Aula 10 O sujeito gramatical: tipologia (parte 2)

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S UM ÁRIO
O SUJEITO GRAMATICAL : TIPOLOGIA
R EPRESENTAÇ ÃO
Aula 10
O sujeito gramatical: tipologia
(parte 2)
Pablo Faria
HL220C – Prática de análise gramatical
IEL/UNICAMP
R EFER ÊNCIAS
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O SUJEITO GRAMATICAL : TIPOLOGIA
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O SUJEITO GRAMATICAL : TIPOLOGIA
Revisão da primeira parte
Quanto ao papel semântico
Quanto à origem do papel semântico
Quanto à voz verbal
Quadro resumo
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Sujeito oculto
Sujeito indeterminado
Sujeito passivo
Sujeito médio-reflexivo
Sujeito oracional
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C RIT ÉRIOS DE CLASSIFICAÇ ÃO
Quadro resumo (primeira parte):
critério
classificação
exemplos
quanto à
quantidade de
núcleos
simples
Os alunos ficaram felizes.
composto
Os alunos e os professores ficaram felizes.
anteposto ao
verbo
Os convidados chegaram.
posposto ao
verbo
Chegaram os convidados.
quanto à
colocação
quanto à
realização lexical
e referência
quanto à
natureza do
núcleo
determinado
→ referência
definida
explı́cito
Nós fizemos o trabalho.
oculto
Fizemos o trabalho.
indeterminado
→ referência
indefinida
sintaticamente
Fazem docinhos deliciosos naquela padaria.
semanticamente Alguém faz docinhos deliciosos naquela padaria.
nominal
Caminhada em áreas verdes faz bem à saúde.
oracional
Caminhar em áreas verdes faz bem à saúde.
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PAPEL SEM ÂNTICO
I
Às vezes referido como “atitude” (p.e., em Cunha e Cintra,
1985) ou como “papel temático”, em teorias linguı́sticas;
I
Sintagmas nominais vinculados a verbos (ou predicados,
de modo mais geral) tem, para além da função sintática, um
(ou mais de um) papel semântico;
I
Disso resulta que função sintática (aspecto formal) e papel
semântico (aspecto semântico) não devem ser reduzidos a
um só e mesmo fenômeno;
I
Assim, o sujeito (enquanto funcão) não se caracteriza por
seu papel semântico, mas por propriedades sintáticas;
I
Uma listagem exaustiva e consistente é tarefa praticamente
impossı́vel e as tentativas já feitas são polêmicas.
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PAPEL SEM ÂNTICO ( CONT.)
I
Exemplos:
Maria levantou o menino – AGENTE
O menino foi levantado (por Maria) – PACIENTE
Maria levantou-se – AGENTE e PACIENTE
Aquele rapaz tem um carro – POSSUIDOR
I Aquele rapaz ganhou um carro – BENEFICIÁRIO
I
I
I
I
I
E os verbos de estado (predicados nominais), como ficam?
Exemplos: Pedro tem uma doença/a gerência da empresa/um
desejo/...
I Para Cunha e Cintra (1985), por exemplo, o papel é
“neutro”.
I Para Franchi (2003), sempre há papel temático envolvido.
Nos exemplos citados, EXPERIENCIADOR, AGENTE e
VOLITIVO, respectivamente, sendo que um caráter de
POSSUIDOR também permeia todos eles.
I
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PAPEL SEM ÂNTICO ( CONT.)
Alguns papéis principais elencados em Perini (2006):
I
agente
I
paciente
I
local (=locativo)
I
fonte
I
meta
I
experienciador
I
causador da experiência
I
instrumento
I
localizando (item cuja localização é assinalada)
Estão todos aı́?
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O RIGEM DO PAPEL SEM ÂNTICO
O papel do sujeito no evento pode ter diferentes origens:
I
Argumental: quando o papel semântico do sujeito é exigido
diretamente pelo verbo ao qual se liga.
I
Não-argumental: quando o papel semântico é
determinado de modo indireto (isto é, não é exigido
diretamente pelo verbo).
I Esse carro furou o pneu: o papel semântico de carro
provém de sua relação com pneu, isto é, da relação
parte-todo.
I Poderia ser refraseada como O pneu do carro furou.
I O papel semântico de carro é POSSUIDOR, enquanto o
de pneu (ou pneu do carro) é PACIENTE.
I Uma boa pergunta é: por que a lı́ngua inclui estas
alternativas?
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V OZ VERBAL
A voz verbal diz respeito a certas alternâncias verbais – também
chamadas de diáteses verbais ou alternância de diáteses – que a
lı́ngua permite e que não implicam em mudanças na
realização argumental dos verbos:
I
Ativo: Aquele rapaz vendeu o carro.
I
Passivo: O carro foi vendido (por aquele rapaz).
I
Médio: Esse carro vende fácil.
* Reflexivo (considerado “médio”): O rapaz se cortou.
Segundo Cançado (2013), “[a] reflexiva e a passiva refletem
mais uma mudança de perspectiva do evento, através de um
processo sintático”.
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V OZ VERBAL ( CONT.)
