1 Infecção pelo HIV-1 em Macrófagos Dumith Chequer Bou-Habib e Rosangela Gomes de Lima Laboratório de Imunologia Clínica Departamento de Imunologia Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz Rio de Janeiro, RJ - Brasil O vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é o agente etiológico da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS), que, desde os primeiros casos notificados no início da década de 80, tem sido alvo de intenso estudo por parte de vários grupos de pesquisa e órgãos de saúde em todo o mundo. Apenas em 2001, 5 milhões de novas infecções e 3 milhões de mortes foram notificadas (UNAIDS, 2002). Após 20 anos desde o reconhecimento dos primeiros casos, 40 milhões de indivíduos se encontram infectados. Apesar de todos os progressos obtidos, o caminho até a cura e a obtenção de uma vacina eficaz ainda é longo. Para penetrar na célula-alvo, o HIV-1 liga-se à molécula CD4 e a um receptor de quimiocina, que funciona como co-receptor, presentes na membrana da célula. O HIV-1 apresenta diferentes padrões de replicação in vitro, permitindo a identificação de diferentes fenótipos de acordo com suas propriedades em cultura de células (Asjo et al, 1986). Assim, isolados virais com uma limitada capacidade de replicação em macrófagos, mas capazes de infectar e induzir a formação de sincícios em células tumorais T CD4+ (tais como MT-2 e H9), são conhecidos como vírus indutores de sincício (IS) ou trópicos para células T de linhagem (Conner e Ho, 1994; Berger et al, 1999). Por outro lado, isolados capazes de infectar eficientemente macrófagos e que não são capazes de infectar ou formar sincícios em células tumorais T CD4+ são designados como monocitotrópicos ou vírus não indutores de sincício (NIS) (Schuitemaker et al, 1992). Ultimamente, a identificação dos fenótipos virais é feita com base na ligação preferencial ao receptor de quimiocina. Desse modo, os vírus que interagem preferencialmente com o receptor de A-quimiocinas CCR5 são denominados 2 isolados R5-trópicos. Aqueles que se ligam ao receptor de C-quimiocinas CXCR4 são denominados X4-trópicos, e os vírus capazes de usar ambos os co-receptores são denominados vírus duplo-trópicos ou R5X4 (Berger et al, 1999) Recentemente, nosso grupo avaliou as características fenotípicas de isolados primários obtidos a partir de amostras de sangue de pacientes que vivem em diferentes áreas do Brasil (Ferraro et al, 2001). Foram estudados 24 isolados primários, os quais apresentaram propriedades biológicas semelhantes às dos isolados prevalentes em outros países. Estas amostras eram oriundas de indivíduos assintomáticos e, como esperado, apresentaram uma predominância de vírus capazes de infectar macrófagos: 22 dos 24 isolados replicaram bem em macrófagos e, dentre 18 estudados, 11 apresentaram tropismo restrito para CCR5 (R5-trópicos). Os vírus monocitotrópicos, ou R5-trópicos, têm sido associados com o estado assintomático dos indivíduos infectados (Conner e Ho, 1994; Zhu et al, 1993; Richman e Bozzette, 1994). Além disso, este é o fenótipo preferencialmente transmitido in vivo. Dos isolados analisados, três foram caracterizados como X4trópicos e, destes, somente um foi capaz de se replicar em macrófagos. Os outros dois não induziram infecção produtiva em macrófagos, mesmo após serem testados em células de três doadores diferentes. A incapacidade destes isolados X4-trópicos de se replicarem em macrófagos pode se dever à incapacidade específica destes isolados em usar a molécula CXCR4, ou para promover a formação do complexo trimolecular gp120-CD4-CXCR4 (Yi et al, 1999; Dimitrov et al, 1999). Além disso, devemos ressaltar a freqüente variação individual da capacidade replicativa do HIV-1 entre macrófagos oriundos de diferentes doadores sadios. O HIV-1 induz apoptose em células T CD4+ infectadas e não infectadas, o que deve contribuir para a perda progressiva de linfócitos T CD4+ em indivíduos infectados (Herbein et al, 1998; Meyaard et al, 1992; Jaworowiski e Crowe, 1999). Nos linfonodos de indivíduos infectados, o número de células CD4+ em apoptose é significativamente maior do que em indivíduos não-infectados (Muro-Cacho et al, 3 1995). Os macrófagos desempenham um papel central na patogênse da infecção pelo HIV-1, funcionando como um reservatório viral, por sua capacidade de resistir aos