A UTILIZAÇÃO DO AMBIENTE DINÂMICO NUMA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA PARA ABORDAGEM NOS CONTEÚDOS DE GEOMETRIA ANALÍTICA NO ENSINO MÉDIO Donizete Gonçalves da Cruz Universidade Federal do Paraná — Setor de Educação [email protected] O mundo está vivenciando as transformações tecnológicas dos últimos anos — pois é uma escolha coerente com a atualidade, a computerização e a informatização da sociedade. O computador está presente nas empresas, instituições e órgãos governamentais. Mas, é necessário pesquisar, para que nas aulas de matemática, venha desencadear a motivação necessária para o desenvolvimento das atividades. A presença do computador exige conhecimentos sobre o manuseio da tecnologia. Entende-se que ao ter a presença do computador com seus aplicativos como um novo ator no processo de ensino e aprendizagem, com ênfase para software de ambiente dinâmico, busca que o recurso tecnológico venha possibilitar aos sujeitos do processo ensino-aprendizagem assumir o seu papel no contrato didático e na sua relação com o saber matemático de maneira que possam agir na construção do conhecimento. Nas discussões, em grupos de estudos entre professores, é comum ouvir que a educação, em sua fase atual, tem objetivos voltados para a preparação do aluno, visando enfrentar os desafios cotidianos impostos por sua condição de cidadão. Neste contexto, os estudos estão voltados para propostas pedagógicas que visam a construção de atividades que o aluno possa experimentar, vivenciar, visualizar, simular e comunicar. A inserção dos computadores, no ensino da Matemática implicará em refletir sobre mudanças que a informática acarreta no processo ensino-aprendizagem e reorganizar as estratégias pertinentes ao uso desta tecnologia. Neste contexto, é objeto da investigação, estudar as características dos ambientes dinâmicos, tendo em vista perspectivas construtivistas para o ensino da Geometria Analítica no Ensino Médio. Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 2 Buscamos a fundamentação para esta pesquisa, que se encontra em fase de desenvolvimento, no paradigma construtivista, ao entendermos que a prática da docência pode ser permeada por propostas pedagógicas subjacentes à própria construção do conhecimento tendo como ferramenta instrumental o recurso tecnológico computador e aplicativos de geometria dinâmica. Em nosso entendimento, os softwares de geometria dinâmica e suas características básicas, intermediadas por uma proposta condizente, podem propiciar o desenvolvimento de posturas autônomas de aprendizado. Por se caracterizar como uma pesquisa bibliográfica, as idéias aqui defendidas encontram amparo nos estudos realizados por vários pesquisadores. Citamos, neste texto as colocações de TEODORO (1997), que relata: “Apesar da prática dominante nos processos de ensino-aprendizagem ser ainda a que corresponde a um modelo de transmissão do conhecimento, há hoje um consenso generalizado na investigação em educação que é necessário substituir essa prática por outra que esteja mais de acordo com um modelo construtivista da aprendizagem. De acordo com a perspectiva construtivista da aprendizagem, é fundamental reconhecer que o aluno constrói o seu próprio conhecimento, a partir do que já sabe e do que é capaz de fazer, inserido em contextos sociais, culturais e funcionais”. OLEG TIKHOMIROV (1981), nos oferece importante contribuição através de seus escritos discutindo a utilização de computadores pelo ser humano no campo que abrange a cognição humana. Na teoria da reorganização, sustenta que o computador regula a atividade humana através de passos intermediários, que seriam impossíveis de serem executados por observadores externos oferecendo contribuições significativas para respostas procuradas. Nesta visão, tanto o indivíduo como o computador, são vistos num processo simbiótico em que ambos são moldados, tendo como produto benefícios recíprocos. Tal relação deve ocorrer de maneira que não suprima o pensamento, mas como contributo na geração de novas formas de resolução de problemas alicerçados por fatores que o aprendizado transcorra com a presença deste novo ator. Diz o autor que: "os computadores vieram a ser estudados como uma