UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PARÁ, 2008 A JUNHO DE 2012 ELPIDIA DO SOCORRO DE SOUSA COSTA Belém-Pará 2014 1 ELPIDIA DO SOCORRO DE SOUSA COSTA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PARÁ, 2008 A JUNHO DE 2012 Dissertação apresentada do Curso de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito para obtenção de grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientadora: Profa. Ribeiro da Cruz Belém-Pará 2014 Dra. Ana Cecília 2 ELPIDIA DO SOCORRO DE SOUSA COSTA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PARÁ, 2008 A JUNHO DE 2012 Dissertação apresentada para o Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, para obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientadora: Profª. Dra. Ana Cecília Ribeiro da Cruz Instituto Evandro Chagas – IEC/SVS/MS Banca Examinadora: Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida Machado Instituto de Ciências Biológicas- UFPA Profª. Dra. Lívia Caricio Martins Instituto Evandro Chagas – IEC/SVS/MS Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Karla Tereza Silva Ribeiro Instituto de Ciências Biológicas- UFPA Profª. Dra. Sueli Guerreiro Rodrigues Instituto Evandro Chagas – IEC/SVS/MS Universidade Federal do Pará Belém, ____ de março de 2014. 3 A Deus, minha fortaleza e luz. À minha família, pelo amor e carinho com que me incentivaram a realizar essa dissertação. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pelo dom da vida e por me dar forças, sabedoria e perseverança nos momentos mais difíceis deste trabalho. À minha família pelo amor, carinho, apoio, incentivo e compreensão que sempre me dedicaram. Ao meu filho pelo carinho e incentivo em todos os momentos na realização dessa dissertação. Ao meu companheiro pelo apoio e incentivo na realização dessa dissertação. Aos meus pais (In Memorian),pela instrução e educação, que me fizeram ser o que sou hoje. À minha orientadora, Dra. Ana Cecília Ribeiro Cruz, pela paciência e orientação. À Dra. Sueli Guerreiro Rodrigues, pelas orientações e ensinamentos no decorrer do trabalho. Ao Instituto Evandro Chagas, que me deu a oportunidade de ingressar na Universidade Federal do Pará(UFPA), no Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Ao Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, Chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas, pelo apoio na realização do mestrado. A Mirna e ao Raimundo Hozana da secretaria do BAIP pela paciência para comigo. Aos professores do curso de mestrado do programa de Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, pelos conhecimentos transmitidos. A todos os colegas do mestrado, pelos bons momentos passados juntos. Um carinho a todos os meus amigos funcionários, contratados e terceirizados da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas, pelo apoio e colaboração que sempre me deram, me incentivando na realização dessa dissertação em especial à Dra.Socorro, Dra.Elizabeth Salbé, Helena,Milene, Maura, Francisco, Hamilton, Lívia Caricio, Janiffer, Vera Cezario, Mary, Rose, Sr. Jonas, Assis, Daniele, Bruno, Valeria, Eliana Vieira, Dra. Consuelo, Jamila, Janice. A todas as Instituições que me ajudaram no decorrer da dissertação. 5 RESUMO A Dengue é considerada um dos maiores problemas de saúde pública mundial, atinge principalmente os países tropicais e subtropicais, sendo a arbovirose de maior incidência no mundo. As condições ambientais favorecem a proliferação do mosquito transmissor da doença, Aedes aegypti.O vírus dengue (VDEN) é dividido em quatro sorotipos: VDEN-1, VDEN-2, VDEN-3 e VDEN-4. Foi realizado um estudo do tipodescritivo e retrospectivo, cujo objetivo foi realizar análise epidemiológica dos casos confirmados de dengue na Região Metropolitana de Belém (RMB) no período de 2008 a junho de 2012. Foram analisadas as características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais dos pacientes da RMB com diagnóstico de dengue comprovado laboratorialmente pelaSeção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB) do INSTITUTO EVANDRO CHAGAS-IEC, considerando os municípios de Ananindeua,Belém,Benevides,Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santa Isabel do Pará,sendo analisados 1905 casos confirmados. As informações foram armazenadas em banco de dados com posterior análise estatística e correlacionadas com informações epidemiológicas através de variáveis demográficas (gênero e faixa etária) e determinados fatores como clínicos e laboratoriais, ambientais, referente ao vírus, vetor, distribuição dos sorotipos circulantes, precipitação pluviométrica e ocorrência de dengue anual e mensal nas áreas estudadas. A análise dos dados em relação às variáveis demonstrou que o gênero feminino foi o mais acometido em todas as faixas etárias, exceto a faixa etária entre 11 a 20 anos, cujo gênero masculino foi o mais atingido.As mulheres são as mais afetadas principalmente pelo fato de que as mesmaspossuem possivelmente maior tempo de permanência nas residências (de acordo com alguns estudos), onde ocorre comumente a transmissão. Ao comparar os anos do estudo, 2012 foi o que apresentou o maior número de casos de dengue com 29,02%. Quanto aos sinais e sintomas informados pelos pacientes, febre e cefaleia foram os mais frequentes. Em relação aos municípios do estudo, Ananindeua e Belém apresentaram maiores percentuais de casos confirmados, devido a densidade demográfica ser maior que dos outros municípios. Em Belém, os bairros do Marco, Guamá e Marambaia foram os mais cometidos por dengue. Com relação aos fatores climáticos, a precipitação pluviométrica foi mais frequente nos meses de janeiro a abril em todos os anos estudados. Comparando a relação entre a precipitação pluviométrica e a quantidade dos casos de Dengue nos anos do estudo, observouse que o índice de chuvas foi maior no mês de março do ano de 2012, ocorrendomaiores quantidades dos casos de Dengue. A análise demonstrou a circulação dos diferentes sorotipos do VDEN nos anos dos estudos e que no ano de 2012 predominou a circulação do sorotipo VDEN-4. Vale ressaltar que no ano de 2010 ocorreu a reintrodução do VDEN-4, ausente por quase três décadas, tornando a população susceptível devido não possuir imunidade protetora para esse sorotipo. Palavras-chave: Dengue;Aedes aegypti;Fatores epidemiológicos 6 ABSTRACT Dengue is considered one of the greatest problems of global public health, mainly affecting the tropical and subtropical countries. It is the arboviral disease with higher incidence in the world. The environmental conditions favor the spread of the diseasetransmitting mosquito, Aedes aegypti. Dengue virus (DENV) is divided into four serotypes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 and DENV-4. A retrospective and descriptive study was conducted, whose aim was to perform epidemiological analysis of confirmed dengue cases in the Metropolitan Region of Belém (MRB) in the period 2008 to June 2012. Epidemiological, clinical and laboratory characteristics of patients of the MRB diagnosed with dengue (confirmed by the laboratory of Arbovirology and Hemorrhagic Fevers Section of Evandro Chagas Institute) were analyzed considering the municipalities of Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará and Santa Isabel do Pará, with 1905 confirmed cases analyzed. The information was stored in the database with subsequent statistical analysis and correlated with epidemiological information through demographic variables (gender and age) and some factors such as clinical and laboratory, environmental, regarding the virus vector, serotype distribution, rainfall and annual and monthly occurrence of dengue in the areas studied. The data analysis regarding the variables showed that the female gender was the most affected in all age groups except the age group between 11 to 20 years, in which the male gender was the most affected. Women are the most affected mainly by the fact that they possibly have more time of permanence in homes (according to some studies), where transmission occurs commonly. When comparing the years studied, 2012 was the year that presented the highest number of dengue cases, with 29.02%. Regarding the signs and symptoms reported by patients, fever and headache were the most frequent. Regarding the municipalities of the study, Ananindeua and Belém presented higher percentages of confirmed cases, due to population density is greater than the other municipalities. In Belém, the neighborhoods of Marco, Guamá and Marambaia were the most affected by dengue. Regarding the climatic factors, rainfall was more frequent in the months from January to April in all the years studied. Comparing the relationship between rainfall and the number of cases of Dengue in the years of the study, it was observed that the rainfall was higher in March of 2012, occurring greater amounts of dengue’s cases. The analysis showed the circulation of different serotypes of DENV in the years of study and in 2012, the predominant circulating serotype was DENV-4. It is noteworthy that in 2010 the reintroduction of DENV-4 occurred, absent for nearly three decades, making people susceptible because they lack protective immunity to this serotype. Keywords: Dengue. Aedes aegypti. Epidemiological factors. 7 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... 7 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ............................................................... 8 RESUMO ............................................................................................................. 9 ABSTRACT ......................................................................................................... 10 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................ 11 1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA DENGUE ..................................................... 15 2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE ..................................................................... 17 2.1 DENGUE NO MUNDO .................................................................................. 17 2.1.1 Dengue nas Américas .............................................................................. 18 2.1.2 Dengue no Brasil ...................................................................................... 20 2.1.3 Dengue na região Norte e Estado do Pará ............................................. 23 2.2 VÍRUS DENGUE ........................................................................................... 24 2.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ...................................................................... 26 2.4 CICLO DE TRANSMISSÃO .......................................................................... 27 2.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ................................................................. 29 2.6 TRATAMENTO E VACINA ............................................................................ 31 3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 32 3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 32 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 32 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 33 4.1 DESENHO DO ESTUDO .............................................................................. 33 4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO .......................................................................... 33 4.2.1 Amostras ................................................................................................... 33 4.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ....................................................... 34 4.4 ANÁLISE DAS FICHAS EPIDEMIOLÓGICAS .............................................. 36 4.4.1 Coleta de informações das fichas epidemiológicas ............................. 36 4.4.2 Testes laboratoriais utilizados como critério de inclusão dos pacientes no estudo .................................................................................................. 36 4.4.2.1 MAC-ELISA ............................................................................................. 36 8 4.4.2.2 Isolamento do VDEN em cultivo de células de mosquitosAe. albopictus (clone C6/36) .......................................................................................... 37 4.4.2.3 Extração de RNA e RT-PCR ................................................................... 38 4.4.3 Informações relacionadas aos fatores de transmissão ........................ 38 4.4.4 Métodos estatísticos ................................................................................ 39 4.5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ......................................................................... 39 5 RESULTADOS ................................................................................................. 40 6 DISCUSSÃO .................................................................................................... 48 7 CONCLUSÃO .................................................................................................. 