Mamografia Digital

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UNIMED-BH – COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA
GRUPO DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE - GATS
MAMOGRAFIA DIGITAL
12/2008
Belo Horizonte
Maio 2008
Autoras: Dra. Christiane Guilherme Bretas
Dra. Sandra de Oliveira Sapori Avelar
Dra. Izabel Cristina Alves Mendonça
Dra. Lélia Maria de Almeida Carvalho
Dra. Silvana Márcia Bruschi Kelles
Bibliotecária: Mariza Cristina Torres Talim
Instituições parceiras:
Associação Brasileira de Medicina de Grupo – ABRAMGE
Associação dos Hospitais de Minas Gerais – AHMG
Associação Médica de Minas Gerais – AMMG
Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil – CASSI
Federação Minas
Federação Nacional das Cooperativas Médicas - FENCOM
Contato: [email protected]
RESUMO
O câncer de mama é uma das principais causas de morte entre as mulheres no
mundo ocidental. Quando diagnosticado precocemente apresenta excelente
prognóstico. As altas taxas de mortalidade estão relacionadas ao diagnóstico tardio.
Logo, a busca pelo método diagnóstico precoce mais eficiente se justifica. Como
exame de screening, a mamografia vem sendo utilizada há várias décadas. Há
alguns anos, após introdução da tecnologia digital, foi iniciado o uso da mamografia
digital para a detecção do câncer de mama. Os trabalhos iniciais mostraram
resultados semelhantes entre as duas tecnologias na detecção de alterações do
parênquima mamário, talvez devido à pequena prática dos radiologistas em relação
à leitura da mamografia digital. Em 2005, foi publicado um grande estudo
multicêntrico com 42.760 mulheres submetidas aos dois tipos de mamografia. Este
estudo teve poder estatístico para definir que nas mulheres com menos de 50 anos,
com mamas densas e na pré ou peri-menopausa, a mamografia digital tem maior
acurácia no screening populacional.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.................................................................................................5
1.1 Questão Clínica................................................................................................5
1.2 Aspectos epidemiológicos................................................................................5
1.3 Descrição do medicamento avaliado e alternativas terapêuticas.....................6
2
MÉTODO...........................................................................................................6
2.1 Bases de dados e estratégia de busca..............................................................6
3
RESULTADOS..................................................................................................7
4
RECOMENDAÇÕES.........................................................................................9
REFERÊNCIAS...............................................................................................10
ANEXOS..........................................................................................................11
5
1
INTRODUÇÃO
1.1 Questão clínica
A mamografia digital é mais acurada que a mamografia convencional como
screening na detecção de neoplasias mamárias?
1.2 Aspectos epidemiológicos e clínicos
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, devido à sua
alta freqüência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a
percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro
antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce
rápida e progressivamente.
Este tipo de câncer representa, nos países ocidentais, uma das principais causas de
morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência tanto nos
países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um
aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de
Câncer de Base Populacional de diversos continentes.
No Brasil, o câncer de mama é o que mais causa mortes entre as mulheres. O
número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil, no ano de
2008, é de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres.
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se
diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de
mama continuam elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda é
diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média
após cinco anos é de 61%.
História familiar é um importante fator de risco para o câncer de mama,
especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) foram
acometidas antes dos 50 anos de idade. Entretanto, o câncer de mama de caráter
familiar corresponde a aproximadamente 10% do total de casos de câncer de mama.
A idade constitui outro importante fator de risco, havendo um aumento rápido da
6
incidência com o aumento da idade. A menarca precoce, a menopausa tardia
(instalada após os 50 anos de idade), a ocorrência da primeira gravidez após os 30
anos e a nuliparidade, constituem também fatores de risco para o câncer de mama.
Ainda é controvertida a associação do uso de contraceptivos orais com o aumento
do risco para o câncer de mama. A ingestão regular de álcool, mesmo que em
quantidade moderada, é identificada como fator de risco para o câncer de mama,
assim como a exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos.
Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam a mortalidade em
mulheres
convidadas
para
rastreamento
mamográfico
com
mulheres
não
submetidas a nenhuma intervenção são favoráveis ao uso da mamografia como
método de detecção precoce, capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama.
1,2
1.3 Descrição do produto
A mamografia digital possibilita ao médico examinador tratar a imagem radiológica
(alterar o brilho e contraste) a fim de obter melhor visualização da imagem.