maneira de reorganização na atividade intelectual humana, além de ser um novo meio de mediar a atividade humana. [...] O uso eficaz dos computadores para a busca da informação nesta memória reorganiza a atividade humana no sentido que possibilita concentrar-se em resolver problemas Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 3 verdadeiramente criativos. Assim, nós nos confrontamos não com o desaparecimento do pensamento, mas com a reorganização da atividade humana e o aparecimento de novas formas de mediação em que o computador como uma ferramenta da atividade mental transforma esta atividade" (TIKHOMIROV, 1981, p. 12). À luz destas reflexões, centramos nosso entendimento olhando a computerização como elemento que nos oferece subsídios qualitativos no contexto onde envolve aquisição do conhecimento num ambiente onde não se não transfere, ao computador, a responsabilidade de execução do pensamento, e, pelo contrário, vê-lo de forma crítica, como elemento que favoreça a aquisição de funções mentais mais elevadas. O indivíduo incumbe-se de criação nas relações em que envolve conceitos e pensamento criativo no cenário da Geometria Analítica. Partindo de nossa compreensão, o computador e seus aplicativos não podem ser desvinculados do processo de ensino aprendizagem, porém não deve inserí-lo em bases compartimentada ou fragmentada, mas observando aspectos no sentido de compor um conjunto de meios que favoreçam a exploração da interface homem computador de forma coerente que venha somar, para que o aluno, possa construir seu conhecimento. No âmago de nossa pesquisa, o aluno é um agente ativo frente à máquina, que ao interagir, possa avançar no desenvolvimento da capacidade intelectual cognitiva. Na nossa análise o pensamento humano é um conjunto habitado de valor, atitude e estratégia para a formulação da dinâmica da solução do problema, exteriorizando-as em maneira de encaminhar, enxergar e explorar no ambiente dinâmico, que por sua vez, encontra-se inserido no computador. LÉVY (In: KALINKE, 2003, p. 28 e 31) nos presta grande contribuição ao pregar que os “computadores criarão um novo estilo de humanidade ao falar sobre um novo modo de entender o mundo após o advento da população da informática pelos computadores pessoais. As mudanças no modo de pensar e agir serão, segundo ele, as mais sentidas pela humanidade”. Os argumentos de BORBA (2001, p. 86) são interessantes, pois nos alerta para não cometermos equívocos ao inserir, em nossa prática profissional, o trabalho com computadores, quando fala que "aula expositiva, seguida de exemplos no computador, parece ser uma maneira de domesticar essa mídia. A forma de evitar isso seria a escolha de propostas pedagógicas que enfatizem a experimentação, visualização, simulação, comunicação eletrônica e problemas abertos”. Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 4 Segundo VALENTE (2000), o computador está propiciando uma verdadeira revolução no processo ensino-aprendizagem. Uma das razões dessa revolução é o fato de ele ser capaz de ensinar. Todavia, o autor destaca que a entrada dos computadores na educação tem criado mais controvérsias e confusões do que auxílio à resolução dos problemas da educação. Cita ainda VALENTE que o computador na educação provocou um questionamento dos métodos e de algumas práticas educacionais, o que, por sua vez, provoca insegurança em alguns na sala de aula. Diz o autor que esses professores pensam que serão substituídos pela máquina. O que VALENTE defende é que o computador pode enriquecer ambientes de aprendizagem onde o aluno, interagindo com os objetos desse ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento. Nesse caso, o conhecimento não é passado para o aluno. O aluno não é mais instruído, ensinado, mas é o construtor do seu próprio conhecimento. PAPERT (In. TEODORO, 1997) defende também que o computador deva ser utilizado como uma ferramenta aplicada nos processos de descoberta e construção do conhecimento. Com a inserção dos computadores na prática da docência, PENTEADO (In BICUDO 1999, p. 297) afirma que o ambiente de estudo passa por uma nova formatação, ao afirmar que: "Vivemos numa sociedade em que prevalecem a informação, a velocidade, o