Biosfera é a parte a Terra habitada pelos seres vivos

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Biologia e Geologia
UNIDADE 0
Biosfera é a parte a Terra habitada pelos seres vivos.
Ecossistema é formado pelo conjunto de todos os organismos, de uma determinada área geográfica, e pelas
interações que esses organismos estabelecem entre si e o meio abiótico (água, luz, solo e temperatura) que
os rodeia, ou seja, é o conjunto de organismos que vivem numa determinada área e às interações que se
estabelecem entre todos os seres vivos e entre eles e o ambiente.
A todos os organismos de todas as espécies que habitam uma determinada comunidade. Uma comunidade é
formada por populações. Uma população é um grupo de indivíduos de uma determinada espécie. Espécie é
o conjunto de organismos com características morfológicas semelhantes, capazes de se reproduzirem e
originar descendência fértil.
Habitat
Ecossistema
Nicho ecológico
Biocenose
Espécie
Biótopo
Fatores abióticos
Populações
Temperatura
Luz
Fatores bióticos
Humidade
Intraespecíficas
Relações que seres vivos
da mesma espécie
estabelecem entre si.
Interespecíficos
Relações que os seres
vivos de espécies
diferentes
estabelecem entre si.
Composição do
substrato (solo)
A
Terra
é
um
sistema aberto, pois, além das trocas de
energia através da receção de energia solar e da emissão de radiação terrestre para o espaço, recebe também
a entrada de matéria através do “bombardeamento” constante de micropartículas siderais, de meteoros e
meteoritos.
Biodiversidade é o conjunto de todos os organismos vivos, que povoam o nosso planeta desde os
microrganismos aos grandes Cetáceos.
ECOSSISTEMA = COMUNIDADE BIÓTICA + BIÓTOPO
Biótopo é a área ocupada por um conjunto de seres vivos de um ecossistema.
Comunidade Biótica é o conjunto de todos os seres vivos.
Espécie é um grupo de seres vivos muito semelhantes, capazes de se reproduzirem entre si e de originarem
descendentes férteis.
População é o conjunto de seres vivos da mesma espécie que habitam um determinado biótopo, num
determinado período de tempo.
Habitat é o meio apropriado para a vida normal de uma população.
Em qualquer ecossistema (floresta, lago, oceano…) os seres vivos apresentam-se ligados por um conjunto
complexo ou não de relações tróficas (alimentares), que podem ser representadas sob a forma de cadeias
alimentares. Conjunto de cadeias alimentares é uma rede trófica.
Os produtores fabricam matéria orgânica a partir de matéria mineral captando a energia radiante que
utilizam durante o processo fotossintético.
Os consumidores alimentam-se direta ou indiretamente dos produtores.
Os decompositores transformam os detritos vegetais e os cadáveres e os excrementos dos animais,
assegurando um retorno ao mundo mineral de substâncias contidas na matéria orgânica.
1
Seres vivos unicelulares são constituídos por uma única célula, a qual corresponde ao organismo.
Seres vivos pluricelulares são constituídos por vários tipos especializados de células, verificando-se divisão
de trabalhos entre elas.
Existem dois tipos de células no que respeita à sua organização estrutural:
Células eucarióticas:
 Membrana celular  limite externo da célula e regula a passagem de materiais entre a célula e o seu meio.
 Núcleo  individualizado por m invólucro nuclear, é a região na qual se encontra o X e que regula toda a
atividade celular.
 Citoplasma  região localizada entre o núcleo e a membrana celular. Possui uma variedade de organelos
delimitados por membranas.
2.
Células procarióticas:
 Não possuem invólucro nuclear, logo não têm verdadeiro núcleo.
 Citoplasma é o seu interior.
 São muito mais simples que as eucarióticas, não possuem organelos citoplasmáticos delimitados por
membranas.
1.
 Membrana celular: todas as células possuem na parte externa uma membrana celular fina e dinâmica
também chamada de membrana plasmática. Regula o fluxo de materiais entre a célula e o meio exterior.
 Citoplasma: massa semifluida, aparentemente homogénea.
 Mitocôndrias: são a sede de importantes fenómenos respiratórios. Podem mudar de posição devido aos
movimentos do citoplasma.
 Complexo de Golgi: não é geralmente visível na célula viva. Apresenta-se ao microscópio ótico que sob
a forma de corpúsculos isolados, quer sob a forma de uma rede contínua.
 Vacúolos: cavidades delimitadas por uma membrana e que contêm geralmente água com substâncias
dissolvidas, absorvidas pela célula ou elaborada por ela. São pequenos e numerosos nas células animais e
nas células jovens das plantas. Nestas vão aumentando com a idade, acabando por fundir-se num único
vacúolo que ocupa quase toda a cavidade celular.
 Cílios e flagelos: organelos locomotores. Cílios são finos e numerosos enquanto que os flagelos são
longos e geralmente em pouco numero. Numa célula só há um tipo de organelo locomotor.
 Cloroplastos: organelos geralmente ovoides que contêm pigmentos fotossintéticos (clorofilas). É neles
que se realiza a fotossíntese.
 Núcleo: é um organelo delimitado pelo invólucro nuclear e, normalmente, dentro do mesmo são visíveis
um ou mais corpúsculos brilhantes, os nucléolos.
 Parede celular: existe nas células das plantas, exteriormente à membrana plasmática. É de natureza
celulósica que pode alterar a sua composição.
Os cloroplastos e a parede celular são características das células vegetais e os vacúolos parecem mais nas
mesmas também.
Os constituintes inorgânicos dos seres vivos são a água e os sais minerais. São de origem mineral e provêm
do meio físico externo.
As moléculas orgânicas são as proteínas, os hidratos de carbono, os lípidos e os ácidos nucléicos. São
compostos onde existe carbono ligado covalentemente com o hidrogénio. São responsáveis pelas
propriedades das células vivas.
Os fosfolípidos são compostos celulares muito importantes com função estrutural, principalmente ao nível
das membranas biológicas. São constituídos por carbono, hidrogénio, oxigénio, fósforo e azoto. São
moléculas polares. A parte da molécula formada pelo resíduo de glicerol, pelo ácido fosfórico e pelo
composto R é hidrofílica (CABEÇA), solúvel na água, e constitui a zona carregada eletricamente,
designando-se por região polar do fosfolípido. A outra zona constituída pelas cadeias hidrocarbonadas dos
ácidos gordos, eletricamente neutra, é hidrofóbica (PERNAS), insolúvel na água, e constitui a zona não
polar dos fosfolípidos. Moléculas como as dos fosfolípidos, que possuem zona hidrofóbica e outra
hidrofílica, denominam-se anfipáticas.