53 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 54 ANEXOS ............................................................................................................. 60 ANEXO 1: AUTORIZAÇÃO DA DIREÇÃO DO IEC PARA O USO DAS AMOSTRAS DO ESTUDO ................................................................................. 61 ANEXO 2: FICHA DE NOTIFICAÇÃO INDIVIDUAL – DENGUE...................... 62 ANEXO 3: COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) DO IEC................................................................................. 63 ANEXO 4: JUSTIFICATIVA DE NÃO OBTENÇÃO DO TCLE E DAS DECLARAÇÕES DE CO-PARTICIPAÇÃO....................................................... 65 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa dos países e áreas em risco de desenvolver Dengue no ano de 2010 .................................................................................... 18 Figura 2 - Mapa de Risco da Dengue no Brasil, 2010 ..................................... 22 Figura 3 - Sorotipos de VDEN circulantes no Brasil por UF em 2012 ............. 24 Figura 4 - Estrutura do Vírus Dengue .............................................................. 25 Figura 5 - Mosquito transmissor da dengue, Aedes aegypti ........................... 28 Figura 6 - Representação esquemática do ciclo biológico dos mosquitos ...... 29 Figura 7- Região Metropolitana de Belém-Pará ............................................. 34 Figura 8 - Representação esquemática da técnica de Mac Elisa ................... 37 Figura 9 - Quantidade dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo mês e ano .......................................................... 42 Figura 10 - Percentuais dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o município e ano .............................................. Figura 11- 43 Percentual do mês dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano ................................................................. 44 Figura 12 - Percentual dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012 segundo sinais e sintomas ............................................... 45 Figura 13 - Analise por sorotipo de Casos Confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, por mês/ano ..................................................................... 45 Figura 14 - Quantidade de casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, por município/ano, em relação ao sorotipo de Dengue ... 46 Figura 15 - Precipitação pluviométrica em Belém versus quantidade dos casos de Dengue, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano ...................................................................... . 47 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS FD - Febre do Dengue FHD - Febre Hemorrágica do Dengue IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEC - Instituto Evandro Chagas OMS - Organização Mundial de Saúde PNCD - Plano Nacional de Controle da Dengue RMB - Região Metropolitana de Belém RNA - Ácido Ribonucléico SAARB-IEC - Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas SBF - Soro Bovino Fetal SCD - Síndrome do Choque de Dengue TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido VDEN - Vírus Dengue WHO - World Health Organization 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A dengue é uma das arboviroses que mais afetam o homem e constitui uma importante causa de morbidade e mortalidade infantil na Ásia e nas Américas do Sul e Central, onde se mantém sob a forma endêmica determinando periodicamente epidemias de grande impacto em termos de saúde pública. Nos últimos 50 anos a incidência da doença tem aumentado em 30 vezes, bem como sua expansão geográfica para novos países e, na presente década, da área urbana para área rural (WHO, 2009). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de três bilhões de pessoas vivam em áreas de risco para contrair dengue no mundo e anualmente 80 milhões de pessoas são infectadas, com cerca de 500 mil casos de FHD (febre hemorrágica do dengue) e 21 mil óbitos, principalmente em crianças (WHO, 2009). Esta arbovirose é uma doença infecciosa não contagiosa causada pelo Vírus Dengue (VDEN) pertencente à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, constituído de quatro sorotipos: VDEN-1, VDEN-2, VDEN-3 e VDEN-4. As infecções pelo VDEN podem se apresentar sob as formas clínicas: Febre do Dengue (FD), Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e Síndrome do Choque de Dengue (SCD). Todos os quatro tipos de vírus da dengue podem causar tanto FD quanto FHD (Cruz et al., 2010). O VDEN é transmitido ao homem através da picada de um artrópode hematófago, principalmente de Aedes aegypti. Apresenta intensa distribuição no mundo e constitui importante causa de morbidade e mortalidade. A manifestação mais grave é a febre hemorrágica da dengue (FHD) acompanhada ou não de síndrome de choque por dengue (SCD) (OMS, 2009). A ocorrência de casos de dengue é favorecida devido a alguns fatores que contribuem para a proliferação do mosquito vetor, tais como o crescimento populacional e a urbanização das populações nas áreas tropicais sem infraestrutura básica de saneamento, coleta de lixo inadequada e desmatamento. A maior frequência de viagens com o consequente deslocamento de pessoas favorece o aumento da transmissão da doença (Tauil, 2002). 12 A dengue é a arbovirose mais difundida no mundo ocorrendo em todos os continentes, com exceção da Europa; a doença atinge principalmente os países de clima tropical onde é endêmica (Travassos da Rosa et al.,1997; WHO, 2009). No Brasil, a dengue vem ocorrendo de forma endemo-epidêmica desde a década de 80, com uma série histórica que contabiliza 5.657.711 casos notificados com 868 óbitos por FHD ou dengue com complicações (Brasil, 2011). A situação da dengue no Brasil se agravou ainda mais a partir da introdução do sorotipo VDEN-4, em 2010, com a população susceptível às infecções por este sorotipo viral e a possibilidade de uma nova e grave epidemia da doença (Teixeira et al., 2011). O Pará é uma das 27 unidades Federativas do Brasil, sendo a segunda maior delas em território, com uma área de 1.247.689,515 km 2. A área média de seus 144 municípios é de 8.664,50 km². O maior deles é Altamira com 159.696 km², o terceiro município mais extenso do mundo, e o menor é Marituba, com 103,279 km². Pertencente à Região Norte do Brasil, o Pará é a unidade federativa mais populosa desta macrorregião, com seus 7,7 milhões de habitantes em 2012. O estado é subdividido em 22 microrregiões e 6 mesorregiões,sendo que a mesorregião metropolitana de Belém é formada por onze municípios agrupados em duas microrregiões, Belém e Castanhal, como pode ser visto no Quadro 1. Os municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará fazem parte da Região Metropolitana de Belém (RMB), situada na região guajarina (IBGE, 2010). Seus limites são com o estado do Amapá a norte, Roraima a noroeste, Amazonas a oeste, Mato Grosso a sul, Tocantins a sudeste, Maranhão a leste; além do Suriname e Guiana ao extremo norte. É o mais rico e mais populoso estado da região norte, contando com uma população de 7.321.493 habitantes. Sua capital é o município de Belém, que reúne em sua região metropolitana cerca de 2,1 milhões habitantes, sendo a segunda maior população metropolitana da região Norte. Outras cidades importantes do estado são: Ananindeua, Santarém, Castanhal, Abaetetuba, Altamira, Barcarena, Cametá, Itaituba, Marituba, Marabá, Paragominas, Parauapebas, Redenção e Tucuruí. O relevo é baixo e plano; 58% do território se encontra abaixo dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros estão nas seguintes serras: Serra dos 13 Carajás, Serra do Cachimbo e Serra do Acari. É formado por 144 municípios (IBGE, 2010). Foram notificados no estado do Pará cerca de 107.000 casos de dengue no período de 2000 a 2009, com 235 casos (34 óbitos) de FHD a partir de 2005. No ano de 2009, de janeiro a julho, foram notificados 9.145 casos, incluindo 62 casos confirmados de FHD (4 óbitos) e 61 de dengue com complicações (1 óbito). A letalidade por formas graves de dengue foi de 4,1%. A taxa de incidência no Estado é de 123,1 casos por 100.000 habitantes (média), com 21,7% (1.988) das notificações em Belém, 7,8% (751) em Castanhal e 5,1% (469) em Parauapebas (Brasil, 2011). O Instituto Evandro Chagas (IEC) localizado no Estado do Pará tem proporcionado apoio aos laboratórios da rede pública de saúde no treinamento em diagnóstico sorológico e virológico da dengue. Realiza diagnóstico virológico para estados de sua área de abrangência que ainda não implantaram essa metodologia, bem como atua na confirmação de determinados casos previamente investigados nos laboratórios da rede pública. Desta forma, possui um acervo de dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais que pode possibilitar significativas análises em relação ao estudo epidemiológico da dengue na Região Metropolitana de Belém. 14 Quadro 1 - Mesorregiões, Microrregiões do Pará e seus Municípios MESORRE GIÕES (6) MESORREGIÕES (6) MESORREGIÕES (6) Almeirim e Porto de Moz Faro, Juruti, Óbidos, Oriximiná e Terra Santa Alenquer, Belterra, Curuá, Monte Alegre, Prainha, Placas e SANTARÉM Santarém Cachoeira do Ararí, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, ARARÍ Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Soure FUROS DE Afuá, Anajás, Breves, Curralinho e São Sebastião da Boa MARAJÓ BREVES Vista PORTEL Bagre, Gurupá, Melgaço e Portel Ananindeua, Barcarena, Belém, Benevides, Marituba e BELÉM METROPOSanta Bárbara do Pará LITANA DE Bujaru, Castanhal, Inhangapi, Santa Izabel do Pará e Santo BELÉM CASTANHAL Antonio do Tauá Colares, Curuçá, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, SALGADO Salinópolis, São Caetano de Odivelas, São João de Pirabas, São João da Ponta, Terra Alta e Vigia Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Capanema, Igarapé-Açu, BRAGANNova Timboteua, Peixe Boi, TINA Primavera, Quatipuru, Santa Maria do Pará, Santarém Novo, São Francisco do Pará e Tracuateua NORDESTE Abaetetuba, Baião, Cametá, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, CAMETÁ PARAENSE Mocajuba e Oeiras do Pará Aurora do Pará, Cachoeira do Piriá, Capitão Poço, Garrafão do Norte, Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio, Nova Esperança do Piriá, Ourém, Santa Luzia GUAMÁ do Pará, São Domingos do Capim, São Miguel do Guamá e Viseu TOMÉ-AÇU Acará, Concórdia do Pará, Moju, Tailândia e Tomé-Açu CONCEIÇÃO Conceição do Araguaia, Floresta do Araguaia, Santana do DO Araguaia e Santa Maria das Barreiras ARAGUAIA Brejo Grande do Araguaia, Marabá, Palestina do Pará, São MARABÁ Domingos do Araguaia e São João do Araguaia Abel Figueiredo, Bom Jesus do Tocantins, Dom Eliseu, PARAGOGoianésia do Pará, Paragominas, Rondon do Pará e MINAS SUDESTE Ulianópolis PARAENSE PARAUAÁgua Azul do Norte, Canaã dos Carajás, Curionópolis, PEBAS Eldorado dos Carajás e Parauapebas Pau D'Arco, Piçarra, Redenção, Rio Maria, Sapucaia, São REDENÇÃO Geraldo do Araguaia e Xinguara SÃO F. DO Bannach, Cumaru do Norte, Ourilândia do Norte, São Félix XINGU do Xingu e Tucumã Breu Branco, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo TUCURUÍ Repartimento e Tucuruí Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Senador ALTAMIRA José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu SUDOESTE PARAENSE Aveiro, Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Rurópolis e ITAITUBA Trairão BAIXO AMAZONAS ALMEIRIM ÓBIDOS Fontes: www.ibge.gov.br e www.integracão.gov.br MESORREGIÕES (6) 2 5 7 7 5 4 6 5 11 13 7 13 5 4 5 7 5 7 5 6 8 6 15 1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA DENGUE Os primeiros relatos de casos clínicos e epidemiológicos compatíveis com a dengue foram documentados em uma enciclopédia chinesa da dinastia Chin publicada no período de 265 a 420 anos a.C. (Andries, 2002). A doença foi denominada de veneno da água pelos chineses, os quais entendiam que o quadro estava associado com insetos voadores e água (Teixeira et al., 2009). A infecção foi originada na Ásia, onde o vírus da dengue circulava de forma endêmica com baixa patogenicidade em ciclos silvestres na península da Malásia e outras áreas daquele continente (Schatzmayr, 2008). A febre do dengue tem sido descrita clinicamente por mais de 200anos, sendo reconhecida e relatada desde a Antiguidade, em meados do século XVIII (Figueiredo & Fonseca, 2005). A primeira descrição clínica da dengue foi realizada por Benjamin Rush, que introduziu a expressão breakbone fever por causa dos sintomas de artralgia, mialgia intensa e febre associada à doença. Rush descreveu o quadro clinico da dengue durante epidemia na Filadélfia em 1778 (Halstead, 2006). Na segunda metade do século passado, houve o reconhecimento de que a febre hemorrágica da dengue (FHD) e a síndrome do choque da dengue (SCD) são síndromes clínicas relacionadas à infecção pelo vírus da dengue, descrito por Hamon em Bangkok e em Manila na década de 1950 (Nathanet al., 2007). A doença passou a ser disseminada mundialmente nos séculos XVIII e XIX pela indústria da navegação e pelo comércio, bem como a febre amarela. Essas duas enfermidades, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, foram responsáveis por epidemias devastadoras em cidades portuárias devido ao fato de que o seu principal vetor ter se disseminado através das embarcações (Schatzmayr, 2008). A presença de um vetor em grande quantidade e próximo ao homem permitiu que começassem a circular com maior rapidez os quatro sorotipos de dengue na Ásia, e a partir do século XVIII começaram a surgir episódios importantes de infecção pela dengue, tais como os ocorridos em Jacarta (1779), Calcutá (1824), Índia (1909) e Taiwan (1916) (Schatzmayr, 2008). Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ocorreram vários deslocamentos de grandes incidentes de refugiados, destruição de cidades e mudança de 16 ecossistemas, com o estabelecimento de criadouros artificiais em pneus e materiais de guerra abandonados. Diante desse cenário, as infestações pelo Aedes aegypti e outras espécies aumentaram bastante e a dengue passou a ser considerada de natureza epidêmica. Além disso, no pós-guerra, a urbanização desordenada na região asiática com a formação de núcleos urbanos sem qualquer estrutura criou igualmente condições para a expansão desses vetores (Schatzmayr, 2008) Segundo Gubler (1998), não se tem certeza se as epidemias de Jacarta (Indonésia) e no Cairo (Egito) em 1779 tenham sido de dengue, mas é bastante provável que a da Filadélfia (EUA) em 1780 tenha. No período compreendido entre o final do século XVIII e início do século XX, ocorreram no mundo oito pandemias com duração de três a sete anos de uma doença semelhante à dengue. Com a grande expansão da doença houve o surgimento de uma nova forma clínica de dengue, a FHD/SCD que foi descrita originalmente em Manila (Filipinas) entre 1953 e 1954 (Halstead, 2006). 17 2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE 2.1 DENGUE NO MUNDO Os primeiros relatos históricos de epidemia de dengue no mundo foram no século XVIII no Sudoeste Asiático, Na ilha de Java (1779) e na Filadélfia (1780), nos Estados Unidos. A primeira descrição clínica da dengue foi realizada por Benjamin Rush, em 1780, com o surto ocorrido na Filadélfia (Halstead, 2006). Entretanto, para alguns autores, a primeira epidemia da doença aconteceu em 1784 no continente europeu e, outros, preferem acreditar que o primeiro registro de casos aconteceu em Cuba, em 1782 (Silva et al., 2008). Várias epidemias de dengue ocorreram entre o final do século XVIII até as duas primeirasdécadas do século XX, atingindo várias regiões do mundo: Américas, África, Ásia, Europa eAustrália (Howe, 1977). Na década de 1950, apareceram os primeiros casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), durante as epidemias nas Filipinas e na Tailândia. A partir dos anos 1970, a dengue tornou-se uma das principais causas de internação e morte de crianças em alguns países da região. Atualmente, a dengue ainda afeta a maioria dos países da Ásia e representa uma das principais causas de hospitalização e morte de crianças (Farrar, Gubler & Barrera, 2007; Maciel, Siqueira & Martelli, 2008). É importante evidenciar também algumas epidemias que ocorreram entre 2006 e 2007 no Brasil, Costa Rica, Guiana, Honduras e Paraguai (OPS, 2008). Conforme a Figura 1, o vetor da dengue está presente em diferentes regiões do mundo e se encontra distribuído nas regiões tropicais e subtropicais, com os países das Américas Central e do Sul, da África e da Ásia, sob risco de ocorrência de transmissão da infecção pelo vírus do dengue (WHO, 2010). 18 Figura 1 - Mapa dos países e áreas em risco de desenvolver Dengue no ano de 2010. Fonte: WHO (2010). 2.1.1 Dengue nas Américas Nas Américas, a circulação do VDEN circulou desde o século XIX até as primeiras décadas do século XX, quando então houve um silêncio epidemiológico, registrando-se na década de 1960 a reintrodução dos VDEN-2 e VDEN-3, associada à ocorrência de várias epidemias de FD (Teixeira et al., 2009; Gubler, 1987). A primeira epidemia de dengue clássica das Américas documentada em laboratório estava relacionada com o sorotipo VDEN-3 e afetou a costa do Caribe e a Venezuela, em 1963 e 1964, respectivamente. Anteriormente, só se havia isolado o VDEN-2 na região, em Trinidad, entre 1953 e 1954, em uma situação não epidêmica (Gubler, 1987). Em 1977, o sorotipo VDEN-1 foi introduzido nas Américas, ocasionando epidemias em países como Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Belize, Honduras, El Salvador, Guatemala e México, com a notificação de aproximadamente 702 mil casos de dengue durante o período de 1977-1980 (OPS, 1995). O acontecimento epidemiológico mais relevante na história da dengue nas Américas foi a epidemia de FHD/SCD que ocorreu em Cuba, no ano de 1981, quando foram notificados 344.203 casos, com 116.143 hospitalizações e 158 óbitos, dos quais 101 eram crianças (Kouri et al., 1981; 1986). 19 Por mais de três décadas, em vários países das Américas, a reintrodução da dengue sofreu uma grande influência do trabalho de erradicação do A. aegypti pelo programa de erradicação da Febre Amarela urbana no continente. Apesar do compromisso da Organização Panamericana de Saúde (OPS) e de muitos países americanos para erradicação do Aedes aegypti, apenas 21 países obtiveram êxito na eliminação do vetor em seu território no período entre 1848 e 1972 (Pinheiro & Nelson, 1997; Gubler, 2005). No início da década de 1970, em países que já haviam erradicado, ocorreu a reinfestação de forma gradual e, em 1987, quase todos os países se manifestaram com Aedes aegypti em seus territórios, facilitando a reintrodução do dengue (Vasconcelos et al.,1999; Maciel, Siqueira& Martelli, 2008). O VDEN-1 foi reintroduzido nas Américas, na década de 1970, mas foi nos últimos anos que a incidência do dengue apresentou uma tendência de elevação em todas as sub-regiões com picos epidêmicos em intervalos de 3 a 5 anos (OPS, 1997). Na década de 1980, a primeira epidemia de FDH nas Américas ocorreu em Cuba em 1981, causada pelo sorotipo VDEN-2. Foram notificados cerca de 344.000 casos de dengue/FHD, com 116.143 internações, 10.312 casos graves e 158 óbitos. Ocorreu uma segunda epidemia na Venezuela entre 1989 e 1990, com 3.108 casos de FDH e 73 mortes. Com a reintrodução do VDEN-3 em 1994 e sua expansão para os demais países da América Central, México e Brasil, surgiram novas epidemias nas Américas (Guzman et al., 1984; Maciel, Siqueira& Martelli, 2008). Após a reinfestação do continente pelo mosquito Aedes aegypti, a transmissão do VDEN tem sido intensa com epidemias no Caribe, Américas Central e do Sul. A reemergência da dengue ocorreu nas décadas de 1960 e 1970 e os primeiros casos de FDH, na década de 1980 (WHO, 2001; Guzman et al., 2003). Nos países do Sudeste Asiático foram registrados cerca de 1,16 milhões de casos de febre hemorrágica da dengue (FHD), principalmente em crianças, ao passo que, nas Américas, foram notificados 2,8 milhões de casos de febre do dengue (FD) em adultos e aproximadamente 65.000casos de FHD no mesmo período de cinco anos (Halstead, 2006). 20 2.1.2 Dengue no Brasil No Brasil, os primeiros casos de epidemias de dengue foram citados em São Paulo em 1616 e em Niterói em 1923. A primeira epidemia de dengue diagnosticada em bases clínicas e laboratorialmente ocorreu em Boa Vista, Roraima, em 1982, sendo os sorotipos VDEN-1 e VDEN-4 os responsáveis pela epidemia de FD, a qual resultou na infecção de cerca de 12.000 pessoas. (Travassos da Rosa et al., 1982; Osanai et al., 1983). Em 1986, foram registradas epidemias em vários estados brasileiros, destacando-se a epidemia de VDEN-1, que ocorreu no Rio de Janeiro, nos anos 1986/1987, a qual alcançou enormes proporções com dezenas de milhares de casos notificados (Figueiredo & Fonseca, 1996). No período de 1986-1990, apenas o VDEN-1 foi responsável pelas epidemias no Brasil, acometendo os Estados do Rio de Janeiro, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Travassos da Rosa et al., 1997). No período de 1998 a 2002, ocorreu aumento da proporção de casos de FHD em menores de 15 anos em alguns estados do Brasil, apontando para uma potencial mudança do perfil epidemiológico (Siqueira Jr. et al., 2005). Em 1991, a dengue é introduzida no Estado do Tocantins e, em 1992, no Mato Grosso (Teixeira et al., 2009). Desde então, o dengue vem ocorrendo no Brasil de forma endêmica, intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com à introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes e/ou a alteração do sorotipo predominante (Schatzmayr et al., 1986; Brasil, 1994; Figueiredo et al., 1992; Vasconcelos et al., 1998; Siqueira et al., 2002; Figueiredo & Fonseca, 2005). Para a cidade do Rio de Janeiro, alguns fatores como a proximidade aos grandes centros urbanos e o intenso fluxo de pessoas contribuíram para a dispersão da doença para os estados do Nordeste e para sua interiorização, alcançando São Paulo, Minas, Mato Grosso do Sul e, posteriormente outros estados, na década de 1990 (Miagostovich et al.,1993; Nogueira et al., 2002; Maciel, 1999). 21 A situação epidemiológica agravou-se com a entrada do vírus VDEN-2 no Rio de Janeiro em 1990, com incidência de 613,8 casos por 100 mil habitantes e o registro dos primeiros casos de FHD (Siqueira Jr. et al., 2005). Durante a década de 90, ocorreu um aumento significativo da incidência, reflexo da ampla dispersão do Aedes aegypti no território nacional. A presença do vetor associada à mobilidade da população levou à disseminação dos VDEN-1 e VDEN-2, para 20 dos 27 estados do país. Em dezembro de 2000 foram confirmados os primeiros casos autóctones por VDEN-3 no Estado do Rio de Janeiro, e em 2001 ocorreu uma grande epidemia por este sorotipo, que então se dispersou rapidamente por todo o Brasil (Nogueira et al., 2001; Figueiredo & Fonseca, 2005). Após 15 anos, de ausência, em 1994, o VDEN-3 foi reintroduzido nas Américas e, em 2000, no Brasil (Nogueira et al., 2001). Na maior epidemia de dengue do Brasil, com mais de 1,2 milhão de casos notificados, os tipos VDEN-1, VDEN-2 e VDEN-3 circulavam no país (Siqueira Júnior et al., 2005).Os vírus VDEN1 e VDEN-2 foram se disseminando para outros estados do país já infestados pelo Aedes aegypti, aumentado o número casos de dengue e a ocorrência de epidemias (Teixeira et al., 2009; Nogueira et al., 2002). As maiores epidemias detectadas no país ocorreram nos anos de 1998 com cerca de 530 mil casos, 2002 com 780 mil, 2008 com 735 mil e 2010 com 940 mil casos notificados (WHO, 2010). Em 2002, com o elevado risco de aumento dos casos de Febre Hemorrágica e da proliferação desenfreada da dengue, o Brasil por meio do Ministério da Saúde, lançou o Plano Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que tinha como finalidade, implementar e intensificar as ações, já existentes no combate ao vírus da dengue, bem como potencializar as estratégias, tornando-as mais abrangentes. O Brasil é o país das Américas mais afetado em número de casos de dengue, sendo responsável por aproximadamente 70% dos casos notificados. A circulação dos três sorotipos (VDEN-1, VDEN-2 e VDEN-3) na maioria dos estados tem aumentado o número de casos graves e a taxa de hospitalização (Siqueira Júnior et al., 2005; OPS, 2007). Nos anos de 2000 a 2009, o Brasil se tornou o país no mundo com a maioria dos casos notificados de febre da dengue, com mais de três milhões de casos notificados de 2000 a 2005. Isso representou 78% de todos os casos nas Américas e 61% dos casos notificados pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2008). A 22 incidência no Brasil variou de 63,2 a 446,3 casos por 100 mil habitantes, em 2002 e 2004, respectivamente (Teixeira, 2005). De acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), as regiões do país são caracterizadas de acordo com a taxa de incidência, que podem ser classificadas em áreas de baixa, média e alta incidência (Brasil, 2008). Em 2010, ocorreu a reintrodução do VDEN-4 no estado de Roraima. No Brasil, este sorotipo não circulava há 28 anos. Desta forma, a população encontravase susceptível às infecções devido não possuir imunidade protetora para esse sorotipo e este fato gerou a possibilidade de uma nova e grave epidemia da doença (Teixeira et al., 2011; Nunes, 2012). O mapa de risco de dengue no país no ano de 2010 (Figura 2) informa que os estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Mato Grosso, Espírito Santo e Rio de Janeiro possuem risco muito alto de enfrentar epidemia. Os Estados de Roraima, Amapá, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul estão com risco alto para a dengue. (Brasil, 2010). Figura 2 - Mapa de Risco da Dengue no Brasil, 2010. Fonte: Brasil (2010). 