título do resumo - Anais Unicentro

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MORFOLOGIA E ANATOMIA DOS ÓRGÃOS REPRODUTIVOS DE
Portulaca oleracea L. E Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn
(PORTULACACEAE)
Aline Rosado (PIBIC/CNPq-UEM), Ismar Sebastião Moscheta (orientador),
Luis Antonio de Souza (co-orientador), e-mail: [email protected].
Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Biologia/Maringá, PR.
Ciências Biológicas/Botânica
Palavras-chave: flor, fruto, pericarpo, semente.
Resumo:
Portulaca oleracea L. e Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. são
plantas invasoras pertencentes à Portulacaceae que preferem solos ricos
em matéria orgânica. O objetivo deste trabalho é analisar
morfoanatomicamente seus órgãos reprodutivos. Fragmentos destes foram
coletados e preparados para a montagem de lâminas semi-permanentes e
permanentes. P. oleracea possui uma inflorescência na extremidade dos
ramos do tipo cimosa múltipla e o fruto é do tipo cápsula circuncisa. T.
paniculatum possui flores reunidas em uma panícula e seu fruto é do tipo
cápsula loculicida. As espécies possuem estames livres, filetes longos,
desiguais, antera rimosa e biteca. São pluricarpelares, uniloculares e
pluriovuladas, com grande quantidade de células mucilaginosas na parede
ovariana e pericarpo imaturo. Os óvulos são anátropos, bitegumentados,
crassinucelados, e as sementes exotégmicas, perispermáticas, tegumentos
não-multiplicativos e embriões curvos. O pericarpo torna-se seco, delgado e
frágil quando maduro, o que contribui para a dispersão das sementes. Em
ambas, as brácteas persistem envolvendo o ovário após a fecundação. Além
das características morfológicas da flor e do fruto, anatomicamente, a principal
diferença é o número de camadas do pericarpo.
Introdução
Portulaca oleracea L. é uma planta invasora de origem incerta
(provavelmente da África ou Índia) comum em todo o país, onde infesta
solos cultivados. Prefere solos ricos em matéria orgânica e é muito prolífica,
sendo que uma planta pode produzir até 10000 sementes, que podem
permanecer quiescentes por mais de 19 anos (Lorenzi, 2008). Também é
extremamente tóxica, se ingerida em grande quantidade (Kissmann et al.,
2000).
Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. é originária da América Latina e
atualmente distribui-se por diversos países. Suas folhas são comestíveis,
usadas na alimentação humana e de animais (Kissmann et al., 2000). É
também empregada na medicina caseira (Lorenzi & Matos, 2002). É uma
planta invasora medianamente frequente em locais úmidos, sombrios e com
alto teor de matéria orgânica em quase todo o país. Infesta principalmente
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pomares, cafezais, beira de matas e terrenos baldios, mas raramente forma
densa infestações (Lorenzi, 2008).
O objetivo deste trabalho é analisar morfo e anatomicamente os órgãos
reprodutivos de Portulaca oleracea e Talinum paniculatum (Portulacaceae).
Materiais e métodos
Flores e frutos em diferentes fases de maturação foram coletados no Jardim
Didático do campus-sede da Universidade Estadual de Maringá, fixados em
FAA 50 e armazenados em álcool 70% (Johansen, 1940).
O estudo anatômico do material botânico foi feito em seções executadas
em planos transversais e longitudinais, realizadas à mão livre (lâminas
semipermanentes) e em micrótomo de rotação (lâminas permanentes). As
seções secionas a mão livre foram coradas com safranina e azul de astra,
montadas em glicerina a 33% e lutadas com esmalte incolor.
As lâminas permanentes foram confeccionadas com as peças botânicas
fixadas e incluídas em historresina (Gerrits, 1991), coradas com azul de
toluidina (O’Brien et al., 1964) e montadas em Permount.
Resultados e Discussão
Portulaca oleracea possui uma inflorescência na extremidade dos ramos do
tipo cimosa múltipla, apresentando flores ligeiramente vistosas de coloração
amarela. A flor pedicelada (Fig. 1A) é monoclina e monoclamídea,
apresentando duas brácteas persistentes e cinco pétalas amarelas que caem
logo após a antese. Possui cinco estames opostos as pétalas, com filete livre,
longo e antera rimosa, biteca e tetraesporangiada (Cronquist, 1981). O fruto é
do tipo cápsula circuncisa (Fig. 1B), típico deste gênero (Souza; Lorenzi,
2008). O gineceu (Fig. 1C) é composto de um único pistilo, com estigma
penta-divido e plumoso, ovário semi-ínfero, tetracarpelar, uniloculado,
pluriovulado e placentação basal, como ocorre geralmente na família
(Kissmann et al, 2000). O óvulo é anátropo, bitegumentado, crassinucelado
e os tegumentos não são multiplicativos na semente (Corner, 1976). Os
funículos são filamentosos, às vezes laciniados, longos e de tamanhos
diferentes (Barroso et al, 1999). A semente madura é pequena e albuminosa,
com um pequeno tubérculo ao longo da curvatura dorsal (Matthews et al.,
1993). A testa é composta por uma camada de células cubóides poligonais
e isodiamétricas, com parede externa espessa e lignificada. O tégmen, não
especializado, é esmagado (Fig. 1D). O perisperma é amiláceo e o
endosperma nuclear envolve o embrião curvo (Corner, 1976).
