
dos a procedimentos cirúrgicos. Assim sendo, foram pesquisados,
O entendimento do procedimento cirúrgico, ao qual o paciente
no presente trabalho, 19 prontuários, nos quais buscaram-se: diag-
foi submetido, torna-se fator importante, na medida em que a enfer-
nóstico médico, idade, sexo, naturalidade, procedência, tipo e cirur-
magem vai, cada vez mais, procurando pautar a assistência que ofe-
gia às quais o paciente foi submetido e as prescrições de enferma-
rece à clientela nos conhecimentos científicos, o que lhe permite,
orientar adequadamente os componentes de sua equipe, o paciente e seus familiares ou cuidadores.
As prescrições de enfermagem têm três momentos distintos: os
períodos pré, trans e pós-operatórios, sendo este último o objeto do
presente trabalho.
gem, no período pós-operatório.
Foram consideradas, no máximo, cinco prescrições por paciente em cada internação (primeiros dias de pós-operatório), sendo que
apenas um paciente ficou internado por oito dias; os demais permaneceram no hospital cinco, seis ou sete dias.
Desta forma, foram pesquisados 19 prontuários e 93 prescrições de enfermagem.
Dos procedimentos cirúrgicos citados, vale destacar que a téc-
Os dados foram coletados em duas semanas de julho de 1996,
nica de Duhamel-Haddad, pela qual o paciente permanece com
através de consulta manual aos prontuários dos pacientes, utilizan-
uma colostomia (coto) perineal até a realização da segunda etapa,
do-se um instrumento semi-estruturado (Anexo 1), com duas partes:
requer uma assistência de enfermagem específica, atenta e direcio-
na primeira, constam as informações sobre sexo, idade, naturalida-
nada aos problemas físicos e psicológicos que o paciente pode
apresentar, devido à presença do coto cólico, ainda é utilizada em alguns casos, em nosso serviço.
Portanto, a busca em contribuir para a assistência de enferma-
de, procedência, diagnóstico médico, cirurgia(s), dias de pós-operatório e espaço para anotações de intercorrências; a segunda parte
busca identificar as prescrições de enfermagem, através de prescrições básicas, como fazer, incentivar, ajudar, etc, com espaço para
inclusão de novos itens.
gem e o bem-estar e segurança dos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico, por si só já está re-
Resultados e Discussão
vestida de importância. Acrescenta-se, então, o fato de haver escassez (ou inexistência) de publicações em enfermagem, uma vez que
Dos 19 pacientes estudados, 10 são mulheres e nove homens,
pesquisando-se recursos como Medline e Lilacs e, manualmente,
com idade predominante entre 45 e 60 anos, conforme pode ser
os arquivos de dissertações, teses e periódicos da biblioteca da Escola de Enfermagem da USP, a qual engloba grande parte da produção científica brasileira em enfermagem, nenhum trabalho, artigo
ou publicação referente a essa temática foi encontrado.
Objetivos
63
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):62-67
observado na Figura 1, 2 e Tabela 1.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
Tabela 2 - Distribuição numérica, quanto à procedência, dos
pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon
chagásico, Campinas-SP, 1996.
Homens
Estado
9
Nº
Mulheres
10
Figura 1 - Distribuição numérica, quanto ao sexo, dos pacientes submetidos
a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico, Campinas-SP, 1996.
São Os
Paulo
15 compadados referentes a naturalidade e procedência são
Bahia
tíveis com a distribuição geográfica da doença de Chagas,1com preParaná
1 Minas
dominância
no Brasil, segundo Cutait e Cutait(6) em Goiás,
Outros
2
Gerais e São Paulo.
Total
19
Dos 19 pacientes estudados no presente trabalho, 17 foram
submetidos ao procedimento cirúrgico de Duhamel-Haddad (abaixamento abdomino retrorretal transanal do cólon, com colostomia perineal - coto cólico), um à retossigmoidectomia anterior colorretal e ou-
4.0
Homens
Mulheres
tro foi operado pela técnica de Duhamel, com o uso do grampeador
mecânico (sem coto), conforme distribuição na Figura 3.
3.0
2.0
1.0
0.0
30-35 36-40 41-45 46-50 51-55 56-60 61-65 66-70
Figura 2 - Distribuição numérica, por sexo, quanto à idade, dos pacientes
submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico, Campinas SP, 1996.
1
1
Duhamel-Haddad
Tabela 1 - Distribuição numérica quanto à naturalidade, dos
pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon
chagásico, Campinas-SP, 1996.
Estado
Nº
Pode ser observado, portanto, que a técnica de Duhamel-Had17
Retossigmoidectomia ant. baixa
dad (com coto cólico) foi a mais adotada nesta série, neste serviço.
Duhamel c/ grampeador
Porém, mais recentemente, a opção tem sido pelo procedimento
proposto por Duhamel, com utilização do grampeador mecânico. O
paciente submetido ao procedimento de Duhamel com grampeador,
São Paulo
9
Minas Gerais
3
Paraná
3
Os dados referentes ao sexo dos pacientes portadores de meBahia
2
gacólon chagásico, submetidos a cirurgia, são praticamente os mesPernambuco
1
mos encontrados por Cutait e Cutait(6) e Fagundes et al.,(1) já que,
Alagoas
1
neste estudo, a distribuição encontrada entre homens e mulheres
Total
19
apresenta diferença insignificante. Com relação à idade, parece que
os achados também coincidem, pois, apesar da faixa predominante
nessa pesquisa estar acima dos 40 anos, esses pacientes apresentaram os sintomas anteriormente, com provável tratamento clínico e
tentativas de adiamento do procedimento cirúrgico, tendo sido operados, na maioria, apenas após os 46 anos de idade.
Com relação a naturalidade e procedência dos pacientes estudados, observa-se que a maioria nasceu(9) e mora(15) no estado de São
Paulo, conforme pode ser observado nas Tabelas 2 e 3.
Figura 3 - Distribuição numérica, quanto ao tipo de procedimento cirúrgico,
nesta
série, apresentou complicações pós operatórias, tendo sido
dos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico, Campinas-SP,
1996.
submetido,
a laparotomia
exploradora, por abdome agudo obstruti-
vo, na qual foi feita ressutura de parede, por deiscência parcial da
anastomose colorretal, sendo que, um mês depois, foi submetido a
cecostomia.
A assistência de enfermagem prestada aos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico foi abrangente e preocupou-se principalmente com higiene, sinais e sintomas
e cuidados específicos aos problemas dos pacientes, decorrentes do
procedimento cirúrgico. Assistência psicológica não foi prescrita e incentivo ao autocuidado foi observado em 17 (18,3%) das prescrições
de enfermagem. A totalidade dos cuidados prescritos pode ser observada na Tabela 3.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):62-67
64
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
Tabela 3 - Distribuição numérica e percentual dos cuidados de
enfermagem prescritos aos pacientes submetidos a cirurgia para o
tratamento do megacólon chagásico, Campinas-SP, 1996.
blemas relacionados diretamente à doença e à cirurgia. Os demais
cuidados prescritos, direcionados a cada paciente e sua situação ou
sua doença, podem ser entendidos como específicos e compatíveis
com o estilo de cada enfermeiro, em propor cuidados. No entanto,
Cuidado prescrito
Freqüência Porcentagem
1. Fazer/ orientar/ incentivar/ ajudar/ estimular:
precisa ser salientado que, dos 19 pacientes desse estudo, apenas
um deles não tinha coto cólico. Desta forma, outros cuidados espe-
19,3%
• banho no leito
18
• banho de aspersão
75
80,6%
• higiene oral
93
100,0%
dos higiênicos com o coto (8,6%), colocação de gaze vaselinada no
• procedimentos a serem realizados
1
1,1%
coto cólico (17,2%) e autocuidado (18,3%). Além disso, cuidados
• saída do leito
16
17,2%
• deambulação
51
54,8%
cíficos foram pouco prescritos para esses pacientes, como: cuida-
como orientações, explicações, incentivo ao tratamento e apoio psi-
• banho de assento com água morna
6
6,4%
cológico não foram mencionados. Pacientes submetidos a cirurgia
• curativos
93
100,0%
de Duhamel-Haddad apresentam incontinência fecal e têm dificulda-
• colocação de gaze vaselinada no coto anal
16
17,2%
• higiene do coto
8
8,6%
• movimentação no leito
6
6,4%
é preciso que o enfermeiro tenha conhecimento sobre o procedi-
• autocuidado
17
18,3%
mento e oriente sua equipe, os pacientes e os familiares ou cuida-
• ingesta alimentar
13
13,9%
• higiene íntima
4
4,3%
• Sinais vitais
93
100,0%
• Diurese
93
100,0%
• drenagem da Foley abdominal
32
34,4%
• ruídos hidroaéreos
5
5,3%
tual, com destaque para o autocuidado, a participação no tratamen-
• débito da ostomia
11
11,8%
to e a comunicação de sinais e sintomas que possa apresentar no
• débito da Sonda Nasogástrica – SNG
4
4,3%
• aspecto do coto
12
12,9%
• coloração das mucosas
10
10,7%
• jejum
30
32,2%
• padrão respiratório
8
8,6%
de em compreender, aceitar e lidar com o coto cólico. Dessa forma,
dores. A equipe precisa receber informações técnicas sobre o procedimento cirúrgico e como assistir o paciente, de tal forma que seja
2. Verificar e anotar:
criado um ambiente de autocuidado e de perspectivas positivas. O
paciente deve receber orientações compatíveis com seu nível intelec-
período pós-operatório.
Com base nas prescrições de enfermagem levantadas nos
3. Observar e anotar:
prontuários dos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento
do megacólon chagásico, podemos enfatizar e acrescentar, como
• hidratação
8
8,6%
contribuição à assistência a esses pacientes, os seguintes cuidados
• distensão abdominal
83
89,2%
relacionados à doença e ao período pós-operatório, os quais devem
• algias abdominais
4
4,3%
• algias
80
86,0%
• aceitação da dieta
20
21,5%
• edemas
12
12,9%
• náusea/ vômito
78
83,8%
• sangramentos
8
8,6%
• tosse e expectoração
2
2,1%
• funcionamento da ostomia/ coto
23
24,7%
• aceitação alimentar;
• evacuação
86
92,4%
• náusea/vômito;
constar de prescrições de enfermagem a esses pacientes.
A - Cuidados gerais para pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgias do cólon:
1. Avaliar o funcionamento do trato gastrointestinal, observando:
• flatus
7
7,5%
• nível de consciência
43
46,2%
• distensão abdominal;
• pupilas
2
2,1%
• eliminação de flatus;
• desconforto respiratório
1
1,1%
• perfusão periférica
8
8,6%
• queixas álgicas abdominais e perianais;
• arritmias
4
4,3%
• ruídos hidroaéreos;
• dispnéia
2
2,1%
• eliminações intestinais (freqüência, características, algias e san-
• palidez
1
1,1%
• deiscência
3
3,2%
gramentos).
2. Avaliar o funcionamento do sistema urinário, observando:
• presença de secreção
3
3,2%
• lipotímia
1
1,1%
• eliminação urinária: volume, características, freqüência e algias.
• aspecto da ostomia/ coto
85
8,6%
3. Incentivo ao autocuidado: mobilização no leito, deambulação, hi-
• circunferência abdominal em jejum
1
1,1%
• peso em jejum
50
53,7%
• SNG fechada
1
1,1%
• SNG aberta
1
1,1%
giene e proteção do coto cólico.
4. Manter:
11,8%
11
Dos cuidados de enfermagem prescritos,
foi identificada
a pre-
• irrigação e aspiração da Foley
• Oxigênio por máscara
8
8,6%
B- Cuidados pós-operatórios para pacientes submetidos a
cirurgia de Duhamel-Haddad:
• prescrever os cuidados gerais para pós-operatório de cirurgias
dominância
dos cuidados higiênicos, como banho
no leito5,3%
e de as5
• exercício vesical
do cólon;
persão
(juntoselevado
somam 100%), higiene oral (100%),
verificação
dos si10,7%
10
• decúbito
• estimular cuidados higiênicos com o coto cólico;
2
sonda(100%),
Foley embolsada
nais •vitais
diurese (100%) e eliminações
intestinais2,1%
(fezes e
• orientar manutenção do coto cólico com gaze ou compressa
5. Outros:
flatus),
que juntas somam 100%, bem como1 curativos (100%).
Es1,1%
• passar Sonda Vesical de Demora - SVD
vaselinada, fraldão, fralda descartável, absorvente, etc;
ses dados
evidenciam a preocupação dos enfermeiros
em8,6%
garantir a
8
• retirar SVD
• orientar realização de banho de assento com água morna;
2,1%
• retirar SNG
assistência
básica ao paciente, incluindo sua 2doença, sendo
que to-
• orientar sobre o uso de rodilha de material flexível, quando es-
• retirar Foley abdominal
1
1,1%
dos destacaram as eliminações intestinais e urinárias, que são pro-
65
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):62-67
tiver sentado;
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
• orientar quanto à aceitação e adaptação alimentar;
• orientar quanto à incontinência fecal e posterior controle dos
esfíncteres de defecação; e
• conversar, ouvir queixas e orientar quanto ao coto cólico, segunda etapa da cirurgia e perspectivas de melhora do quadro.
Considerações finais
A análise feita nos prontuários dos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico, no período de outubro de 1993 a junho de 1996, permitiu a formulação das seguintes considerações:
• a técnica de Duhamel-Haddad foi a mais adotada, como procedimento cirúrgico;
• a assistência de enfermagem prescrita aos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon chagásico foi
abrangente e privilegiou os cuidados higiênicos gerais, o controle de eliminações urinária e intestinal e os sinais e sintomas referentes ao pós-operatório, também de uma forma geral;
• os cuidados específicos ao procedimento cirúrgico, principalmente devido ao coto cólico, fizeram parte das prescrições de
enfermagem, porém de forma incipiente e incompleta;
• a consulta aos cuidados de enfermagem prescritos aos pacientes submetidos a cirurgia para o tratamento do megacólon
chagásico, permitiu a elaboração de sugestão de cuidados específicos para esses pacientes, bem como poderá contribuir
para reflexões e estudos posteriores e para a assistência de enfermagem e o bem-estar desses pacientes e seus familiares ou
cuidadores.
Summary
Chagas’ disease is an endemic Brazilian disease and may cause
sequels to several human organs, such as the colon (chagasic
La enfermidad del Chagas, afeccíon endémica comúm en el
Brasil, puede dejar secuelas en diversos órganos del individuo acometido. En intestino gruesso (cólon), esa patología es
el megacólon llagasico. Muy frecuente el colon sigmoide es lo
mas acometido. El megacólon llagasico es caracterizado por
estasis fecal crónica, con dilatación cólica, pudiendo evolucionar para formacíon del fecaloma y otras complicaciones.
La enfermedad es progresiva y ni siempre hay suceso con el
tratamiento clínico, culminando com el tratamiento quirúrgico, cuyas técnicas empleadas puedem llevar a un postoperatório difícil para el paciente. Así, el trabajo busca ofrecer
subsídios al cuadro del enfermería, que cuida del pacientes
con esta patología, con intencíon de contribuir para una
asistencia sistematizada y de nível bueno, por intermedio de
identificacíon en las prescripciones de los cuidados de enfermería más frecuentes que fueran prestados a los pacientes sometidos a el tratamiento quirúrgico para el megacólon llagásico. Fueron pesquisadas las prescripciones de enfermería
postoperatórias en los portfólios del pacientes, en los cuales
puede ser observado que los cuidados del higiene y de observación de señales y sintomas son predominantes. Con base en
las informaciones encontradas, los autores sugeren prescripciones de enfermería generales y específicas para la asistencia
a el pacientes en postoperatório de cirurgia para el megacólon llagásico.
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for the patient, and several measures must be undertaken during
nursing care. The purpose of this study was to identify basic directions related to nursing care that could be useful during the
postoperative period. Nursing prescriptions were reviewed and
analyzed, and hygienic, signs and symptoms were identified as
the most relevant ones, to improve the general care for the patients. In conclusion, the authors suggest integral and specific
nursing prescriptions for these patients.
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Resumen
cirurgia. Rio de Janeiro: Medsi; 1990: 590-604.
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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA A PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA PARA TRATAMENTO DE MEGACÓLON CHAGÁSICO
ANEXO 1
INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS
PARTE I
1. Nome: __________________________________________2. Registro ______________
3. Sexo: ______________4. Idade:______________ 5. Naturalidade:___________
6. Procedência: _______________________________
7. Diagnóstico médico: _________________________
8. Cirurgias realizadas: _________________________
_________________________
data: __________
PO: _______
data: __________
PO: _______
9. Alta hospitalar: 1ª internação: ___________________
2ª internação: ___________________
10: Observações:
_________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________
PARTE II
Prescrição de Enfermagem:
1. Fazer/ orientar/ incentivar/ ajudar/ estimular
2. Verificar e anotar
3. Observar e anotar
4. Manter
5. Outros
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ATORES DO PROCESSO GLOBALIZADO DO ASSISTIR EM ESTOMATERAPIA
CHARACTERS OF THE GLOBAL PROCESS OF STOMATHERAPY CARE
ACTORES DEL PROCESSO GLOBAL DEL ASISTIR EN ESTOMATERAPIA
SÔNIA MARIA DIAS *
RESUMO
O foco principal deste estudo é a estomaterapia, mostrando o marco histórico da especialidade, consolidado e fundamentado no cuidar global, tendo
na linha do tempo, a descrição do próprio processo evolutivo. Os atores desse processo que tornam o assistir globalizado em maior dimensão, podem
ser destacados: o cidadão usuário enquanto consumidor de assistência e organizador de entidade de classe; gestores públicos; prestadores de serviços; estomaterapeuta. Cada ator tem papel específico a cumprir, compondo o cenário da globalização do assistir.
Palavras-chaves: Ostomia/Enfermagem; Ostomia/História
A
estomaterapia é especialidade de conquista da Enfer-
qüentemente, caracterizado como recente fenômeno na ordem
mundial.
magem e contempla três fortes áreas de conhecimento: os-
Porém temos presenciado debates, análise de documentos que
tomias, feridas e incontinências anal e urinária. A assistência pode in-
defendem o surgimento da economia global em época como a do
corporar forças tecnológicas para intervenção, e aqui abordaremos
colonialismo, o que nos faz pensar que, os atuais fluxos comerciais
que ela decorre em níveis diversos de complexidade numa perspec-
e financeiros internacionais não se constituem propriamente em no-
tiva de apontar responsabilidades de atores, que, na articulação das
vidade, mas realidades que adquiriram outros significados, com ho-
práticas para servir o homem, formam o processo mais amplo da as-
rizontes ampliados e diversificados, com fortes impactos econômi-
sistência global. Na abordagem explicativa da amplitude da assistên-
cos, sociais, políticos e culturais, como os mencionados por Ianni(1)
cia, vêm à luz, considerações para reivindicar a cada ator, a impor-
e Ortiz.(2) Diante da repercussão, é válido, em outra oportunidade,
tância decisiva da ação, indispensável ao todo.
discutir o tema para compreender as modificações deslocadas e os
Este texto tem o objetivo de apresentar atores envolvidos em um
desafios e perspectivas em curso e os significados e dinamismo das
trabalho compartilhado que visa prestar assistência global à clientela
conexões estabelecidas interpaíses, bem como os reflexos expres-
da especialidade de Estomaterapia. Fundamenta-se a partir de algu-
sados às estruturas que movimentam a sociedade global.
mas concepções, possibilitando construir um caminho de atuação
onde interferem diferentes atores sociais.
Na área da saúde, o vocábulo global tem precedentes históricos
registrados e serviram para transformações de modelos de assistência. Para ilustrar, a Enfermagem Organizada que teve início na segun-
A História
da metade do século XIX, foi liderada por Florence Nightingale. É conhecedor o testemunho de Florence, de que a sujidade do ambien-
A sociedade está recriando correntes de pensamento de alcan-
te agredia a saúde. De posse dessa realidade, desenvolveu a práti-
ce global. O rápido crescimento dos fluxos internacionais de produ-
ca da profissão, tendo por base que o paciente deve ser colocado
tos industrializados e de capitais através da consolidação de inter-
na melhor condição para a natureza agir. No conceito da Teoria Am-
câmbio pelo Mercado do Cone Sul-Mercosul, o Acordo de Livre Co-
biental escrito por ela, embora tenha dado ênfase ao físico como ne-
mércio entre Canadá, Estados Unidos e México, a harmonização
cessidade gerada numa época e papel de líder de enfermagem no
prevista da Comunidade Econômica Européia são exemplos da apli-
ambiente de guerra, considerou, também o psíquico e o espaço so-
cação do conceito de globalização voltado para a economia e, fre-
cial do doente no plano de cuidados.
* Livre Docente em Enfermagem Cirúrgica. Professora da Faculdade de
Enfermagem e Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade
Federal de Juiz de Fora.
Endereço para correspondência:
Rua Santo Antônio nº 397/ 1108 - B
36015-000 - Juiz de Fora - MG
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ATORES DO PROCESSO GLOBALIZADO DO ASSISTIR EM ESTOMATERAPIA
Virgínia Henderson apud Roper et al,(3) ao definir a enfermagem
dade de serviços, porque refletem diretamente no cliente, na sua re-
em 1955, aponta que a função única da enfermagem é ajudar o in-
cuperação e no aproveitamento pela sociedade de suas potenciali-
divíduo doente ou sadio na realização dos padrões diários de vida,
dades presentes.
que podem ser afetados pela idade, pelo nível cultural, por componentes emocionais, capacidades física e intelectual.
As delineações gerais dos modelos de enfermagem de Floren-
No contexto desse processo, há atores que marcam presença
relevante na tomada de decisões que, somadas e engrenadas, definem o assistir.
ce e Henderson refletem a visão do homem como um todo integra-
A opção de referir os atores que de forma direta ou indireta es-
do, como corpo e mente, indivíduo e ambiente social, em suma, vi-
tão envolvidos com o processo globalizado do assistir em estomate-
são global.
rapia, objetiva contribuir para ressaltar sua singularidade, para com-
A história prossegue, se faz a partir das transformações provocadas pelo homem, que dá vida e constrói trajetórias de fenômenos
como o ocorrido no ano de 1958 em Cleveland - EUA, relatado por
Anderson,(4) retratando o nascimento da Estomaterapia para atender
preender a totalidade da questão e o limite delineado de responsabilidade de cada ator na ação em conjunto.
Articulação dos Atores no Processo Globalizado do
Assistir em Estomaterapia
necessidades de reabilitação da pessoa ostomizada.
Nesse relato, está registrado que o médico da Clínica de Cle-
Desde o nascimento até os tempos atuais, a estomaterapia vem
veland, Rupert Turnbull, junto a Norma Gill, ileostomizada reabilitada,
mostrando progresso, espelhado no emergir das inovações tecnoló-
perceberam a necessidade de implantação de programas, visando
gicas, bem como na crescente formação de especialistas, contri-
orientar pessoas sobre a melhor maneira de conviverem com a os-
buindo para estabelecer serviços e ampliar a esfera da investigação
tomia. Desde então, esse momento passou a ser consagrado
científica que caracteriza conquistas para metamorfose de paradig-
como o nascimento da estomaterapia. Norma Gill, embora não sen-
mas da assistência e do ensino.
do enfermeira, foi a primeira estomaterapeuta que a história registra,
A alavanca que mantém a especialidade no tempo é formada
por manifestar grande interesse pelo problema do ostomizado. A
pelos reclamos de determinada comunidade, preocupada com a
partir da necessidade de atenção identificada, a Escola de Enferma-
mobilização de recursos para aperfeiçoar os programas de atenção
gem norte-americana assumiu a formação de enfermeiras para cui-
à saúde.
darem dessa clientela.
Atualmente vários países oferecem o curso de Especialização
em Estomaterapia. No Brasil, em 1990, a Escola de Enfermagem
Daqui parte um conjunto de ações integradas, e os atores do
processo formam uma estrutura composta pelo que denominamos
de indutores da estratégia de assistência global. São eles:
da Universidade de São Paulo deu início à oferta desse curso, dentro da programação das atividades de pós-graduação.
Retornando à discussão sobre assistência reabilitatória, na qual
se apóia a Estomaterapia, autores como Sherman Jr. e Greenberg(5)
afirmam que a assistência é orientada para a pessoa alcançar o melhor estágio possível de saúde, o que equivale dizer, para auxiliar o indivíduo doente ou incapacitado a minimizar as disfunções física, psicológica e social originárias da enfermidade. Essa afirmativa sustenta
que o marco histórico da especialidade é fundamentado no cuidar
global, por ter emergido para atender necessidades de reabilitação,
considerada a abordagem holística da assistência.
A assistência especializada a ostomizado, embora sendo atividade recente, vem ganhando espaço em diversos países, mostrandose na linha do tempo a descrição do próprio processo evolutivo. A
existência do World Council of Enterostomal Therapists - (Conselho Mundial de Estomaterapeutas) é uma realidade que mostra a
força do movimento da especialidade, para atender as modificações
importantes ocorridas no perfil de saúde da clientela ao redor do
mundo.
Somente ao enfermeiro é conferido o título de estomaterapeuta.
Este alcançou campo de ação ampliado, pois além da especialidade possibilitar ao enfermeiro adquirir conhecimentos para assistir pessoas ostomizadas, foram inseridos no conteúdo curricular, programas de atenção às pessoas portadoras ou predispostas a terem feridas e incontinências anal e urinária.
1 - Cidadão usuário
Consumindo e participando do próprio tratamento à saúde
Um fator marcante na relação cliente/profissional é o canal aberto entre as partes para trocas de informações. Do relacionamento
deve nascer a confiança que o cliente necessita para aceitar ou negar o tratamento, permitindo ao profissional reconhecer suas expectativas e atendê-las dentro da ciência.
A informação é, sem dúvida, arma de grande valia, é base das
atividades humanas para julgamento e tomada de decisão. Um
exemplo singular e que se configura num direito do cidadão é o
acesso livre e informado quanto ao diagnóstico, possíveis riscos e
benefícios do tratamento. Quando tais situações forem desejadas e
necessárias, devem ser repassadas em termos claros e simples, de
modo a facilitar a compreensão dos dados informados.
Diante das dificuldades impostas pela enfermidade, quando a
pessoa tem alterado o padrão habitual de vida, é um momento para
estabelecer parcerias. O cidadão passa a consumir cuidados daqueles que lhe são mais próximos, mas também deve ser incentivado a participar do plano terapêutico, assumindo papéis negociados
em consonância com a própria capacidade de executá-los, auxiliando na vigilância de seus sintomas e tratamento.
Participando de movimentos de classe
A abordagem da estomaterapia como processo de assistência
globalizada constitui uma estrutura de referência que enfatiza a com-
Modificar a postura de ser menos paciente para ser mais ativo,
plexidade de variáveis entrelaçadas as quais vão determinar a quali-
articulando e defendendo direito à participação, como aborda Gau-
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ATORES DO PROCESSO GLOBALIZADO DO ASSISTIR EM ESTOMATERAPIA
derer,(6) para o cidadão administrar sua doença, situações aflitivas e
física construída, os recursos materiais, que reúnem a aquisição de
também sua saúde, em parceria com profissionais ou em grupo de
equipamentos e produtos de consumo, fazem parte do cenário tec-
semelhança às necessidades de atenção, é resultado dos movi-
nológico. Os agentes humanos que compõem essa estrutura, vistos
mentos de democratização e igualdade entre os homens.
sob a ótica qualitativa, significam talentos em contínuo desenvolvi-
As modificações dos paradigmas que norteiam a sociedade
mento técnico e científico, com necessidades satisfeitas e capacida-
mostram que os sujeitos sociais coletivos são orientados para inte-
de de provocarem saltos transformadores, com possibilidades de
resses específicos como o "Movimento dos Direitos da Mulher", "Mo-
acolherem novas visões, valores e diretrizes para dominarem as ad-
vimento dos Sem Terra", as "Organizações não Governamentais", os
versidades ambientais.
"Grupos Sociais de Atenção ao Ostomizado", são exemplos eviden-
Ainda no terreno dos prestadores de serviços, destacamos os
tes da relação estabelecida entre estado e sociedade, permitindo a
produtores de materiais industrializados. A expansão da indústria de
abertura para diálogo e consenso de opiniões.
retaguarda para estomaterapia tem ganhado impulso lançando tec-
Os sujeitos sociais coletivos tornam-se sujeitos políticos à medida que a ação política possibilita mudança ou transformação. A perspectiva de mudança ocorre quando há instrumentalização fundamentada no conhecimento, na informação, na educação.
2 - Gestores públicos
Falar de gestão pública pressupõe entender a trajetória evolutiva
dos movimentos de institucionalização das práticas de saúde; as características dos modelos estruturais que os sustentam; real interesse, possibilidades de intervenção dos gestores na promoção integral
da saúde da coletividade.
Sabe-se que a saúde tem avançada legislação. A Constituição
e a Lei Orgânica são frutos de movimentos e prescrevem que os ad-
nologia em correspondência à modernização da saúde, buscando
resposta para ajudar vidas humanas.
No pensamento de Yip,(7) a competitividade entre indústrias é
arma chave para proporcionar benefícios à clientela. Diz o autor que
o plano de ataque e defesa para vencer a concorrência produz efeitos para reduzir custos, melhorar a qualidade e acrescentar opções
de programas e bens de consumo.
A pesquisa renova resultados, verifica preferências individuais e
coletivas para elaboração de produtos. Assim procede a indústria,
tem o papel de concentrar esforços para atender necessidades comuns e fundamentais dos países, definidas como confiabilidade e
economia dos produtos lançados no mercado.
Estimulada pelo desenvolvimento tecnológico, a indústria que
ministradores da saúde são a maior força na solução dos muitos pro-
desenvolve o arsenal de dispositivos e equipamentos da linha para
blemas.
estomaterapia, tem incluído na sua estrutura organizacional profissio-
Mudanças ocorrem tentando traduzir para a prática a prescrição
nais enfermeiros com formação em estomaterapia, para assessoria
da igualdade dos direitos. Uma complexidade de ações é operada.
técnica e científica, que assegura a qualidade de assistência ao
Centralização, descentralização são mecanismos marcantes de or-
usuário.
ganização dos serviços de saúde, constituindo-se na fragmentação,
Inclui também, entre as atividades operacionais, incentivos de
na multiplicidade de órgãos ordenados para atender apelos políticos
forma variada para realização de eventos científicos, quando dá opor-
que por vezes são contestados pela comunidade descapitalizada.
tunidade de trocas de experiências e divulgação de estudos, objeti-
De qualquer forma, alguns problemas estão sendo equaciona-
vando serem assimilados e consumidos pelo cliente. Ainda que a in-
dos. No contexto da apropriação e emprego de resultados das
dústria faça dessas ações uma forma de marketing, ela não deixam
ações dirigidas para implementação de serviços destinado à cliente-
de ser também um caminho para compartilhar da assistência global.
