MESTRADO MARKETING TRABALHO FINAL DE MESTRADO TRABALHO DE PROJETO ESTRATÉGIA E PLANO DE MARKETING PARA A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE BASQUETEBOL JOSÉ MANUEL GOMES MOREIRA OUTUBRO - 2016 MESTRADO MARKETING TRABALHO FINAL DE MESTRADO TRABALHO DE PROJETO ESTRATÉGIA E PLANO DE MARKETING PARA A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE BASQUETEBOL JOSÉ MANUEL GOMES MOREIRA ORIENTAÇÃO: LUIS NAZARÉ OUTUBRO - 2016 RESUMO A Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), fundada em 1927, é uma organização pública sem fins lucrativos com o objetivo de desenvolver e promover o basquetebol português. Considerando os desafios que a modalidade enfrenta no país, a Federação tem conseguido desempenhar a sua função de forma satisfatória. No entanto, muito mais pode ser feito: particularmente na área do Marketing, para a qual a FPB não elabora um plano dedicado. O presente trabalho propõe-se a preencher essa lacuna, elaborando um plano estratégico e apresentando linhas orientadoras de ação através das quais a FPB poderá potenciar os seus esforços de Marketing e desempenhar a sua Missão de forma ainda melhor. O processo de investigação teve duas fases: a primeira consistiu na recolha e análise de dados primários e secundários, que permitiram compreender o contexto em que a FPB se encontra; na segunda fase procedeu-se à elaboração do plano, com base na informação recolhida. Esta investigação reforça a importância do planeamento estratégico de marketing, particularmente para uma organização sem fins lucrativos em que estas vertentes são essenciais. ABSTRACT The Federação Portuguesa de Basquetebol (Portuguese Basketball Federation – FPB), founded in 1927, is a public non-profit organization whose goal is to develop and promote the portuguese basketball scene. Considering all the challenges that the sport faces in the country, the Federation has been able to perform its function in an adequate manner. However, there’s much more to be done: particularly in the Marketing area, for which the FPB doesn’t develop a dedicated plan. The present work intends to fill that gap, presenting a strategic plan and the guidelines through which the FPB will be able to improve its Marketing efforts and fulfill its Mission in an even better way. The investigation process had two phases: the first one consisted of the collection and analysis of primary and secondary data that allowed to understand the context in which the FPB lies; in the second phase the plan was developed, based on the information that was previously collected. This investigation reaffirms the importance of strategic and marketing planning, particularly for a non-profit organization in which this area is essential. AGRADECIMENTOS Ao professor Luís Nazaré, pela sua valiosa orientação e todo o conhecimento transmitido. À Federação Portuguesa de Basquetebol, em particular ao Carlos Saldanha e à Associação Desportiva Ovarense, em particular ao João Candeias, pela disponibilidade e por colaborarem comigo neste projeto. À minha família e amigos que, de diferentes maneiras, sempre me foram apoiando neste longo trajeto. Índice Capítulo I – Introdução ..................................................................................................... 1 1.1 Enquadramento do tema ........................................................................................ 1 1.2 Objetivos ................................................................................................................. 1 1.3 Estrutura ................................................................................................................. 2 Capítulo II - Revisão da Literatura .................................................................................... 3 2.1 Marketing aplicado às organizações sem fins lucrativos........................................ 3 2.2 Plano de marketing aplicado a organizações sem fins lucrativos .......................... 5 2.2 Especificidades do Marketing Desportivo .............................................................. 7 2.2.1 Produto Desportivo .......................................................................................... 8 2.2.2 Promoção ......................................................................................................... 9 2.1.3 Preço............................................................................................................... 12 2.1.4 Place (Distribuição) ........................................................................................ 12 Capítulo III – Quadro de Referência ............................................................................... 13 Capítulo IV - Metodologia............................................................................................... 14 Capítulo V – Plano Estratégico........................................................................................ 14 5.1 Missão ................................................................................................................... 14 5.2 Valores .................................................................................................................. 16 5.3 Strategic Issues ..................................................................................................... 16 Capítulo VI – Plano de Marketing ................................................................................... 17 6.1 Ambiente Externo ................................................................................................. 17 6.1.1 Forças ............................................................................................................. 17 6.1.2 Públicos .......................................................................................................... 20 6.1.3 Concorrência .................................................................................................. 21 6.2 Ambiente Interno.................................................................................................. 22 6.2.1 Estratégia........................................................................................................ 22 6.2.2 Recursos ......................................................................................................... 23 6.2.3 Performance ................................................................................................... 24 6.3 Diagnóstico ........................................................................................................... 26 6.4 Análise SWOT Dinâmica ........................................................................................ 29 6.5 Objetivos de Marketing ........................................................................................ 30 6.6 Segmentação, Targeting e Posicionamento ......................................................... 30 6.6 Marketing Mix ....................................................................................................... 32 6.6.1 Produto/Serviço ............................................................................................. 32 6.6.2 Distribuição .................................................................................................... 36 6.6.3 Preço............................................................................................................... 37 6.6.4 Promoção ....................................................................................................... 38 Relações Públicas ........................................................................................................ 40 Capítulo VII – Plano de Implementação e Controlo ....................................................... 43 7.1 Implementação ..................................................................................................... 43 7.2 Controlo ................................................................................................................ 44 Capítulo VIII – Conclusões .............................................................................................. 45 Anexos ............................................................................................................................ 46 Referências ..................................................................................................................... 47 Índice de Figuras Figura 1 – The Strategy Change Cycle (Bryson, 2011) ...................................................... 5 Figura 2 – Strategic Organizational Marketing Process (Andreasen & Kotler, 2008) ...... 7 Figura 3 – Benefícios de uma relação de sponsorship.................................................... 