movimento, a imagem, o tempo e o espaço com uma nova conceituação”. Na pesquisa, a manipulação, visualização, movimento e simulação devem proporcionar a descoberta de elementos, propriedades do objeto estudado, semelhanças e diferenças. Devem facilitar a formulação de conjecturas, levando à formação de conceitos que, possivelmente, o aluno terá menos dificuldade para compreender e entender com a ferramenta computador e software adequado. A nossa definição de “Ambiente Dinâmico”, refere-se aos programas de computador que permitem aos alunos construírem figuras, realizar investigações de propriedades, e conceitos matemáticos, manipulando o objeto e seus elementos dinamicamente na tela do computador e, ainda, sendo entendido como a estrutura de composição de determinados softwares que possibilitam trabalhar a geometria onde seja possível explorar, principalmente, o movimento e a manipulação, habilitando os usuários destes softwares mover partes e quando necessário o todo da figura construída, convidando-os a explorar a geometria de forma a leva-los ver a matemática não como Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 5 coleção de regras formais prontas e acabadas em si mesma, mas como uma ciência dinâmica e passível de manipulação, encontra amparado nos estudos e pesquisas realizados por GRAVINA (1996). Pensamos ser possível a compreensão do pensamento matemático e geométrico quando é utilizado um software dinâmico, pois este facilita a transição entre o conhecimento que o aluno já acumula e a facilidade que o computador proporciona para conjecturar. Por exemplo, após uma apresentação estática do conceito de altura de um triângulo, os alunos registram que "a altura de um triângulo é sempre da base até a parte mais alta do mesmo ou altura é a linha vertical que une a base lado do triângulo ao vértice oposto" (GRAVINA, 1996). Num meio dinâmico, após a construção de um triângulo e determinando sua altura, esta pode ser manipulada de tal forma que o indivíduo faz a experimentação sobre a veracidade da sua argumentação e da definição da altura. Sendo assim, através do computador, corrobora ou muda o pensamento, em face de uma definição, correta ou equivocada. Para GRAVINA (1996), são meios pelos quais há a possibilidade do aluno alcançar estágios mais avançados, chegando inclusive a generalizações. O ambiente dinâmico de um computador permite investigar se determinada afirmação que se revelou verdadeira, num caso particular, continua a sê-lo em outros casos, possibilitando alcançar estágios mais avançados, chegando inclusive às generalizações. Essa situação encontra-se em consonância quando se afirma que: "o aspecto dinâmico do desenho desencadeia um processo desafiador e interessante de ensino-aprendizagem. As explorações e estratégias que vão se delineando ao longo do trabalho são similares às que acontecem no ambiente de pesquisa de um matemático profissional. Esta postura investigativa contribui para a formação de uma concepção sobre matemática diferente daquela construída, usualmente, ao longo da vida escolar" (GRAVINA, 1996). Compõe-se de relevante importância notar que a definição de ambiente dinâmico nesta pesquisa, também, observa que: “historicamente os sistemas de representação do conhecimento matemático tem caráter estático. [...] Este caráter estático muitas vezes dificulta a construção do significado, e o significante passa a ser um conjunto de símbolos e palavras ou desenho memorizado. [...] As novas tecnologias oferecem instâncias físicas em que a representação passa a ter Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 6 caráter dinâmico, e isto tem reflexos nos processos cognitivos, particularmente no que diz respeito as concretizações mentais. Um mesmo objeto matemático passa a ter representação mutável, diferentemente da representação estática das instâncias físicas tipo lápis e papel ou giz e quadro-negro. O dinamismo é obtido através de manipulação direta sobre as representações que se apresentam na tela do computador” (GRAVINA, 1998) A escolha pelos softwares de geometria dinâmica, baseia-se no fato que a utilização não requer, necessariamente, conhecer recursos de linguagem de programação. Podemos acrescentar que seus