4 - Estomaterapeuta
la ostomizada, ainda que lentos, há esforços que canalizam a tentativa de estabelecer, para uso da comunidade, a formação de serviços em algumas cidades brasileiras que dispõem de estrutura para
assistência.
Porém a provisão contínua de recursos a serem distribuídos, os
dispositivos de coleta de conteúdos intestinal e urinário, entre outros,
têm que merecer justa atenção por parte dos gestores públicos, pois
são dispositivos indispensáveis na vida do ostomizado. Uma vez que
essa clientela está presente em diversas cidades brasileiras, torna-se
necessário ampliar a implantação desses serviços, para as comunidades serem mais bem servidas.
3 - Prestadores de serviços
O estomaterapeuta, estando ele ligado à instituição de saúde, à
cooperativa de grupo ou sendo efetivo trabalhador liberal, tem força
de lei para exercer funções assistenciais, educativas, pesquisa e assessoria. Esta última apresenta-se como uma forma de trabalho em
construção, com perspectivas de crescimento. O conjunto de atividades da função exercida e os resultados produzidos, aferidos num
processo de avaliação, consubstanciam o perfil qualitativo do estomaterapeuta.
Tem autonomia para diagnosticar situações, planejar, organizar,
operar e avaliar o recurso oferecido. Em contínua atualização, como
necessidade para não se distanciar do processo de desenvolvimento científico, é preparado para ser difusor da prática profissional atra-
Um dos pontos nevrálgicos da assistência global é o estabelecimento de estruturas administrativa e funcional adotadas pelos hospitais e ambulatórios públicos e privados.
vés da assistência prestada, da produção científica, do ensino realizado e serviços de assessoria concretizados.
O rol de atividades do estomaterapeuta indica amplo horizonte
A estrutura referida é conceituada na forma de operação da ins-
em curso e simultaneamente começam a emergir pólos de atuação,
tituição, com todo processo tecnológico envolvido nos cuidados
apontando os primeiros traços para caracterizar a estomaterapia do
prestados à clientela. Os recursos ambientais, que englobam a área
momento em três fortes subespecialidades.
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ATORES DO PROCESSO GLOBALIZADO DO ASSISTIR EM ESTOMATERAPIA
Uma delas destina-se ao domínio do especialista no tratamento do
sita quebrar fronteiras e aproximar interesse para alcançar o objetivo
ostomizado. O programa de assistência para essa clientela aglome-
comum, ou seja, o bem-estar da clientela.
ra atividades no pré-operatório, estendendo-as com aspectos rele-
Nessa linha de pensamento, a carga de responsabilidades
vantes a serem considerados durante o ato cirúrgico e na continui-
compartilhada entre os envolvidos na assistência potencializa as ati-
dade de cuidados após a cirurgia no ambiente hospitalar e ambula-
vidades meio e fim de um serviço. Porém, julgada como complexa
torial.
toda essa engrenagem, esperamos que a descrição do fenômeno
Outro pólo ou subespecialidade que desponta na estomaterapia
deste estudo venha suscitar novas abordagens que tornam com-
é a reunião de conhecimentos e habilidades que o estomaterapeuta
preensivos os elementos que fortalecem ou dificultam a construção
tem que alcançar para traçar o plano terapêutico, composto de
de conhecimentos e práticas que envolvam a estomaterapia.
ações preventivas para as pessoas com potencial para feridas e de
Não é possível que um único texto possa esgotar a discussão
ações curativas para aquelas que apresentam feridas aguda e crôni-
de algo tão complexo como a estrutura globalizada do assistir em es-
ca, elegendo o tratamento para combater as diversas etiologias, para
tomaterapia. Sabe-se que, para efetivo exercício profissional, há uma
manter ou reconstituir a integridade cutânea.
série de atividades interconectadas. As questões a serem tratadas
O seguinte pólo refere-se ao tratamento para pessoas portado-
não se configuram apenas como problema isolado, mas são vistas
ras de incontinências. Esse grupo específico, apesar de ter a cons-
no contexto das percepções e expectativas individuais e coletiva e
trução anatômica dos tratos intestinal e urinário, apresenta prejuízo da
do meio social onde vive a clientela e das possibilidades de se tor-
função dos próprios. Independente da causa da incontinência, ela
narem efetivas as ações visando à mudança situacional.
coloca o indivíduo em situação embaraçosa. Antes do problema, a
pessoa tinha privacidade no controle intestinal e urinário e, agora,
Summary
passa a ter aniquilados os hábitos de eliminação, originando reações
físicas e emocionais complicadas e desafiantes para o estomatera-
This study highligths the historical milestone of Stomatherapy as
peuta tratá-las.
a speciality, with a framework of global care through a time evol-
Esses pólos, que dão a característica de subdivisão da estoma-
ving process. The actors who account for the comprehensive-
terapia, mostram certamente no ampliado campo de estudo descor-
ness of such care are as follows: the citizen as care consumer
tinado, adição de responsabilidades a serem cumpridas, valoriza o
and union organizer; publics managers; services managers; the-
especialista por tornar-se expert na matéria referente ao pólo sele-
rapist enterostomal. The scenario of global care is composed of
cionado para atuar e, conseqüentemente, fortalece a especialidade.
the aforementioned characters, each one playing a specific role.
Os pólos visam estruturar a estomaterapia como centro de preocupações com clientela que apresenta necessidades de atenção diver-
Key-words: Ostomy/Nursing; Ostomy/history
sificada, constituindo de fundamental importância, na presença da
Resumen
arte de cuidar, a participação dos familiares como parte integrante da
terapia para recuperar a saúde e reabilitar o usuário.
Articulam-se com o estomaterapeuta outros profissionais que
compartilham da assistência global, haja vista que os inúmeros fatores orgânicos e psicológicos apresentados pelo cliente requerem
abordagem interdisciplinar para avaliação e tratamento.
Entende-se por abordagem interdisciplinar o desenvolvimento
metodológico que permita a convivência e a contribuição aliadas, tornando efetivamente produtivo o inter-relacionamento entre diferentes
áreas do conhecimento, com objetivo comum pensado e articulado
na ação.
El foco principal de este estudio es l’Estomaterapia, exhibindo el marco histórico de l’especialidad, consolidado y fundamentado en el cuidar global, teniendo en linea del tiempo,
la descripción del proprio proceso evolutivo. Entre los actores
del proceso que hacen el asistir global en grande dimensión,
se destacam: la persona como consumidor de la asistencia y
organizador de entidad de clase; administradores públicos;
gerentes de los servícios; terapista enterostomal. Cada actor
tiene papel especifico, a cumplir en direción en el camino de
la globalización del asistir.
O elenco composto por enfermeiros estomaterapeutas e nãoestomaterapeutas, médicos, assistentes sociais, nutricionistas, psi-
Unitermos: Ostomia/Enfermagem; Ostomia/Historia
cólogos, farmacêuticos, reúne-se para análise do que se sabe sobre etiologia, fatores de riscos, fisiopatologia, processo diagnósticos
Referências Bibliográficas
tratamentos a fim de traçar estratégias para assistência, ensino programado, investigação científica entre outras atividades, para o assis-
1 - Ianni O. A era do globalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira;
1996.
tir global.
2 - Ortiz R. Mundialização e cultura. 2. ed. São Paulo: Brasiliense; 1996.
Considerações finais
3 - Roper N, Logan WW, Tierney AJ. Modelo de enfermagem. 3. ed. Alfragide-Portugal: Mcgraw-Hill; 1995: 12-20.
Plantada numa realidade concreta onde se cultiva a reflexão crítica para identificar, analisar os desafios impostos, propondo soluções, colocando a ética como ponto de partida das ações, a globalização do assistir se caracteriza por uma dinâmica expansiva, neces-
71
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):68-72
4 - Anderson FJ. History of enterostomal therapy. In: Broawell DC, Jackson
BS. Principles of ostomy care. St. Louis: falta a editora, 1982: 14-16.
5 - Gauderer EC. Os direitos do paciente: um manual de sobrevivência. 4.
ed. Rio de Janeiro: Record; 1993: 11-88.
ATORES DO PROCESSO GLOBALIZADO DO ASSISTIR EM ESTOMATERAPIA
6 - Sherman JR CD, Greenberg R. Reabilitação. In: Fundação Oncocentro
de São Paulo. Manual de oncologia clínica. 5. ed. Berlim: Springer-Verlag,
1990: 156-161.
7 - Yip GS. Globalização: como enfrentar os desafios da competitividade
mundial. São Paulo: Senac-São Paulo; 1996: 310p.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):68-72
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AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
ULTY EVALUATION: PROPOSAL FOR THE SCHOOL OF
NURSING/ UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
EVOLUCIÓN DOCENTE: UNA PROPUESTA PARA LA ESCUELA DE
ENFERMERIA DE LA UNIVERSIDAD FEDERAL DE MINAS GERAIS
MARISA ANTONINI RIBEIRO BASTOS *
FLÁVIA SAMPAIO LATINI GOMES **
RESUMO
Trata-se de uma proposta de avaliação de relatórios individuais e planos de trabalho docentes elaborada por uma comissão designada pela Câmara
Departamental do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. A proposta estabelece
critérios pautados em patamares de suficiência nítidos facilitando as atribuições da Câmara Departamental, norteando o planejamento das atividades
individuais e planos de trabalho docentes.
Palavras-chaves: Docente de Enfermagem; Escolas de Enfermagem; Avaliação
O
s docentes da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) são avaliados pelas Câmaras Departamentais de
A construção do modelo avaliativo de Relatórios Individuais e Pla-
acordo com o inciso 1º do Artigo 56 do Estatuto dessa Universida-
nos de Trabalho dos docentes do ENB foi norteado por algumas
de,(1) que determina como uma das suas atribuições "supervisio-
concepções básicas:
nar as atividades de ensino, pesquisa e extensão do Departa-
•
resolução Nº 01/89 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Exten-
mento, elaborando os planos de trabalho e atribuindo encar-
são da Universidade Federal de Minas Gerais, de 09 de março
gos aos docentes a ele vinculados".
de 1989 que dispõe sobre os procedimentos relativos à atribui-
No entanto, estes critérios não têm se mostrado precisos, uma
vez que somente as atividades didáticas são contempladas de ma-
ção de encargos docentes;
•
resolução Complementar Nº 03/92 do Conselho Universitário da
neira objetiva, ainda assim, levando-se em consideração apenas a
Universidade Federal de Minas Gerais, de 10 de dezembro de
carga horária. Além disso, os referidos critérios não estabelecem pa-
1992, que dispõe sobre o relatório individual de atividades do-
tamares de suficiência nítidos, não atendendo, assim, a Resolução
centes e sobre as progressões horizontal e vertical dos integran-
Complementar Nº 03/92, do Conselho Universitário, que dispõe so-
tes das carreiras de magistério da Universidade Federal de Mi-
bre o Relatório Individual de Atividades Docentes.
Com o objetivo de elaborar uma proposta de critérios para ava-
nas Gerais;
•
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de de-
•
a avaliação deverá ser compreendida como um processo nor-
liação dos relatórios individuais e planos de trabalho dos docentes,
foi realizado este estudo, no Departamento de Enfermagem Básica
(ENB) da Escola de Enfermagem da UFMG.
zembro de 1996;
teador do planejamento das atividades individuais dos docentes
e não de caráter punitivo. Requer um detalhamento especial, de
Objetivo
forma ampla e integrada, a partir das atividades desenvolvidas,
Elaborar uma proposta de avaliação de relatório individual e plano de trabalho dos docentes do ENB, definindo critérios objetivos de
avaliação.
Concepções do modelo avaliativo
* Doutora, Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Básica
da Escola de Enfermagem da UFMG.
** Professora Auxiliar do Departamento de Enfermagem Básica da Escola
de Enfermagem da UFMG, mestranda da EEUFMG
73
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):73-78
em consonância com o plano de trabalho do ENB e da
EEUFMG. Neste sentido, a avaliação deverá contribuir para o
processo de tomada de decisão na distribuição de encargos
docentes pela Câmara Departamental do ENB;(2)
Endereço para correspondência:
Marisa Antonini Ribeiro Bastos
Rua Patagônia, 500/101 – Sion
30320-080 – Belo Horizonte – MG
E-mail: [email protected]
AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
•
os parâmetros e indicadores quantitativos deverão ser definidos
a partir das expectativas docentes e institucionais e análise de
propostas de outras unidades da Universidade.
Estratégias metodológicas
O trabalho foi realizado nos meses de maio a julho de 1997,
através das seguintes estratégias metodológicas:
1 - leitura da Resolução Nº 01/89 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais e Resolução Complementar Nº 03/92 do Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais;
2 - análise de critérios de avaliação docente de Departamentos de
outras unidades da UFMG;
3 - levantamento das atividades realizadas pelos docentes do ENB;
4 - agrupamento dos itens identificados por tipo de atividade;
5 - estabelecimento de critérios quantitativos e qualitativos por tipo
de atividade;
6 - elaboração da proposta de avaliação de relatório docente e do
plano de trabalho por pontuação, de acordo com a categoria e
regime de trabalho;
7 - validação do instrumento de avaliação através da análise de 10
relatórios anuais de atividades docentes e 10 planos de trabalho. Foram utilizados os relatórios de atividades docentes do ano
de 1996 e os planos de trabalho para 1997. Os relatórios e planos de trabalho analisados foram selecionados aleatoriamente.
No ano de 1996, o Departamento contava com 29 docentes,
portanto, o instrumento foi testado em 34,4% dos relatórios e
planos de trabalho existentes no Departamento, referentes ao
ano de 1996 e 1997, respectivamente;
8 - apresentação da proposta de avaliação aos docentes do Departamento sobre os critérios propostos;
9 - discussão com os docentes do Departamento sobre os critérios
propostos;
qual o professor se encontre em exercício os elementos necessários
à avaliação.(3)
- Não são passíveis de julgamento os relatórios apresentados
fora do prazo estabelecido.(3)
- Sem prejuízo das medidas disciplinares previstas no Regimento Geral da UFMG, e na lei Nº 8112/90, o professor cujo relatório
não for aprovado, bem como o que não entregou ou entregou fora
do prazo, não poderá ser beneficiado no ano seguinte com aprovação de eventuais pedidos de licença-prêmio, programa sabático ou
licença para tratar de assuntos particulares.(3)
- No caso de não aprovação do relatório, os prazos e as instâncias de recursos são os previstos no Regimento Geral da UFMG.(3)
- Somente as atividades de ensino, pesquisa, extensão, orientação, administrativas e qualificação aprovadas pela Câmara Departamental serão consideradas para fins de pontuação.
1.2 - Carga Horária
Segundo a Resolução no 01/89 do CEPE:(4)
- A carga horária dos professores, independentemente do regime de trabalho, calculada com base no ano letivo, deverá estar entre 08 (oito) e 12 (doze) horas/aula semanais, ressalvados os casos
previstos na Resolução, conforme o parágrafo 2º do artigo 1º da Lei
9678/98.
- Os professores em regime de 40 horas ou D.E., excetuandose aqueles com maximização de encargos didáticos, deverão, obrigatoriamente, além de cumprir a carga horária didática média anual,
assumir encargos em pelo menos uma das seguintes atividades:
pesquisa, extensão ou administração acadêmica.
- A Câmara Departamental poderá autorizar, desde que não implique contratação de novos docentes e em consonância com o plano departamental, a liberação total ou parcial, por tempo determinado, dos encargos didáticos de professores para:
a) realizar atividades de qualificação docente;
b) desenvolver projetos de ensino, pesquisa e extensão.
c) ocupantes de função gratificada na UFMG e em outros cargos da administração publica.
10 -adequação da proposta às sugestões dos docentes do Departamento;
11 -adaptação da proposta ao GED (Lei 9678/98), com participação dos membros da Câmara Departamental do ENB. Esta
proposta foi encaminhada à Comissão Local para fins de GED,
como sugestão do Departamento para elaboração dos critérios da Escola de Enfermagem da UFMG.
Proposta de avaliação de relatório de atividades e plano
de trabalho docente
1 - Diretrizes para avaliação do relatório de atividades
e planos de trabalho dos docentes do Departamento de
Enfermagem Básica.
1.1 - Diretrizes Gerais
- Ao final de cada ano letivo, os professores da carreira de magistério superior, incluídos os afastados e os licenciados, deverão
apresentar relatório de atividades docentes à chefia do ENB.(3)
- No caso de professor afastado para prestar serviço em outro
órgão público, o ENB ao analisar o relatório, solicitará ao órgão no
1.3 - Qualificação
- Docentes que estão cursando programas de pós-graduação
terão seus relatórios aprovados, desde que apresentem anualmente
relatório de atividades, cumpram o plano de trabalho proposto para
o ano e apresentem carta de avaliação de desempenho do orientador ou coordenador do curso.
- Os docentes em processo de qualificação, sem liberação, deverão assumir encargos didáticos e atividades de pesquisa, extensão e administrativa de acordo com decisão da Câmara Departamental.
1.4 - Orientação
- O valor da pontuação para co-orientação será a metade daquele estipulado para orientação.
1.5 - Atividades administrativas
- Será conferida a pontuação somente ao docente com freqüência mínima de 75% nas atividades administrativas, fornecida pelo
coordenador, incluídas as ausências justificadas.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):73-78
74
AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
1.6 - Produção científica
- Artigos "no prelo" terão 50% dos pontos fixados.
2.5 - Atividades Administrativas
- Relatar o ano de publicação e lançamento da revista.
Projeto
1.7 - Atividades de pesquisa
- Acrescentar 0,5 ponto para aquelas financiadas.
- No caso de elaboração de monografia, dissertação e tese
pontuar como coordenador.
1.8 - Participação em banca
- Os suplentes receberão 0,5 ponto, em qualquer tipo de banca.
1.9 - Atividades de extensão
Nº de pontos
Máximo
1,5/mês
1/mês
Sem limite
Sem limite
1,5/mês
1/mês
Sem limite
Sem limite
1/mês
0,5/mês
Sem limite
Sem limite
1/mês
0,5/mês
Sem limite
Sem limite
Interunidades/Interdepartamental
• em andamento:
- coordenador
- membro
• concluído:
- coordenador
- membro
Departamental
• em andamento:
- coordenador
- membro
• concluído:
- coordenador
- membro
Pontos
relatório
Pontos
plano
Pontos
relatório
Pontos
plano
- Conferencista, palestrante, integrante de mesa redonda ou
apresentação de trabalho em evento internacional ou nacional terão
pontuação, somente para aqueles eventos que não tenham ANAIS.
- Consultores Ad doc deverão ser inseridos na atividade de Assessoria e Consultoria.
2 - Critérios de Avaliação para Relatório de atividades e
Plano de trabalho docente
2.1 - Carga horária didática
2.2 - Qualificação
De acordo com o artigo 3º da Lei 9678/98
2.3 - Orientação
Atividade
Nº de
pontos
Máximo
CDSM
10/hora
120
Pontos
relatório
Pontos
plano
2.4 - Projetos de ensino
Atividade
Nº de pontos
Máximo
Orientação de docentes em
estágio probatório
Orientação de alunos de
graduação:
• Monitoria
• BIC, PAD e PET
• bolsista de extensão
• outros
Orientação de alunos de
pós-graduação:
• especialização
• mestrado
• doutorado
1/mês-orientando
Sem limite
75
0,5/mês-orientando
1/mês-orientando
1,5/mês-orientando
2/mês-orientando
Pontos
relatório
Sem limite
Sem limite
Sem limite
Sem limite
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):73-78
Pontos
plano
Atividade
Nº de pontos
Máximo
Reitoria
Vice-reitoria
Pró-reitoria
Diretoria de Unidade
Vice-diretoria de Unidade
Chefia de Departamento
Subchefia de Departamento
Coordenação de colegiado de
curso:
• graduação
• pós-graduação
Diretor de Órgão Complementar
Vice-diretor de Órgão
Complementar
Subcoordenação de colegiado
de curso:
• graduação
• pós-graduação
Coordenação do Curso de
Doutorado
Subcoordenação do Curso de
Doutorado
Coordenação do Curso de
Mestrado
Subcoordenação do Curso de
Mestrado
Coordenação do Curso de
Especialização
Subcoordenação do curso de
especialização
Coordenação do CENEX e
NAPq
Subcoordenação do CENEX e
NAPq
Editor Geral de Revistas da área
da saúde
Diretor Executivo de Revistas da
área da saúde
Membro do Conselho Editorial de
revistas da área da saúde
Chefe de Divisão do HC
Cargo de chefia nos órgãos do
H.C.
Representação em órgãos colegiados:
• Membro titular do CEPE
• Membro suplente do CEPE
• Membro titular do Conselho
Universitário
• Membro suplente do
Conselho Universitário
• Membro titular da CPPD
• Membro suplente da CPPD
• Membro titular Conselho
Departamental
• Membro suplente do
Conselho Departamental
• Membro titular da
Congregação
12-mês
12-mês
12-mês
12-mês
12-mês
10/mês
4/mês
140
140
140
140
140
120
48
10/mês
10/mês
10/mês
120
120
120
4/mês
48
4/mês
4/mês
48
48
3/mês
36
1/mês
12
3/mês
36
1/mês
12
2/mês
24
0,5/mês
6
2/mês
24
1/mês
12
2/mês
24
2/mês
24
1/mês
10/hora
12
120
2/mês
24
1/mês
0,5/mês
12
6
1/mês
12
0,5/mês
1/mês
6
12
0,5/mês
6
1/mês
12
0,5/mês
6
1/mês
12
AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
Atividade
Nº de pontos
• Membro suplente da
Congregação
0,5/mês
• Membro titular de Colegiados
de Pós-graduação
1/mês
• Membro suplente de
Colegiados de Pós-graduação
0,5/mês
• Membro titular de Colegiado
de Graduação
1/mês
• Membro suplente de
Colegiado de Graduação
0,5/mês
• Membro titular da Câmara
Departamental
1/mês
• Membro suplente da
Câmara Dep.
0,5/mês
• Membro titular do Cons.
Adm. do H.C.
1/mês
• Membro suplente do Cons.
Adm. do H.C.
0,5/mês
• Membro titular do Comitê de
Ética da UFMG
1/mês
• Membro suplente do Comitê
de Ética da UFMG
0,5/mês
• Membro titular do CENEX,
NAPq e CTE
1/mês
• Membro suplente CENEX,
NAPq e CTE
0,5/mês
Participação
órgãos no científica
2.6 -em
Produção
âmbito da UFMG (COLTEC,
Centro Pedagógico)
1/mês
Participação em órgãos fora da
UFMG
1/mês
Coordenação das comissões
permanentes (acima de 01 ano)
da UFMG
2/mês
Participação em comissão permanente (acima de 01 ano) na
UFMG
1/mês
Coordenação de comissões de
curta duração (abaixo de 01 ano)
na UFMG
1/mês
Participação em comissões de
curta duração (abaixo de 01 ano)
na UFMG
0,5/mês
Coordenação de Disciplina
2/mês
Subcoordenação de Disciplina
1/mês
Publicação de:
Nº de pontos
Livro
50/nº de autores
Capítulo de livro
20/capítulo
Organização de livro
30/nº de org.
Tradução de livro
30/nº tradutores
Artigo em revista internacional
20/artigo
Artigo em revista nacional
indexada
10/artigo
Artigo em revista nacional
não indexada
5/artigo
2.7 - Produção técnica
Trabalho completo em
ANAIS:
• internacional
5/artigo
• nacional
4/artigo
Resumo em ANAIS ou
Livro Resumo:
• internacional
3/artigo
• nacional
2/artigo
Texto didático
2
Relatório técnico
08/nº de autores
2.8 - Atividade de pesquisa
Cartilha
10/nº de autores
Relatório de pós-doutora20
do
Tese
50
Dissertação
30
Monografia
15
Elaboração do Banco de
Dados/Catálogos
5
Máximo
Pontos
relatório
Pontos
plano
Vídeo
2.9
Filme
6
Pontos
relatório
Pontos
plano
Pontos
relatório
Pontos
plano
Pontos
relatório
Pontos
plano
Pontos
relatório
Pontos
plano
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):73-78
76
Produção de:
Nº de pontos
Máximo
30/autor
limite
- Participação em
bancas deSem
exame
50/autor
Sem limite
12
6
12
Atividade
6
12
Nº de pontos
Máximo
2/mês
1/mês
Sem limite
Sem limite
2/mês
1/mês
Sem limite
Sem limite
Nº de pontos
Máximo
Projeto de pesquisa concluído
• Coordenador
• Membro
Projeto de pesquisa em
andamento
• Coordenador
• Membro
6
12
6
12
6
12
6
Atividade
12
• Banca examinadora de
defesa de:
- Tese - Atividades de
2.10
- Dissertação
• Banca de seleção de:
- Doutorado
- Mestrado
• Banca de avaliação de trabalho final de cursos de
especialização
• Banca de concurso público
prof. adjunto e titular
• Banca de concurso público
prof. assist.
• Banca de concurso público
prof. aux.
• Banca de concurso público
prof. substituto, visitante e de
monitoria
• Outras bancas ou comissões examinadoras
12
24
12
12
6
24
12
Máximo
Sem
Sem
Sem
Sem
limite
limite
limite
limite
Pontos
relatório
15/banca
extensão
10/banca
10/banca
Sem
Sem
Sem
Sem
limite
limite
limite
limite
5/banca
5
10/banca
Sem limite
8/banca
Sem limite
5/banca
Sem limite
3/banca
Sem limite
2/banca
Sem limite
Nº de pontos
Máximo
2/mês
1/mês
24
12
2/mês
1/mês
24
12
2/mês
1/mês
2/evento
24
12
10
2/evento
1/evento
10
10
2/programa
1/programa
10
10
Pontos
plano
Atividade
Sem limite
Sem limite
Sem limite
Sem limite
Sem limite
Sem limite
Sem limite
20
Sem limite
Sem limite
20
50
30
15
15
Prestação de serviços (máximo
de 8 h/semanais):
• Assistência:
- concluído
- em andamento
• Consultoria e assessoria:
- concluído
- em andamento
• Treinamento:
- concluído
- em andamento
Cursos ministrados
Coordenação de cursos de
extensão:
• concluído
• em andamento
Projetos/Programas especiais:
• coordenador
• membro
Bancas de concurso fora da
UFMG2.11 - Participação
Conferencista, palestrante, integrante de mesa redonda ou
apresentação de trabalho em
evento internacional.
10/banca
em
eventos Sem limite
4/evento
Sem limite
AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
continuação
Atividade
Conferencista, palestrante, integrante de mesa redonda ou
apresentação de trabalho em
2.12 - Atividades
evento nacional.
Organização de eventos
nacionais
Organização de eventos
locais/regionais
Nº de pontos
Máximo
Pontos
relatório
Pontos
plano
Categoria/Regime
de trabalho
Pontuação
Avaliação
Auxiliar 20
Pontos
plano
20 ou mais
A
menos de 20
B
Auxiliar 40
25 ou mais
A
menos de 25
B
Auxiliar DE
30 ou mais
A
menos de 30
B
Assistente 20
40 ou mais
A
menos de 40
B
Assistente 40
45 ou mais
A
menos de 45
B
Assistente DE
50 ou mais
A
menos de 50
B
Conclusão
Adjunto 20
60 ou mais
A
menos de 60
B
Adjunto
40
65 ouemais
A
A utilização
de critérios mais claros
objetivos torna o processo
menos de 65
B
de análise dos relatórios de atividade docente mais justo, homogêAdjunto DE
70 ou mais
A
neo e adequado aos interesses do
Departamento.
menos
de 70
B
80 ou mais
Titular 20
A
Cabe ressaltar que os critérios
para apreciação dos relatórios
menos de 80
B
"deverão
pela Câmara DepartaTitular 40 ser previamente propostos
85 ou mais
A
menos de 85 da Unidade ou
B órmental, estabelecidos pela Congregação
Titular DE
90 ou mais
A
gão equivalente nas Escolas de
1º e de
2º 90
Graus e divulgados
menos
B no
Pontos
plano
Departamento
Escola".(3)
A - plano de trabalhoou
aprovado.
complementares
2/evento
Sem limite
2/evento
10
1/evento
10
Nº de pontos
Máximo
2/evento
1/evento
2/evento
2/evento
10
10
10
5
Pontuação global
Atividade
Participante em evento:
• internacional
• nacional
Curso freqüentado
Oficinas de trabalho
Pontos
relatório
3 - Avaliação dos relatórios de atividades docentes
Atividade
Listar:
Nº de pontos
Máximo
1/atividade
5
Pontos
relatório
B - plano
de trabalho de
aprovado
com revisão:
a Câmara
com
Os critérios
avaliação
deverão
serDepartamental,
adaptados juntamente
às diferentes
o docente interessado, deverá revisar o plano de trabalho no sentido de aumentar sua
pontuação até
aquela mínima exigida
para sua categoria
e regime
de trabalho.
categorias
profissionais,
às diferentes
atividades
docentes
desenvol-
vidas nas diversas Unidades da Universidade, bem como amplamente discutidos pelos docentes envolvidos.
Da mesma forma, a pontuação estabelecida deverá estar de
PONTOS OBTIDOS TOTAL = _____ PONTOS
acordo com as diversas situações vivenciadas pelos Departamen-
CONCEITO
tos, tais como, mudança curricular e necessidade de qualificação de
RELATÓRIO DE ATIVIDADES
A
B
PONTOS OBTIDOS TOTAL = _____ PONTOS
PLANO DE TRABALHO
CONCEITO
A
seu corpo docente.
É importante também enfatizar a necessidade de adequação
B
dos critérios e pontuações estabelecidos às novas diretrizes e bases
da educação nacional.
A delimitação de critérios pautados em patamares de suficiência
Categoria/Regime
de trabalho
nítidos irão subsidiar as atribuições da Câmara Departamental na sua
Pontuação
Auxiliar 20
60 ou mais
menos de 60
Auxiliar 40
65 ou mais
menos de 65
Auxiliar DE
70 ou mais
menos de 70
Assistente 20
80 ou mais
4 - Avaliação do plano de trabalho
menos de 80
Assistente 40
85 ou mais
menos de 85
Assistente DE
90 ou mais
menos de 90
Adjunto 20
100 ou mais
menos de 100
105 ou mais
Adjunto 40
menos de 105
Adjunto DE
110 ou mais
menos de 110
Titular 20
120 ou mais
menos de 120
Titular 40
125 ou mais
menos de 125
Titular DE
130 ou mais
menos de 130
A – aprovado
B – não aprovado
77
Avaliação
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
atribuição de análise das atividades de ensino, pesquisa e extensão,
bem como no processo de distribuição de encargos docentes.