11 Figura 4 – Públicos da Federação Portuguesa de Basquetebol...................................... 20 Figura 5 – Organigrama da Federação Portuguesa de Basquetebol .............................. 22 Índice de Tabelas Tabela 1 ............................................................................................................................ 2 Tabela 2 .......................................................................................................................... 13 Tabela 3 .......................................................................................................................... 29 Tabela 4 .......................................................................................................................... 30 Tabela 5 .......................................................................................................................... 32 Tabela 6 .......................................................................................................................... 36 Tabela 7 .......................................................................................................................... 37 Tabela 8 .......................................................................................................................... 40 Tabela 9 .......................................................................................................................... 41 Tabela 10 ........................................................................................................................ 42 Tabela 11 ........................................................................................................................ 43 Tabela 12 ........................................................................................................................ 44 Capítulo I – Introdução 1.1 Enquadramento do tema O basquetebol em Portugal tem grandes limitações e sempre viveu na sombra do futebol; mas a Federação Portuguesa de Basquetebol tem conseguido, nos seus quase cem anos de existência, manter a modalidade viva. No entanto, a falta de uma visão estratégica, de um planeamento estruturado e de formas de autoavaliação colocam em causa o futuro da FPB e da modalidade, especialmente num contexto económico difícil como o que vivemos hoje em dia. 1.2 Objetivos O objetivo deste projeto é realizar a proposta de um plano estratégico para a Federação Portuguesa de Basquetebol, definindo as principais questões estratégicas pelas quais a Federação deve reger a sua atividade. Dado esse passo, será apresentado um plano de marketing – algo que a FPB também não faz, atualmente – no qual será feita a análise da situação da FPB e delineadas as principais ações de forma a melhorar a performance da Federação e do basquetebol português. Para este planeamento será tido em conta o conhecimento sobre gestão e marketing de organizações sem fins lucrativos (como é o caso da FPB), sobre marketing desportivo e os modelos de atividade de algumas das organizações de maior sucesso da indústria desportiva mundial. 1 1.3 Estrutura A Tabela 1 apresenta a estrutura seguida neste trabalho: Tabela 1 Capítulo I Introdução No primeiro capítulo é feito o enquadramento do tema, apresentados os objetivos a que o estudo se propõe e delineada a estrutura do trabalho. Capítulo II No segundo capítulo são apresentadas as contribuições de autores de destaque dentro das temáticas que servem como base teórica a este trabalho. Revisão da Literatura Capítulo III Quadro de Referência No terceiro capítulo é exposto o modelo seguido para o planeamento estratégico e de marketing da FPB. Capítulo IV Metodologia No quarto capítulo é descrita a metodologia utilizada para a elaboração do projeto. Capítulo V Plano Estratégico No quinto capítulo é feito o planeamento estratégico da FPB: a Missão, os valores e as principais questões estratégicas. Capítulo VI Plano de Marketing No sexto capítulo surge o Plano de Marketing: começando por uma análise da situação da Federação e apresentando políticas de ação para cada elemento do marketing mix, enquadradas com o Plano Estratégico. Capítulo VII Implementação e Controlo No sétimo capítulo são feitas considerações acerca de como o plano deve ser implementado e como será avaliado. Capítulo VIII Conclusões No último capítulo são apresentadas as conclusões sobre a elaboração deste plano e que impacto poderá ter na atividade da FPB. 2 Capítulo II - Revisão da Literatura 2.1 Marketing aplicado às organizações sem fins lucrativos De acordo com Gallagher & Weinberg (1991) a principal característica que define uma organização sem fins lucrativos (OSFL) é precisamente o facto de não ter como objetivo o lucro: estes autores apresentam o conceito de “lucro social”, referindo aspetos como a educação, a saúde, a cultura ou qualquer outro benefício para a comunidade. Gallagher & Weinberg referem também vários desafios inerentes ao marketing de uma OSFL: O facto de a organização ter que lidar com vários grupos de interesse tais como clientes, financiadores ou organizações governativas; A importância de definir e cumprir a Missão da organização (muito superior em comparação a uma empresa cujo objetivo é o lucro); Encontrar benefícios para os financiadores de forma a conseguir manter o fluxo de recursos. Bruce (1995) realça que o termo “cliente” não tem o mesmo significado que tem no contexto de uma empresa cujo objetivo é o lucro, uma vez que quem paga o serviço e quem usufrui do seu benefício nem sempre coincidem. Esta abordagem vai de encontro à multiplicidade de públicos de interesse referida por Gallagher e Weinberg. Bruce acrescenta ainda alguns perigos enfrentados pelas OSFL, como o desenvolvimento de uma atitude de condescendência e até arrogância para com os beneficiários, uma vez que muitas organizações deste tipo operam em monopólio; ou a filosofia de que “a 3 organização tem sempre razão” por desempenhar o seu serviço por longos períodos de tempo. Bruce argumenta que estes fenómenos prejudicam as OSFL, impedindo a adoção de uma visão orientada para o mercado e condicionando o desenvolvimento de estratégias de marketing. Kotler & Levi (1969) afirmam que todas as organizações (com ou sem fins lucrativos) executam medidas de marketing, quer o reconheçam ou não. Atualmente, a maioria das organizações sem fins lucrativos admitem a importância do marketing e a necessidade de o aplicar a este setor. No entanto, em muitos casos as pessoas que trabalham nessas organizações não têm as capacidades de gestão e o know-how necessários para planear e executar as suas ações de marketing, tendo mesmo dificuldade em definir o conceito (Akchin, 2001; Pope et al, 2009) De forma a estruturar o planeamento estratégico da Federação Portuguesa de Basquetebol, neste trabalho será utilizado o modelo de Bryson (2011) - Figura 1, desenvolvido com o intuito de ajudar as organizações sem fins lucrativos a planear, implementar e avaliar as suas atividades. 4 Figura 1 – The Strategy Change Cycle (Bryson, 2011) - Adaptado Este modelo começa pela definição dos aspetos vitais da organização: a Missão, os valores e sua razão de existência. Depois são definidos os “strategic issues” – questões estratégicas essenciais para a atividade da organização. Fixadas estas questões estratégicas segue-se a formulação das medidas a tomar, e finalmente a implementação e avaliação de todo o processo. 2.2 Plano de marketing aplicado a organizações sem fins lucrativos Kotler & Armstrong (2007) definem o processo de planeamento de marketing como a definição das estratégias que permitirão à empresa atingir os seus objetivos. Westwood (2006) refere como propósitos do plano de marketing a definição de objetivos de 5 marketing e de estratégias para os alcançar - definição suportada por McDonald (2008). Wood (2007) identifica como objetivos do plano de marketing a identificação de oportunidades e ameaças ao negócio. Andreasen & Kotler (2008) apresentam um modelo para o planeamento de marketing aplicado especificamente a organizações sem fins lucrativos (Figura 2). Os autores argumentam que este tipo de organização deve utilizar conhecimentos do marketing destinado a empresas cujo objetivo é o lucro, adotando uma mentalidade virada para o mercado e colocando o cliente, não a própria organização, como foco. Após o planeamento estratégico, o modelo de Andreasen & Kotler será seguido para desenvolver o planeamento de marketing da FPB. 6 Figura 2 – Strategic Organizational Marketing Process (Andreasen & Kotler, 2008) - Adaptado 2.2 Especificidades do Marketing Desportivo O termo marketing desportivo é atribuído originalmente a um artigo da revista Advertising Age, de 1978, utilizado para descrever a atividade dos marketers que trabalhavam com o desporto como um meio promocional (Gray & McEvoy, 2005; Mullin, Hardy & Sutton, 2007). 