UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA EM EDIFÍCIOS SOBRE SAPATAS MARCOS VINICIUS PADOVANI GUERRA PEDRO PAULO OLIVEIRA DE MELO ROSA ROMILSON BRANDÃO DO VALE JR GOIÂNIA 2011 MARCOS VINICIUS PADOVANI GUERRA PEDRO PAULO OLIVEIRA DE MELO ROSA ROMILSON BRANDÃO DO VALE JR ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA EM EDIFÍCIOS SOBRE SAPATAS Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Engenheiro Civil. Aprovada em: 05/07/2011. __________________________________________________________________ Prof. Dr. Ademir Aparecido do Prado (Orientador) Universidade Federal de Goiás __________________________________________________________________ Prof. Dr. Maurício Martines Sales (Co-orientador) Universidade Federal de Goiás __________________________________________________________________ Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo (Examinador interno) Universidade Federal de Goiás __________________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Alberto auro Vargas (Examinador externo) Universidade Federal de Goiás GOIÂNIA 2011 Dedicatória Dedicamos este trabalho às nossas famílias e amigos que nos apoiaram durante toda graduação. Sem eles não teríamos chegado até aqui prontos para continuar nossos caminhos. Agradecimentos À oportunidade de realizar este trabalho agradeço: À Deus e a Jesus por mostrar o caminho a seguir; Ao curso de engenharia civil da Universidade Federal de Goiás; Aos Profs. Ademir e Maurício pela orientação e ajuda em todos os momentos; Às nossas famílias pela confiança e apoio em todos os momentos. Resumo A análise conjunta da estrutura e da fundação de uma edificação é um dos temas estudados dentro do conceito interação solo-estrutura (ISE). Neste trabalho, desenvolveu-se uma rotina de cálculo no ambiente Matlab para avaliar a interação solo-estrutura em edifícios apoiados em sapatas, onde o tema é estudado a algum tempo, mas que ainda não se tornou prática corrente na engenharia civil. O programa desenvolvido, denominado Análise da Interação Solo-Estrutura em Sapatas (AISES), que tem a finalidade de calcular os recalques das fundações utilizando a solução de Mindlin e o procedimento de Steinbrenner, utilizando como dados de entrada as reações de apoio dos pilares do edifício vindas de uma subrotina de cálculo de pórtico espacial, aqui se empregando o programa TQS. Os recalques encontrados para as fundações são convertidos em rigidezes e então são inseridos na sub-rotina de cálculo estrutural, onde se processa a estrutura novamente, não mais com apoios indeslocáveis. A metodologia é iterativa de forma a buscar a convergência de recalques ou reações de apoio. Foi analisado um edifício apoiado sobre sapatas com geometria em planta aproximadamente quadrangular. Foram avaliados os efeitos da ISE nas reações de apoio, rigidezes e recalques dos pilares para edifícios de 1, 2, 3, 5, 7, 10 e 15 pavimentos. Observouse que com as iterações os pilares da periferia ganharam carga e os do centro perderam, havendo uma redistribuição de cargas, o mesmo ocorreu para a rigidez. Em termos de recalques, para os pavimentos iniciais a variação apresentou-se pequena, porém aumentou-se para os últimos pavimentos. Verificou-se que o processo iterativo através do cálculo de rigidezes é eficaz, bastando em geral 3 iterações para a convergência dos resultados. Concluiu-se que o comportamento carga-recalque não-linear das fundações influenciou bastante no comportamento de carga, rigidezes e recalques dos pilares, mesmo em estágios avançados da obra, quando a rigidez da estrutura já era bastante elevada. Palavras chaves: interação solo-estrutura, recalques, reações de apoios, sapata. Abstract The joined structure-foundation analysis of buildings is one of the studied themes of Soil-Structure Interaction (SSI). In this research, a numerical tool was developed using the Matlab program to evaluate the soil-structure interaction in buildings supported by shallow foundation, where the problem has been studied in the last years, but has not became a current practice in civil engineering. The developed program, here named as AISES, predict the settlement using the solution of Mindlin and the procedure of Steinbrenner (1936 apud AOKI; LOPES, 1975), using as input data the reaction loads of building columns, calculated in any subroutine of spatial-portico analysis. The commercial program TQS was chosen as this subroutine in the present research. The found foundation settlements were converted in stiffness values and, then, inputted again in the structural analysis, predicting new settlements, but no more considering the foundations as “fixed points”. The method is iterative, aiming to reach the settlement (or load) convergence. It was analyzed a building supported by shallow foundations. It were evaluated the effects of SSI in terms of column loads, stiffness and foundations settlements for buildings with 1, 2, 3, 5, 7, 10 and 15 stories. It was noticed that the use of iterative process of the boundary shallow foundations increased their load and the center elements decreased, there was a redistribution of loads, the same occurred for the stiffness. It was verified that the iterative process by the calculation of the stiffnesses is effective, by using only 3 iterations to converge the results. It was also observed that the nonlinear foundation behavior had a great influence in the structure load redistribution, even on advanced construction stages when the structure stiffness has a great value. Key words: soil-structure interaction, settlements, column loads, shallow foundation. Lista de ilustrações Figura 2.1 – Definições de movimento de fundação a) recalques totais; b) recalques diferenciai; c) Deflexão relativa (Δ) e razão de deflexão (Δ /L) 20 Figura 3.1 – Casos de interação solo – estrutura 23 Figura 3.2 – Efeitos de iteração 25 Figura 3.3 – Efeitos de novos pavimentos 25 Figura 3.4 – Efeitos da sequencia construtiva 26 Figura 3.5 – O sistema superestrutura e o sistema elementos de fundações + solo 30 Figura 4.1 – Fluxograma da formulação utilizada para o desenvolvimento do programa AISES 34 Figura 4.2 – Exemplo de entrada de dados do programa 35 Figura 4.3 – Sapata dividida em subáreas para o método de Aoki e Lopes 1975 36 Figura 4.4 – Planta de formas do edifício 39 Figura 4.5 – Planta de fundação do edifício 40 Figura 4.6 – Sequência de avaliação do edifício 41 Figura 5.1 – Reações de apoio de cada sapata para 1 pavimento 42 Figura 5.2 – Reações de apoio de cada sapata para 2 pavimentos 43 Figura 5.3 – Reações de apoio de cada sapata para 3 pavimentos 43 Figura 5.4 – Reações de apoio de cada sapata para 5 pavimentos 43 Figura 5.5 – Reações de apoio de cada sapata para 7 pavimentos 44 Figura 5.6 – Reações de apoio de cada sapata para 10 pavimentos 44 Figura 5.7 – Reações de apoio de cada sapata para 15 pavimentos 44 Figura 5.8 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 1 pavimento 45 Figura 5.9 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 2 pavimentos 45 Figura 5.10 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 3 pavimentos 46 Figura 5.11 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 5 pavimentos 46 Figura 5.12 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 7 pavimentos 46 Figura 5.13 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 10 pavimentos 47 Figura 5.14 – Rigidezes de apoio de cada sapata para 15 pavimentos 47 Figura 5.15 – Recalque do apoio de cada sapata para 1 pavimento 48 Figura 5.16 – Recalque do apoio de cada sapata para 2 pavimentos 48 Figura 5.17– Recalque do apoio de cada sapata para 3 pavimentos 48 Figura 5.18 – Recalque do apoio de cada sapata para 5 pavimentos 49 Figura 5.19 – Recalque do apoio de cada sapata para 7 pavimentos 49 Figura 5.20 – Recalque do apoio de cada sapata para 10 pavimentos 49 Figura 5.21 – Recalque do apoio de cada sapata para 15 pavimentos 50 Figura 5.22 – Gráficos das bacias de recalques a) é referente a 6 iterações; b) é referente ao processo convencional 51 Figura 5.23 – Gráfico da variação do recalque pela distância entre os pilares (P2 e P6). 