Circuitos reguladores de tensão com diodo zener e transistor bipolar de junção 1) Noções sobre o transistor bipolar de junção (TBJ) C símbolo do TBJ NPN: B E É um dispositivo de três terminais em que a corrente através de um deles (base B) controla a corrente através dos outros dois (coletor C e emissor E). Se polarizado na região ativa, a corrente de coletor e de emissor são versões amplificadas da corrente de base. Para os fins deste projeto basta-nos saber que o transistor bipolar de junção vai funcionar como um amplificador de corrente na região ativa valendo as relações: IC = βIB IE = IC + IB = (β + 1)IB (sendo β um ganho da ordem de centenas informado pelo fabricante; depende do nível de corrente) VBE = 0,6 a 0,7 volts (transistores de silício NPN) Além disto, para operar na região ativa, deve ser observada a seguinte condição: VCE > VCESAT = 0,2 volts (transistores de silício NPN) 2) Arquitetura de regulador para fonte de tensão não ajustável A seguinte arquitetura de regulador, embora forneça uma tensão fixa na saída servirá para o melhor entendimento da arquitetura do item 3. IC + VS R1 T1 IB IE = IO VBE + + IR1 + RL VO VZ - IZ - - VS, tensão de entrada do estágio regulador, é a tensão na saída do retificador filtrado, portanto apresenta uma ondulação devida à carga e descarga periódicas do capacitor. Consideremos que VS oscila entre os valores VSmin e VSmáx. A tensão de saída é: VO = VZ - VBE Este valor é aproximadamente constante (varia quase imperceptivelmente com a corrente de carga IO), mas deve-se observar que, em se desejando uma tensão de saída de 12 volts (por exemplo), a tensão nominal do zener deve ser um pouco maior (12,6 a 12,7 volts). Uma alternativa é associar em série ao zener um diodo semicondutor comum com o catodo conectado ao catodo do zener.Neste caso a queda de tensão no diodo compensa a queda entre a base e emissor do TBJ. Para o circuito funcionar corretamente a corrente IZ deve ficar entre os valores IZmin e IZmáx que limitam a porção linear da característica volt-ampère na região de ruptura, onde o zener pode operar como regulador (tensão quase constante com a corrente) em segurança (ou seja, sem risco de se sobreaquecer por efeito Joule). Deve-se recordar que IZmin é a corrente na fronteira do joelho com a porção linear da curva e que IZmáx = Pmáx/VZ.. I Z = I R1 − I B = VS − VZ I − O R1 β +1 Piores casos: (i) VS = VSmin e IO = IOmáx: (ii) VS = VSmáx e IO = 0: VS min − VZ I Omáx − > I Z min β +1 R1 V − VZ I Z = Smáx < I Zmáx R1 IZ = Da condição (i) determina-se o máximo valor de R1 e da condição (ii) determina-se o mínimo valor de R1. Esta resistência deve ser escolhida entre estes dois valores. VSmáx deve ser o pico da tensão no secundário do transformador, descontada a queda de tensão no retificador. VSmin pode ser calculada de forma aproximada (“dente de serra”) conhecendo-se a constante RC do filtro. Como R (da constante RC) é a representação da carga na saída do retificador filtrado, pode-se adotar um valor mínimo (pior caso: maior ripple) avaliado de forma aproximada e bastante conservativa a partir de: Rmin = VSmin/(IO + IZ)max. Finalmente, o TBJ só vai funcionar na região ativa se VCE > 0,2 volts, logo: VSmin – VO > 0,2 volts. Esta condição pode ser utilizada para dimensionar o capacitor do filtro, juntamente com o ripple. O ripple r1 na saída do filtro é bem maior que o ripple r2 na saída do regulador. Para este último existe uma especificação. O coeficiente de estabilização do regulador pode ser utilizado para calcular r1 a partir do r2 especificado. Na falta de dados para avaliar o coeficiente de estabilização, pode-se conferir os valores do ripple através de simulação. 3) Arquitetura de regulador para fonte de tensão ajustável A seguinte arquitetura de regulador é uma sugestão para a implementação da fonte solicitada. Alernativamente pode-se utilizar retificação de onda completa com dois diodos e transformador com derivação central ou retificação de meia onda. IC1 + VS R1 T1 IB1 IR1 - T2 IZ IE1 VBE1 + + VZ + VBE2 - IO + R2 R3 R4 VO RL - Quanto à análise do regulador, a introdução do transistor T2 insere várias alterações. Desprezando a corrente de base de T2: VZ + VBE 2 = R3 + R4 VO R2 + R3 + R4 R2 (VZ + VBE 2 ) VO = 1 + R R + 3 4 O potenciômetro permite o ajuste da tensão de saída. Para limitar a variação, foi acrescentado o resistor R4 fixo. O valor mínimo da tensão de saída é VZ + VBE2. O dimensionamento de R1 também é modificado: I Z = I E2 = IZ = β2 + 1 I C 2 ≅ I C 2 = I R 1 − I B1 β2 VS − VO − VBE1 VO 1 − + I O R1 β1 + 1 R 2 + R 3 + R 4 Na expressão acima, estamos desprezando a corrente de base de T2, o que é razoável se o ganho β2 é grande. Piores casos: (i) VS = VSmin, IO = IOmáx e VO = VOmáx: IZ = (ii) VS min − VOmáx − VBE1 VOmáx 1 − + I Omáx > I Z min R1 β1 + 1 R 2 + R 3 + R 4 VS = VSmáx, IO = 0 e VO = VOmin: IZ = VSmáx − VO min − VBE1 VO min 1 − R1 β1 + 1 R 2 + R 3 + R 4 < I Zmáx Utilizando-se as condições (i) e (ii) determina-se a faixa adequada de valores para R1. Para os transistores T1 e T2 operarem na região ativa (VCE1, VCE2 > 0,2 volts), devemos ter: VSmin – VO > 0,2 volts VBE1 + VO – VZ > 0,2 volts As observações relativas a VSmáx e VSmin do item (2) são válidas aqui, exceto que para se avaliar o valor mínimo da resistência de carga equivalente vista pelo retificador filtrado, pode-se fazer de forma bastante conservativa: R min ≅ VS min VO I O + + I Z R2 + R3 + R4 máx