Composição e estabilidade da atmosfera e mecanismos de

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Simpósio 23: Evolução dos sistemas sensoriais em ambiente florestal
Coordenador: Jacques Vielliard
Composição e estabilidade da atmosfera e mecanismos de orientação e navegação
olfativa em ambiente florestal
Ronald Ranvaud
USP, Departamento de Fisiologia e Biofísica, São Paulo, SP.
Insetos em ambientes abertos muitas vezes se apóiam em pistas olfativas para atingir suas
metas, e, dando um exemplo, a velocidade com a qual moscas chegam quando expomos
uma carniça ao ambiente é surpreendente. O papel de feromônios é muito importante
também na localização das fêmeas por parte dos machos em muitas espécies. Os
mecanismos envolvidos nesses dois comportamentos é relativamente simples,
envolvendo principalmente voar contra o vento, e sendo o objetivo atingir a fonte de uma
determinada substância volátil, detectada pelo olfato. Em termos mais amplos, porém,
odores podem fornecer um meio de rotular áreas específicas no território de qualquer
animal, dando assim uma base física para navegação verdadeira, ou seja para estabelecer
uma rota que leve de um dado ponto no território até outro (e retorno) de forma plástica,
eficiente e confiável. Alguns mecanismos de orientação são bem conhecidos e
caracterizados, a exemplo da bússola solar, pela qual o animal aprende o movimento do
sol ao longo do dia e usa essa informação (juntamente com seu relógio biológico) para
garantir um referencial estável para seus movimentos. Quanto à navegação, vários
estímulos ambientais são potencialmente úteis, sendo o campo geomagnético, e odores
dispersos na atmosfera entre os mais discutidos na literatura. Essa última possibilidade
tem particular apelo em ambiente florestal tropical úmido, onde não faltam as mais
variadas fontes de substâncias voláteis, e a densidade da vegetação dificulta a dispersão
de tais substâncias. A estabilidade de gradientes de odores em tais ambientes elimina a
maior crítica apresentada contra as propostas de mecanismos de navegação olfativa em
ambientes abertos. Há muita evidência experimental que pombos correio e outras aves
têm enormes dificuldades em se orientar se, por diferentes manipulações experimentais,
não podem sentir cheiros. Mesmo assim a dinâmica da atmosfera torna o uso de pistas
olfativas difícil de entender como substrato físico para navegação. Em ambiente florestal
tropical, por outro lado esse mecanismo pode ter uma eficiência muito maior, e
provavelmente é ubíquo no comportamento de navegação de espécies adaptadas a tal
ambiente.
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