13-10-2014 Revista de Imprensa 13-10-2014 1. (PT) - Correio do Minho, 13/10/2014, Novas Unidades de Saúde Familiar servem mais de sete mil utentes 1 2. (PT) - Diário de Notícias, 12/10/2014, Médicos de família vão picar o ponto para começarem consultas a horas 2 3. (PT) - Jornal de Notícias, 13/10/2014, Novo espaço de leitura no hospital 3 4. (PT) - Correio do Minho, 12/10/2014, Funcionários descontentes com direcção do ACES Cávado 4 5. (PT) - Jornal de Notícias, 11/10/2014, Hospital mais próximo da Misericórdia 5 6. (PT) - Destak, 13/10/2014, “Open day” com serviços para doentes com cancro da mama 6 7. (PT) - Expresso - Economia, 11/10/2014, Males da Saúde curados fora do hospital 7 8. (PT) - Correio da Manhã, 13/10/2014, 200 mil euros para viagens até 2015 9 9. (PT) - Público, 13/10/2014, Todos os dias faltam 150 mil embalagens de medicamentos nas farmácias 10 10. (PT) - Diário de Notícias, 11/10/2014, Urgências nacionais recebem pessoas alarmadas com o ébola 12 11. (PT) - Correio da Manhã, 13/10/2014, Ébola, vírus Europeu 13 12. (PT) - Diário de Notícias, 13/10/2014, E o ébola aqui ao lado 14 13. (PT) - Jornal de Notícias, 13/10/2014, Mulher internada por suspeita de ébola 15 14. (PT) - Jornal de Notícias, 11/10/2014, Acusa Santo António de lhe negar tratamento 17 15. (PT) - Público, 13/10/2014, Falha de protocolo terá causado primeiro contágio de ébola nos EUA 18 16. (PT) - Diário de Notícias, 12/10/2014, Vírus ébola: uma voz no deserto 20 17. (PT) - Jornal de Notícias, 12/10/2014, União Europeia coordena controlo de voos de África 21 18. (PT) - Público, 12/10/2014, O mundo acordou para o ébola, mas tarda a travar epidemia em África 22 19. (PT) - i, 13/10/2014, O estado do sector de saúde na área do combate à deficiência auditiva 24 20. (PT) - Jornal de Notícias, 11/10/2014, Governo quer mais meios para pedopsiquiatria 25 21. (PT) - Jornal de Notícias, 13/10/2014, Genética é fundamental para tratar a dor 26 22. (PT) - Correio do Minho, 12/10/2014, Doença mental não deve ser estigmatizada 27 23. (PT) - Expresso, 11/10/2014, Champalimaud exportada 28 24. (PT) - Metro Portugal, 13/10/2014, Peso é inimigo da gravidez 29 25. (PT) - Público, 13/10/2014, Poucos bebés de seis meses só bebem leite materno 31 26. (PT) - Metro Portugal, 13/10/2014, Saúde. Site sobre défice de atenção e hiperatividade 32 27. (PT) - Jornal de Notícias, 13/10/2014, Maus-tratos a crianças estão mais sofisticados 33 28. (PT) - Público, 11/10/2014, “Qualquer elemento pode falhar perante uma situação de stress” 35 29. (PT) - Correio da Manhã, 12/10/2014, Venda ilegal on-line 40 30. (PT) - Diário de Aveiro, 12/10/2014, Saúde Pública em risco: Sobras dos hipermercados sem controlo 41 31. (PT) - Diário de Notícias, 12/10/2014, Angola investe 4 milhões por ano para acabar com a doença do sono 42 32. (PT) - Correio da Manhã - Domingo, 12/10/2014, Arábia quer trinta médicos lusos 43 33. (PT) - Negócios, 13/10/2014, Reformas são arma para evitar período medíocre 44 34. (PT) - Correio da Manhã, 12/10/2014, Governo dividido por 220 milhões do IRS 45 35. (PT) - Diário de Notícias, 12/10/2014, Maratona no governo com impasse em torno do IRS 48 36. (PT) - Público - 2, 12/10/2014, Uma praga com escala medieval 50 37. (PT) - Público - 2, 12/10/2014, Vírus - O veneno microscópico que não conhece fronteiras 58 38. (PT) - Expresso, 11/10/2014, Uma cadeia de erros fatal 59 39. (PT) - i, 11/10/2014, "Não ignoro a pressão. Sei que estou na linha da frente da responsabilidade" Entrevista a Francisco George 62 40. (PT) - Jornal de Notícias, 11/10/2014, Hospital ensinou 2 mil mães a amamentar 67 41. (PT) - Lifestyle & Business Frontline, 01/10/2014, 35 anos a cuidar dos portugueses 68 42. (PT) - Lifestyle & Business Frontline, 01/10/2014, 35.º aniversário do Serviço Nacional de Saúde aspiração e património de todos 70 43. (PT) - Lifestyle & Business Frontline, 01/10/2014, A inventabilidade de um pacto para o SNS 71 A1 ID: 56136021 13-10-2014 Tiragem: 8000 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,00 x 17,01 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Novas Unidades de Saúde Familiar servem mais de sete mil utentes BRAGA TEM A PARTIR DE HOJE mais duas Unidades de Saúde Familiares que vão servir cerca de 7.600 utentes. Unidade de Saúde do Minho e a Unidade de Saúde do Carandá vão garantir que estes utentes passem a ter médico de família. SAÚDE | Redacção | DR População de Braga tem a partir de hoje duas novas unidades de saúde A partir desta segunda-feira a população de Braga vai poder contar com mais duas Unidades de Saúde Familiares (USF) ‘Unidade de Saúde Familiar do Minho’, sediada na Praça Cândido Costa Pires, no último piso do Centro de Saúde do Carandá, e a ‘Unidade de Saúde Familiar Tadim’, sediada na Avenida Domingos Braga da Cruz. A criação destas USF permitiu a inscrição de mais 7.600 utentes que passam a ter a partir de agora médico de família. Nestas Unidades de Saúde Familiares estão incluídos os serviços da carteira básica preconizada actualmente e adequada às características da população: vi- Nestas USF´S estão incluídos os seguintes serviços : vigilância, promoção da saúde e prevenção da doença nas diversas fases da vida (Medicina Geral, Saúde da Mulher, Saúde do Recémnascido, da Criança e do Adolescente; Saúde do Adulto e do Idoso; Cuidados em situação de Doença Aguda; Acompanhamento clínico das situações de doença crónica e patologia múltipla; Cuidados no domicílio. gilância, promoção da saúde e prevenção da doença nas diversas fases da vida (Medicina Geral, Saúde da Mulher, Saúde do Recém-nascido, da Criança e do Adolescente; Saúde do Adulto e do Idoso; Cuidados em situação de Doença Aguda; Acompanhamento clínico das situações de doença crónica e patologia múltipla; Cuidados no domicílio e integração e colaboração em rede com outros serviços, sectores e níveis de diferenciação), numa perspectiva de ‘gestor de saúde’do cidadão. Página 1 A2 ID: 56127077 12-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 15 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 25,30 x 19,51 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 2 A3 ID: 56134783 13-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,35 x 7,13 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 3 A4 ID: 56128449 12-10-2014 Tiragem: 8000 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,39 x 12,07 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Política Funcionários descontentes com direcção do ACES Cávado BLOCO DE ESQUERDA | Redacção | O BE quer saber da parte do governo porque é que o ACES Cávado II - Gerês/Cabreira tem como prestadores associados os Centros de Saúde de Amares, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde. Num comunicado à imprensa, o BE refere que “mais de 80 profissionais deste ACES fizeram chegar à Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e ao Ministério da Saúde um comunicado onde expõem diversos motivos de insatisfação para com a direc- ção do ACES, considerando mesmo estar criada uma ‘atmosfera de constantes atropelos à lei, intimidação, ameaças, humilhação, atitudes inadequadas de autoritarismo e prepotência, que se têm vindo a revelar motivadoras do medo’ sentido pelas/os funcionárias/os, solicitando no mesmo documento “a sua intervenção com vista a repor o normal funcionamento, com novos protagonistas”. O BE considera que, perante a situação exposta, “é necessário aferir quais as acções que estão a ser devolvidas pela tutela precisanente para a resolver”. Página 4 A5 ID: 56118252 11-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,30 x 20,58 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 5 A6 ID: 56134001 13-10-2014 Tiragem: 135000 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,49 x 3,84 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 “Open day” com serviços para doentes com cancro da mama O Mama Help – Centro de Apoio a Doentes com Cancro da Mama vai abrirassuasportasnospróximosdias 17 (em Lisboa) e 24 (no Porto) para receber,gratuitamente,todasaspessoas que, de alguma forma, afetadas pela doença,queiramusufruirdosserviços. Haverá marcações disponíveis para fazeracupunctura,imagem,ioga,exercício físico, fisioterapia, manicure, maquilhagem, naturopatia, nutrição, osteopatia, podologia, reikie workshops. Página 6 A7 ID: 56118975 11-10-2014 | Economia Tiragem: 107900 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 29,78 x 45,95 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 7 ID: 56118975 11-10-2014 | Economia Tiragem: 107900 Pág: 25 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 30,00 x 46,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 8 A9 ID: 56135184 13-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,34 x 12,81 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 9 A10 ID: 56134039 13-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 16 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,85 x 30,61 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Todos os dias faltam 150 mil embalagens de medicamentos nas farmácias Saúde Romana Borja-Santos Num ano, houve falhas de 57 milhões de embalagens. Na maioria dos casos, foram medicamentos para doenças crónicas Entrar numa farmácia com uma receita médica e conseguir aviar todos os medicamentos prescritos é cada vez mais uma raridade. Todos os dias faltam, em média, 150 mil embalagens nas farmácias portuguesas — um cenário que se tem agravado nos últimos anos. De ansiolíticos a medicamentos para o colesterol, as carências são muitas e, na maior parte dos casos, mantêm-se ao longo do ano, alerta o Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (Cefar) da Associação Nacional de Farmácias (ANF). Perante o crescente número de queixas, a ANF montou há um ano um barómetro diário das falhas, que permite perceber em tempo quase real que medicamentos estão em falta e onde, explicou ao PÚBLICO a directora-executiva do Cefar. “Entre Agosto de 2013 e Julho de 2014, registámos um total de 57 milhões de embalagens em falta, que foram reportadas por 2227 farmácias, o que corresponde a mais de 78% das farmácias existentes em Portugal”, adiantou Suzete Costa. O problema, sublinhou a responsável, é ainda mais grave pelo facto de na lista dos medicamentos em falta estarem fármacos para doenças crónicas, como a doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes, ou mesmo ansiolíticos e anticoagulantes. “A grande maioria são medicamentos que as pessoas precisam de tomar o ano inteiro, o que as obriga a ir a duas e três farmácias e mesmo assim voltarem de mãos a abanar”, acrescentou. As dificuldades são tantas que muitas farmácias já alocaram um funcionário “só para pesquisar onde é que se pode ir buscar os medicamentos e percorrer os grossistas para conseguir o fármaco”, reforçou a directora deste centro da ANF. Quanto a justificações para a degradação do acesso ao medicamento em Portugal, Suzete Costa refere “razões multifactoriais”. “Nunca tivemos isto no passado. Se recuarmos cinco anos, podíamos ter situações pontuais em que o medicamento só chegava da parte da tarde, mas era raro o utente não levar os medicamentos todos de uma vez. Agora, sobretudo desde 2011, muitas farmácias com as reduções progressivas de preço dos medicamentos e com a alteração drástica do sistema de remuneração têm dificuldade em manter os níveis de stock”, apontou a responsável do Cefar. Os últimos dados da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) mostram que o preço médio global de uma embalagem de um fármaco no Serviço Nacional de Saúde não passou, em Abril deste ano, dos 12,08 euros. O valor sobe para 15,41 euros no caso dos medicamentos de marca e desce para 7,17 euros nos genéricos, quando em 2009 em todos os casos o valor estava próximo dos 16 euros. Suzete Costa referiu, ainda, que “também há medicamentos que não existem mesmo em Portugal porque por terem um preço tão baixo deixam de ser atractivos para as farmacêuticas”. Depois, surgem situações mais pontuais em que os laboratórios não conseguem dar resposta à procura por limites na capacidade de produção, como é o caso da vacina BCG (contra a tuberculose). “Sempre que o Estado reduz os preços dos medicamentos para reduzir a sua despesa, isso tem implicações para quem tem um sistema de remuneração parcialmente indexado ao preço. Sempre que há cortes administrativos nos preços, a remuneração dos grossistas e da farmácia baixa. As insolvências e as penhoras são só o caso limite, o extremo deste