A internet faz mal ao cérebro? (trecho)

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APROFUNDAMENTO: 07/05/2013
A internet faz mal ao cérebro? (trecho)
Um grupo cada vez maior de pesquisadores acha
que estamos nos tornando mais distraídos - e
mais burros - por causa do uso excessivo de
aparelhos digitais
O escritor americano Nicholas Carr sentiu que algo
estranho ocorria com ele há uns cinco anos. Leitor
insaciável, percebeu que já não era capaz de se
concentrar na leitura como antes. Na verdade, sua
ansiedade disparava diante de qualquer tarefa que
exigisse concentração – seus olhos procuravam a
tela do computador ou do celular. O impulso de
espiar na internet era quase incontrolável, diz ele.
“Sentia que estava forçando meu cérebro a voltar
para o texto”, afirma. “A leitura profunda, antes tão
natural para mim, tinha se transformado numa luta.”
Tal afirmação abre o livro The shallows – What the
internet is doing to our brains (Os superficiais – O
que a internet está fazendo com nossos cérebros,
ainda sem tradução no Brasil). Nele, Carr faz uma
acusação seriíssima: a exposição constante às
mídias digitais está mudando, para pior, a forma
como pensamos. Ele e um punhado de autores
respeitáveis acreditam que, por causa do uso
excessivo de computadores e de outros aparelhos
digitais, nosso cérebro é alterado e estamos nos
tornando menos inteligentes, mais superficiais e
imensamente distraídos – o inverso de tudo aquilo
que fez de nós a espécie mais bem-sucedida do
planeta Terra.
“Em vez de mentes juvenis inquietas e repletas de
conhecimento, o que vemos nas escolas é uma
cultura anti-intelectual e consumista, mergulhada
em infantilidades e alheia à realidade adulta”,
afirma Mark Bauerlein, autor de The dumbest
generation (A geração mais estúpida). No livro, ele
antecipa uma nova Idade das Trevas, quando os
indivíduos que hoje são crianças e adolescentes
chegarem à maturidade.
Bauerlein, professor na Universidade Emory, na
Geórgia, supervisiona estudos sobre a vida cultural
americana. Ele acredita que as novas gerações,
educadas sob a influência das mídias digitais, são
formadas por narcisistas despreparados para pensar
em profundidade sobre qualquer assunto. Ele diz
que uma pesquisa de 2006 com mais de 81 mil
estudantes americanos de ensino médio detectou
que 90% deles “leem ou estudam” menos de cinco
horas por semana – embora passem “pelo menos”
seis horas navegando na internet e um período
equivalente assistindo à TV ou jogando videogame.
“Indivíduos que não sabem praticamente nada de
história, que nunca leram um livro nem visitaram
um museu não têm mais do que se envergonhar.
Tornaram-se comuns”, afirma.
Carr e Bauerlein não estão sozinhos. A jornalista
Maggie Jackson, outra autora crítica da tecnologia,
sugere que os mais jovens estão acostumados, por
culpa da internet e do uso de celulares, à leitura
desatenta de textos cada dia mais breves e
estilisticamente mais pobres. Os 140 caracteres que
se podem escrever no Twitter, ela acredita, geram
pensamentos máximos de 140 caracteres. Parece
exagero, mas alguns estudos mostram que há
motivos para preocupação. Uma consultoria
chamada Genera divulgou um estudo alarmante
sobre os efeitos do uso da internet entre os jovens.
A empresa entrevistou 6 mil pessoas da geração que
cresceu usando a internet e concluiu que as coisas
estão mudando radicalmente. “A imersão digital
afetou até mesmo a forma como eles absorvem
informação”, afirmam os pesquisadores. “Eles não
leem uma página necessariamente da esquerda para
a direita e de cima para baixo. Pulam de uma
palavra para outra, atrás de informação pertinente.”
Um efeito disso já foi notado por um professor da
Universidade Duke. Ele reclamou com o autor de
The shallows que não consegue mais que seus
alunos leiam um único livro do começo ao fim,
mesmo nos cursos de literatura.
PROPOSTA 1: Imagine que você participa do
jornal de sua escola e que sua tarefa é redigir o
EDITORIAL do próximo número dessa
publicação. Após ler a reportagem da revista Época,
você decide adotar como tema para seu texto os
efeitos da internet no cérebro dos jovens. Em seu
texto você deverá:


Posicionar-se de forma contrária às ideias
expostas pela revista de que “a exposição
constante às mídias digitais está mudando,
para pior, a forma como pensamos”.
Incorporar ao seu texto informações
necessárias para que ele seja compreendido
por quem não teve acesso à reportagem.
Campanha vai incluir livros em cestas básicas de
todo o país
Leitura Alimenta propõe solução simples e
eficaz para popularizar o hábito da leitura em
famílias de baixa renda. Saiba como ajudar
( por João Mello.)
Já virou lugar-comum, mas é sempre bom
lembrar: o brasileiro lê pouco. Por mais que nossa
economia cresça, o contato do brasileiro médio com
a literatura ainda é um território a ser explorado. Há
quem diga que transformar a realidade é pegar um
lugar-comum e dizimá-lo. Ao colocar livro e
comida no mesmo patamar – o das necessidades
básicas do ser humano - é isso que o projeto Leitura
Alimenta almeja: deixar claro que alimentação
cultural e alimentícia são dois lados da mesma
moeda.
Pesquisas dizem que o brasileiro lê quatro
livros por ano. Além do número ser baixíssimo, ele
retrata uma média, ou seja: tem gente que lê 10
vezes isso, assim como tem milhões de famílias que
nascem e morrem sem nunca ter encostado em um
livro. O Leitura Alimenta propõe uma solução
absurdamente simples pra esse problema: você doa
um livro, eles o colocam em uma cesta básica.
Por trás da ideia, Murilo Melo, Marcelo
Rizerio e JulioD´Afonso, três publicitários que
usaram a estrutura da agência que trabalham, a Leo
Burnett, para fazer a ponte entre a Livraria da Vila e
a Cesta Nobre, empresa de entrega de cestas
básicas. Mas outros parceiros apareceram no meio
do caminho: “Uma madeireira cedeu caixas para
carregar os livros e uma gráfica ajudou a gente com
a impressão do folheto informativo que vai junto
com as cestas”, explica Julio.
São quatro os jeitos de doar. Você pode ir a uma
das sete unidades da Livraria da Vila, mandar pelos
correios, comprar um e-book (que é uma espécie de
relatório do projeto) por até 200 reais – o dinheiro
será revertido na compra de livros para a campanha
– ou, se não quiser se desfazer de um livro antigo,
comprar qualquer livro com 30% de desconto na
Livraria da Vila e a obra adquirida irá direto para
uma das caixas da doação. No final desse texto você
confere os detalhes sobre as diferentes formas de
ajudar.
Apesar de ter começado dia 26 de fevereiro,
o Leitura Alimenta já superou qualquer expectativa
de seus idealizadores. “Estamos recebendo
mensagens do Brasil inteiro para expandir o
projeto”, diz Julio. A primeira remessa será restrita
à periferia de São Paulo, mas as próximas devem ir
para outas regiões do país, conforme a demanda dos
clientes da Cesta Nobre.
A princípio, o movimento se encerra dia 26
de abril, mas muito provavelmente ele irá se
desdobrar: a meta é que um dia as 3 milhões de
cestas básicas da Cesta Nobre tenham um livro.
Julio diz que eles até foram procurados por um
deputado que quer transformar a iniciativa em
projeto de lei.
Não é todo livro que pode ser doado. Por
razões mais ou menos óbvias, foi elaborada uma
lista de livros não permitidos: didáticos ou técnicos,
religiosos ou políticos, eróticos, em língua
estrangeira, puramente fotográficos ou qualquer
obra com conteúdo ofensivo não é bem-vinda.
(fonte:
http://revistagalileu.globo.com/Revista/.
Acesso em 07/05/2013)
PROPOSTA 2:
Com base na leitura da
reportagem acima, escreva uma CRÔNICA
NARRATIVA, para ser publicada em um jornal de
grande circulação.

Tome como ponto de partida para sua
reflexão, alguma situação envolvendo as
necessidades básicas do ser humano em
nossa sociedade.

Sua crônica deve se utilizar do discurso
direto.
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