efeitos citopáticos mediados pelo vírus, podendo manter-se infectados por um período relativamente longo (Embretson et al, 1993; Pantaleo et al, 1993; Aquaro et al, 2002). A replicação do HIV-1 em macrófagos pode ser influenciada por um conjunto de fatores atuando onde os macrófagos residem e exercem suas atividades fisiológicas, entre elas a fagocitose de células apoptóticas. As células em apoptose são rapidamente reconhecidas e fagocitadas pelos macrófagos, os quais possuem uma variedade de receptores que reconhecem e se ligam às moléculas expressas pelas células apoptóticas (Gregory, 2000). Como nos linfonodos de indivíduos HIV-1-positivos macrófagos infectados estão cercados por um grande número de células apoptóticas (Embretson et al, 1993; Pantaleo et al, 1993; Muro-Cacho et al 1995), é natural que estas células sejam fagocitadas pelos macrófagos infectados. A remoção de células apoptóticas por macrófagos induz à secreção de citocinas anti-inflamatórias (Voll et al, 1997; Fadok et al, 1998), como o TGF-A, cujo papel sobre a replicação do HIV-1 é controverso (Lazdins et al, 1991; Poli et al, 1991). Visto que a fagocitose de células apoptóticas altera a secreção de várias citocinas por macrófagos, as quais podem influenciar a replicação do HIV (Fauci, 1996), nós investigamos se este evento é capaz de modular a replicação deste vírus. Nós observamos que a exposição de macrófagos infectados a células apoptóticas, in vitro, amplificou de maneira notável a replicação do HIV-1 (Lima et al, 2002), resultando em um aumento do crescimento viral de 5 a 13 vezes após 7 dias de infecção, e de 5 a 26 vezes após 14 dias, quando comparado com o crescimento observado em macrófagos não expostos a células apoptóticas. A exposição de macrófagos infectados a células fixadas não resultou em estímulo significativo da replicação viral. O reconhecimento e ligação das células apoptóticas por macrófagos envolve vários receptores, incluindo a integrina CVA3 (CD51/61) (Devitt et al, 1998; Schlegel 4 et al, 1999), a qual apresenta alta afinidade de ligação para proteínas e peptídeos que contenham a seqüência RGD (Arg-Gly-Asp) (Zocchi et al, 1997). A adição deste peptídeo aos macrófagos, que é capaz de inibir em aproximadamente 50% a fagocitose de células apoptóticas (Stern et al, 1996; Lima et al, 2002), inibiu em 93% o estímulo da replicação viral induzido pela fagocitose de células apoptóticas (Lima et al, 2002). Isto sugere que a sinalização mediada pela família de receptores de integrina pode estimular a replicação do HIV-1 em macrófagos infectados. Alguns estudos mostram que a fagocitose de células apoptóticas reduz a ativação dos macrófagos (Chen et al, 2001), resultando em bloqueio da destruição tumoral mediada por estas células (Reiter et al, 1999), e permitindo o crescimento exacerbado do parasita Trypanosoma cruzi em macrófagos murinos (Freire-deLima et al, 2000). A participação do TGF- A1 parece ser crucial neste último fenômeno. O efeito desta citocina sobre a replicação do HIV-1 ainda não é muito claro, pois alguns autores mostram que TGF-A1 estimula a replicação viral em macrófagos primários (Lazdins et al, 1991), enquanto outros relatam um efeito supressor sobre a infecção nestas células e sobre a linhagem promonocítica U1 cronicamente infectada pelo HIV-1 (Poli et al, 1991). Recentemente, foi demonstrado que TGF-A1 poderia limitar a produção viral em linfócitos do sangue periférico, como resultado de uma morte de células CD4+ induzida por TGF-A1 (Wang et al, 2001). Em nosso estudo observamos que, em macrófagos infectados pelo HIV-1, a neutralização da atividade de TGF-A1 resultou em uma forte diminuição da replicação viral (Lima et al, 2002). Além disso, a inibição de TGF- A1 resultou numa redução significativa do crescimento viral em macrófagos infectados e expostos a células apoptóticas. A adição exógena desta citocina a macrófagos infectados estimulou a replicação do HIV-1 em células de doadores que, espontaneamente, produzem baixos níveis de TGF-A1, enquanto que nenhum efeito pode ser observado em células de doadores cuja produção espontânea 5 desta citocina era elevada, o que poderia explicar as diferentes observações comunicadas por outros autores (Lazdins et al, 1991; Poli et al, 1991) Várias condições podem resultar na elevação da carga viral e persistência da