7 A primeira especificidade do marketing desportivo é a distinção que os autores fazem entre duas vertentes: o marketing de produtos desportivos e o marketing de produtos não desportivos através de plataformas desportivas (Mullin et al, 2007; Fullerton & Mertz, 2009; Shank, 2009). Esta distinção destaca desde logo dois importantes públicos – os consumidores de desporto e os sponsors – indo de encontro a uma das características do marketing de organizações sem fins lucrativos: a grande variedade de públicos-alvo. 2.2.1 Produto Desportivo O produto desportivo é um bem, serviço ou combinação dos dois designado a providenciar benefícios ao consumidor desportivo seja ele espectador, participante ou patrocinador (Shank, 2009). Mullin et al (2005) dão ênfase à natureza mista do produto desportivo, que é tanto tangível como intangível, e argumentam que o jogo em si pode ser considerado o core product, sendo toda a oferta adicional associada a um evento desportivo – como os bares, lojas de merchandising e as instalações – o produto aumentado. Segundo estes autores, o produto aumentado é especialmente importante no marketing desportivo pois, devido à imprevisibilidade do jogo, os marketers não têm total controlo sobre o core product. Mason (1999) apresenta ainda outro conceito original: o da liga enquanto produto. O autor argumenta que os jogos só são importantes para os consumidores desportivos quando inseridos no contexto de uma liga organizada, enfatizando a cooperação necessária entre clubes e responsáveis da liga para criar o produto desportivo. 8 Branding O branding é especialmente poderoso no marketing desportivo devido à grande lealdade que os fãs de desporto têm para com as suas equipas (Shank, 2009; Niciporuc, 2010) Hardy, Norman e Sceery (2012) referem a imensa variedade de potenciais alvos de branding: equipas, ligas, jogadores, eventos ou recintos desportivos. Os autores apresentam ainda variáveis que afetam o branding desportivo, como a tradição, as personalidades envolvidas na indústria, o sucesso desportivo, o calendário competitivo ou a localização das equipas e competições. 2.2.2 Promoção É necessário perceber, desde logo, que o conceito de Promoção do marketing mix não corresponde necessariamente ao significado da palavra na língua portuguesa. Mais do que qualquer outra componente do marketing mix, a Promoção (ou mix promocional) é muito mais do que uma simples variável, mas sim um conjunto de elementos tais como promoção de vendas, publicidade, relações públicas ou sponsorship. Essa é, aliás, uma das maiores críticas a esta componente e ao marketing mix no geral: o facto de agregar demasiados conceitos de uma forma que se pode tornar redutora. Por essa razão, é importante analisar os diferentes elementos do mix promocional ao invés de olhar para a Promoção de uma forma geral. No âmbito deste trabalho serão abordadas a fundo as componentes com maior importância e grau de especificidade na indústria desportiva, sendo aquelas em que os autores de marketing desportivo colocam mais ênfase: Relações Públicas e Sponsorship. 9 Relações Públicas Mullin et al definem Relações Públicas como uma atividade através da qual se procura comunicar com vários públicos do interesse da organização, transmitindo-lhes aspetos como a filosofia da organização ou os seus objetivos, com o intuito de construir uma relação com os públicos identificados. Shilbury, Westerbeek, Quick & Funk (2009) acrescentam que as Relações Públicas devem consistir num esforço contínuo e baseado no entendimento mútuo. Qualquer stakeholder da organização é um potencial alvo de relações públicas. No entanto, os autores supracitados concordam que os dois públicos mais relevantes no contexto de uma organização desportiva são os consumidores desportivos e os media. Se os consumidores são um público evidente, no caso dos media as razões apresentadas são que o crescimento dos orgãos de comunicação social e a grande cobertura que fazem de eventos desportivos consistem em “publicidade gratuita”. No entanto, as organizações desportivas não têm forma de controlar o conteúdo e timing das mensagens transmitidas pelos media, o que evidencia a importância de manter uma relação próxima com essas entidades. Sponsorship Podendo ser considerado o elemento mais importante do mix de comunicação de uma organização desportiva, o sponsorship merece especial atenção por parte dos autores do marketing desportivo. Meenaghan (1983)(citado por Speed, Thompson, 2000), define o sponsorship como o pagamento de uma quantia monetária ou prestação de outro tipo de serviço, com o objetivo de melhorar a performance comercial do 10 patrocinador. O aspeto relacional e o envolvimento da segunda entidade - a organização patrocinada - é o que distingue este conceito da publicidade (Shilbury et al, 2009; Fullerton et al, 2009). Shilbury et al sintetizam os objetivos e benefícios de um relação de sponsorship, quer da perpetiva da organização patrocinadora quer da perspetiva da organização patrocinada, como se pode ver pela Figura 3: Figura 3 – Benefícios de uma relação de sponsorship (Shilbury, Westerbeek, Quick & Funk, 2009) - Adaptado Os mesmos autores referem também algumas desvantagens, tais como a falta de controlo sobre a relação , a reluntância dos media em referir os nomes dos sponsors na cobertura de eventos desportivos ou a falta de controlo sobre a performance desportiva. Niciporuc (2010) acrescenta ainda o risco de a entidade patrocinada sofrer na sua reputação, o que influenciaria o negócio da organização patrocinadora. 11 2.1.3 Preço Nas famosas palavras de Philip Kotler (1991), o preço é a única componente do marketing mix que produz rendimento. Apesar disso, Drayer & Rascher (2013) reconhecem que o preço é um tópico pouco explorado na literatura sobre marketing desportivo. Os autores referem que a maior parte da pesquisa sobre o preço se encontra sob a alçada da economia desportiva, com foco na relação entre preço e procura e não em aspetos ligados ao marketing. Shilbury et al (2009) abordam o tema da ótica do marketing geral, não aprofundando as especificidades do marketing desportivo. Referem, no entanto, a importância do produto aumentado para a definição do preço. 2.1.4 Place (Distribuição) Tal como o preço, a distribuição é um tema pouco abordado pelos autores do marketing desportivo. Dois tópicos são referidos: as instalações (recintos desportivos) e os media, em particular a televisão. Para além de os recintos desportivos serem um potencial alvo de branding e sponsorship, Shank (2009) destaca a importância do planeamento a longo prazo para a utilização das instalações, devido ao grande investimento que estas representam. Quanto à televisão, esta foi, segundo Whannel (1992), “a grande causa para o crescimento da indústria desportiva”. Mason (1999) acrescenta a esta ideia destacando a relação simbiótica entre desporto e televisão, argumentando que ambas têm a ganhar com o sucesso da outra. 12 Capítulo III – Quadro de Referência Para o planeamento estratégico da Federação Portuguesa de Basquetebol, será seguido o modelo de Bryson (2011). Atualmente, a Federação não tem uma estratégia delineada: o planeamento é feito a curto prazo e focado apenas nos aspetos operacionais da atividade. A utilização de um modelo que adota uma perspetiva estratégica, aplicado a uma organização sem fins lucrativos, colmatará essa lacuna. A Federação Portuguesa de Basquetebol também não faz o planeamento discriminado de marketing, reservando-lhe apenas uma curta secção no seu plano de atividades. Tal como foi abordado na Revisão de Literatura, é essencial que uma organização sem fins lucrativos adote uma visão virada para o mercado – um plano dedicado ao marketing é o primeiro passo nessa direção. Assim, para o plano de marketing da FPB será seguido o modelo de Andreasen & Kotler (2008). O quadro de referência que será seguido neste trabalho é o seguinte: Tabela 2 13 Capítulo IV - Metodologia Este trabalho terá tanto uma componente descritiva – analisar e descrever a atual situação da Federação Portuguesa de Basquetebol e identificar os principais problemas – como uma componente prescritiva – apresentar soluções para os problemas identificados e sugerir mudanças para melhorar a performance da FPB. O inquérito será a estratégia de recolha de dados primários utilizada, sendo a amostragem não-probabilística por juízo. O critério utilizado será a escolha de pessoas com conhecimento profundo e influência no basquetebol português: nesse sentido foram escolhidos o diretor de marketing da FPB, Carlos Miguel Saldanha; e o administrador da SAD da Associação Desportiva Ovarense, João Candeias. O