23 2.1.3 Dengue na região Norte e Estado do Pará A região Norte (45,2% do território nacional) tem clima equatorial e compreende os Estados do Acre (AC), Amazonas (AM), Roraima (RR), Rondônia (RO), Pará (PA), Amapá (AP) e Tocantins (TO), compondo uma região formada pelas grandes bacias dos rios Amazonas e Tocantins e pela floresta tropical Amazônica. Tem cerca de 14 milhões de habitantes, com 57,8% residindo na área urbana, com a densidade demográfica mais baixa do país (2,9 habitantes/km 2). Belém (PA) é a mais importante metrópole desta região (Câmara et al.; 2007). No período de 2001-2003, foram notificados 1.564.112 casos de dengue na região, sendo 4.123 na forma hemorrágica, com 217 óbitos (Câmara, 2007). Se considerarmos que estas notificações representam cerca de 15% do total dos casos notificado, é possível que o numero de casos tenha sido da ordem de 10 milhões (Teixeira, 2002). A história da dengue no Estado do Pará iniciou em 1995, quando foram registrados os primeiros casos de dengue nos municípios de Redenção e Rondon do Pará; em 1996 o VDEN-1 foi detectado em Belém, desencadeando uma grande epidemia (Travassos da Rosa et al., 2000). Até 2001 a transmissão do VDEN no Estado do Pará estava associada aos VDEN-1 e VDEN-2, porém em 2002 foi identificado na capital do Estado o VDEN-3 e desde então tem sido observada a cocirculação desses três sorotipos (Azevedo et al., 2004). No período de 1991 a 2009, foram registrados 416.847 casos de dengue na Região Norte, comum total de 47 óbitos por febre hemorrágica da dengue no Estado do Pará (Brasil, 2011). No ano de 2010, foi reintroduzido o sorotipo VDEN-4 no estado de Roraima, 28anos após sua primeira identificação no país. Entretanto, a circulação do sorotipo VDEN-4 já circulava em diversos estados do Brasil (Brasil, 2011). Na Região Norte em 2011 foram inoculadas 1.458 amostras, com 21,4% de positividade. Nos estados do Amazonas, Roraima e Pará foram isolados os sorotipos VDEN-1, VDEN-2 e VDEN-4. No Tocantins e Rondônia foram isolados os sorotipos VDEN-1 e VDEN-2 e no Acre o VDEN-1 e VDEN-3 (Brasil, 2011). Com relação à circulação viral no Brasil em 2012, foram inoculadas 1.537 amostras (figura 3). Houve um equilíbrio nos isolamentos dos sorotipos VDEN-4 24 (46%) e VDEN-1 (51%). O sorotipo VDEN-2 foi isolado em baixa proporção (3%) e o VDEN-3 não foi identificado na amostra. Foi observada uma maior predominância do VDEN-4 nas regiões Norte e Nordeste e de VDEN-1 nas regiões Sudeste, Centro Oeste e Sul. Figura 3 - Sorotipos de VDEN circulantes no Brasil por UF em 2012 Fonte: Brasil (2012). 2.2 VÍRUS DENGUE O Vírus da Dengue (VDEN) possui uma fita única de ácido ribonucléico (RNA), revestida por um envelope protéico em formato icosaédrico (Figura 4), medindo, aproximadamente, entre 40 a 60mm de diâmetro, com peso molecular (PM) de 4 x 106, contendo aproximadamente 11.000 nucleotídeos e, por ser de polaridade positiva, comporta-se como RNA mensageiro. A composição química dos Flavivírus, obtida com o vírus Saint Louis Encephalitis, é de 6% de RNA, 66% de proteínas, 17% de lipídios e 9% de carboidratos (Figueiredo & Fonseca, 2005). 25 Figura 4 – Estrutura do vírus da dengue. Fonte: Purdue University (2007). O VDEN pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O gênero Flavivirus possui 73 membros, distribuídos em 12 grupos, sendo a maioria considerada como arbovírus por serem transmitidos biologicamente para vertebrados por mosquitos ou carrapatos infectados cronicamente, e muitos deles constituem importante causa de doença em humanos e animais, alguns dos quais se encontram distribuídos mundialmente (Gubler et al., 2006). O VDEN possui quatro distintos sorotipos: sorotipo 1 (VDEN-1), sorotipo 2 (VDEN-2), sorotipo 3 (VDEN-3) e sorotipo 4 (VDEN-4) (Gubler et al., 2006). O período de incubação é de 3 a 14 dias (em média 4 a 7). O VDEN desaparece da circulação sanguínea cerca de cinco dias após o aparecimento dos sintomas (Vasconcelos et al., 2003). Alguns estudos têm sugerido que os VDEN-2 e VDEN-3 costumam causar doença mais severa que os demais sorotipos e que o VDEN-4 seria responsável por manifestações mais brandas (Pereira et al., 2004; Nisalak et al., 2003). A infecção por esses sorotipos no homem produz imunidade permanente contra reinfecção pelo sorotipo causador da infecção, mas apenas imunidade temporária contra os demais (Westaway et al.,1985). A partir da década de 1990, estudos moleculares das sequências de nucleotídeos do genoma dos sorotipos do VDEN permitiram a classificação destes 26 em genótipos. Desta forma, nas Américas circulam um grupo genotípico do VDEN-1, dois do VDEN-2, dois do VDEN-3 e dois do VDEN-4 (Santos et al., 2004). Ainda se desconhece a variação clínica causada por esses genótipos no homem. Entretanto a identificação e monitoramento dos diferentes genótipos são importantes para a compreensão da epidemiologia desse vírus (Rico-Hesse, 1990). 2.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Do ponto de vista clínico, as infecções pelo VDEN podem se apresentar sob duas formas clínicas principais: assintomática e sintomática. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos de dengue sintomáticos podem se manifestar por Febre Clássica do Dengue (FD) e a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e Síndrome de Choque da Dengue (SCD) (Brasil, 2010). O período de incubação é de 3 a 14 dias (em média 4a 7) e o VDEN desaparece da circulação sanguínea cerca de cinco dias após o aparecimento dos sintomas (Vasconcelos et al., 2003). A FD inicia abruptamente com febre elevada, cefaléia, artralgia, anorexia retro orbitária, mialgia, calafrios, náuseas, vômitos, exantema e prurido cutâneo. Alguns pacientes podem ainda apresentar sinais hemorrágicos como petéquias e gengivorragia, entre outros (Travassos da Rosa et al., 1997; Guzmán & Kouri, 2002). Na forma hemorrágica (FHD/SCD), as manifestações clínicas iniciais são as mesmas descritas para a dengue clássica, porém entre o terceiro e sétimo dia ocorre efervescência da febre e o surgimento de manifestações hemorrágicas espontâneas ou induzidas, trombocitopenia e perda de plasma para o terceiro espaço, o que pode levar o paciente ao choque hipovolêmico e à morte. Há fenômenos hemorrágicos importantes como petéquias, equimoses, púrpura, hematêmese, melena, urorragia e metrorragia (Brasil, 2011). A Síndrome do choque da dengue (SCD) apresenta choque de curta duração. Também tem sintomas semelhantes aos do dengue clássico. O paciente apresentase com febre alta, hemorragias, dores abdominais, dificuldade respiratória, sonolência, pulso rápido e fraco, ocorrendo queda ou ausência de pressão arterial, podendo entrar em choque, e pode levar ao óbito (Brasil, 2011). Outras 27 complicações em estado grave podem apresentar hemorragia digestiva, alterações neurológicas, insuficiência hepática e derrame pleural (Brasil, 2011). A Organização Mundial de Saúde (OMS), classifica os casos de FHD em 4 categorias, de acordo com o grau de gravidade sendo grau I, II, III e IV (Quadro 2) (Brasil, 2010). Quadro 2 - Classificação do grau de gravidade de pacientes com FHD. Grau I - Febre acompanhada de sintomas inespecíficos; a única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva. Grau II – Além das manifestações dos pacientes do Grau I geralmente se observa sangramento espontâneo leve (sangramentos na pele, epistaxe, gengivorragia e outros). Grau III – Os mesmos sintomas dos pacientes do grau II e insuficiência circulatória manifestada por pulso rápido e fraco, redução da pressão de pulso em 20 mm Hg ou menos, ou hipotensão, com a pele pegajosa e fria e inquietação. Grau IV – Os mesmos sintomas dos pacientes do grau III e choque profundo com pressão arterial e pulsos não detectáveis. 2.4 CICLO DE TRANSMISSÃO O mosquito Aedes aegypti (Figura 5) é considerado o mais importante vetor da dengue por possuir hábitos urbano-domésticos reproduzindo-se em criadores, áreas domiciliares e peridomiciliares, antropofilia e alta eficiência para transmitir ovírus. Outra espécie, Aedes albopictus, embora presente no Brasil, ainda não há comprovações da sua participação na transmissão. Na Ásia, essa outra espécie é um importante vetor (Pinheiro & Nelson, 1997). O Aedes aegypti é provavelmente originário da África, região da Etiópia, acreditando-se que tenha sido introduzido na América na época da colonização, por meio das embarcações provenientes daquele continente. Distribui-se amplamente nas regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre, principalmente entre os paralelos 45° de latitude norte e 35° de latitude sul, não se adaptando bem a grandes altitudes (Pinheiro & Nelson, 1997). 28 Figura 5 - Mosquito transmissor da dengue, Aedes aegypti. Fonte: http://strix.ciens.ucv.ve/~biovect/jcn.html. Os mosquitos da espécie Aedes aegypti, ao se alimentarem do sangue infectado, poderão transmitir o vírus após o período de incubação extrínseco que varia de 8 a 10 dias. A transmissão urbana se faz de homem a homem através da picada do mosquito Aedes aegypti. A transmissão mecânica também é possível quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente se alimenta em outro hospedeiro susceptível (Travassos da Rosa et al.,1997). O homem é o único animal reservatório a participar no ciclo de transmissão da dengue. Considerando que a maioria dos criadouros de Aedes aegypti está no espaço intra e peridomiciliar, e que os mosquitos nascem e vivem próximos a eles, a transmissão ocorre, predominantemente, dentro ou perto dos domicílios, e geralmente durante o dia, em função dos hábitos diurnos desse mosquito (Travassos da Rosa et al., 1997). Estudos laboratoriais e achados na natureza demonstram que o VDEN também pode ser mantido por transmissão transovariana (transmissão vertical) em mosquitos durante períodos inter epidêmicos (Rosen & Gubler, 1974; Khin & Than, 1983; Hull et al., 1984, Fauran, Laille & Moreau,1990). A evidência de um ciclo de manutenção silvestre nas Américas,como observado na Ásia e no oeste da África, é mais circunstancial, uma vez que amplos estudos de campo não têm sido realizados, com exceção daqueles desenvolvidos no Brasil (Amazônia brasileira) (Monath, 1990; Travassos da Rosa et al.,1997). Os insetos da família Culicidae são conhecidos vulgarmente como mosquitos, pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Esses insetos têm grande importância 29 epidemiológica, pois, estão envolvidos na transmissão biológica de doenças infecciosas para humanos, tais como a malária, a filariose e diversas arboviroses como, a febre amarela, febre do Mayaro, dengue, entre outras (Consoli & Oliveira, 1994). Proliferam na água acumulada em recipientes como: pneus, latas, vasos de plantas, garrafas e demais produtos plásticos não biodegradáveis, descartados pela sociedade e encontrados em áreas com condições precárias de habitação e saneamento básico (Torres, 2005; Lagrotta et al., 2008). As fases do ciclo de vida do Aedes aegypti apresentam quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto (figura 6). Os ovos são depositados em corpos d’água (poças de água da chuva dentro ou fora da floresta, águas estagnadas, lagos, lagoas, igarapés, rios, e em dimensões diferentes e ambientes variados) (Consoli & Oliveira, 1994). Figura 6 - Representação esquemática do ciclo biológico dos mosquitos. Fonte: Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas, IEC/SVS/MS. 2.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL A comprovação laboratorial das infecções pelo VDEN é realizada de acordo com as informações clínicas e exames específicos que podem ser realizados principalmente pelas técnicas de isolamento viral, testes sorológicos, detecção do 30 genoma e de antígenos virais em amostras de soro ou tecidos durante a fase aguda da doença (Gubler et al., 1998). Dentre as várias técnicas usadas para detecção de anticorpos, inclui-se a inibição da hemaglutinação (IH), fixação de complemento (FC), neutralização (N) e o ensaio imunoenzimático para captura de IgM (MAC-ELISA) (Travassos da Rosa et al., 1997). A detecção de anticorpos IgM por ensaio imuno-enzimático (ELISA) é o método de escolha para a confirmação laboratorial na rotina, pois a presença de anticorpos IgM no soro do paciente representa o diagnóstico presuntivo de infecções atuais ou recentes. Os anticorpos IgM aparecem primeiramente e são detectáveis em 50% dos pacientes de 3 a 5 dias após o início dos sintomas, aumentando para 80% e 99% no quinto e décimo dias, respectivamente. O nível de anticorpos IgM alcança o pico em, aproximadamente duas semanas e, geralmente, declina a níveis não detectáveis em 2 a 3 meses após o início dos sintomas (WHO, 2009). O isolamento do VDEN em cultura de células de mosquito Ae. albopictus, clone C6/36 e a detecção do genoma viral por Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR) são realizados a partir do sangue do paciente coletado até o 5º dia após o início dos sintomas ou, em casos de óbito, de fragmentos de tecidos (Travassos da Rosa et al., 1997; Brasil, 2010). .A tentativa de isolamento do VDEN em cultura de células de mosquitos Ae. albopictus (clone C6/36) é um método rotineiramente utilizado em laboratórios em todo o mundo, sendo considerado padrão ouro. A técnica de PCR é extremamente sensível, permitindo a identificação do agente etiológico a partir de um pequeno número de cópias de seu genoma em espécimes clínicos. O VDEN possui genoma de RNA, portanto, faz-se necessário primeiro sintetizar uma fita de DNA complementar (cDNA), a partir do RNA, mediante uma RT, a qual será usada como fita molde no PCR. A técnica de RT-PCR é uma rápida e poderosa ferramenta na identificação do vírus dengue diretamente de espécimes clínicos (Vorndam & Kuno, 1997). 