Espiritismo e Espiritualismo O Livro dos Espíritos, obra essencial da Doutrina Espírita apresenta-se inicialmente sob o título “Filosofia Espiritualista”. Importa, assim, inicialmente, questionar qual a relação entre Espiritismo e o Espiritualismo, e por que apresenta-se como filosofia. Allan Kardec, ao codificar a Doutrina Espírita, houve por bem criar os vocábulos Espiritismo e Espírita, distintos de Espiritualismo e Espiritual, para maior clareza e precisão de conceitos. Por Espiritualismo entende-se a doutrina filosófica, segundo a qual o Espírito constitui a substância de toda a realidade, e que tem por base a existência de Deus e da alma. Efetivamente, o Espiritualismo opõe-se ao Materialismo, para o qual a única substância existente é a matéria. Sob este aspecto, a Doutrina Espírita está plenamente identificada ao Espiritualismo, enquanto gênero a que pertence, mas quanto à especificidade vai mais além, na medida em que acrescenta-lhe os seguintes princípios básicos: 1- Possibilidade de comunicação entre o mundo espiritual e o mundo material. 2- Pluralidade das existências; 3- Pré-existência e imortalidade da alma; 4- Justiça Natural: as penas e recompensas nada mais são que conseqüência natural de ações praticadas; 5- Progresso infinito do Espírito. Como generalidade, portanto, O Livro dos Espíritos representa uma das fases do Espiritualismo, mas como especificidade contém a Doutrina Espírita. Essa a razão por que traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista. Espiritismo Filosofia - Ciência - Religião Embora represente uma face do Espiritualismo, cumpre esclarecer que o Espiritismo difere de toda e qualquer ramificação espiritualista religiosa, na medida em que não possui “dogmas” propriamente ditos, mas antes fundamenta-se na razão e nos fatos. Sob esse aspecto o Espiritismo é considerado uma Doutrina Tríplice, pois sua estrutura consiste em Ciência, Filosofia e Religião. Ciência, pois possui como fundamento a parte experimental ou seja, idéias organizadas sistematicamente a partir dos fatos, dos fenômenos mediúnicos, das manifestações em geral. Para tanto, emprega, efetivamente, o método experimental. Filosofia, pois sua temática abrange essencialmente objetos de conhecimento que estão além da experiência sensível, qual: a existência de Deus, os Princípios constitutivos do Universo (Causas Primárias), as Leis Morais e outros. Para Tanto, possui como instrumento seguro o método racional. Religião na medida em que seu fim último consiste na restauração do Evangelho e na prática dos Princípios Cristãos. Importa porém, considerar que, embora de essência religiosa, o Espiritismo não se vale de formalismos exteriores, de práticas sagradas, rituais ou técnicas coletivas, mas a busca de religiosidade dá-se na intimidade afetiva de cada um, a partir de uma atitude interior consciente. Esses três aspectos encontram-se bem definidos na Codificação de Allan Kardec, respectivamente: O Livro dos Médiuns, O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Em seus aspectos científicos e filosóficos, a Doutrina Espírita será sempre um campo de investigações humanas. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por construir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem para a grandeza de seu imenso futuro espiritual. Bibliografia: * O Livro dos Espíritos - Introdução A bandeira da Doutrina Espírita é a Caridade, e sua inscrição é “Fora da Caridade não Há Salvação”; base fundamental para a evolução do Espírito.