52 Figura 5.24 – Gráfico do recalque diferencial/carga (distorção angular) no edifício para os pilares P6 e P2 versus o número de pavimentos executado. 52 Lista de tabelas Tabela 4.1 – Resultados de recalque no centro da sapata 38 Tabela 4.2 – Dados do solo 39 Lista de símbolos AR fator de recalque absoluto B menor dimensão da sapata E módulo de elasticidade da estrutura Ec.I rigidez da viga equivalente Es módulo de elasticidade da sapata Ef módulo de elasticidade do solo H altura do edifício Ir fator de correção devido a sapata rígida ou flexível Ii,j centro de gravidade subárea da sapata formada por n1 e n2 Ii,k centro de gravidade subárea da sapata formada por n1 e n3 Iv inércia transversal da viga K rigidez relativa da sapata igual a razão entre módulo de elasticidade da sapata e do solo K fator de conversão da resistência de cone para o NSPT definido em Aoki e Velloso (1975) L comprimento do vão da edificação L comprimento do edifício LxB, LyB comprimentos em x e em y da sapata N número de sapatas NSPT número de golpes referentes ao amostrador penetrar 30 cm após cravação inicial de 15 cm P carga axial aplicada na sapata Pi,j carga aplicada em cada subárea da sapata Po coeficiente de Poisson Q rigidez do apoio Rh fator de correção devido a camada finita do solo Rv fator de correção devido ao coeficiente de poisson do solo Rb fator de correção devido a rigidez da camada do solo R1 distância espacial entre o ponto que se aplica a carga e o ponto em que se deseja obter o recalque R2 distância espacial entre o valor de 2c do ponto em que se aplica a carga e o ponto em que se deseja obter o recalque X A, Y A, Z A coordenadas do ponto em que se aplica a carga em relação aos eixos XYZ X B, Y B, Z B coordenadas do ponto em que se deseja calcular o recalque em relação aos eixos XYZ c distância vertical da superfície do terreno ao ponto de aplicação da carga referente a equação de Mindlin (1936) c coesão do solo h profundidade da camada i, j contadores que indicam a posição do elemento na sapata kv coeficiente de reação vertical, coeficiente de recalque, módulo de reação ou coeficiente de mola l comprimento de cada vão n1 número de divisões na direção horizontal de cada sapata n2 número de divisões na direção vertical de cada sapata r distância no plano entre o ponto em que se aplica a carga e o ponto em que se deseja obter o recalque ri distância entre o ponto em que se deseja obter o recalque e o centro do elemento Ii,k ri,j distância do ponto em que deseja obter o recalque (B) ao centro do elemento Ii,j definido por Aoki e Lopes (1975) q sobrecarga lateral no nível da base da fundação qc resistência à penetração de ponta do cone qv capacidade suporte da fundação u deslocamento horizontal x B, y B, z B coordenadas do ponto em que se deseja calcular o recalque em relação aos eixos xyz xPB, yPB e zPB coordenadas da sapata em relação aos eixos xyz w recalque wa recalque por adensamento ou primário we recalque elástico, inicial ou imediato wi recalque absoluto do apoio i wL levantamento ws recalque do solo definido por Aoki e Lopes (1975) wnso recalque da sapata na interação atual obtido na rotina de cálculo do solo wnst recalque da sapata na interação atual usando a análise estrutural wnst+1 recalque modificado na sapata para próxima análise da interação da estrutura w recalque absoluto médio west recalque absoluto médio estimado wmed recalque absoluto médio medido z distância vertical da superfície do terreno ao ponto em que se deseja obter o recalque α deformação angular em Burland, Broms e De Mello (1977) α2 ângulo formado entre a reta que liga os pontos de aplicação da carga (A) e o ponto em que deseja calcular o recalque(B) e a horizontal definido por Aoki e Lopes (1975) β rotação relativa ou distorção angular em Burland, Broms e De Mello (1977) βi ângulo entre os pontos A e B e o centro do elemento Ii,j definido por Aoki e Lopes (1975) δ recalque diferencial ou relativo em Burland, Broms e De Mello (1977) φ ângulo de atrito do solo γ peso específico do solo ν coeficiente de Poisson do solo θ rotação em de Burland, Broms e De Mello (1977) θ ângulo de cada fatia do elemento da área da base definido por Aoki e Lopes (1975) ρ recalque da sapata ω desaprumo Δ deflexão relativa em de Burland, Broms e De Mello (1977) Δ/L razão deflexão relativa definido em de Burland, Broms e De Mello (1977) ΣEa.Ia somatório da rigidez dos painéis de alvenaria ΣEc.Iv somatório da rigidez das vigas da estrutura ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CPT ensaio de cone ISE interação solo-estrutura AIEFE programa de cálculo de recalques denominado Análise da interação de estruturas e fundações de edifícios SPT ensaio de simples reconhecimento TQS Programa de Cálculo Estrutural da Tecnologia e Qualidade em Sistema Sumário CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15 1.1. Objetivos .................................................................................................................. 15 1.2. Estrutura do trabalho ................................................................................................ 15 CAPÍTULO 2 RECALQUES EM SAPATAS .......................................................................... 17 2.1. Introdução ................................................................................................................ 17 2.2. Definições pertinentes .............................................................................................. 18 2.3. Recalques em sapatas ............................................................................................. 20 CAPÍTULO 3 INTREÇÃO SOLO-ESTRUTURA .................................................................... 21 3.1. Introdução ................................................................................................................ 21 3.2. Fatores que influenciam a interação solo-estrutura ................................................. 21 3.2.1. Influência do tempo e da rigidez ....................................................................... 21 3.2.2. Influência da rigidez da estrutura ...................................................................... 22 3.2.3. Influência do Processo Construtivo .................................................................. 24 3.2.4. Edificações Vizinhas ......................................................................................... 25 3.3. Modelos desenvolvidos sobre interação solo-estrutura ........................................... 26 3.4. Trabalhos sobre interação solo-estrutura ................................................................ 29 CAPÍTULO 4 METODOLOGIA .............................................................................................. 32 4.1. Introdução ................................................................................................................ 32 4.2. Módulos do programa Interação Solo-Fundação ..................................................... 33 4.2.1. Módulo Dados Solo-Fundação ......................................................................... 33 4.2.2. Módulo Estimativa Recalques........................................................................... 35 4.3. Modelagem da estrutura .......................................................................................... 36 4.4. Validação do módulo para a estimativa dos recalques ............................................ 36 4.5. Exemplo avaliado ..................................................................................................... 