Finalmente, ressalta-se a importância da elaboração de um plano avaliativo adequado ao perfil dos docentes e atividades desenvolvidas no Departamento, uma vez que facilita as atribuições da Câmara Departamental, além de se constituir num mecanismo norteador
do planejamento das atividades individuais e planos de trabalho docentes.
Summary
This is a proposal to evaluate the individual reports and workplans of the faculty elaborated by a committee indicated by the
"Camara Departamental" of the Department of Basic Nursing of
the School of Nursing - Universidade Federal de Minas Gerais.
The proposal establishes critera based on productivity facilitating
the attributions of the Camara Departamental, directing the individual plane development and the faculty attributions.
Key-words: Nursing Faculty; Nursing Schools; Evaluation.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):73-78
AVALIAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA PARA A ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
Capacitação Pedagógica para instrutor/supervisor, área da saúde. Brasí-
Resumen
lia: Ministério da Saúde; 1994: 39-56.
3 - Universidade Federal de Minas Gerais. Resolução Complementar n.
El presente trabajo propone una evaluación de los informes
individuales de los docentes del Departamiento de Enfermeria Basica de la Escuela de Enfermeria de la Universidad
Federal de Minas Gerais, por una comisión designada por el
Departamiento. Presenta una propuesta con criterios de suficiencia del desempeño del trabajo docente para orientar el
trabajo de evaluación de la Câmara Departamental, orientado hacia la planificación de las actividades individuales
anuales de los docentes.
03/92. Diário Oficial, Brasília, 10 dez. 1992, p. 40-57.
4 - Universidade Federal de Minas Gerais. Resolução n. 01/89. Belo Horizonte, 09 mar.1989. p. 49-51.
5 - BRASIL. Lei n. 9.394. 20 dez.1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Belo Horizonte: APUBH; 1997. 87p.
Unitermos: Docente de Enfermeria; Escuelas de Enfermeria; Evaluación.
Referências Bibliográficas
1 - Universidade Federal de Minas Gerais. Estatuto da UFMG. 14 jun. 1989.
36p..
2 - Davine MC. Currículo integrado. In: Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Geral de Desenvolvimento de Recursos Humanos para o SUS.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):73-78
78
ESTUDO DA DOR NAS COSTAS EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
A LOW BACK PAIN OCURRENCE STUDY IN NURSING STAFF OF AN
UNIVERSITY HOSPITAL OF BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
ESTUDIO DE LA OCURRENCIA DE LOMBALGIA EN PERSONAL
DE ENFERMERIA EN UN HOSPITAL UNIVERSITARIO
DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
ADELAIDE DE MATTIA ROCHA*
ANDRÉA GAZZINELLI CORRÊA DE OLIVEIRA **
RESUMO
Este estudo teve como objetivo identificar as características da ocorrência de dor nas costas em 70 técnicos e seis auxiliares de enfermagem, que executavam, exclusivamente, cuidado direto ao paciente internado nas três unidades de clínica médica de um hospital universitário de Belo Horizonte. Foram constados 56% dos trabalhadores com referência de dor crônica nas costas e 33% com referência de dor com episódios esporádicos. As localizações mais freqüente de dor foram a lombar e a cervical respectivamente, com resolução em 87,8% dos casos em menos de uma semana. Verificouse que 92% dos trabalhadores negaram doença diagnosticada na coluna vertebral, 76% relacionaram a ocorrência de dor ao manuseio de cargas e ao
excesso de esforço físico. Os resultados sugerem a gravidade deste problema para a enfermagem e a necessidade da detecção dos vários fatores envolvidos na ocorrência da dor nas costas nestes trabalhadores.
Palavras-chaves: Dor nas Costas; Equipe de Enfermagem; Hospitais Universitários; Riscos Ocupacionais
U
tiliza-se a terminologia "dor nas costas" para designar
Neste sentido Chavalinitikul et al.(14) apontam que o governo ja-
queixas de desconforto ou dor crônica na região da coluna
ponês tem pago altas indenizações a trabalhadores, decorrentes de
vertebral.(1-4) Estes sintomas também podem ser descritos através
doenças do sistema músculo-esquelético-ligamentar, com destaque
de terminologias como lombalgia ou dor lombar, embora estes ter-
especial para dor nas costas causada pelo levantamento de cargas
mos se refiram especificamente à região lombar, que é a mais fre-
e movimentação de objetos pesados.
qüentemente afetada pela dor.(5-9)
A dor nas costas, especialmente a dor lombar baixa, afeta grande proporção da população no mundo ocidental e pode ser originada de um único ou múltiplos fatores. A natureza múltipla do problema torna difícil a sua prevenção.(1,5-8)
A Organização Mundial de Saúde (OMS)(8) especifica que a
grande freqüência de dor nas costas entre os trabalhadores, bem
como os seus efeitos incapacitantes em todas as sociedades industrializadas, são considerados indicadores da importância dessa dor,
podendo a mesma, ser considerada quase como uma doença pro-
Segundo a OMS,(8) existem vários fatores de risco associados
com a dor nas costas, e estes podem ser divididos em fatores de
risco individual e fatores de risco profissional. Assim, pode-se dizer
que, são considerados como os mais prováveis fatores de risco individual a idade, o sexo, a relação peso e altura, o desequilíbrio muscular, a capacidade de força muscular, as condições sócioeconômicas e a presença de outras patologias.(8)
Os traumas mais freqüentes sobre a coluna vertebral de origem
laboral estão associados à tensão da musculatura paravertebral, de-
fissional. Estima-se, ainda, que este mal atinge mais da metade da
correntes de posturas incômodas e da degeneração precoce dos
população trabalhadora em algum momento de sua vida laborativa e
discos intervertebrais pelo excesso de esforço físico.(8,7,15)
que, a cada ano, 2% a 5% dos trabalhadores de indústrias dos países ocidentais apresentam dor nas costas.
Estão também envolvidos no risco profissional as movimentações e posturas adotadas pelo trabalhador por exigência específica
Outro ponto importante é o fato de que a dor nas costas tem
da tarefa ou decorrentes de inadequações no ambiente de trabalho
gerado um aumento do absenteísmo e da incapacidade temporária
e/ou das condições de funcionamento dos equipamentos disponí-
ou permanente do trabalhador, com custo expressivo em tratamen-
veis, além das formas de organização e execução do traba-
to e
fisioterapia.(2,10-13)
* Mestre em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da
Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG).
** Doutora em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da
Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG).
79
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):79-84
lho.(1,7,8,16,17)
Endereço para correspondência:
Av. Prof. Alfredo Balena, 190 - sala 311
30130-100 - Belo Horizonte - MG
ESTUDO DA DOR NAS COSTAS EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
Entretanto, o tipo mais freqüente de dor nas costas tem caráter
Bulhões,(33) ao estudar os riscos do trabalho de enfermagem, in-
não específico, sendo decorrente de uma doença indeterminada e
cluiu, como fatores de penosidade, a carga física associada à pró-
associada freqüentemente com a postura, levantamento de objetos
pria atividade ou tarefa, as grandes distâncias a serem percorridas, o
pesados e movimentos lesivos de origem laboral ou não laboral.(8)
número de deslocamentos necessários, as posturas incômodas e a
Entre os movimentos lesivos de origem laboral podem ser des-
manutenção de determinadas posturas por períodos prolongados.
tacadas as posturas e movimentações adotadas pelo trabalhador,
Apontou, ainda, como principais efeitos da carga física, a fadiga e as
repetidamente, durante anos, que podem ter efeitos cumulativos em
lombalgias.
sua saúde, podendo afetar a sua musculatura e sua constituição os-
O diagnóstico mais comum para a dor nas costas, relacionada
teoarticular, principalmente a da coluna e a dos membros. Estas pos-
ao trabalho de enfermagem, é a distensão muscular originada do
turas e movimentações resultam, a curto prazo, em dores que se
manuseio de objetos pesados.(34)
prolongam além do horário de trabalho e, a longo prazo, podem resultar em lesões permanentes e
deformidades.(5,18)
Nestes casos, os sintomas costumam ser inespecíficos, tornando difícil o relacionamento temporal claro entre a ação física e o início
Diante da magnitude do problema, este estudo se propõe fornecer uma contribuição ao estudo da ocorrência de dor nas costas
em trabalhadores de enfermagem.
Objetivo
da dor, que pode ser aguda após a ocorrência de um evento traumático, ou insidiosa, freqüentemente associada a traumas cumulativos.(19)
Identificar as características da ocorrência de dor nas costas em
técnicos e auxiliares de enfermagem que executam, exclusivamente,
Sabe-se que o risco de dor é maior em certas ocupações, em
que a tarefa exige posicionamentos corporais específicos, favorecen-
tarefas de cuidado direto ao paciente internado em um hospital universitário de Belo Horizonte.
do a adoção de posturas incômodas, bem como o manuseio de
cargas, o que gera excesso de força compressiva nos discos inter-
Metodologia
vertebrais.(8,20)
Este assunto é bastante controverso no que se refere a medi-
Este estudo, descritivo e exploratório, foi realizado nas três uni-
das preventivas, e a eliminação de apenas um fator de risco tem
dades de internação de clínica médica (UI) de um hospital universitá-
conseguido, na prática, resultados apenas parciais, o que sugere a
rio em Belo Horizonte.
característica multifatorial da dor nas costas em trabalhadores.(1,21-26)
O posto de trabalho escolhido para estudo dentro das UI de clí-
A relação do homem com sua tarefa gera vários fatores que po-
nica médica foi a enfermaria, com o respectivo banheiro/sanitário, por
dem contribuir para a ocorrência de dor nas costas. Cada tarefa tem
ser o local onde as tarefas de cuidado direto ao paciente são desen-
exigências específicas de demandas físicas do trabalhador, e as
volvidas.
condições do ambiente onde o trabalho é realizado podem ter in-
A população participante neste estudo foi composta de 73 téc-
fluência importante na elevação ou queda dessas exigências. Assim,
nicos e 18 auxiliares de enfermagem das unidades de internação (UI)
a avaliação de condições específicas do trabalho envolvendo obser-
de clínica médica do hospital selecionado. A amostra compreendeu
vação e intervenção ergonômica por tarefa, vem sendo cogitada
70 técnicos e seis auxiliares de enfermagem que prestavam cuidado
como alternativa de solução para a dor nas
costas.(8,9,16,26-28)
direto ao paciente internado nas três UI, durante o período estabele-
Geralmente a prevenção e o tratamento estão baseados em
cido para a coleta dos dados. É importante ressaltar que nestas três
orientações de alinhamento corporal, de análise da força muscular,
UI o cuidado de enfermagem ao paciente internado é prestado, ex-
de flexibilidade e estabilidade das articulações, bem como de estratégias posturais mais favoráveis. Além disso, o trabalhador deve evitar movimentações bruscas e intempestivas que possam causar
desconforto à coluna vertebral.(5)
A OMS(8) incluiu a enfermagem entre as profissões nas quais indivíduos apresentam risco de desenvolver dor nas costas relacionada com o trabalho, por realizarem tarefas que requerem flexão e torção do tronco, posturas estáticas e manuseio de objetos pesados,
atividades que são apontadas como penosas.
O trabalho de enfermagem foi caracterizado como "pesado" por
exigir levantamento de peso, movimento que necessita de força física, inclinação e torção freqüentes do tronco, postura em trabalhos
estáticos e trabalho repetitivo.(29) Assim, a postura inclinada, a não
utilização de regras de biomecância corporal e o manuseio excessivo de cargas poderiam ser considerados como componentes das
clusivamente, por trabalhadores com qualificação formal para a execução das tarefas.
Foram realizadas entrevistas com os trabalhadores, seguindo
um roteiro pré- estabelecido que foi submetido a teste e validação
antes do início da coleta de dados. A variável, "referência de dor nas
costas" foi estudada segundo as seguintes variações: sofrer de dor
nas costas, apresentar dor nas costas às vezes, não apresentar dor
nas costas.
Os dados referentes a freqüência da dor, localização, tempo de
início da dor, alternativas de solução utilizadas pelos trabalhadores e
impressão pessoal sobre o motivo da dor foram coletados para caracterização da dor.
Para a análise dos dados, as informações coletadas foram organizadas e processadas em freqüências simples e percentuais.
Resultados e Discussão
condições de trabalho de enfermagem, com conseqüente desgaste físico dos trabalhadores nesse ramo, predispondo-os à dor nas
costas.(28,30-32)
Entre os 76 técnicos e auxiliares de enfermagem entrevistados
neste estudo, 56% referiram sofrer de dor nas costas, ou seja, con-
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):79-84
80
ESTUDO DA DOR NAS COSTAS EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
sideraram sofrer de dor crônica e 33% referiram ter dor nas costas
Quanto à localização da dor nas costas, foram encontrados os
maiores percentuais de referência de dor nas regiões lombar e cer-
às vezes (Figura 1).
vical (Figura 2).
11%
Sabe-se que os microtraumas nas costasSofriam
causados
dor pelo traba56%efeito cumulativo.
33%(1,6,18) Assim, pode-se considerar que as
lho têm
Sentiam dor as vezes
Tor cica
Sacral
pessoas que referiram sentir dor "às vezes" podem estar desenvolvendo lesões crônicas nas costas. Assim, aNegavam
partir dosdor
dados obtidos, tem-se 89% dos trabalhadores deste estudo com referência de
algum tipo de algia vertebral, em intensidades variadas.
Figura 1 - Distribuição da ocorrência de dor nas costas entre os trabalhadores
A comparação
resultados
deste
com os1996
resulde enfermagem
das UI entre
de umos
hospital
universitário
deestudo
Belo Horizonte,
tados encontrados por outros pesquisadores torna-se bastante difícil devido às diferentes metodologias utilizadas para a coleta e a análise dos dados. Embora estudos sobre prevalência, incidência e freqüência de dor nas costas não possam ser comparados em virtude
das diferenças conceituais destes parâmetros utilizados, pode-se
identificar através destes estudos a ocorrência de dor nas costas em
trabalhadores de enfermagem que atuam em ambientes e locais diferentes.
É importante ressaltar que alguns trabalhadores citaram mais de
Cervical
um local de dor. Segundo a OMS(8) e Couto,(9) os locais mais freLombar atingidos na coluna vertebral são exatamente as reqüentemente
giões lombar e cervical devido à mobilidade das estruturas com am0
10
20
30
pla movimentação das vértebras.
40
50
60
Porcentagem
Estes dados são corroborados
com outros
70
80
resultados,(34)
em
que
maior
percentual
de dor
também
foi na região
lombar.
Obs.:oTotal
de 43
trabalhadores.
Questão
com respostas
múltiplas
No que se refere ao tempo de duração das crises de dor nas
Figura 2 - Distribuição da localização mais comum da dor entre os trabalhadores de enfermagem das UI de um hospital universitário de Belo Horizonte
costas
apresenta
algumas
que referiram
"sofremresolução
de dor nas em
costas",
1996 horas ou, no máximo, de
costas, a maioria dos trabalhadores (87,8%) referiu que a dor nas
dois a três dias, e apenas 12,2% dos trabalhadores relataram crises
com duração superior a uma semana. Neste estudo, 70,7% dos trabalhadores que relataram a presença de dor nas costas alegaram
Entre os autores que realizaram estudos sobre a freqüência de
dor nas costas, encontrou-se referência a dor nas costas em 79%
de enfermeiros franceses.(34)
No que diz respeito à prevalência de dor nas costas em enfermeiros durante a vida laborativa, encontraram-se taxas de 77,9% em
que a mesma cede geralmente com o repouso. Estes dados estão
de acordo com a OMS,(8) que aponta a cura espontânea da dor em
aproximadamente 80% dos casos, mediante repouso.
Existe, também, a possibilidade de convivência com a dor crônica. Neste sentido, estudiosos franceses encontraram, entre os que
enfermeiros chineses,(35) e 74,4% entre enfermeiros norte-america-
referiam dor crônica, que 31,1% fizeram tratamento e 7,5% relataram
nos.(36)
conviver com a dor.(34)
No Brasil, um estudo realizado em um hospital de Salvador - BA,
As dores que permanecem por períodos prolongados acarre-
mostrou que as dores nas costas atingiam 50% dos enfermeiros e
tam, em sua maioria, faltas ao trabalho e licenças para tratamento de
70% dos auxiliares de enfermagem.(37) Em um hospital paulista en-
saúde.(38) Sabe-se que a dor lombar baixa é freqüente entre enfer-
controu-se referência de dor nas costas em 79% dos enfermeiros e
meiros e está relacionada com alto nível de absenteísmo ao traba-
96% de auxiliares de enfermagem e atendentes.(3)
lho.(39)
Com relação à prevalência da dor nas costas entre enfermeiros,
No que se refere ao absenteísmo causado por dor, 17,9% dis-
encontrou-se uma taxa de 52% de recaídas em seis meses(35) e pre-
seram já ter faltado ao serviço por este motivo e 19,1% entrou em li-
valência anual de 36,8%.(36)
cença médica para tratamento da dor nas costas.
Foram identificados no presente estudo 56% dos trabalhadores
Neste estudo, 34,3% dos trabalhadores que referiram sofrer de
com referência de dor crônica nas costas, sendo que 26,3% destes
dor nas costas recorreram à automedicação para alívio da dor. Cer-
referiram presença de dor constante.
ca de 16% dos que referem dor fazem uso da fisioterapia ou exercí-
Embora não haja possibilidade de fazer comparações, estes da-
cios específicos no combate à dor nas costas.
dos estão inferiores aos encontrados na literatura(13,34) onde foram
A despeito disso, aponta-se que a gravidade das lesões de
detectados 40% e 50% de trabalhadores de enfermagem que so-
quem necessita de tratamento especializado acarreta, em geral, lon-
friam de dor crônica ou dor recorrente nas costas, respectivamente.
gos períodos de afastamento.(13)
81
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):79-84
ESTUDO DA DOR NAS COSTAS EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
Quanto à percepção dos trabalhadores sobre as causas da dor,
das tarefas, não mostrou diferenças na ocorrência de dor quando se
a maioria dos trabalhadores (76,1%) acredita que a dor nas costas
levou em consideração o percentual apontado por outros estudos,
está relacionada com alguma situação em particular. Observa-se que
que incluíram em suas amostras trabalhadores atendentes de enfer-
as situações mais citadas pelos trabalhadores como causadoras da
magem.
dor nas costas foram: segurar peso (36%), esforço físico excessivo
Com isto, estes dados sugerem a participação de outros fato-
(30%), postura corporal (20%) e o próprio peso corporal (14%). Estas
res na ocorrência de dor nas costas, além da qualificação profissio-
causas foram citadas de forma geral e não apenas relacionadas ao
nal. As tarefas de cuidado direto de enfermagem ao paciente inter-
trabalho. Neste sentido, Rocha(4) identificou que o manuseio de pa-
nado e as características do ambiente onde estas tarefas são reali-
cientes, quando realizado com o tronco curvado, representa uma
zadas podem estar influindo no aumento do desgaste físico do tra-
importante causa de dor nas costas em trabalhadores de enferma-
balhador de enfermagem. A referência de 89% dos trabalhadores a
gem.
algum tipo de algia vertebral em intensidades variadas, pode estar
Em relação ao início da dor, 86,8% afirmaram que a dor apare-
sugerindo que algumas destas pessoas estão em processo de cro-
ce no retorno à casa, após o trabalho. Outros entrevistados relata-
nicidade da dor, o que pode prejudicar o futuro profissional desses
ram que, na maioria das vezes, a dor iniciava quando se deitavam
trabalhadores.
para dormir. Este dado mostra que a dor interfere no sono e repou-
Entende-se que a presença de dor durante a execução das ta-
sobre o re-
refas pode comprometer o desempenho profissional do trabalhador
so, fato que reforça as afirmações de
estudiosos(12,40-42)
flexo da dor na qualidade de vida das pessoas.
e que o fato de as dores se estenderem ao período pós-trabalho
Sabe-se, também, que a presença de outras doenças, princi-
pode estar comprometendo a vida pessoal e o repouso dessas pes-
palmente as infecciosas, tornam o indivíduo mais suscetível à dor nas
soas. A temática cresce em relevância na medida em que se identi-
costas.(8)
fica também que os trabalhadores recorrem à automedicação e às
Quanto ao fato de ser portador de alguma doença especí-
fica, 47% relataram doenças infecciosas, sendo 30% doenças inflamatórias, além de outros tipos de doenças que foram citadas em
menor proporção.
faltas ao serviço em decorrência da dor nas costas.
Assim, as alternativas para diminuição da ocorrência de dor nas
costas em trabalhadores não pode se restringir à eliminação de um
Esses dados sugerem a possibilidade de acesso precário des-
único fator de risco, mas sim buscar fatores nas interações que ocor-
tes trabalhadores aos serviços de saúde, o que pode, se confirma-
rem entre o homem, a tarefa e o ambiente de trabalho durante a exe-
do, estar comprometendo a manutenção da saúde destas pessoas
cução das tarefas para, a partir destes dados, tentar reduzir os fato-
e favorecendo a cronicidade de lesões.
res de aumento de carga física envolvidos.
Neste estudo, apenas 34,3% dos trabalhadores que referiram sofrer de dor nas costas recorriam à automedicação para alívio da dor.
Summary
Cerca de 16% dos que referem dor fazem uso da fisioterapia ou exercícios específicos no combate à dor nas costas.
The aim of this study is to identify the characteristics of the low
Dos trabalhadores entrevistados, 9% referiram ter alguma doen-
back pain occurrence in 70 technicians and 6 nursing aides that
ça diagnosticada na coluna vertebral. Os trabalhadores com doença
executed, exclusively, direct care to the inpatient of the three cli-
na coluna vertebral correspondem a seis trabalhadores, dos quais
nical units of an university hospital of Belo Horizonte. It was ob-
quatro com desvios na coluna, um com compressão de nervos e
tained 56% of the workers with reference of chronic pain in the
um outro com estreitamento congênito do canal cervical.
backs and 33% with pain reference with sporadic episodes. The
Os demais (91%) relataram não ter sido, até o momento, diagnosticada nenhuma doença na coluna vertebral.
Este resultado reforça a possibilidade de a dor estar relacionada
a fatores de risco pessoal e/ou profissional, não necessariamente
vinculado a patologias na coluna vertebral.
Assinala-se que a preocupação em minimizar a ocorrência de
dor nas costas em trabalhadores deve enfocar todas as possibilidades de redução de traumas repetitivos na coluna vertebral destas
pessoas.
Conclusões
Pelo exposto, conclui-se que a dor nas costas representa um
most frequent locations of pain went respectively to lumbar and
cervical, with resolution in 87,8% of the cases in less than one
week. It was verified that 92% of the workers denied disease
diagnosed in the spine, 76% related the pain occurrence to the
handle of loads and to the excess of physical effort. The results
suggest the gravity of this problem for the nursing and the need
of the detection of the several factors involved in the occurrence
of low back pain in these workers.
Key-words: Back Pain; Nursing Team; University Hospitals;
Working Risks.
Resumen
problema importante para os trabalhadores de enfermagem, mesmo
para os trabalhadores com qualificação profissional para o exercício
das tarefas.
Neste estudo, o percentual de referência de dor nas costas foi
semelhante ao encontrado na literatura brasileira sobre o tema. O fato
de o grupo estudado possuir qualificação formal para o desempenho
Este estudio tenía exclusivamente como objetivo identificaçión de las características de la ocurrencia de lombalgia en 70
técnicos y 6 auxiliares de enfermería que ejecutaron cuidado
directo al paciente internado en las tres unidades clínicas de
un hospital universitario de Belo Horizonte. Se obtuvo 56%
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):79-84
82
ESTUDO DA DOR NAS COSTAS EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
de los obreros con referencia de dolor crónico en las partes de
atrás y 33% con referencia de dolor con episodios esporádicos. Las situaciones más frecuentes de dolor fueron respectivamente, lumbar y cervical, con resolución en 87,8% de los casos en menos de una semana. Fue verificado que 92% de los
obreros negaron que la enfermedad con diagnostico en la espina, 76% relacionado la ocurrencia de dolor al manejo de
cargas y al exceso de esfuerzo físico. Los resultados hacen pensar en la gravedad de este problema por la enfermería y la necesidad del descubrimiento de los varios factores involucrados
en la ocurrencia de lombalgia en estos obreros.
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- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):79-84
84
ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995
THE STUDY OF THE ACTIVITIES OF EGRESSES OF SCIENTIFIC
INITIATION OF UFMG NURSING SCHOOL, FROM 1987 TO 1995
ESTUDIO DE LAS ACTIVIDADES DE LOS EGRESOS DE INICIACIÓN
CIENTÍFICA DE LA ESCUELA DE ENFERMERÍA DE LA UFMG, EN
EL PERIODO DE 1987 A 1995
LAÍSE CONCEIÇÃO CAETANO *
ANTÔNIA MATILDE MACIEL **
TÂNIA MARIA P. F. COSTA ***
ANATÉRCIA MUNIZ MIRANDA ****
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo verificar a contribuição da atividade de pesquisa ligada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal de Minas Gerais (PIBIC), na prática profissional do enfermeiro. Os resultados indicam que a maioria dos egressos do PIBIC não incorporou a atividade de pesquisa na prática profissional, ingressando no mercado de trabalho sem perspectiva de continuar o seu aperfeiçoamento através da pós-graduação, objetivo principal do PIBIC.
Palavras-chaves: Pesquisa em Enfermagem; Prática Profissional; Enfermagem; Escola de Enfermagem
P
rofissionais de enfermagem, mais especificamente líderes
Científica, que faz parte do programa de formação de recursos hu-
na profissão, vêm destacando a importância da pesquisa para
manos e fomento à pesquisa, desenvolvido pelas agências destina-
a construção do corpo de conhecimento, para o incremento na qualidade da assistência prestada e para a compreensão das diferentes
dimensões dessa profissão.
das ao financiamento da ciência e tecnologia no Brasil.(1)
Para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),(4) a finalidade da Iniciação Científica é despertar e in-
O ato de pesquisar em enfermagem vem crescendo. Tal fato
centivar vocações para as atividades de pesquisa científica ou tecno-
pode ser observado quando se volta a atenção para a história da pro-
lógica, propiciando o necessário treinamento, de modo a contribuir
fissão desde Florence Nightingale, mas, no Brasil, o papel do enfer-
para uma melhor qualificação do futuro profissional. Ela destina-se a
meiro como pesquisador é recente e necessita ser ativado para que
estudantes de cursos de graduação que se proponham participar,
o conhecimento oriundo das pesquisas se reverta em transformação
individualmente ou em equipe, de projeto de pesquisa desenvolvido
e mudanças para o ensino e para a assistência, como afirmam Trevi-
por pesquisador qualificado, que se responsabilize pela elaboração e
san e Mendes,(1) Polit e Hungler.(2)
implementação de um plano de trabalho a ser executado com a co-
Contudo, é preciso considerar que um pesquisador não se re-
laboração do candidato por ele indicado.
vela como um ser observador da realidade, questionador e criativo
Na Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Ge-
num dado momento de sua vida. É preciso estímulo, motivação e in-
rais (EEUFMG), desde a sua criação, o Núcleo de Assessoramento à
teresse, bem como orientação na fase de estudo e preparo para a
Pesquisa (NAPq) tem a função de assessorar a diretoria da escola e a
vida profissional. É preciso que a atividade de pesquisa esteja pre-
Pró-Reitoria da UFMG na área de pesquisa.
sente desde o início do contato com a profissão. Os problemas e as
Dentre os trabalhos que desenvolve, a atividade de pesquisa li-
indagações mostram a necessidade de mais dados, mais informa-
gada à Iniciação Científica se destaca pela importância do programa
ções para o encontro das soluções e respostas às indagações.
na formação universitária, bem como pelas atividades de produção
Souza e Gutierrez(3) assinalam que se devem formar enfermeiros
científica desenvolvidas pelo corpo docente.
com espírito observador, crítico e inquiridor desde o primeiro ano do
Pelos dados do arquivo do NAPq, até o ano de 1987 nenhum
curso de graduação, e que o professor deve ser exemplo em seu
trabalho de pesquisa foi realizado por aluno sob orientação de pro-
trabalho docente. Nesse sentido, o compromisso de ensino nos cur-
fessor. Somente em 1987 é que foram elaborados trabalhos de alu-
sos de graduação com o enfermeiro do futuro é evidente, e a opor-
nos da escola, inscritos no Programa Institucional de Bolsas de Ini-
tunidade de se iniciar em pesquisa pode-se dar pelo próprio currícu-
ciação
lo, mas também pela atividade extracurricular, através da Iniciação
(PIBIC/ PROBIC).
Trabalho realizado com o apoio da PRPq/UFMG e do CNPq.
* Enfermeira, Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem - UFMG.
** Enfermeira Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Básica da
Escola de Enfermagem - UFMG - Coordenadora do NAPq EEUFMG.
*** Enfermeira Professora Auxiliar do Departamento de Enfermagem Básica da
Escola de Enfermagem - UFMG.
85
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
Científica,
convênio
UFMG/CNPq
**** Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem / UFMG - Bolsista do PIBIC /
97-98.
Endereço para correspondência:
Rua Anhangai, 399 - Caiçara - Belo Horizonte
30770-390 telefone: 464-80-13.
ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995*
Os dados registrados no NAPq mostram que entre 1988 e
1990 a escola não participou do programa, porém, a partir de 1991,
houve um incremento do número de bolsas de Iniciação Científica
concedidas à escola. Isto pode ter ocorrido pela implantação do Curso de Pós-Graduação — nível mestrado —, quando então pode-se
atuar em pesquisas desenvolvidas pelos mestrandos na Escola de
Enfermagem da UFMG em 1994.
Desde 1987 até 1995, 34 alunos foram bolsistas de Iniciação
Científica, e durante 10 anos participaram de projetos de pesquisas
ou elaboraram seus projetos, tendo a oportunidade de aprender a
pesquisar. Hoje, são profissionais que devem estar atuando na prática assistencial e, possivelmente, na área de ensino.
Hull(5) afirma que os enfermeiros devem ser encorajados a fazer
pesquisas e a utilizar os resultados destas para implementar a prática, que, hoje, não constitui mera atuação técnica, sem base fundamentada e sem corpo de conhecimentos específicos de enfermagem. Pela evolução do conhecimento, o objetivo do trabalho em enfermagem, o "cuidar", encontra-se imbuído de princípios científicos,
conceitos e teorias que direcionam a ação do enfermeiro. Porém,
transformações de ordem política, social, econômica e cultural são
constantes no ambiente interno e externo do homem, e a enfermagem deve cuidar dele e assisti-lo para assegurar um nível ótimo de
saúde. Acompanhar as mudanças e implementar as inovações diante da necessidade instalada requer novos estudos e dados que revelam a nova realidade, para então, direcionar-se o trabalho a ser
efetuado.(6)
Este é o primeiro estudo realizado pelo NAPq da Escola de Enfermagem da UFMG (EEUFMG), nestes 10 anos de trabalho com o
Programa de Bolsas de Iniciação Científica. Trata-se da contribuição
do programa à realização de pesquisa na prática profissional dos enfermeiros, ex-bolsistas do PIBIC/CNPq. Suas informações têm, portanto, grande significado para orientar e dimensionar o que foi feito
até o momento, o que deverá ser feito em breve e num futuro mais
distante.
