1 avaliação dos casos de dengue quanto a faixa

AVALIAÇÃO DOS CASOS DE DENGUE QUANTO A FAIXA ETÁRIA EM BAIRROS E
DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ALEGRE, ES PARA OS ANOS DE 2002 E 2008.
Gustavo Macedo dos Santos1, Joana Maria machado1, Gleissy Mary A. D. A. dos
Santos1, Alexandre R. dos Santos3, Fernando Coelho Eugenio2, Elter Martins dos
Santos2 ,Franciane L. R. O. Louzada2, Telma M. O. Peluzio2
1
FAFIA/Departamento de Farmácia, Belo Amorim, 100, Centro, Alegre, ES, [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]
2
CCA-UFES/Departamento Engenharia Florestal, Avenida Carlos Lindemberg, s/n, Centro, Jerônimo
Monteiro, ES, [email protected]; [email protected];[email protected];
[email protected]
3
CCA-UFES/Departamento Engenharia Rural, Alto Universitário, Guararema, Alegre,ES,
[email protected]
Resumo - O presente trabalho foi desenvolvido no município de Alegre, ES, localizado no Sul do Estado do
Espírito Santo, entre as coordenadas UTM (Zona 24 K) 215.000 e 253.000 m Oeste e 7.680.000 e
7.740.000 m Sul. No presente trabalho é apresentada a avaliação dos casos de dengue quanto a faixa
etária em bairros e distritos do município de Alegre, ES para os anos de 2002 e 2008. Utilizou-se técnicas
de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), para espacializar os bairros e distritos do município de
Alegre, ES visando a elaboração de mapas temáticos o que auxilia na melhor visualização da área de
alcance da infestação do mosquito. Os resultados mostraram que para o ano de 2002 foram confirmados
193 casos de dengue no município, ao passo que para o ano de 2008, o total de casos decresceu,
passando para 163.
Palavras-chave: Dengue, Saúde, Epidemia, Geotecnologia, SIG’s.
Área do Conhecimento: Ciências da saúde.
Introdução
Pessôa (apud LEMOS; LIMA, 2002), considera
a Geografia Médica como disciplina que tem por
fim o estudo da distribuição e da prevalência das
doenças na superfície da terra, bem como de
todas as modificações que nelas possam advir por
influência dos mais variados fatores geográficos e
humanos.
A dengue vem se constituindo em um dos
principais problemas de saúde pública em várias
partes do mundo, devido a sua expansão e
também ao grande potencial que apresenta para
causar formas graves e letais (ORGANIZAÇÃO
PANAMERICANA DA SAÚDE - OPAS, 1991;
BRASIL, 2000). Tanto a forma clássica como a
dengue hemorrágica são causadas pelo mesmo
agente etiológico, um vírus do tipo arbovírus
(Flaviviridae:Flavivirus). Os elos da cadeia de
transmissão são: mosquito infectado, homem
suscetível, homem infectado e mosquito infectado.
O vetor de maior importância epidemiológica é
Aedes (Stegomya) aegypti (Diptera: Culicidae),
uma espécie de hábitos diurnos e altamente
adaptados ao ambiente doméstico (TEIXEIRA et
al., 1999).
No que tange a dengue, sabe-se que o Estado
do Espírito Santo é uma das unidades da
federação Brasileira mais acometida pelo
mosquito transmissor da dengue, por ser parte da
região sudeste e esta região é uma das mais
densas demograficamente e que concentra seu
período chuvoso entre os meses de novembro a
março, com um aumento significativo dos casos
de dengue. As regiões que apresentam as
maiores porcentagens nos casos de dengue são
respectivamente Nordeste e Sudeste, com 86%
das notificações e as outras regiões responsáveis
pelos 14 % restantes (CÂMARA et al, 2007).
A dengue tem sido um dos maiores e principais
problemas de saúde do mundo. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a
100 milhões de pessoas se infectem anualmente,
em mais de 100 países, de todos os continentes,
exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes
necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em
conseqüência da dengue. (BRASIL, 2005). O
presente trabalho teve como objetivo maior
analisar através do uso do geoprocessamento o
comportamento da dengue no Município de Alegre
no ano de maior ocorrência de casos confirmados
laboratorialmente
(2002),
considerado
ano
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
epidêmico e o ano de 2008, tomado como
referência para tal análise.
Metodologia
A área-base deste estudo abrange o município
de Alegre, localizado no Sul do Estado do Espírito
Santo, entre as coordenadas UTM (Zona 24 K)
215.000 e 253.000 m Oeste e 7.680.000 e
7.740.000 m Sul. (Figura 1).
230000
260000
7720000
7705000
7720000
8000000
7800000
7705000
7800000
7900000
400000
8000000
300000
7900000
200000
245000
Município de Alegre
7700000
7700000
Distritos de Alegre
200000
300000
Mancha Urbana
na tentativa de estabelecer o número de casos de
dengue por faixa etária em diferentes bairros e
distritos do município, visando elaborar um perfil
epidemiológico para os anos estudados.
De acordo com o exposto, foram confirmados
laboratorialmente 193 casos de dengue no ano de
2002 e 20 casos em 2008, distribuídos em seis
bairros e quatro distritos. O número de casos foi
muito superior em 2002 (ano epidêmico) do que
em 2008, com um total de 173 casos de diferença
para o primeiro ano analisado
Observa-se que há uma tendência de redução
do número de casos de dengue nos bairros com o
passar dos anos. Evidencia tal tendência no bairro
Centro 2, onde teve uma diminuição drástica no
número total de casos do ano de 2002 (n=79) para
o ano de 2008 (n=1).