31 2.6 TRATAMENTO E VACINA O tratamento do dengue é basicamente sintomático, de suporte, ou seja, somente alívio dos sintomas. Não existe tratamento específico para dengue, a terapêutica de suporte deverá ser dirigida para prevenir, diagnosticar e tratar precocemente as complicações, especialmente àquelas relacionadas à desidratação, hemorragias e síndrome do choque do dengue (Gubler, 1998). As pessoas com casos suspeitos de dengue devem procurar imediatamente assistência no Posto de saúde mais próximo. A pessoa deve manter-se em repouso, beber bastante líquidos e somente usar medicação prescrita pelo médico, para aliviar as dores e a febre. A reidratação oral é uma medida importante e deve ser realizada durante todo o período de duração da doença (Brasil, 2008). As pessoas que já contraíram a forma clássica da doença devem procurar, imediatamente, atendimento médico em caso de reaparecimento dos sintomas agravados com os sinais de alerta, pois correm o risco de estar com dengue hemorrágica. Todo tratamento só deve ser feito sob orientação médica (WHO, 2009). A vacinação contra o dengue é uma ferramenta importante capaz de proteger a população de uma epidemia. Atualmente estão sendo avaliadas vacinas com vírus vivos atenuados contra os sorotipos do vírus da dengue e que existem hoje em todo o mundo (WHO, 2007). A implementação de sistemas eficazes de vigilância e o desenvolvimento de uma vacina efetiva são consideradas ações prioritárias pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2007). 32 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Realizar análise epidemiológica dos casos de dengue comprovados laboratorialmente para estudar o perfil epidemiológico da dengue na Região Metropolitana de Belém-Pará, no período de janeiro de 2008 a junho de 2012. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever o perfil epidemiológico observado, através de variáveis demográficas, clínicas, epidemiológicas e laboratoriais; Correlacionar a ocorrência dos casos de dengue com fatores climáticos e a transmissão do VDEN; Determinar os principais fatores que influenciam na transmissão do VDEN na área selecionada para o estudo. 33 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 DESENHO DO ESTUDO Trata-se de um estudo de caráter retrospectivo e descritivo, no qual foram analisadas as características epidemiológicas dos casos de dengue da Região Metropolitana de Belém (municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Barbara do Pará e Santa Isabel do Pará), no período de janeiro de 2008 a junho de 2012, e que foram diagnosticados laboratorialmente pela Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (SAARB-IEC). Para realização do projeto, foi solicitada uma declaração da autorização de uso das amostras para a direção do Instituto Evandro Chagas (IEC) (ANEXO 1). Foram também utilizados dados referentes aos fatores climáticos provenientes da Seção de Observação e Meteorologia Aplicada do Instituto Nacional de Meteorologia (SEOMA / INMET). 4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO 4.2.1 Amostras Os dados foram obtidos das informações epidemiológicas, clínicas e laboratoriais contidas nas fichas epidemiológicas (ANEXO 2) dos pacientes com diagnósticos de dengue da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB) do Instituto Evandro Chagas (IEC). Foram incluídas no estudo 1909 amostras dos pacientes decorrentes da demanda espontânea, seja por coleta de espécime clínicos (sangue) no IECou de remessas procedentes da Região Metropolitana de Belém-Pará (RMB), encaminhadas pelas unidades de saúde pública e da rede privada. O critério de inclusão das amostras do estudo foi o isolamento do VDEN, em cultivo de células de mosquitos aedes albopctus (clone C6/36). Detecção do genoma do VDEN e/ou detecção de anticorpos IgM anti-dengue em espécime clínico do paciente. 34 4.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O estudo foi realizado com dados de pacientes residentes na RMB dos seguintes municípios: Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel do Pará, conforme observado na Figura 7. O estado do Pará está dividido em seis mesorregiões, sendo que a mesorregião metropolitana de Belém é formada por onze municípios agrupados em duas microrregiões: Belém e Castanhal. (IBGE, 2010). A cidade de Belém é capital do Estado do Pará, ocupa uma área de 1.065 Km², com cerca de 1.437.600 habitantes, e é a segunda cidade mais populosa da Amazônia (IBGE, 2010). Figura 7 - Região Metropolitana de Belém-Pará Fonte: Coordenação Geral do Planejamento e Gestão/PMB. Belém é o município-sede, com PIB 10.754,77 per capita. Apresenta grande concentração de indústrias, bancos, pontos comerciais, serviços e órgãos públicos que suprem a necessidade de toda a região. A capital paraense é a segunda maior cidade da Amazônia brasileira. No seu entorno, possui população ribeirinha morando em 39 ilhas (IBGE, 2010). 35 A Região possui população urbana e rural que exibem diferenças marcantes nos indicadores sociais, e consequentemente em relação ao acesso a bens e serviços públicos, fortalecendo a necessidade de políticas públicas para redução das desigualdades. Essa diferença está ilustrada no rendimento mensal per capita por domicílio, que mostra o distanciamento entre os valores correspondentes ao local de moradia, essencialmente em Belém e Ananindeua, os dois maiores municípios da região. O município de Ananindeua é o segundo maior município da Grande Belém com PIB de R$ 3.083,49 per capita. É a terceira maior cidade da Amazônia e a 39ª do Brasil. A população de 471.980 habitantes, está distribuída nas zonas urbana e rural do município. O crescimento consolidou-se com a construção de conjuntos habitacionais. Levando em conta o crescimento populacional do município, Ananindeua convive com limitações para atender as necessidades de saúde da população, essencialmente no atendimento da urgência e emergência básica e hospitalar. O município de Marituba, o terceiro maior município, com PIB de R$ 4.754,46 per capita, apresenta um desenvolvimento acelerado, com uma população que já ultrapassou 100 mil habitantes. Na sua configuração geográfica, assim como os demais municípios da Região Metropolitana, também contempla áreas de acesso fluvial (população ribeirinha). O município de Benevides, com mais de 50 mil habitantes e PIB de R$11.337,30 per capita, desponta como excelente alternativa para indústrias e centros logísticos ao longo da BR-316. É um município que alberga a construção do maior terminal de cargas rodoviárias da Amazônia. Santa Bárbara do Pará está localizada na PA-391, possui pouco mais de 17 mil habitantes, PIB de R$ 3.932,10 per capita, apresenta franco potencial para a agricultura, com destaque para a produção de hortaliças, cujo destino final é o abastecimento de parte da Região Metropolitana. Santa Izabel do Pará, localizada a 36 quilômetros de Belém, é o mais novo integrante da região metropolitana e apresenta grande fluxo de pessoas e mercadorias com os outros municípios da Grande Belém. Destaca-se pelas indústrias e centros de distribuição às margens da BR-316. 36 4.4 ANÁLISE DAS FICHAS EPIDEMIOLÓGICAS 4.4.1 Coleta de informações das fichas epidemiológicas Foi realizada descrição das fichas epidemiológicas do período de 2008 a junho de 2012, de casos de dengue confirmados laboratorialmente na Região Metropolitana de Belém-Pará, para se obter informações dos fatores epidemiológicos da dengue nessa região. Foi elaborado um banco de dados no Microsoft Office Excel ® (2003) com informações das fichas epidemiológicas dos pacientes incluídos no estudo, referentes às informações sobre o número de registro do paciente na SAARB/IEC, tais como: informações epidemiológicas (município de procedência, mês e ano de atendimento, idade, sexo, ocupação, bairro, tempo de doença, etc.), sintomatologia apresentada na ocasião do atendimento, antecedentes de dengue e o resultados laboratoriais (isolamento viral e/ou RT-PCR e MEC-ELISA). 4.4.2 Testes laboratoriais utilizados como critério de inclusão dos pacientes no estudo 4.4.2.1 MAC-ELISA O MAC-ELISA (Kuno et al., 1987) é um ensaio imunoenzimático utilizado para captura de anticorpos IgM anti-dengue no soro ou LCR do paciente. Este ensaio utiliza antígenos específicos de todos os quatro sorotipos (VDEN 1-4) para a captura de anti-dengue IgM anticorpos específicos em amostras de soro. A maioria dos antígenos utilizados para este ensaio é originário da proteína de envelope. Algumas das limitações deste ensaio são as especificidades desses antígenos e reatividade cruzada entre outros Flavivírus circulantes (WHO, 2009). A detecção de anticorpos IgM por ensaio imunoenzimático (MAC/ELISA) é o método de escolha para a confirmação laboratorial na rotina, pois a presença de anticorpos IgM no soro do paciente representa o diagnóstico presuntivo de infecções atuais ou recentes. Os anticorpos IgM aparecem primeiramente e são 37 detectáveis em 50% dos pacientes de 3 a 5 dias após o início dos sintomas, aumentando para 80% e 99% no quinto e décimo dias, respectivamente; o nível de anticorpos IgM alcança o pico em aproximadamente duas semanas e, geralmente, declina a níveis não detectáveis em 2 a 3 meses após o início dos sintomas (WHO, 2009). Microplaca para teste de ELISA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 A B C D E F G H Anti-IgM humana (anticorpo de captura) IgM humana no soro do paciente Antígeno do VDEN Conjugado (anticorpo marcado com enzima peroxidase) Substrato (Sistema ABTS) Figura 8 - Representação esquemática da técnica de Mac-ELISA. Fonte: Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas, IEC/SVS/MS 4.4.2.2 Isolamento do VDEN em cultivo de células de mosquitos Aedes albopictus (clone C6/36) Inicialmente é realizada a propagação das células de mosquitos Aedes albopictus (clone C6/36), utilizando-se o meio Leibowitz modificado com glutamina (L-15), acrescido de triptose, aminoácidos não essenciais, penicilina (100 UI/mL), estreptomicina (100 µg/mL), soro bovino fetal (SBF) a 5% para meio de crescimento e a 2% para o de manutenção. As células são mantidas à temperatura ambiente (T.A., em torno de 28ºC) com repiques semanais em garrafas plásticas de 25 cm2 com 10 mL de meio de crescimento. As inoculações das amostras biológicas (sangue, soro ou fragmentos de tecidos) foram realizadas em tubos de 16 x 125 mm com monocamadas de células de mosquitos Aedes albopictus (clone C6/36) confluentes, três a quatro dias após o repique.Nesse ponto as suspensões de células foram coletadas em lâminas para 38 confirmação da infecção e identificação do sorotipo viral por Imunofluorescência indireta (IFI). Para as amostras positivas na triagem com anticorpos policlonais para flavivírus, foi feito um segundo procedimento, a tipagem, desta vez utilizando anticorpos monoclonais para identificar o sorotipo viral (VDEN-1, VDEN-2, VDEN-3 e VDEN-4) (Gubler et al., 1984). 4.4.2.3 Extração de RNA e RT-PCR A reação foi feita em duas etapas. Primeiramente, o RNA extraído é submetido à temperatura de 90°C por dois minutos e depois mantido no gelo por mais cinco minutos, para desnaturação da sua estrutura secundária. Foram utilizados 5µL do RNA desnaturado para a realização de uma RT-PCR. A reação foi levada a um termocilcador (GeneAmp PCR Systems 9700, Applied Biosystems) com o seguinte programa: incubação a 45°C por 65 minutos,seguida de desnaturação. Depois, 5 µL de uma diluição de 1:100 da primeira etapa de amplificação foram utilizados para a realização da segunda etapa, contendo todos os componentes mencionados para a etapa anterior. O produto final da amplificação foi submetido à eletroforese em um gel de agarose a 3% contendo SYBR Safe DNA gel Stain (Molecular Probes, Life Technologies). Em seguida, o gel foi exposto à luz ultravioleta para visualização das bandas correspondentes aos tamanhos específicos de cada amplicon em comparação com o marcador de peso molecular e os controles. O amplicon obtido corresponde ao gene proteína prM/M do VDEN (Lanciotti et al., 1992). 4.4.3 Informações relacionadas aos fatores de transmissão As informações clínicas, epidemiológicas e laboratoriais dos casos de dengue incluídas no estudo foram correlacionadas com informações de determinados fatores epidemiológicos referentes ao vírus, vetor e precipitação pluviométrica, tais como: distribuição e variabilidade dos sorotipos circulantes; densidade populacional e precipitação pluviométrica do período das áreas estudadas. 39 4.4.4 Métodos estatísticos As análises estatísticas foram realizadas utilizando os programas BioEstat 5.0 (Ayres et al., 2007), Gretl 1.9.5, Minitab 14. As tabelas e os gráficos da análise exploratória dos dados apresentados neste estudo foram produzidos no Microsoft Office Excel 2010, na análise estatística espacial, o programa de livre acesso GeoDa 0.9.5 e o mapa de distribuição espacial foi gerado no programa ArcGis 10.0. 