O objetivo deste trabalho é verificar que contribuição a atividade
de pesquisa ligada ao PIBIC/PROBIC tem proporcionado ao enfermeiro para a realização de pesquisa na profissão, se a pesquisa está
sendo realizada segundo as atividades profissionais dos enfermeiros
e conhecer se há perspectiva futura desses egressos quanto à realização da pós-graduação em enfermagem.
por entender-se que, acima de um período de um ano ou mais de
atuação profissional, os enfermeiros já têm possibilidade de atuar
com maior segurança, tendo ainda maior probabilidade de detectar
condições ou situações que suscitem a realização de pesquisa.
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário com perguntas abertas e fechadas (Anexo). Foi decidido, num primeiro momento, que estes seriam enviados pelo correio. Os endereços dos exbolsistas, a princípio, seriam pesquisados na seção de ensino da
EEUFMG, porém, a pesquisa não foi possível, porque os endereços
estavam desatualizados. Recorremos, então, ao Conselho Regional
de Enfermagem (COREN-MG), para a localização dos ex-bolsistas.
Por norma interna, o COREN-MG não divulga endereços dos enfermeiros cadastrados, mas, para nos ajudar, enviou os questionários
como correspondência do próprio Conselho.
No início de junho de 1997, os questionários foram enviados
com um prazo de trinta dias para o retorno das respostas, mas não
foi atingido o percentual esperado. Novos questionários foram enviados prorrogando o prazo para devolução até o final de julho de 1997,
quando, então, obtivemos um retorno de 60%.
A análise dos dados iniciou-se com a tabulação e a apresentação destes em quadros e tabelas. Fez-se a análise quantitativa com
a freqüência e o percentual das variáveis estudadas e relações simples entre variáveis que se mostraram de interesse no estudo.
Resultados e Discussões
Realizada a coleta dos dados, fez-se a construção de tabelas,
que serão apresentadas nesta seção.
Dos 18 respondentes, todos estão trabalhando em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, nas áreas hospitalar e de saúde
pública, e no magistério. Uma enfermeira informou-nos que trabalha
em laboratório de análises clínicas, e apenas um questionário foi devolvido em branco (Tabela 1).
Metodologia
O trabalho de pesquisa aqui efetuado é do tipo descritivo. Segundo Gil,(7) a pesquisa do tipo descritiva tem como objetivo a descrição
de características de uma determinada população ou fenômeno, podendo ainda identificar relações entre variáveis. No estudo em tela foi
possível obter, através dos objetivos traçados, uma visão geral da
atuação dos ex-bolsistas, na atividade profissional, quanto à realização de trabalhos de pesquisa.
A hipótese formulada foi a de que os conhecimentos adquiridos
pelo bolsista de Iniciação Científica e aluno do curso de graduação
contribuíram para o início da atividade de pesquisa na prática profissional, através do despertar do espírito crítico com interesse para elucidar fenômenos com aspectos ainda desconhecidos.
A população constituiu-se de 30 ex-bolsistas inscritos no NAPq
da EEUFMG até 1995. Foram incluídos os ex-bolsistas até esse ano
Os enfermeiros egressos de BIC/UFMG estão atuando na área
Tabela 1 - Egressos de BIC/UFMG segundo a área de atuação hospitalar
(54,2%),
e na área de saúde pública (25,0%). Os setores
Belo Horizonte,
1997
dos hospitais em que atuam estão assim discriminados: centro de
Áreas
Freqüência
tratamento intensivo (23%), unidade de internação (15,4%), materniNúmero
%
dade (30,8%), geriatria e reabilitação (7,7%), ortopedia e reabilitação
Hospitalar
13
54,2
(7,7%),
clínica médica (7,7%) e centro de hemodiálise
(7,7%).
Saúde
pública
6
25,0 por
Esses resultados, quando comparados àqueles encontrados
Magistério
3
(8)
a maioria
Castellanos em São Paulo, se aproximam, uma vez que12,5
Outros
1
4,2
dos
enfermeiros (70,4%) trabalha na rede hospitalar.
SemQuanto
resposta
1 atuam em centros
4,1 de
à área de saúde pública (25,0%),
Total
24
100
saúde, postos de saúde e no Programa Saúde da Família. Não en-
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
86
ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995*
contramos na literatura pesquisada dados que pudessem explicar
tituição, devido à natureza e características de trabalho do enfermei-
essa diferença bem significativa, porém, se refletirmos sobre o mo-
ro.
delo vigente no país em relação à atenção à saúde, encontraremos
Esses resultados estão confirmados no estudo realizado pelo
dados que comprovam ser a prioridade dos programas de saúde,
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)(11) em 1986: "A En-
há várias décadas, a assistência curativa, em detrimento da assistên-
fermagem centraliza sua atenção no cuidado direto ao pa-
cia preventiva. Além disso, os currículos dos cursos de enfermagem
ciente, e o enfermeiro tem a responsabilidade pela coordena-
estão também voltados para assistência na área curativa, motivo por
ção do trabalho, junto a outros membros da equipe de saúde,
que os egressos de BIC/UFMG se concentram na área hospitalar.
visando assistência integral ao cliente quando hospitalizado".
Na área de ensino, os egressos estão atuando no magistério,
em níveis médio e superior.
Em enfermagem, os profissionais podem atuar em dois ou mais
serviços, devido à flexibilidade de carga horária semanal de trabalho.
Também, pelas características das atividades destacadas pelos
egressos, podemos afirmar que estão atuando em educação continuada, quando descrevem as atividades referentes a treinamento e
reciclagem do pessoal de enfermagem.
Assim, como se pode verificar na Tabela 1, houve um aumento de
Na área de saúde pública, que corresponde a 25% dos egres-
18 para 23 respondentes, isto porque cinco deles atuam ao mes-
sos conforme a Tabela 1, estes enfermeiros estão desenvolvendo as
mo tempo em duas áreas.
seguintes atividades: puericultura (quatro); grupos operativos - hipertensos, diabéticos e gestantes (quatro); consulta de enfermagem
(três); administração e supervisão de enfermagem (três); acolhimento (dois); pré-natal (dois) e visita domiciliar (um). Apenas uma informou
atuar em laboratório de análises clínicas, realizando atividades como
enfermeira de triagem clínica de doadores de sangue. A atuação dos
egressos na área de saúde pública se traduz por uma diversidade
de atividades, dentre as quais se destaca o atendimento direto ao
público, diferente das atividades realizadas na área hospitalar, na qual
predominam as atividades mais ligadas à administração. A possibilidade de realização de um trabalho direto com a clientela poderia, por
si só, favorecer a aplicação de resultados e a realização de pesquisas.
Castellanos,(8) quando estudou a relação entre a pesquisa e a
O tempo de atuação dos profissionais enfermeiros no mercado
de trabalho
2, indicasegundo
que a maioria
responTabela
2 - conforme
Egressos adeTabela
BIC/UFMG,
tempo dos
de atuação
profissional
- Belo
Horizonte,
1997
dentes (83%)
encontra-se
nos
intervalos entre zero e 48 meses, ou
seja, com
quatrodeanos
de trabalho, tempo que
consideramos sufiTempo
atuação
Freqüência
ciente para a(meses)
aquisição de experiência da
prática
Númerosprofissional.
% A dedicação à prática profissional logo após o término do curso de gra0 - 24
7
38,9
duação é explicada por Boemer,(9) quando afirma:
25 - 48
8
44,5
o curso
49 -"Os
72 profissionais de enfermagem, ao
1 terminarem 5,5
de
graduação,
demonstram
uma
avidez
por
desempenha73 - 96
1
5,5
a prática como forma de complementar
os conheciSemrem
resposta
1
5,5
Totalmentos que durante o curso não tenham
18 encontrado
100espaço para consolidação."
Os 27% restantes têm atuação acima de quatro anos de trabalho.
prática de enfermagem no setor saúde, menciona a importância da
pesquisa em enfermagem no cotidiano de trabalho do enfermeiro,
destacando pontos em que a enfermagem, para se desenvolver, necessita da pesquisa:
"Aprofundar conhecimento e atender as necessidades da
clientela, de forma global; adquirir corpo de conhecimentos
próprios adequado às necessidades do campo, do ensino
e da realidade nacional além de possibilitar a melhoria da
qualidade da assistência, estimulando a reflexão quanto à
forma de trabalho, à função e ao ser enfermeiro."
Concordamos com Castellanos(8) quando afirma que a prática
de pesquisa na enfermagem brasileira ainda é insuficiente para ajudar a resolver os problemas dessa área, no entanto, podemos afirmar também que a introdução das atividades de pesquisa no curso
de graduação em enfermagem no Brasil é muito recente.
Em relação à questão 3 do questionário que se refere às atividades realizadas pelos egressos conforme a área de atuação, obtivemos os seguintes resultados.
Na área hospitalar, que corresponde a 50% dos egressos conforme a Tabela 1, eles nos informaram que exercem as seguintes atividades: supervisão de enfermagem (oito); coordenação de enfermagem (oito); assistência direta ao cliente em maternidade, centro
de tratamento intensivo, unidade de tratamento intensivo, centro cirúrgico e unidade de internação (oito); treinamento e reciclagem do
pessoal de enfermagem (seis); controle de infecção hospitalar (um).
Embora sejam apenas 13 egressos na área hospitalar, a atuação de-
Os resultados da Tabela 3 mostram o comportamento dos en-
les nos serviços pode ocorrer em mais de uma área na mesma ins-
fermeiros egressos de BIC/UFMG quanto à inclusão da atividade de
87
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995*
pesquisa na prática profissional. Percebe-se que a maioria não incor-
crescimento profissional. Os empecilhos ainda estão na alta rotativi-
porou essa atividade como prática no serviço, uma vez que 55,6 %
dade dos enfermeiros nos serviços, na inconstância de suas ativida-
informaram não realizar pesquisa, enquanto apenas 38,9 % já reali-
des pela mudança de turno, na sobrecarga de atividades e na falta
zaram. Dos sete egressos que já realizaram pesquisa no trabalho,
de conhecimento sobre a metodologia de pesquisa associada à fal-
como enfermeiros, grande parte concentra-se naqueles que atuam
ta de espaço físico, bibliotecas para consultas nos serviços de saú-
Tabela
- Egressos
de BIC/UFMG,
segundo
atuação
atividade
na rede 3hospitalar,
e quatro
respondentes
explicam
queem
a finalidade
de pesquisa
profissional
- Belo Horizonte,
1997 ao cliente.
da
pesquisa na
foi prática
para melhoria
da assistência
prestada
de. Ocorrem ainda limitada participação dos profissionais nos progra-
Dos três enfermeiros
dois afirmaram %
que a fiAtuação que atuam no ensino,
Números
nalidade da pesquisa foi a atualização do conhecimento, e dos enSim
7
38,9
fermeiros da área de saúde pública apenas um realizou pesquisa
Não
10
55,6
com a finalidade de elaboração de monografia do curso de espeSem resposta
1
5,5
cialização de saúde pública.
Total
18
100
Quanto à inclusão de pesquisa na prática profissional, Boemer(9)
meiros assistenciais para a realização de pesquisa.
ressalta que quando os profissionais de enfermagem se sentem se-
da ao cliente.
mas de educação continuada e obstáculos à qualificação dos enferJulgamos ser urgente a mudança de postura dos profissionais
de enfermagem. Os obstáculos não devem ser considerados impossíveis de serem contornados. Nosso trabalho mostra que, mesmo em pequeno número, profissionais enfermeiros, atuando em área
hospitalar, realizaram pesquisa para a melhoria da assistência presta-
guros, "dominados na prática", na sua área de atuação, esta prática
se esvazia e passa a não lhes trazer satisfação em termos de realização profissional. Nesse momento, inicia-se um processo de reflexão e análise do seu trabalho, que culmina com a identificação da
necessidade de manter-se atualizado de forma mais científica, através da sistematização dos seus conhecimentos.
Para aqueles que não realizaram pesquisa, os motivos alegados
foram variados, e se relacionam mais com fatores externos ligados
ao trabalho e não ao interesse pessoal.
Os 10 enfermeiros que não realizam pesquisa no campo de
trabalho justificaram suas respostas alegando falta de tempo(3) e fal-
É interessante observar, pelos resultados da Tabela 4, que, em-
ta de apoio e estímulo da instituição em que trabalham.(2) Os demais
bora a maioria dos egressos não tenha incorporado na prática pro-
alegaram falta de idéia e tempo, falta de oportunidade, problemas
fissional a realização de pesquisa, aproximadamente 89% afirmam
particulares e outras prioridades no serviço.
aplicar no seu trabalho os conhecimentos adquiridos como bolsistas
Lopes,(10) quando estudou a aplicação de resultados de pesqui-
de Iniciação Científica. Contudo, na forma de aplicação desses co-
sas na prática da enfermagem no Brasil, afirmou que "o Enfermei-
nhecimentos adquiridos, parece faltar sistematização e comunicação
ro tem um potencial para atuar como agente de mudança e
de seus resultados, o que deveria ser feito para auxiliar na constru-
sendo ele o responsável pelas atividades desenvolvidas na
ção do corpo de conhecimento específico da enfermagem.
Os egressos descreveram que os conhecimentos foram aplicados na melhoria à assistência; no trabalho em equipe; na construção
Tabela
4 - Egressos
de crítica
BIC/UFMG,
segundo
a aplicação dos
conde
monografias;
na visão
da prática
de enfermagem;
no trabahecimentos adquiridos como bolsistas, na vida profissional Belo
lho com grupos operativos; na organização de serviço; na realização
Horizonte, 1997
de projetos; no treinamento de pessoal; na publicação de matérias
Aplicanaconhecimentos
Número
% traem jornais;
realização de pesquisa e na
valorização de outros
balhos
científicos.
Sim
16
88,9
Não Apenas um respondente afirmou que na
1 vida profissional
5,5 não
aplica
os
conhecimentos
adquiridos,
como
bolsista
de
Iniciação
Sem resposta
1
5,5
Científica e justifica que "o assunto então pesquisado não condiz
Total
18
100
com o trabalho que realiza". Isto para nós é um ponto de reflexão
importante, pois sabemos que todas essas atividades listadas pelos
egressos de BIC/UFMG são incorporadas no processo de trabalho
da enfermagem, e, se o enfermeiro começar a refletir sobre essa
prática e estiver disposto a modificá-la, estará se aproximando de
uma realidade em que a estratégia para fazer a mudança será a atividade de pesquisa. É interessante notar que todos parecem se sentir seguros para lidar com a pesquisa, e apenas um egresso coloca
dúvidas no seu aprendizado como bolsista de Iniciação Científica.
sua área, poderá acompanhar, estimular, orientar e cobrar a
aplicação prática das pesquisas". Para ele, a utilização dos resultados de pesquisas na prática da enfermagem vai ajudar a criar padrões de referência, estabelecer indicadores que possibilitem a avaliação do desempenho profissional e da assistência prestada. Analisando os resultados dos nossos respondentes, percebemos que,
embora seja pequeno o número de enfermeiros egressos de
BIC/UFMG que utilizam a pesquisa na sua prática profissional, a
preocupação principal desses pesquisadores é com a "melhoria
da assistência prestada ao cliente", estando estes atuando na
rede hospitalar.
Os motivos alegados pelos egressos que não pesquisam estão
muito próximos dos resultados de outros trabalhos, como o de Castellanos,(8) em que enfermeiros mostram ter as mesmas dificuldades
apontadas em nosso estudo. A referida autora encontrou também
outros motivos, como falta de hábito de reflexão sobre o trabalho diário, condições de trabalho e remuneração, na maioria da vezes péssimas, e desestímulo para realizar qualquer atividade que extrapole
sua rotina diária de trabalho, o que para nós indica ser acomodação
do profissional.
Lopes(10) identifica outros fatores que limitam o desenvolvimento
da pesquisa no campo da enfermagem. Há desinteresse da instituição empregadora em que o enfermeiro faça pesquisa, o que limita o
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
88
ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995*
Deve haver empenho por parte dos professores na orientação
de alunos interessados na realização do próprio projeto e desenvolvimento da pesquisa e apoio para a apresentação dos trabalhos em
eventos científicos, bem como para a publicação desses trabalhos.
O terceiro aspecto refere-se à atividade profissional e às condições de trabalho nas instituições de saúde. Condições favoráveis à
Os resultados da Tabela 5 demonstram que 50% dos egressos
não cursam pós-graduação, porém todos pretendem fazê-lo um dia,
dando continuidade à sua formação, com ampliação dos conhecimentos que podem consolidar a sua atuação na prática profissional.
Quanto ao ensino da pesquisa, é importante ressaltar que o
PROBIC/PIBIC é uma iniciação à pesquisa; o programa oferece um
primeiro contato do aluno com o ato de pesquisar e este pode estimulá-lo a continuar nesse caminho, mas é preciso interesse, afinidade, bastante estudo e perseverança por parte do iniciante.
Neste trabalho, após a análise dos dados e apreensão da realidade que nos cerca, foi possível perceber que não podemos esperar uma atuação ampla dos egressos em pesquisa. O ensino atual
Tabela 5 - Opinião dos egressos da BIC/UFMG quanto à realização
ainda leva à realização de pesquisa sem um vínculo forte e consolide curso de pós-graduação Belo Horizonte, 1997
dado com a prática profissional. O aluno inicia o estudo cursando
Fez curso de
Freqüência
metodologia
de Pós-graduação
pesquisa, onde aprende a fazer
somente o projeto.
Número
%
Depois, de acordo com seu interesse, procura
programas institucionais
Sim de pesquisa, onde trabalha em projetos8 de professores
44,5que já
têm
do aluno,50,0
atuação
Não o objetivo de estudo definido. Há, por parte
9
mais
freqüente na coleta e na análise de dados
Em branco
1 sem vivenciar
5,5o processo
forma integral.100
Total de trabalho e estudo da pesquisa de18
pesquisa na prática profissional não são encontradas na maioria dos
locais de trabalho. Porém, mesmo levando em consideração esse
significativo fator de limitação à pesquisa, dados nos mostram que há
um certo comodismo e imobilidade por parte do enfermeiro.
Para tal atividade, falta-lhe um planejamento adequado do seu
trabalho, com estabelecimento de prioridades e reflexão quanto às
mudanças e inovações necessárias ao desenvolvimento da prática,
bem como à aquisição de novos conhecimentos.
Ao participar do PIBIC, o aluno pode iniciar seu trabalho com
pesquisa, porém é preciso continuar seu aprendizado através de atividades curriculares e extracurriculares durante o curso de graduação. A busca de apoio e de ajuda de enfermeiros pesquisadores em
grupos de pesquisa deve ser considerada tanto pelo graduando
quanto pelo enfermeiro em sua atividade profissional, porém é imprescindível o aprimoramento através de cursos de pós-graduação.
A hipótese instituída no trabalho não foi confirmada pelos dados
obtidos e, no que diz respeito ao ensino, é preciso realizar mudanças desde a forma de seleção dos candidatos ao PIBIC até a forma
de trabalho e orientação dos alunos. É necessário implementar medidas para dar respostas aos nossos objetivos quanto à formação
Considerações finais
do enfermeiro, levando-o a ser um profissional crítico e comprometido com a realidade social com a qual vai trabalhar.
O estudo realizado mostra que a maioria dos egressos de PIBIC/UFMG não realiza pesquisa na sua prática profissional. Eles utilizam no trabalho os conhecimentos adquiridos, enquanto bolsistas
do PIBIC, de forma não sistemática e descontínua, assimilando o
modelo e a dinâmica de trabalho que o mercado e as instituições de
saúde possuem.
Summary
This study was done to verify the contribution of the research activity, linked to the Institutional Program of Scholarship of Scientific Initiation of the Federal University of Minas Gerais (PIBIC), in
A maioria não deu continuidade aos estudos nos cursos de
the professional practice of the nurse. The results indicated that
pós-graduação, o que limita de forma contundente a formação e o
most of the egresses of PIBIC didn't incorporate the research ac-
preparo do enfermeiro pesquisador.
tivity in the professional practice and that entered in the labor
Há que se considerar três aspectos importantes para a presença do enfermeiro pesquisador na prática profissional. O primeiro rela-
market without perspective of continuing its improvement
through to masters degree, that is the main objective of PIBIC.
ciona-se com as características pessoais do indivíduo. É preciso ter
interesse, afinidade, paciência, ser perseverante, bastante estudioso
Key-words: Nursing Research; Professional Practice; Nursing;
e dedicado aos propósitos estabelecidos em um trabalho de pesqui-
Nursing Schools
sa, e nem sempre os estudantes e profissionais de enfermagem têm
essas características.
Resumen
Quanto ao segundo aspecto, o ensino de pesquisa nos cursos
de graduação, é preciso repensar e mudar a forma de ensinar a pesquisar. É importante, e também básico, o ensino da metodologia de
pesquisa, mas é necessário que o aluno vivencie a prática da pesquisa durante o seu curso. Deve-se dar ênfase aos dados e achados de pesquisas já realizadas em enfermagem e outras áreas durante todo o curso. O aluno deve, freqüentemente, verificar que esses dados servem como base para estudo, para tomada de decisão e intervenção na atividade prática de enfermagem. Assim, ele
aprenderá a verificar a aplicabilidade das pesquisas na prática profissional.
89
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
El presente estudio tuvo como objetivo constatar si el participación de estudiantes de enfermería en el Programa de
Iniciación Científica de la Universidad Federal de Minas
Gerais, contribuyó en la realización de investigación en su
práctica profesional. Los resultados indicaron que la mayoria de los egresados del PIBIC no incorporó esa actividad en
la práctica profesional y de esta manera entraron en el mercado de trabajo sin la perspectiva de realizar estudios de
post-graduación, el cual es el objetivo principal del PIBIC.
ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995*
Unitermos: Investigacion en Enfermeria; Practica Professional; Enfermeria; Escuelas de Enfermeria.
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1994:43-51.
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11 - Conselho Federal de Enfermagem. O exercício de enfermagem nas instituições de saúde do Brasil: 1982 - 1983. Rio de Janeiro, 1986. v.2: 73107.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
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ESTUDO DAS ATIVIDADES DOS EGRESSOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG,
NO PERÍODO DE 1987 A 1995*
Anexo
Caro colega,
Preencha o formulário abaixo, conforme sua situação atual:
1- Como enfermeiro, você trabalha em instituição ligada à área de:
Hospitais - Setor de ______________________________________
Saúde Pública - Setor de _________________________________
Magistério:Ensino nível médio
Ensino nível técnico
Ensino nível superior
Outros (especificar)
2 - Há quanto tempo você trabalha como enfermeiro(a)? (Especificar em anos e meses)
3 - Citar as atividades que você realiza como enfermeiro(a) no seu trabalho.
4 - Você realiza ou já realizou pesquisa no seu trabalho?
sim
não
Caso sua resposta seja positiva, com que finalidade?
Caso sua resposta seja negativa, por quê?
5 - Foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos, como bolsista de Iniciação Científica, na sua vida profissional?
Sim, como?
Não, por quê?
6 - Você fez ou pretende fazer curso de pós-graduação?
91
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):85-91
PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
STUDENT’S PERCEPTION ON THE TEACHING ABOUT NURSING
THEORIES IN AN UNDERGRADUATE COURSE
PERCEPCIÓN DE ALUMNOS SOBRE LA ENSEÑANZA DE TEORÍAS
DE ENFERMERÍA EN UN CURSO DE GRADUACIÓN
MIGUIR TEREZINHA V. DONOSO *
ANTÔNIA MATILDE MACIEL **
TÂNIA COUTO MACHADO CHIANCA ***
RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo exploratório para identificar a percepção dos discentes do Curso de Graduação Enfermagem da EEUFMG acerca da
abordagem no ensino das teorias de enfermagem, com o objetivo de subsidiar reflexões sobre o tema. Os discentes entrevistados classificaram o ensino como descontínuo e inadequado. No entanto, reconhecem que a utilização de teorias de enfermagem no ensino e na prática pode melhorar a qualidade da assistência prestada ao indivíduo, família e comunidade.
Palavras-chaves: Estudantes de Enfermagem; Teoria de Enfermagem; Educação em Enfermagem, Percepção
O
s enfermeiros vêm tentando construir um corpo de
conhecimentos próprio para ser utilizado pela enfermagem
na prestação da assistência ao cliente. De acordo com Chinn & Kramer,(1) Florence Nightingale foi a primeira enfermeira a estabelecer um
modelo de educação formal para as enfermeiras basearem sua prática. O tipo de conhecimento valorizado na enfermagem tem sofrido
mudanças ao longo das décadas desde Florence, até alcançar o
que lhe é atribuído atualmente. Consideramos importante assinalar
que:
"...a uma fase de experiências rudimentares, guiada pela luz
da arte e marcada pelo subjetivismo decorrente da posição
do observador, foram e estão sucedendo outras, em que os
aspectos da realidade registrados pelos sentidos estão profundamente envolvidos em identificar as próprias bases do
conhecimento, gerando conceitos, princípios e teorias específicas à enfermagem".(2)
na tentativa de que sejam adotadas, servindo de referencial para a
enfermagem na assistência ao indivíduo, à família e à comunidade.
Horta(3) relembra que na década de 60 surgiram as primeiras teorias
de enfermagem, e que estas procuravam relacionar fatos, guiar decisões sobre o que questionar e diagnosticar, como intervir, o que
avaliar, enfim, estabelecer bases para uma ciência da enfermagem.
Devemos considerar o fato de que, à teoria das Necessidades
Humanas Básicas é intrínseca a sistematização da assistência, através do modelo de processo de enfermagem preconizado por Horta.(3)
Stanton et al(4) consideram que o processo de enfermagem
constitui o esquema subjacente que proporciona ordenamento e direcionamento ao trabalho do enfermeiro. Para a utilização profícua do
processo de enfermagem, um profissional necessita aplicar conceitos e teorias. O uso da teoria, como estrutura, orienta e guia a prática da enfermagem.
Percebemos ser inegável e amplo o avanço da enfermagem, no
que se refere à prestação de cuidados fundamentados em princípios
"As teorias de enfermagem e a teorização em enfermagem
científicos. Porém, a aceitação da enfermagem como ciência ainda
têm sido glorificadas, minimizadas, diminuídas e mistifica-
vem sendo uma das preocupações de teóricos enfermeiros, ressal-
das. Há aqueles que dizem que os enfermeiros não podem
tando aqueles atuantes nas áreas de ensino e pesquisa. Neste con-
desenvolver teorias, outros dizem que a enfermagem é prá-
texto, cresce a necessidade de construção de um corpo de conhe-
tica e não suscetível à teorização, e ainda outros que expu-
cimentos específicos da profissão. Ao nosso ver, as teorias de enfer-
seram teorias de outras disciplinas, como as bases para a
magem constituem-se num instrumento utilizado para orientar e guiar
enfermagem".(5)
a prática da enfermagem na busca desta especificidade.
Desde a década de 50, estudiosas de enfermagem, principalmente as americanas têm formulado teorias e modelos de atuação
* Enfermeira. Docente do Departamento de Enfermagem Básica (ENB) da
EEUFMG. Mestranda em Enfermagem.
** Enfermeira. Docente do ENB da EEUFMG. Mestre em Enfermagem.
*** Enfermeira. Docente do ENB da EEUFMG. Doutora em Enfermagem.
Endereço para correspondência:
As opiniões são muitas e, às vezes, divergem entre si. Entretanto, acreditamos que as teorias de enfermagem ainda precisam dar
grandes passos para integrarem-se à prática rotineira da profissão,
Rua Alfredo Balena, 190
Escola de Enfermagem da UFMG - Santa Efigênia
30130-100 - Belo Horizonte - MG
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):92-97
92
PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
pois devem ser vistas como um instrumento metodológico que pode
como identificar a importância atribuída pelos mesmos ao estudo
orientar e guiar a prática.
dessas teorias.
Torres(6) ressalta ser importante a compreensão sobre o modo
como a teoria, a pesquisa e a prática relacionam-se entre si, e como
Metodologia
cada uma apóia a outra. As teorias conduzem a proposições que
precisam ser testadas.
O tipo de formação profissional adotada por escolas de enfer-
O presente estudo, do tipo descritivo exploratório, realizou-se na
EEUFMG, em Belo Horizonte.
magem constitui um aspecto decisivo na determinação do tipo de
A população constitui-se de discentes matriculados em discipli-
assistência a ser prestada. Relembramos que, quando discentes,
nas do ciclo profissional do Curso de Graduação em Enfermagem
nosso contato com as teorias de enfermagem deu-se num único
dessa escola, pertencentes ao antigo currículo e que estavam cur-
momento, quando iniciamos o conteúdo profissionalizante do curso.
sando entre o quinto e oitavo semestres no período de coleta de da-
Nesta fase, não conseguíamos avaliar a dimensão da enfermagem
dos, num total de 170 indivíduos.
como profissão, o que dificultou a compreensão do que vinha a ser
Foi elaborado um questionário contendo perguntas abertas e fe-
uma teoria de enfermagem. No decorrer do curso, não houve mais
chadas sobre o assunto, o qual constitui-se no instrumento para
abordagens significativas acerca das teorias, determinando um es-
nossa coleta de dados (Anexo 2). Este foi avaliado por dois enfermei-
quecimento das teorias estudadas. Em conseqüência disso, mais
ros especialistas e validado com 10 discentes quanto à apresenta-
tarde, no âmbito profissional, não houve tentativa alguma de aplica-
ção e conteúdo. Esses discentes não fizeram parte da amostra es-
ção de teorias de enfermagem na assistência prestada aos clientes.
tudada.
Atualmente, como docentes, talvez estejamos repassando aos
Distribuímos 170 questionários e obtivemos um retorno de 89
alunos nossas idéias adquiridas anteriormente, no que se refere às
(52%). Os dados foram tabulados manualmente, utilizando-se fre-
teorias de enfermagem. Para uma melhor compreensão do assunto
qüências absolutas e relativas para sua apresentação, análise e dis-
em questão, apresentamos um breve histórico do conteúdo minis-
cussão.
trado sobre o mesmo, especificamente na Escola de Enfermagem
da Universidade Federal de Minas Gerais - EEUFMG.
Resultados e discussão
Em 1981, com a implantação de um currículo novo na
EEUFMG, a antiga disciplina Métodos e Técnicas foi substituída pela
Perfil dos discentes
disciplina Fundamentos de Enfermagem. Nesta foi incluído o ensino de teorias de enfermagem e passaram a ser abordadas as teorias Sinergística, Holística, Homeostática, da Adaptação e das Necessidades Humanas Básicas (Anexo 1).