2
Fazem parte da membrana plasmática, formando uma bicamada fosfolipidica (lipidos complexos com um
grupo fosfato). Os glicolípidos também podem fazer parte da membrana (lipidos com glícidos). Ambos são
moléculas anfipáticas.
UNIDADE 1
Heterotróficos são organismos que obtêm matéria orgânica e não orgânica a partir do seu meio exterior,
alimentando-se de outros organismos ou de produtos sintetizados por outros organismos e fazem-no por
ingestão, absorção e digestão.
Por ingestão, os seres vivos obtêm alimento a partir do meio externo e introduzem-no no organismo. A
digestão transforma as moléculas complexas do alimento em moléculas simples. A absorção é a passagem
das moléculas simples do meio externo para o meio interno. Nos seres vivos unicelulares, a absorção de
substâncias simples ocorre diretamente através da membrana celular. Nos pluricelulares as moléculas
complexas sofrem digestão, sendo transformadas em moléculas simples capazes de serem absorvidas para o
meio interno. Nas células, os nutrientes são utilizados como fonte de energia e na síntese de biomoléculas.
Existe um movimento de substâncias através da membrana plasmática (separa a célula do seu meio
envolvente e controla o movimento de substâncias). Ela tem permeabilidade seletiva, ou seja, deixa-se
atravessar facilmente por determinadas substâncias e dificulta ou impede a passagem de outras.
Segundo o modelo do mosaico fluido (Singer e Nicholson, 1972), a membrana citoplasmática é constituída
por:

Bicamada fosfolipídica

Proteínas (inserem-se na camada fosfolipídica. Podem ser proteínas integradas ou proteínas
periféricas)

Colesterol (Localiza-se entre as moléculas de fosfolípidos, nas membranas das células animais.)

Glicoproteínas e glicolípidos (restritos à face externa da membrana).
Segundo este modelo, a membrana citoplasmática é uma estrutura fluida na qual as moléculas não ocupam
posições rígidas. Os fosfolípidos e as proteínas podem ter movimentos de difusão lateral, no plano da
membrana.
Mas existem outros tipos de movimentos através da membrana citoplasmática como:
Transporte passivo
Transporte ativo
A favor do gradiente de concentração. Sem gasto de ATP
Contra o gradiente de concentração.
Gasto de ATP
Movimento da água do Movimento do soluto do meio onde Movimento do soluto do meio onde está
meio hipotónico para o está mais concentrado para o meio menos concentrado para o meio onde
meio hipertónico.
onde está menos concentrado.
está mais concentrado.
Osmose
Difusão simples
Difusão facilitada
Transporte não mediado
Transporte mediado
Sem
a
intervenção
de
proteínas Intervenção de proteínas transportadoras
transportadoras
O movimento da água através da membrana citoplasmática provoca variações de volume das células quando
são colocadas num meio com diferente concentração de soluto:
Meio hipotónico: movimento da água para dentro da célula  turgescência
Meio hipertónico: movimento da água para fora da célula  plasmólise
Em meio fortemente hipotónico pode ocorrer lise celular. As células vegetais sofrem alterações no tamanho
dos vacúolos. A presença de parede celular impede a lise em meio hipotónico.
Quando a concentração de soluto dos dois lados da membrana se iguala, os meios tornam-se isotónicos.
Endocitose
Exocitose
Transporte de macromoléculas ou partículas, do exterior para o Secreção de macromoléculas
interior da célula, em vesículas formadas pela membrana para o meio extracelular em
citoplasmática
vesículas que se fundem com a
membrana citoplasmática
Fagocitose
Pinocitose
Partículas
de
grandes Captação pela célula de fluido
3
dimensões são captadas pela extracelular,
emissão de pseudópodes.
dissolvidos.
com
solutos
As substâncias que entram e saem da célula são processadas no meio interno por um conjunto de organelos
relacionados do ponto de vista estrutural e funcional.
Retículo endoplasmático (rugoso e liso).
Síntese de proteínas e lípidos.
Complexo de Golgi
Modificação, armazenamento, seleção e exportação de substâncias.
Lisossomas
Digestão intracelular
Vesículas golgianas
Secreção de substâncias pela célula
A ingestão consiste
na introdução
de alimentos no organismo.
A digestão é o processo de transformação de moléculas complexas dos alimentos em moléculas mais
simples e ocorre em compartimentos especializados, no interior ou no exterior da célula.

Digestão intracelular  ocorre em vacúolos digestivos, que resultam da fusão de vesículas endocíticas
com lisossomas. O alimento é captado por fagocitose ou pinocitose.

Digestão extracelular  ocorre fora das células, em compartimentos que fazem parte do meio externo.
Processa-se em tubos digestivos incompletos (com uma única abertura) ou em tubos digestivos completos
(com duas aberturas).
A absorção é o processo de passagem das substâncias resultantes da digestão para o meio interno.
Os seres autotróficos sintetizam matéria orgânica, recorrendo para isso a diferentes fontes de energia. A
maioria produz matéria orgânica a partir de matéria mineral, por um processo que utiliza como fonte de
energia o Sol – fotossíntese (via biossintética pela qual se obtém a maior quantidade de matéria orgânica a
partir da matéria mineral. Os seres fotossintéticos captam do meio água e dióxido de Carbono. A partir
destas substâncias sintetizam matéria orgânica graças à energia luminosa). Os organismos que realizam este
processo designam-se por seres autotróficos fotossintéticos ou fotoautotróficos, de que são exemplo as
plantas, as cianobactérias e as algas.
Contudo, existem alguns seres autotróficos que, em vez de energia luminosa, utilizam a energia química
proveniente da oxidação de compostos inorgânicos (como a amónia, enxofre e ferro…) para a síntese de
matéria orgânica a partir de matéria inorgânica. Estes seres designam-se por seres autotróficos
quimiossintéticos ou quimiautotróficos e o processe que realizam é o denominado quimiossíntese. Todos os
seres quimiautotróficos são bactérias.
A energia luminosa ou energia química dos compostos orgânicos não pode ser utilizada diretamente pela
célula. Parte dessa energia é transferida para uma fonte de energia química que é diretamente utilizável,
designada por ATP (adenosina trifosfato). São a forma comum de circulação de energia na célula.
A luz é uma forma de energia eletromagnética. A energia luminosa é captada por pigmentos fotossintéticos
(clorofilas (a, b, c, d), carotenoides (carotenos (laranja), xantofilas (amarela))) que se encontram nos
cloroplastos.