método de recolha de dados primários será a entrevista estruturada. Estas entrevistas foram realizadas com o intuito de conhecer a fundo o basquetebol português, os seus intervenientes e principais problemas de dois pontos de vista diferentes – da Federação e de um dos principais clubes do basquetebol nacional. Serão também utilizadas fontes de dados secundários, tais como livros, artigos, entrevistas publicadas e websites. Capítulo V – Plano Estratégico 5.1 Missão A Missão geral da Federação Portuguesa de Basquetebol é a promoção e o desenvolvimento da modalidade do basquetebol em Portugal. Esta Missão está sujeita 14 ao Regime Jurídico das Federações Desportivas, atualizado pelo Decreto-Lei nº 93/2014 a 23 de junho. Segundo os seus estatutos, a FPB define a sua Missão e objetivos fundamentais como os seguintes: A) A promoção, regulamentação e direção da prática do basquetebol em todo o território nacional; B) A representação perante a Administração Pública dos interesses dos seus associados; C) A representação do basquetebol nacional perante organismos congéneres estrangeiros; D) A organização e promoção das seleções nacionais, garantido a sua presença nas diversas competições internacionas e o necessário apoio técnico e desportivo às equipas, treinadores, jogadores e diretores; E) A organização das competições desportivas nacionas que nos termos regulamentares lhe couber; F) A organização de outras provas, nacionais ou internacionais, que visem a promoção e o desenvolvimento da modalidade; G) A formação de agentes desportivos. 15 5.2 Valores Os valores pelos quais a Federação Portuguesa de Basquetebol se rege são a seriedade e o profissionalismo na exerção da sua atividade, a inclusão e preocupação com todos os praticantes e fãs de basquetebol e a máxima dedicação pela modalidade. 5.3 Strategic Issues Por strategic issues entende-se o conjunto de questões estratégicas essenciais à atividade da Federação Portuguesa de Basquetebol, tendo em conta a sua Missão, valores e o seu estatuto enquanto organização sem fins lucrativos. S1 - Desenvolvimento da Modalidade: a razão de existência da FPB, de acordo a sua Missão e objetivos a que se propõe, é desenvolver o basquetebol português. Assim, esta será a primeira questão estratégica a considerar: como fazer crescer a modalidade em Portugal, dar as melhores condições a todos os intervenientes e melhorar a qualidade e reputação do basquetebol português. S2 - Divulgação da Federação: a segunda questão estratégica será a divulgação da FPB e do seu leque de atividades, com vista ao aumento da sua notoriedade e da notoriedade dos jogadores, equipas e competições de basquetebol em Portugal. S3 – Financiamento: a última questão estratégica da Federação é comum a todas as organizações sem fins lucrativos. Uma vez que este tipo de entidade não tem como objetivo obter rendimento dos seus clientes, é essencial encontrar formas alternativas para conseguir os recursos necessários à sua atividade. 16 Capítulo VI – Plano de Marketing 6.1 Ambiente Externo 6.1.1 Forças Para a análise das forças externas consideremos o modelo de análise PEST (Político, Económico, Social/Cultural e Tecnológico), uma vez que os quatro parâmetros têm um grande impacto na atividade da FPB. Ambiente Político O atual Governo português foi formado em 2015 pela minoria parlamentar do Partido Socialista, com apoios do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. O Primeiro-Ministro é António Costa. O Presidente da República é Marcelo Rebelo de Sousa, eleito no início de 2016. O Ambiente Político é importante para a atividade de qualquer Federação desportiva devido às subvenções estatais atribuídas a estas entidades através do Instituto Português do Desporto e Juventude. No entanto, o apoio público ao desporto tem caído ao longo dos últimos anos. Fatores como a instabilidade política que se tem vivido em Portugal ou a crise financeira (que resultou na intervenção da Troika em 2011) podem ter contribuído para a redução das subvenções. Mas a verdade é que mesmo com o fim do programa da Troika em Portugal e a recente mudança de Governo, as críticas sobre a falta de apoio do Estado ao desporto se mantêm. Recentemente, a propósito da participação dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos de 2016, este tópico voltou a ser discutido publicamente. 17 Ambiente Económico Após um período em que a instabilidade política interna e a crise financeira internacional se fizeram sentir nos indicadores económicos, tem-se notado uma recuperação da economia portuguesa nos principais indicadores. Em 2015 o PIB português atingiu o valor de 179 409,6 milhões de Euros (estimativa da PORDATA), o que corresponde ao valor mais alto desde 2010. Também a taxa de desemprego diminuiu nos últimos anos, atingindo os 12,4% em 2015 (valor mais baixo desde 2011). A médio ou longo prazo este boom da economia pode resultar num aumento do financiamento público à FPB. Em relação ao rendimento das famílias portuguesas verificou-se um declínio acentuado entre 2010 e 2012, período em que a crise financeira se fez sentir em maior força em Portugal. Este indicador estagnou entre os anos 2012 e 2013 e com a recente recuperação económica é expectável que as famílias venham a usufruir de maiores rendimentos nos próximos anos. No entanto, o consumo de bens ou serviços de lazer, recreação e cultura por família (onde se inclui o desporto) tem diminuído ligeiramente ao longo dos últimos anos - de 7958,90€ em 2005 para 6947,10€ em 2013 - tendência que pode ser preocupante caso se mantenha. Ambiente Sociocultural O desporto é um importante aspeto da cultura e constitui uma das principais formas de entretenimento dos portugueses – quer enquanto praticantes, quer enquanto espectadores. 18 O futebol é, sem sombra de dúvidas, o desporto predileto em Portugal. Em 2014 contava com 158 739 federados no país, incluindo jogadores, treinadores e juízes. Este valor é vastamente superior ao de qualquer outra modalidade (o andebol vinha em segundo lugar, com 50 114). Para além de uma grande base de praticantes, o futebol merece ainda um lugar de grande destaque por parte da comunicação social portuguesa. Neste contexto, o basquetebol tem uma importância muito menor na sociedade portuguesa: contava com 35 590 federados em 2014 e o espaço reservado pelos media à modalidade é reduzido. Apesar disso existe um fenómeno assinalável: a relação que os portugueses têm com os seus clubes favoritos. Mesmo que o futebol seja a grande atração, a ligação emocional que os adeptos têm com os seus clubes leva a que desenvolvam interesse nas outras modalidades que o clube disputa, nomeadamente o basquetebol. A crescente popularidade da NBA entre os portugueses também pode servir como uma forma de promoção da modalidade. Ambiente Tecnológico O grande avanço tecnológico que deverá provocar alterações profundas na indústria desportiva é o livestreaming – a transmissão de dados ao vivo, através da Internet. Hoje em dia é possível transferir uma enorme quantidade de dados a alta velocidade, o que possibilita a transmissão de eventos ao vivo com alta qualidade – entre os quais se destacam os eventos desportivos. 19 Para os consumidores, a possibilidade de assistir a qualquer conteúdo através de um dispositivo com ligação à Internet ou serviços como o Video-On-Demand são enormes vantagens. Para além disso, as gerações jovens demonstram, cada vez mais, um afastamento em relação à televisão; inversamente, passam cada vez mais tempo online. Assim, o streaming apresenta-se como uma preferência óbvia. Muitos canais televisivos já reconhecem a ameaça que este tipo de transmissão representa à televisão e começaram a explorar essa possibilidade. Adicionalmente, algumas das maiores ligas desportivas do mundo – como a NFL ou a NBA – já têm os seus próprios serviços de streaming. 6.1.2 Públicos A Figura 4 apresenta os diferentes públicos de interesse da Federação Portuguesa de Basquetebol: Patrocinadores Estado e outras entidades governativas Clientes Media FPB Outras Organizações Desportivas Figura 4 – Públicos da Federação Portuguesa de Basquetebol 20 Os Clientes - beneficiários diretos da atividade da FPB; O Estado, outras entidades governativas e os Patrocinadores – enquanto formas de financiamento; Os Media – veículo para a promoção da modalidade; Outras Organizações Desportivas – Federações de outras modalidades, Associações regionais de basquetebol, clubes e a FIBA (Federação Internacional de Basquetebol). 