PREVALÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SPP., NA MICROBIOTA BUCAL DOS PACIENTES IDOSOS INTERNADOS NA CLÍNICA MÉDICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO. Paola Ogrodoviski (PIBIC/Cnpq), Camila Thomaz dos Santos, Shelon Cristina Souza Baneca e Eduardo Bauml Campagnoli (Orientador), email: [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Odontologia Área: 4.02.00.00-0 Palavras-chave: Hospitalizado; Sub-área do conhecimento: 4.02.01.00-7 Microbiota Bucal; Clínica Médica; Paciente Resumo As pneumonias nosocomiais representam as infecções do trato respiratório inferior, diagnosticadas após 48 h da internação do paciente. Na epidemiologia dos casos de infecção a colonização por Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA), no ambiente de assistência à saúde, é a proximidade física dos trabalhadores com o paciente infectado, e seu ambiente. Assim, o objetivo desta pesquisa foi verificar a presença de Staphylococcus spp, relacionados à Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica (PAV), que podem estar presente na microbiota bucal. Esta pesquisa é de natureza observacional, prospectiva e experimental, foram incluídos pacientes idosos, que estivessem internados na Clínica Médica, foi realizada coleta microbiológica, antes da higiene bucal, no primeiro dia do internamento do paciente e a cada 48 horas. Decorrido o tempo de incubação, as diferentes colônias que cresceram foram observadas de acordo com suas características macroscópicas e passaram pelo processo da Coloração de Gram para confirmar a presença de colônias bacterianas condizentes com Staphylococcus spp. Nas placas contendo Ágar Manitol Salt observou-se grande porcentagem de crescimento microbiano após o período de incubação, prevalecendo o escore máximo de proliferação de microrganismos em 0 horas (inicial) e 48 horas. Pacientes em ambiente hospitalar na Clínica Médica estão mais susceptíveis a alterações na microbiota bucal em função de dificuldades de higiene, estresse, quantidade de microganismos e sua disseminação pelo ambiente e profissionais. Introdução As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são consideradas as principais causas de morbidade e de mortalidade no âmbito hospitalar, além de aumentarem o tempo de internamento do paciente, elevando o custo do tratamento. As infecções hospitalares são adquiridas durante a hospitalização, por isso são diagnosticadas a partir de 48 horas após o internamento (ANVISA 2004). O risco de desenvolvimento de pneumonia nosocomial é de 10 a 20 vezes maior na unidade de terapia intensiva (UTI), sendo que o seu desenvolvimento em pacientes com ventilação mecânica e/ou umidificador varia de 7% a 40%. (KOLLEF et al., 2001). Fator importante na epidemiologia dos casos de infecção e colonização por Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA), no ambiente de assistência à saúde, é a proximidade física dos trabalhadores com o paciente colonizado, ou infectado, e seu ambiente, Essa aproximação contribui para a colonização dos profissionais que passam a ser potenciais reservatórios e disseminadores dessas bactérias, contribuindo para sua dispersão no ambiente e pessoa/pessoa. (ALBRICH et al., 2008; COOKSON et al.,1989). Portanto, o objetivo desta pesquisa foi verificar a presença de Staphylococcus spp., na microbiota bucal dos pacientes idosos internados na Clínica Médica em diferentes tempos de internação. Materiais e métodos Esta pesquisa é de natureza observacional, prospectiva e experimental, a qual foi realizada entre julho de 2015 à maio de 2016, no Laboratório de Microbiologia do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) associada ao Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da UEPG (protocolo nº 1.055.799). A