A parede ovariana possui um número grande de células mucilaginosas
e é composta de uma epiderme unisseriada seguida de uma camada de
células parenquimática grandes e dez camadas de células cubóides
juntamente com células mucilaginosas. A epiderme interna é unisseriada e
possui células cubóides. O pericarpo maduro torna-se seco e fino e a linha de
deiscência pode ser observada no fruto ainda jovem. As brácteas persistentes
envolvem o fruto após a fecundação e protegem-no até a sua deiscência. Os
testes histoquímicos indicaram a presença de proteína como substância de
reserva do endosperma.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Figura 1 – Morfologia e anatomia de Portulaca oleracea. A: Botão floral; B: Fruto imaturo
sem as brácteas; C: Corte longitudinal do botão floral; D: Corte transversal do fruto imaturo.
br: bráctea; ov: óvulo; pe: pétala; po: parede ovariana; pr: pericarpo; se: semente. Barras:
A= 3 mm; B= 2 mm; C= 350 μm; D= 250 μm.
Talinum paniculatum possui as flores ligeiramente vistosas reunidas em
uma panícula, a qual possui flores e frutos em vários estádios. O pedicelo se
desenvolve junto com a flor e, posteriormente, com o fruto. A flor é monoclina e
monoclamídea, com um disco nectarífero na base do ovário (Judd et al.,
2002), com duas brácteas persistentes e cinco pétalas de coloração rosa, com
prefloração torcida (Fig. 2A). Os estames são livres, opostos as pétalas, com
estiletes longos e antera rimosa, biteca e tetraesporangiada (Cronquist, 1981).
As brácteas, após a fecundação, se fecham, protegendo o fruto até o
crescimento deste rompê-las, expondo o pericarpo (Fig. 2B). O fruto é do tipo
cápsula loculicida, comum neste gênero (Souza; Lorenzi, 2008). O gineceu é
composto de apenas um pistilo, com estigma trífido e glandular (este e o
estilete são de coloração rosa), ovário súpero, tricarpelar, uniloculado e
pluriovulado, típico desta família (Souza; Lorenzi, 2008). Óvulo pêndulo,
bitegumentado, placentação basal e os funículos são curtos e mucilaginosos
(Fig. 2C). A semente madura é pequena e albuminosa, com um pequeno
tubérculo ao longo da curvatura dorsal (Matthews et al., 1993), da mesma
forma que Portulaca oleracea. A testa é composta por uma camada de
células cubóides poligonais e isodiamétricas, com parede externa espessa
e lignificada. O tégmen, não especializado, é esmagado. Ambas as
camadas não são multiplicativas (Fig. 2D). O perisperma é amiláceo. O
endosperma nuclear envolve o embrião curvo (Corner, 1976).
Figura 2 – Morfologia e anatomia de Talinum paniculatum. A: botão floral; B: Fruto imaturo;
C: Corte longitudinal da flor; D: Corte transversal do fruto imaturo. br: bráctea; ov: óvulo; pe:
pétala; po: parede ovariana; pr: pericarpo; se: semente. Barras: A, B= 1 mm; C= 500 μm;
D=150 μm.
O pericarpo do fruto jovem possui um número grande de células
mucilaginosas e é formado por uma epiderme unisseriada de células cubóides
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e cutícula espessa, mesocarpo com cinco camadas de células parenquimáticas
e endocarpo com quatro camadas de células ainda não diferenciadas. Porém,
no pericarpo maduro extremamente delgado, essas camadas de células se
reduzem as epidermes externa e interna e um parênquima formado de células
degeneradas e esmagadas. Os testes histoquímicos indicaram a presença de
proteína como substância de reserva do endosperma.
Conclusões
Portulaca oleracea e Talinum paniculatum apresentam todas as
características dos órgãos reprodutivos de Portulacaceae. Além disso,
possuem muitas características em comum, tais como a presença de células
mucilaginosas no pericarpo jovem. A despeito das diferenças morfológicas e
anatômicas das flores, suas sementes são muito semelhantes. Em ambas as
espécies o pericarpo torna-se seco e fino, com mesofilo esmagado no fruto
maduro. Isso contribui para a deiscência e a dispersão das sementes.
Agradecimentos
Agradecemos ao CNPq pela concessão da bolsa à graduanda.
Referências
Barroso, G. M. et al. Sistemática de angiospermas do Brasil. v.2. Viçosa:
Editora UFV, 1984.
Corner, E. J. H. The seed of dicotyledons. v. 1. London: Cambridge
University Press, 2 v., 1976.
Cronquist, A. An integrated system of classification of flowering plants.
New York: Columbia University Press, 1981.
Gerrits, P. O. The Application of glycol metacrylate in histotechnology: Some
Fundamental Principles. Germany, Leica Gmbh., 1991.
Johansen, D.A. Plant microtechnique. New York, McGraw-Hill. 1940.
Judd, W. S.; Campbell, C. S.; Kellog, E. A.; Stevens, P. F.; Donoghue, M.
J. Plant systematic: a phylogenetic approach. 2nd Ed. Sunderland: Sinauer
Associates, Inc.
Kissimann, K. G.; Groth, D. Plantas infestantes e nocivas. Tomo II. São
Paulo: BASF, 1992.
Lorenzi, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e
tóxicas. 4ª Ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.
Lorenzi, H.; Matos, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e
exóticas. Nova Odessa, Instituto Plantarum, 2002.
O’Brien, T. P.; Feder, N.; McCully, M. E. Polychromatic staining of plant cell
walls by toluidine blue. Protoplasma. 1964, 59, 368-373.
Souza, V. C. Lorenzi, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para
identificação das famílias fanerógamas nativas e exóticas do Brasil, baseado
em APG II. 2ª Ed. Nova Odessa: Instituto Platarum, 2008.
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