UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI IGOR ALEXANDRE DE SOUZA AVALIAÇÃO DO CAPIM-BRAQUIÁRIA E DOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO SOB DOSES DE NITROGÊNIO DIAMANTINA - MG 2012 IGOR ALEXANDRE DE SOUZA AVALIAÇÃO DO CAPIM-BRAQUIÁRIA E DOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO SOB DOSES DE NITROGÊNIO Dissertação apresentada à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, para obtenção do título de Magister Scientiae Orientadora: Prof.ª Karina Guimarães Ribeiro Co-orientador: Prof. Wellington Willian Rocha DIAMANTINA - MG 2012 Ficha Catalográfica - Sistema de Bibliotecas/UFVJM Bibliotecário Rodrigo Martins Cruz Souza, Igor Alexandre de. S731a 2012 Avaliação do capim-braquiária e dos atributos físicos do solo sob doses de nitrogênio / Igor Alexandre de Souza. – Diamantina: UFVJM, 2012. 53p. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Karina Guimarães Ribeiro Coorientador: Prof. Dr. Wellington Willian Rocha Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, 2012. 1. Plantas - Altura. 2. Clorofila. 3. Solo - Densidade. 4. Pressão de consolidação. 5. Produtividade de massa seca. 6. Volume total de poros. I. Ribeiro, Karina Guimarães. II. Rocha, Wellington Willian. III. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Faculdade de Ciências Agrárias. IV. Título. DEDICATÓRIA “Não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo” (José Saramago) AGRADECIMENTO Agradeço a Deus, a Nossa Senhora Rainha da Paz e a Santo Expedito por me fortalecer espiritualmente, iluminar a minha mente, ter colocado pessoas tão especiais no meu caminho e por ter me dado paz, saúde e perseverança ao longo deste trabalho. Aos meus pais e irmãos pelas diversas formas de incentivo. À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, pela oportunidade de realização do curso. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsa, e ao PROCAD/CAPES, pelo financiamento de parte do projeto. À Professora Karina Ribeiro, pelos ensinamentos, paciência e orientações. Ao Professor Wellington Willian, pela convivência profissional, pelos ensinamentos, pelas orientações e pelos momentos de amizade. Ao Professor Marcos Koiti Kondo que, talvez mesmo sem perceber, me influenciou a seguir nesta linha de pesquisa, agradeço pelos ensinamentos e orientações desde a graduação até a conclusão deste trabalho. Aos Professores do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, pelos ensinamentos e orientações. Ao Departamento de Agronomia, por ter disponibilizado o Laboratório de Física do Solo para realização das análises. Ao técnico do Laboratório de Física do Solo, Múcio Magno de Melo Farnezi, pelos ensinamentos, companheirismo, disposição, confiança e momentos de amizade (exemplo de funcionário). Ao técnico do Laboratório de Fertilidade do Solo, Rafael Baracho pelo auxílio na execução das análises de fertilidade do solo. Aos alunos da equipe de Física do solo, em especial ao Eudes Neiva. À equipe de amostragem de solo, Bruno Lage, Danilo Fernandes, Samuel, Thales, Sâmia Ribeiro. À equipe de amostragem da planta, Isís Hermisdorff e Sâmia Ribeiro. A todas as amizades que fiz em Diamantina. RESUMO SOUZA, Igor Alexandre de. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Julho de 2012. 53p. Avaliação do capim-braquiária e dos atributos físicos do solo sob doses de nitrogênio. Orientadora: Prof.ª Karina Guimarães Ribeiro. Co-orientador: Prof. Wellington Willian Rocha. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os atributos físicos do solo e a produtividade de massa seca e a composição bromatológica do capim-braquiária cv. Basilisk (Brachiaria decumbens), em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. O experimento foi desenvolvido na Fazenda Rio Manso, unidade experimental da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM, na cidade de Couto de Magalhães de Minas, em Minas Gerais. Para a avaliação da planta, utilizou-se o esquema de parcelas subdivididas no delineamento em blocos casualizados (DBC), com quatro repetições. Nas parcelas distribuíram-se as doses de nitrogênio (0; 25; 50; 75; 100 kg/N/ha) e nas subparcelas os quatro cortes efetuados nas plantas. Para a análise do solo, utilizou-se o esquema de parcelas subsubdivididas, com as doses de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte) nas parcelas, as duas profundidades de coleta de solo (0 - 3 cm; 10 - 13 cm) nas subparcelas e os três momentos de amostragem (antes, durante e ao final do experimento) nas subsubparcelas, no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. As variáveis analisadas nas plantas foram produtividade de massa seca (PMS), altura, índice de clorofila (ICF), teores de massa seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN), e, no solo, foram pressão de pré-consolidação (σp), densidade do solo inicial (Dsi), volume total de poros (VTP), índice de vazios (Ie) e teor de matéria orgânica (MO). Conclui-se que a aplicação de nitrogênio aumenta linearmente a produtividade de massa seca, a altura de plantas e o teor de proteína bruta do capim-braquiária, que apresentam correlação com o índice de clorofila. Ao final de dois anos agrícolas, ocorre aumento na pressão de pré-consolidação do solo e o capim-braquiária é capaz de suportar maiores cargas aplicadas. O volume total de poros diminuiu e a densidade do solo inicial aumentou, mas não a níveis de compactação do solo. O teor de matéria orgânica no solo decresce, o que pode ser atribuído à escassez de liteira ao longo das avaliações, em razão da remoção do material cortado das parcelas. Palavras-chave: altura de plantas, clorofila, densidade do solo, pressão de pré-consolidação, produtividade de massa seca, volume total de poros. ABSTRACT SOUZA, Igor Alexandre. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, July 2012. 53p. Evaluation of signalgrass and soil physical attributes under different rates of nitrogen. Adviser: Karina Guimaraes Ribeiro. Co-adviser: Wellington Willian Rocha. Dissertation (Master’s degree in Animal Science). The present work aimed to evaluate the soil physical properties, the productivity of dry mass and the chemical composition of Brachiaria decumbens cv. Basilisk (Brachiaria decumbens) in a Red-Yellow distrofic Latosol. The experiment was carried out at Rio Manso Experimental Unit of the Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM in the city of Couto de Magalhães de Minas, located 18 ° 4 '25 "south and 43 ° 28' 16" West, at 756 meters in altitude, being the climate of the region considered humid subtropical, Cwa, according to the Köppen`s classification. For the evaluation of the plant, there had been used the split-plot in randomized complete block design (RBD), with four replications. The plots were distributed with nitrogen in different rates (0, 25, 50, 75, 100 kg/N/ha) and in subplots the four cuts made in plants. For soil analysis, there have been used the split split plot, with the nitrogen levels (0, 25, 50, 75 and 100 kg/ha/cut) in the plots, the two depths (0-3, 10 - 13 cm) in the subplots and three sampling times (before, during and after the experiment) in split split plots in randomized block design with four replications. The variables were analyzed in plants of dry matter yield (DMP), height, chlorophyll content (FCI), content of dry matter (DM), crude protein (CP) and neutral detergent fiber (NDF), and the soil, pre-consolidation pressure (σp), initial soil density (ISD), total pore volume (TPV), empty index (EI) and organic matter (OM). It is concluded that the nitrogen application increases linearly productivity of dry matter, plant height and protein content of the Brachiaria decumbens, which correlate with the rate of chlorophyll. After two growing seasons, an increase in pre-consolidation pressure of the soil and the brachiaria is capable of withstanding higher applied loads. The total pore volume has decreased, the initial soil density increased, but not in relation to the levels of soil compaction. The content of soil organic matter decreases, which can be attributed to the lack of litter along the evaluations, due to the removal of portions of the cut material. Keywords: chlorophyll, plant height, pre-consolidation pressure, production of dry mass, soil density, total pore volume SUMÁRIO 1. Introdução.......................................................................................................................... 9 2. Referencial Teórico .......................................................................................................... 10 3. Material e métodos........................................................................................................... 17 3.1 Localização e caracterização da área experimental...................................................... 17 3.2 Delineamento experimental, tratamentos aplicados e amostragens das plantas ........... 18 3.2.1 Delineamento experimental, tratamentos aplicados e amostragens do solo .............. 21 3.3 Análises estatísticas.................................................................................................... 25 4. Resultados e discussão ..................................................................................................... 26 4.1 Atributos da planta ..................................................................................................... 26 4.2 Atributos físicos do solo ............................................................................................. 33 5. Conclusões....................................................................................................................... 42 6. Referências ...................................................................................................................... 