Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II 3. MULTIVIBRADORES E PROJETOS DE TEMPORIZADORES Intuitivamente, pode-se caracterizar os multivibradores como circuitos digitais cuja saída se alterna entre dois estados lógicos: 1 (um) e 0 (zero) ou, verdadeiro e falso ou ainda, ativado ("setado") e desativado ("resetado") . Uma mudança de estado em um multivibrador pode ocorrer espontaneamente (caso o estado atual seja considerado instável) ou forçado (caso o estado atual seja considerado estável). 3.1. Os Multivibradores Monoestáveis, Astáveis e Biestáveis. Quando em um multivibrador têm-se dois estados instáveis, o circuito é classificado como um Astável e sua saída oscila de um estado para o outro permanentemente, apresentando-se como um trem de pulsos (por analogia, pode-se imaginar o movimento de um pêndulo de um relógio). O circuito da figura 3.1a é um exemplo de um astável. Fazendo sua análise, percebe-se que o sinal de saída muda a cada 3T, onde T é o tempo de resposta típico do inversor empregado. Figura 3.1a Quando o multivibrador apresenta um estado estável e um instável, ele é classificado como um monoestável e, neste caso, a passagem do estado estável para o instável só ocorre por ação de um gatilho ("trigger") externo, enquanto que, o retorno ao estado estável, ocorre espontaneamente após um determinado tempo. Este tipo de circuito gera um pulso único de saída ("one-shot") sempre que um sinal de gatilho for aplicado. Analisando-se o circuito da figura 3.1b, percebe-se que enquanto o nível do sinal de entrada é zero, a saída não muda de estado. Ao se aplicar um sinal de entrada alto, ocorrem algumas mudanças internas, embora a saída permanece inalterada. Quando retirado o sinal de entrada, que funciona como "trigger", a saída vai a zero, permanecendo em zero aproximadamente o tempo de retardo de uma porta. Figura 3.1b Existem dois tipos de multivibradores monoestáveis: o que se pode engatilhar (regatilhável) e o que não se pode. Para maiores detalhes ver a seção S.22 do livro Sistemas Digitais de Ronald Tocci. Por fim, se um multivibrador apresenta dois estados estáveis, ele é dito um biestável e, qualquer mudança de um estado para o outro só ocorre por ação Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 15 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II externa, podendo permanecer em qualquer dos dois estados indefinidamente, caso não venha a ocorrer uma outra ação. No circuito da figura 3.2a, percebe-se que as saídas apresentam estados estáveis permanentes, já que não existe nenhum sinal externo capaz de alterar o seu estado. O uso de duas portas NAND, em substituição aos inversores, permite uma ação externa, como mostra o circuito da figura 3.2b. Figura 3.2a Figura 3.2b O biestável, por sua característica de manter uma informação até que nova situação de entrada seja aplicada, caracteriza-se como unidade básica de memória semicondutora estática, o que é estudado com detalhes em outras partes do curso. 3.2. Análise e Implementação de multivibradores com CMOS. Embora tenham servido como exemplo na conceituação dos multivibradores monoestáveis e astáveis, os circuitos apresentados nas figuras 3.1a e 3.1b não são aplicáveis, já que não existe nenhum controle sobre o tempo de permanência do circuito no estado dito instável. Uma maneira de solucionar este problema é associar malhas RC ou um cristal ao circuito, de tal forma que este tempo possa ser estabelecido. Pelas características de alta impedância de entrada e de baixa impedância de saída, bem como pela proteção a díodo na entrada, as portas CMOS são extremamente adequadas ao projeto de circuitos astáveis e monoestáveis. 