Quando os pigmentos fotossintéticos absorvem luz, os seus eletrões passam para níveis de energia
superiores e são cedidos a moléculas aceptoras. Ocorrem reações oxidação-redução.
A fotossíntese compreende duas fases:
1. Fase fotoquímica, a fase 1, em que a energia luminosa é captada e utilizada para produzir ATP. É
preciso água e liberta-se oxigénio para o exterior. Produz-se também NADPH+H+. Ocorre nos tilacoides.
Primeiro acontece a fotólise da água (em presença da luz há a dissociação da molécula da água em oxigénio,
que se liberta, e em hidrogénio. A água é o dador primário de eletrões), e depois a oxidação da clorofila a
que fica excitada pela energia luminosa emitindo eletrões. O fluxo de eletrões através de cadeias de
transportadores, ao longo dos quais o nível energético dos eletrões vai baixando, permitindo a
fotofosforilação do ADP devido às transferências de energia que ocorrem nas reações de oxirredução. E por
fim acontece a redução do NADP+ pela junção de protões provenientes da fotólise da água com os eletrões
do fluxo da cadeia de transportadores dando origem ao NADPH.
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2. Fase química, correspondente ao ciclo de Calvin. Esta fase não depende da luz, o ATP formado e o
hidrogénio proveniente da dissociação da água são utilizados para converter o dióxido de carbono absorvido
em compostos orgânicos como a glicose. Inicia-se pela combinação de dióxido de carbono com um
composto de 5átomos de carbono, a ribulose difosfato, originando um composto instável com 6 átomos de
carbono. Este composto desdobra-se imediatamente em duas moléculas de ácido fosfoglicérico (PGA), com
3 átomos de carbono cada uma. O composto formado é fosforilado pel ATP e reduzido pelo NADPH, dando
origem a um composto, o aldeído fosfoglicérico (PGAL), igualment com 3 átomos de carbono, o qual vai
seguir dois caminhos diferentes: uma parte vai intervir na regeneração do composto com 5 carbonos,
ribulose difosfato (RuDP); o resto é utilizado para diversas sínteses no estroma como a síntese de glicose.
Produtos finais: glicose, RuDP, NADP+, ADP+P. Ocorre no estroma pois é ai que se encontram as enzimas
catalisadoras.
12 H2O + 6 CO2

C6H12O6 + O2 + 6 H2O
Clorofilas (a,b,c,d) dão a cor verde, carotenoides xantofilas dão a cor amarela e os carotenoides carotenos
dão a cor vermelha.
A cor que nós vemos, é o comprimento de onda refletido. Todos os outros comprimentos de onda são
absorvidos.
Estes pigmentos encontram-se nos tilacoides, parte da membrana interna do cloroplasto. Estes tilacoides
estão mergulhados no estroma, material amorfo parecido ao citoplasma.
Um conjunto de tilacoides é um granum e um conjunto de granuns chama-se grana.
O CO2 necessário para se realizar a fotossíntese entra pelo estoma.
A quimiossíntese também compreende duas fases:
1.
1º Etapa – oxidação de substratos minerais com formação de ATP e NADPH.
2.
2º Etapa – redução do dióxido de carbono, à custa do NADPH e ATP produzidos na 1º etapa, e
formação de compostos orgânicos.
UNIDADE 2
Estomas são estruturas localizadas na epiderme das folhas e dos caules e constituídas por duas células em
forma de rim, as células guarda, que delimitam uma abertura central, o ostíolo, o qual comunica com um
espaço interior, a câmara estomática. Pelos estomas ocorrem as trocas gasosas indispensáveis à realização
da fotossíntese e a evaporação de grandes quantidades de água, que se designa transpiração.
Para sua sobrevivência, os seres vivos necessitam de inúmeras substâncias (moléculas e iões) que têm de ser
transportados a cada uma das células que os constituem. Os seres vivos simples não necessitam de sistemas
de transporte especializados, ao contrário dos organismos mais complexos, como por exemplo as plantas
terrestres. Estes organismos desenvolveram para além de um sistema condutor, um sistema radicular que
lhes permite absorver água e sais minerais. O sistema condutor é formado por dois tipos de tecidos: xilema e
floema. O fluido xilémico é constituído essencialmente por água e sais minerais (seiva bruta), enquanto o
fluido floémico, ou seiva elaborada, transporta água, sais minerais e compostos orgânicos sintetizada
durante a fotossíntese, principalmente açucares.
Designa-se por translocação quer a circulação de fluidos de célula para célula, quer a circulação entre os
órgãos das plantas. O xilema leva a água e sais minerais desde a raiz até ao resto da planta; é constituído por
células mortas que possuem paredes espessamente lenhificadas e estão dispostas verticalmente, de topo a
topo, desaparecendo as paredes transversais. O floema é constituído por células vivas, de paredes finas, que
formam tubos crivosos, e apresentam as paredes transversais perfuradas – placas crivosas – de forma a
permitirem a passagem de seiva elaborada, (nutrientes), que transportam desde as folhas até todas as partes
da planta.
As raízes têm feixes condutores simples e alternos, isto é, constituídos apenas por um dos tecidos
condutores, xilema ou floema, e esses feixes estão colocados alternadamente. O número de feixes
condutores é variável.
Os caules têm os feixes condutores duplos e colaterais, pois cada feixe possui xilema e floema e estes
tecidos estão colocados lado a lado. O floema situa-se na parte externa do feixe e o xilema na parte interna.
Nas folhas os feixes condutores são duplos e colaterais, estando o xilema voltado para a página superior.
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As plantas absorvem a água, contendo sais minerais, que se encontram no solo através do sistema radicular;
a absorção faz-se ao longo de toda a raiz, particularmente na zona pilosa, onde existem pelos radiculares
(células epidérmicas com prolongamentos), que aumentam consideravelmente a superfície de absorção.
Dentro das células da raiz é maior a concentração de soluto do que no exterior, havendo, pois, maior
potencial de água no exterior do que no interior das células epidérmicas. Assim, a água tende a entrar na
planta por osmose, movendo-se do exterior para dentro da raiz, até atingir os vasos xilémicos.
A água é absorvida por osmose e também por transporte ativo; a maior parte dos minerais é absorvida com
gasto de energia, mas também por difusão. A quantidade de água absorvida depende da sua quantidade
disponível no solo, do arejamento, da temperatura do solo, da concentração da solução do solo e da taxa de
transpiração. A água disponível vai diminuindo à medida que as plantas a vão utilizando; apesar disso, os
solos encharcados não são propícios à absorção, uma vez que o sistema respiratório da planta é afetado por
estes serem pouco arejados; logo não se forma energia suficiente para o transporte ativo. Também as
temperaturas baixas e as concentrações elevadas de iões em solução no solo dificultam a absorção; as
temperaturas elevadas (moderadamente) facilitam a absorção.