Há casos, porém, em que o que parece estar em jogo é de fato
uma mudança na estrutura argumental do verbo:
I
Ativo: O menino quebrou o vaso. (agente, paciente)
I
Incoativo: O vaso quebrou. (paciente)
Aqui, a interpretação é de um evento fortuito, sem
necessariamente uma causa aparente.
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Q UADRO RESUMO ( SEGUNDA PARTE )
critério
quanto a seu
papel semântico
quanto à origem
do papel
semântico
classificação
exemplos
agente
Os alunos leram o livro.
causativo
Esse livro emociona as pessoas.
paciente
A casa foi inteiramente reformada.
experienciador
As crianças se lembraram dos pais.
volitivo
As crianças querem um brinquedo.
possuidor
Aquele rapaz tem um carro.
locativo
O meu apartamento tem uma vista belı́ssima.
etc.
As crianças são felizes, Os docinhos estão uma delı́cia, Minha
calça perdeu o botão...
argumental
Os bandidos furaram o pneu do carro.
O pneu do carro furou.
→ O papel semântico é exigido pelo predicador da oração
não argumental
O carro furou o pneu.
Essa sala venta muito.
→ O papel semântico não é exigido pelo predicador da oração
quanto à voz
verbal
ativo
Aquele rapaz vendeu o carro.
passivo
O carro foi vendido.
médio
Esse carro vende fácil. / O rapaz se cortou.
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S UJEITO OCULTO
PER
REL.S
Quando OC-1pp
nós
PRED.V
SUJi
PRED.V
SUJi
O/A.ADV
O.DIR
NUC
comprarmos A.ADN NUC
a
O.DIR
NUC
reformaremos A.ADN A.ADN
todos
os
NUC
quartos
casa
→ Notem o ı́ndice referencial vinculando os dois sintagmas
SUJ na estrutura. Nem sempre será o caso de haver
correferência.
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S UJEITO INDETERMINADO
O/PER
PRED.V
A.ADV
REL.S A.ADN NUC
em
aquela
NUC
I.IND.SUJ
firma precisa
se
O.IND
A.ADV
urgentemente REL.S A.ADN
de
novos
NUC
funcionários
O/PER
REL.S A.ADN NUC IND
em
aquela
PRED.V
SUJ
A.ADV
firma
NUC
O.IND
A.ADV
precisam urgentemente REL.S A.ADN
de
novos
NUC
funcionários
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S UJEITO PASSIVO
O/PER
REL.S A.ADN NUC
em
aquela
SUJ
PRED.V
A.ADV
loja
A.ADN
APASS NUC
NUC
se
vendem
livros excelentes
O/PER
PRED.V
SUJ
A.ADV
REL.S A.ADN NUC A.ADN A.ADN NUC AUX
em
aquela
loja
todos
os
livros
são
NUC
vendidos
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S UJEITO M ÉDIO - REFLEXIVO
O/PER
PRED.V
SUJi
A.ADN
NUC
O.DIRi
As
crianças
se
A.ADV
NUC
cortaram REL.S A.ADN NUC
com
a
faca
PER
REL.S
Quando OC-1ps
eu
PRED.V
SUJi
PRED.V
SUJi
O/ADV
sempre
A.ADV
NUC
caminhava REL.S A.ADN
em
o
A.ADV O.DIRi
NUC
calçadão
me
NUC
fotografava
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S UJEITO ORACIONAL
PER
PRED.N
O/SUJ
LIG
PRED.V
SUJ
A.ADN NUC
aquela
A.ADV
NUC
bastante difı́cil
NUC
Pedro conseguir A.ADN
O
foi
O.DIR
NUC
PRD.S
promoção
PER
LIG
PRED.V
REL.S
é
OBJ.I
Quando I.IND.SUJ NUC
se
O/SUJ
PRED.N
O/A.ADV
precisa REL.S A.ADN
de
um
NUC
empréstimo
NUC
SUJ
PRED
REL.S
importante que APASS
se
NUC
busquem
A.ADN
A.ADN A.ADN NUC
os
menores juros REL.S A.ADN
de
o
NUC
mercado
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R EFER ÊNCIAS
1. AZEREDO, J. C. 2008. Fundamentos de gramática do português. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor.
2. BECHARA, E. Lições de Português pela análise sintática. Rio de Janeiro: Grifo, 1978.
3. CANÇADO, M. Comparando Alternâncias Verbais no Português
Brasileiro:‘cortar o cabelo’ e ‘quebrar o braço’. Revista Letras, v. 81, p. 33-60,
maio/ago., 2010.
4. CANÇADO, M. Os Papéis Temáticos. Manuscrito. UFMG, 2013.
5. CUNHA, C. & L. Cintra. Nova gramática do português. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.
6. HAUY, Amini Boainain. Da Necessidade de uma Gramática-Padrão da Lı́ngua
Portuguesa. Ensaios 99, São Paulo: Editora Ática, 1983.
7. LIMA, R. Gramática normativa da lı́ngua portuguesa. 32. ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1994.
8. LUFT, C. P. Moderna gramática brasileira. São Paulo: Globo, 2002.
9. PERINI, M. A. Princı́pios de linguı́stica descritiva – Introdução ao pensamento
gramatical. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
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