As Sete Fontes (751075)

Propaganda
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS
ANDRÉ SOARES (150952)
A arte, o engenho e a vida
Longitude: -8.404020667
Latitude: 41.568698581-
R. Nuno Morais, junto ao posto da PT/Areal de Cima/S.Vitor).
As Sete Fontes, tal e qual hoje se apresenta, constitui uma Obra
Hidráulica de meados do século XVIII destinada a promover a
captação, condução e abastecimento de água à cidade de Braga.
Situada nos arredores, no lugar do Areal de Cima – Freguesia de S.
Vítor, junto à Geira romana (via XVIII), admite-se que os mananciais
aí existentes já alimentassem Brácara Augusta. Na verdade, até à
entrada do sistema de captação do rio Cávado, em 1914, as Sete
Fontes constituiria a principal fonte de abastecimento à cidade.
Encontrando-se ainda hoje em pleno funcionamento, as suas minas
garantem água a quase uma centena de penistas1 e a todos os que
a ela diariamente demandam.
O sistema que podemos apreciar terá, no essencial, sido
construído entre 1744 e 1752, sob a égide do Arcebispo D. José de
Bragança (1741-1756), sabendo-se, todavia, que o seu antecessor,
D. Rodrigo de Moura Telles (1704-1728), mandara aí proceder a
numerosos trabalhos. Também D. Frei Caetano Brandão (1790Visita de estudo às Sete Fontes- Braga, no âmbito do projeto Conhecer a Cidade, atividade do PAA para o 8ºano. Articulação entre a
História, Ciências Naturais, Geografia e a biblioteca escolar.
1805) terá ordenado a abertura da Mina dos Órfãos (1804), para
abastecer a instituição homónima que fundou.
O complexo das Sete Fontes é composto por um grupo de minas
de água e estruturas edificadas que se estendem por cerca de 3
500mts, segmentadas em 14 galerias subterrâneas e 6 pontos de
junção, num conjunto, todo ele edificado em pedra. Nele sobressaem
as Mães de Água, expressão da arquitetura barroca, pela estrutura
cilíndrica provida de cúpula abobadada, rematadas por cornijas
circulares e encimadas por pináculos. Em cada um dos extremos são
visíveis as armas heráldicas do mecenas, profusamente lavradas em
granito.
A obra hidráulica é um exemplar único da engenharia setecentista
portuguesa, manifesta entre outros elementos: na concepção das
galerias e das câmaras de visita; na articulação do sistema, em
função dos caudais e da topografia do vale onde está instalado; e
nos tipos de encanamento subterrâneo e aéreo, que exibem um
trabalho delicado no seccionamento escavado nos blocos de granito,
que se encaixam entre si. Por aí desliza a água em tramos que
chegam a atingir mais de uma centena de metros entre os pontos
de encontro. São ainda de notar as pias de centrifugação e os
respiros que rematam os pontos de rutura de nível.
Das minas originais do sistema brotam ainda 13 nascentes de
água de excelente qualidade, as quais estão à guarda da empresa
municipal de abastecimento. Esta tem por missão proceder à análise
da qualidade das águas, bem como disponibilizar dois guardas de
águas que asseguram a manutenção e limpeza do sistema. As Sete
Fontes constituem um recurso aquífero subterrâneo inestimável,
situado dentro de espaço urbano, e que, pelas suas caraterísticas,
configura-se como uma importante mais-valia num plano estratégico
para a cidade de Braga. Recorde-se que a água dos fontenários dos
Largos do Paço e Carlos Amarante procedem daqui.
Visita de estudo às Sete Fontes- Braga, no âmbito do projeto Conhecer a Cidade, atividade do PAA para o 8ºano. Articulação entre a
História, Ciências Naturais, Geografia e a biblioteca escolar.
Em 27 de março de 1995, a ASPA – Associação para a Defesa, Estudo
e Divulgação do Património Cultural e Natural - solicitou ao IPPAR Instituto Português do Património Arquitetónico
e Arqueológico - a classificação patrimonial
das Sete Fontes, tendo o respetivo processo
sido iniciado no dia 18 de abril desse mesmo
ano. Desde então, vai para oito anos, este
conjunto
do
património
bracarense
ficou
provisoriamente abrangido por uma diversidade
de medidas cautelares de proteção, que deveriam garantir, a sua
classificação monumental. No entanto, os terrenos onde estão
instaladas as Sete Fontes, situados em área de expansão urbana,
têm vindo a ser adquiridos por empresas ligadas ao setor imobiliário
sem que, até ao momento, se conheçam quaisquer projetos ou
planos de pormenor destinados a preservar e a reabilitar o conjunto.
Neste sentido, espera-se que a todo o momento seja desbloqueado
este impasse e que a sua salvaguarda, enquanto testemunho
incontestável da arte, da técnica e da vida, possa ficar garantido para
o usufruto das futuras gerações.
[1] – Os usufrutuários dos ancestrais direitos à água, que era contada
em "Penas" (uma medida da secção transversal do cano).
© Miguel Melo Bandeira - Instituto de Ciências Sociais da
Universidade do Minho.
Visita de estudo às Sete Fontes- Braga, no âmbito do projeto Conhecer a Cidade, atividade do PAA para o 8ºano. Articulação entre a
História, Ciências Naturais, Geografia e a biblioteca escolar.
Download