Geografia Braudeliana: a concepção de espaço de Fernand Braudel e suas relações com a Geografia Vidaliana Larissa Alves de Lira Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, FFLCH, SP Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1. Objetivos A pesquisa tem por objetivo apreender a concepção de espaço de Fernand Braudel e saber como ela se relaciona com a geografia vidaliana. Quanto a esta, Vidal de La Blache, geógrafo do século XIX e fundador da Geografia Humana; e Lucien Febvre, um dos principais leitores de La Blache e considerado um ‘mestre’ por Fernand Braudel, são os principais representantes. Fernand Braudel, pertencente a escola dos Annales, famosa pelos intercâmbios entre a geografia e a história, autor de O Mediterrâneo, revoluciona a historiografia através do que denomina a história de um mar. Nem por isso o autor tem suas relações de filiação com a geografia bem esclarecidas. Não se discutiu suficientemente ainda se sua concepção de espaço avança em relação aos geógrafos que foram seus contemporâneos no momento em que escreve sua principal obra, O Mediterrâneo. 2. Matérias e Métodos A pesquisa teve como eixo principal a revisão bibliográfica e comparação das seguintes obras: O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Felipe II, circunscrita à primeira parte, ‘O Ambiente’, de Fernand Braudel; Princípios de Geografia Humana, de Vidal de La Blache, principal obra teórica do geógrafo e; A Terra e A Evolução Humana, de Lucien Febvre, em que apresenta seus pontos de vistas em relação às produções vidalianas. A ordem da leitura se deu como está descrita. A intenção é perceber se Fernand Braudel apreendeu diretamente as lições do fundador da Geografia Humana. Até o presente momento, apenas a concepção de espaço braudeliana e suas relações com Vidal de La Blache puderam ser concluídas. 3. Resultados Parciais e Discussão Na leitura das duas obras de Braudel e La Blache percebemos que o objetivo de Fernand Braudel, ‘encontrar a dialética espaço-tempo’, engendrou um novo campo epistemológico e uma nova teoria da história, a ‘geohistória’. A ‘dialética da duração’, na qual acontecimentos, conjuntura e longa duração se autodeterminam, tem na longa duração a produção do espaço geográfico através de suas permanências. Para tanto, Fernand Braudel teve que incorporar amplamente o paradigma geográfico: o ‘Princípio da Unicidade da Terra’, como chama La Blache, e o ‘homem como um fator geográfico’. Além disso, vários temas convergem entre os autores: montanhas e planícies, aglomerações, cidades, circulação, gênero de vida. 4. Conclusões Fernand Braudel avança na dialética espaço tempo. Para tanto, desenvolve uma concepção de espaço embasada diretamente na epistemologia da geografia. O melhor esclarecimento do espaço-tempo de Fernand Braudel e seus métodos na observação da realidade, podem ajudar na melhoria das pesquisas histórico-geográficas. 5. Bibliografia BRAUDEL, F. O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Felipe II. São Paulo, Martins Fontes, 1983. FEBVRE, A Terra e a Evolução Humana. Lisboa: Cosmos, 1954. LA BLACHE. Princípios de Geografia Humana. Lisboa: Cosmos, 1954.