cenário de degradação que começa com a falta de medicamentos nas prateleiras”, afirmou a responsável do centro da ANF, que adiantou que em Junho existiam 1756 farmácias com fornecimentos suspensos por dívidas aos grossistas, com a dívida litigiosa a ultrapassar já os 303 milhões de euros. Em Dezembro de 2013 eram 1567 as farmácias nesta situação, quando em 2011 eram 795 e em 2009 apenas 255. Faltas aumentam todos os anos Página 10 ID: 56134039 13-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,17 x 5,60 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Todos os dias faltam 150 mil embalagens nas farmácias Num ano, houve falhas de 57 milhões de embalagens de medicamentos, um cenário que se tem agravado nos últimos anos. Na maioria dos casos faltam medicamentos para doenças crónicas p16 Página 11 A12 ID: 56118271 11-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 31,73 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 12 A13 ID: 56134877 13-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,63 x 31,77 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 13 A14 ID: 56134303 13-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 9 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 20,37 x 27,64 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 14 A15 ID: 56134498 13-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 31,60 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 15 ID: 56134498 13-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 13,23 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 16 A17 ID: 56118255 11-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 17,59 x 20,58 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 17 A18 ID: 56133964 13-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,41 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Falha de protocolo terá causado primeiro contágio de ébola nos EUA Infectada é uma enfermeira que assistiu Thomas Duncan, que contraiu o vírus durante viagem a África e morreu em Dallas. Autoridades admitem que outros profissionais de saúde possam ter sido expostos SPENCER PLATT/AFP Saúde Ana Fonseca Pereira Uma enfermeira da equipa do hospital de Dallas que assistiu a primeira vítima mortal de ébola nos Estados Unidos está infectada com o vírus, segundo os resultados das análises preliminares que realizou após ter sido internada com sintomas da doença. É o segundo caso de contágio fora de África e, tal como no caso da auxiliar de enfermagem espanhola, as autoridades dizem que houve uma falha nos protocolos de segurança em vigor, admitindo que outros profissionais que contactaram com Thomas Duncan possam vir a adoecer. “Sabíamos que poderia haver um segundo caso e tínhamo-nos parado para essa eventualidade”, afirmou David Lakey, chefe do Departamento de Saúde do Texas, ao dar conta do contágio, assegurando que os seus serviços “estão a reforçar as equipas e a trabalhar com extrema diligência para evitar novas infecções”. A visada pediu para que a sua identidade não fosse revelada, mas uma fonte do hospital adiantou à CNN que se trata de uma enfermeira que foi uma das 50 pessoas que estiveram envolvidas nos cuidados a Duncan, um cidadão da Libéria residente nos EUA, que morreu dia 8 no Hospital Presbiteriano de Dallas, duas semanas e meia depois de ter regressado de África. O seu estado é considerado estável e uma pessoa que lhe era próxima foi colocada em isolamento por prevenção, adiantaram as autoridades. Dan Varga, responsável clínico do grupo que gere o hospital, explicou que foi a própria infectada quem lançou o alerta: cumprindo as indicações de medir duas vezes por dia a sua temperatura, começou a sentir febre na sexta-feira à noite, notificou o hospital e foi de imediato internada num quarto de isolamento. Todo o processo, adiantou Varga, não demorou mais de 90 minutos. Os resultados dos primeiros testes confirmaram a presença do vírus, uma conclusão que as amostras enviadas para o laboratório dos Centros de Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta, deverão confirmar. As autoridades puseram de imediato em marcha o plano para iden- “Um único lapso ou falha pode resultar numa infecção”, sublinhou o director dos CDC tificar as pessoas com quem a enfermeira esteve em contacto nos últimos dias. Trata-se de um trabalho sistemático que, no caso de Duncan, levou a que 48 pessoas fossem colocadas sob vigilância, dez das quais (a noiva do liberiano, dois familiares e sete profissionais de saúde) eram consideradas como tendo estado em alto risco de contágio. “Vai ser preciso uma nova equipa de pessoas para rastrear todos os contactos” da enfermeira, adiantou a especialista em questões médicas da CNN, Elizabeth Cohen, explicando que, depois de os identificar, é preciso “mantê-los sob vigilância, medirlhes a temperatura duas vezes por dia e garantir que não abandonam os seus locais de residência habitual”. Em paralelo, os serviços de saúde tentam reconstituir os passos da enfermeira para tentar perceber como terá sido infectada. Dan Varga assegurou que a equipa hospitalar que tratou Duncan “seguiu na íntegra todas as indicações do CDC”, incluindo o uso “de batas, luvas, máscara e viseira” e disse estar “muito preocupado” com o facto de, mesmo assim, ter havido contágio. Basta um lapso Mas o director dos CDC, a autoridade federal máxima na gestão de surtos epidémicos nos EUA, mostrase assertivo. “Em algum momento, houve uma falha no protocolo de segurança e essa falha teve como resultado esta infecção”, afirmou Tom Frieden, durante uma conferência de imprensa, repetindo aquilo que vários especialistas têm dito: “Os protocolos [para evitar a propagação do ébola] funcionam, mas um único lapso ou falha pode resultar numa infecção”. Frieden adiantou ainda que a paciente “teve um contacto prolongado” e em “múltiplas ocasiões” com Thomas Duncan, o que torna mais provável que em algum momento tenha cometido alguma falha. O responsável admitiu que outros profissionais de saúde possam adoecer — “se esta pessoa esteve exposta é possível que outras tenham estado”. Uma falha no protocolo de segurança é também apontada como a causa provável para o contágio de Teresa Romero, a auxiliar de enfermagem que integrou as equipas do hospital de Madrid onde foi tratado um missionário espanhol que contraiu ébola em África. Responsáveis admitiram que Romero terá sido infectada ao tocar na cara quando, ainda de luvas, retirava o equipamento de protecção, mas o Ministério da Saúde adiantou ontem que as investigações ainda decorrem. Adiantou, por outro lado, que a auxiliar apresenta alguns sinais de melhoria, “com uma diminuição da carga viral”, o que, apesar da gravidade do seu estado, é “razão para ter esperança”. O actual surto de ébola, que começou em Dezembro, já matou mais de quatro mil pessoas, a quase totalidade na Guiné, Libéria e Serra Leoa. A ONU alerta para uma aumento exponencial de novos casos na região, face à incapacidade de resposta dos sistemas de saúde nacionais e à insuficiência da ajuda internacional. A directora-geral do Fundo Monetário Internacional diz, no entanto, que a mobilização que é necessária para travar a epidemia não deve servir de pretexto para “ostracizar” os países mais atingidos nem “criar um clima de terror no planeta ou sequer em toda a África”. Página 18 ID: 56133964 13-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,00 x 5,31 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Falha no protocolo provoca contágio do ébola nos EUA Enfermeira da equipa do hospital de Dallas que assistiu Thomas Duncan, primeira vítima mortal de ébola nos EUA, está infectada com o vírus p24 Página 19 A20 ID: 56127086 12-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 30 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 11,63 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 20 A21 ID: 56126622 12-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,18 x 23,08 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 21 A22 ID: 56126500 12-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 30 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,68 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 O mundo acordou para o ébola, mas tarda a travar epidemia em África Especialistas insistem que é na África Ocidental que as atenções internacionais devem estar concentradas. Continuam a faltar fundos e meios para combater a doença, que já matou mais de 4000 pessoas FLORIAN PLAUCHEUR/AFP Saúde Ana Fonseca Pereira Os avisos sucedem-se, os pedidos de ajuda multiplicam-se, os piores cenários começam a ser equacionados, mas o mundo tarda a passar das palavras à acção — rápida, concertada e decisiva. No mesmo dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o ébola já matou mais de 4000 pessoas desde que o surto foi declarado, em Março na Guiné-Conacri, as Nações Unidas avisaram que conseguiram recolher apenas 25% dos mil milhões de dólares que as suas agências precisam para combater a epidemia. “O nosso povo está a morrer”, implorou o Presidente da Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, dirigindo-se aos líderes reunidos quinta-feira na sede do Banco Mundial, em Washington, para discutir formas de combater o surto, no centro das atenções mundiais desde que uma enfermeira espanhola contraiu o vírus ao tratar de um doente repatriado e que um liberiano morreu nos EUA depois de regressar de África. O próprio presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, reconheceu que o mundo “falhou miseravelmente” na resposta à epidemia e reafirmou a promessa de contribuir com 400 milhões de dólares para ajudar os três países da África Ocidental mais atingidos. Mas Koroma mostrou-se pouco impressionado. “As promessas feitas no papel e durante estes encontros são boas. Mas os compromissos que se materializam no terreno são os melhores”, disse, ao apresentar a lista das necessidades do país, incluindo mais 1500 camas em hospitais de campanha, cinco novos laboratórios e cinco mil médicos, enfermeiros e auxiliares. “O que é preciso hoje era o que era preciso ontem”, afirmou, mas “até agora a resposta internacional tem sido mais lenta do que o ritmo de transmissão da doença”. Segundo os últimos números da OMS, até ao dia 8 tinham sido confirmados 2950 casos de infecção pelo vírus do ébola na Serra Leoa e 930 pessoas acabaram por morrer. A situação é ainda mais grave na Libéria (4076 infecções, das quais 2316 mortais), enquanto na Guiné, onde foi registado o primeiro caso em Dezembro (três meses antes de o surto ser Agentes funerários sepultam mais uma vítima do ébola, num cemitério improvisado na região de Freetown, a capital da Serra Leoa declarado) já morreram 778 pessoas. Estatísticas frias para a realidade enfrentada pelas organizações nãogovernamentais, que têm assumido o principal fardo da ajuda aos três países, onde os débeis sistemas de saúde entraram há muito em colapso — na Libéria e na Serra Leoa há camas disponíveis para apenas um quarto dos doentes, reconhece a OMS. A situação é tão desesperada no país de Koroma que, sexta-feira, os responsáveis dos Centros de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) dos EUA, em coordenação com outras organizações presentes no país, aprovaram um plano para ajudar as famílias a tratar os doentes em casa, fornecendo-lhes luvas e antipiréticos. “Isto é basicamente admitir a derrota, mas estamos a responder a uma necessidade”, disse ao New York Times Peter H. Kilmark, chefe da equipa dos CDC na Serra Leoa, explicando que até serem criadas as camas necessárias nos hospitais a epidemia vai continuar a alastrar. Um enviado do jornal norte-americano visitou um dos distritos mais afectados, às portas da capital, Freetown, e encontrou famílias inteiras doentes — como a de Sory Sesay, um menino de dois anos em estado terminal, infectado pelo vírus que já matou a mãe e uma irmã — cadáveres abandonados à porta de um centro de atendimento sobrelotado ou um homem, também ele doente, que viajou 100 km num táxi para trazer a filha moribunda a um hospital onde lhes foi negada entrada. Médicos e militares O Reino Unido prometeu criar 400 camas em novos centros de tratamento na Serra Leoa e os EUA, que já enviaram cem peritos, vão deslocar 4000 militares para erguer 17 novos hospitais de campanha na região. Cuba tem na zona centenas de profissionais de saúde e alguns países, como Timor-Leste, anunciaram contribuições significativas. Mas continua a faltar coordenação no terreno e a sobrar burocracia (contentores com equipamento de protecção doados pelo Japão estão desde Setembro num porto da Costa do Marfim). E a ajuda continua muito aquém das necessidades como prova a revelação, feita sexta-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas, de que a organização conseguiu recolher apenas um quarto do dinheiro que pediu para responder à crise. “Este é o desafio mais extraordinário que o mundo poderia enfrentar”, avisou David Nabarro, coordenador da ONU para o ébola, afirmando que os esforços para conter a epidemia são hoje “20 vezes superiores” aos que eram necessários em Agosto. Os especialistas insistem que é na África Ocidental que as atenções internacionais devem estar concentra- das — modelos estatísticos dos CDC prevêem que mais de um milhão de pessoas pode ser infectada só na Libéria se a epidemia não for rapidamente contida —, mas foi o surgimento de casos isolados na Europa e nos EUA que mudou a percepção do mundo sobre a ameaça, até agora vista como um problema regional. Ontem, o aeroporto JFK, em Nova Iorque, começou a fazer a despistagem sistemática aos passageiros que chegam ao país, pondo em prática um protocolo que será aplicado noutros quatro aeroportos internacionais, e o Reino Unido organizou um exercício nacional para testar o sistema de resposta ao eventual surgimento da doença no país. Em Espanha, a auxiliar de enfermagem Teresa Romero, o primeiro caso de contágio fora de África, apresentou algumas melhorias e o seu estado é descrito como “estável dentro de um quadro de gravidade”. Página 22 ID: 56126500 12-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 18,78 x 4,39 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Como o ébola se transformou numa praga com escala medieval O mundo acordou para o ébola, mas continuam a faltar meios para combater a doença, que já matou mais de 4000 pessoas Revista 2 e Mundo, 30 Página 23 A24 ID: 56134739 13-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 13 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 10,95 x 29,46 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 24 A25 ID: 56118064 11-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 13,32 x 15,27 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 25 A26 ID: 56134545 13-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,44 x 23,69 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 26 A27 ID: 56128411 12-10-2014 Tiragem: 8000 Pág: 4 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 21,09 x 10,00 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Dia Mundial da Saúde Mental “Doença mental não deve ser estigmatizada” HOSPITAL DE BRAGA | Redacção | Para assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental o Serviço de Psiquiatria do Hospital de Braga promoveu um programa especial sobre ‘Viver com Esquizofrenia’, tema proposto este ano pela Federação Mundial da Saúde Mental. Na sessão de abertura, o presidente da Comissão Executiva do Hospital de Braga, João Ferreira, reforçou que “a doença mental não deve ser estigmatizada. O hospital faz parte da comunida- DR Hospitla de Braga celebrou Dia Mundial da Saúde Mental de e tem uma responsabilidade particular ao promover iniciativas como esta”. O administrador finalizou a sua intervenção dizendo que “a doença mental cada vez mais se trata em comuni- dade”. O director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Braga, Bessa Peixoto, referiu que “as doenças de foro psiquiátrico, como a esquizofrenia, tornaram-se numa das principais causas de incapacidade a longo prazo, com impacto nas relações familiares, sociais e de trabalho”. Ainda no âmbito desta comemoração, o Hospital de Braga acolhe até ao próximo dia, na entrada principal, a exposição ‘Expressão pela Arte’, desenvolvida pelos Utentes do Hospital de Dia do Serviço de Psiquiatria. Página 27 A28 ID: 56118739 11-10-2014 Tiragem: 107900 Pág: 28 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 29,39 x 46,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 28 A29 ID: 56133979 13-10-2014 Tiragem: 130000 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,77 x 19,08 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Peso é inimigo da gravidez Fertilidade. Entre 30% a 40% das mulheres com excesso de peso têm dificuldade em engravidar, revela um estudo do grupo IVI, especializado em Procriação Medicamente Assistida (PMA). “Entre 30% a 40% das mulheres obesas têm dificuldade em engravidar. Existem dados que mostram a relação entre o índice de massa corporal elevado e a fertilidade”, explica Sérgio Soares, diretor do IVI Lisboa. O excesso de peso pode gerar alterações hormonais que fazem com que a mulher não ovule, e sem ovulação, não pode engravidar. “Por outro lado, estudos realizados pelo grupo IVI sobre ‘Female obesity: short and long-term consequences on the offspring’ (Obesidade feminina: consequências a curto e longo prazo na descendência) mostram que as mulheres que estão acima do seu peso, que ovulam e ficam grávidas, têm três vezes mais risco de ter complicações obstétricas, maior risco de aborto e morte fetal”, refere uma nota de imprensa enviada ao metro. Os ginecologistas recomendam um plano de redução de peso, pelo menos entre três a seis meses antes dos casais pensarem em engravidar, quer seja de forma natural ou atraR.M. vés de tratamento de PMA. Praticar exercício físico e fazer dieta “pode ser a primeira medida para conseguir alcançar o peso ideal e ter um estilo de vida mais saudável”, aconselha o IVI Lisboa. © 123RF Mães obesas, filhos obesos Estudo mostra que o peso a mais não tem apenas consequência para as mães, mas também para os filhos. Isto acontece porque as condições no útero materno têm efeitos sobre a fisiologia fetal. Ou seja, o ambiente onde se desenvolve o feto condiciona o seu desenvolvimento durante a vida. A isto chama-se “memória metabólica” e influencia, por exemplo, que a obesidade seja um problema perpétuo e autogerido, revela ainda o estudo realizado pelo IVI. Página 29 ID: 56133979 13-10-2014 Tiragem: 130000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,00 x 3,62 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Peso influencia gravidez Nacional. Estudo revela que 30% a 40% das mulheres com excesso de peso têm dificuldade em engravidar. Entre as obesas que engravidam há um risco três vezes maior de complicações. Consequências também para os filhos pág. 04 PUB Página 30 A31 ID: 56133995 13-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,88 x 30,61 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Poucos bebés de seis meses só bebem leite materno Saúde Romana Borja-Santos Valor de 22% fica longe das metas da Organização Mundial de Saúde, mas melhorou desde 2010 A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os bebés sejam alimentados em exclusivo com leite materno até aos seis meses, mas em Portugal só 22% das crianças nesta idade cumprem esta meta. Os dados, referentes a 2013, fazem parte do Registo do Aleitamento Materno e foram divulgados neste domingo pela Direcção-Geral da Saúde (DGS). Apesar de os valores estarem muito aquém das metas da OMS, que pretendia ter pelo menos 50% dos bebés em aleitamento exclusivo até aos seis meses, a verdade é que Portugal tem conseguido uma evolução positiva. No período de três anos, o país conseguiu passar de 14% dos bebés a cumprirem as indicações da OMS para 22%. O relatório, que é feito desde 2010 com o objectivo de monitorizar os processos de alimentação de lactentes e crianças pequenas em Portugal, indica ainda que no ano passado mais de 98% dos bebés começaram a mamar antes da alta hospitalar. Em quase 77% dos casos o aleitamento materno foi conseguido em exclusivo, isto é, sem que tenha sido dado nenhum tipo de suplementos. Um valor que sobe para os 79% nos chamados Hospitais Amigos dos Bebés, que são unidades que cumprem dez medidas definidas pela OMS e consideradas essenciais para a promoção, protecção e apoio ao aleitamento materno. Além dos dados sobre o aleitamento aos seis meses, o relatório mostra também que na chamada consulta de puerpério, feita entre a quinta e a sexta semana de vida, 88% das crianças mantinham-se a tomar o leite da mãe em exclusivo. No entanto, aos dois meses este valor cai abruptamente para menos de 52% e, aos quatro meses, volta a descer para 35%. Ao todo, em 10% dos casos as famílias optaram por iniciar a alimentação complementar (como papas e sopas) antes dos cinco meses e 25% fizeram-no antes dos seis meses. A recolha dos dados foi feita em hospitais e centros de saúde e contou com uma amostra de mais de 31 mil recém-nascidos, o que corresponde a 25% dos nascimentos em Portugal. Página 31 A32 ID: 56134029 13-10-2014 Tiragem: 130000 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,68 x 12,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Saúde. Site sobre défice de atenção e hiperatividade Portugal já tem uma plataforma gratuita de E-Learning sobre Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) disponível em www.clubephda.pt. Criada pela Unidade de Neurodesenvolvimento do Centro da Criança do Hospital CUF Descobertas, o site responde às necessidades do ensino à distância, permitindo aprofundar informação cientificamente credível sobre a PHDA e dotar pais e professores de ferramentas que promovam o desenvolvimento saudável dos jovens. Número 5% a 8% das crianças em idade escolar em Portugal sofrem de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Em média, em Portugal, em cada 20 alunos numa sala de aula, há uma criança com PHDA. Página 32 A33 ID: 56134515 13-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 31,60 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 33 ID: 56134515 13-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,22 x 2,91 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 34 A35 ID: 56117752 11-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,68 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 5 ÉBOLA “Qualquer elemento pode falhar perante uma situação de stress” Director do Serviço de Infecciologia do Curry Cabral, um dos hospitais preparados para eventuais casos de ébola, diz que há gestos involuntários que podem comprometer a contenção Catarina Gomes O quarto 13 está pronto para acolher eventuais doentes infectados com o vírus ébola. Na folha afixada na parede da antecâmara que lhe dá acesso estão descritos ao pormenor os nove passos para despir de forma segura o chamado Equipamento de Protecção Individual, depois do contacto com o doente ou com o seu material orgânico: desde a viseira e o respirador, que têm de ser “pegados pelas fitas”, ao fato, que tem que ser retirado “tocando apenas pelo interior”. Sublinha-se que tudo tem de ser feito “com movimentos suaves”. Mas uma coisa são as instruções escritas num papel, outra diferente é “estar a trabalhar com grande stress, em situações que geram medo. Há gestos involuntários e reacções que as pessoas não controlam e que podem fazem falhar as medidas de contenção”, explica Fernando Maltez, director do Serviço de Infecciologia do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, uma das três unidades de referência do país preparadas para receber eventuais casos de ébola. Fernando Maltez diz que não há informação suficiente sobre o caso da auxiliar de enfermagem que foi infectada em Madrid, mas admite que tenha havido “uma falha involuntária”. A espanhola deu algumas entrevistas e contou que pensa que se terá contaminado ao tocar na cara com as luvas, quando despia o equipamento, depois de ter entrado no quarto do missionário infectado, onde esteve duas vezes, uma para mudar um pano e outra para fazer a limpeza depois da morte do doente. “Temos um plano de contingência montado que consideramos seguro, mas, como qualquer plano de contingência, qualquer elemento de uma equipa pode falhar perante uma situação de stress, de risco, pode ter um gesto que faz falhar o sistema todo. São coisas imprevisíveis. É sempre possível”, admite o médico, que é também o presidente do colégio da especialidade de Infecciologia da Ordem dos Médicos. Mas sublinha que o que está em causa para um país como Portugal não é um cenário “de propagação descontrolada da infecção”, como o que está a acontecer na África Ocidental. “O perigo real para a Europa e Portugal é o de vir a ter alguns casos importados”, mas, “a partir do momento em que são detectados, pensamos que temos mecanismos controlados para controlar a infecção”. Fernando Maltez nota que aqueles