4.5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS O projeto da pesquisa foi apresentado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto Evandro Chagas (IEC) (ANEXO 3), e submetido e aprovado ao Plataforma Brasil o parecer consubstanciado do CEP CAAE: 13528513.7.0000.0019. Por tratar-se de um estudo retrospectivo que utiliza amostras de intervenção de vigilância epidemiologia não será possível obter o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e declaração de instituições co-participantes, conforme justificativa (ANEXO 4) devido a determinados fatores complicadores, tais como: tempo decorrido, distância geográfica e procedências diversificadas (instituições), custo, etc. Contudo, a identidade de todos os pacientes será preservada. 40 5 RESULTADOS A tabela 1 apresenta a quantidade e os percentuais dos casos confirmados de Dengue dos pacientes através das informações contidas nas fichas epidemiológicas da Sessão de Abovirologia e Febre Hemorrágica do Instituto Evandro Chagas (SAARB/IEC) no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, da Região Metropolitana de Belém. Tabela 1 - Quantidade e percentuais dos casos confirmados de Dengue no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, da Região Metropolitana de Belém. Município Belém Ananindeua Marituba Benevides Santa Isabel do Pará Santa Bárbara do Pará Total Qtd. 1171 608 96 19 13 2 1909 % 61,15 32,31 4,74 1,07 0,62 0,11 100,00 Ao comparar os percentuais da faixa etária, segundo o gênero, Tabela 2, observa-se que a ocorrência de dengue foi maior no sexo feminino, exceto na faixa etária de 11 a 20 anos, sendo (9,76%) no sexo masculino. Tabela 2- Percentual da faixa etária dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o gênero. Faixa Etária < 11 Anos 11 a 20 Anos 21 a 30 Anos 31 a 40 Anos 41 a 50 Anos 51 a 60 Anos 61 a 70 Anos > 70 Anos Sem Informação Total Sexo (em Percentual) Feminino Masculino 9,10 7,17 9,26 9,76 9,26 8,77 9,10 8,54 8,10 5,35 5,84 3,09 1,82 1,76 0,95 0,43 0,82 0,88 54,25% 45,75% Total 16,27 19,02 18,03 17,64 13,45 8,93 3,58 1,38 1,70 100,00 41 Ao comparar os percentuais da faixa etária, segundo os anos, Tabela 3, observa-se que no ano de 2008 a faixa etária que teve um percentual maior de casos de dengue foi a de 21 a 30 anos, com 3,25% dos casos. Nos anos de 2009 e 2010 os casos confirmados de dengue ficaram dentro da faixa etária de < 11 anos, com 3,09% e 5,68% dos casos, respectivamente. Já nos anos de 2011 e 2012 a faixa etária mais expressiva foi a de 11 a 20 anos, com 4,02% e 5,59% dos casos, respectivamente. Tabela 3 - Percentual da faixa etária dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano. Faixa Etária < 11 Anos 11 a 20 Anos 21 a 30 Anos 31 a 40 Anos 41 a 50 Anos 51 a 60 Anos 61 a 70 Anos > 70 Anos Sem Informação Total Ano (em Percentual) Total 2008 2009 2010 2011 2012 2,43 3,09 5,68 2,54 2,54 16,28 2,65 2,43 4,30 4,02 5,59 18,99 3,25 1,93 3,69 3,80 5,35 18,02 2,65 2,48 3,91 3,42 5,18 17,64 2,70 1,27 2,54 1,93 5,02 13,46 1,38 1,27 1,60 1,65 3,03 8,93 0,55 0,39 0,44 0,66 1,54 3,58 0,39 0,22 0,33 0,44 1,38 1,05 0,06 0,28 0,33 1,72 17,05 12,86 22,44 18,63 29,02 100,00 A quantidade dos casos mensais confirmados de Dengue, na Região Metropolitana de Belém, no período de janeiro de 2008 a junho de 2012, por ano é ilustrado na Figura 9. Observam-se oscilações ao longo dos anos com aumentos e diminuições dos números de casos registrados, havendo no ano de 2012 um aumento importante nos casos confirmados chegando a 129 casos nos meses de Março e Abril. Comparado-se ao ano anterior e considerando somente o mês de Abril com 24 casos confirmados, houve um aumento de aproximadamente 81%. 42 2009 2008 140 2010 2011 2012 129 122 120 106 Quantidade dos Casos 100 80 60 40 20 Abr Jan Out Jul Abr Jan Out Mês Jul Abr Jan Out Jul Abr Jan Out Jul Abr Jan 0 Figura 9 - Quantidade dos casos confirmados de Dengue na SAARB/IEC, na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo mês e ano. A Tabela 4 e a Figura 10 ilustram os percentuais de casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de janeiro de 2008 a junho de 2012, segundo o ano. Os dois municípios que apresentaram percentuais maiores de casos confirmados foram Belém e Ananindeua, nos cinco anos de estudo, com 61,15% e 32,31% respectivamente. Pode-se considerar que esses percentuais elevados foram devido à densidade demográfica dos municípios em questão, comparados aos de mais municípios. Tabela 4 - Casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano. Municípios Belém Ananindeua Marituba Benevides Santa Isabel do Pará Santa Bárbara do Pará Total Ano (em Percentual) 2008 2009 2010 2011 11,52 8,38 12,79 11,52 4,08 3,75 8,16 5,68 1,10 0,55 1,16 0,99 0,06 0,17 0,28 0,39 0,28 0,06 0,06 17,04 12,85 22,45 18,64 2012 16,94 10,64 0,94 0,17 0,22 0,11 29,02 Total 61,15 32,31 4,74 1,07 0,62 0,11 100,00 43 Percentual F18,00 i 16,00 g14,00 u 12,00 r a10,00 16,94 12,79 11,52 11,52 8,38 10,64 8,16 8,00 1 0 6,00 - 2,00 4,00 0,00 5,68 4,08 1,10 0,28 0,06 3,75 0,55 0,17 1,16 0,28 0,06 0,99 0,39 0,06 0,94 0,22 0,11 0,17 2008 2009 2010 2011 2012 P Ano e r Belém Ananindeua Marituba Benevides Santa Isabel do Pará Santa Bárbara do Pará centuais dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o município e ano. A Tabela 5 apresenta os percentuais dos casos confirmados de Dengue no município de Belém, nos anos de estudo, considerando os dez bairros, com maior frequência de casos. O bairro que apresentou maior frequência foi o Marco, com 11,66%, equivalente há 127 casos, e com menor frequência foi o bairro da Cremação com 3,12%, equivalente há 34 casos. Tabela 5 - Percentual dos casos confirmados de Dengue no Município de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, considerando os dez bairros, com maior frequência de casos. Bairro Marco Guamá Marambaia Umarizal Tapanã Pedreira Jurunas Sacramenta Telégrafo Cremação Outros Total % 11,66 7,71 6,52 4,68 4,59 4,41 3,49 3,40 3,21 3,12 47,21 100,00 Os meses de Janeiro, Fevereiro, Março e Abril foram os que apresentaram maiores percentuais de casos confirmados de Dengue, com 15,11%, 16,80%, 44 16,21%, e 12,95%, respectivamente. E os meses seguintes apresentaram oscilações entre queda e aumento, conforme Figura 11. 8,00 1 1 - 6,71 7,00 6,00 7,11 7,11 5,84 5,90 Percentual F i g u r a 5,00 3,97 4,00 3,00 3,36 2,92 2,76 2,32 2,59 2,00 2,15 1,65 1,00 2,54 0,55 1,93 1,27 1,82 1,32 1,05 0,94 P 0,06 e 0,00 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro r Mês c 2008 2009 2010 2011 2012 e ntual do mês dos casos confirmados de Dengue, na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano. Os percentuais de pessoas acometidas relacionados com sinais e sintomas são apresentados na figura 12. Observa-se, dentre os sinais e sintomas apresentados, que a maioria foram acometidos por febre com 89,08%, seguidos por cefaléia e exatema, 62,35% e 41,84%, respectivamente. 45 89,08 90,00 80,00 Percentual 70,00 62,35 60,00 50,00 41,84 41,62 40,00 31,48 26,63 30,00 17,25 20,00 15,05 12,57 10,00 10,00 9,65 8,82 8,65 7,39 7,39 3,80 3,25 2,65 2,37 2,26 2,26 0,00 Sinais e Sintomas Figura 12 - Percentual dos casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo sinais e sintomas. Ao analisar a ocorrência do sorotipo de dengue, verifica-se que as maiores ocorrências de casos confirmados foram no período de Janeiro a abril, como foi mostrado anteriormente na tabela 6. Observa-se que no ano de 2008 a 2010 foram registrados casos confirmados de Dengue 2 e Dengue 3, sendo que este último somente ocorreu no ano 2008. Já nos anos de 2011 e 2012 foram registrados três tipos de dengue: Dengue 1, Dengue 2 e Dengue 4, sendo este último tipo o mais expressivo principalmente no ano de 2012 (Figura 13). 2008 60 Quantidade de Casos F i g u r a 1 3 2009 2011 2010 2012 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 - 5 Mai Jun Abr Mar Jan Fev Out Dez Nov Jul Set Ago Mai Jun Abr Mar Jan Fev Dez Set Out Nov Jul Ago Mai Jun Abr Jan Fev Mar Dez Set Out Nov Jul Ago Mai Jun Abr Jan Fev Mar Dez Set Out Nov Jul Ago Mai Jun Abr Jan Fev Mar 0 A Mês n Dengue 1 Dengue 2 Dengue 3 Dengue 4 á lise por sorotipo de casos confirmados de Dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, por mês/ano 46 Ao analisar o sorotipo de dengue, verificou-se que as maiores das ocorrências de casos confirmados foram nos municípios de Belém e Ananindeua, como foi mostrado anteriormente na tabela 4 e na figura 10. Este fato também é observado na figura 14, em que são mostradas as quantidades de casos confirmados de dengue na RMB no período de janeiro de 2008 a junho de 2012 (por município/ano, em relação ao tipo de dengue). 90 2008 2009 2010 2011 2012 80 Quantidade de Casos 70 60 50 40 30 20 10 0 Municípios Dengue 1 Dengue 2 Dengue 3 Dengue 4 Figura 14 - Quantidade de casos confirmados de Dengue, na Região Metropolitana de Belém, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, por município/ano, em relação ao sorotipo de Dengue. Ao analisar o fator climático precipitação pluviométrica, observa-se que o regime das chuvas no município de Belém é bem definido, sendo possível verificar, pelos índices de pluviosidade, os períodos mais e menos intensos. As chuvas foram mais frequentes de janeiro a abril em todos os anos estudados, podendo ainda ser destacado que sempre no final dos anos começam novamente a aumentar os índices. Destaca-se na figura 15 a relação entre a precipitação pluviométrica e a quantidade dos casos de Dengue, nos anos do estudo. Observou-se que o índice de chuvas foi maior no mês de março do ano de 2012, ocorrendo também uma das maiores quantidades dos casos de Dengue, com 129 casos. 47 2008 2009 2012 2011 2010 129 122 700,00 140 120 106 600,00 100 500,00 80 400,00 60 300,00 40 200,00 20 100,00 Abr Jan Out Jul Abr Jan Out Jul Abr Jan Out Jul Abr Jan Out Jul Abr 0 Jan 0,00 Quantidade dos Casos de Dengue Precipatação Pluvimétrica (mm) 800,00 Mês Precipitação Pluvimétrica (mm) Quantidade dos Casos de Dengue Figura 15 - Precipitação pluviométrica em Belém versus quantidade dos casos de Dengue, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano. Fonte: SEOMA-INMET (2013). Verificou-se que no ano de 2008 o índice das chuvas quanto à quantidade dos casos de Dengue apresentou oscilações (queda e aumento). E no ano de 2009, observou-se um aumento do mês de janeiro até março, tanto no índice pluviométrico quanto na quantidade dos casos. No entanto, no mês de novembro foi registrado o menor índice de chuva, mas a quantidade dos casos Dengue foi expressiva (20 casos). Em 2010, observou-se que a partir do mês de janeiro até abril, no período chuvoso, houve um aumento na quantidade dos casos, porém o índice de chuvas apresentou diminuição e aumento. Nos meses seguintes ocorreram oscilações, com diminuição e aumento do índice de chuvas. Mas no mês de setembro foi registrado o menor índice de chuva, no entanto a quantidade dos casos foi expressiva (45 casos). Já no mês de dezembro o índice de chuva foi intenso, entretanto a quantidade dos casos foi menor (13 casos). No ano de 2011, verificou-se uma queda na quantidade dos casos de Dengue, uma vez que o índice pluviométrico sofreu oscilações (queda e aumento). Destaca-se ainda, quantidades expressivas dos casos nos meses de novembro e dezembro, 42 e 40 casos, respectivamente. Quanto ao ano de 2012, observou-se no mês de março, o maior índice pluviométrico, e também, um dos maiores registros de casos de dengue com 129 amostras confirmadas, e no mês de abril quando o índice pluviométrico reduziu à metade, os números de casos confirmados permaneceram 129. 