ID: 63709055 24-03-2016 Tiragem: 12300 Pág: 6 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 25,70 x 31,11 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 MINISTRA DO MAR QUER PRIMEIRAS CANDIDATURAS AO MAR 2020 APROVADAS NO PRIMEIRO SEMESTRE Ministério do Mar montou ‘task e executou 20% do PROMAR em A nova ministra do Mar tomou posse a 26 de novembro e foi confrontada com uma taxa de execução do PROMAR de apenas “74% ou 76%”. Um programa operacional que funcionava com “apenas um coordenador e uns técnicos e mais nada”. Foi, pois, necessário meter mãos à obra. “Montamos uma ‘task force’, quase um ‘call center’ e telefonamos a toda a gente que tinha feito candidaturas para que apresentasse as despesas”. Neste momento “estamos com 95% de execução e podemos chegar aos 98%”, garante Ana Paula Vitorino. Em entrevista à “Vida Económica” à margem da cerimónia de ‘batismo’ do Viking Osfrid, o novo navio-hotel da Douro Azul, a governante revela que a nova estrutura de gestão do MAR 2020 entra em funções “dentro de dias”. E mesmo correndo o risco de ser “ambiciosa”, diz que quer ver as primeiras candidaturas aprovadas ainda “no primeiro semestre”. TERESA SILVEIRA [email protected] Vida Económica – Anunciou recentemente o arranque do programa operacional MAR 2020. Ana Paula Vitorino – Exatamente. São 507 milhões de euros [entre fundos comunitários e contrapartida nacional] para gastar até 2020. VE – Sim, mas nós já estamos em 2016 e o Programa só arranca agora, quando o PDR 2020, por exemplo, já está com mais de 17% de execução. A que é que se deveu todo este atraso? APV – É verdade. O Governo ante- “O Governo anterior não fez o que deveria fazer e nós fizemos em três meses o que deveria ter levado dois anos”, acusa a ministra, Ana Paula Vitorino. rior não fez o que deveria fazer e nós fizemos agora em três meses o que deveria ter levado dois anos. Vejamos: estes fundos são do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e da Pesca (FEAMP), não são do Fundo de Coesão e carecem de um acompanhamento muito próximo junto da União Europeia. Em primeiro lugar fizemos aprovar em novembro o MAR 2020. Depois começamos as negociações técnicas com a Comissão Europeia sobre o tipo de projetos que podem ser financiados (modernização das frotas pesqueiras, dos motores dos navios, projetos na aquacultura, de investigação científica, indústria, etc). Depois foi preciso a resolução do Conselho de Ministros, que foi aprovada naquela reunião presidida pelo professor Cavaco Silva [a 3 de março]. “O fundo azul é totalmente autónomo do MAR 2020. Aliás, esse fundo é para financiar tudo o resto que não pode ser financiado pelo MAR 2020. Tem uma dotação inicial de 10 milhões de euros”, revela a ministra do Mar. Entretanto já assinei todas as portarias com os regulamentos e estão todas para publicação. VE – E depois de as portarias estarem publicadas significa o quê? Quando abrem as candidaturas? APV – Significa que podemos abrir os concursos. Mas não podemos lançá-los todos aos mesmo tempo, até porque os agentes económicos não consegueriam absorver. Mas as primeiras candidaturas queremos que estejam abertas e aprovadas no primeiro semestre. Até ao final de junho. É este o nosso ‘timing’. Posso estar a ser muito ambiciosa, mas não quero que aconteça a mesma coisa que com o PROMAR (ver caixa). VE – A par do MAR 2020, também ID: 63709055 24-03-2016 Tiragem: 12300 Pág: 7 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 25,70 x 30,97 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 force’ três meses “Queremos que as primeiras candidaturas estejam abertas e aprovadas no primeiro semestre. Até ao final de junho. É este o nosso ‘timing’”, assume Ana Paula Vitorino. foi lançado um fundo azul. Como é que vai ser financiado? APV – O fundo azul é totalmente autónomo do MAR 2020. Aliás, esse fundo é para financiar tudo o resto que não pode ser financiado pelo MAR 2020. O MAR 2020 está muito direcionado para a aquacultura, para a segurança, a investigação, as