Ao chegarem ao xilema, a água e os sais minerais são transportados até às folhas. Existem duas teorias para
explicar este movimento ascendente.
Teoria de pressão radicular
Esta teoria baseia-se no facto de existir uma pressão radicular. A pressão é condicionada pelo transporte de
ativo de iões que são lançados no xilema, o que provoca uma maior concentração de iões no interior da raiz
do que no solo. Origina-se então uma diferença de pressão osmótica que força a entrada de água na raiz e a
sua ascensão nos vasos xilémicos. Apesar de importante na condução da água ao xilema, este processo não é
suficiente para forçar a água a subir a grandes alturas.
Teoria da tensão-coesão-adesão
Esta teoria explica a ascensão do fluido xilémico do seguinte modo: a água evapora-se das células do
mesofilo das folhas, por transpiração, o que provoca uma queda de potencial hídrico. O conteúdo celular
torna-se mais concentrado e a água das células do xilema que estão próximas (ou de outras células vizinhas)
ocorre às células do mesófilo. As folhas exercem uma força de sucção ao longo da coluna de xilema,
designada por tensão. Entre as moléculas de água existe uma forte atração ou coesão (união de células
idênticas); então, sujeitas à tensão, começam a deslocar-se. As moléculas de água arrastam consigo outras
moléculas de água, o que resulta numa coluna contínua de água e sais minerais no xilema desde a raiz até às
folhas. Para além da coesão, a coluna é também conseguida devido à adesão (atração e união de moléculas
diferentes) das moléculas de água às paredes dos vasos xilémicos, e auxiliada pela ação de capilar deste, que
faz a água subir quando se encontra num tubo estreito.
Resumindo, o movimento do fluido xilémico deve-se à pressão radicular, à capilaridade (adesão e coesão) e
à transpiração. A transpiração é um processo em que a planta perde água sobre a forma de vapor e dá-se
principalmente nos estomas das folhas. O índice de transpiração de uma planta depende nomeadamente da
temperatura, da humidade, do ar, do vento e da luz e também do número de estomas. A luz causa a abertura
dos estomas, permitindo um rápido consumo de CO2, logo quanto maior a intensidade luminosa, maior a
transpiração. Do mesmo modo, valores baixos de humidade e temperaturas elevadas, aumentam a perda de
água. Todas as plantas conseguem controlar o seu índice de transpiração, abrindo ou fechando os estomas.
Estes são constituídos por duas células estomáticas que deixam uma abertura entre si, chamado ostíolo, e
são especializados nas trocas gasosas com o meio. O abrir ou fechar dos estomas é causado pela presença ou
ausência de luz, respetivamente; este fenómeno é também condicionado pela concentração de CO2 (baixas
concentrações abrem os estomas) e pela disponibilidade de água no solo (quando baixa, fecha os estomas).
Várias experiências sugerem que os estomas abrem e fecham devido a um fluxo de iões potássio das células
da epiderme para as células estomáticas, desencadeado pela luz, e realizado através de transporte ativo. Os
iões acumulam-se nos vacúolos das células estomáticas, aumentando a pressão osmótica; a água entra por
osmose e os estomas abrem devido ao intumescimento das células; na ausência de luz, passa-se o contrario.
No caso do fluido floémico, e como não é possível o estudo direto, utilizam-se estudos indiretos, tais como a
aplicação de materiais radioativos na raiz ou nas folhas, o uso de afídeos (insetos que se alimentam do
fluido floémico) e a remoção do anel de Malpigi desde a casca até ao cilindro central.
6
Os estudos sob a translocação do fluido floémico indicam que: essa translocação é feita sobre pressão; que
uma grande quantidade de fluido atravessa rapidamente através de cada célula; que existe um gradiente de
concentração de açúcar entre as folhas (produtores) e os outros órgãos (raiz e caule); que o transporte
floémico é bidirecional, ou seja, ascendente e descendente. O modelo mais aceite para explicar este
transporte designa-se por hipótese de Munch, do fluxo de massa ou do fluxo sobre pressão.
. Nas plantas não se verifica o equilíbrio de concentrações uma vez que os açúcares são produzidos num
local. Segundo o modelo do fluxo de massa, o fluido floémico desloca-se das regiões de concentração mais
elevada, órgãos fotossintéticos, para as zonas de menor concentração (menor pressão osmotica). O fluido
floémico é transportado, aumentando a pressão osmotica no floema; a água entra nas células do floema por
osmose. Nos órgãos consumidores são utilizados ou armazenados, logo a pressão osmotica baixa,
provocando saída de água do floema por osmose.
Verifica-se então um movimento da água e dos açúcares nela dissolvidos das zonas de pressões elevadas
para as zonas de pressões baixas. Embora seja o mais aceite, este modelo deixa ainda alguns pontos por
explicar.
Em todos os animais, as células estão rodeadas por um fluido intersticial, com o qual estabelecem trocas de
materiais.
Nos animais mais simples, todas as células estão relativamente próximas do meio externo e o intercâmbio
de substâncias realiza-se por difusão simples.
Para ultrapassar algumas dificuldades como o tempo que demoraria a chegada da glicose no intestino ao
cérebro se utilizássemos aquele processo, existe órgãos especializados no transporte de substâncias nos
organismos:

Um fluido circulante (ex. sangue)

Um órgão propulsor do sangue (geralmente o coração)

Um sistema de vasos ou espaços por onde o fluido circula.
O coração fornece energia para a circulação. O sangue sai do coração pelas artérias. As artérias ramificamse e distribuem o sangue pelos órgãos ao nível das redes capilares onde ocorre trocas entre o sangue e o
fluido intersticial que banha diretamente a células, a linfa. As redes de capilares confluem e o sangue
regressa ao coração por veias.
Sistema circulatório aberto: Nos insetos o aparelho circulatório é constituído por um vaso dorsal que possui
pequenas dilatações na região abdominal (corações), que impulsionam o líquido circulatório para a região
anterior do corpo, de onde flúem para cavidades designadas por lacunas. Essas cavidades cheias de líquido
estão em contacto com as células do corpo do animal e constituem o hemocélio. As dilatações do vaso
dorsal, na região do abdómen, constituem um coração em forma de tubo. Cada dilatação comunica com o
exterior por aberturas laterais, os ostíolos. Quando os corações se contraem, os ostíolos fecham e o sangue é
bombeado para a parte anterior do corpo, de onde fluí para as lacunas. Quando os corações relaxam, os
ostíolos abrem, criando um vácuo no interior do vaso dorsal, que produz uma força de sucção que obriga o
líquido a regressar ao coração. Neste tipo de aparelho circulatório o sangue sai do interior dos vasos e
mistura-se com o líquido intersticial que circunda as células.