pesquisa incluiu 13 pacientes internados na Clínica Médica. De todos eles, foi realizada coleta microbiológica, antes da higiene bucal, no primeiro dia do internamento do paciente e a cada 48 horas, sendo feita nos cinco primeiros dias (totalizando no máximo três coletas). As coletas microbiológicas foram realizadas no período de julho a dezembro de 2015. Para o microrganismo a ser analisado foi utilizado meio de cultura específico, o Ágar Manitol Sal, nas quais as placas foram semeadas por completo, sendo o procedimento realizado em duplicata. Decorrido o tempo de incubação (37°C por 48hs), as diferentes colônias que cresceram no Agar Manitol Sal foram observados de acordo com suas características macroscópicas e passaram pelo processo da Coloração de Gram para confirmar a presença de colônias bacterianas condizentes com Staphylococcus spp. As placas foram consideradas positivas quando apresentaram crescimentos de colônias bacterianas, com confirmação pela coloração de Gram, sugestivas de Staphylococcus spp. Cada placa recebeu um escore conforme o a quantidade de colônias bacterianas presentes: Escore 0 – sem crescimento de colônias bacterianas Escore 1 – 1 - 25% da placa ocupada por colônias bacterianas; Escore 2 – 26 - 50% da placa ocupada por colônias bacterianas; Escore 3 – 51 -75% da placa ocupada por colônias bacterianas, Escore 4 – 76 -100% da placa ocupada por colônias bacterianas. Os dados foram tabulados em planilha do Excel. Na sequência foram submetido a testes estatísticos específicos (BioEstat 5.3), com nível de significância de 5%. Resultados e Discussão A média de idade dos participantes da pesquisa foi de 70,7 anos e prevaleceu pacientes do sexo feminino (60%). A amostra inicial da pesquisa foi composta de 13 pacientes internados na Clínica Médica da HURCG. Na segunda coleta (48 horas), se mantiveram internados 11 pacientes, sendo que no quinto dia de internamento (96 horas - terceira coleta) permaneceram somente cinco idosos. Nas placas contendo Ágar Manitol Salt observou-se grande porcentagem de crescimento microbiano após o período de incubação, prevalecendo o escore 4 nos em 0 horas (inicial) e 48 horas. Porém no tempo de 96 horas prevaleceu o escore 1, indicando baixo crescimento bacteriano (Gráfico 1). Apesar de notar uma diminuição no escore 4 depois de 96 horas, não houve diferença estatisticamente significante em relação a quantidade de colônias bacterianas presentes no início, depois de 48 e 96 horas de internamento (Kruskal-Wallis, p=0,6485). 46,1% 50% 40,0% 45% 40,0% 40,0% 40% 35% 30,8% 30,0% Escore 1 30% 25% 20% 7,7% Escore 2 Escore 3 15,4% 15% 10% 20,0% 20,0% Escore 4 10,0% 5% 0,0% 0% Inicial 48 horas 96 horas GRÁFICO 01: Crescimento microbiano apresentado nas placas de Ágar Manitol Sal, nos diferentes tempos analisados (0 horas, 48 horas e 96 horas). Conclusões A partir dos dados da pesquisa, verificou-se que os pacientes idosos atendidos na Clínica Médica apresentaram grande quantidade de Staphylococcus spp. na microbiota bucal, e que nos diferentes tempos de internamento (0 horas, 48 horas e 96 horas) eles sempre se mantiveram presentes. Referências ALBRICH, W.O., HARBARTH,S. Health-care worker: source,vector,or victim of MRSA? Lancet. Infect. Dis., v.8,n.5,p.289-301,2008. 8(5):289-301. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Série: Segurança. do. Paciente. e. Qualidade. em. Serviços. de. Saúde., p.1-92, 2013. KOLLEF, M.H., SHARPLENS, L., VLASNIK, J., PASQUE, C., MURPHY, D., FRASER, V.J., The impact of nocosomial infections on patient out crooner following cardiac surgery .Chest., 1997;12(3)666-75. PACE, M.A., WATANABE, E., FACETTO, M.P., ANDRADE,D., Staphylococcus spp. na saliva de pacientes com intubação orotraqueal. Rev. Panam. Infectol., 2008;10(2):8-12.