6.1.3 Concorrência No contexto de uma organização sem fins lucrativos, o conceito de concorrência apresenta-se de uma forma diferente àquela a que estamos habituados. Ao contrário de uma organização cujo objetivo é o lucro, em que o sucesso está dependente da forma como supera a concorrência, as organizações sem fins lucrativos têm, geralmente, uma relação de colaboração com outras organizações que desempenham a mesma função. Mesmo que discordem sobre quais as melhores formas de prestar o serviço em questão, em última instância estas organizações propõem-se às mesmas causas e o seu principal foco é o benefício da sociedade. No caso de uma federação desportiva o conceito de concorrência é ainda mais peculiar, uma vez que não existem outras entidades que se proponham a prestar o mesmo serviço no espaço nacional. No entanto, as organizações sem fins lucrativos concorrem em aspetos como o acesso a financiamento (público ou privado) e a notoriedade pública. Nesta perspetiva, a Federação Portuguesa de Basquetebol “concorre” de forma mais direta com as federações desportivas das principais modalidades em Portugal: 21 Federação Portuguesa de Futebol; Federação de Andebol de Portugal; Federação Portuguesa de Voleibol; Federação de Patinagem de Portugal. Mesmo que estas federações sejam “concorrentes” da FPB, uma vez que se tratam de organizações sem fins lucrativos a cooperação entre todas não só é possível como é desejável de forma a defender os interesses do desporto português. 6.2 Ambiente Interno A Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) foi fundada no Porto em 1927. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo geral é a promoção do basquetebol português. A FPB rege-se pelos seus próprios estatutos e pelo Regime Jurídico das Federações Desportivas. Assembleia Geral Conselho Fiscal Presidente e Direção Conselho Disciplina Secretaria-Geral Marketing, Comunicação e Eventos Direção Técnica Conselho Justiça Conselho Arbitragem Figura 5 – Organigrama da Federação Portuguesa de Basquetebol 6.2.1 Estratégia A FPB realiza um plano de atividades anual, no qual lista e descreve todas as competições, eventos e projetos previstos. No plano de atividades consta também o 22 orçamento previsto para o período em questão e uma curta análise quantitativa do estado da modalidade – número de federados (por escalão e género) e número de treinadores e juízes (por escalão de formação). Apesar disso, não existe realmente um plano estratégico onde são delineadas as principais questões estratégicas, os objetivos, os problemas enfrentados e as medidas a pôr em prática para os solucionar. Alguns destes tópicos são abordados ao longo do plano de atividades, mas de uma forma pouco estruturada e com uma visão de curto prazo. A análise não é interpretada e não existem objetivos definidos em relação aos parâmetros ou formas de os alcançar. No que ao marketing diz respeito também não existe um plano dedicado. 6.2.2 Recursos No seu Orçamento para 2016, a Federação previu Rendimentos no valor de 4 630 856 €, de entre os quais se destacam os Subsídios do IPDJ (3 261 389 €). Em contrapartida, os Gastos avançados também são no valor de 4 630 856 €, sendo que as despesas com Deslocações e Estadias representam a maior parte (1 483 055 €) O Resultado Líquido avançado é nulo, como é normal e desejável numa organização sem fins lucrativos – significa que todos os rendimentos estão a ser utilizados para melhorar a oferta sem que existam prejuízos. O Ativo em 2015 situava-se em 1 038 694 €, o que representa um aumento de 11,9% em relação ao ano anterior. Já o Passivo tinha um valor de 2 356 000 €, tendo aumentado 5,7% comparativamente a 2014. 23 No fim de 2015 a FPB contava com 22 colaboradores. Apesar do Resultado Líquido projetado ser zero, a alta percentagem que as subvenções estatais representam em relação aos rendimentos totais (aproximadamente 70%) é um factor de risco, especialmente considerando que o investimento público no desporto tem caído. 6.2.3 Performance No final da época 2014/2015, estavam inscritos na FPB 20 809 jogadores, 1094 treinadores e 1019 juízes e 221 clubes. A estes valores, acrescentam-se ainda 15 879 participantes nas competições 3x3 a nível escolar. Durante a época 2014/2015 foram realizados 3 844 jogos sob a alçada da Federação. A performance da FPB deve ser analisada nos seus vários raios de ação: organização de competições, eventos, Seleções Nacionais e formação de agentes desportivos. Competições A FPB oferece um total de vinte competições nacionais, desde o mais alto nível até aos escalões mais jovens e tanto para o género masculino como para o feminino. Dentro desta vasta gama destacam-se: Liga Portuguesa de Basquetebol Liga Feminina de Basquetebol Proliga Supertaça Taça de Portugal 24 Campeonatos e Taças Nacionais desde o escalão sub-14 ao sub-19, de ambos os géneros No seu trabalho ao nível da melhoria constante da sua oferta, a FPB está já a desenvolver projetos para acrescentar mais competições à sua atividade, tais como os circuitos nacionais de 3x3, competições do escalão Masters (mais de 35 anos) e de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Apesar do vasto leque de competições ainda existe muito espaço para melhorias, particularmente no que toca à Liga Portuguesa de Basquetebol. Vários problemas estruturais têm afetado o nível da principal competição portuguesa da modalidade e a performance dos clubes, que frequentemente se vêm obrigados a desistir da sua participação. Eventos Os eventos organizados pela FPB, incluindo convívios, torneios e circuitos competitivos, focam-se especialmente na variante do minibasquete e são direcionados a públicos mais jovens. Em 2016 foram realizados oito eventos a nível nacional, em colaboração com o Comité Nacional de Minibasquete, com as Associações de Basquetebol, os clubes e as autarquias locais. Seleções Nacionais A FPB é a responsável pela atividade das seleções de todos os escalões e pela sua participação nas competições internacionais. O principal objetivo é a continuidade do 25 contacto internacional de forma a contribuir para a formação dos jogadores e equipas portuguesas. Este apoio manifesta-se a diferentes níveis: Logístico – viagens e estadias; Infraestruturas – centros de treino focados no alto rendimento; Enquadramento Humano – constante formação e orientação de selecionadores, treinadores e todo o staff que acompanha as seleções nacionais. Os recentes resultados das várias seleções portuguesas representam alguns dos pontos altos do basquetebol português: em 2007 e 2011 a seleção de seniores masculinos qualificou-se para o Eurobasket (duas das quatro participações da sua história); mais recentemente, a seleção Sub-16 feminina sagrou-se vice-campeã da Europa. Formação Através da Escola Nacional de Basquetebol, a Federação oferece formação contínua a treinadores, juízes e dirigentes desportivos de forma a assegurar e aumentar o nível qualitativo dos agentes desportivos no basquetebol português. Para 2016 foram estimadas 347 ações de formação – 174 para treinadores, 167 para juízes e 6 para dirigentes. 6.3 Diagnóstico Com base na análise feita, podemos concluir que a Federação Portuguesa de Basquetebol tem alguns pontos fortes a assinalar. O facto de terem conseguido manter a modalidade viva, num contexto económico adverso e num país extremamente virado para o futebol, merece destaque. O trabalho feito ao nível das seleções nacionais tem 26 sido bom e obteve resultados históricos no contexto do basquetebol português. Por fim, o investimento no público jovem é muito positivo, particularmente ao nível do minibasquete e do 3x3 escolar. No entanto, a falta de uma visão estratégica prejudica gravemente a FPB e o basquetebol nacional. Prova disso é a negligência mostrada em relação aos clubes e às principais competições nacionais - situação que constrasta completamente com o trabalho feito ao nível das seleções e do basquetebol juvenil O maior exemplo do pouco foco nas competições nacionais e nos clubes é o atual estado da Liga Portuguesa de Basquetebol, cujo nível competitivo tem caído nos últimos anos. Não existem canais de televisão interessados em transmitir os jogos regularmente e há cada vez menos marcas dispostas a patrocinar a Liga e os clubes. Para além disso, a grande maioria dos jogadores não são profissionais e todos os anos existem clubes que desistem da sua participação na principal competição do basquetebol português devido a problemas financeiros. Esta situação levou ao afastamento de clubes históricos – como o Barreirense – e põe em causa a Liga, a Federação e a modalidade. Enquanto organizadora, a Federação Portuguesa de Basquetebol deve assumir a sua responsabilidade pelo estado da LPB e por não conseguir inverter a atual tendência da principal competição nacional da modalidade. A FPB falha em ver os clubes como aliados estratégicos e como intervenientes cruciais no desenvolvimento da modalidade; falha também, e principalmente, em ver a competição enquanto potencial dinamizador do basquetebol em Portugal. Uma Liga mais competitiva e com uma direção estratégica bem definida levará a que haja mais dinheiro envolvido no basquetebol português e a 27 que os clubes possam apresentar melhores plantéis e melhores performances. Consequentemente, o público português terá maior interesse pela competição e pela modalidade, aumentando a médio/longo prazo o número de adeptos, praticantes e outros agentes desportivos envolvidos no basquetebol português. Por fim, a falta de planeamento de marketing também representa um grande ponto fraco. Se é verdade que a FPB tem tido algumas iniciativas de marketing interessantes – tais como uma experiência com uma plataforma de livestreaming e a adoção de uma mascote – o facto é que estas medidas surgem de forma esporádica e não estão enquadradas com objetivos a cumprir e processos de autoavaliação. Isto significa que o marketing da Federação Portuguesa de Basquetebol não está sequer perto do impacto desejável para uma organização sem fins lucrativos. 