43 9 1 INTRODUÇÃO A Brachiaria decumbens desempenha função primordial na produção de carne e leite, por viabilizar a exploração da pecuária em solos ácidos e de baixa fertilidade das diversas regiões do Brasil. Quando as plantas não encontram condições ideais para produzir, pode-se inferir que a pastagem está em estado de degradação. Dentre os nutrientes exigidos pelas plantas, o nitrogênio é o macronutriente que tem maior e mais rápido efeito sobre o desenvolvimento vegetativo, sendo relacionado com o perfilhamento da parte aérea e o desenvolvimento do sistema radicular, melhorando a absorção de outros nutrientes. Pastagens são ecossistemas complexos e dinâmicos, assim, as técnicas ou metodologias de avaliações das plantas forrageiras também devem assumir, por natureza, essas características, como forma de obter êxito na compreensão dos processos. Os impactos do uso e manejo na qualidade física do solo têm sido quantificados utilizando diferentes propriedades físicas relacionadas com a forma e com a estabilidade estrutural do solo, tais como: densidade do solo, porosidade do solo, resistência à penetração das raízes, resistência ao cisalhamento e a pressão de pré-consolidação, que determina a capacidade suporte de cargas do solo. Diante dessas considerações, objetivou-se com este trabalho avaliar a Brachiaria decumbens (produtividade de massa seca, altura de plantas, índice de clorofila e composição bromatológica), assim como, os atributos físicos do solo (pressão de pré-consolidação, densidade de partículas, densidade do solo inicial, densidade do solo na pressão de préconsolidação e porosidade total), sob cinco doses de nitrogênio, em dois anos agrícolas. 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO A produção de ruminantes no Brasil ocorre, predominantemente, em pastagens, sendo assim importante a contínua evolução de pesq uisas nessa área. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2010), existem no Brasil um total de 174 milhões de hectares ocupados por pastagens. Minas Gerais tem uma área de mais de 25 milhões de hectares de pastagens (nativas e plantadas), que representa 43% de todo o seu território. As pastagens são utilizadas como alimentação exclusiva de aproximadamente 90% do rebanho bovino nacional (ANUALPEC, 2009). Atualmente, as pastagens ocupam 48% dos 354 milhões de hectares agricultáveis existentes no país, constituindo o principal uso da terra, seguido de matas e florestas (27%) e lavouras (21%). A importância das pastagens na produção de bovinos no Brasil é inquestionável e reconhecida, fato relacionado, entre outros fatores, em virtude do seu alto potencial produtivo e ao baixo custo de produção. Todavia, em razão das condições de clima no decorrer do ano, a produção de forragem nas áreas de pastagens é estacional, o que resulta na sazonalidade da produção animal (SANTOS et al., 2009a). Segundo Barbosa (2006), aproximadamente 70% da área de pastagens são constituídos por pastagens cultivadas, sendo a maior parte ocupada por gramíneas do gênero Brachiaria. No entanto, os índices de produtividade do rebanho, na maioria das propriedades, são considerados insatisfatórios. Alguns fatores que contribuem para isso são a baixa produtividade e qualidade da forragem e a degradação de grandes áreas de pastagens por manejo inadequado do pastejo e da adubação (COSTA et al., 2008). A degradação da pastagem pode ser caracterizada pela intensa diminuição da biomassa vegetal da área, provocada pela degradação do solo, que, por diversas razões de natureza química (perda dos nutrientes e acidificação), física (erosão e compactação) ou biológica (perda da matéria orgânica), estaria perdendo a capacidade de sustentar produção vegetal significativa (DIAS-FILHO, 2007). Conforme Dias-Filho (2007), a degradação de pastagens constitui-se um problema de abrangência mundial, e é uma das principais limitações para a sustentabilidade da atividade pecuária em regiões tropicais, causando enormes prejuízos econômicos e ambientais. A compreensão dos processos e causas da degradação das pastagens e a formulação de soluções tecnológicas para a recuperação da produtividade dessas áreas são, portanto, essenciais para a 11 competitividade do agronegócio e a conservação do meio ambiente. Dependendo das causas e do estádio de degradação, a pastagem degradada ou em degradação necessita de diferentes intensidades e estratégias de intervenção para recuperar sua produtividade. A estrutura física e a fertilidade do solo são fatores importantes envolvidos na formação e no estabelecimento das pastagens. As mudanças evidenciadas nos atributos físicos afetam a movimentação de água, ar, nutrientes e raízes no perfil do solo, bem como, nos atributos químicos, sendo a fertilidade do solo indispensável para o desenvolvimento das plantas (CASALINHO; MARTINS, 2004). O uso de fertilizantes nitrogenados, em sistemas de produção animal em pastejo, tem o objetivo de aumentar a sustentabilidade da produção animal, por meio do aumento da longevidade da pastagem. A deficiência de nitrogênio determina a redução da produtividade de massa e do valor nutritivo do pasto. Se o déficit na disponibilidade de nitrogênio persistir por um longo período de tempo, a pastagem entrará em processo de degradação. Estima-se que o déficit anual de nitrogênio, em pastagens tropicais, é da ordem de 60 a 100 kg/ha (MYERS; ROBBINS, 1991; CADISCH et al., 1994). A necessidade de adubação do pasto é evidenciada pelo fato de que a maioria dos solos brasileiros não fornece nutrientes em quantidades suficientes ao crescimento adequado das plantas e dos altos níveis de extração das gramíneas tropicais utilizadas em pastagens cultivadas. Essa situação é particularmente importante para o nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre, em razão das altas quantidades desses nutrientes exigidas pelas plantas forrageiras (VILELA et al., 2004). Dentre os nutrientes, o nitrogênio é o principal macronutriente limitante à produtividade do pasto e participa ativamente na síntese de compostos orgânicos que formam a estrutura do vegetal, tais como: aminas, amidas, vitaminas, pigmentos, aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos e molécula de clorofila (MALAVOLTA, 1980). Para Vale et al. (1995), a adubação nitrogenada precisa ser feita de forma muito mais intensa e frequente que a dos demais nutrientes, por causa do seu baixo efeito residual e sua grande exigência pelas culturas. A prática da adubação nitrogenada promove consideráveis aumentos na produção de massa seca das forrageiras (ALVIM et al., 1987; CARVALHO; SARAIVA, 1987) e no teor e rendimento de proteína bruta das plantas (MONSON; BURTON, 1982; LOPES; MONKS, 1983; ALVIM et al., 1987). Esses autores ainda destacam que a aplicação do nitrogênio de forma parcelada é mais eficiente do que em uma única aplicação, quando se consideram produtividade de massa seca, teor de proteína, produção de proteína por hectare e porcentagem de recuperação do nitrogênio aplicado. 12 De acordo com Dias-Filho (2007), o gado pode acelerar as perdas do nitrogênio da pastagem, por aumentar a compactação do solo pelo pisoteio, interferir no ciclo interno de nitrogênio das plantas devido ao pastejo seletivo, alterar a distribuição e aumentar a concentração de nitrogênio na pastagem pela deposição irregular de urina e fezes, além de mudar a composição botânica da pastagem devido ao pastejo. Pesquisas conduzidas em um solo do tipo Argissolo, apontam o nitrogênio como o nutriente mais limitante para a recuperação da produtividade das pastagens (ANDRADE; VALENTIM, 2004). Fagundes et al. (2005) verificaram que o suprimento de nitrogênio no solo normalmente não atende à demanda das gramíneas, porém, quando há adubação nitrogenada, são observadas grandes alterações na taxa de acúmulo de massa seca da forragem do capim-braquiária ao longo das estações do ano. Neste trabalho, puderam constatar que os pastos apresentaram incremento na produção de forragem com o aumento das doses de nitrogênio, sem que tenha ocorrido aumento na senescência e morte de tecidos, ou seja, observou-se aumento nas taxas de acúmulo de forragem. Quando há disponibilidade de nitrogênio logo após o corte ou pastejo, ocorre uma rápida expansão das folhas, repondo rapidamente os tecidos fotossintéticos, promovendo, assim, a recuperação da planta forrageira e, consequentemente, o vigor de rebrotação (CECATO et al., 2000a). Soares Filho et al. (1992), avaliando a recuperação de pastagens de Brachiaria decumbens degradadas, com dez anos de utilização, constataram a importância da adubação nitrogenada para manutenção da produtividade de massa seca e seu efeito na recuperação de pastagens. Conforme Van Soest (1994), o aumento no suprimento de nitrogênio para as plantas proporciona incremento na concentração de proteínas no conteúdo celular e tem o efeito de diluição dos constituintes da parede celular, diminuindo a concentração da FDN. A adubação nitrogenada pode aumentar o teor protéico das gramíneas, dependendo do nível utilizado (ALVIM et al., 1998), entretanto, o efeito sobre os teores de fibra em detergente neutro (FDN) geralmente são nulos ou pouco acentuados (PINTO et al., 1994; ALVIM et al., 1996). Segundo Corsi (1984), a adubação nitrogenada pode reduzir a porcentagem de FDN das plantas, por estimular o crescimento de tecidos novos, que possuem menores teores de carboidratos estruturais na matéria seca. Contraditoriamente, o fornecimento de nitrogênio em doses elevadas, aliado a condições climáticas favoráveis, pode acelerar a maturidade e 13 senescência da planta, limitando o efeito benéfico da adubação nitrogenada sobre os valores de FDN (MARCELINO et al., 2002). Alem dos parâmetros citados anteriormente, o teor de clorofila tem sido utilizado como um indicativo da condição nutricional e da necessidade ou não da aplicação de adubo nitrogenado em forrageiras e diversas culturas de interesse agrícola. Este procedimento baseia-se no fato de que o nitrogênio é o fator dominante que afeta o teor de clorofila na planta (SHADICHINA; DMITRIEVA, 1995). A metodologia clássica para mensuração dos pigmentos clorofilianos é resultante da coleta destrutiva do vegetal, além de compreender uma prática onerosa. Outra forma de mensuração da clorofila é realizada por meio dos clorofilômetros, instrumentos que aferem, de forma não destrutiva, os índices de clorofila com base nas propriedades óticas das folhas (BARBIERI, 2009). A determinação indireta do teor relativo de clorofila é calculada pela quantidade de luz transmitida pela