O marco referencial da disciplina Fundamentos de Enfermagem foi a teoria das Necessidades Humanas Básicas, da professora Wanda de Aguiar Horta. Lembramos que esta disciplina foi extinta
do currículo do Curso de Graduação em Enfermagem, modificado
pela Portaria 1721 do Diário Oficial da União, em 16 de dezembro
de 1994.(7) Apesar da extinção da disciplina, consideramos importante uma reflexão sobre a percepção dos discentes do antigo currículo a respeito do tema em questão, pois esta pode contribuir com
futuras discussões sobre a aplicabilidade de teorias de enfermagem
em nossa prática profissional.
Mesmo com a recomendação de literatura aos discentes, do
embasamento teórico fornecido pela disciplina e da aplicação do
processo de enfermagem no ensino clínico desta, em Belo Horizonte não se observa um resultado prático disso. Percebemos o abandono da aplicação formal do processo de enfermagem e da teoria
das Necessidades Humanas Básicas pelos profissionais egressos
da nossa escola.
Com base no exposto, sentimos a necessidade de identificar os
discentes que cursaram disciplinas ligadas a este assunto, sua per-
A maior parte dos questionários foi respondida por discentes
que estavam cursando entre o quinto e o sexto períodos, com idade variando entre 21 e 25 anos (82%).
Para identificarmos a opinião de discentes que já possuíam experiência na área de enfermagem, anterior ao ingresso na graduação, questionamo-los, considerando ser esta informação de grande
importância, pela questão da nossa visão de que deve haver uma
certa homogeneidade entre os membros da equipe quanto às formas de se conduzir a assistência. Porém, a maioria dos discentes
abordados não tinha experiência na área (64%).
Daniel(8) reconhece que o relacionamento na enfermagem desenvolve-se em situações vivenciais diárias e está de acordo sobre
o estabelecimento de metas a serem alcançadas pelos tratamentos
e intervenções estabelecidos por uma equipe, onde melhores resultados são alcançados se houver um consenso acerca da forma de
agir de todos os profissionais envolvidos com o cliente. Concordamos com Daniel,(8) pois também acreditamos que o êxito na adoção
de uma teoria para nortear a assistência depende do envolvimento
de toda a equipe de enfermagem.
Percepção dos discentes acerca do estudo de teorias de
enfermagem
cepção sobre as teorias de enfermagem e sua conseqüente aplicação na prática, com o intuito de subsidiar reflexões que possam contribuir para uma melhor operacionalização dessas teorias.
Assim, este estudo teve como objetivos identificar a percepção
dos discentes da EEUFMG sobre as teorias de enfermagem, bem
93
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):92-97
Verificamos que, apesar da dificuldade demonstrada pelos discentes em discorrer sobre teorias de enfermagem, a maioria (97%)
referiu conhecimento do assunto através de estudos durante a graduação.
PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
Exercício da Enfermagem (23%), Introdução à Enfermagem
(10%) e outras (13%), todas já extintas do currículo do Curso de Graduação em Enfermagem.
Tabela 1 - Disciplinas já estudadas e referidas pelos discentes da
EEUFMG como ministradoras do conteúdo de teorias de enfermagem
As disciplinas mais citadas eram ministradas em períodos iniciais
Nº de
citações
do curso, Disciplina
entre o primeiro e o quarto
períodos,
o que pode%
explicar
aFundamentos
classificação de
feitaEnfermagem
pelos discentes (73%) 78
sobre o ensino de
53teorias
de
enfermagem
como sendo descontínuo34no transcorrer do
Exercício
da Enfermagem
23 curso
(Figura
1). à Enfermagem
Introdução
Outras
Sem resposta
Total
14
19
2
147
10
13
1
100
das. Solicitamos aos discentes que identificassem as teorias conforme um enunciado oferecido. Apenas 26% dos discentes obtiveram
acerto total, e o erro total ocorreu em 11% dos casos (Figura 2) para
as definições mais gerais de cinco teorias de enfermagem (das Necessidades Humanas Básicas, da Adaptação, Sinergística, Holística
e Homeostática).
30
Esperávamos que o processo de ensino-aprendizagem tivesse
25
se realizado
de maneira eficaz e eficiente, e que as idéias nenhuma
gerais so-
% de discentes
A disciplina Fundamentos de Enfermagem foi a mais citada
(53%) como ministradora do tema (Tabela 1), seguida das disciplinas
1 quest o
bre as20teorias tivessem sido assimiladas. Porém, inferimos que não
2 quest es
foi este o ocorrido.
15
3 quest es
4 quest
Percepção
dos discentes sobre a operacionalização
dases
10
teorias de enfermagem
5 quest es
5
0
Questionados
sobre a adequação do ensino de teorias de en-
N… de acertos
fermagem em relação à prática profissional, 75% dos discentes classificaram o ensino como inadequado (Figura 3).
Figura 2 - Número de acertos dos discentes entrevistados na EEUFMG, ao
relacionar nome e idéia geral acerca de teorias de enfermagem.
24%
Descont
Acreditamos que o cotidiano do cuidado é construído
nasnuo
interações, a partir da integração entre os profissionais que cuidam e
76%
Cont nuo
para tal trocam informações, fazem anotações, corridas de leito, etc.
Partindo dessa crença, preocupa-nos a opinião dos discentes quanto à descontinuidade sentida pelos mesmos no ensino de teorias de
enfermagem. Sob este prisma, observamos esta dificuldade, percebida
pelos
discentes, nas
interações
entre
as pessoasreferidas
que particiFigura
1 - Classificação
do ensino
de teorias
de enfermagem
pelos
discentes
da EEUFMG
durante o curso de Graduação
em Enfermagem
pam
do processo
ensino-aprendizagem
em disciplinas
voltadas diretamente para a assistência, o que julgamos poder vir a comprometer os princípios fundamentais do cuidado de enfermagem a ser
prestado por esses alunos quando já profissionais.
Julgamos que a percepção tem relação direta com o conhecimento adquirido. Com o objetivo de identificar o conhecimento dos
discentes sobre as teorias de enfermagem abordadas na disciplina
Fundamentos de Enfermagem, foco de nosso interesse em particular, pontuamos as teorias de enfermagem e apresentamos uma
idéia mais geral para cada uma delas, em cinco questões formula-
Embora a maioria dos respondentes (75%) tenha considerado o
1% 78% reconheceram que a utilização de teorias
ensino inadequado,
de enfermagem pode melhorar a qualidade da assistência (Figura 4).
24%
Inadequado
Adequado
75%
Sem resposta
Figura 3 - Classificação do ensino de teorias de enfermagem em relação à
prática, pelos discentes da EEUFMG
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):92-97
94
PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
pouco conhecimento sobre o conteúdo ministrado pelas disciplinas
que abordaram o tema.
A maioria relacionou corretamente a professora Wanda de
Aguiar Horta à teoria das Necessidades Humanas Básicas, a qual
Barbosa(9) refere que, na concepção pedagógica tradicional, o
processo ensino-aprendizagem tem por foco o conhecimento estru-
1%disciplinar linear e quase sempre descontextualiturado numa base
zado.
era utilizada como marco referencial da disciplina Fundamentos de
Enfermagem.
Aspecto relevante foi o de que a maioria dos discentes entrevistados considerou o ensino de teorias de enfermagem como inade-
Refletindo sobre 21%
a opinião dessa autora, julgamos ser importan-
quado, porém, reconheceu que a utilização destas pode melhorar a
te uma revisão sobre a forma de ensino do referido
simtema e sua inserção na prática profissional, uma vez que um elevado número de
no
discentes78%
considera-o inadequado e o novo currículo do curso de
graduação em enfermagem é vislumbrado como sem
uma resposta
nova oportu-
qualidade da assistência. Paradoxalmente, os discentes referiram
nidade para repensarmos o nosso fazer.
que as disciplinas que ministraram o tema "Teorias de Enfermagem"
não levaram o discente a perceber a importância dessas teorias na
prática.
Consideramos importante que sejam feitas reflexões, por parte
Sobre a forma de abordagem das teorias de enfermagem, res-
de docentes que ministram o conteúdo, no que se refere às meto-
saltamos que, em seu ensino clínico, no antigo quarto período, os
dologias de ensino-aprendizagem adotadas para as abordagens
Figura 4 - Crença referida pelos discentes quanto à possibilidade de melhoria
alunos
de Fundamentos
de Enfermagem
executavam o processo
da
assistência
a partir da utilização
de teorias de enfermagem
teóricas e práticas, pois os discentes opinaram que mudanças são
de enfermagem baseado na teoria das Necessidades Humanas Bá-
necessárias e o momento de mudança curricular favorece essas re-
sicas, de Wanda Horta. No entanto, apenas 27 alunos (30%) admi-
flexões.
tiram que tiveram oportunidade para aplicação de teorias de enfer-
Acreditamos que a assimilação de teorias de enfermagem como
magem durante seu estágio em campo. Esses resultados levam-nos
instrumento de melhoria da qualidade da assistência constitui um
a questionar sobre a efetividade das metodologias de ensino em evi-
processo pelo qual somos responsáveis, como docentes, pois nos-
dência naquele momento.
sos alunos serão profissionais de enfermagem, os quais reproduzi-
Ribeiro,(10) ao esplanar sobre os desafios deste final de século,
afirma ser importante a construção de um novo contrato social na
rão, com certeza, muito do que absorveram na escola durante seu
processo de ensino-aprendizagem.
universidade brasileira, e estes desafios impõem a revisão de conteú-
Segundo Chinn & Kramer,(1) espera-se que a teoria beneficie a
dos curriculares e das metodologias de ensino empregadas, bem
prática, e esta deve ser desenvolvida cooperativamente entre pes-
como a adoção de novas metodologias de ensino.
soas que praticam a enfermagem. As teorias existem para subsidiar
a prática, criando novas maneiras de percebê-la, transformá-la e re-
Sugestões de discentes para a melhoria do ensino do
construí-la. Podemos criar estratégias para que nossos futuros pro-
conteúdo das teorias de enfermagem
fissionais percebam-nas assim: como instrumento na construção de
uma nova ciência.
Solicitamos aos discentes que julgassem o conteúdo de teorias
de enfermagem quanto a sua importância para a prática profissional.
Summary
A maioria, 54%, julgou-o importante e ofereceu sugestões para a
melhoria do ensino acerca do tema em questão. Dentre as sugestões apresentadas é importante destacar a necessidade de:
•
associação das teorias às situações práticas reais, no momento em que as informações teóricas são transmitidas aos alunos;
•
reestruturação do conteúdo, adequando-o às condições reais
de trabalho do enfermeiro;
•
aulas mais didáticas e dinâmicas, menos cansativas, com vivência prática de aplicação das teorias;
•
of the School of Nursing of the Federal University of Minas Gerais
and their perceptions about the Nursing Theories instruction. The
interviewed students have classified the instruction without continuity and inadequate. Besides that they recognized that the application of nursing theories can improve the nursing care to the
client, family and community.
continuidade do tema pelas outras disciplinas do curso, para
não se prender a atividades de cunho meramente mecânico nos
campos de estágio. O conteúdo das teorias deve favorecer a
crítica e reflexão acerca das atividades a ser desempenhadas na
prática;
•
This is a descriptive and exploratory study to identify the students
Key-words: Nursing Student; Nursing Theories, Nursing Education; Perception.
Resumen
o conteúdo deve ser desenvolvido num crescente de complexidade pelos diversos professores no decorrer do curso.
Conclusões e sugestões
A maioria dos discentes classificou o ensino sobre teorias de enfermagem na EEUFMG como descontínuo. Também demonstrou
95
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):92-97
Este articulo trata de un estudio descriptivo y exploratorio,
que tiene por objetivo identificar los alumnos de la Escola de
Enfermagem da UFMG y su percepción acerca de la manera de abordar la enseñanza de teorías de enfermería. Los
alumnos entrevistados juzgaron la enseñanza como descontinua y inadecuada. Ellos reconocen que el uso de las teorías
PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
9 - Barbosa MLD. Estudo da percepção do aluno da Escola de Enfermagem
de enfermería puede mejorar la calidad de la assistencia a la
persona, familia y comunidad.
da UFMG sobre o processo de sua formação acadêmica. (Dissertação
de Mestrado) Belo Horizonte: Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, 1996: 136.
Unitermos: Estudientes de Enfermeria; Teoria de Enfermeria; Educación en Enfermería; Percepcion.
10 - Ribeiro EC. O ensino das ciências da saúde como campo de produção
científica. In: Congresso Brasileiro de Educação Médica, 32, 1995, Belo
Referências Bibliográficas
Horizonte. Temas livres... Belo Horizonte: Trainel/ ABEM; 1995: 140-41.
1 - Chinn PL, Kramer MK. Theory and nursing: a systematic approach. 4th
ed. St. Louis: Mosby; 1995: 235.
2 - Santos EKA. Comparação entre as teorias de enfermagem de HORTA,
KING, ROGERS, ROY e OREM. Rev Paul Enf 1985; 5(1): 3-7.
3 - Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU-EDUSP; l979: 911.
4 - Stanton M et al. Um resumo do processo de enfermagem. In: George J
B. Teorias de enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993: 24-37.
5 - Meleis AI. Definição de teorias de enfermagem. In: Simpósio Brasileiro;
Teorias de Enfermagem, 1, 1985, Florianópolis. 2º sessão plenária. Florianópolis: Edit. da UFSC; 1985:140.
6 - Torres GA. Posição dos conceitos e teorias na enfermagem. In: George
J B. Teorias de enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993:13-23.
7 - Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Enfermagem. Portaria
1721 de 15 de dezembro de 1994.Diário Oficial, Brasilia, 16 de
dez.1994.Seção 1, nº 238,
8 - Daniel LF. Atitudes interpessoais em enfermagem. 2ª ed. São Paulo: EPUEDUSP; 1983: 93.
Anexo 1
Teorias de enfermagem segundo Cianciarullo
Teorias
1. Necessidades básicas
2. Adaptação
3. Sinergística
4. Holística
5. Homeostática
Fundamentação
Nacessidades humanas básicas
Objetivo
Abordagem
Atendimento às necessidades
básicas afetadas.
A enfermagem como parte integrante da
equipe de saúde, implementa estados de
equilíbrio, previne estados de desequilíbrio e
reverte desequilíbrio em equilíbrio pela assistência ao homem no atendimento de suas necessidades básicas; procura sempre reconduzir o
homem à situação de equilíbrio dinâmico no
tempo e no espaço.
Processo de enfermagem
O homem é o receptor do cuidado de enfermagem. A enfermagem apóia e promove a
adptação do homem, agindo no continuum
saúde-doença e no ciclo vital.
1. levantamento de problemas e
análise
2. intervenção.estímulos focais
• estímulos contextuais
• estímulos residuais
Sister Callista Roy
Associação de conhecimentos e habilidades
específicas que protege o paciente e mobiliza
suas forças para a recuperação.
Ciclo contínuo:
• avaliação
• planejamento
• implementação
• levantamento das respostas
• +sinergismo das ações
Dagmar E. Brodt
O homem como um "todo" dinâmico em constante interação com um ambiente dinâmico.
O homem responde a esta interação dinâmica
como um todo. As ações de enfermagem
estão na conservação das energias do
homem.
Intervenção da enfermagem procurando estabelecer ordem e organização dentro do organismo em harmonia com o ambiente externo no
sentido da "conservação" das energias do homem.
Myra E. Levine
Formas conscientes e inconscientes de ajustamento às condições do ambiente, desenvolvidas
pelo homem em seu contexto interno externo, localizadas em seu
ciclo vital.
Desenvolveu um modelo conceitual, capaz de dar à enfermagem
uma base científica e um conjunto
de conhecimentos necessários à
educação e à aplicação prática.
Interrrelação das 6 dimensões da
enfermagem obtendo-se um
efeito sinergístico.
Servir de base para uma filosofia
de enfermagem abordando o paciente como pessoa.
Homem como um "todo" em
constante interação com o ambiente dinâmico.
Enfermagem como um sistema
de retroalimentação.
Integração do homem em seu
ambiente. Maior humanização da
assistência.
Manter a homeostasia do paciente
Processo
A enfermagem age como um receptor de informações do indivíduo e funciona como um sistema de retroalimentação.
Autor
Wanda de Aguiar
Horta
Hexágono de Horta
(1973)
(1970)
(1969)
(1967)
Wanda McDowell
(1961)
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):92-97
96
PERCEPÇÃO DE DISCENTES ACERCA DO ENSINO DE TEORIAS DE ENFERMAGEM NUM CURSO DE GRADUAÇÃO
Anexo 2
Instrumento para coleta de dados:
Prezado aluno:
Este questionário faz parte de um estudo que professoras do ENB estão desenvolvendo, com o objetivo de avaliar o conhecimento dos discentes de 5º
ao 8º períodos sobre teorias de enfermagem. Sua contribuição preenchendo-o nos será muito valiosa. Esperamos sua devolução devidamente preenchido no dia ___/___/___. Agradecemos sua disponibilidade e colaboração.
1. Identificação
Período ______ Idade ______
Você já tem experiência como profissional na área de enfermagem?
Sim
Não
Caso afirmativo, tempo de experiência ___________________
Ano de entrada na EE/UFMG ___________________
2. Você já estudou algum conteúdo sobre teorias de enfermagem?
Sim
Não
3. Caso afirmativo, em quais disciplinas? _______________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________
4. Como você classifica o ensino sobre teorias de enfermagem ministrado até o momento?
Contínuo
Descontínuo
5. Você, como discente, sente segurança para aplicar as teorias de enfermagem nas suas atividades práticas?
Sim
Não
6. Relacione as lacunas abaixo de acordo com o nome e a abordagem de cada teoria:
1. Teoria das Necessidades Humanas Básicas
2. Teoria da Adaptação
3. Teoria Sinergística
4. Teoria Holística
5. Teoria Homeostática
Associação de conhecimentos que protege o paciente e mobiliza suas forças para a recuperação.
A enfermagem age como um receptor de informações do indivíduo e funciona como um sistema de retroalimentação.
O homem como um "todo" dinâmico em constante interação com um ambiente dinâmico. As ações de enfermagem estão na conservação
das energias do homem.
A enfermagem procura sempre reconduzir o homem à situação de equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço através do atendimento de suas
necessidades humanas básicas.
A enfermagem apóia e promove a adaptação do homem, agindo no "continuum" saúde-doença e no ciclo vital.
7. Na sua opinião:
7.1 - O ensino de teorias de enfermagem está:
Adequado à prática profissional
Inadequado à prática profissional
7.2 - A utilização de teorias de enfermagem pode melhorar a qualidade da assistência de enfermagem?
Sim
Não
7.3 - As disciplinas que ministram teorias de enfermagem levam o discente a perceber a importância destas para a prática profissional?
Sim
Não
* Em caso negativo, qual a sua sugestão para a melhoria do ensino de teorias de enfermagem? _________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________
97
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):92-97
TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO
UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
THERAPEUTIC TOUCH: USING A COMPUTER DATABASE TO
ANALYZE THE KNOWLEDGE PRODUCTION
TOQUE TERAPÉUTICO: ANALISIS DE LA PRODUCCIÓN DEL
CONOCIMIENTO EMPLEANDO UNA BASE DE DATOS COMPUTARIZADA
SÍLVIA HELENA ZEM-MASCARENHAS *
EMÍLIA CAMPOS DE CARVALHO **
RESUMO
Toque Terapêutico é uma interpretação contemporânea de diversas práticas antigas de cura. Este estudo teve por objetivo realizar levantamento das
publicações, analisando quantitativamente índice de referência, tipo e ano das publicações, utilizando os índices CINAHL, MEDLINE e LILACS. As publicações foram registradas em fichas individuais sendo construída uma base de dados para análise. A maioria das publicações estavam indexadas no
CINAHL, o tipo mais encontrado foi "artigo" e o ano com maior número de publicações foi 1995. O elevado número de publicações sobre Toque Terapêutico, num período recente, pode justificar o interesse dos enfermeiros sobre o mesmo.
Palavras-chaves: Toque Terapêutico; Bases de Dados Bibliográficas; Conhecimento; Pesquisa em Enfermagem
E
m 1972, Dora Kunz e Dolores Krieger desenvolveram o
existe também um padrão no campo de energia humana subjacen-
Toque Terapêutico como uma extensão de habilidades profis-
te, sendo então, o fundamento da avaliação do estado de energia
sionais para pessoas ligadas ao campo da saúde. Essas práticas
do paciente feita por quem pratica o toque terapêutico; a doença é
consistem em habilidades aprendidas para dirigir, de modo cons-
um desequilíbrio do campo de energia do indivíduo e, no toque tera-
ciente ou modular com a sensitividade, as energias humanas.(1,2) O
pêutico, o terapeuta dirige e modula esse campo de energia do pa-
toque terapêutico é uma interpretação contemporânea de diversas
ciente, usando o sentido do tato como telerreceptor e utilizando "di-
práticas antigas de cura que se preocupam com o uso reconhecido
cas" sutis de energia que ocorrem no campo de energético que se
das funções terapêuticas do campo de energia vital humana. Dentro
estende a alguns centímetros da superfície do corpo da pessoa que
desse contexto, o toque terapêutico é um ato consciente baseado
está sendo tratada, podendo também ser percebidas por meio de
num corpo de conhecimentos derivados de dedução lógica, resulta-
contato direto com a pele da pessoa; os seres humanos têm habili-
dos de pesquisas clínicas, literatura mundial preocupada com o uso
dades naturais para transformar e transcender suas condições de
da energia vital humana, conhecimento de experiências profundas
vida, que são de certa forma os pré-requisitos necessários para que
que crescem através do tempo dentro de um saber pessoal.(3)
ocorra a cura. O ato de curar no toque terapêutico é apenas um ato
O trabalho realizado pelo terapeuta (curador) tem como foco
consciente e está baseado num conjunto de conhecimentos deriva-
principal muito mais a modulação do campo de energia do paciente
dos de dedução lógica, em descobertas de pesquisas formais e clí-
do que o toque ou manipulação de sua pele. O toque terapêutico
nicas, na literatura mundial relativa ao uso terapêutico de energias hu-
não é uma cura milagrosa, mas sim uma oportunidade de aproveitar
manas e no profundo conhecimento adivindo da experiência que se
o potencial humano de ajudar ou curar a si mesmo ou aos outros.(2)
transforma em conhecimento pessoal. Diversos resultados consisten-
Diversas suposições científicas básicas orientaram os funda-
tes e confiáveis na interação do toque terapêutico podem ser verifica-
mentos lógicos de Kunz e Krieger enquanto desenvolviam o toque
dos, como o relaxamento, redução da dor, aceleração do processo
terapêutico, como as quatro premissas básicas apresentadas a se-
de cura e alívio de doenças psicossomáticas. O toque terapêutico
guir: todas as ciências da vida concordam que, sob o aspecto físi-
preocupa-se, na prática, com o uso inteligente das funções terapêu-
co, um ser humano é um sistema de energia aberto. Isto implica que
ticas do campo de energia humana. Considera-se o toque terapêuti-
a transferência de energia entre pessoas é um acontecimento natu-
co como um uso primitivo e simples das energias humanas a serviço
ral e contínuo; sob o aspecto anatômico o ser humano é bilateral-
de uma obra da humanidade. A cura, como principal função do to-
mente simétrico e essa simetria é a base racional para concluir que
que terapêutico, poderia ser chamada de uma humanização de ener-
* Enfermeira, Mestre em Educação Especial, doutoranda da área de
Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto USP.
** Enfermeira, Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
- USP.
Endereço para correspondência:
Rua Dr Serafim Vieira de Almeida, 203 - e-mail: [email protected]
13561-060 - São Carlos - SP
Av. Bandeirantes, 3900 - e-mail: [email protected]
14040-902 - Ribeirão Preto - SP
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):98-103
98
TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO
UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
gia com a finalidade de ajudar ou curar outras pessoas ou a si mes-
cesso da integração do toque terapêutico na prática de enfermagem
mo.(2)
depende, em grande parte, da enfermeira que o pratica. Ela deve re-
Durante suas pesquisas a respeito dos mecanismos subjacentes
conhecê-lo como sendo habilidade profissional da enfermagem e
à cura, Krieger, descobriu o conceito hindu do "prana" e, aprendeu
precisa ter conhecimento profundo sobre a técnica e sobre si mes-
que o prana era uma forma de energia vital retirada do ambiente sen-
ma. Além disso, é importante que se conheçam as necessidades do
do transportada por um componente energético sutil da luz solar.
paciente e que se considerem as diferenças individuais de cada pes-
Essa energia sutil, que penetra no organismo através do processo da
soa para aceitação do toque terapêutico.(7,8)
respiração, parecia existir em abundância no corpo do terapeuta.
O uso inteligente, consciente e discriminatório do toque terapêu-
Acreditava-se que a pessoa sadia possuía uma superabundância de
tico pode tornar-se um valioso instrumento para ajudar as pessoas
prana, enquanto um indivíduo doente, demonstrava um relativo déficit
que necessitam. Nessa modalidade de cura, o terapeuta é o princi-
de prana. O prana poderia ser traduzido como vitalidade ou vigor, en-
pal veículo por meio do qual as energias estão sendo especificamen-
tretanto, o termo prana (do sânscrito) está relacionado aos fatores or-
te dirigidas ou moduladas para o bem-estar de outra pessoa, sendo
ganizados que formam a base do chamado processo da vida.(1,3-5)
de extrema importância confiar no que está fazendo. A principal fina-
No processo de cura pela imposição das mãos o terapeuta atua
lidade ao aplicar o toque terapêutico é ajudar o paciente a estimular
de forma semelhante a um fio que fecha um circuito. O sistema ener-
ou a mudar o fluxo de energia e a restabelecer o ritmo desse flu-
gético do terapeuta representa uma bateria carregada (com alto po-
xo.(2,6)
tencial) que é usada para energizar (ou dar partida ao) o sistema
Nas profissões ligadas à saúde, o toque terapêutico é conside-
energético sutil de uma pessoa doente (com baixo potencial). O flu-
rado uma extensão dos conhecimentos profissionais. Entretanto, é
xo de energia curativa de um potencial alto para um baixo potencial
importante que cada pessoa examine a legislação profissional a fim
assemelha-se ao comportamento do fluxo da eletricidade. A cura pa-
de assegurar-se de que não há nenhum conflito legal para a prática
recia ser uma espécie de exercício de ginástica sutil, ou seja, quan-
do toque terapêutico.(2)
to mais tempo e esforço o indivíduo dedicasse a ela, maior seria sua
capacidade de efetuar curas.(4)
A literatura estrangeira sobre o toque terapêutico e suas aplicações é bastante intensa e tem seu início em 1972. Quinn(9) realizou
O ponto de entrada para o processo do toque terapêutico é o
um levantamento dos estudos práticos que foram desenvolvidos
ato de centralização. O terapeuta deve manter-se centralizado en-
com a aplicação do toque terapêutico no período de 1974 a 1986.
quanto procede com as outras três etapas básicas da prática do to-
Ela apresentou oito estudos com o objetivo de proporcionar uma re-
que terapêutico: coleta de dados, tratamento e avaliação do campo
visão compreensiva sobre as pesquisas, descrevendo especifica-
de energia vital da pessoa que está sendo tratada.(3,6)
mente aquelas direcionadas a testar os resultados obtidos com o to-
Quando se está aprendendo o toque terapêutico, é preciso, pri-
que terapêutico ou sobre as bases teóricas do processo.
meiramente, conhecer-se e ajudar-se, ou seja, curar-se, para poder
No Brasil, o toque terapêutico é praticamente desconhecido pela
ajudar e curar outras pessoas. O terapeuta deve aceitar a responsa-
maioria dos profissionais da saúde. Portanto, para que o toque tera-
bilidade de usar esta modalidade de uma forma consciente e sensa-
pêutico possa ser utilizado como intervenção de enfermagem, inúme-
ta, pois é ele quem toma as decisões sobre as interações do toque
ros estudos precisam ser realizados, em diferentes situações, com
terapêutico, quem julga quando é apropriado iniciar o processo,
pacientes hospitalizados ou não. Antes disso, torna-se de primordial
quem decide o que fazer com relação ao problema do paciente e
importância que o enfermeiro que pretende utilizar o toque terapêuti-
quem decide quando terminar a interação. O terapeuta recebe um
co para ajudar ou curar outras pessoas tenha um conhecimento pro-
retorno humano que é essencial para compreender o processo do
fundo sobre as técnicas, os possíveis efeitos colaterais, e, principal-
toque terapêutico e a sua tarefa é reequilibrar o campo de energia do
mente, que ele pratique muitas vezes a técnica, com pessoas sadias,
paciente.(2)
antes de utilizar o toque terapêutico como intervenção de enferma-
O toque terapêutico pode ser utilizado nas mais diversas situa-
gem.(10)
ções, como antes e depois do parto, para aliviar dor, na síndrome
Devido ao relativo desconhecimento por parte dos profissionais
pré-menstrual, em pacientes com aids, em pré e pós-operatório,
de saúde em nosso país sobre o toque terapêutico, julgamos impor-
edemas, entre outras.(2)
tante e oportuna a realização de um levantamento das publicações
Vários estudos têm demonstrado que a utilização do toque tera-
existentes proporcionando uma visão geral dos trabalhos já desen-
pêutico com pessoas, hospitalizadas ou não, pode promover a cura,
volvidos com relação ao toque terapêutico desde sua origem até os
como também promover o bem-estar e a restauração de condições
dias atuais. Complementarmente, por também ser pouco divulgada
de sono e repouso, reduzindo desconfortos. Inúmeros artigos mostram que a enfermagem pode ajudar e curar pessoas doentes de
maneira consciente e inteligente utilizando o toque terapêutico.
O toque terapêutico é visto como uma intervenção holística da
enfermagem. Tem-se observado que o uso terapêutico das mãos da
enfermeira é uma das funções da enfermagem na sociedade moderna. Portanto, não é surpresa que o toque terapêutico venha sendo
a busca de publicações indexadas favorecida por uma base de dados, consideramos igualmente oportuno divulgar tal estratégia metodológica.