28 6.4 Análise SWOT Dinâmica Tabela 3 Forças Número considerável de praticantes Nicho dedicado e apaixonado pela modalidade Desporto dinâmico e altamente virado para o espetáculo Grande implantação entre o público jovem Fraquezas Escassez de recursos Pouca popularidade na cultura portuguesa Pouco interesse por parte de canais televisivos e grandes marcas Oportunidades Maior envolvimento com os clubes Crescente popularidade da NBA em Portugal Livestreaming Redes Sociais Aproveitar os fãs dos clubes Partilhar momentos espetaculares através das redes sociais Comunicar com os jovens através dos meios online Ameaças Declínio do consumo de bens de lazer, recreação e cultura Diminuição das subvenções estatais Crescimento de outras modalidades como o futsal Dar a conhecer a modalidade e a importância que as subvençõe estatais têm para os praticantes, agentes e fãs Coordenar ações com outras federações de forma a aumentar o investimento público no desporto Utilizar a NBA para dar a conhecer a modalidade e o basquetebol português Transmitir os jogos online em plataforma própria Usar as redes sociais enquanto meio promocional gratuito Encontrar formas alternativas de financiamento Criar novas plataformas de sponsorship Criar nova formas de divulgar os sponsors 29 6.5 Objetivos de Marketing Os objetivos do plano de marketing da Federação Portuguesa de Basquetebol, enquadrados com os strategic issues e com a análise feita, serão os seguintes: Tabela 4 Strategic Issue Objetivo de Marketing S1 O1: Aumentar a visibilidade e notoriedade do basquetebol português S1 O2: Incluir mais praticantes na oferta da FPB S2 + S3 O3: Melhorar as formas de monetização de todas as atividades da FPB (competições, seleções e eventos) S2 O4: Encontrar novas vias de transmissão de jogos de basquetebol e de informação sobre a modalidade S2 S1 + S2 + S3 O5: Melhorar a utilização dos meios promocionais (site e redes sociais) O6: Desenvolver e explorar a LPB como “a cara da Federação Portuguesa de Basquetebol” S1 + S3 O7: Colaborar com outras federações, associações e clubes, de forma a defender os interesses do basquetebol e do desporto portugueses 6.6 Segmentação e Targeting O critério utilizado para a segmentação de mercado será a ocasião de consumo. Uma vez que o desporto é um produto consumido por pessoas com rendimentos, classes sociais e estilos de vida muito variados, utilizar um critério relacionado com o comportamento do consumidor permite agrupar os mesmos em segmentos homogéneos e distintos entre si. 30 Nesse sentido, será feita a distinção entre dois grandes grupos: Agentes Desportivos e Adeptos: Os Agentes Desportivos consistem em todas as pessoas que intervêm diretamente no basquetebol português. Aqui incluem-se os Jogadores, Juízes e todo o Enquadramento Humano em torno das equipas (Treinadores e Dirigentes) Os Adeptos englobam todas as pessoas que gostam da modalidade. Dentro deste segmento é importante fazer a distinção entre: o Espectadores – assistem aos jogos pela TV ou ao vivo; o Praticantes Casuais – jogam basquetebol como um passatempo. 31 Através da aplicação de outro critério relacionado com o Comportamento de Consumidor – os Benefícios Esperados – é possível aprofundar o perfil de cada um destes targets: Tabela 5 Perfil Jogadores Juízes Enquadramento Espectadores Humano Praticantes Casuais Ocasião de Prática da Arbitragem Acompanhamento Assistir aos jogos Prática da Consumo modalidade dos jogos e gestão das na televisão ou modalidade inserida das várias equipas ao vivo enquanto numa competições hobbie equipa Benefícios Organização Organização Organização de Organização de Disponibilização Esperados de de competições; competições de de competições competições Apoio às equipas; alto nível; Nível infraestruturas; de todos os ; Formação Formação de Organização de escalões; entretenimento; torneios Apoio às Qualidade da amadores; equipas e transmissão/dos Pedagogia seleções recintos nacionais desportivos . 6.6 Marketing Mix 6.6.1 Produto/Serviço O principal serviço prestado pela FPB é a própria modalidade do Basquetebol, o seu desenvolvimento e promoção. Por se tratar de uma organização sem fins lucrativos, o objetivo da Federação Portuguesa não é o lucro mas sim a prestação de um serviço cada vez melhor e mais completo. Logo, é importante adotar uma filosofia de melhoria contínua: procurar constantemente novas formas de desenvolver a modalidade; 32 perceber quais os segmentos-alvo que necessitam de maior foco e estabelecer contacto com os próprios beneficiários de forma a entender melhor aquilo que eles valorizam e pretendem. Liga Portuguesa de Basquetebol Conforme definido nos objetivos deste plano de marketing, a Liga Portuguesa será potencializada enquanto principal competição de basquetebol nacional e como “a cara da FPB”. Estas linhas de ação são baseadas nos modelos seguidos, com sucesso, por algumas das competições mais prestigiadas do basquetebol internacional – tais como a NBA e a ACB, ligas norteamericana e espanhola, respetivamente. Redução dos custos para os clubes – atualmente, o nível de custos que os clubes têm que arcar para assegurar a sua participação na LPB é demasiado alto para o contexto do basquetebol português. Esta situação é especialmente penalizadora para os clubes mais pequenos, que frequentemente se vêm obrigados a reduzir orçamentos ou a desistir da sua participação na Liga, apesar de terem conquistado esse direito pelo seu desempenho desportivo. É um facto que a FPB precisa de encontrar nova fontes de receita, mas essas não devem ser conseguidas à custa dos clubes, uma vez que eles próprios contribuem para construir a modalidade; Monetização da Liga – reduzidos os custos para os clubes, torna-se necessário substituir essa fonte de receita. A monetização da Liga deve passar pelo 33 sponsorship – uma das principais fontes de receitas na indústria desportiva. Este tópico será aprofundado na secção da Promoção; Colaboração com os clubes – à imagem do que é feito em todas as grandes competições desportivas a nível mundial, os clubes participantes devem estar ativamente envolvidos na gestão da Liga e devem ser definidos esforços conjuntos entre os clubes e a Federação para o desenvolvimento da competição e da modalidade. Divisão de receitas – assegurada a monetarização da LPB, parte das receitas deverá ser partilhada com os clubes - tal como é feito na NBA, na ACB ou na Premier League (principal liga de futebol inglês). Esta medida tem o objetivo de dar aos clubes uma parcela justa das receitas que eles ajudam a conseguir, mantê-los envolvidos e interessados no sucesso comercial da LPB e dar-lhes a capacidade para aumentar o nível competitivo da competição. Com estas linhas mestre em mente, a FPB irá apostar nos seguintes produtos: Merchandising: venda, através da loja online, de equipamentos e acessórios oficiais das seleções e de todos os clubes da LPB; Jogo All-Star: tendo já sido realizado em 2016, após 6 anos de interregno, o jogo AllStar deve continuar a ser uma forte aposta. Os fãs votarão através do site da FPB nas equipas titulares, enquanto que os treinadores dos clubes votarão nos suplentes. O intervalo do jogo será dedicadas ao concurso de triplos entre jogadores da LPB. Os momentos antes e depois do jogo deverão ser dedicados à interação dos jovens 34 jogadores, dos adeptos e dos media com as estrelas do basquetebol nacional através de concursos, convívios e entrevistas. Para o evento serão desenhados equipamentos especiais para cada equipa (Norte e Sul), que estarão à venda em loja física no próprio evento e na loja online da FPB; Torneios de pré-época: organização de competições amigáveis, durante o Verão, entre equipas portuguesas e equipas internacionais. Estes torneios não só darão aos clubes e aos jogadores nacionais a oportunidade de competir com algumas das melhores equipas estrangeiras, como também dão aos adeptos a hipótese de assistir a basquetebol de qualidade superior. Adicionalmente, será desenvolvida a oferta ao target dos Praticantes Casuais, que atualmente é nula: Disponibilização de infraestruturas públicas para a prática de basquetebol: em colaboração com os sponsors, as associações de basquetebol, os clubes e as câmaras municipais; Torneios amadores: dando a possibilidade aos praticantes casuais de competirem contra outros jogadores e equipas do seu nível; Torneios Pro-Am (Profissional-Amador): eventos que promovem o convívio e a competição amigável entre jogadores de alto nível e os amadores. São oportunidades para promover as referências do basquetebol nacional e os seus clubes, permitindo também aos amadores que aprendam e vejam de perto estes jogadores em acção. 