processos de representação se aproximam muito dos meios de representação das mídias papel e lápis e nesse sentido a relevância está na medida em que não prioriza o domínio de uma sintaxe e morfologia completamente desconhecida. A “Geometria Dinâmica” nesta pesquisa é entendida como a geometria que pode ser trabalhada no ambiente dinâmico, onde poderá ser explorada por meio dos movimentos de figuras. É a geometria construída na tela de um computador que, através da interface, oferece ao usuário (aluno) condições de manuseio dos componentes da figura, possibilitando uma exploração e realização de conjecturas, estabelecendo-se, assim, os requisitos necessários para revelar conceitos e propriedades. Para KING, SCHATTSCHNEIDER, WINROTH (In. RODRIGUES, 2002) “a geometria dinâmica é uma nova proposta que visa explorar os mesmos conceitos da geometria clássica, porém, através de um programa interativo”. No sentido de se ter o computador como aliado no processo de aprendizagem de indivíduos pensantes, na matemática, os computadores podem ser utilizados como meio dinâmico e, a partir desta concepção, métodos tradicionais utilizados pelos professores tendem a ser questionados enfaticamente no decurso do processo ensino-aprendizagem. Sabe-se que a construção matemática se dá através de indução e generalização e nesse sentido, o poder dos computadores, desde que inseridos adequadamente no processo de aprendizagem, reside principalmente na interatividade que conseguem estabelecer entre os envolvidos no processo e, ainda, permitem desenvolver métodos de ensino que não eram possíveis com os métodos tradicionais. Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 7 CATEGORIAS DE ABORDAGEM Diante das várias características de um software de geometria dinâmica, relacionamos algumas que julgamos salutares tendo em vista uma perspectiva construtivista. São as seguintes: movimento, visualização, manipulação e simulação. Embora, aqui, são abordadas separadas, numa construção em software de geometria dinâmica são vistas num fenômeno de coexistência. Acreditamos que partindo destas características e tendo o desenvolvimento de atividades em ambiente computacional dá oportunidade e liberdade aos alunos de usarem, ao longo de suas construções, estratégias para estabelecer pensamento organizado a respeito das situações problemas que podem se trabalhados nesses ambientes. Sendo assim, as atividades desenvolvidas no ambiente dinâmico, deve ater-se às condições que tornem resistentes as idéias dos sujeitos envolvidos no processo, objetivando a criação de idéias e o fortalecimento do argumento geométrico. Acreditase que para alcançar um estágio argumentativo e consistente passa-se por um processo de análise contínua mediante as tentativas e identificação de características que determinem com segurança a verdade e o rigor. Associam-se as quatro características com a possibilidade de compreensão de conceitos envolvidos nas construções geométricas. Aqui, a compreensão é vista de acordo com as idéias de NICKERSON (In: TEODORO, 1997). Este autor diz que: “compreender é uma questão de grau. [...] há evidência de que se compreende um conceito, princípio, estrutura, processo, de um modo relativamente profundo, quando se é capaz de explicar claramente a um especialista reconhecido, aplicar o conhecimento em vários contextos, produzir representações qualitativas adequadas, fazer analogias com sentido, corrigir erros, prever a influência de variáveis”. Movimento Ao discutir a inserção dos computadores nas aulas de matemáticas para se ensinar geometria, é importante observar a relevância do movimento proporcionado pelos softwares de geometria dinâmica, considerarando que propriedades podem ser encapsuladas, descobertas surgirão e outras serão corroboradas. Assim, ao trabalhar com o computador, acrescenta-se elementos ao rol de análises adicionando possibilidades para explorar transformações e trabalhar com propriedades num conjunto de variâncias onde concretiza uma validade conceitual ou descarta-a. Nesta análise, o Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 8 computador nos fornece um importante papel no processo de aprendizado, pois temos “a possibilidade de enxergar a mesma