37 CAPÍTULO 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 41 5.1. Reações de apoio .................................................................................................... 41 5.2. Rigidezes ................................................................................................................. 44 5.3. Recalques ................................................................................................................ 46 CAPÍTULO 6 .......................................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 53 15 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO Atualmente, um dos desafios nos projetos de estruturas e de fundações de um edifício é a modelagem do comportamento do solo perante a estrutura. Geralmente a estrutura da fundação é calculada pelos engenheiros supondo os apoios indeslocáveis. Apenas em 1% dos casos o solo é substituído por molas com constantes elásticas prédeterminadas. Mesmo assim, essa não é a solução correta, pois essa teoria não considera a interação entre todas as partes, e, na realidade, o solo não tem um comportamento elásticolinear. Sendo assim, sua deformação modifica a configuração da estrutura, os esforços atuantes e as cargas no solo. A linha de pesquisa na engenharia responsável por estes estudos chama-se interação solo-estrutura (ISE). Há modelos existentes para a modelagem deste comportamento, porém há carência de um modelo integrando a área geotécnica com a estrutural e vice-versa. Procurou-se no presente trabalho o desenvolvimento de um modelo que integre essas duas áreas da engenharia. Assim desenvolveu-se uma rotina de cálculo de recalque de sapatas. 1.1. OBJETIVOS Desenvolver uma rotina de cálculo de recalques em sapatas baseada no método Aoki e Lopes (1975) em ambiente Matlab (MathWorks Inc.) denominado AISES. Avaliar os efeitos da ISE em um edifício de 15 pavimentos com geometria de formato quadrangular utilizando para isto gráficos de reações de apoios, rigidezes e recalques em pilares dos edifícios. 1.2. ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho foi dividido da seguinte forma a fim de facilitar a compreensão e distribuição dos assuntos abordados: 16 O capítulo 1 apresenta o tema, os objetivos do trabalho e sua estrutura. O capítulo 2 faz uma abordagem geral sobre o conceito de recalques em fundações, definições pertinentes e métodos para estimar o recalque de sapatas. O capítulo 3 contém algumas definições sobre a ISE, descrição de alguns modelos e trabalhos desenvolvidos sobre o assunto. O capítulo 4 descreve a metodologia utilizada para elaboração dos exemplos simulados. O capítulo 5 apresenta os resultados obtidos quando se realiza o cálculo convencional e quando se faz uma análise com a ISE em edifícios. O capítulo 6 trata das conclusões obtidas pelo trabalho. 17 CAPÍTULO 2 RECALQUES EM SAPATAS 2.1. INTRODUÇÃO A interação solo-estrutura (ISE) estuda o comportamento da estrutura e fundação perante esforços e recalques em uma edificação. Até a década de 50, poucos trabalhos haviam sido realizados sobre este assunto, porém nas décadas de 90 e, principalmente, a partir do ano de 2000, muitos trabalhos sobre ISE foram publicados. Existe uma dificuldade de obter modelos representativos tanto na área estrutural quanto na área geotécnica, e se estende como um desafio o desenvolvimento de um modelo capaz de integrar estas áreas fundamentais da engenharia. Vários trabalhos têm contribuído para que se possam avaliar os efeitos da ISE em edifícios e, para isto, tem-se trabalhado na tentativa de criar modelos mais realísticos que simulem o comportamento dos edifícios. Deve-se ter não apenas modelos estruturais e de fundação bons, mas buscar trabalhar em conjunto para obtenção de modelos de edifícios que possam ser comparados com resultados reais de campo, como em Iwamoto (2000). Como já se sabe a fundação é o elemento estrutural responsável por transmitir os esforços da estrutura para o terreno, atendendo às condições de segurança e de economia. Ao longo do tempo os esforços da estrutura fazem com que ocorram movimentos da fundação, que podem gerar preocupações com a segurança estrutural do sistema como um todo, e até mesmo gerar problemas de conforto, como nos aspecto visual, com aparecimento de fissuras. Essa preocupação com os recalques se faz tanto importante na área geotécnica como na área estrutural, e isto pode ser visto nas normas ligadas às mesmas, como: a norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2003), que se refere aos limites para deformações excessivas para o aparecimento de fissuras, a NBR 6122 (ABNT, 2010) que mostra a preocupação para que haja o monitoramento de recalques em obras civis de importância e artigos com estudos e informações com o grau de aceitabilidade destas movimentações. Além de realizar medições do recalque, faz-se necessário também trabalhar em modelos matemáticos para cada tipo de fundação, rasa ou profunda, para previsão de recalques. O objeto de estudo desse trabalho é avaliar o desempenho da estrutura com 18 fundações rasas, mais especificamente as sapatas, mas através de um método iterativo entre a fundação (sapata) e a estrutura. 2.2. DEFINIÇÕES PERTINENTES Antes de iniciar o estudo da interação solo-estrutura é necessário o conhecimento das seguintes definições estruturais (BURLAND; BROMS; DE MELLO, 1977; HACHICH et al., 1996; ABNT, 2003): • Recalque Absoluto (w) – consiste no deslocamento ou movimento vertical descendente de um elemento de fundação. Na Figura 2.1a observam-se os recalques no ponto A, B, C e D (wA, wB, wC, wD); • Levantamento (wl) – consiste no deslocamento ou movimento vertical ascendente de um elemento de fundação; • Recalque diferencial ou relativo (δ) – é a diferença entre os recalques absolutos de dois pontos de uma fundação. Exemplos são δAB e δCD presentes na Figura 2.1b; • Recalque Total (δt) – todos os pontos da estrutura apresentam praticamente o mesmo recalque absoluto e toda a obra desce como um corpo rígido, mantendo a estabilidade horizontal e vertical; • Rotação (θ) – é causada pelo recalque diferencial, sua medição se dá pela inclinação da reta ligando os dois pontos, conforme se observa na Figura 2.1a; • Rotação de Corpo Rígido ou Desaprumo (ω) – ocorrem recalques diferenciais nos elementos de fundação, mas todos com a mesma rotação angular considera-se a movimentação da estrutura ou parte dela como corpo rígido. Exemplo: Figura 2.1a; • Rotação relativa ou distorção angular (β) – medida pela inclinação da reta que liga dois pontos de recalques, retirando o desaprumo. Dá-se como exemplo βAB, mostrado na Equação 2.1, que é a rotação relativa de A para B. Conforme a Figura 2.1b; 19 β AB = δ AB L AB (2.1) Deformação angular (α) – É o resultado de Rotações relativas consecutivas. • Adota-se sinal positivo (+), quando se tem concavidade para cima, e sinal negativo (-) para concavidade para baixo. Um exemplo da deformação angular no ponto B é dado pela Equação 2.2: α B = β AB + β CD = δ AB δ CD + LAB LCD (2.2) Deflexão relativa (Δ) – é medida a partir de uma distância pré-determinada, • utilizando dois pontos de recalque; Razão ou índice de deflexão (Δ/L) – é a razão da deflexão relativa pelo • comprimento L. B A C wD ω wB LCD D wA θ LBC LAB ω A Recalque uniforme βAB δAB B Inclinação wC D δCD βCD C α a) recalques totais b) recalques diferenciais LAD A B C D Δmáx c) Deflexão relativa (Δ) e razão de deflexão (Δ /L) Figura 2.1 – Definições de movimento de fundação Fonte: Adaptado de Burland, Broms e De Mello (1977); Hachich et al. (1996), apud ARAÚJO (2009) Os movimentos das fundações são amplamente estudados pela geotecnia. Eles transferem segurança, estabilidade e conforto a construção. Existem várias normas e tabelas limitando-os de acordo com o tipo de utilização do edifício. 