folha, por meio de dois ou três comprimentos de onda com diferentes absorbâncias que, independentemente do instrumento utilizado, fornece uma leitura única, proporcional às clorofilas a e b e aos carotenóides (MINOLTA, 1989; FALKER, 2008). O manejo inadequado do solo, causado principalmente pelo preparo mecânico ou pisoteio de animais, em condições de umidade inadequada, além do elevado número de animais na área de pastagem, contribuíram para o aumento de áreas compactadas no Brasil. A situação representa um desafio para os cientistas descobrirem as técnicas mais precisas para avaliar, quantificar, controlar e evitar este efeito de compactação (ROCHA, 2003). A produtividade do solo não depende apenas de nutrientes suficientes, mas, também, de um sistema de porosidade adequada em profundidades onde as raízes são cultivadas (Souto, 2006). As plantas forrageiras necessitam de solos com condições físicas favoráveis para o seu desenvolvimento adequado. Essas condições determinam os fluxos de água, calor e gases no solo. Os animais em pastejo interferem neste sistema, alterando-o e afetando as propriedades físico-hídrico-mecânicas do solo (PEDROTTI; MELLO JR, 2009). Leão et al. (2004) declararam que a deterioração da qualidade física do solo para o crescimento de plantas provoca perdas na produção vegetal, tendo como consequências a perda da capacidade de suporte da pastagem e a redução da produtividade animal. Conforme Brandt (2006), a compactação do solo, quase sempre, traz efeitos negativos para o desenvolvimento das plantas, aumentando sua densidade e a resistência ao crescimento das raízes e interfere na disponibilidade de água e de oxigênio às plantas. Estes fatores contribuem para o aumento do deflúvio superficial e facilita o desprendimento de sedimentos (CARVALHO, 1976). 14 A compactação do solo é caracterizada pela redução do espaço poroso quando este é submetido a uma pressão externa e pode ser considerada um dos principais problemas de áreas intensamente mecanizadas e, ou, pisoteadas, e um dos fatores primordiais de degradação de sua estrutura (MOSADDGHI et al., 2007), o que traz, como consequência, a queda de produtividade e longevidade das pastagens (IMHOFF et al., 2000), além do aumento dos processos erosivos (OLIVEIRA et al., 2004). A compactação do solo tem atingido aproximadamente 68 milhões de hectares em todo o mundo, destacando-se como uma das causas mais severas de degradação na estrutura dos solos, comprometendo a qualidade física de terras agrícolas e a obtenção de maiores produtividades (FLOWERS; LAL, 1998; ALAKUKKU et al., 2003). A susceptibilidade dos solos à compactação torna-se mais crítica todas às vezes em que as pressões aplicadas aos mesmos excedam a sua capacidade de suporte de carga, a qual é dependente do conteúdo de água no solo (DIAS JUNIOR; PIERCE, 1996; KONDO; DIAS JUNIOR, 1999; LIMA et al., 2004). Sabe-se que a absorção dos nutrientes depende, entre outros fatores, da disponibilidade de água no solo e que, para o nitrogênio, o transporte até as raízes é essencialmente efetuado por fluxo de massa (TAIZ; ZEIGER, 2004). Assim percebe-se a necessidade de garantir a qualidade física do solo adequada para o bom desenvolvimento das plantas. Silva Filho et al. (2010), ao avaliarem áreas de pastagens utilizadas há 20 anos, observaram, na camada de 0-10 cm de um Latossolo, resistência à penetração de 2,6 vezes maior do que é tolerado para o desenvolvimento de raízes, o que mostra a necessidade do manejo adequado das pastagens. Para que ocorra o rompimento de camadas de solos compactados pelas raízes das plantas, é de se esperar um elevado gasto de energia metabólica através do transporte de fotossintetizados da parte aérea para as raízes, o que leva à redução de produção, conforme relatado por Camargo; Alleoni (1997). Severiano et al. (2003) observaram que a produtividade de massa seca de Brachiaria decumbens em um Latossoso reduziu com o aumento da resistência à penetração e densidade do solo, apresentando o menor resultado para valores de 2,4 MPa e 1,37 Mg m-3, respectivamente. O uso de plantas que atuam como descompactadoras do solo constitui-se importante estratégia de manejo em sistemas intensivos de produção (JIMENEZ et al., 2008), sendo oportuno o conhecimento a respeito da adaptabilidade e eficiência de recuperação da 15 qualidade estrutural do solo por parte da espécie vegetal a ser utilizada (HAMZA; ANDERSON, 2005). Espécies de plantas com sistema radicular bastante agressivo, além de oferecerem proteção da superfície do solo, formam canais no solo responsáveis pelo aumento do movimento de água e da difusão de gases (MÜLLER et al., 2001). As plantas ditas descompactadoras apresentam potencial de rompimento de camadas de impedimento mecânico uniformemente, além de contribuírem para a melhoria do estado de agregação do solo (CAMARGO; ALLEONI 1997). Calonego et al. (2011), em experimento com um Argissolo Vermelho distroférrico de textura média-arenosa, simularam diferentes graus de compactação do solo e identificaram que o capim-braquiária, assim como o sorgo, em comparação ao lab-lab foram as espécies com maior colonização de raízes na camada adensada do vaso, constituindo espécies com maior potencial para estruturar solos compactados. Severiano et al. (2010) apontaram o capim-tifton 85 como uma forrageira capaz de promover descompactação, ao estudá-lo cultivado em um Argissolo, o que fortalece a idéia de que as gramíneas apresentam sistema radicular capaz de descompactar o solo. Poucos estudos têm avaliado os atributos físicos do solo sob pastagem, relacionandoos com aspectos vegetativos da forrageira. De acordo com Kondo; Dias Junior (1999), sabe-se que o pisoteio excessivo pelo gado contribui evidentemente no processo de degradação, provocando o aumento da compactação do solo, contribuindo para a redução da infiltração e elevando o escorrimento superficial da água das chuvas. O efeito do pisoteio dos animais sobre o solo é potencializado quando o pastejo é realizado em solos com umidade elevada e com baixa cobertura vegetal, o que evidencia a importância do controle das taxas de lotação animal em relação à quantidade de forragem produzida e à manutenção de cobertura vegetal adequada sobre os solos, a fim de mitigar o efeito do pisoteio sobre a qualidade física dos solos (SILVA et al., 2003; SARMENTO et al., 2008). O pisoteio animal em toda superfície e, às vezes, repetidamente no mesmo local, pode promover drásticas alterações nas condições físicas do solo para o crescimento do sistema radicular. A extensão e a natureza desses efeitos são determinadas pela taxa de pisoteio, pelo tipo de solo e, principalmente, pela umidade do solo na ocasião do pastejo. O pastejo realizado em condições de umidade elevada maximiza a degradação física do solo, prejudicando o crescimento de plantas (BETTERIDGE et al., 1999). 16 De acordo com Nie et al. (2001), a pressão aplicada por animais em movimento pode chegar a duas vezes a pressão aplicada quando o mesmo encontra-se imóvel, devido a diminuição da área de contato com o solo, que é estreitamente influenciada pela origem do animal (zebu ou europeu) e, ou, aptidão (carne ou leite), ainda podendo variar de acordo com a quantidade de membros apoiados simultaneamente, o que torna a identificação exata das pressões aplicadas pelo pisoteio animal um grande desafio para a ciência. A qualidade física do solo pode ser avaliada por diversas propriedades físicas, mais especificamente pelo seu monitoramento e acompanhamento, bastando que os dados citados em literatura sejam de períodos mais longos de observação. Entre eles, estão densidade do solo, estrutura, textura, temperatura, consistência, porosidade e aeração do solo, condutividade hidráulica, resistência do solo à penetração, umidade ótima de compactação, pressão crítica de cisalhamento e pressão de pré-consolidação (PEDROTTI; MELLO JR, 2009). A pressão de pré-consolidação é um parâmetro indicativo da capacidade de suporte de cargas aplicadas ao solo, obtida pela curva de compressão, que relaciona o índice de vazios ou a densidade com o logaritmo da pressão aplicada na superfície do solo e fornece as informações sobre o comportamento mecânico do solo (DIAS JUNIOR; PIERCE, 1996). Dias Júnior (1994) desenvolveu o modelo de capacidade de suporte de carga que prediz a máxima pressão que o solo pode suportar para diferentes umidades, sem causar compactação adicional, em função da pressão de pré-consolidação e da umidade do solo. Esta pressão divide a curva de compressão do solo em duas regiões: uma de deformação pequena, elástica e recuperável (curva de compressão secundária, indicando a presença da história de manejo do solo), e outra de deformação plástica e não recuperável (curva de compressão virgem). A recuperação de pastagens degradadas é possível, porém, trata-se de um processo lento e difícil, sendo necessária a escolha de plantas com boa capacidade de crescimento e desenvolvimento nesses ambientes degradados, bem como o uso de práticas de manejo do solo que favoreçam sua recuperação. 17 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização e caracterização da área experimental O experimento foi conduzido na Fazenda Rio Manso, unidade experimental da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, na cidade de Couto de Magalhães de Minas - MG, localizada a 18° 4′ 25″ sul e 43° 28′ 16″ oeste, a 756 metros de altitude. O clima da região é subtropical úmido, Cwa segundo a classificação climática de Köppen-Geiger. A temperatura média anual é de 23,8ºC e o índice pluviométrico é de 1.404 mm/ano. Os dados de precipitação acumulada no período experimental estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Dados de precipitação acumulada no período experimental Corte Período de rebrotação Precipitação acumulada (mm) 1º 13/Dez/10 a 23/Jan/11 326,7 2º 24/Jan a 13/Mar/11 350,2 3º 09/Dez/11 a 16/Jan/12 532,1 4º 17/Jan a 27/Fev/12 99,0 Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, Diamantina, MG. Foi realizada análise físico-química no solo, para as profundidades de 0 a 10 e 10 a 20 cm, para sua devida caracterização (Tabela 2). O solo é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura argilosa, profundo, com pouca diferenciação entre horizontes, por se apresentar bastante intemperizado, com baixa fertilidade natural, relevo suave ondulado, com inclinação entre 3% a 6% (EMBRAPA, 2006). 