35 Vídeo-coaching: seguindo o modelo de inúmeros canais de Youtube altamente populares a FPB irá partilhar, no seu próprio canal, vídeos com o intuito de ensinar o jogo do basquetebol: as regras, técnicas individuais e aspetos táticos coletivos. Estes vídeos serão realizados em colaboração com os melhores jogadores e treinadores nacionais e serão direcionados aos amadores que desejam aprender a modalidade. Tabela 6 Atividade Strategic Issues Objetivo de Marketing Merchandising S2 + S3 O1 + O3 + O6 Jogo All-Star S1 + S2 O1 + O6 Torneios Pré-época S1 + S2 O1 + O6 Infraestruturas S1 O1 + O2 Torneios amadores S1 O1 + O2 Torneios Pro-Am S1 O1 + O2 + O6 Video-Coaching S1 + S2 O1 + O2 + O4 + O6 6.6.2 Distribuição Os direitos televisivos têm uma grande importância indústria desportiva enquanto fonte de receita. No entanto, a falta de interesse que os canais televisivos nacionais têm demonstrado na modalidade faz com que seja necessário explorar novas formas de fazer chegar os jogos aos adeptos. Assim, a FPB irá utilizar o livestreaming, sendo uma das maiores tendências atuais na indústria desportiva. Esta opção já foi testada no passado mas apenas como uma curta experiência, o que fez com que a oferta de transmissões e a qualidade das mesmas não estivessem ao nível ideal. 36 Os jogos transmitidos neste formato serão: Jogos da Liga Portuguesa de Basquetebol e das competições nacionais mais importantes (Taça de Portugal, Supertaça, etc) que não sejam transmitidos na TV; Jogos das seleções nacionais que não sejam transmitidos na TV; Eventos, como o Jogo All-Star, torneios de pré-época e eventos do minibasquete. Para melhorar a experiência do espectador é essencial que estas transmissões tenham uma qualidade audiovisual elevada. O comentário será assegurado em parceria com rádios locais e com a participação de treinadores e ex-jogadores. Tabela 7 Atividade Strategic Issues Objetivos de Marketing Livestreaming S1 + S2 O1 + O4 + O6 6.6.3 Preço A estratégia de pricing adotada será de penetração de mercado: não só para tentar chegar a mais pessoas mas também porque a principal fonte de receita não serão os consumidores. Os preços dos bilhetes para os jogos das competições nacionais deverão ser definidos em colaboração com os clubes, de forma a manter um nível aceitável para a realidade do basquetebol português; 37 Quanto aos jogos das seleções nacionais e eventos, o preço dos bilhetes é determinado em conjunto com as câmaras municipais, associações de basquetebol locais e clubes (que cedem os pavilhões). Atualmente, muitos dos jogos das seleções têm entrada gratuita. A médio/longo prazo é desejável que essa situação se altere, mas a curto prazo é uma boa forma de chamar mais pessoas aos pavilhões; Por fim, o preço do merchadising é definido com o fornecedor e deve ser negociado de forma a ser acessível. 6.6.4 Promoção Website – Atualmente, o site da FPB está obsoleto e falha em explorar todas as suas potencialidades. Assim, a Federação irá apostar na remodelação do seu site, com o obectivo de criar um hub do basquetebol em Portugal (tal como acontece com os sites da NBA e da ACB). O novo site da FPB irá disponibilizar notícias sobre o basquetebol nacional e internacional, com especial foco na Liga Portuguesa de Basquetebol e no alto rendimento; histórias e artigos de opinião, conteúdo exclusivo como entrevistas, vídeos de inside access aos clubes e às seleções nacionais, links para os sites dos clubes e espaço para discussão entre os adeptos. Redes sociais – Sendo um dos meios de Promoção mais importantes da atualidade, a FPB deverá continuar a forte aposta na sua presença nas redes sociais, especificamente no Facebook, Twitter, Youtube e Instagram. Essa presença incluirá mais media (imagens, vídeo e gifs), resumos dos jogos dos clubes e das seleções e melhores momentos. A interatividade com os adeptos é essencial e a FPB irá investir nesta vertente através de 38 respostas aos adeptos. A interação com outras entidades presentes nas redes sociais, particularmente com os clubes, também será uma aposta: esta é uma boa forma a chegar aos adeptos de alguns dos clubes mais importantes em Portugal, como SL Benfica e FC Porto, que atualmente não dão grande atenção ao basquetebol apesar de os seus clubes favoritos terem boas equipas. As redes sociais serão ainda utilizadas como ponte para o site, através da partilha de links para todo o conteúdo exclusivo presente na principal plataforma online da FPB. Eventos – sendo uma das técnicas mais usadas por organizações sem fins lucrativos para o aumento da sua notoriedade e angariação de fundos, a organização de Eventos deve continuar a ser uma prioridade. Para além dos que já são organizados no âmbito do minibasquete, a Federação irá organizar eventos de convívio entre as referências do basquetebol nacional (jogadores e treinadores) e os adeptos: o “Dia do Basquetebol” nas escolas - visita aos estabelecimentos de ensino com os jogadores e treinadores; o Apresentação da época, tanto para as competições dos clubes como das seleções – evento anual de apresentação das equipas e jogadores, com vista a promover os jogadores, treindores, os clubes, as competições nacionais e as seleções. Passatempos e giveaways - concursos de desenho e design gráfico, vídeos ou textos relacionados com a modalidade do basquetebol. Os vencedores serão partilhados 39 através do site/redes sociais e receberão prémios como bilhetes ou equipamento desportivo. Newsletter – Publicação mensal com todas as notícias do basquetebol português e internacional, links para o conteúdo exclusivo do site e passatempos. Tabela 8 Atividade Strategic Issues Objetivos de Marketing Website S1 + S2 O1 + O4 O5 + O6 Redes Sociais S1 + S2 O1 + O4 + O5 + O6 Eventos S1 + S2 O1 + O2 + O4 + O5 + O6 Passatempos S2 O4 + O5 Newsletter S1 + S2 O1 + O4 + O5 + O6 Relações Públicas Tendo em mente a questão estratégica S2 – Divulgação da FPB, a Tabela apresenta as atividades de Relações Públicas a levar a cabo: 40 Tabela 9 Público Descrição Objetivo Clientes Sponsors Recolher input sobre benefícios esperados e tipo de atividades/produtos desejados Aumentar a reputação da FPB enquanto parceiro institucional e conseguir mais e melhores patrocínios Media Estado Abertura de vias de comunicação, utilizando o site e as redes sociais Procura e contacto com novos sponsors Comunicação das vantagens e valores associados ao patrocínio da FPB Comunicação de todas as plataformas disponíveis e diferentes targets a que se dirigem Oferta de acesso privilegiado a jogadores e treinadores Convite para os jogos das competições de clubes e seleções nacionais Press releases – comunicações com informação sobre as atividades da FPB, as competições nacionais, as seleções e os eventos organizados; Media Days – dias em que os media convivem com as equipas e assistem a todas as atividades, como treinos e jogos, do ponto de vista dos principais intervenientes Coordenar ações com outras federações, associações e clubes Comunicar ao Estado a importância das subvenções estatais para o desporto português Utilizar o caso de Espanha – grande investimento no desporto obteve resultados de excelência numa enorme variedade de modalidades Chamar a atenção da comunicação social para o interesse que a modalidade tem e do destaque que merece nas suas publicações Fazer ver a importância que o investimento público tem para o basquetebol, os seus praticantes e adeptos, e para o desporto português no geral 41 Sponsorship Os patrocinadores são o principal foco da questão estratégica S3 – Financiamento. Uma vez que as subvenções estatais tem baixado ao longo dos últimos anos e que a remodelação da LPB envolve reduzir os custos para os clubes, torna-se essencial conseguir novas fontes de receitas. Dada