20 2.3. RECALQUES EM SAPATAS Os exemplos de fundações rasas são sapatas, sapatas associadas e corridas, blocos, radier e viga de fundação (ABNT, 1996). Considera-se uma fundação rasa quando sua profundidade é menor que duas vezes sua menor dimensão não ultrapassando 3 metros e que se tenha em sua maioria a transmissão de cargas através da base da fundação (ABNT, 1996). O recalque (w) é constituído pelas parcelas de recalque elástico (we), recalque por adensamento (wa) e recalque em relação ao tempo (ws) conforme mostra a Equação 2.3, que é mostrada a seguir: w = we + wa + ws (2.3) O recalque elástico, inicial ou imediato pode ser estimado por meio da teoria da elasticidade. Ao aplicar carga na massa de solo, ocorre um rearranjo dos grãos do solo, tal efeito tem predominância em solos granulares (DAS, 1983). O recalque por adensamento ou primário representa a saída de água dos vazios do solo e diminuição do índice de vazios devido ao processo de adensamento sendo evidente em solos argilosos (DAS, 1983; HACHICH et al., 1996). O recalque secular ou secundário ocorre quando se tem deformação no solo mesmo depois de ter ocorrido a dissipação de pressão neutra no solo, sendo evidente em solos orgânicos e turfas (DAS, 1983; HACHICH et al., 1996). Segundo Velloso e Lopes (2002) os métodos para previsão de recalques em fundações rasas pode ser agrupados em três grupos: métodos racionais, métodos semiempíricos e métodos empíricos. Os métodos racionais são modelos teóricos exatos de previsão de recalque que utilizam parâmetros de deformabilidade do solo obtidos em laboratório ou em campo (VELLOSO; LOPES, 2002). Os fatores que podem influenciar neste método são a rigidez, a forma e profundidade de apoios da sapata e espessura da camada (HACHICH et al., 1996). Os métodos semi-empíricos são modelos teóricos exatos ou adaptações onde parâmetros de deformação do solo são obtidos por correlações com ensaios estáticos CPT ou dinâmico SPT (VELLOSO; LOPES, 2002). 21 CAPÍTULO 3 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA 3.1. INTRODUÇÃO A análise da interação solo-estrutura possibilita o processamento conjunto da estrutura e da fundação, e com isto a análise de esforços em elementos estruturais e recalques. No presente trabalho serão analisados a edificação, fundação e solo. Normalmente os cálculos e o dimensionamento dos pilares são feitos considerando os apoios indeslocáveis. Os esforços gerados pela estrutura são repassados para o engenheiro de fundação, onde são utilizados para cálculo e dimensionamento dos elementos de fundação. Para um dimensionamento mais otimizado são necessárias análises integrando a área geotécnica à estrutural. Esse é o papel dos programas desenvolvidos para a análise da interação solo-estrutura. Tais programas procuram simular o comportamento do solo perante a solicitação da estrutura, fornecendo cargas mais otimizadas para o projeto estrutural. 3.2. 3.2.1. FATORES QUE INFLUENCIAM A INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA Influência do tempo e da rigidez Chamecki (1969, apud IWAMOTO, 2000) apresenta os seguintes casos possíveis: Na Figura 3.1, se observa que no caso “a” as estruturas infinitamente rígidas com recalques uniformes. Devido à tendência do solo de deformar-se mais no centro que em sua periferia, as pressões de contato são menores no centro e máximas nos cantos externos. Esta distribuição de pressões assemelha-se ao caso de um corpo infinitamente rígido apoiado em meio elástico. Este comportamento é semelhante ao apresentado por edifícios muito altos e com o fechamento de paredes resistentes trabalhando em conjunto com a estrutura. 22 Figura 3.1 – Casos de interação solo – estrutura, CHAMECKI (1969) O caso ”d” seria o oposto ao “a”, a estrutura não apresenta rigidez aos recalques diferenciais. Uma estrutura com essa configuração adaptar-se-ia perfeitamente às deformações do maciço de solo, desse modo, a distribuição de pressões de contato não se modificaria perante a progressão dos recalques. Este modelo de comportamento pode ser estendido para estruturas isostáticas e edifícios compridos ao longo do eixo horizontal. No caso b tem-se uma estrutura perfeitamente elástica. Nesse caso, a rigidez do conjunto não depende da velocidade da progressão dos recalques, sendo rápidos ou lentos, não interferirão nos resultados. Os recalques diferenciais serão menores que os de rigidez nula (caso d) e a distribuição de pressões de contato variarão muito menos durante o processo de recalque. Esse comportamento é característico de estruturas de aço. No caso c é apresentada uma estrutura visco-elástica, como a de concreto armado. Nesse caso a rigidez depende da velocidade de progressão de recalques diferenciais. Caso ocorram num curto período de tempo, a estrutura terá o comportamento elástico descrito em b, mas se esta progressão for bastante lenta, a estrutura apresentará um comportamento como um líquido viscoso, tendendo ao caso d. Esta última modelagem deve-se ao fenômeno da fluência do concreto, que é a responsável pela redistribuição das tensões nas outras peças de concreto armado menos carregadas. 3.2.2. Influência da rigidez da estrutura De acordo com Gusmão (1994) o número de pavimentos é um dos fatores mais influentes na rigidez da estrutura, quanto maior o número de pavimentos de uma estrutura, maior será a sua rigidez. 23 Ramalho e Corrêa (1991 apud IWAMOTO, 2000) analisaram dois edifícios com fundações em sapatas, um edifício com sistema laje cogumelo e o outro edifício com sistema laje, viga, pilar, fazendo uma comparação entre considerar o solo como totalmente rígido ou elástico. Os resultados da análise mostram que a influência da consideração da flexibilidade da fundação nos esforços da superestrutura é muito grande. Mesmo com o solo E = 100.000 kN/m2, portanto relativamente rígido, a diferença entre considerar ou não mostrou-se significativa em alguns elementos da estrutura. Observou-se que nos pilares os esforços normais e momentos fletores tendem a uma redistribuição que torne os seus valores menos díspares, onde os maiores valores tendem a diminuir e os menores a aumentar. Os edifícios com o sistema estrutural laje cogumelo, mostraram serem mais sensíveis à fundações flexíveis que os do sistema laje, viga, pilar, por terem dimensões de pilares relativamente grandes que tem a tendência de apresentarem elevados valores de momentos fletores na base. Gusmão (1994) apresenta dois parâmetros com fins comparativos entre para os efeitos da interação solo-estrutura: • Fator de recalque absoluto AR=Si / S • Fator de recalque diferencial DR=[Si-S] / S Si = recalque absoluto de apoio i S = recalque absoluto médio Para AR maior que 1 há a tendência do recalque absoluto estimado convencionalmente ser maior que o recalque absoluto medido. Já para AR menor que 1, há agora a tendência do recalque absoluto estimado convencionalmente ser menor que o recalque absoluto medido. A Figura 3.2 apresenta a comparação entre a análise convencional, feita pelos escritórios de calculo, e analise considerando a analise da ISE para deformada de recalque e deformações na base. 24 Figura 3.2 – Efeitos de interação, Gusmão (1994) Com o uso destes parâmetros, o autor apresenta três casos reais de edifícios, comparando-os com resultados estimados convencionalmente (sem a consideração da rigidez da estrutura) e com os resultados medidos no campo. Através destas comparações o autor prova que o efeito da interação solo-estrutura realmente tende a uniformizar os recalques da edificação. 