infecção em indivíduos infectados pelo HIV-1, tais como co-infecções (Toossi et al, 1993; Orestein et al, 1997; Wahl et al, 2000) e ativação do sistema imune (Stanley et al, 1996; Ortigão-de-Sampaio et al, 1998). Foi proposto que a permissividade dos macrófagos ao HIV-1 esteja aumentada em tais circunstâncias (Wahl et al, 2000). Também observamos que fagocitose de células apoptóticas, através de receptores de integrina, estimula a replicação viral em macrófagos, sugerindo que a sinalização mediada por esta família de receptores pode estimular a replicação do HIV-1 em macrófagos infectados (Lima et al, 2002). Desse modo, a contínua remoção de células apoptóticas, e a constante interação dos macrófagos infectados com moléculas ou estruturas de seu ambiente, poderiam ser responsáveis por pulsos de replicação viral, que contribuiriam para a persistente viremia em pacientes infectados pelo HIV-1. Referências Aquaro S, Calio R, Balzarini J, Bellocchi MC, Garaci E, Perno CF: Macrophages and HIV infection: therapeutical approaches toward this strategic virus reservoir. Antiviral Res 2002;55:209-225. Asjo B, Morfeldt-Manson L, Albert J, Biberfeld G, Karlson A, Lidman K and Fenyo EM: Replicative capacity of human immunodeficiency vírus from patients with varying severity of HIV infection. Lancet 1986: 2:660-662. Berger EA, Murphy PM, Farber JM: Chemokine receptors as HIV-1 coreceptors: Roles in viral entry, tropism and disease. Ann Rev Immunol 1999; 17:657-700. Chen W, Jin W, Tian H, Sicurello P, Frank M, Orenstein JM, Wahl SM. Requirement for transforming growth factor beta1 in controlling T cell apoptosis. J Exp Med 2001;194:439453. Conner RI and Ho DD: Human immunodeficiency virus type 1 variants with increased replicative capacity develop during the asymptomatic stage before disease proegression. J. Virol. 1994; 68:4400-4408. 6 Dimitrov DS, Norwood D, Stantchev TS, Feng Y, Xiao X, Broder CC. A mechanism of resistance to HIV-1 entry: inefficient interactions of CXCR4 with CD4 and gp120 in macrophages. Virology 1999;259:1-6. Devitt A, Moffatt OD, Raykundalia C, Capra JD, Simmons DL, Gregory CD. Human CD14 mediates recognition and phagocytosis of apoptotic cells. Nature 1998;392:505-509. Embretson J, Zupancic M, Ribas JL, Burke A, Racz P, Tenner-Racz K, Haase AT: Massive covert infection of helper T lymphocytes and macrophages by HIV during the incubation period of AIDS. Nature;362:359-362. Fadok VA, Bratton DL, Konowal A, Freed PW, Westcott JY, Henson PM. Macrophages that have ingested apoptotic cells in vitro inhibit proinflammatory cytokine production through autocrine/paracrine mechanisms involving TGF-beta, PGE2, and PAF. J Clin Invest 1998;101:890-898. Fauci AS. Host factors and the pathogenesis of HIV-induced disease. Nature 1996;384:529-534. Ferraro GA, Mello MA, Sutmoller F, Van Weyenbergh J, Brazilian Network for HIV Isolation and Characterization, Shindo N, Galvao-Castro B, Bou-Habib DC. Biological characterization and chemokine receptor usage of HIV type 1 isolates prevalent in Brazil. AIDS Res Hum Retroviruses 2001;17:1241-1247. Freire-de-Lima CG, Nascimento DO, Soares MB, Bozza PT, Castro-Faria-Neto HC, de Mello FG, DosReis GA, Lopes MF. Uptake of apoptotic cells drives the growth of a pathogenic trypanosome in macrophages. Nature 2000;403:199-203. Gregory CD. CD14-dependent clearance of apoptotic cells: relevance to the immune system. Curr Opin Immunol 2000;12:27-34. Herbein G, Van Lint C, Lovett JL, Verdin E: Distinct mechanisms trigger apoptosis in human immunodeficiency virus type 1-infected and in uninfected bystander T lymphocytes. J Virol 1998;72:660-670. Jaworowski A, Crowe SM: Does HIV cause depletion of CD4+ T cells in vivo by the induction of apoptosis? Immunol Cell Biol 1999;77:90-98. Lazdins JK, Klimkait T, Woods-Cook K, Walker M, Alteri E, Cox D, Cerletti N, Shipman R, Bilbe G, McMaster G. In vitro effect of transforming growth factor-beta on progression of HIV-1 infection in primary mononuclear phagocytes. J Immunol 1991;147:1201-1207. Lima RG, Van Weyenbergh J, Saraiva EM, Barral-Netto M, Galvao-Castro B, Bou-Habib DC. The replication of human immunodeficiency virus type 1 in macrophages is enhanced after phagocytosis of apoptotic cells. J Infect Dis 2002;185:1561-1566. 