18 Tabela 2 – Características químicas e físicas das amostras de solo coletadas às profundidades de 0 a 10 e 10 a 20 cm, Laboratórios de fertilidade e de física do solo/ UFVJM. 2010 Prof. pH H+Al Al Ca Mg K P M.O V M SB T T -------- cmolc dm-3 ------ - cm - mg dm-3 Dag kg-1 -- % -- ----- cmolc dm-3 --- 0 a10 5,4 7,3 0,5 1,34 0,48 49 1,63 1,7 21 20 1,95 2,45 9,25 10 a 20 5,5 6,5 0,4 1,02 0,60 30 1,03 1,0 21 19 2,10 Prof. Areia Silte - cm - ------------ % ---------------- - Mg m-3- % Argila Ds 1,7 8,2 Dp VTP 0 a 10 43 15 42 1,34 2,63 0,50 10 a 20 43 13 44 1,34 2,63 0,50 pH em água - Relação 1:2,5; H + Al - Extrator Acetato de cálcio 0,5 mol/L; Al, Ca e Mg Extrator KCl 1 mol/L; K e P - Extrator Mehlich-1; M.O. - Matéria orgânica = C. org x 1,724; V - Saturação por bases; m Saturação de alumínio; SB soma de bases; t Capacidade de troca de cátions efetiva; T Capacidade de troca de cátions a pH 7,0; Ds Densidade do solo; Dp Densidade de partículas; VTP Volume total de poros O experimento foi implantado em área de pastagem degradada de capim-braquiária (Brachiaria decumbens cv. Basilisk), com aproximadamente seis hectares, formada há aproximadamente dez anos, e que apresentava baixa produtividade de massa seca e considerável infestação de plantas daninhas. A pastagem ao longo desse tempo foi manejada sem controle de pressão de pastejo e sem fertilizações. Em área representativa do pasto, foram delimitados quatro blocos, espaçados entre si por 2 metros, e cada bloco foi dividido em cinco parcelas de 3 x 3 metros, totalizando 20 unidades experimentais. Toda a área foi cercada com cerca de arame fardado, a fim de evitar a invasão por animais que pastejavam o entorno. O controle de plantas daninhas foi realizado por meio de capina manual. 3.2 Delineamento experimental, tratamentos aplicados e amostragens das plantas Para as variáveis referentes à planta, os dados foram analisados em esquema de parcelas subdivididas, com 1/3 das doses totais de nitrogênio (0; 50; 75 e 150; 200 19 kg/ha/corte) nas parcelas e os cortes nas subparcelas no tempo, no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. Foram utilizados quatro cortes, para avaliação da produtividade de massa seca por corte e da composição bromatológica; três cortes para avaliação da altura de plantas e dois cortes para avaliação do índice de clorofila. Para a produtividade de massa seca por ano, os dados foram analisados em esquema de parcelas subdivididas, com as doses totais de nitrogênio (0; 75; 150; 225; 300 kg/ha/ano) nas parcelas e os anos nas subparcelas, no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. O experimento iniciou no dia 13/12/2010, quando foi realizado o corte de uniformização das plantas em todas as parcelas, à altura de 10 cm do nível do solo, com roçadora costal motorizada. O material cortado foi removido da área com o auxílio de um rastelo, e, em seguida, foi realizada adubação com doses de 100 kg/ha de P 2O5 e 75 kg/ha de K2O, em todas as parcelas, com base na análise química do solo, juntamente com 1/3 das doses totais de nitrogênio conforme os tratamentos (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), utilizando-se com fontes superfosfato simples, cloreto de potássio e sulfato de amônio, respectivamente. As plantas foram colhidas com aproximadamente 42 dias de rebrotação. No dia 24/01/2011, foi realizado o primeiro corte nas plantas e reaplicadas as doses de nitrogênio, juntamente com 75 kg/ha de K2O; no dia 14/03/2011, foi realizado o segundo corte nas plantas e reaplicadas as doses de nitrogênio e de potássio, e, no dia 30/04/2011, foi realizado o terceiro corte nas plantas, sem aplicações de adubos. Após todos os cortes, o material foi removido das parcelas, porém, neste último corte não foram colhidas amostras para análises. No segundo ano experimental, no dia 08/10/2011, foi realizada uma calagem, com base na análise do solo, com a finalidade de elevação da saturação por bases para 45%, nas parcelas de cada tratamento, utilizando-se calcário dolomítico, em razão da necessidade verificada com base nos resultados da Tabela 3. Na Tabela 3 encontram-se os resultados da análise química de amostras de solo coletadas a uma profundidade de 0 a 10 centímetros, em todas as 20 parcelas, após o primeiro ano de estudo. A partir dessas amostras, foram formadas cinco amostras compostas, reunindo as amostras referentes a cada dose de nitrogênio, para avaliação das condições químicas do solo. 20 Tabela 3 – Características químicas do solo coletado à profundidade de 0-10 cm, em cada dose de nitrogênio, ao final do primeiro ano de estudo. Laboratório de Fertilidade do Solo/ UFVJM. 2011 Trat. pH H+Al Al Ca Mg K P M.O V M SB t T -------- cmolc dm-3 ------ -N- mg dm-3 Dag kg-1 -- % -- ---- cmolc dm-3 ---- 0 5,6 5,8 0,3 1,4 1,7 188,4 8,74 2,8 31 10 2,58 2,88 8,38 25 5,2 6,5 0,4 1,5 0,7 149,2 7,07 2,9 28 13 2,58 2,98 9,08 50 5,0 6,5 0,5 1,2 1,0 114,2 5,91 2,8 28 17 2,49 2,99 8,99 75 5,1 9,1 0,5 1,2 0,7 155,4 7,53 2,9 20 18 2,30 2,80 11,40 100 4,8 9,1 0,96 1,0 0,3 135,0 4,53 2,6 15 37 1,65 2,61 10,75 pH em água - Relação 1:2,5; H + Al - Extrator Acetato de cálcio 0,5 mol/L; Al, Ca e Mg Extrator KCl 1 mol/L; K e P - Extrator Mehlich-1; M.O. - Matéria orgânica = C. org x 1,724; V - Saturação por bases; m Saturação de alumínio; SB soma de bases; t Capacidade de troca de cátions efetiva; T Capacidade de troca de cátions a pH 7,0 No dia 31/10/2011, foi realizado o corte de uniformização das plantas em todas as parcelas, à altura de 10 cm do nível do solo, com roçadora costal motorizada. O material cortado foi removido da área com o auxílio de um rastelo, e, em seguida, foi realizada adubação com doses de 75 kg/ha de K2O, em todas as parcelas, juntamente com as doses de nitrogênio, conforme os tratamentos (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), utilizando-se como fonte cloreto de potássio e sulfato de amônio, respectivamente. No dia 08/12/2011, foi realizado o primeiro corte nas plantas e reaplicadas as doses de adubo nitrogenado, juntamente com 75 kg/ha de K2O; no dia 16/01/2012, foi realizado o segundo corte nas plantas e reaplicadas as doses de nitrogênio e de potássio, e, no dia 27/02/2012, foi realizado o terceiro corte nas plantas, sem aplicações de adubos. Após todos os cortes, o material foi removido das parcelas, porém, neste ano, as amostras do primeiro corte não foram colhidas para análises. Para amostragem da forragem, utilizou-se uma moldura com canos de PVC com área de 1,0 m2, colocada no centro de cada parcela, sendo as plantas cortadas manualmente por meio de cutelo, a uma altura de 10 cm do nível do solo. Antes dos cortes, foram registradas as alturas das plantas, no 2º, 3º e 4º cortes, e mensurado o índice de clorofila, no 3º e 4º cortes. Para a medição da altura, foi utilizada uma trena de metal e realizadas três medições da base até o horizonte de curvatura das folhas das plantas de cada parcela. Para a estimativa do índice de clorofila, foi utilizado um clorofilômetro portátil, marca ClorofiLOG® modelo CFL 1030, operado conforme as instruções do fabricante (FALKER, 2008). Foram avaliados os índices de clorofila total (a + b), no terço médio da lâmina foliar totalmente expandida, 21 tomando-se três medidas em cada folha, para se obter um valor médio. Essas medidas foram realizadas em 10 folhas/parcela, ao acaso, calculando-se as médias. Neste equipamento, as unidades de mensuração são denominadas Índice de Clorofila Falker (ICF). A luz transmitida através da folha é convertida em sinais elétricos, que são digitalizados e microprocessados para cálculo do ICF, o qual se correlaciona com o teor de clorofila da folha. Para a medição da produtividade de massa seca, as amostras foram colocadas em sacos plásticos e encaminhadas ao Laboratório de Forragicultura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, onde foram pesadas. Em seguida, foram retiradas amostras representativas da forragem de cada tratamento, que foram pesadas e secas em estufa com circulação forçada de ar a 55 °C, até peso constante, para determinação da amostra seca ao ar (ASA), e, em seguida, pesadas e moídas em moinho tipo Willey, com peneira de 1 mm, e armazenadas em potes plásticos vedados, para análises da composição bromatológica. Posteriormente, foram retiradas subamostras para as análises dos teores de matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro, seguindo a metodologia descrita por Silva; Queiroz (2002). O teor de nitrogênio (N) foi determinado pelo método analítico Kjedahl e o teor de PB foi calculado multiplicando-se o teor de N por 6,25. O teor de FDN foi calculado por diferença de peso após digestão com detergente neutro, em saquinhos de TNT, segundo metodologiaq descrita por Van Soest; Robertson, (1985). Todos os resultados foram corrigidos para a base da matéria seca. 3.2.1 Delineamento experimental, tratamentos aplicados e amostragens do solo Os atributos do solo foram analisados em esquema de parcelas subsubdivididas, com as doses de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte) nas parcelas, as duas profundidades de amostragem (0 a 3 e 10 a 13cm) nas subparcelas e os três momentos de amostragem (antes da aplicação dos tratamentos, ao final do primeiro ano e ao final do segundo ano) nas subsubparcelas, no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. As amostragens para avaliações dos atributos do solo foram realizadas nos dias 30/10/2010 (amostras deformadas) e 10/12/10 (amostras indeformadas) (antes da aplicação dos tratamentos), 14/05/2011 (ao final do primeiro ano) e 03/03/2012 (ao final do segundo ano). 