Este trabalho teve por objetivo a realização de um levantamento
das publicações existentes sobre o toque terapêutico no período de
1972 a 1997, analisando os seguintes aspectos: índice de referência, ano e tipo das publicações.
desenvolvido como uma intervenção, começando a ser usado como
um adjunto para as habilidades tradicionais de enfermagem. O su-
99
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):98-103
Metodologia
TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO
UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
Levantamento das publicações: para o levantamento das publicações, foram utilizadas as bases de dados disponíveis que contem
material específico sobre a área de enfermagem, que foram: MEDLINE (Medical Analysis and Retrieval System On-Line), CINAHL
(Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Buscaram-se, para cada base de dados, os termos ou palavras-chave que seriam mais adequados para o devido fim e que variavam de acordo com a indexação. Assim, utilizamos para a base
MEDLINE, therapeutic touch, pois todas as publicações que continham esse termo, em qualquer parte da publicação, poderiam ser
encontradas. Para o CINAHL utilizamos touch antes de 1990 e therapeutic touch depois de 1990, também porque todas as publicações que continham esses termos poderiam ser encontradas, e
para a base LILACS, utilizamos inúmeras palavras-chaves devido à
dificuldade encontrada para localizar artigos referentes ao toque terapêutico, como terapia não dirigida, terapias alternativas, cura mental,
medicina alternativa, saúde holística, medicina Indu, cuidados de enfermagem, tocar, toque, terapêutico alternativo, centralização, relaxamento, meditação, modulação de energia, campo de energia humana e imposição de mãos. O levantamento sobre o tema, nas bases
MEDLINE e LILACS, foi realizado através do computador, e na CINAHL, através de fotocópias das páginas que continham os termos
de busca.
Análise das publicações: todas as publicações foram registradas
em fichas individuais (Quadro 1) contendo as informações necessárias para o alcance dos objetivos propostos para o estudo, ou seja,
índice de referência, ano e tipo da publicação, sendo acrescentados
o idioma e o país das publicações levantadas no MEDLINE, como
também o título e o periódico para adequar o registro das mesmas,
facilitando a análise.
Devido à grande quantidade de publicações encontradas, julgamos importante construir uma base de dados informatizada sobre toque terapêutico. Consideramos que essa base poderá ser útil para
Quadro
1 - se
Modelo
da ficha
detema,
registro
publicações.
aqueles que
interessam
pelo
pordas
causa
da possibilidade de
Índicefacilmente manuseada e dispensar as habituais consultas em diverser
Título/Título
sas
basesOriginal
de dados, em diferentes locais.
Autor Para
a construção dessa base de dados foi utilizado o progra-
Ano de
ma
FilePublicação
Maker Pro 3.0, por ser compatível tanto com computadores
Título PC,
do Periódico/Referência
tipo
como com Macintosh. Esse programa contém um cabeçaTipo com
da Publicação
lho
os seguintes ícones: sair, ficha, lista, relatórios, inserir, apaIdiomae localizar. O ícone "Sair" está presente em todas as telas, pergar
sobre o ícone "Ficha", visualizamos uma tela que contém os dados
de cada publicação.
O ícone "Lista" mostra a lista de todas as publicações contidas
na base de dados, na ordem em que foram inseridas. Para verificar a
ficha de qualquer publicação estando nesta tela, basta clicar sobre o
ícone "Figura" que aparece no lado esquerdo de cada publicação. O
ícone "Relatórios" apresenta as publicações em forma de relatório,
permitindo fácil visualização dos dados.
Clicando sobre o ícone "Inserir", pode-se inserir, a qualquer momento, dados sobre uma nova publicação, complementar ou modificar informações sobre aquelas já existentes. É importante lembrar
que se ocorrer algum erro de digitação dos dados, a busca de informações poderá não ser fidedigna, ou seja, um simples "s" colocado
por engano na palavra "tabela" (digitando "tabelas") por exemplo,
pode excluir a publicação quando realizada uma busca pelo tipo de
publicação "tabela". Portanto, ao inserir, modificar ou complementar
dados existentes é preciso atenção para que as buscas posteriores
não se tornem deficientes ou irreais. Os ícones dessa tela podem
conter dados anteriormente registrados, para serem inseridos sem a
necessidade de digitação dos mesmos, ou seja, os dados podem
ser editados e selecionados no momento da introdução de novas
publicações. Como exemplo, podemos selecionar um determinado
país que deverá ser inserido na ficha da publicação, no drop-down
list de países.
O ícone "Apagar", apaga os dados sobre uma publicação contida na base de dados, e pode também ser utilizado estando em
qualquer tela do programa.
Para a localização de uma publicação, deve-se clicar sobre o
ícone "Localizar". As publicações podem ser localizadas de acordo
com os dados que foram inseridos, ou seja, pode-se obter uma relação das publicações pelo índice que a refere, pelo ano de publicação, pelo país de origem das publicações, idioma, pelos títulos e autores em ordem alfabética, pelos periódicos e pelo tipo de publicação.
No lado esquerdo da tela existe um menu que mostra o tipo de
registro que está sendo visualizado. Para passar de uma tela para
outra pode-se clicar sobre esse menu que possui um drop-down
list com o nome das outras telas disponíveis na base de dados,
como o menu "Informações". Esse menu abre uma tela que permite
inserir um texto livre, podendo ser um resumo da publicação ou comentários, de acordo com a necessidade. Aparece também nesse
lado da tela o número de controle da publicação que está sendo visualizada, ou o total de publicações inseridas na base, bem como
um "bloco de notas" que permite visualizar a publicação anterior ou
posterior dando um clique na página superior ou na inferior, respectivamente.
Cabe ainda dizer que se houver necessidade, o programa permite a qualquer momento e em qualquer uma das telas, modificar os
dados existentes, clicando sobre um dos campos, estando este
preenchido ou não.
Para imprimir as informações contidas na base de dados, basta
proceder como em outros programas conhecidos, podendo também estabelecer os critérios para impressão, como tamanho do papel por exemplo. Podem ser impressos os dados contidos em qualquer tela de interesse, por um tipo específico de busca.
País da Publicação
mitindo
a saída da base de dados a qualquer momento. Clicando
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):98-103
100
TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO
UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
Resultados e Discussão
A construção de uma base de dados informatizada proporcionou maior rapidez para a análise das informações referentes às publicações, e acesso mais fácil e contínuo aos dados armazenados.
Foram encontradas 492 publicações sobre toque terapêutico no período de 1972 a 1997, sendo que a maioria foi levantada na base
CINAHL, 352 (71,54%), seguida pela base MEDLINE com 138
(28,05%) e somente dois (0,41%) publicações sobre o tema foram
encontradas na base LILACS, como mostra a Figura 1.
e Austrália com dois publicações cada um e Finlândia, Alemanha, Japão, USSR, Escócia e Suíça com uma publicação.
A distribuição por ano de publicação sobre toque terapêutico
pode ser vista na Figura 2.
No ano de 1995 foi encontrada a maioria das publicações sobre toque terapêutico, perfazendo um total de 58 (11,78%) publicações, sendo que a maioria foi encontrada na base
CINAHL, 32 (6,50%), e as restantes na base MEDLINE, 26 (5,28%).
Em seguida aparece o ano de 1994 com 43 (8,73%) publicações,
sendo 25 (5,08%) na base CINAHL, 17 (3,45%) na base MEDLINE
e uma (0,20%) das duas publicações encontradas na base LILACS.
Em terceiro lugar quanto ao número de publicações está o ano de
1993, com 36 (7,31%), sendo 24 (4,87%) na base CINAHL e 12
(2,44%) na base MEDLINE. O ano que apresentou o menor número
de publicações foi 1974 com quatro (0,81%) publicações sendo todas encontradas na base CINAHL. Esses dados mostram que embora o levantamento tenha sido realizado dentro do período de 1972
a 1997 nas bases MEDLINE e LILACS, nenhuma das publicações
indexadas eram deste último ano. A base CINAHL não apresentava
a indexação referente a 1997 quando foi realizado o levantamento
das publicações.
A Tabela 10,41%
mostra os índices utilizados para o levantamento das
publicações, bem como o período que abrangem, palavras-chave e
o número total de publicações encontradas em cada índice.
28,05%
CINAHL
MEDLINE
71,54%
LILACS
Figura 1 - Porcentagem das publicações sobre Toque Terapêutico de acordo
com o índice
Quanto ao tipo, verificamos que muitas publicações indexadas
não apresentavam esse registro. Aquelas que apresentavam, podiam
possuir mais de uma modalidade registrada, por exemplo, "artigo, revisão". O tipo de publicação que mais apareceu foi "artigo", 119, to-
Do total de publicações levantadas, 78 (15,85%) estavam indexadas em duas bases, CINAHL e MEDLINE, o que mostra a importância de se conhecerem as características das fontes utilizadas para
um levantamento bibliográfico, quando se tem o propósito de analiTabela 1 - Freqüência de publicações levantadas nos diferentes
sar a produção do conhecimento em uma determinada área.
índices, período de abrangência e palavras-chave utilizadas
A base de dados MEDLINE foi a única a fornecer dados referenÍndice
tes
à língua Período
e país de publicaçãoPalavras-chave
dos artigos. Nessa base deTotal
dados
verificamos
que
a
maioria
das
publicações
está
na
língua
inglesa,
MEDLINE
1972 - 1997 therapeutic touch
138
perfazendo um total de 126, ou seja, 91,30%. A língua francesa e a
CINAHL
1972 - 1996 touch antes de 1990
224
therapeutic
touch a cada
partir deuma,
1990 a sueca aparece
128
alemã aparecem em três
publicações
em
três
e
a
russa,
a
italiana
e
a
japonesa
aparecem
em
uma
publiLILACS
1972 - 1997 terapia não dirigida, terapias alternativas, cura
2
mental,
alternativa, saúde
holística, é os Escação cada uma. O país
quemedicina
mais apresenta
publicações
medicina Indu, cuidados de enfermagem,
tocar, toque, terapêutico
centralizatados Unidos com 97 publicações
sobre oalternativo,
toque terapêutico,
seguição, relaxamento, meditação, modulação de
do da Inglaterra com 20.energia,
Os demais
países
que
aparecem
são
o Cacampo de energia humana,
imposição
de mãos
nadá, com seis publicações,
Nova
Zelândia com três, Suécia, Áustria
101
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):98-103
dos na base MEDLINE. Em seguida foi "pesquisa", 57 vezes somente na base CINAHL e "carta", 19 vezes, sendo cinco na base CINAHL
e 14 na base MEDLINE. Esses tipos de publicações registrados nas
fontes utilizadas para o levantamento das mesmas parecem indicar
que não existe uma padronização dos dados, podendo dificultar possíveis estudos referentes à produção científica nas áreas indexadas.
Para fins de classificação serão apresentados todos os tipos de
publicações verificadas, sendo que se a publicação tinha mais que
uma modalidade, foi considerada a primeira registrada (Figura 3).
0
5
10
LILACS
15
20
MEDLINE
25
30
CINAHL
Figura 2 - Distribuição das publicações no período de 1972 a 1996
35
TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO
UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
entender e cuidar dos seres humanos e existem diferentes modos
pelos quais esse conhecimento pode ser divulgado.(11)
Particularmente na área de enfermagem, as pesquisas precisam
servir para transformar e melhorar a sua prática. Para que isso possa ocorrer, é preciso que as mesmas sejam divulgadas e que os
profissionais da área conheçam os diversos recursos cada vez mais
disponíveis com o avanço tecnológico, tentando diminuir a distância
existente entre a pesquisa e a prática de enfermagem.
Consideramos importante que, na realização de estudos desta
natureza, sejam verificadas as possíveis repetições de informações
que podem ocorrer, para que a análise dos trabalhos não seja preConsiderações finais
judicada. Outro aspecto que merece destaque no presente estudo
é quanto ao levantamento de apenas duas publicações no Brasil, tal-
São muitas as publicações existentes sobre o toque terapêutico
vez relacionado ao fato de que o toque terapêutico ainda é muito re-
e, por serem recentes, as primeiras ocorrendo a partir de 1972, po-
cente em nossa realidade. Ressaltamos a importância de as revistas
dem justificar o interesse dos profissionais de enfermagem em co-
brasileiras estarem indexadas para que se possa divulgar ao mundo
nhecer as suas bases, seu funcionamento e quais podem ser os re120
os trabalhos aqui realizados, acompanhando a tendência e o gran-
sultados de sua aplicação.
de desafio da enfermagem para um futuro muito próximo, ou seja,
100 A construção de uma base de dados informatizada não foi um
mostrarmos o que é a enfermagem para sermos capazes de justifi-
trabalho fácil, porém, quando pensamos nas dificuldades que preci-
car a importância da profissão.
80
samos enfrentar para pesquisar um assunto de interesse, pensamos
60 benefícios provenientes desse instrumento para acessar um asnos
Summary
sunto específico sempre que necessário.
40
Uma das dificuldades encontradas para a realização de estudo des-
Therapeutic Touch is a contemporan interpretation of many an-
ta20natureza, foi quanto à padronização dos dados, sendo que o ín-
cient healing practices. The purpose of this study was to accom-
dice CINAHL e o LILACS não fornecem a língua e o país da publica-
plish a survey of the existent literature, analyzing reference index,
0
ta
os
ela
Qu
Ta
b
tud
Es
Ca
pt
o segundo não apresenta o tipo das mesmas. Considerando-se a
Co
publication year and type. CINAHL, MEDLINE and LILACS were
os
r fic
sp
s/g
Re
o
io
es
tio
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as
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Pe
l
mo
su
Re
o
ria
ito
Ed
rio
vis
nt
Re
me
tig
rio
et
Ar
Dir
o
ção. O primeiro também não apresenta resumo das publicações, e
construção de uma base de dados sobre o tema, muitas informações que
ser inseridas, não estavam disponíveis, limitando
Figura
3 - poderiam
Tipos de publicações
a utilização dos recursos do programa (File Maker Pro 3.0) que permite a entrada de dados variados, inclusive o resumo das publicações. Para completar a base de dados construída, além da atualização dos dados sempre necessária, precisaremos adquirir todas as
publicações levantadas que não continham resumo, para torná-la
um instrumento de busca mais adequado aos profissionais interes-
searched. The MEDLINE search verified the language and country of publication. The publications were registered in individual
files and because of their number (492) they were inserted in a
computer database for analysis. 352 publications were indexed in
CINAHL, 139 in MEDLINE and 02 in LILACS. The most frequent
type was "journal article". The most used language was english
(126) and the publication country was USA (97). The high number
of publications about Therapeutic Touch in a recent period can
justify the interest for nurses in knowing their basics, how it works
and the outcomes of its application.
sados. Entretanto, isso será realizado posteriormente, considerandose o tempo necessário para tanto como uma outra dificuldade.
Mais uma dificuldade encontrada foi quanto ao índice
Key-words: Therapeutic Touch; Bibliographic Databases; Knowledges; Computer database; Nursing Research
MEDLINE, cujo levantamento foi realizado através de CD-ROM por
períodos de indexação, sendo que várias publicações estavam re-
Resumen
gistradas duas vezes, uma no ano de sua publicação e outra no ano
posterior. Atualmente, algumas bibliotecas já dispõem esse índice
em rede, minimizando esse tipo de problema, como também podemos realizar um levantamento bibliográfico até mesmo em nossa própria casa, através da Internet, utilizando, além do referido índice, outras fontes de busca.
A necessidade de contar com informações sobre a atividade
científica está relacionada ao interesse em planejar o desenvolvimento em uma determinada área de conhecimento. A realização de estudos que apresentam o estado da produção científica tem sido justificada pelo uso tanto na preparação de políticas de investigação,
como na análise da estrutura e do desenvolvimento da ciência. O
propósito da pesquisa em enfermagem é gerar conhecimento para
Toque terapéutico es una interpretación contemporánea de
las diferentes práticas antiguas de curación. Esto estudio tievo por objeto hacer un levantamiento de las publicaciones
analizandolos cuantitivamente: el indice de referencia, tipo
y año de las publicaciones, desde los indices CINAHL, MEDLINE y LILACS. Las publicaciones fueron resumidas en
fichas individuales constituyendo una base de datos para
analisis. El mayor número de las publicaciones estaban bajo
el indice CINAHL; el tipo más obtenido fue "articulo" y el
año com mayor número de publicaciones acerca del Toque
Terapéutico en un período reciente puede justificar el interés
de los enfermeros sobre este tema.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):98-103
102
TOQUE TERAPÊUTICO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO UTILIZANDO
UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADA
11 - Carvalho EC. Enfermagem e comunicação: a interface. (Tese de Livre Do-
Unitermos: Tacto Terapêutico, Bases de Datos Bibliograficas; Conocimiento; Investigación en Enfermeria.
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103
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):98-103
cência). Ribeirão Preto: São Paulo: Universidade de São Paulo; 1989:
245.
Relato de Caso
UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:
ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
USE OF THE THEORY OF ROY AND OF THE LANGUAGE
OF THE NURSING DIAGNOSES:
A STUDY CASE IN THE PATIENT WITH HEART PROBLEMS
USO DE LA TEORÍA DE ROY Y DEL LENGUAGE DE LOS
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMERÍA: ESTUDIO DE CASO EN EL
PACIENTE CON PROBLEMAS DEL CORAZÓN
MARCOS VENÍCIOS DE OLIVEIRA LOPES *
THELMA LEITE DE ARAÚJO **
RESUMO
Estudo de caso de uma cliente com problemas cardíacos, tendo por objetivo avaliar o cuidado de enfermagem fundamentado na teoria da adaptação
de Roy. Após a avaliação de estímulos e comportamento, foram elaborados nove diagnósticos de enfermagem. As metas e intervenções foram estabelecidas a partir dos modos adaptativos de Roy, especificamente do modo fisiológico e do modo de autoconceito. Os resultados mostraram uma relação entre a taxonomia da NANDA e os modos adaptativos utilizados, bem como eficácia nas intervenções propostas. Concluímos que a teoria de
Roy foi aplicável e eficaz para o desenvolvimento de um Processo de Enfermagem no caso estudado.
Palavras-chaves: Modelos de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem/classificação; Teoria de Enfermagem; Doenças Cardiovasculares
O
Processo de Enfermagem tem como fundamento o
método científico e está constituído de fases que podem va-
na verdade, se apresenta como uma classificação de diagnósticos
de enfermagem diferente da taxonomia da NANDA.
riar de acordo com a proposta teórica adotada. Sister Callista Roy,
É importante destacar a existência de diferenças entre a tipolo-
uma das teóricas da enfermagem, apresenta uma proposta de pro-
gia apresentada por Roy e Andrews(1) e a taxonomia da NANDA. Tais
cesso que inclui as seguintes fases: avaliação de comportamento,
divergências são de caráter numérico (a referida tipologia possui uma
avaliação de estímulos, diagnóstico de enfermagem, estabelecimen-
quantidade bem menor de diagnósticos) e na forma de enunciá-los.
to de metas, intervenção e avaliação.(1)
As autoras propõem três maneiras diferentes de fazê-lo: utilizar a re-
As duas primeiras etapas, avaliação de comportamentos e
ferida tipologia diagnóstica; enunciar o comportamento observado
de estímulos, constituem um levantamento de dados, que está
acrescido dos estímulos mais influenciadores; e enunciar vários com-
baseado numa estimação do vínculo entre os incentivos recebidos
portamentos associados com os mesmos estímulos.
Devemos salientar que a própria tipologia de diagnósticos, pre-
pela pessoa e as respostas que a mesma oferece para cada um
desses incentivos.
sente na teoria, tem uma forte correlação com a taxonomia da NAN-
Vale ressaltar que a etapa de diagnóstico de enfermagem,
DA chegando, em alguns diagnósticos, a apresentar uma denomi-
proposta por Roy, apresenta uma conotação diferente, visto que a
nação semelhante. Isto pode ser fruto da participação de Callista Roy
referida autora propõe uma perspectiva particular sobre tal etapa.
como membro da NANDA desde os primeiros trabalhos desse gru-
Para ela, o estabelecimento do diagnóstico pode proceder-se de
po.
três formas diferentes: 1) uma avaliação de comportamentos de um
A NANDA(2) procurou conceituar Diagnóstico de Enfermagem da
único modo que possua muitos estímulos relevantes influenciando-o;
seguinte forma: "Um julgamento clínico das respostas do indiví-
2) uma classificação resumida para comportamentos em um único
duo, da família ou da comunidade aos processos vitais ou aos
modo com um único estímulo relevante; e 3) uma classificação que
problemas de saúde atuais ou potenciais, que fornece a base
resuma um padrão comportamental quando mais de um modo está
para a seleção das intervenções de enfermagem, para atingir
sendo afetado por alguns estímulos.
resultados pelos quais o enfermeiro é responsável".
Foi definida, ainda, uma tipologia de indicadores de adaptação
Nesta definição, julgar clinicamente é um processo de organiza-
positiva, que define as características das respostas tidas como efi-
ção de idéias que configura um raciocínio, é o pensamento crítico na
cazes em relação a um ou vários estímulos. Além disso, há também
área clínica. Este pensamento crítico embasa todo o processo de
uma tipologia de problemas adaptativos de ocorrência comum que,
diagnosticar em enfermagem, já que a construção dos diagnósticos
* Enfermeiro, mestrando em enfermagem pela Universidade Federal do
Ceará
** Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Adjunto do
Departamento de Enfermagem da Faculdade de Odontologia, Farmácia e
Enfermagem da Universidade Federal do Ceará
Endereço para correspondência:
Marcos Venícios de Oliveira Lopes
Rua Álvaro Fernandes, 243 - B1 - D/406 - Montese
60420-570 - Fortaleza - CE
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UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:
ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
é fundamentada na junção do conhecimento teórico e da experiên-
parte do EU da pessoa, enquanto os externos são incentivos am-
cia prática.(3)
bientais.
Esta definição de diagnóstico engloba não só uma parte concei-
Ambos os estímulos estão subdivididos em focais, contextuais e
tual, definida anteriormente, como também uma parte estrutural que
residuais. Os focais são aqueles que confrontam a pessoa imediata-
compreende três componentes: o problema de saúde, os fatores
mente, como por exemplo, a dor. Os estímulos contextuais são os
etiológicos ou relacionados, e as características definidoras ou grupo
outros estímulos que se apresentam na situação e que contribuem
de sinais e sintomas.(4)
diretamente para o efeito do estímulo focal. E por fim, os residuais
O problema é o processo ou o estado de saúde relacionado,
manifestado pelo indivíduo, pela família ou pela comunidade. Este
são fatores pessoais ou ambientais cujos efeitos na situação atual,
apesar de existirem, mostram-se obscuros.
problema engloba variáveis biopsicossociais e espirituais, podendo o
mesmo aparecer como uma síndrome, definida como um grupo de
problemas concorrentes que têm no mínimo um fator etiológico comum.(4)
Os fatores etiológicos ou relacionados podem ser comportamentos do cliente, elementos do ambiente, ou uma interação de
ambos; e são a base para intervenções para resolver o problema.
Os fatores relacionados podem identificar fatores fisiológicos, psicológicos, socioculturais, ambientais ou espirituais que estariam ocasio-
No modelo adaptativo de Roy, o surgimento constante de estímulos leva à necessidade de respostas por parte do indivíduo. Para
isso são acionados mecanismos de enfrentamento, que seriam modos inatos ou adquiridos de responder ao ambiente variável. Estes
mecanismos de enfrentamento estão subdivididos em dois subsistemas: o subsistema regulador que envolve os sistemas químico, neuronal e endócrino e o subsistema cognosciente que envolve quatro
canais cognitivos-emocionais.
Os comportamentos resultantes destes subsistemas são obser-
nando a reação percebida no cliente ou contribuindo para a mes-
vados a partir de quatro modos adaptativos:
ma.(5)
É preciso salientar que clientes podem ter, em parte, o mesmo
1. modo fisiológico - é o modo como a pessoa responde como
problema, mas exibir sinais e sintomas que indicam fatores relaciona-
um ser físico, aos incentivos ambientais. Este modo envolve cin-
dos diferentes, determinando diagnósticos diferentes, e conseqüen-
co necessidades básicas de integridade fisiológica (oxigenação,
temente tratamentos diferentes.
nutrição, eliminação, atividade e repouso, e proteção) e quatro
processos complexos (sensitivo, líquido e eletrólitos, função neu-
As características definidoras são dados objetivos e subjetivos, si-
rológica e função endócrina);
nais e sintomas que indicam a presença do diagnóstico de enfermagem. Algumas estão presentes em quase todos os clientes com o pro-
2. modo de autoconceito - enfoca aspectos psicológicos e espiri-
blema, sendo denominadas de características maiores. As característi-
tuais da pessoa. É a combinação de convicções e sentimentos
cas auxiliares ajudam ou confirmam o diagnóstico e aumentam a con-
de uma pessoa num determinado momento. Inclui dois compo-
fiança num julgamento particular.(6)
nentes: o self-físico (abrange a sensação e a auto-imagem cor-
A fase seguinte ao diagnóstico é referida como estabeleci-
poral) e o self-pessoal (engloba o self-consistência, o self-ideal
mento de metas e diz respeito à definição dos aspectos importantes da pessoa que devem ser atingidos para a recuperação do equi-
e o self-ético-moral-espiritual);
3. modo de desempenho de papel - enfoca aspectos sociais rela-
líbrio. As intervenções, por sua vez, definem as ações de enfermagem que serão levadas a cabo visando o alcance das metas esta-
cionados aos papéis que a pessoa ocupa na sociedade;
4. modo de interdependência - enfoca interações relacionadas a
belecidas.
dar e receber afeto, respeito e valor. A necessidade básica des-
A última fase configura-se como avaliação das intervenções
te modo é a afetiva, ou seja, o sentimento de segurança que
efetuadas e tem como objetivo acompanhar a eficácia do trabalho
permeia as relações.
implementado. Percebemos que uma constante avaliação do referido processo se faz necessária, na medida em que o avançar da profissão exige a análise de seu desempenho diário, visando contribuir
para a melhoria da mesma.
O modelo adaptativo proposto por Roy tem como principal vantagem a consideração do ser que recebe o cuidado de enfermagem, como em constante interação com seu meio, enfocando a necessidade de ajuste a tais mudanças. Este dinamismo, na forma de
Modelo da Adaptação de Roy
perceber a enfermagem como uma profissão interativa e em constante mutação, possibilita uma análise aprofundada do trabalho de-
A teoria de Roy foi denominada de Teoria da Adaptação e tem
como base o ser humano visto a partir de dois aspectos: como um
sistema holístico, pois o indivíduo é um todo complexo e unificado; e
como um sistema adaptativo, isto é, que tem capacidade de ajustar-
senvolvido, análise esta que não se esgota no cliente, ao contrário,
estende-se ao âmbito das relações e atitudes profissionais.
Objetivos
Geral
se ao ambiente e de modificá-lo.(1)
A pessoa que recebe o cuidado de enfermagem é referida
como sendo um indivíduo, uma família, um grupo ou, até mesmo,
•
Propor cuidados de enfermagem tendo como base o modelo
da adaptação de Roy.
uma comunidade. Além disso, a compreensão do modelo de Roy
inclui a noção de estímulos e respostas. De acordo com a autora, os
estímulos subdividem-se em internos e externos. Os internos fazem
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Específicos
UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:
ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
•
Utilizar as etapas do processo de enfermagem preconizado por
Roy.
•
Identificar os estímulos e comportamentos que indiquem a necessidade de adaptação.
•
Verificar a viabilidade da utilização da taxonomia da NANDA num
processo baseado no modelo da adaptação de Roy.
Metodologia
Trabalho de cunho descritivo do tipo estudo de caso, baseado
no modelo da adaptação proposto por Roy.(1) A abordagem visa estabelecer vínculos entre estímulos e respostas apresentadas pelo
Tabela 1 - Comportamentos ineficazes levantados e seus estímulos focais, contextuais e residuais - Fortaleza, 1997
cliente que possam estar influenciando no processo de adaptação
do mesmo.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi um roteiro estruturado de entrevista e de exame físico dividido em cinco partes, sendo a primeira correspondente aos dados de identificação, e as de-
Comportamento
ineficazes
Estímulo
focal
1. Modo Fisiológico
• Troca de gases inadequada
• Lesão cardíaca
• Restrição de movimentos
• Padrão de sono alterado
• Variação dos níveis de
P.A.
• Diminuição do tônus
muscular
• Alteração do processo de digestão
• Uso de medicamentos diversos
• Alteração nos níveis da
P.A.
• Osteoporose
• Sono descontínuo
• Lesão cardíaca
• Idade
• Menopausa
mais contemplando os modos adaptativos de Roy, isto é, os modos
fisiológico, de autoconceito, desempenho de papéis e interdependência. Este roteiro teve como base um modelo de levantamento de
dados proposto por Carlson et al.(7) A aplicação foi efetuada por um
enfermeiro, aluno de mestrado, integrante da equipe de saúde que
trabalha na unidade onde foi desenvolvida a pesquisa. Foi solicitada
a autorização por escrito da cliente para divulgação dos dados aqui
direito a desistir de participar do estudo quando considerasse conveniente. As diversas etapas do processo proposto por Roy foram rea-
• Dificuldade para
deambular
• Intolerância a atividade
• Privação de sono
uma cliente internada numa Unidade Coronariana de um hospital da
rede privada da cidade de Fortaleza – CE.
nósticos de enfermagem, através de uma classificação resumida do
• Venóclise
• Lesão de pele
• Déficit dos processos imunitários
• Idade
• Limitação de movimentos
• Hospitalização
• Anorexia
• Sono descontínuo
• Ansiedade
• Menopausa
padrão comportamental da cliente, tendo em vista a presença de alterações em mais de um modo adaptativo. Esta classificação permitiu-nos construir o Tabela 1. Vale ressaltar que nesta Tabela, estão citados os comportamentos ineficazes, os quais foram baseados nos
problemas comuns de adaptação descritos por Roy. A mesma foi
aqui utilizada como forma de enunciar os diagnósticos de acordo
com as idéias da referida autora.
Em seguida, procuramos definir os diagnósticos de enfermagem
de acordo com a taxonomia da NANDA, levando-se em consideração os problemas de adaptação encontrados e seus respectivos
estímulos. A partir disso, foram determinadas as metas do cuidado
de enfermagem e implementadas as ações específicas. A avaliação
da cliente foi realizada por meio de duas visitas hospitalares e uma
domiciliar, procurando-se determinar as respostas da mesma às intervenções efetuadas. Os dados foram organizados em quadros,
com a intenção de facilitar a visualização do processo estabelecido,
e analisados de acordo com os conceitos do modelo adaptativo de
Roy.
Resultados
Avaliação de estímulos e comportamentos
• Padrão cultural
de alimentação
• Idade
• Diminuição do tônus
muscular
• Osteoporose
• Sono descontínuo
• Ansiedade
• Hospitalização
• Edema de membros
inferiores
• Menopausa
lizadas durante cinco dias do mês de setembro de 1997, junto a
Após a coleta de dados, procedeu-se à identificação dos diag-
Estímulo
residual
• Lesão cardíaca
apresentados. A mesma assinou o termo de consentimento (Anexo
1) no qual lhe era garantido o sigilo de sua identidade, bem como o
Estímulo
• Catarata
• Deficiência de senti- • Lesão cardíaca
do primário
• Edema
• Diminuição da habilidade para o autocuidado
• Dor aguda
• Lesão cardíaca
• Edema
• Idade
• Restrição de movimentos
• Sono descontínuo
• Ansiedade
• Alteração dos níveis de
P.A.