3.2.3. Influência do Processo Construtivo Segundo Gusmão & Gusmão Filho (1994), durante a construção à medida que se vai construindo os novos pavimentos, ocorre uma tendência à uniformização dos recalques devido ao aumento da rigidez da estrutura, sendo que esta rigidez não cresce linearmente com o número de pavimentos. Figura 3.3 – Efeitos da construção de novos pavimentpos, Gusmão & Gusmão Filho (1994) Fonte et al. (1994) confrontaram os resultados dos recalques de fundações em sapatas medidos na obra de um edifício de quatorze andares com as previsões dos modelos numéricos entre considerar ou não a interação solo – estrutura e efeitos construtivos. Os resultados indicaram que o modelo que não considera a interação solo - estrutura, superestima a previsão dos recalques diferencias por não considerar a rigidez da estrutura; O modelo que considera a interação solo – estrutura, mas aplica carregamento instantâneo para a estrutura completa, acaba subestimando a previsão dos recalques, 25 devido a não consideração do carregamento gradual de carga da estrutura nela mesma e acréscimo da sua rigidez, o que induz a rigidez estrutural maior que a real; Os resultados que mais aproximaram com os medidos no campo, foi o modelo que considera os efeitos da interação solo – estrutura e a aplicação gradual de elementos estruturais que faz com que a rigidez dos elementos sofram constantes modificações para cada sequência de carregamento. Para simular numericamente a sequência construtiva, onde um pavimento em construção não causa esforços solicitantes nos demais elementos superiores que ainda nem foram construídas, Holanda Jr. (1998) utiliza o processo sequencial direto. Trata-se de analisar para cada levantamento de pavimento, considerando apenas o carregamento aplicado no ultimo pavimento com todas as barras construídas até aquele momento, prosseguindo até que o edifício atinja o seu topo. Como todas as análises realizadas são elásticas e lineares, os esforços finais de cada elemento são determinados com a simples soma dos seus respectivos esforços calculados em todas as etapas. Para considerar que o pavimento é construído nivelado e na sua posição original prevista, os recalques finais da fundação e os deslocamentos verticais de todos os nós do pórtico são obtidas da mesma forma, pela superposição. Figura 3.4 – Efeitos da sequência construtiva, Gusmão & Gusmão Filho (1994) Respeitando a sequência construtiva, os deslocamentos verticais dos nós de um pavimento não são afetados pelo carregamento dos pavimentos abaixo. Portanto, os deslocamentos diferencias entre os nós de um mesmo pavimento diminuem nos andares superiores, sendo máximos à meia altura do edifício. No topo correspondem à deformação somente do último pavimento. As deformações dos pilares seguem o mesmo raciocínio. 3.2.4. Edificações Vizinhas Pelos resultados de Reis (2000) mostram que os recalques calculados, considerando a influência do grupo de edifícios, foram maiores que os obtidos considerando 26 cada bloco isolado. Por outro lado, o efeito de grupo diminuiu com o aumento da distância entre os blocos vizinhos e os pontos em que os recalques foram calculados. Ribeiro (2005) analisou, através de modelos computacionais, primeiramente um bloco assentado sobre meio elástico, linear e semi-infinito e, em seguida, dois blocos, idênticos ao primeiro, apoiados sobre o mesmo meio contínuo. No primeiro caso, o deslocamento obtido para o centro do bloco foi de aproximadamente 9,26 cm. Já para a segunda situação, o valor encontrado foi de 9,8 cm. Isso mostra influência (aproximadamente 7%) de um bloco sobre o outro. 3.3. MODELOS DESENVOLVIDOS SOBRE INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA Há vários modelos de interação solo estrutura desenvolvidos. De acordo com Iwamoto vale destacar os de autoria de Meyerhof (1953) e Chamecki (1956). Nos estudos de Meyerhof (1953) foi proposta a viga de rigidez à flexão equivalente, a fim de estimar a contribuição da superestrutura. Em um edifício com estrutura em pórticos de concreto e painéis de fechamento em alvenaria, tem-se através da Equação 3.1. Ec I = ∑ Ec I v + ∑ E a I a Onde: (3.1) Ec I = rigidez da viga equivalente ∑E I c v= ∑E I a a somatório da rigidez das vigas da estrutura = somatório da rigidez dos painéis de alvenaria Pode-se estender a expressão acima incluindo a contribuição das rigidezes dos pilares, porém sem considerar as deformações axiais dos mesmos. Em uma fundação combinada, a rigidez da fundação é somada à da viga da estrutura. No caso de um conjunto de fundações isoladas, o cálculo de recalques é feito com as fundações ligadas à viga que representa a estrutura. Nos estudos de Chamecki (1956) foi apresentado o primeiro processo iterativo para considerar a rigidez da superestrutura, sem precisar recorrer as expressões desenvolvidas por Meyerhof (1953). 27 Iwamoto (2000) apresenta o processo desenvolvido por Chamecki (1956) da seguinte forma: 1) Calcula-se reação R0 nos apoios da estrutura considerando-os indeslocáveis; 2) Determina-se os recalques Δο , devido as reações (ações) R0, sem a consideração da rigidez da estrutura; 3) Determina-se a rigidez Q do apoio (ou coeficientes de transferência de carregamento), impondo deslocamentos unitários nas coordenadas dos apoios da estrutura . Assim, pela Equação 3.2, pode-se obter reações em uma determinada coordenada i do apoio em função dos recalques da mesma coordenada i e das outras coordenadas j: Ri = Roi − QiiΔi + ∑ QjiΔj (i ≠ j ) (3.2) Ri = reação da coordenada i do apoio. R0i = reação da coordenada i considerando o apoio indeslocável. Qii = rigidez na coordenada i do apoio. Δ i = recalque da coordenada i do apoio. Q ji = rigidez das demais fundações. Δ j = recalque das demais fundações. 4) O processo iterativo será realizado até que todos os recalques / ou ações atinjam uma convergência desejada. Iwamoto (2000) apresenta uma formulação matricial para estimar os recalques da fundação considerando a interação solo-estrutura, através da Equação 3.3. Para a estrutura: {V } = {Vo } + [SM ]{δ } (3.3) 28 {V } = vetor de reações na base da estrutura. {Vo } = vetor de reações na base da estrutura para o apoio indeslocável. {δ }= vetor de recalques na base da estrutura. [SM ] = matriz de rigidez, determinado pela imposição de deslocamentos unitários para cada direção dos apoios da estrutura. Para fundações (maciço do solo + estruturas em contato direto com o solo), Equação 3.4. {δ } = [ FM ]{V } (3.4) [FM ]= matriz de flexibilidade da fundação ou matriz de fator de influência do solo. A [FM] é a matriz da mesma dimensão da [SM], sendo determinada de acordo com o tipo de fundações adotadas. Realmente, o recalque de um elemento de fundação não depende apenas da carga aplicada diretamente nele, mas também das cargas aplicadas por outros elementos de fundações vizinhas. A modelagem para mostrar [FM] pode ser obtida pela teoria da elasticidade, onde se considera a continuidade do solo. Através da combinação das Equações 3.3 e 3.4, tem-se um sistema que leva em conta a rigidez da estrutura do solo em conjunto: {V } = {Vo } + [SM ][FM ]{V } (3.5) {Vo } = ( I ) − [SM ][FM ]{V } (3.6) A resolução da Equação 3.6 fornece as incógnitas {V} da reações e com isso pode-se determinar os recalques {δ}, pela Equação 3.4. Para considerar a não-linearidade do solo ou do material da estrutura, será necessário o processo iterativo do sistema da Equação 3.6. Iwamoto (2000) apresenta a análise de interação solo-estrutura para fundações rasas feitas por Moura (1995). Seguindo o modelo de Poulos (1975), faz-se a discretização do solo em elementos finitos tridimensionais. Utilizou-se a técnica de subestruturação dividindo o conjunto em duas subestruturas: 29 Figura 3.5 - O sistema superestrutura e o sistema elementos de fundações + solo, Iwamoto (2000) Partindo deste raciocínio, o sistema de equações, admitindo-se o comportamento elástico linear para toda estrutura, pode ser representado na forma particionada, como mostrado na Equação 3.7. ⎡[S AA ] [S AE ] [0] ⎤ ⎧{D A }⎫ ⎧{FA }⎫ ⎢[S ] [S ] [S ]⎥ ⎪{D }⎪ = ⎪{F }⎪ ⎨ E ⎬ EE EB ⎥ ⎨ E ⎬ ⎢ EA ⎢⎣ [0] [S BE ] [S BB ]⎥⎦ ⎪⎩{DB }⎪⎭ ⎪⎩{FB }⎪⎭ (3.7) Desenvolvendo a equação e expressando as coordenadas em função dos nós comuns a duas