pescas, etc. E nós queremos um instrumento para financiar a biotecnologia, as energias renováveis, as plataformas ‘off-shore’, etc. Para isso precisamos de algo que não esteja tão sujeito às restrições da Comissão Europeia e que, por outro lado, possa ser associado a capital de risco. Ainda hoje combinei um encontro para dentro de 15 dias com o BEI – Banco Europeu de Investimento para vermos a possível acumulação de apoios nesta área. O fundo azul tem uma dotação inicial de 10 milhões e vai ser financiado por variadíssimas fontes: parte das taxas portuárias, parte das taxas das capitanias, se houver novos licenciamentos uma parte das licenças pagas reverte a favor do fundo, vamos buscar verbas ao Fundo Português de Carbono, ao Fundo Energético, ao Fundo da Segurança Alimentar. Todas estas verbas vão ser canalizadas para o fundo azul para ser poder centralziar esses apoios. VE – Quando é que o fundo fica operacional? APV - Tem de ficar tudo operacionalizado durante este ano para começar a financiar no dia 1 de janeiro de 2017. VE – Acaba de apadrinhar aqui o Viking Osfrid, o novo navio-hotel da Douro Azul construído pela West Sea (grupo Martifer) nos estaleiros de Viana do Castelo. O que significa este investimento? APV – É extremamente importante, porque é o cruzamento de vários aspetos relevantes no âmbito da economia do mar. Com certeza que também é um investimento no turismo de cruzeiro. E isso, só por si, já seria importante, mas dá-se aqui a constatação de termos um navio que foi construído nos estaleiros de Viana do Castelo. VE – Como olha justamente para os Estaleiros de Viana depois da subconcessão à West Sea do grupo Martifer? APV – Independentemente de achar que se poderia ter resolvido a questão de outra maneira, se calhar mais cedo, parece-me extremamente interessante que existam empresas portuguesas a apostar na construção naval. E a Martifer já tinha experiência nessa área, em Aveiro e na Figueira da Foz. Aliás, já tive várias reuniões com a Weste Sea e o engenheiro Carlos Martins para ver como podemos aumentar a capacidade dos estaleiros de Viana do Castelo, para terem outras acessibilidades marítimas que possibilitem o acesso de navios de maiores dimensões, para alargar o mercado potencial da West Sea. É um Rodrigo Brum e Teresa Almeida vão gerir o MAR 2020 Rodrigo Brum, que já vinha do PROMAR, e a arquiteta Teresa Almeida, ex-presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo e até aqui gestora dos fundos comunitários da câmara de Lisboa, vão ser, respetivamente, gestor e gestora adjunta do programa operacional MAR 2020, revelou a ministra do Mar à “Vida Económica”. “O problema do PROMAR é que tinha apenas um coordenador e mais nada. E tinha uns técnicos a trabalhar”, disse Ana Paula Vitorino, adiantando que “está previsto que, para além do coordenador da unidade de gestão dos fundos, exista um coordenador adjunto”. O currículum de Teresa Almeida “já foi validado pela CRESAP”, estando a ser finalizada “a carta de missão”, que “só falta ser assinada”. Entrará em funções “dentro de dias”. Também estão previstos “três secretários executivos, cujos lugares não estavam preenchidos”. A ministra do Mar revelou que estão “na fase de seleção de curriculos”. O objetivo, diz, é constituir “uma estrutura técnica adequada”, sem a qual “corríamos o risco que acontecesse a mesma coisa que com o PROMAR e com o lançamento do MAR 2020”. Execução do PROMAR pode chegar a 98% A execução do PROMAR 2007-2013, que pode ir até 31 de dezembro de 2015, “ainda não está fechada”. A ministra do Mar explicou à “Vida Económica” que ainda podem “receber faturas para pagamento até 31 de março, referentes a despesas efetuadas até 31 de dezembro de 2015”. “Olhe, montamos uma ‘task force’. Foi quase um ‘call center’. Telefonamos para toda a gente que tinha feito candidaturas a dizer que só podiam apresentar despesas até dia 31 de dezembro, fomos muito ajudados pelo IFAP e pelas direções regionais de agricultura e pescas”, contou Ana Paula Vitorino