• Restrição de movimentos
• Idade
• Conflito no
• Padrões
2. Modo de Autocon- desempenho de
• Mudança no estilo de
culturais assoceito
vida
papéis
ciados ao deApós
o
levantamento
de
dados,
podemos
perceber
a predomi• Ansiedade
• Hospitalização
sempenho
de
• Auto-estima
baixa
papéis
nância
de determinados
estímulos.• AMudanças
idade, na
asestrutura
variações
nos níveis
familiar
cardíaca
• Conceitos fapressóricos, a lesão• Lesão
cardíaca,
a osteoporose e o sono descontínuo,
3. Modo de Desem• Idade
miliares de maforam
estímulos que mais estiveram
presentes
comportapenho deos
Papéis
• Diminuição
do tônus nos
nutenção
do lar
• Transição de papéis
muscular
mentos
que requeriam uma intervenção
de
enfermagem.
Mais
que
• Osteoporose
4. Modo
de Interde• Hospitalização
• Padrões
isso,
estes
estímulos
variaram em termos de estimulação,
de forma
pendência
• Mudança de papel
culturais assoque,
em determinados momentos,•alguns
deles
apareciam
como
• Solidão
Mudanças
na estrutura
ciados
ao de-fafamiliar
sempenho de
tores de cunho focal e, em outros,• surgiam
como
estímulos
contexIdade
papéis
• Restrição de
de movimentuais. É destacada, ainda, a predominância
estímulos de nível biotos
lógico. Os estímulos associados aos modos psicossociais estiveram
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ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
mais associados a mudança de papel da cliente, que devido à doença, teve de abdicar de tarefas caseiras que assumia costumeiramente.
Diagnósticos de enfermagem
Tabela 3 - Relação dos diagnósticos de enfermagem encontrados
com os modos adaptativos de Roy - Fortaleza, 1997
Tabela 2 - Diagnósticos de enfermagem, fatores relacionados e
características definidoras - Fortaleza, 1997
Diagnósticos
enfermagem
Fator
relacionado
Características
definidoras
Excesso de volume de Comprometimento do Edema, sopro cardíaco e crepitações
líquidos
sistema regulador
Dispnéia aos esforços, alteração da freIntolerância a
Distúrbio circulatório
qüência cardíaca em resposta à atividaatividade
de (palpitações), verbalização de fadiga
Sono interrompido, queixa verbal de
não sentir-se repousada
Distúrbio do padrão de Efeitos colaterais da mesono
dicação
Tensão aumentada, nervosismo, verbalização de preocupação com o filho
Ansiedade
Mudança no estado de
saúde
Comunicação verbal de dor
Dor aguda
(abdominal)
A partir dos
Risco para trauma
Aumento da pressão
abdominal por excesso
de líquidos (ascite)
Fraqueza óssea (osteoporose), diminuiestímulos e comportamentos
anteriormente
relatação da acuidade
visual, dificuldade
de
Idade e déficit visual
equilíbrio
dos, foram identificados nove diagnósticos de enfermagem que esde dispositivo intravenoso (jelco)
tavam correlacionados às mudançasUso
biológisas
acarretadas pela
para introdução de líquidos e medicaRisco
para cardíaca,
infecção
invasivo
mentos.
doença
àProcedimento
doença secundária
e às
De uma
maneira geral, Diagnóstico
e segundo osde
modos
adaptativos de
Modo
adaptativo
enfermagem
Roy, os diagnósticos de enfermagem identificados podem ser diviAutoconceito
Distúrbio no autoconceito/ansiedade
didos em dois blocos: os que fazem parte do modo fisiológico e
Fisiológico
aqueles
que compõemExcesso
o modo de
devolume
autoconceito.
O modo fisiolóHidratação
de líquidos
gico
apresentou
uma quantidade
de diagnósticos, fato proAtividade
e repouso
Intolerância maior
a atividade
vavelmente relacionado Distúrbio
à condição
clínica
do padrãoda
decliente.
sono
É necessário ressaltar
que,
se tratar de uma unidade coDéficit
no por
autocuidado
ronariana e pela influência marcante do modelo biomédico, esta
predominância
do modo
Sentidos
Dorfisiológico
aguda é explicada, já que em unidaProteção
Risco
para
trauma o paciente fora do risco
des
deste tipo o objetivo
maior
é manter
Risco para infecção
de vida, e isto inclui a manutenção
dos padrões vitais da pessoa.
Isto foi bem demonstrado pelo fato de quatro dos sete diagnósticos encontrados estarem associados à prevenção de possíveis
complicações biológicas.
Como Roy coloca, os seres humanos são sistemas holísticos
e adaptativos; desta forma, há uma inter-relação entre os modos
adaptativos aqui discutidos. Demonstrou-se que o modo de autoconceito estava alterado permitindo a formulação de dois diagnós-
modificações na forma
ticos. Os diagnósticos encontrados nesse modo, distúrbio do au-
de sentir e de perceber o próprio estado.
Impossibilidade para levar o alimento à
toconceito e ansiedade foram evidenciados pela necessidade ma-
boca, para lavar o corpo e para vestir
os diagnósticos
de
excesso
DéficitEspecificamente
no autocuidado: Restrição
no leito
ou retirar
a roupa de volume de
alimentação, higiene e
líquido,
intolerância
a
atividade
e
dor
aguda
originaram-se dos
vestir-se
Auto-avaliação como incapaz de lidar
commotivo
a situação,
verbalização
negativa
distúrbios cardíacos que faziam parte do
primeiro
de sua
inDistúrbio no autocon- Perda de responsabili- de si mesma.
ternação.
Os diagnósticos
distúrbio
ceito
dade de papel
(cuidado do padrão de sono, risco
de casa)
para trauma, risco para infecção e déficit no autocuidado
estavam associados a questões secundárias ao tratamento ou condições pré-existentes. Este fato nos faz perceber que uma parte razoável de respostas que levam a diagnósticos de enfermagem pode
ter origem no próprio local de tratamento, como consequência à terapêutica de saúde implementada.
Os outros dois diagnósticos, ansiedade e distúrbio do autoconceito, têm origem fora do ambiente hospitalar, mais claramente associados a condutas pessoais ou padrões de comportamento
e relacionamento. Neste caso, problemas familiares e a necessidade de participação efetiva no lar, permitem o entendimento da correlação entre problemas domiciliares, que também fazem parte do trabalho de diagnosticar em enfermagem, e problemas individuais.
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nifestada pela cliente de participar nas atividades do lar e de como
sentia-se quando estava privada de tal participação.
Estabelecimento de metas e intervenções
UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:
ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
g)
Risco para infecção - o maior número de intervenções está baseado na presença de uma solução de continuidade da pele, já
Tabela 4 - Intervenções de enfermagem de acordo com os diagnósticos encontrados - Fortaleza, 1997
que a mesma é a primeira linha de defesa contra microrganismos, fazendo-se necessária a inspeção local e a troca de ma-
Diagnóstico de enfermagem
Excesso de volume de líquidos
Intolerância a atividade
Intervenções
Orientar para evitar manter pernas cruzadas
Oferecer roupas leves
Monitorar pressão arterial
teriais que estejam em contato direto com esta porta de entrada.(8)
h)
Distúrbio no autoconceito e ansiedade - são os dois únicos
diagnósticos formulados do modo de autoconceito de Roy. As
intervenções propostas foram baseadas em Carpenito,(9) a par-
Encorajar repouso na 1ª hora após as refeições
Discutir sobre as limitações nas atividades
do lar
tir do fato de que estímulos a discussão permitem um canal para
resolução de conflitos de identidade. Desta forma, a verbalização ou outros mecanismos de resolução permitem o debate da
Distúrbio do padrão de sono
Reduzir ruídos no período noturno
Eliminar luzes no período noturno
Déficit no autocuidado
Fazer higiene oral
Fazer banho no leito
Auxiliar na alimentação
situação atual e revisão de conceitos pessoais permitindo uma
reestruturação pessoal.
Dor aguda
Estimular respiração lenta e pausada
como forma de relaxamento
Proporcionar alívio ideal na dor com analgésicos prescritos
Risco para trauma
Manter grades laterais elevadas
Entregar objetos dentro de campo de viAs metas de enfermagem são
propostas
visaram aos seguintes asda paciente
e supervisionar
movimentação
pectos: a) reduzir o edema, b)Auxiliar
melhorar
a resposta
a atividade, c)
Avaliação
A avaliação das respostas da cliente foi efetuada a partir de duas
visitas hospitalares e uma domiciliar. A referida avaliação teve como
base o levantamento das reações da cliente às intervenções efetuadas.
Primeira avaliação (hospitalar) - 3º dia de acompanhamento
possibilitar
sono contínuo, d) reduzir
o déficit
autocuidado,
e) miRisco
para infecção
Investigar
local danopunção
para a presença
de
sinais
flogísticos
nimizar a dor, o risco de trauma e de infecções, f) reduzir a ansiedaMedir temperatura, pulso, respiração
de, e g) elevar o autoconceito. Mudar equipos
Encontra-se consciente, orientada, com sinais vitais estáveis.
Apresentando moderado edema de membros inferiores. Em dieta hi-
Mudar
lençóis
e roupa intervenções
de cama
Para cada meta estabelecida
foram
efetuadas
que
possódica, queixando-se de disfagia, empachamento e anorexia.
possibilitassem
um processo deEncorajar
adaptação
e aequilíbrio.
forma,
Distúrbio
no autoconceito
cliente
expressarDesta
sentimentos
Mantida em restrição de movimentos. Apresentando sono descontí-
em relação
a sinão comporta um númecomo o ambiente de uma unidade
fechada
nuo, acordando várias vezes à noite. Acuidade visual diminuída. Au-
Estimular a fazer perguntas sobre seu tra-
ro muito grande de intervenções
para cada paciente, fato relacionatamento
toconceito afetado relacionado à impossibilidade de assumir tarefas
do à já excessiva quantidade de trabalho, procuramos definir ações
domésticas. Ansiosa, tensa, algo aborrecida, afirmando certa perda
Ansiedade
Apoiar mecanismos de resolução que estejam presentes (choro, verbalização, etc)
vamente para a recuperação doManter
cliente
e mantermos
umadaaproximaobservação
freqüente
cliente
Desenvolver compreensão empática
centrais para os diagnósticos encontrados, a fim de contribuir efetição com a prática diária.
a)
de esperança e solidão relacionadas à melhora do estado de saúde.
Eliminações mantidas dentro dos padrões de normalidade. Pulsos
periféricos palpáveis, dispnéica aos esforços, com tosse seca, boa
Excesso de volume de líquido - as intervenções tiveram como
saturação de O2. Venóclise de membro superior direito por jelco. Ab-
base o fato de as alterações circulatórias poderem elevar a
dômen flácido, globoso, doloroso à palpação.
Segunda avaliação (hospitalar) - 4º dia de acompanhamento
quantidade de líquidos represados.6 Além disso, a verificação de
pressão arterial possibilita a avaliação do débito cardíaco.
b)
c)
d)
e)
f)
Intolerância a atividade - a base científica do trabalho neste diag-
Consciente, orientada, sinais vitais estáveis. Apresentando me-
nóstico foi a necessidade de manutenção de atividades básicas
lhora do edema nos membros inferiores. Deambulando com apoio,
para melhoria da tonicidade muscular e da resistência física.8 O re-
embora mostre cansaço secundário à doença cardíaca. Informa ter
pouso ajuda na recuperação da energia física.
tido sono contínuo. Autoconceito continua afetado, embora com um
Distúrbio do padrão de sono - um ambiente tranqüilo é de extre-
nível de compreensão melhorado. Ansiosa e tensa, embora afirme
ma importância para um bom repouso. Isto inclui o controle de
sentir-se mais calma. A dor abdominal regrediu após o sono e início
sons e luzes no período de repouso.9
da terapêutica medicamentosa. Queixa-se de anorexia. Tosse ao
Déficit no autocuidado - estava na dependência da restrição de
deambular. Venóclise de membro superior esquerdo por escalpe.
movimentos que contribui para a prevenção de complicações.
Padrão de eliminação intestinal e urinário dentro dos padrões de nor-
Dor aguda - intervenção relacionada ao relaxamento e suporte
malidade. Obs.: No dia seguinte a cliente recebeu alta hospita-
medicamentoso como forma de proporcionar alívio do descon-
lar.
forto.
Terceira avaliação (domiciliar) - 5º dia de acompanhamento
Risco para trauma - a base do trabalho foi a possibilidade de fraturas relacionadas à osteoporose, à idade e ao déficit visual, que
são fatores de risco para acidentes.
Consciente e orientada. Sem edema de membros inferiores.
Deambula sem ajuda, porém queixa-se de astenia leve. Continua
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UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:
ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
com anorexia, alimentando-se de pequena quantidade de alimentos,
mas com refeições bem balanceadas ofertadas pelas filhas. Informa
Estudio del caso de un paciente con problemas del corazón,
melhora completa do cansaço. Concilia bem sono e repouso no pe-
tendo por objetivo evaluar el cuidado de enfermería basado
ríodo noturno. Autoconceito afetado, demonstrando perda de identi-
en la teoría de la adaptación de Roy. Después de la evalua-
dade pessoal evidenciada por constantes afirmações de possibilidade de morte, embora as filhas tenham demonstrado interesse e par-
ción de incentivos y comportamientos, se elaboraron nueve
ticipação no tratamento da cliente.
diagnósticos de la lactancia. Se establecieron las metas y in-
Avaliação geral
tervenciones empezando por los modos del adaptativos de
Entre os diagnósticos de enfermagem levantados, grande parte
Roy, específicamente dos: fisiologico y autoconcepto. Los re-
dos mesmos foi superada, sobretudo aqueles relacionados ao
sultados mostraron una relación entre la taxonomía de
modo fisiológico, visto que o trabalho em unidades fechadas é qua-
NANDA y los modos adaptativos usados, así como la efecti-
se completamente voltado para a recuperação biológica. Os diagnósticos de ansiedade e distúrbio do auto- conceito teriam que ser
vidad en las propuestas de las intervenciones. Nosotros con-
trabalhados por um período mais longo e de forma extra-hospitalar,
cluimos que la teoría de Roy fue aplicable y eficaz para el de-
contando com a participação efetiva dos familiares da cliente.
sarrollo de un Proceso de Enfermería en el caso estudiado.
Considerações finais
O processo de enfermagem visualizado a partir da ótica da teoria da adaptação de Roy possibilita um trabalho de efetivo desempe-
Unitermos: Modelos de Enfermeria; Diagnostico de Enfer-
nho. A identificação de estímulos e comportamentos direciona as
meria/classificaion; Teoria de Enfermeria; Enfermedades
ações de enfermagem de forma a abranger a pessoa que recebe o
Cardiovasculares.
cuidado considerando-a no todo em suas relações com ambiente
interno e externo. As metas visam ao restabelecimento e/ou à manutenção do equilíbrio sendo possível relacioná-las às intervenções
Referências Bibliográficas
necessárias.
Neste modelo, é válido salientar que alguns modos adaptativos,
por se fazerem presentes no âmbito interno da pessoa, necessitam
de um trabalho mais cuidadoso englobando a participação de outras
pessoas, sobretudo de familiares. Isto demonstra que os modos
adaptativos que envolvem o gradiente psicossocial e espiritual requerem um trabalho aprofundado de conscientização, educação e sensibilização constante, de forma a permitir uma reestruturação e equilíbrio da pessoa que recebe o cuidado.
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UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM:
ESTUDO DE CASO DE UMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS
Anexo 1
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, _____________________________________, por livre e espontânea vontade, permito que as informações que prestarei ao enfermeiro _________________________________, poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de um estudo
intitulado "UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE ROY E DA LINGUAGEM DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO
DE CASO NUMA PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS". A mim serão garantidos os direitos de: sigilo de minha
identidade, omissão de informações as quais não deseje serem divulgadas e desistência de participar do estudo quando
me for conveniente.
Fortaleza, ________ de __________________ de 1997
______________________________
Assinatura da cliente
______________________________
Assinatura do enfermeiro
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A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
THE USE OF THE "CARE PLAN" UNDER THE POINT OF VIEW OF
THE NURSING THECNICIAN: A CASE STUDY
LA UTILIZACIÓN DEL PLAN DE ASISTENCIA DESDE EL PUNTO DE
VISTA DEL TÉCNICO DE ENFERMERÍA: UN ESTUDIO DE CASO:
BRUNA GUIMARÃES OLIVEIRA *
CARLA APARECIDA SPAGNOL **
ELIANE FERREIRA ***
ELIANE MARINA PALHARES GUIMARÃES ****
RESUMO
Este estudo identificou o entendimento que o técnico de enfermagem do Hospital das Clínicas-UFMG tem sobre o Plano de Cuidados. O resultado revelou que o Plano de Cuidados é considerado um guia norteador para a prestação da assistência ao paciente, permitindo a priorização e a seqüência
na execução dos cuidados. Aponta, ainda, que alguns técnicos não percebem a importância da sua utilização, por limitar-se à transcrição da prescrição médica, serem desatualizados e não se adequarem à realidade do setor. As autoras indicam a necessidade de revisão do Plano de Cuidados como
um instrumento do processo de trabalho da enfermagem.
Palavras-chaves: Planejamento de Assistência ao Paciente; Auxiliares de Enfermagem
O
planejamento da assistência de enfermagem é uma
profissão. Para Horta,(3) "o processo de enfermagem é a dinâmi-
função administrativa que determina as ações a serem de-
ca das ações sistematizadas inter-relacionadas visando à assis-
senvolvidas, com o objetivo de atender às necessidades dos pacien-
tência ao ser humano".
tes. Esta função estabelece que o enfermeiro deve fazer o diagnós-
Essas ações são constituídas por etapas descritas como histó-
tico das necessidades dos clientes, elaborar o plano de assistência
rico de enfermagem, plano assistencial, prescrição de enfermagem
a ser prestado pela equipe de enfermagem e avaliar os resultados
ou plano de cuidados, evolução de enfermagem e prognóstico de
obtidos. Para isto, a enfermagem necessita fundamentar a assistên-
enfermagem. Percebe-se, portanto, que o plano de cuidados é uma
cia prestada ao cliente em princípios científicos que embasam os cui-
fase do processo que vem orientar a assistência prestada aos clien-
dados desenvolvidos, utilizando um método para estruturar e organi-
tes. Para Collingwood citado por Chaccur:(4)
zar suas ações.
A sistematização da assistência de enfermagem tem como fina-
"o plano de cuidados é um instrumento utilizado para auxi-
lidade organizar as ações da equipe de enfermagem através da me-
liar na individualização do cuidado do paciente; descrever
todologia científica de resolução de problemas, permitindo uma abor-
qual cuidado o paciente deverá receber e como esse cui-
dagem global e personalizada do paciente.(1) Vários métodos têm
dado poderá melhor ser executado. Constitui um roteiro
sido propostos para sistematizar a assistência de enfermagem, fun-
das ordens, ou prescrições de enfermagem, e como tal, só
damentados na metodologia científica, sendo um deles o processo
será utilizado mediante um planejamento" (pag. 219)
de enfermagem.
O processo de enfermagem é constituído de várias etapas, de-
Segundo Kurcgant,(5) a utilização do plano de cuidados tornará
nominadas de formas diferentes, conforme seus autores e suas teo-
mais rápido e preciso o trabalho da equipe de enfermagem, se for
rias. Para Iyer,(2) o processo de enfermagem é composto de cinco
considerado como um agente de comunicação, elemento de edu-
fases seqüenciais e inter-relacionadas - histórico, diagnóstico, plane-
cação contínua, catalisador de atividades ou indicador de controle e
jamento, implementação e avaliação.
avaliação.
No Brasil, destacam-se os trabalhos realizados por Horta,(3) cuja
As autoras deste estudo definem o plano de cuidados como um
teoria das necessidades humanas básicas e a sua operacionalização
instrumento administrativo, elaborado pela enfermeira, cujo objetivo é
através do processo de enfermagem, foi um grande marco para a
sistematizar as ações de enfermagem adequadas às necessidades
* Enfermeira do Hospital das Clínicas da UFMG; especialista em Saúde
Pública
** Professora Auxiliar da disciplina Administração em Enfermagem da
EEUFMG; especialista em Administração da Assistência de Enfermagem
nos Serviços de Saúde.
*** Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem da EEUFMG; bolsista de Iniciação Científica.
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- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):111-117
**** Professora Assistente da disciplina Administração em Enfermagem
da EEUFMG; mestre em Ciências da Informação.
Endereço para correspondência:
Eliane M. Palhares Guimarães
ENA - Escola de Enfermagem da UFMG
Av. Alfredo Balena, 190
30130-100 - Belo Horizonte- MG
A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
dos clientes e estabelecer meios para atendê-las na proteção, recu-
va, mecânica e não reflete as reais necessidades dos clientes. Wal-
peração e/ou reabilitação da saúde dos indivíduos.
dow(6) cita que:
Embora seja um instrumento de trabalho do enfermeiro, observa-se, através de vivências e da literatura consultada, que as institui-
"embora seja admitida a importância do processo de enfer-
ções nem sempre desenvolvem o processo de enfermagem, e
magem, observa-se que existe uma certa resistência por
quando o adotam, não o fazem na sua íntegra. Constata-se que as
parte dos enfermeiros em aceitar esse método científico de
fases mais empregadas são o histórico de enfermagem, evolução e
trabalho, pois é considerado uma carga a mais entre as suas
prescrição ou plano de cuidados. Em se tratando do histórico de en-
atividades, demanda tempo, pessoal, além do que, para
fermagem,
Waldow(6)
muitos é uma atividade teórica, sem aplicabilidade prática."
enfatiza que a partir dele serão desenvolvidas
as fases seguintes e que, apesar de o mesmo ser o ponto de partida para o processo, alguns enfermeiros prescrevem sem fazer uma
Nos serviços de saúde, a assistência de enfermagem tem sido
coleta de dados e uma avaliação apurada das condições dos clien-
desenvolvida por uma equipe composta por enfermeiros, técnicos,
tes.
auxiliares e atendentes de enfermagem, que possuem níveis de esNa prática profissional, vários são os fatores que contribuem
colaridade diferenciados e funções específicas. Na prática da assis-
para esta situação. Os mais citados nos trabalhos de Mendes,(7) Tre-
tência, a prestação do cuidado é realizada pela equipe, porém não
visan(8) e Guimarães(9) e observados na vivência profissional são: nú-
existe uma divisão das funções a serem executadas por cada cate-
mero reduzido de profissionais, pessoal auxiliar não treinado, regis-
goria, apesar das determinações da Lei do Exercício Profissional(10)
tros de enfermagem falhos, despreparo técnico-científico do enfer-
(Lei 7498 de 25 de junho de 1986 - Decreto Nº 94406). O enfermei-
meiro, alta rotatividade do pessoal de enfermagem, entre outros.
Percebe-se que, na maioria das vezes, o número de enfermeiros que atua nas instituições é reduzido, o que pode ser explicado
por ser um profissional "oneroso", contratado somente para "administrar" a unidade, a fim de cumprirem somente as exigências das
instituições onde trabalham, e não para "administrar a assistência ao
paciente".
Pode-se inferir que a falta de treinamento do pessoal de nível
médio e elementar pode estar associada a esse número reduzido de
enfermeiros, deixando de desenvolver uma de suas funções precípuas, a educação continuada. Outro fator que contribui para essa situação é a falta de uma política de recursos humanos nas instituições, que valorize o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos seus
trabalhadores, como estratégia para a prestação de serviço com
qualidade.
ro, o técnico, o auxiliar e o atendente de enfermagem prestam cuidados básicos como higienização, alimentação, promoção do conforto
e, além disso, assistem clientes que demandam cuidados de maior
complexidade.
Os auxiliares e técnicos de enfermagem, apesar de possuírem
nível de escolaridade de 1º ou 2º graus, desenvolvem as mesmas
atividades que o pessoal de nível elementar, ou seja, os atendentes
de enfermagem, e, mais, assumem ações de maior complexidade
que deveriam ser função específica do enfermeiro.
Aliado a esta situação, observa-se que a atuação do profissional em relação à complexidade do cuidado demandado pelo cliente,
varia de acordo com a realidade da instituição. Constata-se que na
maioria dos hospitais, independente da complexidade do cuidado, a
assistência prestada aos clientes em geral é exercida pelo pessoal
de nível elementar que não possui qualificação específica, e os enfermeiros desenvolvem prioritariamente, atividades administrativas.
Em decorrência dessa situação, outros problemas podem surgir como falhas nos registros da enfermagem, uma vez que o número de profissionais que está assistindo o cliente, sua qualificação e
Essas constatações podem ser encontradas nos trabalhos de
Mendes,(7) Trevisan,(8) Guimarães,(9) Almeida,(11) Deienno,(12) que
mostram que as enfermeiras têm realizado funções de caráter admi-
seu aperfeiçoamento, interfere na forma e na qualidade dos registros
nistrativo burocrático e não burocrático como gerência de unidade,
elaborados.
controle de materiais, medicamentos, pessoas e, o cuidado ao clien-
Percebe-se, também, que a formação acadêmica enfatiza o cuidado direto prestado ao cliente sendo, portanto, discrepante em re-
te está sendo realizado, principalmente, pelo pessoal de nível médio
e elementar.
lação à prática do enfermeiro nas instituições, que está voltada para a
Embora a atuação do enfermeiro tenha se distanciado de sua
administração burocrática. Este fato pode estar contribuindo para a
função principal - administrar a assistência ao paciente, existem algu-
pequena habilidade do enfermeiro em executar o processo de enfer-
mas atividades que são privativas da categoria e se constituem em
magem, pois quando é admitido nas instituições que valorizam esta
atividades fundamentais para essa função que estão contidas no ar-
atividade, apresenta várias dificuldades relacionadas à aplicação do
tigo
método em si ou à fundamentação científica que embasa esta ativi-
Nº 7498(10). Essas atividades são:
9º
da
Lei
do
Exercício
Profissional
dade. Por outro lado, ressalta-se que, muitas vezes, durante o curso
de graduação, o aluno emprega o processo de enfermagem de for-
"...planejamento, organização, coordenação, execução e
ma distante da realidade da instituição e das necessidades dos clien-
avaliação dos serviços de assistência de enfermagem; con-
tes.
sulta de enfermagem; prescrição da assistência de enferTendo em vista estes fatores, observa-se que são poucas as
magem..."
instituições que desenvolvem o processo de enfermagem e, quando isso ocorre, nota-se que é tratado com descaso pela equipe e
Vale ressaltar que o planejamento, a organização, a coordena-
por outros profissionais da saúde, pois é realizado de forma repetiti-
ção, execução e avaliação da assistência de enfermagem devem ser
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A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
fundamentados em príncípios científicos e norteados por um méto-
Foram sujeitos deste estudo todos os técnicos de enfermagem
do. Desta forma, constitui-se justificativa para este estudo a investi-
que atuavam na unidade nos três turnos de trabalho (manhã, tarde
gação do Plano de Cuidados elaborado pelo enfermeiro, em um
e noite). Utilizou-se como técnica para a coleta de dados um ques-
hospital escola de Belo Horizonte, sob a ótica do técnico de enfer-
tionário (Anexo 1), onde foram levantados, em um primeiro momen-
magem, por ser este plano, teoricamente, o instrumento norteador
to, os dados de identificação dos sujeitos da pesquisa e, num se-
das ações desenvolvidas pela equipe de enfermagem e, principal-
gundo momento, aqueles referentes ao entendimento do técnico de
mente, por serem os técnicos os que executam os cuidados pres-
enfermagem sobre o plano de cuidados, suas vantagens e desvan-
critos. Além disso, também constitui justificativa para este estudo a
tagens e se o instrumento em estudo orienta a assistência prestada
escassa literatura enfocando o tema, nesta ótica.
ao cliente. Os questionários foram distribuídos nominalmente e de
Ressalta-se que na instituição em estudo o processo de enfer-
acordo com a escala de serviço do mês de março/97, levando em
magem não está implantado na sua íntegra. As enfermeiras elabo-
consideração aqueles que estavam em efetivo exercício na semana
ram o plano de cuidados, prescrevendo as ações a serem desen-
determinada para a coleta de dados, excluindo os que se encontra-
volvidas pela equipe de enfermagem baseadas na doença, estado
vam de férias, folgas e licenças.
clínico do paciente e na prescrição médica. No entanto, observa-se
Concomitantemente à coleta, os dados foram organizados,
que as mesmas executam as demais etapas do processo assiste-
buscando caracterizar os sujeitos da pesquisa em um primeiro mo-
maticamente, quando admitem o cliente na unidade, observam sua
mento, sem contudo constituírem dados para cruzamentos futuros.
evolução e o avaliam durante seu período de internação.
No segundo momento, elaborou-se um consolidado das respostas
Observa-se, também, que os técnicos de enfermagem da insti-
referentes ao plano de cuidados. A partir deste consolidado foram
tuição em estudo não utilizam o plano de cuidados como instrumen-
identificadas categorias que representassem o entendimento do téc-
to orientador da assistência prestada ao cliente. Esta observação
nico de enfermagem sobre o plano de cuidados, as vantagens e
empírica sugeriu a elaboração de duas questões norteadoras para
desvantagens da sua utilização e a orientação que este instrumento
este estudo:
proporciona para a prestação da assistência pelo técnico de enfer-
1) Qual o entendimento que o técnico de enfermagem tem sobre
magem.
Finalmente, realizou-se a análise das categorias identificadas à
o Plano de Cuidados?
2) Para os técnicos de enfermagem, quais são as vantagens e
luz das considerações teóricas, buscando verificar se o plano de cui-
desvantagens da utilização do Plano de Cuidados na prestação
dados é um instrumento norteador da assistência para os técnicos
da assistência?
de enfermagem.
Diante destas questões, propomos um estudo de caso, para o
qual delineamos como objetivos:
Apresentação e análise dos dados
1) identificar o entendimento que o técnico de enfermagem tem soOs dados de identificação permitiram a caracterização do grupo
bre o Plano de Cuidados;
2) identificar as vantagens e desvantagens da utilização do Plano
de Cuidados citadas pelos técnicos de enfermagem do hospital
em estudo;
3) analisar se o Plano de Cuidados tem orientado a assistência
prestada aos clientes pelos técnicos de enfermagem do hospital em estudo.
de informantes mostrando que 85,7% são do sexo feminino, incluídos numa faixa etária cuja média de idade é de 33 anos. Os dados
mostraram ainda que 38% dos informantes concluíram seu curso de
técnico de enfermagem no período de 1980 a 1990 e 62% a partir
de 1991. O tempo de trabalho na instituição varia de cinco meses a
14 anos e 43% dos técnicos de enfermagem que participaram do
estudo estão lotados no turno da noite, seguidos de 30% à tarde e
22% no período da manhã; 4% não identificaram seu turno de traba-
Metodologia
lho.