Sistema circulatório fechado: O sangue circula no interior de vasos e é distinto do fluido intersticial. Um ou
mais corações bombeiam o sangue para grandes artérias que se ramificam. Ao nível dos capilares ocorrem
trocas de materiais, por difusão, entre o sangue e o fluido intersticial que banha as células.
 Circulação simples  coração com duas concavidades: uma aurícula e um ventrículo. No coração
circula apenas sangue venoso. O sangue percorre um trajeto único, passando uma vez pelo coração. Existe
nos peixes. O sangue venoso vindo dos diferentes órgãos entra na aurícula. A contração auricular impele o
sangue para o ventrículo, cuja contração faz progredir o sangue para as brânquias. É nas brânquias que o
sangue é arterializado, passando depois à aorta dorsal, que se ramifica pelo corpo todo. Durante a
circulação, o sangue passa em duas redes de capilares, uma ao nível das brânquias e outra ao nível dos
diferentes órgãos. A pressão sanguínea diminui quando o sangue passa pelos capilares das brânquias e,
consequentemente, o sangue arterial que se dirige das brânquias para os outros órgãos flui mais lentamente
sob baixa pressão
 Circulação dupla incompleta  Coração com três concavidades: duas aurículas e um ventrículo. O
sangue percorre dois trajetos diferentes, passando duas vezes pelo coração. Há mistura parcial de sangue
venoso e arterial no ventrículo. Existe nos anfíbios. Na aurícula direita entra sangue venoso vindo dos
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diferentes órgãos e na aurícula esquerda entra sangue arterial que regressa aos pulmões. Por contração das
aurículas, o sangue passa para o único ventrículo. Os anfíbios como têm circulação dupla apresentam:
circulação pulmonar (o sangue sai do ventrículo, vai aos pulmões, onde é oxigenado, regressando à aurícula
esquerda pelas veias pulmonares – PEQUENA CIRCULAÇÃO) e circulação sistémica (o sangue sai do
ventrículo e dirige-se para todos os órgãos, regressando venoso à aurícula direita – GRANDE
CIRCULAÇÃO)
 Circulação dupla e completa  Coração com quatro concavidades: 2ventrículos e 2 aurículas. O
sangue percorre dois trajetos diferentes, passando duas vezes pelo coração. Não há mistura de sangue
venoso e arterial. Existe nas aves e nos mamíferos. A função do coração é gerar pressão, que condiciona o
fluxo sanguíneo através dos vasos. As válvulas que nele existem determinam o sentido do fluxo sanguíneo,
evitando o retrocesso do sangue no sistema. Os movimentos rítmicos de contração e de relaxamento do
coração, sístole e diástole, respetivamente, provocam diferenças de pressão responsáveis pela circulação do
sangue.
UNIDADE 3
O conjunto de reações que ocorrem no interior das células de qualquer ser vivo constitui o metabolismo
celular.
 Anabolismo  conjunto de reações químicas onde há síntese de moléculas complexas a partir de
moléculas mais simples, com consumo de energia, ou seja, as moléculas simples são transformadas em
moléculas complexas com consumo de energia. São reações endoenergéticas pois as moléculas sintetizadas
são mais energéticas do que as que lhe deram origem.
 Catabolismo  conjunto de reações químicas onde há degradação de moléculas complexas m
moléculas sucessivamente mais simples, com libertação de energia. Por estes processos a energia acumulada
em moléculas orgânicas, como por exemplo a glicose, é utilizada na síntese de moléculas de ATP. São
reações exoenergéticas porque os produtos são mais pobres em energia do que os reagentes.
As principais vias catabólicas que permitem transferir a energia contida nos compostos orgânicos para
moléculas de ATP são a fermentação e a respiração aeróbia. Em ambos os processos ocorrem reações de
oxidação redução e os eletrões são transportados por coenzimas até um acetor final.
A fermentação ocorre no hialoplasma das células, na ausência de oxigénio. A degradação dos compostos
orgânicos é parcial e o rendimento energético é baixo. Os seres vivos que utilizam a fermentação como
único processo de obtenção de energia designam-se anaeróbios.
Primeiro ocorre a glicólise, processo no qual a glicose é transformada em ácido pirúvico e acontece no
hialoplasma por nele se encontrarem as enzimas catalisadoras.
Durante a glicólise, uma molécula de glicose, composto por 6 carbonos, é desdobrada em duas moléculas de
ácido pirúvico, composto por 3 carbono. Neste processo ocorre reações de oxido-redução onde compostos
intermediários da glicólise ficam oxidados, por remoção de hidrogénios. Esses hidrogénios vão reduzir
moléculas transportadoras de hidrogénios chamados NAD+, as quais se transformam em NADH. São
consumidas 2 moléculas de ATP para ativar a glicose mas são formados 4 ATP, logo, o rendimento
energético da glicose é de 2 ATP.
Depois ocorre a redução do ácido pirúvico que se pode efetuar por fermentação alcoólica ou por
fermentação láctica:
 Fermentação alcoólica – após a glicólise, o ácido pirúvico, composto por 3 C, experimenta uma
descarboxilação, libertando-se CO2 e originando um composto com 2C, aldeído acético, o qual, por redução,
origina etanol composto por 2C. Essa redução é devida a uma transferência de hidrogénios do NADH
formado durante a glicólise, o qual fica na sua forma oxidada, o NAD+, podendo ser de novo reduzido. O
rendimento energético é de 2 ATP formados durante a glicólise. Grande parte da energia da glicose
permanece no etanol, composto orgânico altamente energético.
Glicose  2 etanol + 2ATP + 2 CO2
 Fermentação láctica – após a glicólise, o ácido pirúvico experimenta uma redução ao combinar-se
com o hidrogénio transportado pelo NADH que se forma durante a glicólise. Origina-se, assim, ácido láctico
composto com 3C, tendo sido reciclado o NAD+, livre para outras reações de oxirredução. O rendimento
energético é de 2ATP sintetizados durante a glicólise. Tal como o etanol, o ácido láctico é uma molécula
orgânica rica em energia.
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A respiração aeróbia, ao contrário da fermentação, permite a degradação total da molécula de glicose com
maior rendimento energético.