22 As amostras deformadas foram coletadas para caracterização química e física do solo antes da aplicação dos tratamentos (Tabela 2). As amostras indeformadas foram coletadas para o ensaio de compressão, com auxílio de um amostrador de Uhland (Figura 1), utilizandose anéis volumétricos de alumínio, com 63,5 mm de diâmetro interno por 25 mm de altura. Foram coletadas duas amostras em cada uma das 20 parcelas com área de 9 m2, uma à profundidade de 0 a 3 cm e outra de 10 a 13 cm, totalizando 40 amostras indeformadas. Figura 1: Amostrador de Uhland esquematizado Adaptado de Kondo (1998) Nos dias 14/05/2011 e 03/03/2012, ao final do primeiro ano e ao final do segundo ano, respectivamente, foram coletadas outras amostras indeformadas do solo, seguindo as mesmas atribuições da primeira amostragem e utilizando o mesmo amostrador de Ulhand e anéis volumétricos de mesma especificação, portanto, foi coletado o total de 120 amostras na área experimental, nos três momentos de amostragem. Na mata natural adjacente, distante aproximadamente 1.800 metros da área experimental e com a mesma classe de solo, foram coletadas, de maneira aleatória, 30 amostras indeformadas nas mesmas profundidades (0 a 3 cm e 10 a 13 cm), utilizando-se anéis volumétricos de mesma especificação, para uso dessa área como referência de solo nunca pisoteado por bovinos. A cada momento de coletas de amostras de solo indeformadas, foram coletadas amostras deformadas, para se proceder as análises de matéria orgânica, pelo método colorimétrico (RAIJ et al., 2001); de densidade de partículas (Dp), pelo método do balão 23 volumétrico e caracterização textural (Tabela 4), pelo método da pipeta (EMBRAPA, 1997). O volume total de poros (VTP) foi calculado pela seguinte equação: VTP = 1 - (Dsi/Dp). Tabela 4 – Caracterização textural do solo e densidade de partículas (Dp) (média das 20 unidades experimentais antes da aplicação dos tratamentos) Prof. (cm) Areia (%) Silte (%) Argila (%) Dp (Mg m-3) 0a3 43 15 42 2,63 10 a 13 43 13 44 2,63 Imediatamente após as amostragens, as amostras indeformadas foram identificadas, embaladas em filme plástico e impermeabilizadas em parafina, para garantir que a estrutura das amostras fosse preservada até a realização do ensaio de compressão no laboratório. Em laboratório, removeu-se a parafina com o auxílio de uma faca e de um pincel e logo em seguida o filme plástico, então, moldou-se cuidadosamente a amostra de solo (corpo de prova) conforme a altura do anel volumétrico, retirando-se o excesso de solo. Posteriormente, essas amostras foram saturadas em uma bandeja com água destilada por 72 horas, mantendo-se o nível d’água a 2/3 da sua altura. As amostras da área experimental foram submetidas ao controle de umidade, em uma mesa de tensão à sucção de 6 kPa, que representa a tensão de retenção de água na capacidade de campo para este solo, enquanto as amostras da área de mata natural foram submetidas às tensões de -2 kPa; -4 kPa; -6 kPa; -8 kPa e -10 kPa, afim de se determinar a capacidade de suporte de carga do solo em diferentes umidades (DIAS JÚNIOR, 1994). Quanto menor a tensão de retenção de água, mais seco o solo, logo, a tensão de -10 kPa significa que o solo retém menos água, portanto, está mais seco. Após a estabilização, as amostras foram submetidas ao ensaio de compressibilidade, obtendo-se os modelos de sustentabilidade estrutural em função da pressão de pré-consolidação (σp) versus a umidade. As cargas foram aplicadas em cada amostra (corpo de prova), por meio de ar comprimido em uma célula de compressão (Figura 2), utilizando-se um consolidômetro com IHM (interação homem máquina), modelo CNTA-IHM/BR-001/07, da empresa Masquetto Automação & equipamentos, as quais obedeceram à seguinte ordem: 25, 50, 100, 200, 400, 800 e 1600 kPa. Cada pressão foi aplicada até que 95% da deformação máxima fosse alcançada, segundo Holtz e Kovacs (1981), modificado por Dias Junior (1994), somente então, uma nova pressão foi aplicada. Após o término do ensaio, as amostras foram levadas à 24 estufa a 105ºC, até massa constante, para determinação da umidade gravimétrica (EMBRAPA, 1997). Figura 2. Célula de compressão uniaxial esquematizada Fonte: Adaptado de Kondo (1998) Com a utilização da planilha eletrônica proposta por Dias Junior e Pierce (1995), que seguem a metodologia proposta por Casagrande (1936), foram obtidas as curvas de compressão e determinou-se a pressão de pré-consolidação (σp) (Figura 3), o índice de vazios (Ie), a densidade de solo inicial (Dsi) e a densidade de solo no momento da pressão de préconsolidação (Dsσp), para cada amostra. Figura 3. Curva de compressão do solo Fonte: Adaptado de Dias Junior (1994) 25 3.3 Análises estatísticas Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão. Para as variáveis qualitativas utilizou-se o teste Tukey e o teste “F”, e, para as variáveis quantitativas, aplicouse a análise de regressão, ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o programa estatístico SAEG 9.0 (UFV, 2005). 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Atributos da planta Não houve efeito da interação doses de nitrogênio e cortes para a produtividade de massa seca (PMS), obtendo-se efeitos simples de nitrogênio e de cortes para esta variável (Tabelas 5 e 6). A PMS do capim-braquária respondeu linear e positivamente às doses do adubo nitrogenado, variando de 1.394 a 2.599 kg/ha/corte, com doses de 0 a 100 kg/ha/corte, respectivamente. Tabela 5 – Produtividade de massa seca (PMS), altura de plantas, índice de clorofila e teor de matéria seca (MS) de Brachiaria decumbens cv. Basilisk adubada com doses crescentes de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), respectivas equações de regressão, coeficientes de determinação (r2) e coeficientes de variação (CV) N (kg/ha) r2 CV (%) 0 25 50 75 100 2.319,2 2.504,9 PMS (kg/ha/corte) 1.297,0 1.721,3 2.141,8 ** Ŷ = 1394,17 + 12,0547 N 0,96 26,4 0,89 20,62 0,95 6,28 0,93 4,77 Altura de plantas (cm) 20,89 24,62 30,32 31,89 35,20 Ŷ = 22,1047 + 0,115507**N Índice de clorofila 35,26 37,65 40,60 42,7 49,1 Ŷ = 34,5125 + 0,13101**N MS (%) 23,29 22,09 21,43 20,34 Ŷ = 23,015 – 0,0301993 **N 20,38 PMS e MS = média de quatro cortes; altura = média de três cortes; clorofila = média de dois cortes. **Nível de 1% de probabilidade. 27 Esses resultados confirmam o observado por Rossi et al. (1997) e Fagundes et al. (2005) que, ao utilizarem doses de nitrogênio até 300 kg/ha/ano, também verificaram aumentos lineares na produção de MS de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Viana et al. (2011), trabalhando com adubação nitrogenada no período das águas em pasto de capimbraquiária (Brachiaria decumbens cv. Basilisk) , relataram que foi possível incrementar de forma linear crescente a produtividade de massa seca com dose até 100 kg/ha/ano de nitrogênio. De acordo com estudos realizados por Costa (1995), com Brachiaria brizantha cv. Marandu, em diferentes idades de corte, a adubação e a correção do solo propiciaram incremento na produtividade de massa seca. No presente estudo, o adubo nitrogenado, aplicando em dose de até 100kg/ha/corte, apresenta-se como estratégia eficiente para o aumento da produtividade de massa seca do capim-braquiária, em período chuvoso, evidenciando a capacidade de recuperação da produtividade em pastagens degradadas. Em relação à PMS, por corte, no 4º corte foi obtida PMS superior às dos demais cortes, com média de 2.875, 67 kg/ha de massa seca (tabela 6). No período de rebrotação das plantas antes deste corte, verificou-se menor índice pluviométrico absoluto que nos demais períodos (Tabela 1). Essa maior produtividade também pode estar relacionada à correção do solo realizada em cobertura no dia 08/10/2011, com a finalidade de elevação da saturação por bases para 45%, que ao final do 1º ano apresentava-se em níveis muito baixos (Tabela 3). Isto evidencia a recuperação da capacidade produtiva da planta ao longo do tempo, e da melhoria das condições de absorção dos nutrientes do solo pelo sistema radicular, que certamente apresentava-se mais forte, vigoroso e abundante, consequentemente, abrangendo maior área de solo. Tabela 6 – Produtividade de massa seca (PMS), altura de plantas e teor de matéria seca (MS) de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, por corte (média de cinco doses de nitrogênio) Corte/Ano 1 o/2011 2 o/2011 3 o/2012 4 o/2012 PMS (kg/ha) 1789,14c 940,68d 2382,13b 2875,67a Altura (cm) NA 21,41c 33,46a 28,76b MS(%) 24,40a 17,39c 20,10b 24,13a NA = não avaliado; corte 1 = 24/01/2011; corte 2 = 14/03/2011; corte 3 = 16/01/2012 e corte 4 = 21/03/2012. Letras iguais nas linhas não diferem pelo teste Tukey, a nível de 1% de probabilidade. 28 No 1º e 3º cortes, verificaram-se valores intermediários de PMS, 1.789,1 e 2.382,1 kg/ha, e, no 2º corte, a mais baixa PMS (1940,7 kg/ha). No 2° corte, a PMS ficou muito prejudicada em relação ao outros cortes, pois as plantas rebrotaram em período de veranico muito intenso após a adubação, o que provavelmente comprometeu a eficiência da adubação nitrogenada, em razão das condições fisiológicas da planta serem afetadas pelo déficit hídrico. Aroeira et al. (2005) verificaram que B. decumbens é uma espécie de maior eficiência fotossintética em condições tropicais e de melhor adaptação a solos de baixa fertilidade e que apresenta maiores respostas produtivas nos meses de precipitações e temperaturas mais altas. Houve efeito das doses de nitrogênio e de ano para a produtividade de massa seca (PMS) do capim-braquiária (Tabela 7). Assim, para o primeiro ano, estimou-se PMS variando 1.643,5 a 3.816,2 kg/ha/ano, e, para o segundo ano, estimou-se PMS de 3.933,2 a 6.5825,4 kg/ha/ano, em função de doses de 0 a 200 kg/ha de N. A PMS no segundo ano (5.257,7 kg/ha) foi maior do que no primeiro ano (2.729,8 kg/ha). Fica evidenciado, portanto, a recuperação do capim-braquiária com a adubação nitrogenada ao longo do tempo, e que com apenas dois anos a PMS é bastante incrementada. Tabela 7 – Produtividade de massa seca de Brachiaria decumbens cv. Basilisk adubada com doses crescentes de nitrogênio (0; 50; 100; 150 e 200 kg/ha), em dois anos, equação de regressão e coeficiente de determinação (r2) (Coeficiente de variação = 2,25%) Ano N (kg/ha) r2 0 50 100 150 200 Produção de massa seca (kg/ha/ano/2 cortes) 1o 1.491,9 2.279,1 2.830,6 3.399,8 3.647,4 2o 3.696,3 Ŷ = 1.643,4888 + 10,86338**N 4.606,3 5.736,7 5.877,2 Ŷ = 3.933,1988 + 13,246 **N 0,97 6.372,3 0,93 Para altura de plantas, também não foi verificado