3.2.1. Monoestável Na figura 3.3a é apresentado um circuito monoestável implementado com portas NOR da família CMOS. O seu funcionamento pode ser acompanhado através das formas de onda mostradas na figura 3.3b. Figura 3.3a Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 16 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Pelas condições iniciais, capacitar descarregado, as tensões V1 e V2 são iguais a Vss (nível lógico 1) e portanto Vo = 0. Enquanto o sinal de gatilho se mantiver baixo (Trigger = 0) , esta condição é estável e imutável. Ao se aplicar um sinal de gatilho de largura st (maior que o tempo de resposta das duas portas presentes no circuito e menor que o tempo T ou tw), resulta: V1 = 0, V2 = 0 e Vo = 1. Esta condição será mantida mesmo quando o pulso de gatilho for retirado. Submetido a esta nova situação, o capacitar começa a se carregar com uma constante de tempo t até que seja alcançada a tensão: V1 = V2 = Vin (tensão de nível 1 para a segunda porta NOR) Com estas tensões, Vo vai a zero, voltando portanto ao seu estado estável. Pela análise da tensão de carga do capacitar (mostrada abaixo), pode-se definir o tempo em que a saída se manteve em nível alto. −t Vss Vss v 2 ( t ) = v C ( t ) = Vss 1 − e RC ⇒ e t w RC = t w = RCLn( ) ∴ Vss − Vih Vss − Vih Se for considerado Vih ≅ Vss/2 o tempo T (ou tw) será dado por: tw ≅ RCLn(2) ou tw ≅ 0,693RC. Caso o valor da resistência de saída da primeira porta não seja desprezível em relação ao valor da resistência usada na malha RC, deve-se adicionar seu valor a R no cálculo de tw. As figuras 4.a e 4.b mostram o circuito e as formas de onda geradas em um outro modelo de monoestável, desta vez implementado a partir de portas, NAND. A equação que define a temporização tw será dada por: Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 17 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Figura 4.a Figura 4.b Vss , Vc calculada a partir da equação de descarga do capacitar dada por: −t Vc = Vss e RC . t = RC ln E, exatamente a mesma que foi definida para o circuito da figura 3.a se for considerado que Vc = Vss 2 . 3.2.2. Astável Para análise de um multivibrador astável implementado com portas CMOS, será tomado como referência o circuito mostrado na figura 5.a. Novamente serão consideradas as características ideais das portas CMOS. Pela figura 5.b pode-se acompanhar o desenvolvimento relatado a seguir. Figura 5.a Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 18 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Figura 5.b Considera-se que, ao se ligar o circuito o capacitar está descarregado, logo as tensões nos pontos Vo2 e Vi1 são nulas e a tensão em Vo1 é aproximadamente igual a Vss (nível lógico 1). Nestas condições, o capacitar tende a se carregar através de R pela diferença de tensão existente entre as tensões de saída da porta 1 e da porta 2, com constante de tempo dada por RC. Assim, nesta situação a tensão Vi1 tende a crescer. No momento em que a tensão Vi1 (que é, nestas condições, a própria tensão no capacitor C) é reconhecida como nível lógico 1 pela porta 1, a tensão Vo1 cai a 0 (zero), levando automaticamente Vo2 a 1 (um, ou seja, Vo2≅Vss). Uma vez que a tensão no capacitar não muda instantaneamente, verifica-se que neste momento a tensão Vi1 ultrapassará a tensão de alimentação Vss! (Vi1≅Vss+Vc). Como a tensão Vo1 é agora nula e o capacitar está carregado com uma tensão Vc (tensão limiar de 1-lógico), sua tendência será de descarregar-se através de R pela diferença de tensão existente neste instante entre as saídas da porta 2 (≅Vss) e da porta 1 (tensão nula). Durante este tempo, a tensão Vi1 tende a decrescer assintoticamente para zero até ser reconhecida como de nível lógico 0 (Vi1≅Vd, onde Vd é o valor da tensão que a porta 1 reconhece como nível lógico 0), fazendo com que Vo1 retorne a 1 e que Vo2 retorne a 0. Neste instante preciso, o capacitar está descarregado, mas agora com uma tensão negativa (−Vss+Vd), logo Vi1 é também negativa e igual a −Vd. Esta é praticamente a situação original a menos da tensão no capacitor C. Este ciclo irá se repetir indefinidamente e, se forem consideradas as características idênticas das portas, tem-se um sinal de "clock" com um período dado por: 2 * Vss − Vd Vss + Vc T = Tc + Td = RC ln + , Vd Vss − Vc onde Tc e Td são calculados a partir das equações de Vi1, levando em conta a carga e descarga do capacitar dadas por: vi1(t ) = Vss + (Vd − 2 ∗ Vss)e −t RC −t e vi1(t ) = (Vc + Vss )e e Vss + vc t d = RCLn . Vd RC , onde: 2 ∗ Vss − Vd t c = RCLn Vss − Vc Caso se considere as tensão Vc (limiar para o nível lógico 1) e Vd limiar para o nível lógico 0) iguais a um certo valor Vt e, assumindo que para as portas lógicas da família CMOS tem-se Vt=Vss/2, logo o sinal de "clock" possuirá um período T com ciclo de trabalho (C.T.) de aproximadamente 50% dado por: Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 19 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II 2 ∗ Vss − Vt Vss + Vt T = t c + t d = RCLn + = RCLn(3 + 3) ≅ 1,79 RC , Vt Vss − Vt t com C.T . = c ≅ 0,5 ou C.T. de 50%. T A figura 5.c mostra como é possível um multivibrador astável gerar uma forma de onda, onde se pode controlar o ciclo de trabalho sem alterar a freqüência, através da inclusão de 2 díodos de sinal e de um potenciômetro na malha RC. Figura 5.c A figura 6 mostra outro modelo de astável, montado a partir de portas NOT (implementadas com portas NANDs). Os cálculos dos tempos de carga e de descarga, seguem semelhantes aos princípios da configuração mostrada na figura 5.a. Figura 6 3.3. Cuidados na Implementação com portas CMOS e/ou TTL. Não existe uma regra para se definir que um dado circuito venha a funcionar com portas da família CMOS ou com portas da família TTL. O que é realmente necessário são os cuidados que se devem tomar com relação aos valores de resistências e de capacitâncias envolvidos na definição dos tempos de permanência em um dado estado instável do multivibrador. Por esta razão colocaremos a seguir algumas restrições que devem ser obedecidas quando da implementação dos circuitos mostradas nas figuras 4.a e 6.a quando forem usadas portas da família TTL. Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 20 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II · No circuito da figura 4a, o valor ideal para R está compreendido entre 0,2Ω e · No circuito da figura 6a, o valor da freqüência do sinal de saída deve estar compreendido entre lOOHz e lMHz. * Ainda no circuito da fig. 6a, para que a freqüência de oscilação seja menos dependente da temperatura, a relação fo << I/2.tp.n deve ser observada (tp representa o atraso por porta e n o número de portas). Nas figuras 7a e 7b são fornecidos ábacos que podem ser utilizados na implementação do astável da figura 6a usando-se portas da família TTL e CMOS respectivamente. Os valores limites devem ser obedecidos principalmente para implementações que envolvam portas TTL. 3.3.1. Monoestável 3.3.2. Astável 3.4. Projeto de Circuitos Monoestáveis e Astáveis com Circuitos Temporizadores Integrados Trata-se de um circuito integrado projetado para aplicações gerais de temporização, atualmente já bastante consagrado, sendo muito estável e confiável como circuito controlador, na produção de circuitos de atraso ou de osciladores. Foi introduzido no mercado pela Signetics embora, atualmente, a maioria dos fabricantes o produzam. Pode ser utilizado em circuitos monoestáveis ou astáveis, com períodos que variam entre microsegundos e horas. Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 21 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Sua tensão de alimentação situa-se entre 4,5V e 18V o que o torna compatível com as lógicas CMOS e TTL, bem como, para aplicações em circuitos alimentados por bateria. A saída é capaz de fornecer correntes de até 200mA, permitindo o comando de relés e outras cargas que necessitem de correntes relativamente grandes. 3.4.1. Multivibradores com o Temporizador 555 A figura 8 mostra a configuração interna e a pinagem do temporizador 555. Verifica-se a presença de dois comparadores (compA e compB) associados a uma malha resistiva interna, de um biestável com entrada independente de "reset", de um inversor "buffer" de saída e de um transistor coletor aberto que funciona como chave. • • • • Figura 8 A função de cada um destes blocos é bastante simples: a malha resistiva opera como um divisor de tensão, aplicando 2/3 de Vcc no terminal - (menos) do comparador compA e um nível 1/3 de Vcc no terminal + do comparador compB. É possível