Nos organismos eucariontes, parte deste processo ocorre dentro das mitocôndrias que são constituídos por
duas membranas, uma externa e outra interna. A membrana interna forma uma série de pregas, as cristas
mitocondriais. A parte central é ocupada por um material indiferenciado, a matriz.
Primeiro acontece a glicólise, etapa comum à fermentação, no hialoplasma.
As moléculas de ácido pirúvico que entram na mitocôndria ao nível da matriz são oxidadas (perdem e-) e
descarboxilizadas (libertam CO2).
Durante o ciclo de Krebs ocorrem descarboxilações e oxidações de diversos compostos. Os hidrogénios
removidos vão reduzir moléculas transportadoras de hidrogénios, como por exemplo o NAD+, constituindose moléculas com um elevado nível energético, como o NADH.
Efetua-se ainda a síntese de 2moléculas de ATP por cada molécula de glicose degradada. Pode então
afirmar-se que, após as reações que ocorrem na matriz das mitocôndrias e por cada molécula de glicose, o
rendimento energético, em termos de moléculas de ATP, é de 4 ATP: duas como resultado da glicólise, no
hialoplasma, e duas na matriz mitocondrial.
Uma molécula de glicose permite a realização de dois ciclos de Krebs, uma vez que a sua degradação
origina duas moléculas de ácido pirúvico.
A última etapa é a cadeia transportadora de eletrões ou cadeia respiratória que ocorre nas cristas
mitocondriais, onde se encontram transportadores proteicos com diferentes graus de afinidade para os
eletrões. As moléculas de NADH e de FADH2, anteriormente formadas, transferem os eletrões que
transportam para as proteínas da cadeia transportadora de eletrões. Ao longo da cadeia respiratória ocorre
libertação gradual de energia, à medida que os eletrões passam de um transportador para outro. Esta energia
libertada vai ser utilizada na síntese de moléculas de ATP, a partir de ADP+Pi, dissipando-se alguma sobre
a forma de calor. Cada molécula de NADH permite a síntese de três moléculas de ATP, enquanto que a
molécula de FADH2 apenas permite a síntese de duas moléculas de ATP. No final da cadeia transportadora,
os eletrões são transferidos para um aceitador final – o oxigénio, que capta dois protões H+, formando-se
uma molécula de água.
O balanço energético da respiração aeróbia é de 36 ou 38 moléculas de ATP.
Etapas
Glicólise
Formação de Acetil-CoA
Ciclo de Krebs
Cadeia respiratória
Rendimento energético
ou 38 ATP
Consumo
ATP
2 ATP
de Produtos
4 ATP
2NADH (2 FADH ou 2 NADH)
2CO2
2 NADH
4 CO2
2 ATP
6 NADH
2 FADH2
FADH2 transferidos: 4 ou 2
NADH transferidos: 8 ou 10
6 H2O
Rendimento
2 ATP
2 ATP
8 ou 4 ATP
24 ou 30 ATP
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A respiração aeróbia é o processo de produção de ATP mais utilizado pelos organismos pluricelulares,
processo este que implica trocas gasosas com o meio externo.
A fotossíntese, respiração e transpiração são processos que implicam trocas de dióxido de carbono, oxigénio
e vapor de água, indispensáveis à vida das plantas.
Nas plantas são os estomas que facilitam e regulam as trocas gasosas com o meio externo. Estes são
constituídos por duas células-guarda que delimitam uma abertura, o ostíolo, através do qual ocorrem as
trocas gasosas. Essas células, ricas em cloroplastos, possuem as paredes celulares que limitam a abertura,
mais espessas que as paredes opostas. Este facto permite-lhes variar a abertura do ostíolo em função do seu
grau de turgescência. Quando estas células perdem água, ficam plasmolisadas, a pressão de turgescência
diminui sobre as paredes que limitam o ostíolo e o estoma fecha. Quando as células estão túrgidas, os
estomas abrem.
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As variações de turgescência das células-guarda dependem do movimento, por transporte ativo, de iões para
o seu interior, em especial os iões K+. O aumento de concentração desses iões no interior das células
provoca a entrada de água por osmose com consequente aumento de turgescência e abertura do estoma. A
saída dos iões K+ por difusão provoca a saída de água para as células vizinhas, diminuindo o volume celular
(célula plasmolisada), o que provoca o fecho dos estomas.
Este mecanismo de abertura e fecho dos estomas é influenciado pela luz, temperatura, vento e o conteúdo de
água no solo.
Nos animais, os gases respiratórios entram e saem do organismo através das superfícies respiratórias. As
trocas dos gases respiratórios realizam-se por difusão (movimento de substâncias entre dois meios a favor
de um gradiente de concentração), quer ao nível das superfícies respiratórias quer ao nível dos tecidos.
Nas superfícies respiratórias os gases difundem-se das zonas de maior pressão para as de menor pressão.
Nos animais, as trocas gasosas podem estabelecer-se diretamente entre o meio externo e as células, sem
intervenção de um fluido de transporte, por difusão direta. Quando as trocas gasosas entre o meio externo e
as células se fazem com intervenção de um fluido circulante e em sentido contrário, considera-se a
existência de difusão indireta. Esta forma de difusão desenvolveu-se à medida que o volume dos animais foi
aumentando, tornando-se a área superficial demasiado exígua para permitir o intercâmbio com todas as
células do organismo. Chama-se hematose às trocas gasosas que ocorrem ao nível das superfícies
respiratórias.
Apesar da grande diversidade das superfícies respiratórias, é possível encontrar em todas elas um conjunto
de características que aumentam a eficácia das trocas gasosas que lá ocorrem:
 São superfícies húmidas, o que permite a dissolução, necessária à difusão dos gases;
 São superfícies finas, constituídas apenas por uma camada de células epiteliais;
 São superfícies vascularizadas, no caso da difusão indireta;
 Possuem uma grande superfície em contacto com o meio externo.

Superfície
Principais características
Animais em que se encontra
respiratória
Tegumento
As trocas gasosas ocorrem pela superfície do Animais de pequenas dimensões,
corpo. Difusão direta com as células ou indireta como a hidra e a planaria.
com o fluido circulante.
Animais maiores com sistema
circulatório e tegumento húmido
(ex. minhoca)
Traqueias
Sistema de tubos que se ramificam no interior Insetos
do corpo. Comunicam com o exterior por
espiráculos. As traqueias ramificam-se em
traquíolas que contactam com as células.
Difusão direta.
Brânquias
Expansões localizadas da superfície do corpo, Animais aquáticos, como peixes,
suspensas na água. Difusão indireta. A água e o vermes marinhos, moluscos e
sangue circulam em contracorrente.
crustáceos.