que são os locais de grande disseminação “têm infra-estruturas de saúde muito limitadas, não têm equipamentos de protecção, médicos em número suficiente, quartos de isolamento”. Dos 14 quartos desta enfermaria de isolamento do Serviço de Doenças Infecto-Contagiosas do Curry Cabral, há dois preparados para acolher eventuais casos de ébola em Portugal. À primeira vista, parece uma banal enfermaria, com corredores de Um dos quartos do Curry Cabral que podem acolher casos de ébola ar asséptico e luzes artificiais, mas pequenos pormenores, uns visíveis outros invisíveis, distinguem-na de outras. No exterior de cada quarto de isolamento, há dois mostradores que parecem conta-quilómetros: servem para medir a pressão do quarto e da antecâmara que o precede (todos estes quartos têm uma espécie de pe- Voos para Bissau podem “aumentar risco” F ernando Maltez considera que “a situação é preocupante”, porque “a epidemia na África Ocidental não está de forma alguma controlada. Continua a aumentar e, portanto, há riscos de propagação aos países com fronteiras terrestres com zona endémica”. Questionado sobre se a retoma dos voos directos da TAP com Guiné-Bissau implicará riscos acrescidos para Portugal, admite que “pode aumentar o risco”. Os três voos semanais com o país, que faz fronteira com a Guiné-Conacri, um dos países afectados, serão retomados a 26 de Outubro. As ligações aéreas entre Lisboa e Bissau foram interrompidas em Dezembro, devido ao embarque de cidadãos de origem síria com documentos falsos. O último balanço da Organização Mundial de Saúde, do mês passado, dá conta de 579 casos confirmados e 343 mortes na Guiné-Conacri. O ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse esta quartafeira na comissão parlamentar de Saúde que Portugal está a equacionar enviar uma equipa para a Guiné-Bissau para ajudar a população a dar resposta ao vírus ébola “na linha da frente”. Segundo a Lusa, adiantou que as autoridades nacionais estão a apoiar também Cabo Verde, Moçambique e São Tomé, com formação e equipamento. queno hall fechado), de modo a que a divisão esteja a pressão inferior à da antecâmara, de modo a impedir que o ar saia para o corredor e seja antes empurrado para os filtros de ar no quarto. Como na entrada de um banco, é preciso que uma porta se feche para que seja possível abrir a seguinte. No quarto, todo o ar é renovado cinco a seis vezes por hora, explica Fernando Maltez. É na antecâmara de cada quarto que muito está em jogo. É aqui que tem de ser vestido e, mais importante, despido o equipamento de protecção que é suposto servir de barreira ao contágio, para que quem contacte com o doente, ou com o seu material orgânico (sangue, saliva, por exemplo), não seja infectado. Depois de usado, o equipamento é colocado num caixote, para ser incinerado, explica Fernado Maltez. A enfermaria está vazia de doentes. Enquanto fazemos a visita ao quarto, uma empregada da limpeza apenas tem tempo de dizer que não tem medo de ali trabalhar e que usa sempre o equipamento — antes de ser impedida de falar com o PÚBLICO. O médico diz que deram e estão a dar formação a todos os que possam incorrer em perigo, médicos e enfermeiros, certamente, mas também auxiliares de enfermagem, empregados de limpeza, electricista e funcionário da casa mortuária. Questionado sobre Página 35 ID: 56117752 11-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 21,75 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 5 4033 ENRIC VIVES-RUBIO pessoas morreram até ao final de dia 8, vítimas de ébola. Ainda segundo a OMS, havia então 8399 pessoas infectadas, incluindo o caso da auxiliar de enfermagem espanhola Orientações da DGS para responder ao ébola estão todas a ser revistas Alexandra Campos A o número e tipo de acções de formação, responde que são “em número e quantidade adequados”. No resto do país, estão em curso as medidas de contenção que lhe parecem as mais adequadas, como a criação de “salas individualizadas para estes doentes estarem separados” em todas as unidades de saúde, a regras que implicam que só os aeroportos de Lisboa e Lajes possam receber aviões com casos suspeitos, comentando assim o caso do avião que, esta semana, foi impedido de aterrar no Funchal para reabastecer, por transportar uma médica norueguesa, da organização Médicos Sem Fronteiras, infectada com ébola na Serra Leoa. Acabou por fazer escala nas Canárias. Quem responde por esse tipo de medidas é a Direcção-Geral de Saúde, sublinha, mas diz que “não faria sentido abrir um precedente permitindo que aterrasse no Funchal. É a mesma coisa que dizer que os hospitais de referência para o ébola são o São João e o Curry Cabral e autorizar a ida de um doente infectado para o Hospital da Guarda”. Direcção-Geral da Saúde (DGS) actualizou ontem os procedimentos de segurança na colheita, manipulação e transporte das amostras de sangue de casos suspeitos de infecção por vírus de ébola e, nos próximos dias, vai rever todas as orientações para os profissionais, mas serão alterações de pormenor, adianta Paula Vasconcelos. Apesar de, em termos epidemiológicos, a situação não se ter alterado em Portugal, “a percepção do risco aumentou” agora, com a notícia do contágio da auxiliar de enfermagem espanhola, e os profissionais começaram a ler as orientações divulgadas desde Abril e a fazer perguntas, explica a especialista da DGS. “Está a ser tudo revisto, até para afinar a linguagem e para que não haja tantas dúvidas”, diz. “A resposta está bem montada e o que é preciso, agora, é uniformizar procedimentos”, sublinha Jorge Machado, coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), o laboratório de referência. Foi para evitar falhas que o instituto promoveu ontem uma acção de formação em que participaram especialistas de vários pontos do país. O objectivo central foi o de esclarecer como vestir e despir os fatos de protecção usados pelos profissionais que têm de lidar com casos suspeitos. Até à data, o Insa foi chamado a actuar em quatro casos considerados suspeitos, que se vieram a revelar todos negativos (três eram doentes com malária e o outro tinha febre tifóide). Com cinco laboratórios de alta segurança, pessoal treinado e já “posto à prova em sucessivas crises”, como a do antrax, em 2001, e a do vírus H1N1 (a gripe A), o instituto tem uma equipa dedicada a este Com a percepção do risco a aumentar, DGS está a actualizar orientações para profissionais de saúde problema, mas, na rectaguarda, há grupo de profissionais “bem maior que está todo treinado”. Mas, se no laboratório de referência e nos três hospitais definidos para receber os casos suspeitos (Curry Cabral e o D. Estefânia, em Lisboa, e o S. João, no Porto) o pessoal está a ser formado, o que é que está a acontecer nas outras unidades de saúde? “O elo mais fraco” do sistema de saúde são as urgências, teme Mário Jorge Santos, da Associação Portuguesa dos Médicos de Saúde Pública, que lembra que trabalham nestes serviços muitos clínicos contratados à tarefa e que os cortes orçamentais têm contribuído para a “degradação” das condições. “O meu principal receio é que chegue um doente a um serviço de urgência e seja visto por alguém que não faça parte do staff”, explica. Apesar de o risco em Portugal ser “baixíssimo” e de o país estar “bem preparado”, é preciso acautelar este tipo de situações, sustenta. “A maior preocupação sente-se entre os profissionais que trabalham nas urgências”, corrobora Bruno Noronha, da Ordem dos Enfermeiros, que lembra que a própria distribuição arquitectónica destes serviços não é de molde a facilitar o isolamento dos doentes. “Numa primeira abordagem, os doentes estão todos juntos e, a agravar, os sintomas da infecção por ébola confundem-se com os sintomas de uma gripe normal”, lembra Bruno Noronha, que trabalha no Hospital de Santa Maria. “Actualmente temos um nível de alerta entre verde e amarelo, mas devemos estar conscientes de que este pode elevar-se”, defende Jorge Atouguia, especialista em medicina tropical e infecciologia. Um problema que não tem sido equacionado é a previsível “desregulação que este fenómeno vai provocar nos serviços de saúde”, com a necessidade de isolar doentes, perspectiva. Página 36 ID: 56117752 ÉBOLA 11-10-2014 PERGUNTAS E RESPOSTAS Como posso ser infectado? A infecção resulta do contacto directo com líquidos orgânicos dos doentes, como sangue, suor, saliva, urina, fezes, sémen, fluidos vaginais, órgãos e outros fluidos ou contacto com objectos contaminados. Deve também evitar-se o contacto com alguns animais selvagens como macacos, roedores e morcegos e o consumo de carne crua. É recomendada a lavagem frequente das mãos com produtos como gel desinfectante. Como não posso ser infectado? Ar, água e picadas de insectos que tenham picado anteriormente pessoas doentes. Corro riscos por contactar com alguém que tenha tido ébola? A transmissão da doença por via sexual pode ocorrer até sete semanas depois da recuperação clínica. Quanto tempo demora a doença a manifestar-se? Podem passar 21 dias até surgirem os primeiros sintomas. Quais são os principais sintomas e quando surgem? Os primeiros sintomas podem ser semelhantes aos de uma constipação e podem surgir nos primeiros dias, ainda que o mais comum é que se manifestem entre o 7.º e o 9.º dias, destacando-se a febre, cansaço, dores de cabeça, dores musculares e dores articulares. Entre o 10.º e o 11.º dias, o doente costuma sentir um cansaço extremo, podendo também surgir dores no estômago, vómitos, erupções na pele e hematomas, diarreia e hemorragias intestinais, hemorragias pelo nariz, boca e olhos e alucinações. Numa terceira fase, entre o 12.º e 13.º dias, a doença evolui para hemorragias internas, falência hepática e renal, convulsões e perda de consciência. Quando devo procurar um médico? Assim que sinta febre, vómitos, dores musculares ou de cabeça fortes, depois de ter estado num país afectado pela doença ou com alguém que estava doente. Devo dirigir-me directamente para um hospital? Não. Deve contactar sempre primeiro a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e referir os locais onde esteve nos últimos 21 dias para que seja encaminhado para um dos hospitais de referência para os casos suspeitos (Dona Estefânia e Curry Cabral, em Lisboa, e São João, no Porto). No hospital deve evitar o contacto com as outras pessoas, cobrir a boca e avisar logo à entrada que poderá estar infectado para ser encaminhado para a zona apropriada. Se os sintomas surgirem ainda durante o voo de regresso, deve informar de imediato a tripulação da aeronave. Há tratamento para o ébola? Não há vacina e os tratamentos disponíveis são apenas experimentais, pelo que o principal objectivo é controlar alguns sintomas como a febre e a desidratação dos infectados. Estão também a ser testados soros com os anticorpos gerados por quem sobreviveu ao vírus. É seguro viajar para os países com surtos de ébola na África Ocidental? Segundo a Organização Mundial de Saúde, o risco de um turista contrair a infecção durante uma visita a áreas afectadas e desenvolver a doença após o regresso é extremamente baixo. Em todo o caso, os turistas e viajantes em geral são aconselhados a evitar o contacto directo com sangue, secreções, ou outros fluidos corporais de pessoas infectadas, vivas ou mortas, ou de animais. Fontes: Direcção-Geral da Saúde, Organização Mundial de Saúde, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças Tiragem: 36230 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,82 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 5 O vírus, os cães e a ciência O único estudo sobre o tema sugere que cães ficam infectados pelo ébola. Até que ponto o cão da mulher espanhola doente de ébola teria permitido saber mais, se não tivesse sido abatido? Teresa Firmino O debate em torno do abate do cão da auxiliar de enfermagem espanhola infectada com o vírus do ébola já extravasou a questão dos direitos dos animais, e até o fait-divers mediático, e entrou em terreno científico. Afinal, os cães também podem ficar infectados pelo vírus? E, nesse caso, transmiti-lo às pessoas? Não há uma resposta taxativa, apenas algumas pistas nesse sentido. Além dos humanos, o vírus pode matar vários animais, como chimpanzés e gorilas, e pensa-se que os morcegos-da-fruta em África são o seu reservatório natural. A relação entre o vírus do ébola e os cães ganhou visibilidade quando as autoridades espanholas ordenaram a abate do cão da auxiliar de enfermagem, em estado grave ontem ao início da noite — e