subestruturas, obtém-se o sistema reduzido da coordenada E, mostrado na Equação 3.8. [S *EE ]{DE }= {F *E } (3.8) Onde: [S *EE ] = [S EE ] − [S EA ][S AA ]−1 [S AE ] − [S EB ][S BB ]−1 [S BE ] {F * E } = {FE } − [S EA ][S AA ]−1 [FA ] − [S EB ][S BB ]−1 [FB ] 3.4. TRABALHOS SOBRE INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA Nas ultimas décadas vários estudos da interação solo-estrutura tem sido feito sobre fundações rasas, e a maioria desses são sobre sapatas. A seguir temos os resultados dos estudos de alguns autores sobre o recalque dessas fundações. Ramalho e Corrêa (1991) fizeram a análise de dois edifícios com fundações em sapatas, sendo um edifício com sistema laje-cogumelo e o outro com sistema laje, viga e 30 pilar, fazendo uma comparação entre considerar o solo como totalmente rígido ou admitir comportamento elástico. Os resultados obtidos da análise mostraram que é grande a influência da flexibilidade da fundação nos esforços da superestrutura. Observaram que, nos pilares, os esforços normais e os momentos fletores tendem a uma redistribuição. Outra observação feita é que no edifício com sistema estrutural laje-cogumelo mostrou-se mais sensível a fundações flexíveis do que aqueles com sistema laje, viga e pilar. Holanda Júnior (1998), utilizando um programa computacional desenvolvido por Ramalho (1991), fez estudo em dois edifícios, um de 21 pavimentos e o outro de 13, nos quais a superestrutura era representada por pórtico tridimensional, e o conjunto subestrutura-maciço de solos, modelado por elemento de sapata rígida. O autor então analisou os deslocamentos verticais dos nós de um pavimento, e observou que eles não são afetados pelo carregamento dos pavimentos inferiores. E também que os deslocamentos diferenciais entre nós de um mesmo pavimento diminuem nos andares superiores, sendo máximos à meia altura do edifício. As deformações axiais dos pilares seguem o mesmo raciocínio. Gusmão et al (2004) apresentou um trabalho de monitoramento de três edifícios, apoiados sobre sapatas, em João Pessoa, desde o início da construção dos edifícios, e posterior comparação dos valores de recalques medidos com os valores calculados pelos métodos de Barata (1984), Burland & Burbidge (1985), Schmertmann et al (1978) e Schultze e Sherif (1973). Os recalques foram previstos sem considerar a rigidez da superestrutura e a interferência dos bulbos de tensões de elementos estruturais de fundação vizinhos. Em Souza e Reis (2008) realizou-se uma modelagem no programa TQS de um edifício de 4 pavimentos, 4 pilares com fundação em sapata. Três modelos utilizando molas nos apoios foram adotados: um utilizando apoios com rigidez infinita, os outros 2 modelos foram adotando rigidezes diferentes para os pilares. Com rijezas menores, os esforços nos pilares foram maiores que 20% que análises convencionais e os recalques diferenciais aumentaram e muitos ultrapassaram os limites estabelecidos de L/400 e L/500 (L é o comprimento do vão). Araújo (2009) foi feito a analise de dois exemplos de edifícios apoiados sobre blocos de estacas. Um edifício possuía uma geometria em planta aproximadamente quadrangular e o outro retangular. Foram avaliados os efeitos da ISE nas reações de apoio, rigidezes e recalques dos pilares durante o processo construtivo dos 15 pavimentos dos exemplos estudados. E foi observado que nos primeiros pavimentos, devido a menor rigidez da estrutura, tem-se maior redistribuição de carga, recalques e rigidezes nos pilares, e que o 31 processo iterativo em termos de rigidez é bastante eficaz. E verificou-se, também, que o comportamento carga em relação ao recalque não-linear das fundações influenciou bastante no comportamento de carga, rigidezes e recalques dos pilares, mesmo em estágios avançados da obra, quando a rigidez da estrutura já era bastante grande. 32 CAPÍTULO 4 METODOLOGIA 4.1. INTRODUÇÃO A formulação utilizada para a análise da interação solo-estrutura foi implementada computacionalmente, utilizando a linguagem de programação do ambiente Matlab, seguindo o algoritmo geral representado pelo fluxograma mostrado na Figura 4.1, resultando no programa denominado AISES, baseado no programa AIEFE desenvolvido por Araujo (2009). Inicialmente são lidos os dados do solo e da fundação pelo módulo. DadosSoloFundação Neste momento é feita uma pergunta ao usuário para diferenciar se a fundação é rígida o flexível. Paralelamente, no módulo ReaçõesDeApoio é lido o arquivo de texto FOR1000.Lst gerado pelo processamento da estrutura (pórtico espacial) com apoios indeslocáveis através do programa TQS. Com as cargas de cada pilar, são calculados os recalques de cada sapata. As rigidezes adicionadas nos nós dos pilares correspondem à divisão da carga nas sapatas pelos recalques que uma vez determinadas, são adicionadas no arquivo FOR1000.POR da sub-rotina que roda o TQS. Novamente, processa-se a estrutura, agora com rigidezes nos nós dos pilares. Têm-se novas reações de apoio que são gravadas no arquivo FOR1000.Lst. Realiza uma comparação entre as reações iniciais ou recalques iniciais com estes da nova iteração. Se há convergência, se encerram as iterações, senão, continuam-se as iterações. A descrição dos módulos do algoritmo referentes a ISE está na seção 4.2, a seção 4.3 descreve o programa estrutural para processamento do edifício, na seção 4.4 tem a validação através de exemplo proposto e na seção 4.5 estão apresentados o exemplo avaliado. 33 Figura 4.1 – Fluxograma da formulação utilizada para o desenvolvimento do programa AISES 4.2. 4.2.1. MÓDULOS DO PROGRAMA INTERAÇÃO SOLO-FUNDAÇÃO Módulo Dados Solo-Fundação No módulo DadosSoloFundação é realizada a entrada dos dados básicos do solo e da estrutura de fundação. A entrada pode ser via teclado, com a opção de gravar os dados em arquivo ou através da leitura direta de um arquivo, conforme mostrado na Figura 4.2, e contém: 34 Figura 4.2 – Exemplo de entrada de dados do programa 1ª linha – título; 3ª linha – número de camadas do solo; 5ª linha até quantidade de camadas do solo – apresentam 4 colunas que contém: 1ª coluna – número de cada camada; 2ª coluna – profundidade de cada camada em cm; 3ª coluna – módulo de elasticidade (E) de cada camada em kN/cm2; 4ª coluna – coeficiente de Poisson (Po) de cada camada; 8ª linha – colunas com os coeficientes para a determinação do número de elementos em que cada sapata será dividida para que se possa utilizar a equação de Mindlin (n1 e n2) e, na 3ª coluna, o módulo de elasticidade das sapatas em kN/cm2; 10ª linha – quantidade de sapatas que contém a estrutura de fundação do edifício; 12ª linha até quantidade de sapatas – apresentam 7 colunas que contém: 2ª a 4ª coluna – coordenadas (xPB, yPB e zPB) de cada bloco em cm; 35 5ª a 6ª coluna – comprimentos nas direções x e y (LxB e LyB) de cada sapata em cm; 7ª coluna – altura de cada bloco em cm; 8ª coluna – número de estacas de cada bloco; 9ª coluna – ângulo entre a direção do esquadro e da sapata. A figura 4.3 mostra a sapata dividida em subáreas para aplicação do Método de Aoki e Lopes 1975. Figura 4.3 – Sapata dividida em subáreas para o método de Aoki e Lopes 1975 4.2.2. Módulo Estimativa Recalques O módulo EstimativaRecalques do programa faz a estimativa de recalques no ponto de interseção do eixo de cada pilar com a superfície superior da sapata em que se encontra apoiado. O método de Aoki e Lopes (1975) com o procedimento de Steinbrenner1 (1934 apud Jordão, 2003) foi utilizado para o cálculo de recalques em sapatas devido o seu emprego ser utilizado em vários trabalhos com ISE no Brasil e têm-se relatos que os resultados de recalques estimados pelo método aproximam com os medidos em campo. 1 STEINBRENNER, W. Tafelun Zur Setzungsberechnung. Die Strasse, v. 1, p. 121, 1934. Através de molas para simular a plastificação do concreto armado. As lajes são consideradas como diafragmas rígidos. 