Pulmões
Superfícies respiratórias invaginadas e em Vertebrados terrestres: anfíbios,
contacto com a atmosfera por canais estreitos. répteis, aves e mamíferos.
Difusão indireta.
UNIDADE 4
Chama-se homeostasia à manutenção das condições do meio interno dentro de limites compatíveis com a
vida, independentemente das variações do meio externo.
O sistema nervoso e o hormonal (conjunto de tecidos, órgãos e células) coordenam a homeostasia, nos
animais mais complexos.
Sistema nervoso central  encéfalo e medula espinal;
Sistema nervoso periférico  nervos.
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Complexo hipotálamo-hipófise  na base do encéfalo localiza-se o hipotálamo, centro coordenador da
homeostasia nos Vertebrados. Está ligado à hipófise por um pedículo que contém vasos sanguíneos e
formações nervosas.
A unidade básica do sistema nervoso é o neurónio, célula nervosa, onde se distinguem 2 zonas: o corpo
celular, onde se localiza o núcleo e a maior parte do citoplasma com os restantes organelos, as dendrites,
ramificações citoplasmáticas que recebem o impulso nervoso de outros neurónios ou dos órgãos recetores, e
o axónio, prolongamento citoplasmático que conduz o impulso para fora da célula nervosa, transmitindo-o a
outro neurónio, a uma célula muscular ou a uma célula glandular. O axónio ou certas dendrites de um
neurónio constituem uma fibra nervosa. Os nervos são constituídos por conjuntos de fibras nervosas
organizadas em feixes que, por sua vez, estão revestidos por um tecido onde circulam vasos sanguíneos.
Os nervos sensitivos ou vias aferentes conduzem as informações dos recetores sensoriais até ao sistema
nervoso central e os nervos motores ou vias eferentes transmitem as informações do sistema nervoso central
até aos órgãos efectores (músculos ou glândulas endócrinas).
Estímulos  Vias aferentes  centros nervosos  veias eferentes  reação
A informação que circula nos neurónios designa-se impulso nervoso.
Como todas as células, os neurónios possuem uma diferença de potencial elétrico, transmembranar, entre a
face externa e a face interna da membrana.
Na ausência de estímulo, a diferença de potencial entre as duas faces da membrana do neurónio constitui o
potencial de repouso. Quando ocorre um estímulo há uma modificação local do potencial de membrana que
se designa por potencial de ação e avança sequencialmente ao longo do axónio passando para outro
neurónio ou para uma célula efectora.
O axónio de um neurónio não contacta diretamente com as dendrites de outro neurónio ou com a célula
efectora, ocorrendo a transmissão do impulso nervoso numa zona designada por sinapse (estruturas
especificas que permitem a comunicação de dois neurónios entre si ou de neurónios com outras células).
Quando o impulso nervoso chega à zona terminal do axónio, as vesículas contendo neurotransmissores,
substâncias químicas produzidas pelos neurónios, fundem-se com a membrana da célula pré-sináptica,
lançando os neurotransmissores na fenda sináptica. A membrana da célula pós-sináptica possui recetores
específicos para os neurotransmissores, que, ligando-se a eles, permitem a continuidade do impulso nessa
célula ou o estímulo de um órgão efector, transmitindo a informação.
Recetores sensoriais  nervos aferentes  Centro nervoso  nervos eferentes  órgão efector (ex.
musculo ou glândula endócrina)
A célula que transmite a informação designa-se por célula pré-sináptica e a que recebe por célula póssináptica.
Nos animais, a comunicação química é assegurada pelo sistema hormonal, através da produção de
substâncias químicas mensageiras, designadas por hormonas. Estas são sintetizadas por glândulas
endócrinas e lançadas diretamente no sangue, indo atuar em células especificas, células-alvo,
desencadeando reações de acordo com a mensagem que transportam.
O conjunto de mecanismos que permitem a manutenção da temperatura do corpo, quando há variação
considerável da temperatura do meio externo, denomina-se termorregulação.
 Animais homeotérmicos ou endotérmicos a temperatura interna permanece sensivelmente constante,
independentemente das oscilações da temperatura do meio exterior. A temperatura interna depende da taxa
metabólica.
 Animais exotérmicos ou poiquilotérmicos  a temperatura interna varia em função da temperatura do
meio exterior. Nestes animais o calor dos seus corpos é obtido por absorção do calor do meio externo.
Os mecanismos de termorregulação são controlados por um órgão do sistema nervoso central, o hipotálamo,
embora, por vezes, o sistema hormonal também interfira no seu controlo. A ação deste órgão manifesta-se
de diferentes formas nos animais poiquilotérmicos e nos homeotérmicos:
 Nos seres poiquilotérmicos (ex. repteis) as informações transmitidas ao hipotálamo pelos recetores
térmicos, relativas ao abaixamento ou ao aumento da temperatura, conduzem à procura por parte do animal
de um local quente ou de um local fresco, respetivamente.
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 Nos seres homeotérmicos (ex. Homem) o hipotálamo funciona à semelhança de um termóstato, isto é,
quando a temperatura baixa ou sobe acima de determinados valores, este desencadeia no organismo
determinados mecanismos que contrariam a diminuição ou aumento da temperatura interna. Nestes
mecanismos, onde se verifica a retroalimentação negativa, os efeitos produzidos atuam no sentido de
contrariar a causa que os originou para restabelecer o valor normal da temperatura corporal.
Estimulo
detetado pelos
termoreceptores
Órgão
integrador do
estímulo
Órgão efector
Capilares
periféricos
Diminuição da Hipotálamo
temperatura
Aumento
da Hipotálamo
temperatura
Resposta
Consequência
Vasoconstrição
(contração dos
sanguíneos)
Ereção dos pelos
Menor dissipação de
vasos calor à superfície da
pele.
Músculos
Retenção de ar quente
eretores
dos
junto à superfície da
pelos
pele
Músculos
Contração
muscular Aumento da produção
esqueléticos
(tremuras e arrepios)
de calor
Capilares
Vasodilatação (dilatação Maior dissipação de
periféricos
dos vasos sanguíneos)
calor à superfície
Glândulas
Produção
de
suor Queda da temperatura à
sudoríparas
(sudorese)
superfície da pele.
Osmorregulação é o conjunto de mecanismos pelos quais são controladas as concentrações de água e de
solutos, ou seja, os valores da pressão osmótica do meio interno.
Animais Osmoconformantes são aqueles que estão em equilíbrio osmótico com a água do mar porque a
concentração do meio interno varia com as variações de concentração do meio envolvente.