O presente estudo analisou a utilização do plano de cuidados
Estes dados vêm confirmar mais uma vez a característica da pre-
pelos técnicos de enfermagem do Hospital das Clínicas da Universi-
dominância feminina na profissão. Nota-se, também, que a faixa etá-
dade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte-MG, através de um
ria dos informantes indica que estão numa fase produtiva profissional-
estudo exploratório. A seleção desta instituição se deu por ser cam-
mente e o tempo de conclusão do curso pode indicar alguma expe-
po natural de pesquisa da UFMG e por ser um hospital geral de gran-
riência anterior na área. No que se refere ao tempo de trabalho na
de porte.
instituição, constata-se um período que indica que o técnico já tenha
Para delimitação das unidades de estudo, foi definido como critério utilizar a unidade de internação que conta com a presença do
tido a oportunidade de conhecer e trabalhar com o plano de cuidados, objeto deste estudo.
enfermeiro em cada turno de trabalho (manhã, tarde e noite) e onde
As respostas obtidas nas questões da segunda parte do ques-
a média de permanência do paciente seja de pelo menos três dias,
tionário - plano de cuidados sob a ótica do técnico de enfermagem
tempo esse considerado mínimo para elaboração e utilização do pla-
- foram compiladas, identificadas as categorias que as representam
no de cuidados. Optou-se por trabalhar com três unidades de inter-
e, posteriormente, analisadas. Foram identificadas as seguintes ca-
nação, que foram julgadas como representativas para o alcance dos
tegorias: "visão do plano de cuidados", "características do
objetivos propostos, sendo estas unidades médica, cirúrgica e pe-
plano", "ambigüidades na utilização do plano de cuida-
diátrica.
dos".
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A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
Na categoria visão do plano de cuidados, o instrumento em
segurança na prestação da assistência. As características apresen-
estudo foi identificado como um guia que contém o conjunto de cui-
tadas podem ser constatadas na seguinte resposta, que considera
dados prescritos pelo enfermeiro, a serem prestados ao paciente in-
o plano de cuidados como um instrumento que "orienta a presta-
dividualmente, conforme seu diagnóstico, durante sua permanência
ção do cuidado, promove melhores condições de prestar os
no hospital. Foi considerado, também, como um método de plane-
cuidados corretos em horários corretos, nas 24 horas, de ma-
jamento e orientação das práticas de enfermagem e, conseqüente-
neira organizada, reforça a continuidade do cuidado".
mente, como forma de organização do serviço. Além desses aspec-
Kurcgant(5) corrobora com a afirmação acima quando relata que,
tos, o plano de cuidados foi citado como um método de trabalho
para a elaboração do plano de cuidados, o enfermeiro deve conhe-
que enriquece o conhecimento e reforça a execução dos cuidados
cer as necessidades do paciente e proporcionar meios para solucio-
ao paciente. Essa conceituação pode ser constatada através das
ná-las. Desta forma, a autora vê o plano como um agente de comu-
seguintes respostas: "orientação dos cuidados a serem presta-
nicação, que necessita ser atualizado a cada modificação das con-
dos ao paciente, privilegiando os cuidados mais emergenciais,
dições do paciente, nas 24 horas do dia e, que permite a interco-
sendo este individual, específico para cada diagnóstico"; "mé-
municação entre a equipe de enfermagem. Ressalta ainda, que o
todo de planejamento e orientação do cuidado de um pacien-
plano deve conter a identificação do paciente, dado essencial que
te"; "forma de orientação que dá melhor visão do que poderá e
garante a individualização da assistência a ser prestada ao mesmo.
deverá ser feito em função do paciente"; "roteiro elaborado pe-
Para as autoras deste estudo, as citações acima apontam que,
los enfermeiros que tem como finalidade orientar o pessoal de
se observadas essas características, o plano de cuidados permite a
enfermagem como proceder com o paciente de acordo com a
prestação da assistência com mais segurança, pois favorece a con-
patologia, podendo assim prestar uma assistência individualiza-
tinuidade do trabalho de acordo com a necessidade do paciente, e
da a cada paciente de acordo com suas necessidades".
ainda auxilia na supervisão da equipe, uma vez que permite a avalia-
Pode-se observar que os conceitos apresentados pelos técni-
ção dos procedimentos delegados aos técnicos de enfermagem.
cos de enfermagem envolvem aspectos do plano de cuidados defi-
Na categoria ambigüidades na utilização do plano de cui-
nido por Collingwood citado por Chaccur(4) como um instrumento
dados, os técnicos de enfermagem ressaltam a importância do seu
que auxilia na individualização do cuidado ao paciente e orienta a me-
uso como instrumento que possibilita uma melhor visão do que po-
lhor execução deste cuidado, constituindo-se em um roteiro de or-
derá e deverá ser feito com o paciente, permitindo a integração dos
dens de enfermagem que serão utilizadas mediante planejamento.
cuidados prestados. Desta forma, consideram que este instrumento
Entende-se que o enfermeiro, enquanto líder de sua equipe, é
orienta a execução dos cuidados, esclarecendo possíveis dúvidas,
responsável pelo plano de cuidados do paciente, tanto no que diz
estabelecendo prioridades e seqüência na execução dos mesmos.
respeito à definição dos cuidados, quanto a supervisão e avaliação
da assistência prestada.
Ao analisar as respostas apresentadas pelos informantes relativas
ao uso do plano de cuidados, percebe-se que o mesmo tem sido
Por outro lado, pode-se constatar que o plano de cuidados ainda
considerado como um guia de orientação para o trabalho, o que vem
é visto por alguns técnicos de enfermagem, como um instrumento ela-
responder à questão orientadora deste estudo.
Contudo, pode-se observar que alguns técnicos ainda não
conseguem perceber a importância da sua utilização, o que pode
ser justificado pela forma de implementação do mesmo na instituição. Corroborando com esta situação, salienta-se que o plano de
cuidados não é reconhecido institucionalmente, pois é feito a lápis,
não é assinado pelo enfermeiro que o elaborou e não se constitui
em documento integrante do prontuário do paciente.
Estas afirmativas podem ser constatadas nas seguintes respostas: "o plano de cuidados não proporciona nenhuma orientação
para o trabalho, pois é mais prático e ganho tempo se verifico a
prescrição médica, onde geralmente os cuidados já vem escritos. Quando não estão prescritos, já conheço os cuidados que
devem ser realizados, e o plano de cuidados não ultrapassa os
meus conhecimentos"; "o plano muitas vezes é repetitivo e, em
outras, uma cópia da prescrição médica, o que deveria ser uma
prescrição de enfermagem..."; "ultimamente não se tem feito,
mas também quando eram feitos não eram revistos...você quase nunca podia seguir cuidados por ele, portanto, eram inúteis".
Alguns autores como Waldow(6) e Silva(13) apontam em seus estudos dificuldades relacionadas à implementação do processo de
enfermagem como forma de sistematização da assistência, destacando a falta de preparo dos enfermeiros para estabelecer o diagnóstico de enfermagem e elaborar a prescrição dos cuidados. Wal-
borado conforme a prescrição médica, caracterizando-se como uma
transcrição desta prescrição, como pode ser observado na fala:
"...procedimento que deve ser feito com o paciente conforme a
patologia e as recomendações médicas..."
Diante desta colocação, pode-se inferir que alguns enfermeiros
ainda se restringem a elaborar o plano de cuidados baseando-se na
transcrição dos cuidados com o paciente prescritos pelo médico e,
desta forma, não consideram aqueles aspectos que são próprios do
"cuidar" como função específica da enfermagem.
A segunda categoria encontrada diz respeito às características do plano de cuidado, e reconhece o plano como um instrumento elaborado pelo enfermeiro e guia para a prestação da assistência ao paciente. Foi relatada como característica a individualidade
do plano, ou seja, sua elaboração para cada paciente, considerando os cuidados relacionados à doença e às necessidades de cada
indivíduo. Além disso, os técnicos apontaram que o plano deve ser
objetivo, claro, elaborado diariamente e atualizado conforme alterações das necessidades do paciente durante sua permanência no
hospital.
Outra característica apontada é que o plano deve conter os cuidados prioritários e indicar o que deve ser realizado com o paciente,
permitindo visualizar com facilidade, os cuidados a serem prestados.
Sinalizam ainda, que a utilização deste instrumento proporciona maior
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A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
dow(6) destaca, ainda, que alguns enfermeiros elaboram o plano de
cuidados sem fazer uma observação e uma avaliação detalhada das
condições do paciente, não respeitando sua individualidade e promovendo uma assistência despersonalizada. Entende-se desta forma, que a assistência torna-se "mecanizada" pois leva em conta
apenas o diagnóstico clínico do paciente e não considera as necessidades específicas do indivíduo.
Além dos fatores citados acima, ressalta-se o número reduzido
de profissionais de nível médio que prestam cuidado ao paciente,
suas dificuldades para qualificação e aperfeiçoamento. Na maioria
das vezes, constituem-se em fatores que interferem no atendimento
das demandas e necessidades do serviço, pois são estes profissionais que executam os cuidados prescritos. Esta afirmativa pode ser
confirmada nos comentários: "não temos tempo sequer para os
cuidados básicos, quanto mais para ler e aplicar o plano de cuidados"; "infelizmente, muitas vezes não consigo tomar conhecimento da evolução do plano, o tempo é pouco para o número
ou inúmeras tarefas a serem executadas".
Ainda na categoria ambigüidades na utilização do plano
de cuidados, os técnicos de enfermagem destacam as vantagens
e desvantagens que o plano de cuidados proporciona à prestação
do cuidado ao paciente. As vantagens citadas enfatizam que o plano de cuidados facilita o trabalho, prioriza os cuidados numa seqüência lógica de execução, economiza tempo, proporciona menor desgaste do profissional, aumentando a produtividade, possibilitando a
prestação de uma assistência de qualidade e com segurança. Destacam, ainda, que o plano de cuidados auxilia na organização do trabalho, pois orienta a prestação de cuidados nas 24 horas do dia, garantindo a continuidade do mesmo.
Pelo exposto, nota-se que a utilização do plano de cuidados
como um instrumento orientador está relacionada com as vantagens
do mesmo no processo de trabalho e que as condições para seu
uso são a atualização a cada mudança das necessidades do paciente, a possibilidade de execução de todos os cuidados prescritos, considerando a rotina do setor e a disponibilidade de recursos,
além da facilidade de acesso e disponibilidade do prontuário do paciente.
de maneira mecânica, diminuindo assim a criatividade e iniciativa, ou seja, muitos se restringem somente àqueles cuidados".
Na maioria das vezes, o técnico de enfermagem observa algumas necessidades de cuidado ao paciente que não constam no plano e, então, sentem dificuldade para executar um cuidado que não
está prescrito. Esta situação pode ser justificada pelo fato de o plano ser, geralmente, elaborado levando em consideração apenas o
diagnóstico clínico e não as necessidades do paciente como um
todo.
Portanto, acredita-se que empresário, além de proceder à avaliação das reais necessidades do paciente, deve levar em conta,
também, as informações e observações dos técnicos de enfermagem no momento de elaborar o plano de cuidados, estimulando a
iniciativa e a participação de todos os elementos da equipe de enfermagem no planejamento da assistência aos pacientes.
Acredita-se que a utilização de uma gerência mais participativa
possibilitará a co-responsabilidade dos técnicos de enfermagem no
desenvolvimento do trabalho, pois os mesmos terão a oportunidade
de discutir, juntamente com o enfermeiro, as necessidades e os cuidados requeridos pelos pacientes, o que leva a uma maior motivação do grupo, estimulando a iniciativa e participação de todos.
Segundo Kurcgant,(5) quando a enfermeira reúne o grupo de
funcionários para ouvir suas informações, somando-as às suas próprias observações para discutir as necessidades dos pacientes e
esclarecer as dúvidas do grupo, está nesse momento, desenvolvendo e motivando não só o grupo de trabalho, como a si própria.
A elaboração do plano de cuidados inadequado à realidade do
setor e a sua desatualização são pontos que podem estar diretamente relacionados ao número e capacitação dos enfermeiros, à forma como este instrumento está sendo desenvolvido e ao modelo de
assistência adotado.
Vários relatos de experiência e a observação das autoras mostram que um dos fatores que interferem na elaboração do plano de
cuidados é a falta de tempo alegada pelos enfermeiros, pois relatam
que são em número insuficiente e que têm assumido cada vez mais,
atividades administrativas de caráter burocrático em detrimento daquelas relacionadas à administração da assistência ao paciente. Para
Guimarães:(9)
A sistematização do trabalho através do processo de enfermagem apresenta vantagens tais como: direcionamento das ações de
enfermagem controlando os cuidados prestados, garantia de uma
assistência individualizada, facilidade na passagem de plantão, estímulo ao enfermeiro para aperfeiçoar seus conhecimentos e, ainda,
oferece subsídios para pesquisa e auditoria. Pode-se constatar que
algumas destas vantagens corroboraram com aquelas listadas pelos
"o enfermeiro tem destinado maior tempo para as atividades que visam diretamente a consecução dos objetivos da
instituição e, por assim agir, vêm sofrendo críticas com relação ao seu trabalho, cada vez mais voltado para as ações
administrativas burocráticas, onde a assistência direta ao
paciente é relegada a segundo plano".
técnicos de enfermagem.
Por outro lado, as desvantagens apresentadas pelos sujeitos da
Pope citado por Chaccur,(4) diz que:
pesquisa referem-se ao plano de cuidados como um instrumento
que restringe a criatividade e iniciativa do funcionário e que, muitas
vezes, se limita à transcrição da prescrição médica. Ressaltam ainda
que a desatualização do plano e sua inadequação à realidade do setor também são fatores limitadores da sua utilização e podem ser
"quando a enfermeira não tem tempo para escrever um plano para cada paciente, deve concentrar seus esforços naqueles pacientes que apresentam maior número de problemas ou nos que estão hospitalizados por mais tempo".
constatados nas seguintes falas: "desatualização e quando atualizado, se limita a transcrição médica"; "as vezes é elaborado de
maneira que a rotina do setor não permite sua execução, apesar da necessidade", "torna-se negativo quando é executado
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Portanto, a sistematização da assistência de enfermagem e a
utilização de instrumentos administrativos vêm facilitar a atuação da
enfermeira e, para isso, o método de trabalho deve ser pensado em
A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
função de necessidades, prioridades, disponibilidade de tempo, recursos humanos e materiais. Desta forma, requer um diagnóstico da
situação e planejamento das ações, atendendo às reais necessidades da instituição, da enfermagem e dos pacientes.(6)
Neste sentido, acredita-se que o enfermeiro precisa rever o seu
papel e a sua prática profissional, buscando novas formas de organização do seu processo de trabalho, bem como rever os instrumentos que utiliza, a fim de configurar uma nova característica à sua
atuação.
patient’s care it allows them to give priority and sequence to the
steps of the care. It also points out that some technicians do not
perceive the importance of the plan’s utilization due to its limitation to transcription of doctor’s prescription. The technicians
also believe that the Care Plan is not up to date nor adequate to
the reality of the unit. The authors indicate the necessity of a revision of the Care Plan as an instrument of the nursing working
process.
Key-words: Patient Care Planning; Nursing Aides
Considerações finais
Resumen
Os resultados obtidos neste estudo mostram que o plano de
cuidados é utilizado pelos técnicos de enfermagem como um guia
que contém um conjunto de cuidados a serem prestados ao paciente. Citam como características deste instrumento a individualidade, a
atualização e a objetividade. No entanto, alguns técnicos o consideram como uma transcrição da prescrição médica, o que não proporciona nenhuma orientação para o trabalho, pois não acrescenta dados às informações requeridas para a prestação do cuidado.
As vantagens relacionadas pelos sujeitos deste estudo enfatizam que o plano de cuidados facilita o trabalho, prioriza os cuidados,
economiza tempo e possibilita a prestação de uma assistência de
qualidade com segurança. Por outro lado, as desvantagens apre-
Este estudio identifica lo que el técnico de enfermería del
Hospital de Clínicas - UFMG - entiende por Plan de Asistencia. Según el resultado el plan sirve de guía para la prestación de asistencia al paciente, permitiendo establecer prioridades y secuencia en la ejecución de la tarea. También informa que algunos técnicos no le dan la debida importancia
a su utilización por limitarse a transcribir la prescripción
médica, no están actualizados y no se adaptan a la realidad del sector. Las autoras subrayan la necesidad de rever el
Plan de Asistencia como herramienta del proceso de trabajo
de la enfermería.
sentadas estão relacionadas à restrição da iniciativa e criatividade do
funcionário, desatualização do plano e a sua inadequação à realidade do setor.
As respostas emitidas pelos técnicos de enfermagem apontam
Unitermos: Planificaión de Atención al Paciente; Auxiliares de Enfermeria.
Referências Bibliográficas
para uma ineficiência do plano de cuidados e indicam a necessidade de se rever a utilização do mesmo na instituição. As autoras con-
1 - Cruz DALM et al. Sistematização da assistência de enfermagem em uma
sideram que a indefinição de um modelo assistencial e a falta de uma
área de recuperação da saúde. Rev Esc Enf USP 1987 jun.; 21 (nº es-
avaliação sistemática do processo de trabalho podem estar contribuindo para essa ineficiência. Entendem, ainda, a necessidade de o
enfermeiro rever dentro do seu processo de trabalho a utilização de
pecial): 68-76.
2 - Iyer PW et al. Processo e diagnóstico em enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993.
instrumentos que o auxiliem, dando ênfase neste estudo ao plano de
3 - Horta WA.
cuidado, no sentido de dar uma nova característica à sua utilização.
1979.
Processo de enfermagem. São Paulo:
E.P.U./EDUSP;
Desta forma, o enfermeiro deve centralizar suas ações na assis-
4 - Chaccur MIB. Análise da implementação do planejamento da assistência
tência ao paciente, utilizando a gerência participativa como meio para
de enfermagem em unidades de internação de um hospital de ensino.
propiciar a prestação dos cuidados. Deve ainda selecionar e implementar instrumentos que o auxiliem no acompanhamento e na avaliação da qualidade da assistência prestada, levando em consideração a realidade do setor, o número e qualificação dos profissionais,
recursos materiais disponíveis e a filosofia da instituição.
Rev Bras Enf 1984 jul/dez; 37 (3/4): 218-27.
5 - Kurcgant P. Plano de cuidados de enfermagem: necessidade administrativa. Enf Novas Dimens 1976 jul./ago.; 2 (3): 139-41
6 - Waldow VR Processo de enfermagem: teoria e prática. Rev Gaúcha Enf
1988; 9 (1): 14-22.
Portanto, acredita-se que uma das formas de ampliar a visão
7 - Mendes DC. Assistência de enfermagem e administração de serviços de
dos cuidados a serem prestados ao paciente é estimular a participa-
enfermagem: a ambiguidade funcional do enfermeiro. Rev. Bras. Enf.,
ção, garantindo a contribuição dos diversos elementos da equipe de
enfermagem na fase de levantamento das necessidades dos pacientes, uma vez que grande parte dos cuidados é prestada pelos
técnicos ou auxiliares de enfermagem.
Brasília, 1985 jul/dez.; 38(3/4): 257-65.
8 - Trevisan M A. Enfermagem hospitalar: administração & burocracia.
Brasília: Editora Universidade de Brasília; 1988.
9 - Guimarães EMP. Sistemas de Informação: subsídios para organização e
utilização na coordenação da assistência de enfermagem. (Dissertação
Summary
de Mestrado) Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais,
Escola de Biblioteconomia, 1995.
This study identified what the nursing technicians from the
10 - Brasil. Lei nº 7.498. 25 de jun. de 1986. Dispõe sobre a regulamentação
UFMG’Clinics Hospital have about the Care Plan. The results re-
do exercício da enfermagem e dá outras providências. Brasília: Conselho
vealed that the Care Plan is considered a directional guide to the
Federal de Enfermagem., 1986.
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):111-117
116
A UTILIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS SOB A ÓTICA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO DE CASO
11 - Almeida MCP. Estudo do saber de enfermagem e sua dimensão prática.
(Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública
da Fundação Oswaldo Cruz; 1984.
12 - Deienno SRR. Atuação do enfermeiro em unidade de internação: enfoque
sobre as atividades administrativas burocráticas e não burocráticas.
(Dissertação de mestrado) Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto- Universidade de São Paulo; 1993.
13 - Silva SH et al. Implantação e desenvolvimento do processo de enfermagem no hospital escola. In: Anais do Primeiro Ciclo de Debates sobre
assistência de enfermagem. São Paulo, 1988:41-5.
Anexo I - Questionário
Data: ___________________ Unidade de internação: ___________________
A) Dados de identificação:
• Sexo:
( ) masculino ( ) feminino
• Idade: __________
• Ano de conclusão do curso profissionalizante: __________
• Tempo que trabalha nesta instituição: _________
• Turno de trabalho:
( ) manhã ( ) tarde ( ) noite
B) Plano de cuidados sob a ótica do técnico de enfermagem:
1) O que é para você Plano de Cuidados de enfermagem?
2) Qual a orientação que o Plano de Cuidados proporciona para a prestação da assistência que você executa?
3) Quais as vantagens e desvantagens que o Plano de Cuidados de enfermagem proporciona à prestação do cuidado ao paciente?
VANTAGENS
DESVANTAGENS
4) Este espaço está reservado para você fazer qualquer comentário a respeito do plano e cuidados de enfermagem utilizado na sua unidade.
FAVOR DEVOLVER À COORDENADORA DE ENFERMAGEM ATÉ _______/______/_______
OBRIGADA!
117
- Rev Min Enf jul/dez 1998; 2(2):111-117
Normas de Publicação
1. A REME - Revista Mineira de Enfermagem é uma
publicação da REDE DE ESCOLAS DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS, com periodicidade
semestral, tem por finalidade contribuir para a produção, divulgação e utilização do conhecimento
produzido na enfermagem e áreas correlatas,
abrangendo as temáticas ensino, pesquisa e
assistência.
2. A REME tem a seguinte estrutura: Editorial; Artigos
Originais, Resumos de Teses e Dissertações,
Relatos de Experiência, Atualização e Revisão);
Notas e Informações (atualização em enfermagem
e em áreas afins, notas de trabalhos de investigação, resenhas e notícias diversas); Normas de
publicação.
3. Os trabalhos recebidos serão analisados pelo
Corpo Editorial da REME, que se reserva o direito
de aceitar ou recusar os trabalhos submetidos.
4. Os trabalhos devem ser encaminhados em disquete, programa “Word for Windows”, versão 6.0
ou superior, letra “Times New Roman”, tamanho
12, digitados em espaço duplo, em duas vias,
impressas em papel padrão ISO A4 (212x
297mm), com margens de 25mm, padrão carta
ou a laser, limitando-se a 20 laudas, incluindo título, texto, agradecimentos, referências, tabelas,
legendas e ilustrações. Devem vir acompanhadas
de ofício de encaminhamento contendo nome dos
autores, endereço para correspondência, email,
telefone e fax, e serem endereçados à REME.
5. A primeira página deverá conter o título do trabalho;
nomes dos autores, com o grau acadêmico mais
alto
e
instituição,
endereço
para
correspondência e entidades financiadoras (alocadas em nota de rodapé); resumos e palavraschave. O título, resumo e palavras-chave devem
ser em português, inglês e espanhol.
As versões do resumo em inglês e espanhol deverão vir no final do trabalho, antes das referências
bibliográficas. O resumo deve conter, no máximo,
100 palavras.
6. Os desenhos e gráficos devem ser apresentados
em papel vegetal, fotografias e/ou “slides” em branco e preto numerados, indicando o local a ser inserido
no
texto;
abreviaturas,
grandezas, símbolos, unidades e referências bibliográficas devem observar as Normas Internacionais
de Publicação.
7. Para efeito de normalização, serão adotados os
Requerimentos do Comitê Internacional de Editores
de Revistas Médicas. Estas normas poderão ser
encontradas na íntegra nas seguintes publicações:
International Committé of Medical Journal. Editors,
Uniforms requeriments for manuscripts submitted
to biomedical journals; Can. Med. Assoc. J. 1995;
152(9):1459-65 e em espanhol, no Bol. Of. Sanit.
Panam. 1989; 107 (5): 422-31.
8. Todo trabalho deverá ter a seguinte estrutura
e ordem:
a) título (com tradução para inglês e espanhol);
b) nome completo do autor (ou autores), acompanhado(s) de seu(s) respectivos(s) título(s);
c) resumo do trabalho em português, sem exceder um limite de 100 palavras;
d) Palavras-chave (três a dez), de acordo com a
lista Medical Subject Headings (MeSH) do Index
Medicus;
e) texto: introdução, material e método ou descrição da metodologia, resultados, discussão e/ou
comentários e conclusões;
f) Resumo em língua inglesa (Summary) e espanhola (Resumen), consistindo na correta versão
do resumo para aquelas línguas;
g) Key words/ Palabras-clave (palavras-chave em
língua inglesa e espanhola) de acordo com a lista
Medical Subject Headings (MeSH) do Index
Medicus;
h) Agradecimentos (opcional)
i) Referências bibliográficas como especificado no
item 10.
k) Endereço do autor para correspondências
9. As ilustrações devem ser colocadas imediatamente após a referência a elas. Dentro de cada categoria deverão ser numeradas seqüencialmente
durante o texto. Exemplo: (Tab. 1, Fig. 1, Gráf. 1).
Cada ilustração deve ter um título e a fonte de onde
foi extraída. Cabeçalhos e legendas devem ser
suficientemente claros e compreensíveis sem
necessidade de consulta ao texto. As referências
às ilustrações no texto deverão ser mencionadas
entre parênteses, indicando a categoria e o número da ilustração. Ex: (Tab. 1). As fotografias deverão
ser em preto e branco, apresentadas em envelope
à parte, serem nítidas e de bom contraste, feitas
em papel brilhante e trazer no verso: nome do
autor, título do artigo e número com que irão figurar
no texto.
10. As referências bibliográficas são numeradas consecutivamente, na ordem em que são mencionadas pela primeira vez no texto. São apresentadas
de acordo com as normas do Comitê Internacional
de Editores de Revistas Médicas, citado no item 5.
Os títulos das revistas são abreviados de acordo
com o Index Medicus, na publicação "List of
Journals Indexed in Index Medicus", que se publica anualmente como parte do número de janeiro,
em separata. As referências no texto devem ser
citadas mediante número arábico, correspondendo às referências no final do artigo. Nas referências
bibliográficas, citar como abaixo:
10.1 PERIÓDICOS
a) Artigo padrão de revista. Incluir o nome de
todos os autores, quando são seis ou menos.
Se são sete ou mais, anotar os três primeiros,
seguidos de et al.
Nascimento ES Compreendendo o quotidiano
em saúde. Enf. Rev., 1995; 2(4): 31-8.
b) Autor corporativo:
The Royal Marsden Hospital Bone-Marrow
Transplantation Team. Failure os syngeneic bonemarrow graft without preconditioning in post
hepatitis marrow aplasia. Lancet, 1977; 2:2424.
c) Sem autoria (entrar pelo título):
Coffee drinking and cancer of the pancreas
(Editorial). Br. Med. J., 1981; 283: 628-9.
d) Suplemento de revista:
Mastri AR. Neuropathy of diabetic neurogenic
bladder. Ann. Intern. Med. 1980; 92 (2pte 2):
316-8.
Frumin AM, Nussabaum J, Esposito M.
Functional asplenia: demonstration of esplenic
activity by bone marrow sean (resumem). Blood,
1979; 54 (supl. 1): 26a.
Cunha MHF, Jesus MCP, Peixoto MRB. A hermenêutica e as pesquisas qualitativas em
Enfermagem. In: Anais do 48º Congresso
Brasileiro de Enfermagem. 1996, 460. São
Paulo: Associação Brasileira de Enfermagem,
1996.
10.2.3 - Monografia que forma parte de uma
série:
Bailey KD. Typologies and taxonomies: an
introduction to classification techniques. In:
Lewis-Beck MS, ed. Quantitative application in
the Social Sciences. Thousand-Oaks: Sage
publications Inc. 1994: 7-102.
10.2.4 - Publicação de um organismo:
Brasil, Ministério da Saúde Portaria 196, de 24
de junho de 1983. Brasília, 1983:5.
10.3 - TESES
Chianca TCM. Análise sincrônica e diacrônica de
falhas de enfermagem em pós-operatório imediato. (Tese de doutorado). Ribeirão Preto, São
Paulo: Universidade de São Paulo, 1997; 151.
10.4 - ARTIGO DE JORNAL
Chompré RR, Lange I. Interes y dificuldades para
realizar estudios de maestria y doutorado en enfermería de America Latina: Horizonte de Enfermería.
Santiago: 1990; Ano 1:1.
10.5 - ARTIGO DE REVISTA (não científica)
Neves MA et al. Técnicas de limpeza e desinfecção da sala de operação: estudo da eficácia
após cirurgia infectada. Ars Cyrandi Hosp. 1986;
4:1, 5-23.
11. Agradecimentos devem constar de parágrafo à
parte, colocado antes das referências bibliográficas, após as key-words.
12. As medidas de comprimento, altura, peso e volume devem ser expressas em unidades do sistema
métrico decimal (metro, quilo, litro) ou seus múltiplos e submúltiplos. As temperaturas em graus
Celsius. Os valores de pressão arterial em milíme-
10.2 LIVROS E OUTRAS MONOGRAFIAS
a) Autor(es) - pessoa física:
Rezende ALM, Santos GF, Caldeira VP,
Magalhães ZR. Ritos de morte na lembrança de
velhos. Florianópolis: Editora da UFSC,
1996:156.
b) Editor, compilador, coordenador como autor:
Griffith-Kenney JW, Christensen PJ, eds. Nuring
process: application of theories, frameworks and
models. A multifocal approach to individuals,
families and communities. St. Louis: Mosby
Company, 1986: 429.
tros de mercúrio. Abreviaturas e símbolos devem
obedecer padrões internacionais. Ao empregar
pela primeira vez uma abreviatura, esta deve ser
precedida do termo ou expressão completos,
salvo se se tratar de uma unidade de medida
comum.
13. Os casos omissos serão resolvidos pela Corpo
Editorial.
14. A publicação não é responsável pelas opiniões
emitidas nos artigos.
10.2.1- Capítulo de livro:
Chompré RR, Lange I, Monterrosa E. Political
challenges for nursing in Latin America. The next
century. In: Fagin CM, ed. Nursing leadership global strategies: International Nursing Development
of the 21St. Century. New York: National League
for Nursing, 1990: 221-28.
10.2.2 - Trabalhos apresentados em congressos, seminários, reuniões etc.:
15. Os autores devem ser assinantes da REME.
16. Os artigos devem ser enviados para:
Escola de Enfermagem da U.F.M.G.
At/REME- Revista Mineira de Enfermagem
Secretaria do NaPq. Sala 211
Av. Alfredo Balena, 190
•
CEP 30130-100
Belo Horizonte - MG.
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