2
MÉTODO
2.1 Base de dados e estratégia de busca:
CADTH - Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health
http://www.cadth.ca
INAHTA – International Network of Agencies for Health Technology Assessment
http://inahta.org
NICE : National Institute for Health and Clinical Excelence
http://www.nice.org.nk
Procedeu-se a busca no Medline, via PubMed. O quadro abaixo mostra o resultado
das buscas.
7
Bases
Termos
BIREME
http://www.bireme.br/
LILACS
Biblioteca Cochrane
MEDLINE (via PubMed)
www.ncbi.nlm.nih.gov
Estudos
Selecionados
Resultados
mamografia and digital [Palavras
do título]
(digital and mammography and
human and female)
#1 Search "digital
mammography" Field:
Title/Abstract, Limits: published in
the last 10 years, Humans,
Female, Review
05
11
66
01
#2 Search "digital mammography"
Field: Title/Abstract, Limits:
published in the last 5 years,
Humans, Female, Clinical Trial
#3 Search "digital
mammography" Field:
Title/Abstract, Limits: published in
the last 10 years, Humans, Female,
Randomized Controlled Trial
Referências relacionadas
#2
Agências de Tecnologias
CADTH
(Canadá)
14
01
05
02
01
3 RESULTADOS
Apresentação dos resultados dos estudos selecionados:
Estudos
Pisano et al.
DMIST
2005
3
Tipo de Estudo
População
Coorte
concorrente.
42.760 mulheres
(idade média = 55
anos)
Desfechos
Resultados
Avaliar diferença na
acurácia diagnóstica entre
a mamografia
convencional e a digital.
A mamografia digital possui
melhor acurácia para a
detecção do câncer de mama
em mulheres abaixo de 50
anos, mulheres com mamas
densas e mulheres na pré e
peri-menopausa. Nestes casos
houve maior sensibilidade para
o diagnóstico de câncer, com
significância estatística, no
exame da mamografia digital.
Comentários do revisor: O estudo não fez avaliação do impacto sobre a mortalidade.
8
Estudos
Fischmann et
4
al.
2005
Tipo de Estudo
População
Série de casos
Avaliação.
199 mulheres com
mais de 40 anos
Desfechos
Resultados
Comparar a qualidade da
imagem e a acurácia para
a detecção de lesões
entre a mamografia digital
e a convencional
A mamografia digital é superior
na qualidade geral da imagem,
na descrição da pele, do
mamilo e do músculo peitoral.
Houve diferença estatística na
detecção de microcalcificações
a favor da mamografia digital,
embora não tenha havido
diferença na sua classificação
morfológica.
Comentários do revisor: O estudo foi feito com amostra reduzida.
Estudos
Shaane et al.5
Follow up
OSLO II
2007
Tipo de Estudo
População
Desfechos
Resultados
Estudo
randomizado com
23.929 mulheres
entre 45 e 69 anos.
Comparar a performance
da mamografia digital e
da convencional em um
programa de screening.
A mamografia digital
proporcionou maior taxa de
detecção de câncer que a
mamografia convencional, na
faixa etária entre 50 a 69 anos,
mas sem diferença estatística
(*VPP 18,5% x 21,5%,
respectivamente, sem
significância estatística)
A taxa de detecção de câncer
foi similar na faixa de 45 a 49
anos
(*VPP 7,4% x 7,1%,
respectivamente, sem
significância estatística).
Comentários do revisor: O seguimento do grupo da faixa etária entre 45 a 49 anos foi menor devido
à interrupção do programa de screening para esta faixa etária. Não houve descrição da densidade
da mama neste estudo.
*VPP Valor Preditivo Positivo
Estudos
Pisano et al.6
2008
Tipo de Estudo
População
Análise
retrospectiva
do estudo DMIST
*VPP Valor Preditivo Positivo
Desfechos
Comparar a acurácia da
mamografia versus a
mamografia digital em
subgrupos.
Resultados
A mamografia digital tem
melhor performance em
mulheres abaixo de 50 anos,
na pré ou peri-menopausa e
com mamas densas
(p = 0.0013 para sensibilidade,
p = 0,154 para especificidade e
p = 0,0005 para *VPP). A
mamografia convencional
tende a ser melhor, em
mulheres de 65 anos ou mais,
com mamas com substituição
adiposa (p = 0.031 para
sensibilidade,
p=
0,121 para especificidade e
p = 0,0055 para *VPP).