configuração, de diversas maneiras, facilita a compreensão do comportamento geométrico dos elementos envolvidos” (RODRIGUES, 2002). Ao somar com outras características, nos oferece caminhos e várias opções para enxergar conceitos geométricos, somando a isso, nos traz várias posições de visualizar uma figura e determinando seqüência de esquemas mentais que contribuirão para a assimilação do conteúdo explicitando propriedades geométricas já conhecidas e oportunizando conhecer outras. A construção de figuras geométricas, incluindo as da Geometria Analítica, são executadas dentro de definições e propriedades. A dinamicidade do software ao movimentar a figura, faz estas manterem ou não suas propriedades, possibilitando, através da interface, a checagem diante da tela do computador. No decorrer das atividades, o movimento pode levar à incorporação de critérios, possibilitando consistência ao argumento e pensamento matemático tendo em vista as descobertas, que anteriormente se tornavam difíceis com lápis, transferidor e papel. Entende-se que o movimento provoca uma nova dinâmica nas aulas de matemática que ao coexistir com outros elementos caracteriza uma nova conceituação, imediatiza a idéia de significância matemática, pois leva à procura de elementos variantes, não visto num ambiente de recursos estáticos como o quadro negro, régua, compasso e outras mídias fora do conjunto das novas tecnologias. Agora é o tempo da análise, da verificação, da conjectura, etc., não se trata, neste caso, de abandonar tais recursos, entretanto, conceber um ensino com auxílio tecnológico é uma idéia sempre válida. Ao envolver o movimento nas figuras com base numa proposição de solução de problemas, os alunos podem diferenciar categorias mesmo na ingenuidade e veladamente desempenham passos de pequenos pesquisadores. A idéia de movimento na geometria já vem de outros tempos e isto se verifica quando “em 1874, na França, Meray sugeriu que ensinasse a geometria através do movimento: movimento translacional permitindo a introdução da noção de paralelismo; movimento rotacional levando à noção de perpendicularidade” AMORIM (2003). Vemos que o avanço da tecnologia computacional torna real o movimento já apregoado no passado. As idéias lançadas antes de nossa época podem ser tratadas na Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 9 escola, serem implementadas e transpostas para o contexto do ensino aprendizagem através dos softwares de geometria dinâmica. É possível surgir uma nova conceituação, quando, através do movimento na tela do computador, tem-se alterações, entre outros, nas medidas de ângulos, segmentos, áreas, volumes e funções trigonométricas. Visualização Parece consenso que o uso do computador como uma ajuda para visualização é um tema recorrente na literatura e um aspecto importante que está recebendo atenção daqueles que pesquisam na temática dos recursos tecnológicos aplicados à Educação Matemática. O fato de explorar o aspecto da visualização, num aspecto crítico e observador, pode nos levar a diferentes visões de um mesmo conceito, por meio de focalizações não possíveis sem o auxílio do computador. Como exemplo, citamos a resolução de equações. Enquanto no caderno o aluno desenvolveria cálculos e cálculos, em várias folhas, numa tentativa de relacionar contas e gráficos de um conceito cuja construção não participou, no ambiente do computador essa resolução pode ser vislumbrada, numa mesma tela, com algumas janelas onde estão disponíveis a sua visão. Entende-se que uma análise do conceito em questão se torna facilitada pela condensação de informações que se encontram disponíveis ao aluno que interfaceia frente ao computador. A visualização é um valor escolhido em forma de categoria. Quando entendida como relevante, sob o ponto de vista educacional, e sendo bem explorada, pode proporcionar para o ensino da Matemática benefícios decorrentes da inserção dos recursos tecnológicos aos processos de ensino da Matemática, portanto, a visualização recebe atenção uma vez que faz parte do conjunto da natureza interativa dos materiais multimídias que têm envolvido as salas de computação. Muitos autores têm se ocupado em demonstrar a importância da visualização no processo de