efeito da interação doses de nitrogênio e de cortes, e sim efeitos simples de doses de nitrogênio e de cortes (Tabelas 5 e 6). Verificaram-se alturas de plantas variando de 22,1 cm, na ausência de adubação nitrogenada, a 33,7 cm, para as plantas que receberam a dose mais alta de nitrogênio (100 kg/ha/corte). Estes resultados revelam que a adubação nitrogenada aumenta de forma considerável a altura das plantas, o que está estreitamente relacionado ao aumento da produtividade de massa seca. Santos et al. (2009b), em experimento avaliando altura das plantas de capim-braquiária (Brachiaria decumbens cv. Basilisk) , em três períodos de diferimento (73; 95 e 116 dias) e quatro doses de nitrogênio (0, 40, 80 e 120 kg/ha), também obtiveram aumento da altura em 29 função do aumento das doses de adubo nitrogenado, variando de 23 a 73 cm, para o menor período, na ausência de adubação, e para o maior período, com a dose mais alta de nitrogênio, respectivamente. Moreira et al. (2009), em experimento conduzido com pastagem de capim-braquiária (B. decumbens cv. Basilisk), também em dois anos e com doses de nitrogênio idênticas às aplicadas neste experimento, obtiveram altura média de plantas de 20,2 cm, nos dois anos de estudo, e encontraram altura de 31,7 cm, para a dose mais elevada de nitrogênio. Em relação às alturas das plantas entre os cortes (Tabela 6), no 3º corte verificou-se maior altura (33, 5 cm), sendo superior às demais, verificando-se valor mais baixo no 2º corte (21,4 cm), e intermediário no 4º corte (28,8 cm). Nesse corte, observou-se maior produtividade de massa seca, com menor altura de plantas, o que pode estar relacionado ao estádio de maturidade mais avançado das plantas, que apresentavam inflorescências,e ao maior teor de matéria seca das plantas. A avaliação da altura das plantas tem servido como uma referência prática no campo, para que os produtores rurais possam manejar de maneira mais eficiente a entrada e saída dos animais e também poderem estimar a produtividade de massa seca do pasto. A recuperação das plantas com a adubação nitrogenada também é visível por meio da altura de plantas, podendo ser utilizada para avaliação direta no campo. Os índices de clorofila não foram influenciados pela interação doses de N e de cortes, nem pelos cortes, apenas pelas doses de nitrogênio aplicadas (Tabela 5). Assim, verifica-se que os índices de clorofila variaram de 34,5 a 47,6, aumentando de forma linear e positiva com as doses variando de 0 a 100 kg/ha/corte, respectivamente. Os resultados obtidos foram semelhantes aos encontrados por Mattos (2001), que avaliando a interação de doses de 0; 100; 200 e 400 kg/ha de nitrogênio e doses de 0; 60 e 120 kg/ha de enxofre, também constatou efeitos no índice de clorofila do capim-braquiária (Brachiaria decumbens cv. Basilisk) em áreas recentemente adubadas e não recentemente adubadas. Bonfim-da-Silva (2005), trabalhando com níveis de adubo nitrogenado e equipamento para estimativa da clorofila semelhantes, também encontrou valores muito próximos aos do presente estudo, de 25 e 45, para doses crescentes de nitrogênio, constatando aumento no índice de clorofila em função do incremento das doses de nitrogênio, o que respalda o uso deste método. Assim, a estimativa do índice de clorofila por meio do clorofilômetro portátil apresenta-se como uma ferramenta de rápida mensuração a campo, e que pode ser aplicada a extensas áreas de cultivo de pastos a fim de se maximizar a eficiência 30 de adubação, efetuando as aplicações do adubo em locais que apresentem déficit de nutrientes de forma diferente de locais que estão com níveis satisfatórios. O teor de matéria seca das plantas não foi afetado pela interação nitrogênio e cortes, tendo sido afetado pelas doses de nitrogênio e pelos cortes (Tabelas 5 e 6). Os teores de matéria seca variaram de 23 a 20 % de MS, com as doses variando de 0 a 100 kg/ha/corte de N respectivamente. Na análise dos teores de MS por corte, verificou-se que os teores de MS foram mais elevados no 1º e 4º corte, próximos de 24%, enquanto no 2º corte verificou-se o mais baixo teor de MS (17,4%). O mais alto teor de MS no 4º corte está coerente com a mais alta proporção de plantas no estádio reprodutivo encontradas na ocasião deste corte. Houve efeito da interação doses de nitrogênio e cortes para os teores de proteína bruta, cujos resultados são apresentados na Tabela 8. De modo geral, os teores de proteína bruta aumentaram linearmente em resposta às doses crescentes de nitrogênio. No 1º, 2º, 3º e 4º corte, os teores de proteína variaram de 7,6 a 10,2%; 11,1 a 16,6%; 8,6 a 10,7% e 5,7 a 11,2% respectivamente. Observa-se que, no 1º corte, o teor médio de proteína bruta das plantas não adubadas, e que representavam a condição média do pasto de capim-braquiária onde foi realizado este estudo, estava próximo do limite inferior de 7%, preconizado por Van Soest (1994) como necessário para atender as exigências mínimas dos microrganismos ruminais. Tabela 8 – Teores de proteína bruta de Brachiaria decumbens cv. Basilisk adubada com doses crescentes de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha), em quatro cortes, respectivas equações de regressão e coeficientes de determinação (r2) (Coeficiente de variação = 7,45%) Corte/Ano N (kg/ha) r2 0 25 50 75 100 Proteína Bruta (%MS) 1o/2011 7,88 8,07 8,72 9,39 10,48 ** Ŷ = 7,60962 + 0,0259958 N 0,94 o 2 /2011 11,25 12,06 14,26 15,33 16,43 Ŷ = 11,1349 + 0,05461 **N 0,98 3o/2012 9,47 8,06 9,46 10,40 10,93 Ŷ = 8,6102 + 0,02107**N 0,58 4o/2012 6,34 6,13 8,66 9,89 11,25 Ŷ = 5,74134 + 0,0542711**N 0,93 ** Nível de 1% de probabilidade No presente estudo, verificaram-se valores bem mais elevados de PB no 2º corte que nos demais cortes, o que pode ser atribuído a menor produtividade de massa seca (940,680 kg/ha) neste corte, que foi influenciada por um estresse hídrico de 29 dias, o que fez com que 31 aumentasse a concentração de proteína bruta. Os valores de PB encontrados estão de acordo com os relatados por Euclides et al. (1998), que encontraram valores médios de 8% de PB para folhas da Brachiaria decumbens no verão. Botrel et al. (1999) e Botrel et al. (2002) verificaram em Brachiaria decumbens valores de 10,4 e 5,8% e 7,0 e 5,4% de PB, nos períodos chuvoso e seco, respectivamente. Paciullo et al. (2003) determinaram as características produtivas e qualitativas de pastagens de capim-braquiária (Brachiaria decumbens Stapf) e verificaram valores de 6,6 e 8,6% de PB, para o meses de janeiro e março, respectivamente, com média de 7,6% de PB. Dubeux Jr. et al. (1997) avaliaram pastos de Brachiaria decumbens e verificaram valores de 7,9% de PB na parte aérea. O aumento linear do teor de proteína em todos os cortes respalda a análise de estimativa do índice de clorofila por meio do equipamento portátil. Maranhão et al. (2009) observavam correlação linear de r = 0,96 entre os valores de clorofila e o teor de proteína bruta em dois cultivares de capim-braquiária (Brachiaria brizantha cv. Marandu e Brachiaria decumbens cv. Basilisk) adubados com doses de 0; 150; 300; 450 kg/ha de N. Silva (2009) observou que valores de índice de clorofila próximos a 30 estão relacionados a teores de proteína ≤ 7%, o que também pode ser evidenciado no quarto corte deste estudo (Tabelas 5 e 8). Na Tabela 9, verifica-se que foram obtidas correlações significativas (P<0,05) entre os índices de clorofila e a produtividade de massa seca, altura de plantas e os teores de proteína bruta, o que e explicável pela estreita relação dos teores de clorofila, e, consequentemente, da atividade fotossintética, com os teores de nitrogênio na biomassa foliar (BLACKBURN, 2007). Tabela 9 – Correlação entre os índices de clorofila e produtividade de massa seca (PMS), altura de plantas e teores de proteína bruta (PB) em capim-braquiária (Brachiaria decumbens) Clorofila x PMS Clorofila x altura Clorofila x PB Correlação 0,5411 0,6613 0,6392 Em relação aos teores de fibra em detergente neutro (FDN), houve efeito da interação nitrogênio e cortes, entretanto, os dados obtidos nos cortes 1º, 3º e 4º cortes não se ajustaram a nenhuma equação de regressão que explicasse o fenômeno biológico, optando-se pela média dos tratamentos, que foram 70,7; 71,2 e 71,7%, respectivamente (Tabela 9). Estes valores estão próximos aos encontrados por Gerdes et al. (2000), que, analisando os teores de FDN de 32 três forrageiras (Brachiaria brizantha cv. Marandu; Setaria anceps e Panicum maximum cv. Tanzânia), amostradas aos 35 dias, recebendo 100 kg/ha de nitrogênio, obtiveram teores médios de FDN de 68,8; 72,7; 57,9 e 62,3% para o capim-marandu, nas estações do ano primavera, verão, outono e inverno, respectivamente. Tabela 10 – Teores de fibra em detergente neutro de Brachiaria decumbens cv. Basilisk adubada com doses crescentes de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha), em quatro cortes, equação de regressão e coeficiente de determinação (r2) (coeficiente de variação = 2,25%). Corte N (kg/ha) r2 0 25 50 75 100 Fibra em detergente neutro (%MS) 1o/2011 70,99 70,39 70,86 70,96 70,52 Média = 70,7% 2o/2011 63,10 62,24 59,98 60,68 59,80 Ŷ = 62,7924 – 0,0326289**N 0,79 3o/2012 70,38 69,55 72,01 73,87 70,06 Média = 71,2% o 4 /2012 71,53 71,33 72,46 69,28 74,09 Média = 71,7% ** Nível de 1% de probabilidade. OBS.: As equações obtidas nos cortes 1, 3 e 4 não apresentaram bom ajuste aos dados, optando-se pela média dos tratamentos. No 2º corte, estimaram-se valores variando de 62,8 a 59,5%, na ausência de nitrogênio e na dose máxima, respectivamente. Estes valores são relativamente mais baixos que os obtidos nos demais cortes, o que pode ser explicado pela limitação climática durante a rebrotação das plantas, que cresceram mais lentamente e não avançaram a maturidade fisiológica. Costa et al. (2005), avaliando o efeito da estacionalidade na produtividade de massa seca e composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu observaram que os teores de FDN foram superiores na época das águas em relação à época da seca, sendo que nas duas épocas os teores encontrados foram superiores a 60%, o que corrobora com os dados obtidos neste trabalho. De acordo com Van Soest (1994), a FDN é um dos o constituintes do alimento rotineiramente medido que se relaciona à ingestão, porque está associada à ocupação de espaço no rúmen e possui menor taxa de desaparecimento. Os teores de FDN encontrados neste trabalho estão entre os relatados por Aguiar (1999), que encontrou que os teores de FDN de forrageiras tropicais são altos, geralmente acima de 65%, em rebrotações, e de 75 a 80%, em estádios mais avançados de maturidade. 