9
A Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health- CADTH, fez, em 2006,
atualização sobre a utilização da mamografia digital, em que faz as seguintes
considerações.7
-
A mamografia digital pode melhorar a qualidade da imagem da mama;
-
Grandes estudos comparativos indicam que a acurácia geral da mamografia
digital é similar à da mamografia convencional;
-
Evidências recentes sugerem que a mamografia digital tem melhor acurácia
no diagnostico do câncer de mama em mulheres abaixo de 50 anos, com
mamas densas e na pré ou peri-menopausa;
-
O custo da mamografia digital é maior que o da mamografia convencional;
-
O controle de qualidade dos sistemas da mamografia digital oferece
vantagens quando comparado com o da mamografia convencional, entretanto
é mais complexo e está associado a uma curva de aprendizagem.
4
RECOMENDAÇÕES
Como exame populacional, a mamografia convencional já mostrou seus benefícios.2
Atualmente a mamografia digital tenta melhorar a acurácia para detecção de
alterações do parênquima mamário a fim de diagnosticar, de maneira precoce, o
câncer de mama.
Embasado na literatura é possível afirmar que a mamografia digital é superior à
mamografia convencional em mulheres abaixo de 50 anos, com mamas densas, na
pré ou peri-menopausa.
Entretanto, não há nenhum estudo que avalie o impacto da utilização da mamografia
digital na mortalidade do câncer de mama.8
REFERÊNCIAS
1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer . Acesso em: 28 abr.
2008. Disponível em: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=336.
2. Fletcher SW. Screening average risk women for breast câncer. Acesso em: 30
abr. 2008. Disponível em: www.uptodate.com.
3. Pisano ED, Gatsonis C, Hendrick E, Yaffe M, Baum JK; Digital Mammographic
Imaging Screening Trial (DMIST) Investigators Group,.et al.
10
Diagnostic performance of digital versus film mammography for breast-cancer
screening. N Engl J Med 2005;353(17): 1773-83.
4. Fischmann A, Siegmann KC, Wersebe A, Claussen CD, Müller-Schimpfle M.
Comparison of full-field digital mammography and film-screen mammography:
image quality and lesion detection. Br J Radiol 2005;78(928): 312-5.
5. Skaane P, Hofvind S, Skjennald A. Randomized trial of screen-film versus full-field
digital mammography with soft-copy reading in population-based screening
program: follow up and final results of Oslo II study. Radiology 2007;244(3): 70817.
6. Pisano ED, Hendrick RE, Yaffe MJ, Baum JK, Acharyya S, et al; DMIST
Investigators Group. Diagnostic accuracy of digital versus film mammography:
exploration analysis of selected population subgroups in DMIST. Radiology
2008;246(2): 376-83.
7. Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health- CADTH. Digital
mammography: an update. 2006. Acesso em: 30 abr. 2008.
Disponível em: http://cadth.ca/media/pdf/444_digital_mammography_cetap_e.pdf.
8. Dershaw DD. Status of mammography after the Digital Mammography Imaging
Screening Trial: digital versus film. Breast J 2006;12(2): 99-102.
11
ANEXO 1
ROL: mamografia digital com diretriz de utilização (cobertura obrigatória em
mulheres em idade inferior a 50 anos, mamas densas e em fase pré ou perimenopausa).
CBHPM: 40 80 804-1 mamografia digital bilateral
Tabela Unimed-BH: 4.08.08.04-1
12
ANEXO 2
Bibliografia do solicitante
Estudos
Krug K B et al
2007
Tipo de Estudo
População
Estudo experimental
Avaliação de 65
imagens simuladas
(phantom)
Desfechos
Resultados
Avaliar taxa de detecção
e caracterização das
microcalcificações.
Comparar os resultados a
partir da experiência dos
radiologistas.
Avaliar se a interpretação
pelo monitor é igual ou
superior à do filme ou
impressão da imagem
digital.
As microcalcificações com
tamanhos a partir de 200 µm
foram melhor avaliadas. A
classificação das
microcalcificações foi superior
quando avaliada ao monitor
comparada com o filme da
mamografia convencional e com
a imagem impressa da
mamografia digital.
Os radiologistas com maior
experiência em interpretação de
mamografia digital
apresentaram melhores
resultados que aqueles que
tinham menor experiência, tanto
pela imagem ao monitor quanto
com a impressa.
A interpretação, considerando
taxa de detecção e classificação
das microcalcificações, pelo
monitor foi superior nos dois
tipos de mamografia (p = 0,001).
Comentários do revisor: Os autores do estudo deixam claro na discussão que os resultados de um
estudo experimental não é capaz de predizer como será a performance do método diagnóstico na
prática clínica. Este tipo de estudo permite uma estimativa da acurácia diagnóstica.
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