aprendizagem. Entre os que tratam do assunto cita-se DREYFUS (In. CROW e ZAND, 1994, p. 110) que, ao apresentar o computador numa visão de ferramenta cognitiva capaz de organizar o conhecimento disponível para o aprendiz, utiliza-se de fractais, abordando gráficos em estágios diferentes que requerem habilidades qualitativas, às quais vão se inserindo nos processos de análise perfazendo um conjunto de situações favoráveis à aprendizagem. DÖRFLER (In. CROW e ZAND, 1993) vendo a visualização como uma faceta importante da cognição, acrescenta que os computadores podem transformar uma Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 10 determinada situação em outras situações. Na visão do referido autor, através do aspecto visual, determinados conceitos permitem uma compreensão mais simplificada e favorecem construções de modelos cognitivos. Este pesquisador registra que, “visualizações tornam-se uma parte integral de um conceito matemático que não substitui a definição formal, mas complementa-a. [...] conceitos abstrato e formal tornaram-se mais acessíveis pela invenção de visualizações melhores. [...] alguns (mas não todos) matemáticos dependem criticamente da visualização”. Partimos do princípio que as visualizações de figuras geométricas num computador não apresentam necessariamente o rigor na matemática, porém, acredita-se que para alunos que apresentam dificuldades para compreensão de conteúdos de geometria, o uso de representações figurais representa uma ponte em direção ao entendimento do conteúdo geométrico. Nesse contexto de análise, a menção à representação é um fator que merece atenção. KOEDINGER (In. CROW e ZAND, 1992) ao mencionar as representações deixa claro sua preferência pelos diagramas para fornecer informações que auxiliam o raciocínio em detrimento às representações lineares. Esta idéia vem de encontro com nossa opinião, pois nesta pesquisa, o paradigma vertical é rompido e a planificação do pensamento entra em cena, criando um novo cenário para as aulas de matemática. O pensamento matemático é distribuído em pontos distintos num plano virtual e o conectivo de idéias é conseqüência de redes que interligam esses pontos. Esta ligação de pontos necessariamente não possui NA AUSÊNCIA DO COMPUTADOR COM O COMPUTADOR CONHECIMENTO INDIVÍDUO ponto fixo para início e fim das conexões. As ligações ocorrem num conjunto de combinações impregnadas fortemente pelo senso de infinitude, pois não se sabe exatamente quantos pontos existem e a idéia da planificação do pensamento adquire o formato de adimensionalidade. No campo da representação por diagramas, há a idéia de significância de arranjo espacial de dados e de relacionamento todo-parte. Nesse Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 11 panorama do pensamento planificado e adimensional, a visualização oferta o potencial para reconhecimento de relações e interagindo no contexto das representações o aluno pode compreender a construção das mesmas. Manipulação Na pesquisa, a simulação esta mais relacionada com o comportamento do fenômeno e a manipulação está intimamente ligada ao movimento, na qual se beneficia para comprovar a “robustez” e “rigidez” da figura possibilitando notar a presença, na construção, de princípios, definições, leis e axiomas contidos na matemática. O pressuposto para a escolha da característica manipulação é o princípio e a crença que construir e manipular também experimenta, descobre relações, conjecturam e às vezes provam. Na pesquisa, a manipulação é vista como elemento que proporciona descobrir elementos, propriedades do objeto estudado, semelhanças e diferenças, facilita na formação e visualização de imagens que decorrentes do movimento proporcionado pelos softwares adotados levam à formação de conceitos úteis, que possivelmente, o aluno teria dificuldades para compreender e entender sem a ferramenta computador e um software adequado. Tem-se a manipulação como a característica que estará constantemente aliada ao rigor matemático e aos critérios que estabelecem a verdade matemática. A verdade matemática, aqui, é entendida como a corroboração de propriedades, leis e definições que constituem a ciência matemática. Ao manipular uma figura na tela do computador