48 6 DISCUSSÃO O presente estudo apresentou na tabela 1 a quantidade total dos casos confirmados de dengue na RMB (período de janeiro 2008 a junho de 2012), com 1909 amostras com percentual de 100%. No município de Belém foram confirmados 1171 casos (61,15%) e Ananindeua, 608 (32,31%), em relação aos demais municípios. Esse fato pode ser atribuído à densidade demográfica dessas duas cidades bem como a quantidade de habitantes que são em proporções bem maiores que as das demais, corroborando com os estudos de Teixeira (2013). Ao analisar a tabela 2, em relação às variáveis gênero e faixa etária, o gênero feminino foi o mais atingido em quase todas as faixas etárias, exceto a faixa entre 11 e 20 anos, onde o gênero masculino foi o mais atingido com 9,76% e o feminino com 9,26%, semelhante com o estudo realizado por Araújo et al., 2002. Nos anos de 2009 e 2010, os casos confirmados de dengue ficaram dentro da faixa etária menor de 11 anos, com 3,09% e 5,68% dos casos, respectivamente. Já nos anos de 2011 e 2012 a faixa etária mais expressiva foi a de 11 a 20 anos, com 4,02% e 5,59% dos casos, respectivamente. As faixas etárias com o maior índice no gênero feminino (9,26%) foram a de 11 a 20 anos e a de 21 a 30, sendo os grupos com maior atividade produtiva. O estudo também constatou que as infecções por dengue em pessoas do gênero feminino independem de faixa etária, pois todas as faixas foram acometidas. Corroborando outros estudos publicados, Ribeiro et al. (2008) constatou que nas faixas etárias de 20 a 40 anos ocorreram maiores índices de incidência da dengue.A literatura relata na maioria das vezes um número maior de pessoas acometidas por dengue do gênero feminino, possivelmente devido ao maior tempo de permanência nas residências e consequentemente maior exposição ao vetor (Bastos, 2004). Nesse estudo, as análises estatísticas realizadas não revelaram diferenças significativas. Ao comparar os percentuais da faixa etária, segundo os anos, na tabela 3, observou-se que o ano de 2012 foi o ano que apresentou o maior número de casos confirmados de dengue com 29,02% totalizando as faixas etárias. A partir de 2009 houve um crescimento do número de casos confirmados de dengue passando de 12,86% para 22,44% em 2010, porém diminuindo para 18,63% em 2011, possivelmente devido a melhorias realizadas no sistema de notificação de 49 agravos e a políticas públicas realizadas de forma sistemáticas, corroborando o estudo realizado por Brito (2007). Com relação ao número de casos confirmados de dengue na região metropolitana de Belém no período de janeiro de 2008 a junho de 2012 segundo mês e ano, observou-se oscilações durante grande parte do período estudado, pois ocorreram aumentos e diminuições do número de casos registrados, como aconteceu em 2012 com 129 casos confirmados somente nos meses de março e abril, ou seja, houve aumento de 81% se comparado com o mesmo período do ano anterior onde somente no mês de abril ocorreram 24 casos confirmados de dengue. Entretanto, considerando a tabela 4e afigura 10, em todo o período analisado, os municípios de Ananindeua e Belém foram os que apresentaram os maiores percentuais de casos confirmados com 32,31% e 61,15% respectivamente, praticamente devido à densidade demográfica apresentada por esses municípios em relação aos demais, corroborando também com outros estudos (Gubler, 1997). O município de Santa Barbara do Pará foi o que apresentou os menores percentuais, 0,11%, seguido de Santa Izabel do Pará com 0,62% registrados a partir de 2012. Foi observado que no município de santa Bárbara os números percentuais aparecem muitas vezes confusos, devido a problemas no preenchimento da ficha epidemiológica e à falta de infraestrutura, muitas vezes deficitária. Os percentuais ano a ano foram respectivamente 17,04 em 2008, 12,85 em 2009, 22,45 em 2010, 18,64 em 2011 e 29,02 em 2012, mostrando oscilações durante todo o período. Na região metropolitana, o município de Belém possui 68 bairros que apresentam diferentes densidades demográficas. De acordo com a tabela 5, verificou-se que aproximadamente 10 bairros apresentaram situação de risco em relação aos casos confirmados de dengue na região metropolitana de Belém. A análise dos casos de dengue por bairro no município estudado mostrou que entre os vários bairros acometidos os de maior prevalência foram Marco, Guamá e Marambaia, em que dois desses correspondem a bairros com infraestrutura precária e um com boa infraestrutura, mostrando a disparidade existente entre a população atingida. O bairro do Guamá constitui-se como o bairro mais populoso, um dos mais pobres do município e com infraestrutura precária. O bairro da Marambaia também constitui um dos bairros com baixa renda do município e com infraestrutura inadequada. Entretanto, o bairro do Marco é de classe média com boa infraestrutura. Talvez as citações de alguns autores a seguir possam explicar os achados deste trabalho. De 50 acordo com Rodhain & Rosen (1997), a distribuição e a frequência das infecções pelos VDEN estão relacionadas principalmente com a adaptação do Aedes aegypti ao ambiente habitado pelo homem, e aos espaços com o crescimento populacional, pela densidade e dispersão deste mosquito. Entre os bairros estudados, o bairro do Marco foi o que apresentou o maior percentual de casos confirmados no período com 11,66%,equivalente a 127 casos. Entretanto, o bairro da Cremação foi o que apresentou o menor percentual com 3,12%, equivalente a 34 casos. Os índices apresentados nos 10 bairros com melhores condições socioambientais mostraram o percentual de 52,79%, índice maior que os 58 bairros restantes que apresentaram 47,21%. O estudo apresenta índices semelhantes ao apresentado por Teixeira et al. (2009), em que observaram que o processo de proximidade espacial das populações de diferentes classes sociais, seja pela favelização de áreas situadas dentro de bairros nobres, seja pela ocupação de prédios antigos onde se instalam moradias como se fossem cortiços. De fato, os três bairros mais acometidos possuem grande adensamento populacional e na cidade de Belém também se observa a aproximação de bairros mais nobres, como é o caso do bairro do Marco. Além disso, tanto em áreas com infraestrutura adequada quanto nas que não a possuem, é muito importante a conscientização da população na participação ao controle vetorial, sendo necessária a mudança nos hábitos que possam vir a favorecer a proliferação dos vetores transmissores da doença. Em relação aos meses comparados com os anos em estudo apresentados na figura 11, os meses de janeiro, fevereiro, março e abril foram os que apresentaram maior percentual dos casos confirmados de dengue, com 15,11%, 16,80%, 16,21% e 12,95% respectivamente. Os meses seguintes apresentaram oscilações com diminuição e aumento. Observou-se que no mês de janeiro de 2009 e 2010 houve diminuição nos casos confirmados de dengue com percentuais 0,06% e 0,055%. Durante os anos de 2008, 2011 e 2012, o mês de janeiro apresentou percentuais mais elevados de 5,90%, 2,76% e 5,84% nos casos confirmados, e nos seguintes meses ocorreram variações com percentuais muito próximos, sendo que de janeiro a abril houve crescimento gradativo do número de casos em percentuais durante o período. É importante ressaltar que há uma tendência de elevação no ano de 2012, durante os meses de janeiro a abril. Os números de casos foram aumentando de forma gradativa e logo em seguida houve diminuição acentuada. 51 De acordo com a figura 12, observa-se, dentre os sinais e sintomas apresentados, que a maioria das pessoas foi acometida por febre com 89,08%, seguidos por cefaléia e exantema, 62,35% e 41,84%, respectivamente. A maioria dos sinais e sintomas apresentados foi característica de doenças causadas por arboviroses e o diagnóstico diferencial foi essencialmente necessário para evitar equívocos no tratamento, corroborando o estudo realizado por Ribeiro et al. (2008), onde os sintomas como febre e cefaléia foram predominantes. A partir da quantidade de casos confirmados de dengue na Região Metropolitana de Belém, no período de janeiro de 2008 a junho de 2012, por mês e ano em relação aos sorotipos, apresentada na figura 13, verificou-se que as maiores ocorrências de casos confirmados foram no período de janeiro a abril. Observou-se se que, no ano de 2008 e 2010 foram registrados casos confirmados de VDEN-2 e VDEN3, sendo que este último somente ocorreu no ano de 2008. Já nos anos de 2011 e 2012 foram registrados três sorotipos de dengue, como VDEN-1, VDEN-2 e VDEN-4, sendo este último tipo o mais expressivo principalmente no ano de 2012. A introdução do VDEN-4 em 2010, ausente por quase três décadas, aumentou o risco de epidemias, visto que a população não possui imunidade para este sorotipo. O monitoramento e vigilância dos sorotipos circulantes tornaram-se fundamentais para o conhecimento do perfil epidemiológico desse agravo, diante da co-circulação dos quatros sorotipos no Brasil, aliada à ausência de imunidade para sorotipo 4. Nesse contexto, Nunes et al. (2012) evidenciam a importância da continuidade dos estudos no município de Belém e em municípios contíguos. Quando analisada a quantidade de casos confirmados de dengue por município e ano em relação ao sorotipo (figura 14), verificou-se que em 2008 e 2010 ocorreram aumentos do número de casos nos municípios de Belém e Ananindeua. Em 2011 e 2012, o aumento do número de casos de dengue foi expressivo, abrangendo também os municípios de Marituba e Benevides. Os casos de dengue em 2009 mantiveram-se estáveis durante todo o período, semelhante ao estudo realizado por Glasser et al. (2002). A dengue é hoje a mais importante arbovirose que afeta o homem e constitui-se em um sério problema de saúde pública no mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do vetor da doença, o Aedes aegypti, que está diretamente relacionado com o acúmulo de água e por isso é importante o estudo da relação da precipitação pluviométrica com o número de casos de dengue. A precipitação pluviométrica é o elemento meteorológico mais importante na constituição 52 do clima da região tropical e varia intensamente de uma região para outra. Nesse estudo foi observado que a precipitação pluviométrica total média anual foi de 2.893 mm3 (INMET, 2010). A quantidade de casos confirmados de Dengue, no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2012, segundo o ano, teve uma relação direta, onde os casos de dengue seguiram a mesma tendência da precipitação para o período estudado. Ao analisar na figura 15 o fator climático precipitação pluviométrica, observase que o regime das chuvas no município de Belém está definido sazonalmente, sendo possível verificar, pelos índices de pluviosidade, os períodos mais e menos intensos. As chuvas foram mais freqüentes nos meses de janeiro a abril em todos os anos estudados, podendo ainda ser destacado que sempre no final do ano os índices das chuvas começam a aumentar novamente. Os meses considerados mais chuvosos foram os de janeiro, fevereiro, março e abril. A comparação entre a precipitação pluviométrica e a quantidade dos casos de Dengue no ano de 2008, demonstrou que tanto o índice das chuvas quanto a quantidade dos casos de Dengue oscilaram. No ano de 2009, observou-se do mês de janeiro até março um aumento, tanto no índice pluviométrico quanto na quantidade de casos. No entanto, no mês de novembro foi registrado o menor índice de chuva, mas a quantidade dos casos de Dengue foi expressiva (20 casos). Em 2010, observou-se que a partir do mês de janeiro até abril, período chuvoso, ocorreu um aumento na quantidade dos casos, porém o índice de chuvas apresentou queda e crescimento. Nos meses seguintes ocorreram oscilações, com diminuição e aumento da precipitação. No mês de setembro foi registrada a menor precipitação, no entanto a quantidade dos casos foi expressiva (45 casos). Já no mês de dezembro o índice de chuva foi intenso, entretanto a quantidade dos casos foi menor (13 casos). No ano de 2011, observou-se uma queda na quantidade dos casos de Dengue, uma vez que o índice pluviométrico sofreu oscilações (aumento e diminuição). Destaca-se ainda, quantidades expressivas dos casos de dengue nos meses de novembro e dezembro, com 42 e 40 casos, respectivamente, diferente do que ocorreu em 2012, onde se observou que a precipitação foi maior no mês de março, ocorrendo também um dos maiores registros de casos de Dengue, 129 amostras confirmadas. Contudo, no mês de abril de 2012, quando a precipitação foi reduzida à metade, o número de casos confirmados permaneceu em 129, ou seja, não ocorreu alteração no número de casos devido às oscilações na precipitação. 53 7 CONCLUSÃO Com relação ao gênero e faixa etária, verificou-seque o gênero feminino foi o mais atingido em quase todas as faixas etárias. As faixas etárias com os maiores números de casos acometidos da doença forama de 21 a 30 anos ea de 11a 20 anos. Com relação aos anos do estudo, foi constatado que o ano de 2012 foi o que apresentou o maior número de casos confirmados de dengue. Os meses de março e abril de 2012 foram os que apresentaram os maiores números de casos. Belém e Ananindeua foram os municípios que apresentaram maiores percentuais de casos confirmados. Os bairros de Belém com maiores números de casos confirmados por dengue foram Marco, Guamá e Marambaia. Os meses de janeiro, fevereiro, março e abril foram os que apresentaram maior percentual dos casos confirmados. Os sinais e sintomas mais frequentes apresentados foram febre, cefaléia e exantema. Em 2012, o sorotipo VDEN-4 foi o mais expressivo. Em relação ao sorotipo de dengue, Belém e Ananindeua foram os municípios que mais apresentaram números de casos nos anos de 2008 e 2010. Em 2011 e 2012, o número de casos foi mais abrangente, atingindo os municípios de Marituba e Benevides. Durante os meses de janeiro a abril foi o período em que mais ocorreram números de casos de dengue. Com relação aos fatores climáticos, os meses com maior precipitação foram janeiro, fevereiro, março e abril dos anos estudados. Em relação entre casos confirmados de dengue e a precipitação pluviométrica nos anos de estudo, observou-se que o índice pluviométrico mais frequente foi no mês de março de 2012, onde ocorreu também um dos maiores números de casos da doença. 54 REFERÊNCIAS ANDRIES, S. Histórico. Instituto Virtual da Dengue do Estado do Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.ivdrj.ufrj.br/historico.htm>. Acesso em: 15 out. 2013. ARAÚJO; T.P., GUERREIRO, R.S.; COSTA, M.I. et al. Diagnóstico sorológico de infecções por dengue e febre amarela em casos suspeitos no Estado do Pará, Brasil. Rev. Soc. Brasileira Med. Tropical, 35(6)579-584, nov./dez, 2002. AYRES, M., AYRES-JUNIOR, M.; AYRES, D.L.; SANTOS, A.A.S. BioEstat 5.