que ficou contaminada após ter entrado no quarto de um missionário espanhol vindo doente da Serra Leoa (morreu a 25 de Setembro). Insurgindo-se contra essa decisão, que começou com o marido da espanhola a não autorizar o abate do cão, os defensores dos direitos dos animais lançaram uma petição para que ficasse em quarentena. De nada valeram os protestos. O cão foi morto quarta-feira e o corpo incinerado. Para a decisão, o Departamento de Saúde da Comunidade de Madrid argumentou que a informação científica existente mostrava que “os cães podem ser portadores do vírus mesmo sem terem sintomas” e que o animal apresentava “um risco de transmissão da doença ao homem”. Só existe um único estudo sobre a infecção do ébola nos cães. E é isso que diz. Publicado em 2005, na revista Emerging Infectious Diseases, dos Centros para o Controlo e Prevenção das Doenças dos EUA, o estudo foi feito no Gabão a seguir a um surto humano em 2001-2002. A equipa de Eric Leroy, do Centro Internacional de Investigações Médicas de France- ville (Gabão), estudou 337 cães neste país, a maioria em zonas com o surto, à procura de anticorpos específicos contra o ébola desenvolvidos pelo sistema imunitário dos animais, bem como proteínas do vírus (antigénios) e material genético viral. Os cientistas detectaram anticorpos contra o vírus no sangue de vários cães — o que é um sinal indirecto de que estiveram em contacto com o vírus do ébola, já que houve uma resposta imunitária contra ele. Mas não detectaram nem antigénios do vírus nem material genético dele, o que significa que não detectaram o próprio vírus nos cães. O vírus do ébola, descoberto em 1976, no antigo Zaire, nunca foi detectado de forma directa nos cães É neste sentido que surgem os esclarecimentos do director-geral da Saúde português, Francisco George, à Lusa: “O vírus não foi nunca detectado no cão”, garantiu. “No plano da precaução, a questão do cão foi considerada importante, porque não se sabe até que ponto pode ou não ter a infecção e se é, portanto, uma fonte eventual de transmissão.” Do homem para o cão? Essa possibilidade está nas conclusões da equipa de Leroy, atendendo à presença de anticorpos contra o vírus no sangue dos cães: “O estudo sugere que os cães podem ser infectados pelo ébola e que a suposta infecção é assintomática”, diz o artigo. Segundo as observações da equipa, os cães podem ter sido infectados ou por animais selvagens doentes ou pelos seres humanos. “Observámos alguns cães a comer restos de animais mortos infectados pelo ébola, trazidos para as aldeias, e outros a lamber o vomitado de pessoas in- fectadas”, relatam os cientistas. “Os resultados sugerem fortemente que os cães podem ser infectados pelo ébola e que alguns cães nas aldeias foram contaminados durante o surto humano de 2001-2002”, refere o artigo, acrescentando que nenhum dos cães altamente expostos ao vírus nesse surto desenvolveu sintomas. Do cão para o homem? “Tendo em conta a frequência dos contactos entre humanos e cães domésticos, a infecção canina de ébola deve ser considerada como um factor de risco potencial para a infecção humana e a propagação do vírus. A infecção humana pode acontecer através de lambidelas, mordeduras e festas”, refere ainda o artigo. Os cientistas também põem a hipótese de os cães, abundantes nas aldeias africanas, poderem transmitir o vírus às pessoas: “Os cães infectados sem sintomas podem ser uma fonte potencial de surtos humanos de ébola e da disseminação do vírus durante surtos humanos, o que poderá explicar alguns casos humanos sem relação epidemiológica”, escrevem. E mencionam vários surtos humanos de origem ainda hoje desconhecida, na República Democrática do Congo, no Gabão e no Sudão, cuja génese poderia assim ter uma explicação. Resumindo, embora existam mais indícios de transmissão dos humanos e de outros animais infectados para os cães, não é possível excluir que a transmissão também se possa dar dos cães para os humanos. Apesar das pistas deste estudo, está por determinar o papel exacto dos cães nos surtos de ébola, uma vez que a análise de Eric Leroy foi feita a posteriori. Por isso, a hipótese de os cães infectarem os humanos através de lambidelas ou mordidelas não está testada. O que faz David Moore, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, dizer à revista Time que “não há provas que sustentem o papel dos cães na transmissão”. Partindo destas incertezas, a discussão sobre o cão espanhol é se teria sido útil à ciência tê-lo mantido Página 37 ID: 56117752 11-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 13,54 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 4 de 5 ERNESTO BENAVIDES/AFP Suspeita-se que os cães façam parte da cadeia de transmissão do vírus do ébola em África vivo. Os especialistas dividem-se. Ouvido pelo jornal El País, Eric Leroy considerou que o cão espanhol não devia ter sido abatido. “É muito interessante do ponto de vista científico, não serve de nada matá-lo”, defendeu ainda antes da morte do animal. “Deve ser isolado e monitorizado, os parâmetros biológicos estudados e ver-se se excreta o vírus.” Como o estudo no Gabão foi já depois do surto, Eric Leroy frisou: “Em Madrid, temos [tínhamos] um possível caso activo, com o qual [podíamos] aprender muitas coisas, como, por exemplo, se os cães representam de facto um foco de infecção nos surtos do ébola.” Se estiver infectado, defendeu, poderia ver-se se recuperaria e se teria eliminado o vírus. Porém, os especialistas espanhóis levantaram o problema de Espanha não ter um laboratório de biossegurança de nível 4 (o máximo), exigi- do para manipular o ébola. “O ideal seria transferi-lo [ao cão] para condições de biossegurança, coisa que não temos em Espanha, e pô-lo em observação”, disse ao El País José Manuel Sánchez Vizcaíno, especialista em sanidade animal da Universidade Complutense de Madrid. “Não se podia correr o risco de infectar tratadores e veterinários.” O cão foi abatido no Laboratório de Alerta Biológica daquela universidade, e transportado para incineração num dispositivo selado de biossegurança. Não houve recolha de amostras. Isso criaria mais riscos, disse ao El País o coordenador do laboratório, Luis Martín Otero, “Tinha de se usar um laboratório de nível 4.” A questão que permanece é por que não se optou então por enviar o cadáver para autópsia num dos países europeus que possuem instalações de biossegurança adequadas. Página 38 ID: 56117752 11-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,93 x 4,51 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 5 de 5 Orientações para responder ao ébola estão a ser revistas Com a percepção do risco a aumentar, a DGS está a actualizar orientações para profissionais de saúde p6 a 9 Página 39 A40 ID: 56126914 12-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,83 x 4,83 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 40 A41 ID: 56128093 12-10-2014 Tiragem: 5550 Pág: 19 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 25,97 x 16,48 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Saúde Pública em risco: Sobras dos hipermercados sem controlo RELATÓRIO A Quercus realizou, recentemente, um relatório sobre a gestão de SPOA (Subprodutos de Origem Animal) na chamada Grande Distribuição (Super/Hipermercados) e concluiu que em alguns casos pode estar a existir má gestão com risco para a saúde pública e animal. A legislação obriga a que todos os produtos que contenham derivados animais quando classificados como SPOA (fora de prazo, restos de talho e peixaria, etc.) devam ser recolhidos seletivamente. Os produtos em causa são desde os mais evidentes, por exemplo restos do talho ou carne embalada, aos menos evidentes, por exemplo enlatados de salsicha ou bolos que contenham ovos na sua constituição. O referido relatório foi enviado, em Julho, para as Secretarias de Estado do Ambiente e da Agricultura, assim como para a APA, DGAV, ASAE e IGAMAOT com um pedido de informações complementares. D.R. A ASAE foi a primeira entidade a responder à Quercus, tendo confirmado ter já instaurado 20 processos de natureza contraordenacional, um dos quais a um operador de SPOA: a empresa Sign Mais, Lda. Situação confirmada pela DGAV que na resposta dada à Quercus confirma ter retirado a licença para a zona sul do País. A IGAMAOT respondeu que o assunto não é da sua competência. Aguardamos ainda uma resposta das Secretarias de Estado do Ambiente e da Agricultura e a APA, sendo que hoje apelamos publicamente a estas entidades para que dêem essa resposta. Os SPOA da grande distribuição, quando corretamente geridos, devem ser refrigerados até serem enviados para instalações autorizadas pela DGAV, também refrigeradas, para serem classificados, desembalados quando necessário (as embalagens seguem para a reciclagem) e enviados para os vários destinos possíveis/autorizados, nomeadamente para a produção de rações para animais, ou combustíveis líquidos no caso de óleos e gorduras, ou se necessário eliminados. O risco para a saúde pública é elevado se os operadores de SPOA tentarem encaminhar para alimentação humana, através de mercados paralelos, esses produtos. Ou, certamente o mais comum, se fizerem uma má gestão destes SPOA, misturando com outros sem controlo veterinário que são depois utilizados no fabrico de rações para animais. A Quercus está muito preocupada, pois o seu relatório e as respostas da ASAE e da DGAV fundamentam suspeitas que os SPOA podem não estar a ser bem geridos. Apelámos assim às Secretarias de Estado doAmbiente e da Agricultura, ASAE, APA, DGAV e IGAMAOT que tomem medidas para que situações que já foram recentemente identificadas noutros Países não venham a ocorrer em Portugal, nomeadamente. | A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza Página 41 A42 ID: 56127099 12-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 29,80 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 42 A43 ID: 56127736 12-10-2014 | Domingo Tiragem: 150542 Pág: 7 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 9,97 x 2,98 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 43 A44 ID: 56134221 13-10-2014 Tiragem: 12855 Pág: 36 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,82 x 23,71 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Página 44 A45 ID: 56126770 12-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 33,60 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Página 45 ID: 56126770 12-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 17,74 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Página 46 ID: 56126770 12-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 13,13 x 2,41 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Página 47 A48 ID: 56127049 12-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 30,53 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 48 ID: 56127049 12-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,41 x 5,26 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 49 A50 ID: 56126566 12-10-2014 | 2 Tiragem: 37998 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 8 UMA PRAGA COM ESCALA MEDIEVAL Página 50 12-10-2014 | 2 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 8 DOMINIQUE FAGET/AFP ID: 56126566 Tiragem: 37998 No início de Setembro, com mais de 1800 mortes confirmadas em países da África Ocidental, ainda não havia uma resposta mundial coordenada para a epidemia do ébola. No início desta semana, foi noticiado o primeiro caso de contágio fora do continente — em Madrid. A doença já matou 3400 pessoas, infectou 7500 e ameaça alastrar-se. Como chegámos aqui? LENA H. SUN, BRADY DENNIS, LENNY BERNSTEIN, JOEL ACHENBACH Página 51 T ID: 56126566 om Frieden recorda a mulher jovem com um cabelo lindo, pintado de louro e meticulosamente entrançado, de forma elaborada, provavelmente por alguém que a amava muito. Estava deitada de cabeça para baixo, com meio corpo fora do colchão. Estava morta há horas e as moscas já tinha encontrado a pele nua das suas pernas. Outros dois corpos estavam por perto. Os pacientes acamados que ainda não tinham sucumbido diziam dos mortos: “Por favor, levem-nos daqui para fora.” Frieden, director dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, sabia que não era um assunto simples tratar apropriadamente de um corpo carregado de vírus do ébola. São precisas quatro pessoas com fatos de protecção, uma para cada canto do saco de cadáveres. Naquele dia triste de finais de Agosto, numa ala exclusiva para doentes do ébola no hospital de