33 Na Tabela 11 estão registrados os resultados da análise química do solo, por dose de adubo nitrogenado, após o segundo ano de estudo. É possível observar que o aumento das doses nitrogenadas reduziu o pH do solo, pois o sulfato de amônio libera ínos H+ na sua reação com o solo. Os teores de Ca e Mg ainda encontraram-se baixos, o que pode ser atribuído à aplicação de calcário em cobertura, antes do início do segundo ano de estudo. Os teores de K estão muito bons e a dose aplicada conjuntamente com o adubo nitrogenado (75 kg/ha/corte de K2O) poderia ter sido mais baixa. Verificaram-se reduções nos teores de P, comparados com os resultados após o primeiro ano de estudo (Tabela 3), fato que pode estar relacionado a mais alta extração de P do solo no segundo ano, devido a maior produtividade de massa seca das plantas (Tabela 7). A saturação por bases preconizada de 45% não foi alcançada após o segundo ano de estudo, cuja amostragem do solo ocorreu a apenas cinco meses após a aplicação do calcário em cobertura. Trat. pH H+Al Al Ca Mg -3 -N- ------- cmolc dm ------ K P -3 mg dm V m -- % -- SB T T -3 ---- cmolc dm --- 0 5,7 5,8 0,40 1,1 0,7 217,6 3,11 29 14 2,36 2,76 8,16 25 5,0 8,1 0,76 1,1 0,4 172,3 7,45 19 28 1,94 2,70 10,00 50 4,6 10,2 1,28 0,9 0,4 117,9 3,07 14 44 1,60 2,88 11,80 75 4,6 8,1 1,20 0,8 0,4 126,9 2,01 16 44 1,53 2,73 9,63 100 4,8 7,3 1,16 1,0 0,4 99,7 2,92 19 41 1,66 2,82 8,96 Tabela 11 – Características químicas do solo coletado à profundidade de 0-10 cm, em cada dose de nitrogênio (kg/ha/corte), ao final do segundo ano de estudo. Laboratório de Fertilidade do Solo/ UFVJM. 2012 4.2 Atributos físicos do solo Para a variável pressão de pré-consolidação (σp), houve efeito da interação dupla das doses de nitrogênio e profundidades de amostragem e efeito simples de momentos de amostragem. Para as variáveis densidade de solo (Dsi), volume total de poros (VTP) e índice de vazios (Ie), houve efeito somente de momentos de amostragem. Paras as variáveis densidade do solo na de pré-consolidação (Dsσp) e teores de matéria orgânica (MO), houve efeito da interação tripla doses de nitrogênio, profundidades de amostragem e momentos de amostragem. 34 Nota-se, na Tabela 12, que houve efeito do momento de amostragem para a pressão de pré-consolidação (σp), que é um indicador da máxima pressão que o solo suporta. Os valores para o 2º e 3º momentos, 289,0 e 285,6 kPa, respectivamente não diferiram entre si, mas ambos foram superiores ao 1º momento (173,9 kPa). Esses valores são semelhantes aos obtidos por Kondo; Dias Júnior (1999), em um Latossolo sob pastagens. Tabela 12 – Pressão de pré- consolidação (σp), densidade do solo inicial (DSi), volume total de poros (VTP) e índice de vazios (Ie) em três momentos de amostragem (antes dos tratamentos, ao final do primeiro ano e ao final do segundo ano). Médias de cinco doses de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte) e duas profundidades (0- 3 cm e 10-13 cm). Momento de amostragem 1o 2o 3o σp (kPa) 173,9b 289,0a 285,6a DSi (Mg m-3) 1,28b 1,38a 1,34a VTP (%) 0,5146a 0,4734b 0,4885b Ie 1,06a 0,89b 0,95b 1º momento = 30/10/2010; 2º momento = 20/03/2011; 3º momento = 14/03/2012 Letras minúsculas iguais nas linhas não diferem pelo teste Tukey, a nível de 5% de probabilidade. O aumento dos valores de pressão de pré-consolidação está relacionado à recuperação da capacidade de suporte de cargas do solo, o que evidencia que, após o período experimental, esse solo é capaz de suportar maior carga de pisoteio animal, sem que sofra compactação adicional e prejudique a produtividade do pasto. Assim, valores aplicados acima da pressão de pré-consolidação (σp), quando este solo estiver na umidade na capacidade de campo, certamente acarretarγo em compactaηγo adicional. Esse fato tambιm pode estar relacionado ao perνodo de descanso do solo sem o pisoteio animal. Ι importante evidenciar que estes ensaios foram realizados na umidade na capacidade de campo para esse solo, fato importante se esta pastagem for irrigada. Na literatura, hα indicaηυes de que os animais podem exercer pressυes no solo da ordem de 350 a 400 kPa (PROFFITT et al., 1993; BETTERIDGE et al., 1999), portanto, se os valores obtidos nos ensaios de compressγo do solo sγo inferiores a esses, uma estratιgia a ser aplicada em manejo de pastagens ι retardar a entrada dos animais quando o solo estiver com umidade elevada ou liberar para o pastejo animais mais leves, atι que a umidade diminua. O aumento na pressão de pré-consolidação (σp) pode estar relacionado à aplicação do adubo nitrogenado associado ao fósforo, que ocorreu entre o 1º e 2º momento de amostragem (Tabela 4), pois, conforme Santos et al. (2002), o fósforo desempenha papel importante no 35 crescimento do sistema radicular, bem como, no perfilhamento das gramíneas, proporcionando maior produtividade. Cecato et al. (2000b), trabalhando com Brachiaria brizantha, observaram interação positiva do nitrogênio e do fósforo na produção das plantas forrageiras e associou ao fósforo o aumento da produção e do volume de raízes. Fato este que pode ser evidenciado ao se comparar o solo da área experimental ao solo da mata, que apresentavam σp muito semelhantes com umidade na capacidade de campo (-6 kPa), 173,9 e 172 kPa, respectivamente (Figura 4), sendo que a mata não recebeu os tratamentos da área experimental. Figura 4: Pressão de pré-consolidação de solo sob mata em função da tensão de retenção de água As gramíneas forrageiras podem atingir grandes volumes de solo, mas a maior quantidade de raízes está presente nos primeiros 30 cm de profundidade, o que certamente influenciou o aumento da pressão de pré-consolidação (σp), pois as raízes têm condições de amortecer a pressão aplicada ao solo. Chaieb et al. (1996), trabalhando com o capim-buffel (Cenchrus cilliaris), demonstraram, em dois a três cortes, que o seu sistema radicular permaneceu superficial, com cerca de 58 a 67 % das raízes localizadas nos primeiros 15 cm da camada superficial de solo, sendo que o desenvolvimento do sistema radicular está estreitamente relacionado ao crescimento da parte aérea da planta. Verifica-se, na Tabela 6, que a altura das plantas e a PMS aumentaram com a sequência dos cortes, o que evidencia o crescimento do sistema radicular. Pela Tabela 13, verifica-se que não houve diferença na pressão de preconsolidação (σp) entre as profundidades, exceto para a profundidade de 0-3 cm na dose de 36 50kg/N/ha/corte, evidenciando a presença efetiva do sistema radicular até a profundidade de 13 cm, e que o emaranhado de raízes pode ter funcionado como sistema amortecedor de cargas até a profundidade estudada. Tabela 13 – Pressão de pré-consolidação (σp), em duas profundidades do solo (0-3 cm e 1013 cm), dentro de cada dose de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte) (médias de três momentos de amostragem = antes dos tratamentos, ao final do primeiro ano e ao final do segundo ano) Profundidade Doses de nitrogênio (kg/ha/corte) 0 25 50 75 100 0-3 cm 257,6A 290,3A 195,2B 235,7A 226,8A 10-13 cm 287,6A 263,9A 262,5A 217,7A 257,3A Letras maiúsculas iguais nas colunas não diferem pelo teste “F”, a nível de 5% de probabilidade. Na Tabela 14, verifica-se que a pressão de pré-consolidação (σp) não variou à profundidade de 0-3 cm, porém, na profundidade de 10-13 cm, variou em função das doses de nitrogênio, atingindo mínima (σp) de 241,2 kPa, com o uso da dose de 72,5kg/ha/corte de nitrogênio, porém, aumentado com o incremento da dose de N até 100 kg/ha/corte. Tabela 14 – Equações de regressão da pressão de pré-consolidação (σp), em função de cinco doses de nitrogênio (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), em duas profundidades do solo 0-3 cm e 10-13 cm) (médias de três momentos de amostragem = antes dos tratamentos, ao final do primeiro ano e ao final do segundo ano) Profundidade R2 Doses de nitrogênio (kg/ha/corte) 0-3 cm Média = 241,14 10-13 cm Y = 291,044 – 1,37745N + 0,00949928N 2 0,64 Para a densidade do solo inicial (Dsi), ocorreu efeito do momento de amostragem. Os valores de Dsi para o 2º e 3º momento (1,38 e 1, 34 Mg m-3) (Tabela 12), não diferiram entre si, mas foram superiores ao 1º momento (1,28 Mg m-3), o que respalda os valores de pressão de pré-consolidação (σp), pois, de acordo com Guérif (1994), o incremento na Dsi leva ao aumento das forças de fricção e dos pontos de contato entre as partículas e, consequentemente, à sua menor capacidade de movimentação. Nessas condições, a maior dificuldade de deformação do solo ocasiona aumento da capacidade de suporte de carga do 37 solo. Esses resultados demonstram que a Dsi influenciou a capacidade suporte de cargas do solo. O volume total de poros (VTP), apresentou comportamento inverso (Tabela 12) ao da Dsi, o que mais uma vez enfatiza o comportamento do solo, pois, com o aumento da Dsi, as partículas de argila, silte e areia tendem a ocupar os espaços porosos e reduzir o VTP. Em relação ao volume total de poros (VTP), é possível inferir que este solo não se apresenta compactado, pois os valores encontrados variaram de 0,51 a 0,47%, o que não caracteriza compactação. Carvalho et al. (2010), trabalhando com um Latossolo Vermelho cultivado com pasto de Brachiaria brizantha cv. MG-5 Vitória, sob pisoteio animal, encontraram valor de 0,48%, o que evidenciou que o solo não estava compactado. Conforme Moraes et al. (2002), avaliando a porosidade em um Latossolo Vermelho sob pasto de B. decumbens, valores de macroporosidade abaixo de 0,15% são obtidos em solos com processos de compactação. A densidade e porosidade do solo têm sido largamente usadas pela facilidade de determinação e por receberem pequena influência do teor de água no momento da coleta