36 4.3. MODELAGEM DA ESTRUTURA A análise estrutural dos edifícios analisados neste trabalho foi feita com a utilização do programa computacional TQS (TQS Informática Ltda.). A escolha deste programa foi devido a sua grande utilização no desenvolvimento de projetos estruturais no Brasil, além de adoção de hipóteses que se julga conveniente para modelagem da estrutura. A concepção estrutural se compreende em duas análises, sendo uma com a utilização de modelo de grelha e outra com modelo de pórtico espacial. Com elementos de grelha são modeladas as vigas assim como as lajes (grelha equivalente) e as reações de apoio das barras das lajes, obtidas após a análise, são transferidas como carregamento nas vigas do pórtico espacial. A esse carregamento pode ser somada a ação do vento. Este modelo, denominado de modelo IV, é o mais recomendado para a modelagem de edifícios. No modelo de pórtico, são utilizadas algumas considerações para bem simular o pavimento do edifício. O apoio de vigas e lajes em pilares é simulado através de apoios elásticos independentes adotando ou representando a restrição. Outras hipóteses são a adoção de trechos rígidos na intersecção de vigas e pilares e a flexibilização das ligações viga-pilar. 4.4. VALIDAÇÃO DO MÓDULO PARA A ESTIMATIVA DOS RECALQUES Para validar o módulo de estimativa de recalques foi proposto um problema simples, no qual pede-se para calcular o recalque no centro da sapata. Tem-se uma sapata flexível com dimensões 200 x 200 cm, com módulo de elasticidade da sapata (Es) de 25 GPa sujeita a uma carga (P) de 2000 kN. Considerou-se o solo como um maciço semiinfinito, isotrópico, com módulo de elasticidade do solo (Ef) de 50 MPa e coeficiente de Poisson (ν) de 0,30. Para a solução do problema foram utilizados, além do programa AISES, a equação da Teoria da Elasticidade (Equação 4.1) e o método de Fadum (1948, apud ALONSO, 1983). ⎛ 1 − υ 2 ρ = σ .B.⎜⎜ ⎝ E f ⎞ ⎟⎟.Ir ⎠ onde: Ir vale 1,12 para fundações flexíveis e 0,99 para fundações rígidas. Na Tabela 4.1 têm-se os resultados do recalque no centro da sapata. (4.1) 37 O recalque do programa AISES, pela equação da Teoria da Elasticidade e pelo método de Fadum (1948) apresentaram resultados próximos demonstrando que o programa está funcionando bem. Tabela 4.1 - Resultados de recalque no centro da sapata Método para o cálculo do recalque 4.5. Recalque (cm) AISES 2,034 Teoria da Elasticidade 2,038 Fadum 2,067 EXEMPLO AVALIADO Neste trabalho, foi analisado um edifício, com 15 pavimentos assentados no solo descrito na Tabela 4.2. O edifício analisado tem a planta baixa projetada representando um formato de um quadrado, com fundação sobre sapatas com quatro tipos de sapatas diferentes: 180 x 180cm, 210 x 210cm, 220 x 220cm e 240 x 240cm. Na Figura 4.3 tem a planta baixa do edifício e na Figura 4.4 sua planta de fundação. O edifício foi dimensionado e processado no programa TQS (TQS INFORMÁTICA LTDA.). Foi realizada a análise de interação solo-estrutura com 1, 2, 3, 5, 7, 10 e 15 pavimentos conforme pode ser observado na Figura 4.5. Para cada pavimento do edifício, foram realizadas 6 iterações de maneira que a primeira consiste em processar os esforços do edifício considerando engaste nos nós e obtendo as reações de apoio dos pilares. As reações de apoio foram inseridas no programa de cálculo de recalque onde se obtiveram os recalques que foram em seguida convertidos em rigidez. As rigidezes foram colocadas no programa TQS para o reprocessamento do edifício. Novas reações foram obtidas e utilizadas no programa de cálculo de recalque. Foram feitas, portanto 6 iterações e os resultados obtidos foram dispostos no Capítulo 5. Na Tabela 4.2, os dados do solo utilizados na simulação computacional. O módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do solo foram estimados conforme solos comumente encontrados no município de Goiânia. Tabela 4.2 Dados do solo Profundidade Módulo de elasticidade do Coeficiente de 2 (cm) solo (Ef – kN/cm ) Poisson (n) 500 5 0,30 38 2000 20 0,30 15 V1 9 15/40 65 P2 P1 80/20 80/20 P4 80/20 P3 80/20 15/50 P6 80/20 L4 480 L6 235 h=10 h=10 15/50 P10 P11 80/20 P9 80/20 20 15 V3 80/20 80/20 L5 h=10 P8 P7 80/20 230 P5 h=10 20 65 h=10 65 V2 L3 355 L2 h=10 15 L1 P12 80/20 80/20 P15 80/20 80/20 P16 80/20 V8 15/40 15/50 P14 15/40 65 V4 80 417.5 20 280 20 20 15 80/20 h=10 V7 15/50 V6 15/40 V5 P13 480 h=10 h=10 L9 355 L8 L7 417.5 Figura 4.4 – Planta de formas do edifício 80 39 Figura 4.5 – Planta de fundação do edifício 40 Figura 4.5 – Sequência de avaliação do edifício 41 CAPÍTULO 5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS Neste capítulo são apresentados os resultados do exemplo, o edifício possui planta baixa com formato quadrangular. O exemplo simulado no programa TQS (TQS INFORMÁTICA LTDA.) utilizou o procedimento com e sem ISE. Os resultados apresentados são: reações de apoio, recalques, rigidezes nas ligações de alguns pilares com as respectivas sapatas, bacias de recalque, a variação do recalque com a distância entre os pilares e a relação do recalque diferencial com o aumento da carga do edifício. 5.1. REAÇÕES DE APOIO O edifício simulado possui 16 sapatas, porém aproveitando da simetria, foram avaliadas as sapatas dos pilares P1, P2, P5 e P6, identificadas na Figura 4.3 do capítulo 4, em relação a reações de apoio, rigidezes e recalques. Nas Figuras 5.1 a 5.7 estão os gráficos referentes às reações de apoio simulando a construção progressiva dos 15 Reações de apoio (-) pavimentos e realizando em cada pavimento 6 iterações. 19,00 18,00 17,00 16,00 15,00 14,00 13,00 12,00 11,00 10,00 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 1 Pavimento Figura 5.1 – Reações de apoio de cada sapata para 1 pavimento 42 Reações de apoio (-) 33,00 31,00 29,00 27,00 25,00 23,00 21,00 19,00 17,00 15,00 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 2 Pavimento Reações de apoio (-) Figura 5.2 – Reações de apoio de cada sapata para 2 pavimentos 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1 2 5 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 3 Pavimento Figura 5.3 – Reações de apoio de cada sapata para 3 pavimentos Reações de apoio (-) 70,00 65,00 60,00 55,00 Sapata 1 50,00 Sapata 2 45,00 Sapata 5 40,00 Sapata 6 35,00 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 5 Pavimento Figura 5.4 – Reações de apoio de cada sapata para 5 pavimentos Reações de apoio (-) 43 95,00 90,00 85,00 80,00 75,00 70,00 65,00 60,00 55,00 50,00 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 7 Pavimento Figura 5.5 – Reações de apoio de cada sapata para 7 pavimentos Reações de apoio (-) 140,00 130,00 120,00 110,00 Sapata 1 100,00 Sapata 2 90,00 Sapata 5 80,00 Sapata 6 70,00 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 10 Pavimento Reações de apoio (-) Figura 5.6 – Reações de apoio de cada sapata para 10 pavimentos 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 Número de Iterações 6 15 Pavimento Figura 5.7 – Reações de apoio de cada sapata para 15 pavimentos 44 Nas Figuras de 5.1 a 5.7, pode-se observar que as iterações resultaram numa redistribuição de cargas. Sem a aplicação da ISE (primeira iteração), a sapata P6, a qual representa um elemento central, é a que apresenta a maior carga, porém após as iterações seu valor tende a diminuir, aproximando-se da sapata 5. Com a aplicação de iterações, a sapata central tende a perder carga e as sapatas de canto e laterais como P1, P2 e P5 tendem a ganhar essa carga perdida. O processo de convergência das reações de apoio dos pilares foi rápido de maneira que em apenas 3 iterações obtiveram resultados satisfatórios. 5.2. RIGIDEZES Nas Figuras 5.8 a 5.14 são apresentados os gráficos com as variações de rigidezes das sapatas com a construção dos pavimentos. E novamente foram feitas 6 Rigidez (-/m) iterações para cada pavimento. 