Monróvia, na Libéria, as equipas funerárias já tinham levado 60 vítimas para um camião para serem cremadas. Ao longo dos anos, Frieden assistiu a muitas mortes, mas isto era muito pior do que estava à espera, uma praga com escala medieval. “Uma cena tirada do Dante”, descreveu. Abalado, voltou aos Estados Unidos a 31 de Agosto e imediatamente resumiu a situação por telefone ao Presidente Barack Obama. A janela de acção estava a fechar-se, disse ao Presidente nesse telefonema de 15 minutos. Essa conversa, quase seis meses depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter ficado a saber de um surto de ébola na África Ocidental, fez parte de uma tomada de consciência por parte dos líderes mundiais de que a batalha contra o vírus estava a ser perdida. No início de Setembro, com mais de 1800 mortes confirmadas na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, ainda não havia uma resposta global coordenada. Responsáveis americanos alarmados perceberam que tinham de chamar o Exército. Obama acabou por ordenar a mobilização de três mil oficiais para a África Ocidental; cerca de 200 começaram a chegar no início deste mês. Irão juntar-se a eles funcionários de saúde de países como o Reino Unido, China e Cuba. O Canadá e o Japão estão a enviar equipamento de protecção e laboratórios móveis. Organizações sem fins lucrativos, como a Gates Foundation [de Bill Gates], também estão a contribuir. Mas ainda não é nada claro que esta resposta musculada seja suficiente para debelar a epidemia antes de ela ceifar dezenas de milhares de vidas. Esta é uma crise cujo desfecho está em aberto e que envolve uma ameaça microscópica em movimento. Na semana passada, surgiu a notícia perturbadora de que a epidemia tinha atravessado o oceano Atlântico para um hospital no Texas, onde um liberiano tinha sido diagnosticado com o vírus. [Na terça-feira, ficou-se também a saber que uma auxiliar de enfermagem contraiu ébola num hospital de Madrid, depois de tratar de um missionário e médico espanhol infectado na Serra Leoa, que acabou por morrer a 25 de Setembro; a mulher, de 40 anos, começou a apresentar os primeiros sintomas cinco dias depois. Este foi o primeiro caso conhecido de contágio fora de África.] Como é que a situação saiu assim de controlo? O vírus ultrapassou com facilidade a resposta titubeante que teve. A OMS, um braço das Nações Unidas, é responsável por coordenar a acção internacional em crises como esta, mas sofreu cortes no orçamento, perdeu muitas das suas mentes mais brilhantes e foi 12-10-2014 | 2 Tiragem: 37998 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 8 REUTERS praga é tanto biológica como psicológica e o medo pode espalhar-se ainda mais depressa do que o vírus. U lenta a disparar o alarme mundial contra a epidemia. Os surtos anteriores de ébola tinham sido debelados com rapidez, mas essa experiência revelou-se agora enganadora e os responsáveis não anteviram a escala potencial do desastre. As suas imaginações não corresponderam à virulência do vírus. “Retrospectivamente, poderíamos ter respondido mais depressa. Algumas das críticas são apropriadas”, reconheceu Richard Brennan, director do Departamento de Gestão do Risco e Resposta Humanitária da OMS. Mas acrescentou: “Aceitamos algumas críticas, mas também acho que temos de colocar as coisas em perspectiva, que o surto tem uma dinâmica diferente de tudo o que tínhamos visto antes e que, penso, apanhou todos desprevenidos.” A epidemia expôs uma falta de correspondência entre as aspirações dos responsáveis da saúde mundial e a realidade do controlo de doenças infecciosas. Altos responsáveis fizeram reuniões para delinear estratégias à distância sobre como combater doenças emergentes e o bioterrorismo, enquanto médicos e enfermeiros que estão na linha da frente não têm sequer luvas de látex, máscaras de protecção, líquidos para reidratação ou sequer funcionários para carregar os corpos para a morgue. “Não podemos esperar por essas reuniões de alto nível onde no meio de cocktails e petitfours se discute o que se vai fazer”, exclama Joanne Liu, chefe internacional dos Médicos Sem Fronteiras, quando soube de mais uma iniciativa da ONU. O seu grupo esteve entre os primeiros na resposta à conflagração do vírus e manteve o seu pessoal na África Ocidental ao longo da crise. A África Ocidental estava mal equipada para um desastre como o ébola, porque a guerra civil e a pobreza crónica deram cabo dos sistemas de saúde locais e há poucos médicos e enfermeiros. Os funcionários da saúde na região nunca tinham tido de lidar com um surto de ébola e naqueles primeiros meses críticos não sabiam o que estavam a ver. Na Primavera, a epidemia parecia estar a desaparecer, trazendo um excesso de confiança aos responsáveis. E foi então que o vírus saltou das aldeias rurais para as cidades populosas. As tradições locais na forma como se lida com os cadáveres levaram a mais infecções. Alguns africanos-ocidentais acreditam que o dia em que morremos é o dia mais importante da nossa vida. O adeus final pode ser um ritual aficionado, no qual o corpo é lavado e vestido e em algumas aldeias transportado pela comunidade, com amigos e familiares a partilhar a bebida favorita do defunto, colocando as chávenas junto aos seus lábios antes de beberem. E, finalmente, o próprio vírus desempenhou um papel fundamental na aceleração da crise. O ébola, apesar de não ser tão contagioso como outros vírus, é invulgarmente letal e aterrador. Muitos funcionários de saúde estrangeiros e voluntários abandonaram a região e muito poucos foram a correr tomar o seu lugar. Esta MICHEL DU CILLE/THE WASHINGTON POST m vírus não está realmente vivo, no sentido formal da palavra, já que não pode fazer nada fora do seu portador. O ébola é um vírus filiforme, parece um fio de esparguete. O invólucro proteico envolve uma cadeia regular de ARN, o “primo” mais simples do ADN. Podemos dizer que é um conjunto de informação pura com instruções para a sua replicação. O ébola é um dos vírus que causam “febre hemorrágica viral”. O que o torna tão mortal é o facto de ser capaz de se apoderar dos mecanismos de muitos tipos de células, reproduzindose rapidamente. Deita abaixo ou desvia parte do sistema imunitário e deixa a outra parte em roda livre, causando na vítima febre, dores de cabeça, vómitos, diarreia e desidratação. A morte pode surgir dias depois, através de múltiplas falhas de órgãos. O ébola não é nem de longe nem de perto tão contagioso como, por exemplo, o sarampo ou a gripe. Só é transmitido através de fluidos corporais depois de a febre e outros sintomas terem ocorrido. O período de incubação, entre a infecção e o aparecimento dos sintomas, dura normalmente uma semana, mas pode ir até às três. As pessoas infectadas podem percorrer grandes distâncias até começarem a espalhar o vírus. Os primeiros sintomas são semelhantes aos da malária ou gripe, dificultando um diagnóstico adequado. Os primeiros casos de ébola apareceram no final de 2013, na Guiné-Conacri, na floresta tropical do distrito de Gueckedou, próximo das fronteiras com a Libéria e a Serra Leoa. Ninguém sabe ao certo quando é que o vírus saltou para a população humana ou a partir de que animal ou espécie — o morcego da fruta é uma possibilidade — mas julga-se que a primeira vítima foi uma menina de dois anos ou alguém próximo dela. Os médicos começaram por pensar que estavam perante um caso de febre de Lassa, uma febre hemorrágica viral semelhante ao ébola, quando dezenas de pessoas ficaram doentes e mais de metade delas morreram. Mas, a 23 de Março, a OMS colocou um post no seu site: “O Ministério da Saúde da Guiné-Conacri notificou a OMS de um surto veloz da doença de ébola em áreas florestais do Sudeste da Guiné-Conacri. Até 22 de Março de 2014, foram relatados um total de 49 casos, incluindo 29 mortes (um rácio de letalidade de 59%).” O vírus passou da Guiné-Conacri para a Libéria, onde duas pessoas morreram no final de Março. A 1 de Abril, a Serra Leoa afirmou que dois dos seus cidadãos tinham morrido na Guiné-Conacri, provavelmente devido ao ébola, e que os seus corpos tinham sido devolvidos ao país natal. No mesmo dia, a OMS apelou à calma. “Isto ainda é relativamente pequeno. Os maiores surtos ultrapassaram os 400 casos”, disse numa conferência de imprensa em Genebra o porta-voz da OMS Gregory Hartl, referindo-se aos surtos anteriores no Congo e Uganda. A nível internacional, a OMS optou por qualificar o surto de ébola de dois, numa escala de um a três, sendo três o nível mais sério de emergência de saúde pública. Kent Brantly, de 33 anos, é um cristão devoto que nesta Primavera trabalhava para a organização de auxílio Samaritan’s Purse (com sede na Carolina do Norte) num hospital missionário da Monróvia. O hospital é conhecido como ELWA, de Eternal Love Winning Africa Página 52 ID: 56126566 12-10-2014 | 2 Tiragem: 37998 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 4 de 8 MICHEL DU CILLE/THE WASHINGTON POST [Amor Eterno Conquista África]. Mudara-se para Monróvia no Outono anterior com a mulher, Amber, e os dois filhos, para uma missão de dois anos. Viviam numa casa com dois quartos, confortável, brincavam na praia ali perto e mergulhavam no recife. “Antes do ébola, a vida na Libéria era boa”, diz. Quando ele e os colegas souberam do surto nos finais de Março, decidiram montar uma unidade de isolamento para a hipótese de começarem a chegar doentes infectados. Fizeram um download de um guia de 1998 sobre como controlar as febres virais hemorrágicas e deram treino aos funcionários do hospital sobre como se manterem seguros. Muitos membros da equipa ficaram desconfortáveis com a decisão de abrir uma ala para o ébola e queixaram-se a Jerry Brown, o director liberiano do hospital. Brown, de 44 anos, é um homem que emana calma no meio do caos, uma virtude que viria a ser vital nos meses que se seguiram. “Estamos só a precaver o futuro, não vá darse o caso”, disse aos seus trabalhadores. O único espaço disponível era a capela no pátio do hospital, um bloco de betão amarelo com cobertura em chapa de zinco, onde os trabalhadores se juntavam todas as manhãs para as orações. Levaram para lá seis camas, que separaram com cortinas de plástico. Limparam o chão e as paredes. Colocaram uma placa à porta que diz “Unidade de isolamento. Só é permitida a entrada a pessoal autorizado.” E depois esperaram. Não chegaram doentes de ébola. O ritmo de Duas vítimas jazem no chão do Redemption Hospital, num dos bairros mais pobres de Monróvia. Ao lado, o missionário Kent Brantly. Em baixo, Eva Togbah espera entrar numa clínica dos Médicos Sem Fronteiras, onde chegou com quatro familiares também doentes. No plano anterior, funcionários do hospital ELWA infecções na Guiné-Conacri desacelerou significativamente, e na Libéria e Serra Leoa o número de casos novos caiu para zero em quase todo o mês de Abril e Maio. Alguns hospitais desmantelaram as suas unidades de isolamento. O ELWA manteve-a por precaução. “Achávamos que nos tínhamos safado”, diz Brantly. O bairro de lata New Kru Town, em Monróvia, não tem água canalizada pública, não tem casas de banho, não tem sistema sanitário, não tem electricidade. As pessoas vivem em barracas de madeira e metal apinhadas umas nas outras. A maioria não tem água em casa, a não ser quando a chuva encharca o bairro. Algures entre finais de Maio e inícios de Junho, pelo menos seis pessoas de New Kru Tu apareceram com ébola. Havia uns rumores malucos de que alguém tinha envenenado a sua comida. Brown recebeu um telefonema na noite de 11 de Junho de alguém do Ministério da Saúde da Libéria que perguntou: “Ainda têm a unidade do ébola?” “Sim”, respondeu Brown. Os funcionários foram a correr limpar a capela com cloro e Brown foi à procura de funcionários que estivessem dispostos a trabalhar na unidade com Brantly. “Doutor, se me pedir para fazer alguma coisa, eu faço por si. Mas trabalhar naquela unidade? Não vou”, respondeu uma enfermeira. Outra disse que tinha dores de cabeça e que não se sentia bem. Uma terceira afirmou que era o único ganha-pão de duas crianças e não o faria. Finalmente, Brown encontrou uma enfermeira na sala de operações que estava disponível para entrar. Antes da meia-noite, uma ambulância atravessou o portão do hospital missionário. Lá dentro iam dois doentes com ébola, uma mulher jovem e o tio, mas só a mulher entrou no hospital. O tio morreu na ambulância. Inicialmente, os doentes davam entrada no hospital um de cada vez. Mas rapidamente o fluxo se