alterar estes valores através do pino 5 (controle de tensão); comparador compA avalia os níveis de tensão dos terminais - (fornecido pela malha resistiva) e + (nível "threshold" aplicado externamente através do pino 6) e gera uma saída nível l ou O caso o nível no terminal + seja maior ou menor que o do terminal - respectivamente; comparador compb avalia os níveis de tensão dos terminais + (fornecido pela malha resistiva) e - (nível do sinal de "trigger" aplicado externamente através do pino 2) e gera uma saída nível l ou O caso o nível no te @ nal + seja maior ou menor que o do terminal respectivamente; caso a entrada direta "resetll (pino 4) esteja em nível lógico I (desativada) , o biestável reflete um estado "set" (saídas Ql=O e Q2=1) quando se aplica R=0 e S=1 ou um estado "reset" (saídas Ql=O e Q2=1) quando se aplica R=1 e S=O. Caso seja aplicado um nível O (zero) na entrada direta de "reset", o Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 22 ELE0317 − Eletrônica Digital II Capítulo 3: • • biestável também assume o estado "reset". A condição R=0 e S=0 não altera o seu estado atual e, a condição R=1 e S=1 não deve ocorrer; inversor reflete o estado atual da saída Ql (complemento de Q2) através do pino 3 e; transistor satura ou corta dependendo do valor atual de Q2 e reflete esta situação através do pino 7 (descarga). 3.4.2. Uso do Temporizador 555 como Monoestável A configuração básica de um circuito monoestável implementado com o "timer" 555 é mostrada na figura 9a. o pino 4 é desabilitado por uma ligação a Vcc, o pino 5 é conduzido a terra por um capacitar de lOnF e serve de "bypass" a ruídos de alta freqüência, o pino 2 é usado como entrada de gatilho e os pinos 6 e 7 são associados a uma malha RC externa-a qual, será responsável pela definição da largura do pulso de saída. V+ R C Saída Disparo Ct Figura 9.a No início da operação será admitido que o sinal de gatilho se apresenta em nível alto (tensão superior a Vcc/3) e que o biestável está "resetado" (Q2=1 e Ql=O). Nestas condições, observa-se que: • saída é igual a zero; • transistor está saturado (tensão no pino 6 aproximadamente igual zero); • tensão sobre o capacitar é nula; • a tensão no pino 6 é nula (inferior portanto a 2Vcc/3) e que; • S=0 e R=0 o que não altera o estado do biestável. Enquanto não houver um pulso de gatilho esta situação permanecerá inalterada. Caso ocorra um pulso de gatilho (inferior a Vcc/3) o comparador compa fornecerá S=I. Como R=O, o biestável será levado a condição "set" (Ql=l e Q2=0). Nesta nova situação observa-se que: • a saída é igual a l (um); • o transistor é levado ao corte abrindo a conexão que mantinha o capacitar em zero; • o capacitor tende a se carregar através de R elevando a tensão de limiar ("threshold") do pino 6. Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 23 ELE0317 − Eletrônica Digital II Capítulo 3: Se o pulso negativo de gatilho for retirado antes que a tensão de limiar possa atingir o limite de 2Vcc/3, tem-se S=0 e R=0 o que também não altera as condições atuais de saída. A tensão no capacitor continua crescer. Quando a tensão no capacitar ultrapassa 2Vcc/3, o compA fornece R=1 (temse ainda S=0) levando o biestável ao estado "reset" e aí tem-se novamente: • saída nula; • transistor saturado (o que força a descarga rápida do capacitar); • capacitar descarregado. A figura 9.b mostra o diagrama de tempo para o multivibrador monoestável Básico, onde a largura do pulso de saída é dada por: T = 1,1 RC. Figura 9.b 3.4.3. Uso do Temporizador 555 como Astável A configuração básica de um circuito astável implementado com o CI 555, conhecido como "timer", é mostrada na figura 10.a. O pino 4 do CI é desabilitado por uma ligação a Vcc. O pino 5 é conduzido a terra por um capacitar de aproximadamente 10nF e serve de "bypass" a ruídos de alta freqüência originários da fonte de alimentação DC. Uma malha externa com dois resistores (R1 e R2) e um capacitar (C) é usada para, através dos pinos: 2 (trigger), 7 (tensão de limiar) e 6 (descarga), estabelecer a freqüência do sinal de saída. V+ R1 Saída R2 C Ct Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 24 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Figura 10.a Ao ligar o circuito, o biestável ( ou "latch") estará no estado de "setado" (Q=1), pois a tensão no capacitor C é nula e, por conseguinte, o compB está fazendo S=1 e o compA fazendo R=0 nas entradas do "latch". Esta condição de "set" é obtida pela primeira vez ao ligar o circuito. • • • • • • • • • • • • Nesta condição, observa-se que: a saída do monoestável é igual a 1 (um); o transistor está na região de corte, abrindo o ponto de baixa impedância localizado entre as duas resistências R1 e R2, através do pino 7 do CI 555; a tensão inicial sobre o capacitor C, que é igual a zero e é a mesma tensão dos pinos 2 e 6 do CI 555, tende a se carregar através de R1 e R2 em direção a Vcc e, quando sua tensão atinge Vcc/3, o compB (faz S=0), retirando assim o sinal de "set" do "latch"; quando pela primeira vez a tansão do capacitor atingir 2Vcc/3, o compA fará R=1, logo o "latch" vai ao estado de "reset", pois já se tem S=0; Na condição "reset" tem-se que: a saída do monoestável é igual a 0 (zero); o transistor está agora saturado, com tensão no pino 7 de aproximadamente zero, aterrando o ponto central das duas resistências; a tensão sobre o capacitor, vai decrescer em direção a zero a partir do valor inicial de 2Vcc/3, logo que ela ficar menor que esta valor, o compA retira o "reset" (R=0); o capacitor C se descarrega através de R2, quando a tensão de C atingir o valor de Vcc/3, o compB faz S=1, o "latch" vai ao estado "set", pois R=0. Na condição "set" tem-se que: a saída do monoestável é igual 1 (um); o transistor está agora na região de corte, abrindo o ponto de baixa impedância localizado entre as duas resistências R1 e R2; o capacitar C, com tensão inicial igual a Vcc/3, tende a se carregar, através de R1 e R2, em direção a Vcc, logo que a sua tensão ficar ligeiramente maior que Vcc/3, o compB retira o "set" do "latch" (S=0); quando a tensão de C atingir o valor de 2Vcc/3, o compA fará novamente R=1, logo o "latch" vai ao estado de "reset", pois já se tem S=0; O ciclo passa a se repetir continuamente como mosta a figura 10.b. Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 25 ELE0317 − Eletrônica Digital II Capítulo 3: Figura 10.b Toda vez que a tensão sobre o capacitor for uma tensão entre os valores Vcc/3 e 2Vcc/3, tem-se sempre S=0 e R=0. Esta a situação não altera o regime de carga ou descarga do capacitor. Ele continua a se carregar caso a saída do "latch" valha 1, ou a se descarregar caso a saída do "latch" valha 0. Toda vez que a tensão sobre o capacitar ultrapassa 2Vcc/3 tem-se R=1 e S=0, biestável será "resetado" o que leva a saída a zero (0). Toda vez que a tensão sobre o capacitar é inferior a Vcc/3 tem-se R=0 e S=1, biestável será "setado" o que leva a saída a um (1). A figura 10.b mostra o diagrama de tempo para o multivibrador astável básico, onde as larguras dos pulsos de saída são dadas por: Vcc − Vd Vc T = Tc + Td = C (R1 + R2 )Ln + C (R2 )Ln , Vcc − Vc Vd onde Tc e Td são calculados a partir das equações de carga e descarga do capacitar dadas por: vc (t ) = Vcc − (Vcc − Vd )e −t C ( R1 + R2 ) e v d (t ) = (Vc)e −t C ( R2 ) Substituindo as tensão de carga Vc=2Vcc/3 e de descarga Vd=Vcc/3, tem-se: Vcc − Vcc / 3 2 ∗ Vcc / 3 T = Tc + Td = C (R1 + R2 )Ln + C (R2 )Ln , Vcc / 3 Vcc − 2 ∗ Vcc / 3 onde finalmente encontra-se: T = Tc + Td = C (R1 + R2 )Ln(2) + C (R2 )Ln(2 ) = C ( R1 + 2 R2 ) Ln(2) ≅ 0,69( R1 + 2 R2 )C . Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 26 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II 3.5. O Multivibrador "SCHMITT TRIGGER" Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 27 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 28 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II 3.6. Multividradores TTL e suas Aplicações Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 29 Capítulo 3: ELE0317 − Eletrônica Digital II Professor: David Simonetti BARBALHO DEE – Departamento de Engenharia Elétrica Página 30