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. Belém: Sociedade Civil Mamirauá: MCT-CNPq, 2007. AZEVEDO, R.S.S.; ROSA, E.S.T.; RODRIGUES, S.G. et al. Ocorrência de Dengue na área metropolitana de Belém: análise dos casos confirmados entre 1998 e 2003. Simpósio Internacional sobre Arbovírus dos Tópicos e Febres Hemorrágicas. Belém, 2004. BASTOS, L.J.S.; ALVES, J.G.; NOGUEIRA, R.M. et al. Aminotransferase changes and acute hepatitis in patients with dengue fever: analysis of 1,585 cases. The Brazilian Journal of Infectious Diseases; 8(2):156-63, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância em saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, tracoma e tuberculose. 2. ed. Rev. Brasília: Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Atenção Básica, 2008. ______.______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Casos de Dengue no Brasil, grandes regiões e unidades federadas, 1997 a 2009. 2010. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br//>. Acesso em: 12 dez. 2011. ______.______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRITO, C.A.A. Dengue em Recife, Pernambuco:padrões clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e fatores de risco associados à forma grave da doença.Tese Doutorado. 2007. Recife: Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. Fundação Oswaldo Cruz, 2007. CÂMARA, F.P. et al. Regional and dynamics characteristics of dengue in Brazil: a retrospective study. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v. 40, n. 2, Uberaba, mar./apr. 2007. CDC. Dengue Fever. Disponível em: <http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue/>. Acesso em: 20 abr. 2013. CONSOLI, R.A.G.B.; OLIVEIRA, R.L. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Fiocruz, 1994. 55 CRUZ, A.C.R.; GALLER, R.; SILVA, E.V.P. et. al. Molecular epidemiology of dengue vírus serotypes 2 e 3 isolated in Brasil from 1991 to 2008. Rev Pan-Amaz Saude, 2010; 1(3):25-34. FARRAR, J.F.; GUBLER, D.; BARRERA, R. et al. Towards a global dengue research agenda. Trop Med Int Health, 12: 695-699, 2007. FAURAN, P. ; LAILLE, M. ; MOREAU, J.P. Etude sur Ia transmissione verticale des virus de Ia dengue dans le Pacifique Sud. Bulletin de La Societe de Pathologie Exotique et de se Filiales. Paris, v. 83, n. 3, p. 311-316, 1990. FIGUEIREDO, L.T.M. Estudos sobre diagnóstico laboratorial e sintomas do dengue durante epidemia ocorrida em Ribeirão Preto, SP, Brasil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. São Paulo, v. 34, p. 121-130, 1996. ______; FONSECA, B.A.L. Tratado de Infectologia - Dengue (Capítulo). In: Ricardo Veronesi; Roberto Foccacia (org.). Tratado de Infectologia. São Paulo: Livraria Atheneu, cap.13, p.345-358, 2005. GLASSER, C.M.; BARATA, E.A.; COSTA, A.I. et al. População de Aedes aegypti em área endêmica de dengue, Sudeste do Brasil. Revista de Saúde Pública; 35 (3):237-42, 2001. GUBLER, D.J. Dengue and dengue hemorragic fever: its history and resurgence as a global health problem. In: GUBLER, D.J.; KUNO, G. (ed.). Dengue and dengue hemorragic fever. New York: CAB International, 1997. p. 1-22. ______. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Clinical MicrobiologyReviews, 11: 480-496, 1998. ______; KUNO, G.; SATHER, G.E.; VELEZ, M.; OLIVIER, A. Mosquito cell cultures and specific monoclonal antibodies in surveillance for dengue viruses. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 33:158-65, 1984. ______. The emergence of epidemic dengue fever and dengue hemorrhagic fever in the Americas: a case of failed public health policy. Rev. Panam. Salud Publica.79-81, 2005. ______; KUNO, G.; MARKOFF, L. Flaviviruses. In: Knipe DM, Peter MH (ed.). Field’s virology. Quebecor Versailles: USA, p. 1153-252, 2006. GUZMAN, M.G.; KOURI, G.; MORIER, L. et al. A study of fatal hemorrhagic dengue cases in Cuba, 1981. Bull Pan Am Health Organ., 18: 213-220, 1984. ______ ; ______. Dengue: an update. The Lancet, 2:33-42, 2003. HULL, B. et aI. Natural transovarial transmission of dengue 4 in Aedes aegypti in Trinidad. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. Lawrence, v.33, n.6, p. 1248-1250, nov. 1984. 56 HALSTEAD, S.B. Dengue in the Americas and Southeast Asia: do they differ? 2006. HOWE, G.M.A.World geography of human diseases. New York: Academic Press, 1977. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo populacional 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2009>. Acesso em: 25 out. 2013. INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Índice pluviométrico. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/>. Acesso em: 18 set. 2013. KHIN, M. M., THAN, K. A. Transovarial transmition of Dengue 2 virus by Aedes aegypti in nature. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. Lawrence, v. 32, p. 590-594, 1983. KOURI, G.P.; GUSMAN, M.G.; BRAVO, J.R. Why dengue hemorrhagic fever in Cuba? 2. An integral analysis. Trans. Roy. Soc. Med. Hyg., 81: 821-823, 1981. ______;______;______. Dengue hemorrágico em Cuba. Crônica de uma epidemia. Bol. of Sanit. Panam., 100: 322-329, 1986. KUNO, G.; GÓMEZ, I.; GUBLER, D.J. Detecting artificial anti-dengue IgM immune complexes using an enzyme-linked immunosorbent assay. Am J Trop Med Hyg, 36:153-9. 1987. LAGROTTA, M.T.F.; SILVA, W.C.; SANTOS, R.S. Identification of key areas for Aedes aegypti through geoprocessing in Nova Iguaçu, Rio de Janeiro state, Brazil. Cad. Saude Publica, 24: 70-80. 2008. LANCIOTTI, R.S.; CALISHER, C.H.; GUBLER, D.J. CHANG, G.; VORNDAM, A.V. Rapid detection and typing of Dengue viruses from clinical samples by using reverse transcriptase-polymerase chain reaction. Journal of Clinical Microbiology 30: 545551, 1992. MACIEL, I. Avaliação epidemiológica do dengue no município de Goiânia no período de 1994 a 1997. Mestrado. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública. Universidade Federal de Goiás: Goiânia. 1999. ______; SIQUEIRA-JR., J.B.; MARTELLI, C.M.T. Epidemiologia e desafios no controle do Dengue. Rev Pat Trop. 2008; 37(2):111-130. MIAGOSTOVICH, M.P.; NOGUEIRA, R.M.R.; CAVALCANTI, S.M.B. et al. Dengue epidemic in the State of Rio de Janeiro, Brazil: virological and epidemiological aspects. Rev Inst Med Trop São Paulo, 35: 149-154. 1993. MONATH, T.P. Flaviviruses. In: FIELDS, B.N. et aI. (ed.). Virology. New York: Raven Press Ltd, v.1, 1990, p. 763-814. 57 NATHAN, M.B.; DAYAL-DRAGER. R. Recent epidemiological trends. The global strategy and public health advances in dengue. In: UNDP/UNICEF, World Bank, WHO.Scientific working group report on dengue. 2007. p.30-34. NISALAK, A; ENDY, T.P.; NIMMANNIYA, S. et al. Serotype-specific dengue virus circulationand dengue disease in Bangkok, Thailand from 1973-1979. Am. J. Trop. Med. Hyg. v. 68, p.191-202, 2003. NOGUEIRA, R.M.R.; MIAGOSTOVICH, M.P.; DE FILIPPIS, A.M.; et al. Dengue virus type 3 in Rio de Janeiro, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 96: 925-926, 2001. NUNES, M.R.T.; RODRIGUES, F.N.; BALDEZ V.H. et al. Phylogeography of dengue virus serotype 4, Brazil, 2010-2011. Emergence Infection Disease. 2012. OMS - Organização Mundial da Saúde. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, preventions and control. New Edition, 2009. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2009/9789241547871_eng.pdf>.Acesso em: 22 abr. 2013. OPS - Organização Pan-Americana de Saúde. Resurgimiento del dengue en las Américas. Boletín Epidemiológico, 18: 1-6, 1995. ______. Resurgimiento del dengue em las Américas. Boletín Epidemiológico. 1997; 18: 1-6. ______. Enfermedades infecciosas emergentes y reemergentes. Región de las Américas, 2007. ______. Enfermedades infecciosas emergentes y reermegentes. Region de lãs Americas 5: Indice principal, 2008. OSANAI, C.H.; TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A.; TANG, A.T. et al. Surto de dengue em Boa Vista, Roraima. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo, 2553-54, 1983. PEREIRA, M.N.; JABOR, L.M.; REIS, M.R. et al. Diferenças clínicas observadas em pacientes com dengue causadas por diferentes sorotiposna epidemia de 2001/2002, ocorrida no município do Rio de janeiro. Rev. Soc. Brasil Med.Trop., v. 37, p. 293295, 2004. PINHEIRO F.P.; NELSON, M. Re-emergence of dengue and emergence of dengue haemorrhagic fever in the Americas. Dengue Bulletin. 1997; 21:16-24. RIBEIRO, P.C., SOUSA, D.C., ARAÚJO, T.M.E. Perfil clínico-epidemiológico dos casos suspeitos de dengue em um bairro da zona sul de Teresina, PI, Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem, 61(2): 227-32, 2008. RICO-HESSE. Molecular evolution and distribution of dengue viruses type 1 and 2 in nature virology. New York, v.174, p. 1-15, 1990. 58 RODHAIN, F., ROSEN, L. Mosquito vectors and dengue virus-vector relations ship. In: Gubler, D.J., Kuno, G. Dengue and dengue hemorrhagic fever. New York: CAB International, 1997. p. 45-60. ROSEN, L.; GUBLER, D. J. The use of mosquitoes to detect and propagate dengue viruses. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. Lawrence, v. 23, p. 1153-1160, 1974. SANTOS, C.L.S.; SALLUM, M.A.M., FOSTER, P.G. et al. M. Molecular analysis of the dengue virus type 1 and 2 in Brazil based on sequences of the genomic envelope-nonstructural protein 1 junction region. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo,46:145-152, 2004. SCHATZMAYR, H.G.; NOGUEIRA, R.M.R.; TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A. An outbreak of dengue vírus at Rio de Janeiro -1986. ______. Aspectos históricos da dengue e de seus vetores. In: SOUZA, L.J. Dengue: diagnóstico, tratamento e prevenção. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2008. SILVA, S.J.; MARIANO, Z.F.; SCOPEL, I.A. A dengue no Brasil, e as políticas de combate ao Aedes Aegypti: da tentativa de erradicação às políticas de controle. Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde. Uberlândia, v. 3, n. 6, p. 163175, jun. 2008. SIQUEIRA JR., J.B. et al . Dengue in Brazil: current situation and control activities. Epidemiological Bulletin, v. 23, n.1, p. 3-6, 2002. ______. Dengue and dengue hemorrhagic Fever, Brazil, 1981-2002. Emerging Infectious Diseases, v. 11, n. 1, p. 48-53, 2005. TAUIL, P.L. Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil. Cad. Saúde Pública,18(3):867-71, 2002. TEIXEIRA, M.G. et al. Epidemiologia e medidas de prevenção do Dengue. Informe Epidemiológico do SUS, v. 8, n. 4, p. 5-33, 1999. ______ et al. Dengue and dengue hemorrhagic fever epidemics in Brazil: what research is needed based on trends, surveillance, and control experiences? Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(5):1307-1315, set./out. 2005. ______; COSTA, M.C.N., BARRETO, M.L.E dengue continua desafiando e causando perplexidade. Cadernos de Saúde Pública (ENSP. Impresso), v. 27, p. 828-828, 2011. TORRES, E.M. Dengue. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A.; ROCHA, J.M.; SILVA, O.V. & LINS, Z.C. Surto de dengue em Boa Vista, Território de Roraima, Brasil. Bol. Epidem. Rio de Janeiro, 14(9): 93-100, 1982. 59 TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A.; et al. Dengue. In: Leão, R.N.Q. Doenças infecciosas e parasitárias: enfoque Amazônico. Belém: Cejup, 1997. p. 227-241. ______, VASCONCELOS, PFC.; TRAVASSOS DA ROSA, E.S.T. et al. Dengue epidemic in Belém, Pará, Brazil, 1996-1997. Emerging Infectious Disease Rev., 06(3): 298-301, 2000. VASCONCELOS, P.F.C. et al. Epidemia de febre clássica de dengue causada pelo sorotipo2 em Araguaina, Tocantins, Brasil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, n. 35, p. 141-148, 1993. ______; PINHEIRO, F.P. et al. Arbovírus In: CIMERMAN, S.; CIMERMAN, B. (ed.). Medicina tropical. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 363-386 VASCONCELOS, P.R.; PINHEIRO, F.P.; RODRIGUES, S.G.et al. Aedes aegypti, Dengue and Re-urbanization of yellow fever in Brazil and other South American countries-past and present situation and future perspectives. Dengue Bulletin, 1999; 23: 55-66. VORNDAM, V.; KUNO, G. Laboratory diagnosis of dengue virus infection. In: Gubler DJ, Kuno G, editors. Dengue and dengue hemorrhagic fever. New York: CAB International; 1997. p. 313-33. WESTAWAY, E.G. et aI. Faviviridae. Intervirology. Basel, v. 24, p. 183-192, 1985. WHO - World Health Organization. Dengue e prevention and controlWkly. Epidemiol Rec. 2002;77:41-8, 2001. ______. Impact of Dengue, 2007. Disponível em:<http://www.who.int/esr/disease/ dengue/impact/en/index.html>. Acesso em: 16 set. 2012. ______.Dengue fever and dengue haemorrhagic fever prevention and control. Regional Committee resolution WPR/RC59.R6, adopted by the WHO Regional Committee for the Western Pacific, 2008. ______. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. New edition. Geneva: WHO, 2009. ______. Dengue haemorrhagic fever: diagnosis, treatrament, prevention and control. Geneva, World Health Organization, 2010. 60 ANEXOS 61 ANEXO 1: AUTORIZAÇÃO DA DIREÇÃO DO IEC PARA O USO DAS AMOSTRAS DO ESTUDO 62 ANEXO 2: FICHA DE NOTIFICAÇÃO INDIVIDUAL – DENGUE 63 ANEXO 3: COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) DO IEC 64 65 ANEXO 4: JUSTIFICATIVA DE NÃO DECLARAÇÕES DE CO-PARTICIPAÇÃO OBTENÇÃO DO TCLE E DAS 66