intensificou. Um dos novos pacientes era ele próprio médico, Melvin Korkor, que contraiu o vírus, juntamente com cinco enfermeiras e outros quatro funcionários do seu hospital, que ficava no condado de Bong, a muitas horas de carro. Disseram-lhe que tinha 10% de hipóteses de sobreviver. Korkor pensa ter contraído o vírus a partir de uma das suas enfermeiras quando lhe tocou com a mão despida para ver se ela tinha febre. Antes de partir para Monróvia para receber tratamento, disse à mulher: “A única coisa que quero que me leves é a Bíblia.” No ELWA, Korkor lia a sua Bíblia — particularmente o salmo 91 (“Porque Ele te livrará do laço do caçador e da peste perniciosa”) — e bebia 12 litros de líquido reidratante por dia. Tapava o nariz quando comia, para não vomitar. Quatro dias depois, já se sentia um bocadinho melhor e apercebeu-se de que iria viver. Todos os seus nove colegas morreram. Página 53 ID: 56126566 Numa crise como esta, os Estados Unidos dependem da agência Centros de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC), que tem “detectives” treinados para correr para qualquer lugar do mundo de um momento para o outro para detectar uma epidemia. Mas os americanos não podem simplesmente chegar a um país e desatar a dar ordens. O CDC tem de ser convidado. E mesmo nessa altura tem só um papel de apoio aos responsáveis locais e à OMS. No início deste surto, o CDC enfrentou a resistência burocrática da representação regional da OMS em África. Os americanos queriam uma liderança maior na resposta ao surto, incluindo a recolha de informação e a mobilização de recursos. Frieden, do CDC, pediu a Keiji Fukuda, antigo funcionário do CDC e actual vice-director-geral da OMS para a segurança sanitária, para intervir. Fukuda voou até à sede regional da OMS no Congo e convenceu os seus colegas a deixarem que o CDC desempenhasse um papel mais relevante. No início de Julho, Frieden, de 53 anos, teve de controlar várias crises. Foram encontrados num armazém do Instituto Nacional de Saúde norte-americano tubos contendo vírus da varíola da década de 1950. O fiasco seguiu-se a notícias de que o CDC tinha enviado sem querer amostras de antrax de um laboratório para outro. Enquanto lidava com estes embaraços, Frieden assistia a uma explosão dos números do ébola na Libéria. “Está de volta. Está em vários países e não temos uma resposta suficientemente robusta. É uma segunda vaga”, disse a si próprio. No ELWA, Brown ficou desalentado por ver que os governantes liberianos pareciam assoberbados e paralisados. A Libéria, atingida por duas guerras civis, é um dos países mais pobres do mundo, e a profunda falta de confiança no Governo torna difícil aos funcionários da saúde realizar campanhas de saúde pública. “As pessoas estavam sentadas a discutir em 12-10-2014 | 2 vez de agir”, diz Brown. “E gradualmente o ébola alastrava-se à sociedade.” Os médicos e enfermeiros do ELWA iam trabalhar com máscaras de protecção, gorros, batas, botas e luvas, enquanto empregados com baldes de cloro polvilhavam superfícies numa batalha constante contra o inimigo invisível. Um dia, Brantly, protegido da cabeça aos pés, apenas identificável pelos seus olhos azuis a condizer com a bata, falou para uma câmara num vídeo que estava a ser montado pela Samaritan’s Purse. Pediu aos espectadores que rezassem e dessem dinheiro, e depois disse que aquilo que ele e os colegas mais precisavam era de médicos, enfermeiros, paramédicos e outros voluntários. “Por favor, venham ajudar-nos”, afirmou. Enviou emails a amigos no Texas: “Acho que só estamos a ver a ponta do icebergue.” Às 4h00 de 20 de Julho, um amigo conduziu Brantly e a família ao Aeroporto Internacional Roberts. Despediu-se da mulher e dos filhos, que iam ao casamento do seu irmão, no Texas. Era esperado que partisse na semana seguinte. Mais tarde, nessa manhã, Brantly foi para o trabalho para começar a vigiar uma nova unidade de 20 camas de doentes com ébola que a Samaritan’s Purse ajudou a construir no lado oposto da rua do hospital principal. Ele e outros colegas começaram a transferir os seis doentes do espaço improvisado na capela para a nova unidade, chamada ELWA2. Nancy Writebol, outra missionária americana, ajudou, como de costume. Era conhecida como a “Dama da Lixívia” porque todos os dias fazia uma mistura de cloro e treinava outras higienistas sobre como descontaminar o hospital. Na manhã de 23 de Julho, Brantly sentiuse febril. Talvez andasse a trabalhar de mais, pensou. Talvez tivesse malária. Não teve tanta sorte. Brantly nunca saberá ao certo como contraiu o vírus do ébola, apesar de suspeitar que aconteceu durante um turno de uma noite Tiragem: 37998 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal N Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral inteira em que deu entrada a dois doentes em estado grave na unidade de isolamento. Ambos morreram em poucas horas. Rapidamente o vírus levou-o para as portas da morte. Teve 40º de febre, vomitou sangue e combateu a diarreia e as náuseas. Mal conseguia respirar. Tornou-se o primeiro ser humano a receber um medicamento experimental contra o ébola chamado ZMapp, que a Samaritan’s Purse fez chegar à Libéria. A partir do momento em que ficou doente, não pôs os pés fora de casa até ser transferido para o Emory University Hospital em Atlanta, num avião especialmente equipado. Writebol também adoeceu, recebeu o ZMapp e acabou por ser levada para Atlanta. Nenhum dos dois sabia na altura do frenesim mediático à volta da sua doença ou da histeria nas redes sociais porque alguns americanos temiam que a sua transferência originasse uma epidemia nos Estados Unidos. Subitamente, o mundo começava a prestar atenção. A 24 de Julho, a OMS subiu a crise para o nível três, o mais alto, mas não declarou uma emergência de saúde mundial. Mesmo quando os responsáveis de saúde apressaram o passo, a epidemia acelerava ainda mais. Imensos médicos e enfermeiros começavam a ficar doentes e muitos estavam a morrer, incluindo um médico amado na Serra Leoa, o xeque Umar Khan. Patrick Sawyer, um americano-liberiano cuja irmã morreu de ébola, e que foi hospitalizado com uma doença não diagnosticada, foi à Nigéria e esteve em contacto com vários nigerianos antes de ser isolado no hospital e morrer a 25 de Julho. Os epidemiologistas chamam a situações destas “exportação” do vírus. Há mais pessoas em Lagos, capital nigeriana, do que na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa juntas. “Foi aí que eu deixei de dormir”, diz Frieden. PASCAL GUYOT/AFP Corte: 5 de 8 o final de Julho, com a epidemia ao rubro, Liu, a chefe dos Médicos Sem Fronteiras, pediu uma reunião com a directora-geral da OMS, Margaret Chan, na sede da organização, em Genebra. Chan, especialista no vírus SARS e na gripe das aves, dirige a OMS desde Novembro de 2006. Nos últimos anos, a sua organização tem assistido a cortes orçamentais e a mudança de prioridades. A OMS é responsável pela coordenação global das emergências de saúde, mas o organismo legislativo que a controla optou repetidamente por dar ênfase às doenças não transmissíveis, como as doenças cardíacas e cancro, em vez das infecciosas. Liu, canadiana francófona, tirou a especialidade de pediatria de urgências, e na maior parte das duas últimas décadas trabalhou nos Médicos Sem Fronteiras nas zonas do planeta mais devastadas pela guerra e desastres naturais. A 30 de Julho, implorou a Chan que declarasse uma emergência internacional. Chan disse-lhe que ela estava a ser muito pessimista, afirma. Liu responde-lhe: “Doutora Chan, não estou a ser pessimista, estou a ser realista.” Pouco depois, Chan foi à África Ocidental encontrar-se com os presidentes da GuinéConacri, Libéria e Serra Leoa, e anunciar um fundo inicial de 100 milhões de dólares para deter o surto. A 8 de Agosto, a OMS declarou emergência internacional. Chan não quis prestar declarações para este artigo. Fukuda, da OMS, diz que se alguém lhe perguntar se a sua organização fez um bom trabalho ele dirá: “Raios, não.” Mas depois de seis viagens a África durante a epidemia, assistiu a uma verdade mais profunda: as organizações internacionais podem dar ajuda com laboratórios e epidemiologistas, mas do que estes países com pobres recursos realmente precisam é de médicos e enfermeiros que estejam na linha da frente, e de recursos básicos. Em África, os pacientes disseramlhe: “Não temos comida suficiente.” Fukuda visitou uma clínica onde 25 funcionários adoeceram com ébola e 23 morreram. Os médicos continuavam a ir trabalhar mesmo quando, ao voltar para casa, eram ostracizados por vizinhos receosos. “Isto é mesmo um alto nível de heroísmo”, afirma. Num sinal de voto de confiança na OMS para coordenar a resposta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nomeou a 12 de Agosto como coordenador para o ébola David Nabarro, um homem de 65 anos habituado a lidar com crises. Nabarro tinha trabalhado na gripe das aves e no rescaldo do tsunami de 2004 no Índico. Estava de férias com a família numa praia do Quénia quando recebeu o telefonema a pedir que tomasse a situação em mãos. Ao longo do mês seguinte, viajou para 21 cidades em três continentes, tentando montar uma coligação e mostrando a todos um plano de contenção com quatro caminhos possíveis que a epidemia poderia seguir. A melhor das hipóteses mostrava que terminaria em meados do próximo ano. A pior exibia a “epicurva” a aumentar na direcção errada, a caminho da vertical, a caminho de uma catástrofe inimaginável. Ao invés de evitarem esta tempestade viral, muitos ocidentais têm-se atirado para o olho do furacão. E é aí que encontram o pessoal médico e auxiliar africano que se mantém no seu posto de trabalho nas condições mais perigosas. Num dia de Agosto, deram a Liu um fato de plástico amarelo, luvas e máscara de protecção para ir ver doentes do ébola num centro dos Médicos sem Fronteiras em Kailahun, na Serra Página 54 ID: 56126566 12-10-2014 | 2 Tiragem: 37998 Pág: 23 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 6 de 8 MICHEL DU CILLE/THE WASHINGTON POST Leoa. Liu levou um balde até junto de um dos moribundos, que estava a vomitar. Deu-lhe um lenço para assoar o nariz e segurou-lhe na mão. “Desculpe-nos”, disse ao homem. Que tragédia esta, pensou, que seja o ébola a decretar que este homem terá de morrer só, sem ninguém lhe poder agarrar na mão a não ser uma estranha enfiada num fato espacial. Os Estados Unidos têm enviado dezenas de pessoas das equipas de resposta a desastres, incluindo estrategas do Departamento de Defesa, funcionários da Agência americana para o Desenvolvimento Internacional e cientistas do CDC. Uma das enviadas foi Leisha Nolen, com 37 anos, que em Agosto voou para a Serra Leoa quando já ia no seu segundo mês de trabalho directo com este surto. A 12 de Agosto, ela foi até Port Loko, cidade que segundo as estatísticas oficiais registava um número baixo de casos de ébola. Nolen inquiriu duas pessoas do pessoal médico local: como tinham ouvido falar de possíveis casos do ébola? E sabiam através dos chefes locais ou de familiares das vítimas? As pessoas doentes apareciam frequentemnte no hospital? Tinha sido enviada uma ambulância para as recolher? Faziam sempre análises ao sangue? Nolen depressa percebeu que os responsáveis locais não conseguiam manter-se a par de quem adoecia. Os doentes nem sempre chegavam ao hospital e nem sempre havia camas disponíveis para aqueles que chegavam. Era frequente as estradas ficarem submersas e havia apenas uma ambulância para toda a região [com uma área superior à do Algarve]. Pediu para ver o registo de casos que se suspeitassem ser de ébola. Os responsáveis passa- O fogo do crematório dos corpos de vítimas do ébola, em Monróvia, ilumina o céu. Ao lado, uma mulher que terá contraído o vírus é transportada num carro de mão, no Island Hospital, na capital liberiana ram-lhe para as mãos uma compacta pilha de papéis. Cada uma daquelas folhas manuscritas representava um caso suspeito, a maioria ainda nem tinha sido oficialmente declarado. Ficou em estado de choque. “Eles afundavam-se a um ritmo vertiginoso”, diz Nolen. A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, criticou a forma como os seus cidadãos reagiram à epidemia. A 19 de Agosto, emitiu uma mensagem ao país: “Fomos incapazes de controlar este surto porque [o] temos vindo sucessivamente a negar, porque há uma certa cultura e tradição na forma como se lida com os cadáveres, porque não foram respeitadas as indicações do pessoal médico e os avisos do Governo.” No dia a seguir, a 20 de Agosto, Sirleaf mandou as forças de segurança vedar a favela de WestPoint, na capital, Monróvia, situada numa península defronte ao oceano Atlântico. Até à chegada por via marítima ficou controlada. Os protestos não se fizeram esperar: os jovens apedrejaram a polícia, que por sua vez tentou dispersar a multidão com disparos para o ar e gás lacrimogéneo. Um adolescente foi atingido em ambas as pernas e morreu no Hospital de Redemption. Um pouco mais de uma semana depois, o Governo terminou a quarentena e os habitantes celebraram na rua o levantamento das barricadas e o desaparecimento dos soldados. Mas o vírus não estava prestes a desaparecer. No final de Agosto, a OMS anunciou 3685 casos na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, e 1841 mortes. Esta era apenas a contagem oficial e os especialistas crêem que o número verdadeiro é cerca de 21 ou 22 vezes maior. N o início de Setembro, governos e principais organizações de saúde não tinham ainda chegado a um acordo de como enfrentar a epidemia. Ao contrário do que aconteceu noutras situações de desastre, como por exemplo no sismo que atingiu o Haiti em 2010, a ONU não tinha qualquer dispositivo pronto no terreno. E, além de um guia com 20 páginas divulgado pela OMS sobre como lidar com o vírus, não era claro como iriam as várias organizações reagir e pô-lo em prática. “Seis meses depois do pior surto de ébola de que há memória, o mundo está a perder a batalha [de conter o vírus]”, afirmou a 2 de Setembro Liu, dos Médicos Sem Fronteiras, à ONU. Pela primeira vez, Liu implorou aos vários países que mobilizassem os seus meios militares — um tipo de alerta que normalmente os Médicos Sem Fronteiras fazem sempre que há situações de emergência de saúde pública. Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, estava muito frustrado. Como médico e especialista em doenças infecto-contagiosas, Kim já tinha convocado uma reunião de emergência para 3 de Setembro que incluiria os principais decisores, tanto governamentais como do sector privado. Cerca de 50 pessoas acotovelavam-se na Sala de conferências do 12.º andar da sede do Banco Mundial em Washington. Gayle Smith, do Conselho Nacional de Segurança americano, iria participar por telefone. Um funcionário sénior da OMS assistiria por videoconferência. A reunião pro- Página 55 ID: 56126566 12-10-2014 | 2 Tiragem: 37998 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 7 de 8 MICHEL DU CILLE/THE WASHINGTON POST longou-se por duas horas. Frieden deixou um alerta terrível: “O tipo de resposta que está a ser dado [para combater o vírus] é como ter um atirador do tamanho de uma ervilha contra um elefante enraivecido.” Kim alertou: “É o futuro do continente que está em perigo.” Na primeira semana de Setembro, responsáveis do Governo americano chegaram a uma conclusão devastadora: a resposta civil nunca seria suficientemente célere para superar a epidemia. O CDC já tinha mobilizado para o terreno 30 dos seus funcionários, aos quais se juntariam outros tantos da equipa de salvação nacional e auxílio às vítimas, mas o que uns e outros tinham pela frente era um desafio demasiado grande. Somente o Exército teria capacidade para uma mobilização rápida e em tão larga escala. Para atrair voluntários, a Casa Branca e o Pentágono já tinham iniciado negociações para abrir um hospital de campanha que tratasse pessoal médico e auxiliares de enfermagem, caso viessem a adoecer. Os estrategas militares americanos já no terreno alertavam Washington para a necessidade de 500 camas para os pacientes. Aos vários serviços governamentais era pedido a resolução de complexas questões de logística. A 7 de Setembro, Obama disse no programa da NBC Meet the Press que era sua intenção mobilizar o Exército para providenciar equipamento, apoio logístico e qualquer outro auxílio que fosse necessário na África Ocidental. A região tem actualmente centenas de casos confirmados de ébola e não há maneira de controlar e tratar os doentes e moribundos. A 9 de Setembro, Sirleaf enviou por escrito um apelo urgente a Obama: “Estou a ser absolutamente honesta quando digo que a esta velocidade nunca conseguiremos travar a cadeia de transmissão e o vírus vai esmagar-nos.” No dia seguinte, houve uma reunião na Casa Branca que juntou altos funcionários da Administração Obama para discutir opções para uma intervenção militar. “Foi exigido mais trabalho de casa sobre o ‘como’ [da intervenção militar] e que reportassem dois dias depois”, refere um dos funcionários. Na manhã de terça-feira, Funcionários hospitalares da unidade de tratamento do ébola do condado de Bong. Em baixo, aventais e botas desinfectados no hospital ELWA 16 de Setembro, um mês depois de quase ter sucumbido ao ébola, Kent Brantly encontrouse com Obama na Sala Oval. O Presidente estava prestes a partir para Atlanta, onde, no quartel-general do CDC, iria anunciar que os Estados Unidos estavam dispostos a mobilizar 3 mil militares e apoio médico para a África Ocidental, como parte de um programa de apoio num total de 750 milhões de dólares. Obama ainda disse a Brantly que ele precisava de engordar uns quilitos. O médico sorriu e aquiesceu: tinha perdido mais de 18 na Libéria. Brantly apelou a Obama para não atrasar nem mais um dia a chegada de ajuda a África. O que Obama tinha para anunciar dali a pouco era sem dúvida muito importante, mas apenas se chegasse a tempo e horas, isto é, no imediato, disse. Lembra-se de ouvir Obama afirmar: “Estou a esforçar-me. Estou a esforçar-me o mais que posso para que isto se torne uma realidade.” “[O ébola] é um fogo dos infernos... Enganamo-nos se pensarmos que o imenso DOMINIQUE FAGET/AFP Atlântico nos protege dessas chamas”, disse Brantly nesse dia no Capitólio, edifício onde funciona o Congresso dos EUA. Os números do vírus cresceram de forma ainda mais assustadora. A 23 de Setembro, o CDC divulgou um relatório que estimava que, na ausência de respostas mais eficazes e céleres, 1,4 milhões de casos de ébola poderiam eclodir na Libéria e Serra Leoa até 20 de Janeiro de 2015. Esses números não incluem a Guiné-Conacri, onde rareiam os dados sobre a saúde pública. Uma reacção mais vigorosa na Nigéria conseguiu limitar o número de casos a oito mortes; um outro surto, isolado, foi também noticiado no Congo. A 26 de Setembro, Obama participou numa cimeira de Saúde na Casa Branca, onde estiveram presentes muitos altos funcionários de Saúde de vários países. Estava lá também Melvin Korkor, o médico liberiano contagiado com ébola e que foi tratado no Hospital ELWA, em Monróvia. Em Fevereiro, muitos meses antes, já a Casa Branca tinha dado a conhecer a agenda para aquela cimeira, num esforço transnacional para travar ameaças biológicas de qualquer tipo. Quando essa agenda foi anunciada, havia uma tempestade de neve. O que ninguém sabia é que já então o ébola grassava na África Ocidental. Frieden, o director do CDC, disse que o ébola tinha sido um teste. “E nós, o mundo, falhámos nesse teste.” Q uando a estação das chuvas chega à Monróvia, os céus ficam cinzentos, o sol rareia e os aguaceiros podem prolongar-se por horas. O ébola já fechou escolas, edifícios municipais, vários bancos. No entanto, e apesar de a economia ter estancado, as ruas asfixiam com o tráfego. Crianças em calções, descalças, correm para os carros que param nos cruzamentos para vender doces, bolachas, pastilhas elásticas, sacos de plástico e limpapára-brisas. Os mercados de rua continuam abertos e há música a sair das bancas. Os próximos passos nesta epidemia cabem, em parte, à matemática. Até sexta-feira, 3 de Outubro, a OMS dava conta de 7470 casos confirmados ou potenciais, 3431 mortes na Guiné, Serra Leoa e Libéria. Actualmente, cada pessoa infectada estará a infectar mais duas. Para contrariar esta curva ascendente, travá-la até, cabe às autoridades conseguir, de alguma forma, inverter esta lógica matemática. Só se poderá dizer que a epidemia estará debelada quando se chegar à média de ter um paciente com ébola a infectar menos de uma pessoa. Muito recentemnete, e com a epidemia a crescer de forma exponencial, Frieden salientou que a matemática tem vindo a mostrar que este é um surto que levará o vírus do ébola a outros países — poucos dias depois de ter dito isto, o vírus chegou a Dallas. A ajudar militar americana tem chegado de forma gradual à Africa Ocidental. Na base de todos os planos está a tentativa de levar o maior número possível de pessoas para centros de tratamento, onde possam ficar em quarentena. O Exército está a construir 17 desses centros, cada um com capacidade para cem camas, mas isso vai levar semanas a concluir. Os responsáveis por travar a epidemia terão de alcançar algo que ainda não conseguiram: ser ainda mais agressivos, mais impiedosos e mais persistentes do que o próprio vírus — essa força cega e implacável que a única coisa que sabe fazer é seguir as instruções dos seus genes. a Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post Página 56 ID: 56126566 12-10-2014 | 2 Tiragem: 37998 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 8 de 8 PÚBLICO, DOMINGO 12 OUTUBRO 2014 COMO DEIXÁMOS O ÉBOLA ESPALHAR-SE 2b8bc53b-e7d7-4699-9ff6-fb3eb2e43d5f Página 57 A58 ID: 56126547 VÍRUS VENENO MICROSCÓPICO QUE NÃO CONHECE FRONTEIRAS 12-10-2014 | 2 De origem latina, virus teve como primeiros significados “peçonha”, “veneno”. Agora, os dicionários definem-na como “agente infeccioso diminuto, visível apenas ao microscópio electrónico, que só se reproduz no interior de células hospedeiras vivas”. Um deles nomeia dois vírus bem conhecidos: o da gripe e o da sida. Actualmente, é o do ébola que mais preocupa o mundo, Tiragem: 37998 Pág: 4 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 25,70 x 5,51 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 agora que o vírus extravasou as fronteiras da África Ocidental, onde terá sido responsável pela morte de quase 3400 pessoas. “O mundo ‘falhou miseravelmente’ na sua resposta ao ébola, disse o presidente do Banco Mundial, noticiou-se. Jim Yong Kim vaticinou ainda: “A crise vai ficar muito pior.” Mas há quem fale em “histeria” e “embuste”, como o médico Manuel Pinto Coelho: “É importante saberse que o vírus do ébola não se transmite com facilidade. Para haver transmissão do vírus, tal como acontece com o vírus da sida — o VIH —, é necessário um contacto directo com um líquido biológico do doente, como o sangue, as fezes ou o vómito.” Recorda o “negócio” com a “pandemia iminente” da “gripe das aves” (2005) e defende: “Importa não enviar camiões de vacinas ou medicamentos para África ou para onde quer que seja. Tal servirá unicamente para enriquecer alguns laboratórios farmacêuticos.” “Vírus” traduz-se ainda por “mal moral de conotação contagiosa”. Exemplo: “O vírus da corrupção.” Há muito que também este ignorou fronteiras. Não apenas geográficas. Rita Pimenta Página 58 A59 ID: 56118830 11-10-2014 Tiragem: 107900 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 30,00 x 46,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Página 59 ID: 56118830 11-10-2014 Tiragem: 107900 Pág: 25 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 30,00 x 45,63 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Página 60 ID: 56118830 11-10-2014 Tiragem: 107900 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,76 x 4,47 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Página 61 A62 ID: 56118563 11-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 30,95 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 5 Página 62 ID: 56118563 11-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 23 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,48 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 5 Página 63 ID: 56118563 11-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 5 Página 64 ID: 56118563 11-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 25 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 4 de 5 Página 65 ID: 56118563 11-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,95 x 7,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 5 de 5 Página 66 A67 ID: 56118247 11-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 10,36 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 67 A68 ID: 56104350 01-10-2014 Tiragem: 20000 Pág: 50 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 27,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. 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