MERG, Camila Ventura. Saberei sustentar a Cruz de Cristo e a Bandeira da Pátria: o espiritualismo integralista na doutrina do Partido de Representação Popular (19451950). Mestrado em História. Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007 A presente dissertação tem como objetivo a análise do espiritualismo integralista na doutrina do Partido de Representação Popular (PRP), compondo um discurso políticoreligioso. O recorte temporal abarcou os anos de estruturação e consolidação da agremiação, 1945 a 1950, período em que a doutrina integralista precisou ser adaptada ao contexto de redemocratização brasileira. O espiritualismo foi um dos elementos utilizados como legitimação do partido, perpassando a sua concepção política e estabelecendo uma forma específica de comunicação. O trabalho foi norteado por três questões básicas: a definição de espiritualismo; a relação com as religiões instituídas; e a penetração do discurso religioso nas formulações políticas. O espiritualismo estava intrinsecamente ligado aos conceitos de integralismo, ao qual fornecia a fundamentação filosófica, e de materialismo, que representava sua antítese. Era entendido como o princípio que postulava a crença em Deus, ente supremo e regulador, e na alma humana, atribuidora de liberdade e responsabilidade. O integralismo propalava a existência de uma ordem sobrenatural, a que o plano material estaria submetido; dessa forma, as atividades humanas deveriam visar à promoção dos valores do espírito, acima das contingências materiais. Esses valores identificavam-se com os princípios cristãos e, prioritariamente, católicos. A doutrina integralista assemelhava-se com o catolicismo e seus adeptos procuraram valorizar esta semelhança. O viés religioso foi explorado no discurso do PRP não só para atrair fiéis, mas porque oferecia um nexo a suas propostas e agia como justificação de seu projeto conservador e, em alguns pontos, autoritário. Esse viés influenciou exemplarmente a concepção de democracia, o nacionalismo e o anticomunismo do PRP. O espiritualismo não era propriamente uma bandeira partidária, mas um fundamento doutrinário, que funcionava como identificação e suporte teórico para a intervenção do integralismo no pós-guerra. . [Resumo obtido no banco teses da Capes]