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Festa da Apresentação do Senhor
02 de Fevereiro
Evangelho - Lc 2,22-40
Ir. Florinda Dias Nunes
“Dor e alegria estão juntas…”
A Apresentação do Senhor é uma festa antiquíssima
de origem oriental. A Igreja de Jerusalém já a
celebrava no século IV. Era celebrada aos quarenta dias da festa da Epifania. A
peregrina Eteria, que conta isso em seu famoso diário, acrescenta o interessante
comentário de que“se celebrava com a maior alegria, como se fosse Páscoa”. De
Jerusalém, a festa se propagou para outras igrejas do Oriente e do Ocidente. No
século VII, se não antes, havia sido introduzida em Roma. A procissão com velas se
associou a essa festa. A Igreja romana celebrava a festa quarenta dias depois do
Natal.
A festa da Apresentação do Senhor celebra uma chegada e um encontro: a chegada
do Salvador esperado, núcleo da vida religiosa do povo, e as boas-vindas
concedidas a Ele por dois representantes dignos da raça eleita: Simeão e Ana. Por
sua idade já avançada, estes dois personagens simbolizam os séculos de espera e
de fervoroso anseio dos homens e mulheres devotos da Antiga Aliança. Na
realidade, representam a esperança e o anseio da raça humana”. Ali na porta do
templo, o velho Simeão que aguardava com toda esperança, junto com seu povo, a
chegada do Salvador, pode enfim contemplá-lo e vai fazer esta profecia tão solene,
o menino será causa de muita alegria para muitos mas uma espada de dor irá
traspassar o coração de Maria. Ninguém irá dizer a uma mãe no dia do batizado do
seu filho, que ela vai sofrer muito na vida, por causa daquela criança. Simeão não
era um velho pessimista mas, alguém que tem uma Fé bem madura, capaz de
interpretar os acontecimentos da vida à luz da Revelação Divina onde o sofrimento e
a dor não estão excluídos.
A procissão representa a peregrinação da própria vida. O povo peregrino de Deus
caminha penosamente através deste tempo, guiado pela luz de Cristo e sustentado
pela esperança de encontrar finalmente o Senhor da glória em Seu Reino eterno.
A vela que levamos em nossas mãos lembra a vela do nosso batismo. E o
sacerdote diz: “Guardem a chama da fé viva em seus corações. Que quando o
Senhor vier saiam ao seu encontro com todos os santos no reino celestial”. Este
será o encontro final, a apresentação, quando a luz da fé se converter na luz da
glória.
Imaginar um cristianismo sem a cruz, sem dores e sofrimentos, sem
incompreensões e perseguições, seria uma grande fantasia, é em meio às dores e
tribulações desta vida que o reino vai se concretizando. Maria, que também vive
uma Fé madura e responsável, não maldiz sua sorte, ao contrário, renova o seu sim
e segue em frente, sempre confiante no seu Deus.
Cada vez ia ficando mais claro para os pais de Jesus o desígnio de Deus a respeito
daquela criança. Confiar sempre em Deus quando tudo vai bem e caminha para um
final feliz, não é coisa tão difícil, mas confiar nele e renovar esta fidelidade mesmo
quando há possibilidade de um grande fracasso e humilhação, aí é que se vê o
tamanho da nossa Fé. Pois nenhum dos dois quis voltar atrás diante de certas
revelações que iam acontecendo, sempre misteriosas como aquela profecia de
Simeão ali na porta do templo, mas tocaram a vida em frente, voltaram a Nazaré
onde o menino crescia em graça e sabedoria.
Dor e alegria, decepções, contrariedades e realizações, fazem parte da nossa vida e
o cristianismo não nos isenta dessa realidade. O importante é que a cada momento
renovemos a nossa Fé e tenhamos confiança plena nas ações que Deus vai
realizando em nossa vida pessoal e de comunidade, ainda que nem sempre as
entendamos muito bem… pois a Fé não tem resposta para tudo...
Fiéis às tradições religiosas do povo, Maria e José cumpriram o rito de apresentação
do Filho primogênito. Esse gesto simples revestiu-se de simbolismo. Quem tinha
sido levado ao Templo, mais que o Filho de Maria e José, era o Filho de Deus.
Entretanto, ao consagrá-Lo a Deus e fazendo-O, daí em diante, pertencer-Lhe
totalmente. A liturgia evidenciava a divindade de Jesus. Aquele menino indefeso
pertencia inteiramente a Deus, em quem Sua existência estava enraizada. Era o
Filho de Deus. Por isso, no Templo, estava em Sua casa. Suas palavras e ações
são manifestações do amor de Deus. Por meio d’Ele é possível chegar até Deus.
Uma vez que podia ser contemplada em sua Pessoa, a divindade de Cristo fazia-se
palpável na história humana. Assim se explica por que Simeão viu a salvação de
Deus.
CONCLUSÃO:
No batismo somos iniciados na caminhada. Maria e José levam Jesus para
apresentá-lo ao Senhor, exatamente como fazem nossos pais no batismo, seguindo
a tradição.
Agora, já crescidos e encaminhados na fé, com nossos próprios passos e nossa
própria palavra, apresentemo-nos a Deus, a cada dia, comprometendo-nos em dar
um santo testemunho de vida e fé. Sejamos sempre luz, cumpramos sempre a
promessa de Deus, buscando o Amor. Viver com Deus, para Deus e por Deus.
Sejamos espelho para que o próximo nos veja como sinais de Deus. E busquemos
também esses sinais nas pessoas que nos cercam. Que Deus nos dê o
discernimento para entender as Suas promessas nas nossas vidas.
Bibliografia:
Biblia Edição Pastoral
STORNIOLO, Ivo Como ler O Evangelho de Lucas – Os pobres constroem a Nova História: São
Paulo: Paulus, 1992
PAGOLA, José Antonio, O Caminho Aberto por Jesus – Lucas: Vozes, 2012
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