o aluno poderá após vários testes situacionais, por em prova o formal e o rigor, constatando a ocorrência e os porquês da validade. Tal condição favorece solucionar um problema gerando não somente uma conjectura, mas também a possibilidade de encontrar várias, diante do interesse que pode ser despertado levando-os a resultados, que às vezes, contrastam com o conhecimento tácito. As particularidades passíveis de ocorrência adiantam a discussão entre duplas ou grupos de alunos diante de invariantes que são comuns nesses ambientes e, provavelmente, nos dirige para solidificar o saber geométrico no ambiente de aprendizagem. Sob o aspecto pedagógico, a manipulação é vista como forma de testar as figuras geométricas dentro dos vários recursos que o software permite determinando um ambiente propício para o aprendizado intermediado pela experimentação e descoberta. Tal característica pode contribuir para realização de experimentações e construções de generalizações a partir das observações em ambiente dinâmico, na Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 12 medida que os programas de geometria dinâmica tornam possível a manipulação de objetos matemáticos de forma diferente da mídia papel e lápis. Simulação A simulação nesta pesquisa é aplicada nas figuras geométricas, entretanto seu uso se aproxima da modelação computacional e por isso é necessário distinguí-las. TEODORO (1997), aplicando a definição faz distinção entre simulação e modelação, onde escreve que: “o que caracteriza a simulação é a representação visual de um processo ou fenômeno com maior ou menor fidelidade perceptual, sem manipulação do modelo formal do processo ou do fenômeno e a modelação é a representação formal, através de expressões quantitativas (ou qualitativas), de relações entre variáveis que descrevem o processo ou o fenômeno”. Esta distinção é importante, pois GAGO (In. TEODORO,1997, p.14), descreve que “a utilização de simulações computacionais na educação é freqüentemente objeto de crítica porque, dizem os críticos, o que é importante é a observação direta dos fenômenos”. No entanto, esta crítica se torna relevante quando a simulação é vista sob o aspecto isolado e como único processo para o aluno tomar conhecimento do fato ou fenômeno em questão. Não usaremos a simulação de forma isolada, mas em conjunto com as demais características em questão (movimento, visualização e manipulação) para serem trabalhadas e como forma de intervenção potencializando elementos num contexto de aprendizagem. Ao envolver a característica simulação em conjunto com as demais, estaremos tratando-a com o devido cuidado já observado por TEODORO (1997) quando diz que “a utilização cuidadosa de simulações pode facilitar a compreensão dos fenômenos e, até, a realização das experiências reais”. Portanto, entendemos, ser a simulação uma forte componente em ensino-aprendizagem e acreditamos ser um fator facilitador à compreensão conceitual e os aspectos formais e operacionais que envolvem uma construção geométrica. Para exemplificar este fato pode-se trabalhar com áreas e uma vez editada determinada construção, altera-se o valor e observa comportamentos por meio de análises. As colocações citadas são reflexo das idéias defendidas por GRAVINA (1996) que ao desenvolver experimentos com alunos do 3o grau constatou que: "A partir de experimentos dinâmicos, regularidades e invariantes vão aparecendo, e pela essência do pensamento matemático, surge naturalmente a busca de uma demonstração que independa de experiências Anais do VIII ENEM –Comunicação Científica GT 06 – Educação Matemática: Novas Tecnologias e Ensino a Distância 13 concretas, no caso as simulações em computador. É o processo de dedução e rigor que se estabelece". Palavras-Chaves: Geometria Dinâmica, Construtivismo, Conhecimento. Referências Bibliográficas BORBA, M.C. & PENTEADO, M.G. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. BORBA, M. C. "Tecnologias informáticas na educação matemática e reorganização do pensamento". In: BICUDO, M. A. V. (org). Pesquisa em educação matemática: Concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999 a. p. 285 - 295. PENTEADO, M. G. 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