9000 8900 8800 8700 8600 8500 8400 8300 8200 8100 8000 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 1 Pavimento Rigidez (-/m) Figura 5.8 – Rigidezes do apoio de cada sapata para 1 pavimento 9000 8900 8800 8700 8600 8500 8400 8300 8200 8100 8000 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 2 Pavimento Figura 5.9 – Rigidezes do apoio de cada sapata para 2 pavimentos 45 9000 Rigidez (-/m) 8800 8600 8400 1 8200 2 8000 5 7800 6 7600 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 3 Pavimento Rigidez (-/m) Figura 5.10 – Rigidezes do apoio de cada sapata para 3 pavimentos 9000 8900 8800 8700 8600 8500 8400 8300 8200 8100 8000 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 5 Pavimento Figura 5.11 – Rigidezes do apoio de cada sapata para 5 pavimentos 9000 Rigidez (-/m) 8800 Sapata 1 8600 Sapata 2 8400 Sapata 5 8200 Sapata 6 8000 1 2 3 4 5 6 7 Pavimento Figura 5.12 – Rigidezes do apoio de cada sapata para 7 pavimentos Rigidez (-/m) 46 9000,00 8900,00 8800,00 8700,00 8600,00 8500,00 8400,00 8300,00 8200,00 8100,00 8000,00 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 10 Pavimento Rigidez (-/m) Figura 5.13 – Rigidezes do apoio de cada pilar (em tonelada força por metro) para 10 pavimentos 9200,00 9000,00 8800,00 8600,00 8400,00 8200,00 8000,00 7800,00 7600,00 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 15 Pavimento Figura 5.14 – Rigidezes do apoio de cada pilar (em tonelada força por metro) para 15 pavimentos Conforme as Figuras de 5.8 a 5.14, pode-se observar a tendência crescente das rigidezes das sapatas P1, P2 e P5 (sapatas da periferia), e a tendência decrescente da sapata P6 (sapata central). O processo de convergência das rigidezes dos pilares foi rápido de maneira que em apenas 3 iterações obtiveram resultados satisfatórios. 5.3. RECALQUES Nas Figuras 5.15 a 5.21 são apresentados os gráficos com as variações de recalques das sapatas com a construção dos pavimentos, foram feitas 6 iterações para cada pavimento. 47 Recalque (mm) 2,5 2,0 1,5 Sapata 1 Sapata 2 1,0 Sapata 5 0,5 Sapata 6 0,0 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 1 Pavimento Figura 5.15 – Recalque do apoio de cada sapata para 1 pavimento 4,0 Recalque (mm) 3,5 3,0 2,5 Sapata 1 2,0 Sapata 2 1,5 Sapata 5 1,0 Sapata 6 0,5 0,0 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 2 Pavimento Figura 5.16 – Recalque do apoio de cada sapata para 2 pavimentos 6,0 Recalque (mm) 5,0 4,0 1 3,0 2 2,0 5 1,0 6 0,0 1 2 3 4 Número de Iterações 5 6 3 Pavimento Figura 5.17 – Recalque do apoio de cada sapata para 3 pavimentos 48 Recalque (mm) 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 Sapata 1 Sapata 2 Sapata 5 Sapata 6 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 5 Pavimento Figura 5.18 – Recalque do apoio de cada sapata para 5 pavimentos 12,0 Recalque (mm) 10,0 8,0 Sapata 1 6,0 Sapata 2 4,0 Sapata 5 2,0 Sapata 6 0,0 1 2 3 4 5 6 Número de Iterações 7 Pavimento Figura 5.19 – Recalque do apoio de cada sapata para 7 pavimentos 16,0 Recalque (mm) 14,0 12,0 10,0 Sapata 1 8,0 Sapata 2 6,0 Sapata 5 4,0 Sapata 6 2,0 0,0 1 2 3 4 Número de Iterações 5 6 10 Pavimento Figura 5.20 – Recalque do apoio de cada sapata para 10 pavimentos 49 25,0 Recalque (mm) 20,0 Sapata 1 15,0 Sapata 2 Sapata 5 10,0 Sapata 6 5,0 0,0 1 2 3 4 Número de interações 5 6 15 Pavimento Figura 5.21 – Recalque do apoio de cada sapata para 15 pavimentos Nas Figuras de 5.15 a 5.21, pode-se concluir que em geral três iterações bastaram para que os recalques fossem estabilizados. O pilar P6 apresenta o maior recalque por absorver maior quantidade de carga do edifício, já o pilar P1 é o que tem o menor recalque e a menor carga. Nos pavimentos iniciais a variação de recalque foi pequena, porém ela aumentou consideravelmente para os últimos pavimentos. A convergência das interações foi rápida para os recalques assim como para as reações de apoio e rigidezes dos pilares. Na Figura 5.22a tem-se a bacia de recalques para o resultado de 6 iterações, já na Figura 5.22b tem-se a bacia para os recalques sem a consideração da ISE, ou seja, apenas uma iteração. Para o traçado da bacia de recalques imaginou-se a seção transversal da fundação, assim adotou-se a linha determinada pelas sapatas P2, P6, P10, P14. Os recalques de P2 e P6 foram obtidos através do procedimento criado, e P10 e P14, por sua vez, foram obtidos através da simetria da estrutura. Assim o recalque de P14 é igual a P2 e o de P10 igual a P6. Recalque (mm) 50 25 25 20 20 15 15 10 10 5 Pav 5 5 7 Pav 0 0 1 5,35 8,5 12,85 1 Pav 2 Pav 3 Pav 10 Pav 1 Coordenada y do pilar 5,35 8,5 12,85 15 Pav Coordenada y do pilar a) Recalques para 6 iterações b) Recalque Figura 5.22 – Gráficos das bacia de recalques, a) é referente a 6 iterações e b) é referente ao processo convencional Observou-se através da Figura 5.22 que à medida que se aumenta a carga da estrutura os pilares centrais tendem a recalcar mais que os da periferia, assim nos primeiros pavimentos o recalque mostrou-se uniforme, aumentando sua discrepância a partir do aumento do número de pavimentos. Os recalques de um edifício são influenciados pela rigidez da estrutura, da fundação e do solo. Comparando a Figura 5.22a com a Figura 5.22b, pode-se concluir que a bacia de recalques obtida através do emprego da ISE, possui curvas mais suaves, ou seja, recalques diferenciais menores. O gráfico da Figura 5.23 mostra que à medida que a carga da estrutura aumenta, a diferença entre os recalques também aumenta de maneira não-linear. 51 0,6 0,5 Dr/DL 0,4 0,3 0,2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Número de pavimentos Figura 5.23 – Gráfico da variação do recalque pela distância entre os pilares (P2 e P6). O gráfico da Figura 5.24 mostra a tendência da taxa de crescimento do recalque diferencial de diminuir com a construção de novos pavimentos. Isso se deve ao aumento de rigidez da estrutura. A rigidez crescente diminui proporcionalmente os recalques diferenciais. Vale destacar que no presente trabalho não foi feita uma análise incremental do processo construtivo. recalque diferencial/carga 0,0025 0,002 0,0015 0,001 0,0005 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Número de pavimentos Figura 5.24 – Gráfico do recalque diferencial/carga no edifício para os pilares P6 e P2 versus o número de pavimentos executado. 52 CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES A utilização da ISE em edifícios interfere na redistribuição de cargas nas sapatas, mais especificadamente nos primeiros pavimentos, onde, na estrutura avaliada, a variação da cargas foi maior que a variação dos recalques das sapatas. Neste trabalho foi utilizada uma ferramenta numérica para estudar o comportamento fundação-estrutura de uma maneira acoplada. Um conjunto de fatores desde a rigidez da fundação e tipo de solo contribuíram para o comportamento do edifício. Pode-se observar que houve uma redistribuição de cargas. As sapatas centrais (6) transferiram carga para as demais sapatas da periferia quando o procedimento com a ISE foi empregada. Inicialmente, tentou-se incorporar recalques no TQS, e a partir dessa nova configuração estrutural, obter as novas reações de apoio. Devido a metodologia do TQS não foi possível a convergência dos resultados. Assim, converteu-se os recalques em rigidezes para incorporá-los ao TQS. Ao se adotarem rigidezes na ligação pilar com a sapata, o efeito de influência das demais fundações mostrou-se eficaz, sendo necessárias em geral somente 3 iterações. Os recalques médios e diferenciais do edifício aumentam com o número de pavimentos, mas a taxa de crescimento do recalque diferencial reduz com o aumento da estrutura, ou seja, o aumento de pavimentos e a rigidez crescente causam uma diminuição nos recalques diferenciais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. 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