Animais osmorreguladores são aqueles que têm a capacidade de controlar a concentração de água e de
solutos, ou seja, de controlar a pressão osmótica do meio interno face às variações de composição do meio
externo.
O ambiente marinho é hipertónico em relação aos fluidos internos, uma vez que apresenta uma salinidade
superior à concentração de sais do meio interno dos animais. Nestas circunstâncias, os organismos tendem a
perder água por osmose e a ganhar sais por difusão. Os seus mecanismos homeostáticos garantem-lhes a
retenção da água e a libertação de sais
Em ambientes de água doce apresentam uma salinidade inferior à concentração de sais do meio interno dos
animais. Nesses meios hipotónicos, os animais tendem a absorver água por osmose através das brânquias e a
perder sais por difusão.
Nos animais terrestres, sujeitos a uma grande tendência para a perda de água, com consequente
desequilíbrio osmótico, a osmorregulação está essencialmente ligada ao equilíbrio hídrico dos organismos.
O sistema excretor da minhoca encontra-se disperso de forma regular pelo corpo do animal, possuindo cada
anel do corpo um par de canais excretores. Estes canais abrem diretamente na cavidade corporal, onde
ocorre a filtração do líquido ai existente. Ao longo desse tubo ocorre a reabsorção. Para a rede de capilares
que o rodeiam, de algumas substâncias infiltradas inicialmente. O material não reabsorvido é eliminado
através de um poro excretor aberto na superfície externa do animal. A abundância de água no habitat destes
animais conduz à entrada de água por osmose através da superfície do animal, obrigando à sua eliminação
sob a forma de uma urina abundante e hipotónica.
Nos insetos, os tubos de Malpigui desempenham o papel de órgãos excretores. Estas estruturas estão ligadas
à porção posterior do intestino, estando as extremidades opostas mergulhadas no hemocélio. A filtração
ocorre através da parede desses tubos, sendo o filtrado lançado no intestino e conduzido para o reto. Nesse
local ocorre a reabsorção de iões e água, sendo a urina, muito concentrada e de consistência pastosa,
eliminada juntamente com as fezes. O sistema excretor dos insetos, ao permitir uma grande redução nas
perdas de água, constitui um elemento de grande importância na adaptação ao ambiente terrestre.
doce
Nos vertebrados, a função de osmorregulação é desempenhada pelos rins, que também acumulam a função
de excreção.
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A formação da urina ao nível do nefrónio (unidades funcionais tubulares integradas nos rins) envolve:
 Filtração: ocorre na cápsula de Bowman devido à existência de uma elevada pressão sanguínea na rede
capilar do glomérulo. Da filtração resulta a formação do filtrado glomerular, cuja composição é semelhante
ao plasma, com exceção das proteínas e dos lipidos que não são filtrados.
 Reabsorção: ao longo do nefrónio e também do tubo coletor, onde abrem vários nefrónios, é feita uma
reabsorção para a corrente sanguínea de substâncias úteis ao organismo. Essa reabsorção pode ser total ou
parcial, podendo ocorrer que por difusão quer por transporte ativo.
 Secreção: No tubo contornado distal e no tubo coletor pode ocorrer a secreção ativa de certos iões a
partir do plasma sanguíneo para a urina.
Ação da hormona ADH na osmorregulação
As trocas que ocorrem entre o interior dos nefrónios e o plasma sanguíneo são determinadas por diferenças
de pressão osmótica entre esses meios e por variações da permeabilidade da membrana desses tubos. A
hormona ADH (hormona antidiurética) desempenha um papel fundamental na regulação dessas trocas,
influenciando a permeabilidade das membranas dos tubos.
Animais
Problemas em relação ao meio em que Estratégias de osmorregulação
vivem
Peixes de água Perde de água para o meio por osmose e Ingestão de água salgada. Transporte ativo
salgada
ganho de sal por difusão, pela pele e pelas do sal, para fora, através das brânquias.
brânquias
Pouca urina, concentrada.
Peixes de água
Ganho de água por osmose e perda de sais Transporte ativo de sais para o meio
por difusão
interno, através das brânquias. Muita urina,
diluída
Aves marinhas
Ingerem água salgada juntamente com os Excreção de sal por glândulas nasais
alimentos
Animais
Perda de água por evaporação através das Ingestão de grandes quantidades de água.
terrestres
superfícies respiratórias e da pele. Sistema excretor eficiente. Produção de
Excreção urinária e fezes.
urina hipertónica.
A osmorregulação no ser humano é conseguida através de mecanismos de retroalimentação negativa em que
intervém a ADH.
Aumento da pressão osmótica do sangue  osmorreceptores do hipotálamo  libertação de ADH 
Aumento da permeabilidade dos tubos uríniferos  aumento da reabsorção da água  Diminuição da
pressão osmótica do sangue  Osmorreceptores do hipotálamo  inibição da libertação de ADH 
diminuição da permeabilidade dos tubos uriniferos  maior produção de urina  aumento da pressão
osmótica do sangue.
O crescimento e o desenvolvimento de uma planta são condicionados por fatores externos como a luz, a
temperatura, ou gravidade, que, interagindo com fatores internos, tais como hormonas vegetais, determinam
as respostas associadas a esse crescimento e desenvolvimento. As hormonas vegetais são substâncias
químicas produzidas em determinadas zonas da planta e transportada para outros locais, onde vão
desencadear respostas fisiológicas. Cada hormona vegetal desencadeia uma variedade de respostas nas
plantas que dependem do tipo de célula onde atua, do estado fisiológico da planta, da presença de outras
hormonas e da interação com fatores externos.
Hormonas
Auxinas
Giberelinas
Atividade
Estimulam:
 O crescimento celular
 O alongamento dos caules
 A formação de raízes (baixas concentrações estimulam o seu crescimento, enquanto que
altas inibem-no)
Retardam a queda de frutos e folhas.
Estimulam:
 O crescimento dos caules
 A germinação de sementes
 A floração, em algumas plantas
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 O desenvolvimento dos frutos
Citoquininas Estimulam:
 A divisão celular e o desenvolvimento de gomos laterais
 A germinação de sementes
 O desenvolvimento dos frutos
 O metabolismo celular, impedindo ou retardando o envelhecimento dos órgãos vegetais,
sobretudo nas folhas
Etileno
Estimula:
 O amadurecimento dos frutos
 A queda (abscisão) das folhas, das flores e dos frutos
Inibe o alongamento dos caules
Ácido
Estimula:
abscísico
 O fecho dos estomas
 A abscisão
Inibe germinação de sementes e o desenvolvimento de gomos.
14
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