sobre a situação vivida após ter tomado posse. Disse mesmo que foram “quase à fonte”. E disseram aos investidores: “‘bem, os senhores têm candidaturas aprovadas, são projetos com interesse para o país, apresentem as faturas’”. E “havia pessoas que nem sabiam que o prazo acabava a 31 de dezembro”, diz a ministra, assumindo que isso “é até um bocadinho estranho”. “Quando chegamos ao Governo tínhamos 74% ou 76% de execução mas, neste momento, estamos com 95%. Provavelmente chegaremos a 98%. Não conseguiremos os 100%, é com muita pena, mas, mesmo assim, foi um trabalho ponto muito importante que os nossos estaleiros começem a ter encomendas e a ter uma recuperação económica. E que comecem a ser associados à construção e reparação naval. Os nossos portos já são uma referência e se lhes juntarmos essa mais-valia estamos a potenciar ainda mais a economia do mar. E tenho a intenção de associar nas iniciativas de diplomacia económica que vou fazer a divulgação das nossas capacidades em termos de construção naval. VE – De que iniciativas de diplomacia económica está a falar? APV – Estamos a considerar várias hipóteses. Tenho vários convites que estou a ponderar. Noruega, China e Paquistão. Tive cá há duas semanas o meu homólogo paquistanês em Sines que me fez um convite para ir lá e levar uma comitiva de empresários e eu estou a analisar com as associações do setor o interesse que possa existir e para potenciar duas coisas: o investimento deles cá mas, também, oportunidades de negócio de empresas portuguesas lá. E estamos a ver como potenciamos também as nossas ligações com a CPLP. notável”, assume a governante, dando nota que, desde que entrou em funções e iniciaram esta ronda de contactos, os projetos que foram acelerados são sobretudo ligados à “aquacultura, muitos outros ligados à recuperação de embarcações, motores, etc, e também muitos projetos de investigação”. São estas “as três principais áreas”, para além de investimentos no setor das conservas de peixe. Questionada pela “Vida Económica” sobre os constrangimentos na captura de sardinha e os efeitos na indústria conserveira, Ana Paula Vitorino faz notar que, “neste momento, não podemos permitir quotas que ponham em causa a sustentabilidade” dessa pescaria. Ainda assim, para este ano conseguiu-se “manter a quota da sardinha [nas 19 mil toneladas], contrariamente àquilo que a Comissão Europeia recomendava”. O desafio está agora do lado da indústria. “Temos procurado sensibilizar as conserveiras para a necessidade de alargarem o leque de espécies utilizadas, para se poder aumentar a produção sem estar dependente da sardinha”, diz a ministra. E a resposta tem sido positiva. “Todas elas estão muito sensíveis a essa diversificação”. VE – Focou aqui um investimento do Porto de Leixões para o rio Douro. O que é que está previsto? APV – É verdade. O montante total do investimento é de 75 milhões de euros. A parte dos projetos já está em curso, no valor de 4,5 milhões. Entretanto já houve candidaturas para dois outros projetos: um no valor de 2,5 milhões e outro também na ordem dos quatro milhões para a melhoria das comunicações. É muito importante a segurança da navegação e também para facilitar o acesso por determinados navios ao sistema de comunicações ao longo do rio Douro, que não existe. Mas existem outras intervenções, como a modernização das eclusas. São 75 milhões faseados até 2020. VE – Qual é a fonte de financiamento? APV – Parte destes projetos são candidatáveis ao Plano Juncker [Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos que pretende mobilizar 315 mil milhões de euros de investimento público e privado em toda a União Europeia nos próximos três anos] . Quem faz a candidatura é o Porto de Leixões. ID: 63709055 24-03-2016 Tiragem: 12300 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 21,41 x 12,82 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3 Ministra do Mar quer colocar execução do PROMAR em 98% MAR 2020 terá primeiras candidaturas aprovadas até junho Págs. 6 e 7