7 Meyaard L, Otto SA, Jonker RR, Mijnster MJ, Keet RP, Miedema F: Programmed death of T cells in HIV-1 infection. Science 1992;257:217-219. Muro-Cacho CA, Pantaleo G, Fauci AS: Analysis of apoptosis in lymph nodes of HIV-infected persons. Intensity of apoptosis correlates with the general state of activation of the lymphoid tissue and not with stage of disease or viral burden. J Immunol 1995;154:55555566. Pantaleo G, Graziosi C, Demarest JF, Butini L, Montroni M, Fox CH, Orenstein JM, Kotler DP, Fauci AS: HIV infection is active and progressive in lymphoid tissue during the clinically latent stage of disease. Nature 1993;362:355-358. Poli G, Kinter AL, Justement JS, Bressler P, Kehrl JH, Fauci AS. Transforming growth factor beta suppresses human immunodeficiency virus expression and replication in infected cells of the monocyte/macrophage lineage. J Exp Med 1991;173:589-597. Orenstein JM, Fox C, Wahl SM. Macrophages as a source of HIV during opportunistic infections. Science 1997 20;276:1857-1861. Ortigao-de-Sampaio MB, Shattock RJ, Hayes P, Griffin GE, Linhares-de-Carvalho MI, Ponce de Leon A, Lewis DJ, Castello-Branco LR. Increase in plasma viral load after oral cholera immunization of HIV-infected subjects. AIDS 1998;12:F145-150. Reiter I, Krammer B, Schwamberger G. differential effect of apoptotic versus necrotic tumor cells on macrophage antitumor activities. J Immunol 1999;163:1730-1732. Richman DD, Bozzette SA. The impact of the syncytium-inducing phenotype of human immunodeficiency virus on disease progression. J Infect Dis 1994;169:968-974. Schlegel RA, Krahling S, Callahan MK, Williamson P. CD14 is a component of multiple recognition systems used by macrophages to phagocytose apoptotic lymphocytes. Cell Death Differ 1999;6:583-592. Schuitemaker H, Koot M, Koostra NA, Dercksen MW, de Goede RE, van Steenwijk RP, Lange JM, Schattenkerk JK, Miedema F, Tersmette M: Biological phenotype of human immunodeficiency virus type 1 clones at different stages of infection: progression of disease is associated with a shift from monocytotropic to T-cell-tropic virus population. J Virol 1992;66:1354-1360. Stanley S, Ostrowski MA, Justement JS, Gantt K, Hedayati S, Mannix M, Roche K, Schwartzentruber DJ, Fox CH, Fauci AS. Effect of immunization with a common recall antigen on viral expression in patients infected with human immunodeficiency virus type 1. N Engl J Med 1996;334:1222-1230. 8 Stern M, Savill J, Haslett C. Human monocyte-derived macrophage phagocytosis of senescent eosinophils undergoing apoptosis. Mediation by alpha v beta 3/CD36/thrombospondin recognition mechanism and lack of phlogistic response. Am J Pathol 1996;149:911-921. Toossi Z, Sierra-Madero JG, Blinkhorn RA, Mettler MA, Rich EA. Enhanced susceptibility of blood monocytes from patients with pulmonary tuberculosis to productive infection with human immunodeficiency virus type 1. J Exp Med 1993;177:1511-1516. UNAIDS: Report on the global HIV/AIDS epidemic 2002. www.unaids.org Voll RE, Herrmann M, Roth EA, Stach C, Kalden JR, Girkontaite I. Immunosuppressive effects of apoptotic cells. Nature 1997;390:350-351. Wahl SM, Greenwell-Wild T, Hale-Donze H, Moutsopoulos N, Orenstein JM. Permissive factors for HIV-1 infection of macrophages. J Leukoc Biol 2000;68:303-310. Wang J, Guan E, Roderiquez G, Norcross MA. Synergistic induction of apoptosis in primary CD4(+) T cells by macrophage-tropic HIV-1 and TGF-beta1. J Immunol 2001;167:33603366. Yi Y, Isaacs SN, Williams DA, Frank I, Schols D, De Clercq E, Kolson DL, Collman RG. Role of CXCR4 in cell-cell fusion and infection of monocyte-derived macrophages by primary human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) strains: two distinct mechanisms of HIV-1 dual tropism. J Virol 1999;73:7117-7125. Zocchi MR, Poggi A, Rubartelli A. The RGD-containing domain of exogenous HIV-1 Tat inhibits the engulfment of apoptotic bodies by dendritic cells. AIDS 1997;11:1227-1235. Zhu T, Mo H, Wang N, Nam DS, Cao Y, Koup RA, Ho DD. Genotypic and phenotypic characterization of HIV-1 patients with primary infection. Science 1993;261:1179-1181. Correspondência: Dr. Dumith Chequer Bou-Habib Laboratório de Imunologia Clínica, Departamento de Imunologia Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz Pavilhão Leônidas Deane / 409 Av. Brasil 4365 - CEP 21045-900 Rio de Janeiro, RJ - Brasil Tel (55 21) 2598-4608 E-mail: [email protected]