a grande variedade de produtos oferecidos pela FPB e os diferentes targets a que estes são direcionados, o potencial para explorar o sponsorship é muito elevado. Assim, a FPB irá explorar as seguintes plataformas de promoção dos sponsors: Tabela 10 Atividade Liga Portuguesa de Basquetebol e outras competições nacionais Plataformas de sponsorship Naming da competição Atribuição e naming de prémios individuais: MVP, Melhor Marcador, Melhor Jogador Defensivo, Melhor 5, Melhor Treinador) Publicidade em locais de destaque nos recintos desportivos Destaque de alguns sponsors como fornecedor oficial do produto em questão (ex: “Bebida oficial da Liga”) Eventos Naming Fornecedores oficiais Publicidade em locais de destaque nos recintos desportivos Livestreaming Patrocinador oficial da transmissão (partilha de custos) Patrocinadores de segmentos da transmissão como repetições, momentos espetaculares ou análise tática Site/Redes Sociais Patrocinadores para todo o conteúdo exclusivo; Publicidade no site, newsletter e redes sociais 42 Os sponsors serão dos setores habitualmente ligados ao desporto de alto rendimento, sendo posteriormente ajustados ao target ao qual cada plataforma está direcionada: marcas desportivas (equipamentos, bolas, calçado desportivo, bebidas desportivas); telecomunicações; automóvel; seguros e banca; comida/bebida. Capítulo VII – Plano de Implementação e Controlo 7.1 Implementação Cada atividade do plano de marketing está enquadrada com os strategic issues definidos no plano estratégico, conforme se pode ver na Tabela 11. Para cada atividade será definido um nível de prioridade. A data de implementação de cada atividade estará dependente não só da prioridade mas também do grau de dificuldade associado. Tabela 11 Atividade Marketing-Mix Prioridade Data Implementação Produto Alta Época 2017-2018 Site/Redes Sociais Promoção Alta Imediata Sponsorship Promoção Alta Imediata Livestreaming Distribuição Alta Imediata Eventos Promoção Média 2017 Produto Média 2017 Promoção Baixa Imediata Desenvolvimento da LPB Produtos Praticantes Casuais Relações Públicas O desenvolvimento da Liga Portuguesa de Basquetebol será iniciado a partir da época 2017-2018, dadas as alterações de fundo que estão planeadas para esta competição. Os Eventos e os produtos para Praticantes Casuais, por requererem um grande trabalho ao 43 nível da organização, serão iniciados a partir do ano de 2017. As restantes atividades requerem processos de implementação mais simples, pelo que serão realizadas ainda este ano. 7.2 Controlo Para a avaliação da atividade da Federação e controlo deste plano, será expandida a análise feita atualmente no plano de atividades da FPB. Para cada Strategic Issue serão definidos os seguintes parâmetros: Tabela 12 Strategic Issue Parâmetros de Avaliação S1 – Desenvolvimento da Modalidade Número de federados: jogadores, treinadores, juízes, clubes Número de participantes em torneios abertos ao público S2 – Divulgação da FPB Número de espectadores nos pavilhões Número de espectadores da livestream Número de visitas ao site e seguidores nas redes sociais S3 - Financiamento Número de sponsors Receitas provenientes dos sponsors Percentagem do orçamento proveniente das subvenções estatais Estes parâmetros serão utilizados para medir a performance atual e a informação obtida servirá como base dos planos de atividades e marketing futuros. Adcionalmente, a Federação procurará ativamente o feedback de todos os seus públicos de interesse. A opinão de adeptos, agentes, clubes, associações e sponsors será consultada frequentemente e as suas perspetivas e recomendações serão tidas em conta para a avaliação e ajuste das atividades da Federação Portuguesa de Basquetebol. 44 Capítulo VIII – Conclusões Para a Federação Portuguesa de Basquetebol, uma organização sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, é essencial existir uma visão estratégica. A estas características acrescentam-se todos os desafios enumerados ao longo deste trabalho: o facto de o basquetebol ser um desporto secundário em Portugal, o decréscimo das subvenções públicas ao longo dos últimos anos e a excessiva dependência que a FPB tem desta fonte de financiamento. O plano estratégico que este trabalho propõe é o primeiro passo para a avaliação e melhoria da atividade da Federação, para ultrapassar os problemas conjunturais e estruturais que a afetam e para permitir que esta cumpra a sua Missão: promover e desenvolver a modalidade do basquetebol em Portugal. Já no que toca ao Marketing, é importante realçar que as iniciativas devem ser enquadradas com a estratégia e num quadro de objetivos a atingir, algo que não acontece atualmente. Este trabalho propôs-se a preencher essas duas lacunas e, dessa forma, o objetivo foi cumprido. Para o futuro, é extremamente importante que a FPB elabore um planeamento estratégico e de marketing, como os apresentados neste trabalho, e adote uma filosofia de autoavaliação e melhoria constantes. Esta é uma mentalidade que qualquer organização sem fins lucrativos deve ter, de forma a aumentar os benefícios para a sociedade e fazer do mundo um lugar melhor para todos. 45 Anexos Anexo 1 – Guião da entrevista a Carlos Saldanha, Diretor de Marketing da FPB Existe alguma cooperação entre a FPB e os seus concorrentes – nomeadamente, outras federações desportivas? Será possível organizar melhor as federações de forma a que se unam para defender o desporto no geral? Existe o conceito de cliente/consumidor no marketing tradicional. Considera que uma federação tem “clientes” no mesmo sentido? Quem são os “clientes” da federação? Quais são os públicos que dizem respeito à actividade da Federação, com os quais a Federação se relaciona e comunica? Na missão da FPB, para além dos objectivos previstos no regime juridico das federações desportivos incluem a “formação de agentes desportivos”. Em que consiste essa formação e porque é que é importante? Em termos de segmentação, quais são os critérios utilizados pela FPB? Quais são os objectivos de Marketing da FPB? Em termos de produto, isto é, novas formas de promoção da modalidade e novas actividades, como é que a FPB trabalha? Como é que esse processo se desenvolve? Em que consiste o processo de planeamento da promoção da FPB? Quais são os critérios para definir os meios a utilizar? Como é trabalhado o pricing da FPB?7 Como é que é trabalhada a relação com os clubes com vista à colaboração para promover a modalidade? De que formas é que colaboram? Fazer transmissão própria de jogos é algo que já foi pensado? Já foi feito? Em relação ao branding actual, quem fez e quando é que foi feito? 46 Anexo 1 – Guião da entrevista a João Candeias, Administrador da SAD da AD Ovarense Como vê a situação actual do basquetebol português e como é que esta tem evoluído nos últimos anos? Como avalia o trabalho desempenhado pela FPB, especificiamente na organização de competições nacionais que é o aspecto que mais se relaciona com a Ovarense? Em relação ao marketing da FPB, como avalia o trabalho feito? Como se dá a relação entre a federação e os clubes, particularmente com a Ovarense? Existe comunicação e colaboração? De que formas é que essa relação podia evoluir? A Ovarense considera que existem formas pelas quais a Federação se deveria involver e apoiar mais os clubes? Como é que é a relação entre a Ovarense e os outros clubes? De que forma é que se poderia melhorar as relações entre clubes e Federação? Existe algo que a Federação pode fazer de forma a que haja mais colaboração com e entre os clubes? A Ovarense estaria interessada em que houvesse maior cooperação, com envolvimento da FPB? A Ovarense faz livestreaming regular dos jogos? Como é feito e quais são os custos? Se houvesse um projecto de livestreaming da própria FPB em colaboração com os clubes e com partilha de receitas, seria algo que interessava a Ovarense? Seria algo que interessava à Ovarense ter o seu próprio merchandising à venda através da loja da FPB? Até que ponto é fazível conseguir que todos os clubes aceitem participar numa loja centralizada? E num sponsor centralizado? Tem algumas considerações finais sobre a direcção que a modalidade está a seguir e o trabalho desenvolvido pela FPB? 47 Referências Akchin, D. (2001). Nonprofit marketing: Just how far has it come? Nonprofit World 19(1), 33-35. Andreasen, A. R., & Kotler, P. (2008). Strategic marketing for nonprofit organizations, 7ª Ed. Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall. Bruce, I. (1995). Do Not-For-Profits Value their Customers and their Needs? International Marketing Review 12(4), 77–84. Bryson, J. (2011). Strategic planning for public and nonprofit organizations, 4ª Ed. 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