Tabela 1. Faixa etária de casos de dengue
confirmados por bairros e distritos para os anos de
2002 e 2008 no município de Alegre, ES.
400000
0
2,5
5
10
7690000
7690000
km
E: 1:170.000 ou 1 cm = 1,7 km
Projeção Universal Transversa de Mercator
ORG: Gustavo Macedo dos Santos
Joana Maria Machado
Dr. Alexandre Rosa dos Santos - CCA-UFES
Datum: SAD 69 - Zona 24 S
230000
245000
260000
Figura 1 - Localização do municipio de Alegre, ES.
Utilizou-se
técnicas
de
Sistemas
de
Informações Geográficas (SIGs), para espacializar
em escala definida (E: 1:13.000) os bairros e
distritos do município de Alegre, ES.
Para a confecção dos mapas utilizou-se o
programa ArcGIS (versão 9.2) e aerofotos digitais
ortorretificadas na escala de 1:35.000 (ano de
2007). Objetivando delimitar no formato digital os
bairros e distritos do município de Alegre, as
aerofotos digitais foram fotointerpretadas por meio
da técnica de digitalização em tela. Posteriomente,
foram acrescidos ao banco de dados dos
polígonos representativos dos bairros e distritos do
município de Alegre, ES, informações do Sistema
Nacional de Agravos e Notificações (SINAN,
versão 3.0.0.0) e também os dados do FAD
(Programa da Febre Amarela e do Dengue), que
continha neste último os números de visitas, de
inspeção, casas e depósitos com focos positivos
de Aedes aegypti. A partir dos dados analisados,
foi feito um comparativo dos casos de dengue nos
bairros e distritos do município de acordo com a
faixa etária.
Resultados
A Tabela 1 que se segue apresenta o
comparativo dos casos de dengue nos anos
pesquisados, a partir dos dados obtidos do FAD,
Fonte: SINAN versão 3.0.0.0 (2002 e 2008).
Discussão
A predominância de casos de dengue para o
ano de 2002 deve-se principalmente por se tratar
de um ano epidêmico, e, portanto não se pode
afirmar com clareza acerca da faixa etária
predominante para a dengue no município de
Alegre, haja vista o número também elevado nas
demais faixas etárias, quando comparado com
2008,
que
nitidamente
apresentou
uma
concentração de casos em uma única faixa etária
apontando para o perfil que incluem jovens e
adultos.
A elevada concentração de casos de dengue
no ano de 2002 no Bairro Centro 2, que
corresponde a uma área do município com poder
aquisitivo elevado, indica que a dengue não é uma
doença específica da classe média baixa, como a
maioria das doenças infectocontagiosas.
Os distritos não apresentaram um quantitativo
de casos importantes em nenhum dos dois anos.
De fato, os casos encontrados refletem a
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
2
proximidade destes distritos com a sede do
município e a não propagação da doença
naqueles locais reforça a idéia de que a dengue é
uma doença tipicamente urbana.
Um ponto destacadamente frágil reside no fato
cultural da população em relação a adesão e da
conscientização da gravidade do problema que
pode criar ao deixar de cuidar de suas residências
e depósitos em geral, muitas vezes proibindo a
entrada do agente de endemia da vigilância
ambiental.
Esses
impasses
marcam
a
necessidade do trabalho da vigilância ambiental
na divulgação da importância de atividades de
educação em saúde com toda a população e
principalmente nas escolas, porque desta forma
obtem-se o apoio importante das crianças que se
tornam multiplicadoras dos bons hábitos em
saúde.
LEMOS, Jureth Couto, LIMA, Samuel do Carmo. A
Geografia Médica e As Doenças InfectoParasitárias. Caminhos de Geografia - Revista On
Line Programa de Pós Graduação Em Geografia.
Instituto de Geografia Ufu, 2002.
ORGANIZAÇÃO PARAMERICANA DA SAÚDE.
Diretrizes relativas à prevenção e ao controle
da dengue e da dengue hemorrágica nas
Américas. Washington, 1991. Relatório da
Reunião sobre Diretrizes para a Dengue
TEIXEIRA, Maria da Glória; BARRETO, Maurício
Lima; GUERRA, Zouraide. Epidemiologia e
medidas de prevenção do Dengue. Informe
Epidemiológico do SUS, Brasilia, v.8, n4. p. 5-31,
out/dez, 1999.
Conclusão
De acordo com os resultados, pode-se concluir
que o número de casos de dengue diminuiu
consideravelmente entre os anos estudados,
devido
principalmente
ao
aumento
da
conscientização e preocupação da população com
as possíveis conseqüências que a dengue poderá
causar. Portanto, com vistas a impedir uma nova
epidemia, é necessário traçar estratégias para
controle e prevenção de futuras epidemias, além
da necessidade de uma constante educação em
saúde junto à população.
A utilização de técnicas de Sistemas de
Informações
Geográficas
(SIGs) vem
se
destacando na saúde pública e especialmente na
área
da
epidemiologia.
Assim,
o
geoprocessamento vem se tornando fundamental
para a análise espacial da distribuição de dados
epidemiológicos para uma determinada área de
estudo, contribuindo com uma maior velocidade de
divulgação e tempo de resposta, a setores
diversos na área de saúde.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Diagnóstico rápido nos
municípios para vigilância entomológica do
Aedes aegypti no Brasil. Brasília, DF, 2005.
CAMARA, Fernado Portela et al. Estudo
retrospectivo(histórico) da dengue no Brasil:
caracteristicas regionais e dinâmicas.Revista.soc.
Brasileira méd. Trop., v. 40, n.2. p. 192-196,
mar/abr.2007.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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