da amostra de solo. Segundo Genro Junior et al. (2004), o aumento da densidade, nesse caso, pode ser considerado como uma consequência normal, em que a produtividade do pasto não é afetada; este fato pode estar relacionado à maior continuidade dos poros e à presença de poros biológicos. O índice de vazios (Ie), consequentemente, também sofreu efeito do momento de amostragem (Tabela 12), em que o 2º e 3º momentos, com valores de 0,89 e 0,95, respectivamente, não diferiram entre si, mas foram inferiores ao 1º momento, que apresentou valor de 1,06. O índice de vazios é a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos sólidos (Vs), existente em igual volume de solo. Este índice tem como finalidade indicar a variação volumétrica do solo ao longo do tempo, portanto, se o volume de sólidos permanece constante ao longo do tempo, qualquer variação volumétrica será medida por uma variação do índice de vazios, que assim poderá indicar as tensões e deformações ocorridas no solo. Quanto maior o índice de vazios, mais poroso é o solo e, portanto, menor é sua densidade. Tavares Filho et al. (2005), trabalhando em um Latossolo Amarelo da região Amazônica, encontraram valores variando de 0,8 a 1,15 para índice de vazios, o que se assemelha aos valores encontrados neste estudo. O aumento da pressão de pré-consolidação (σp), associado à densidade do solo inicial, ao volume total de poros e ao índice de vazios (Tabela 12), deixa claro que este solo não apresentava-se compactado e sim que houve um aumento na capacidade de suporte de cargas, 38 que pode ser atribuído ao suprimento mineral aplicado, e que proporcionou melhores condições para o desenvolvimento das plantas, que obtiveram maior produtividade de massa seca, maior altura, maior índice de clorofila e maiores teores de proteína bruta (Tabela 5 e 8), pois plantas bem nutridas apresentam bom desenvolvimento vegetativo e radicular (MALAVOLTA, 1997). A Tabela 15 apresenta os valores de densidade do solo na pressão de pré-consolidação (Dsσp), comparados entre profundidades e entre momentos, em cada dose de nitrogênio. Verifica-se que as Dsσp não variaram entre as profundidades, exceto no segundo momento de amostragem (ao final do primeiro ano), para a dose de 100 kg/ha/corte, quando a Dsσp foi mais alta na profundidade de 10-13 cm, em relação à de 0-3 cm. Em relação à amostragem antes da aplicação dos tratamentos (M1), verificaram-se aumentos nas Dsσp ao final do primeiro ano (M2), para a profundidade de 0-3cm, sem a aplicação de nitrogênio; para ambas as profundidades, com aplicação de 50 kg/ha/corte de N, e para a profundidade de 10-13 cm, com aplicação de 75 kg/ha/corte de nitrogênio. Tabela 15 – Densidade do solo (Mg m-3) na pressão de pré-consolidação (Dsσp kPa), em cinco doses de nitrogênio (N) (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), em duas profundidades do solo (P1=0-3 cm e P2=0-13 cm) e em três momentos de amostragem (M1=antes dos tratamentos, M2=ao final do primeiro ano e M3=ao final do segundo ano) N0 N 25 N 50 Momentos P1 P2 P1 P2 P1 P2 M1 1,38Ba 1,49Aa 1,40Aa 1,42Aa 1,40Ba 1,38Ba M2 1,54Aa 1,51Aa 1,54Aa 1,44Aa 1,55Aa 1,54Aa M3 1,58Aa 1,47Aa 1,51Aa 1,47Aa 1,40Ba 1,50Aba N 75 N 100 P1 P2 P1 P2 M1 1,46Aa 1,36Ba 1,35Aa 1,43Aa M2 1,44Aa 1,55Aa 1,41Ab 1,55Aa M3 1,47Aa 1,42ABa 1,38Aa 1,42Aa Letras minúsculas iguais nas linhas, não diferem pelo teste “F” e letras maiúsculas iguais nas colunas não diferem pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Visualiza-se, na Tabela 16, que na profundidade de 0-3 cm, a Dsσp se reduziu linearmente com o aumento das doses de nitrogênio, ao final do primeiro e do segundo ano, variando de 1,57 a 1,43 Mg m-3 e de 1,55 a 1,38 Mg m-3, com a aplicação de 0 a 100 kg/ha/corte, respectivamente. Por outro lado, esta variável já apresentava efeito quadrático 39 antes da aplicação dos tratamentos à profundidade de 10-13 cm, cujo comportamento se manteve ao final do segundo ano, mesmo isolando-se o efeito de bloco. Entretanto, após o primeiro ano, a Dsσ aumentou linearmente em função das doses de nitrogênio, variando de 1,48 a 1,56 Mg m-3, com doses de 0 a 100 kg/ha/corte de N, respectivamente. Tabela 16 – Equações de regressão da densidade (Mg m-3) na pressão de pré-consolidação (Dsσp), em função de cinco doses de nitrogênio (N) (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), em duas profundidades do solo (0-3 cm e 0-13 cm) e em três momentos de amostragem (M1=antes dos tratamentos, M2=ao final do primeiro ano e M3=ao final do segundo ano) Momento Equações ajustadas r2/R2 Profundidade = 0-3 cm M1 Média = 1,40 M2 Y = 1,567 – 0,00141N 0,73 M3 Y = 1,553 – 0,00172N 0,73 Profundidade = 0-13 cm M1 Y = 1,49607 – 0,00416571N + 0,0000348571N2 0,95 M2 Y = 1,4825 + 0,00075N 0,43 M3 Y = 1,46886 + 0,000791429N – 0,0000137143N2 0,58 Verifica-se, na Tabela 17, que os teores de matéria orgânica (MO) no solo foram influenciados pelos três fatores estudados. De modo geral, o teor de MO entre as profundidades não variou ou foi mais baixo na maior profundidade (10-13 cm), exceto em algumas combinações de tratamentos. Ao final do segundo ano, verificou-se que os teores de MO foram reduzidos, em ambas as profundidades e para todas as doses de nitrogênio utilizadas. Considerando que todo o material cortado era removido da área com o uso de rastelos, a deposição de material da parte aérea foi muito baixa, o que consequentemente levou ao decréscimo da matéria orgânica no solo. Tabela 17 – Teores de matéria orgânica (dag/kg, em cinco doses de nitrogênio (N) (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), em duas profundidades do solo (0-3 cm e 0-13 cm) e em três momentos de amostragem (M1=antes dos tratamentos, M2=ao final do primeiro ano e M3=ao final do segundo ano) N0 N 25 N 50 Momentos P1 P2 P1 P2 P1 P2 M1 2,2Aa 1,8Aa 2,57Aa 1,67Ab 2,62Aa 1,65Ab M2 2,3Aa 1,32Ab 1,82Ba 1,52Aa 1,55Ba 1,62Aa M3 0,72Ba 0,55Ba 0,85Ca 0,60Ba 0,95Ca 0,75Ba N 75 N 100 P1 P2 P1 P2 M1 2,10Aa 1,67Aa 2,45Aa 1,82Aa M2 1,75Aa 1,32Aa 2,15Aa 1,35ABb 40 M3 0,97Ba 0,62Ba 1,07Ba 0,92Ba Na Tabela 18, verifica-se que o comportamento dos teores de MO em função das doses de nitrogênio não foram consistentes. Na profundidade de 0-3 cm, o teor de MO atingiu mínimo de 1,60 dag/kg com a dose de 50 kg/ha/corte de N, ao final do primeiro ano, enquanto ao final do segundo ano variou de 0,75 a 1,08 dg/kg, com as doses de 0 a 100 kg/ha/corte de N, respectivamente. Já na profundidade de 10-13 cm, verificou-se efeito quadrático antes da aplicação dos tratamentos, teor máximo de 1,54 dag/kg com dose de 50 kg/ha/corte de N ao final do primeiro ano e variação de 0,53 a 0,84 dag/kg, para doses de 0 a 100 kg/N/ha corte. Tabela 18 – Equações de regressão da matéria orgânica (dag/kg) em função de cinco doses de nitrogênio (N) (0; 25; 50; 75 e 100 kg/ha/corte), em duas profundidades do solo (0-3 cm e 10-13 cm) e em três momentos de amostragem (M1=antes dos tratamentos, M2=ao final do primeiro ano e M3=ao final do segundo ano) Momento Equações ajustadas r2/R2 Profundidade = 0-3 cm M1 Média = 2,39 M2 Y = 2,30786 – 0,0269286N + 0,000254286N2 0,99 M3 Y = 0,75 + 0,0033N 0,96 Profundidade = 10-13 cm M1 Y = 1,80071 – 0,00665714N + 0,0000685714N2 0,99 M2 Y = 1,35286 + 0,00797143N – 0,0000857143N2 0,56 M3 Y = 0,535 + 0,0031N 0,66 A diminuição do teor de M.O após o 1º ano, na profundidade de 0-3 cm, pode ser atribuída à aplicação do nitrogênio, que serviu como fonte de energia aos microrganismos decompositores presentes no solo, que então agiram de maneira mais eficiente e degradaram em maior quantidade a matéria orgânica existente no solo. Assis et al. (2003) observaram que a meia vida da palhada de sorgo, quando se aplicou nitrogênio em dose de 30kg/ha, teve uma aceleração do seu processo de decomposição em até 21%, em relação ao tratamento sem aplicação desse elemento. Estes mesmos pesquisadores estimaram que, após 119 dias, ocorreu a decomposição de 50% da palhada de sorgo, quando se aplicou nitrogênio, sendo que, na ausência deste, este fato somente ocorreu após 150 dias. A redução do teor de matéria orgânica justifica o aumento da Dsi e a redução do VTP, sem que ocorra a compactação do solo, pois, proporcionalmente, a quantidade de partículas minerais (argila, silte e areia) no solo aumentou e essas partículas são mais densas que a matéria orgânica. 41 Ao observamos as tabelas 5, 6, 7 e 8 é possível perceber uma melhoria considerável nos atributos da planta que podem estar relacionados com a melhoria dos atributos físicos do solo (Tabela 12, 13, 14 e 15), pois a intensidade de cultivo tende a influenciar positivamente nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e isso gera um efeito positivo no crescimento do sistema radicular das plantas, devido a menor resistência do solo à penetração, o que favorece uma maior infiltração de água no solo e, consequentemente, maior absorção dos nutrientes. Camargo; Alleoni (1997) relatam que plantas com sistema radicular fasciculado, como o caso das gramíneas, são mais eficientes em romper camadas compactadas do que plantas com sistema radicular pivotante. A elevação da capacidade de suporte de cargas do solo pode ter vindo a favorecer o incremento de produtividade de massa seca das plantas devido a uma reorganização das partículas do solo, o que faz com que o mesmo suporte maior pressão de pisoteio sem que se compacte de maneira irreversível, o que fatalmente afetaria o sistema radicular e a absorção dos nutrientes, concordando com Primavesi (1992), que afirmou que a compactação do solo leva ao impedimento no crescimento das raízes e a redução da aeração e da infiltração de água, e, como resultado, pode haver redução da produção de várias culturas. 42 5 CONCLUSÕES A aplicação de nitrogênio aumenta linearmente a produtividade de massa seca, a altura de plantas e o teor de proteína bruta do capim-braquiária, que apresentam correlação com o índice de clorofila. Ao final de dois anos agrícolas, ocorre aumento na pressão de pré-consolidação do solo e o pasto de capim-braquiária é capaz de suportar maiores cargas aplicadas. O volume total de poros diminuiu e a densidade do solo inicial aumenta, mas não a níveis de compactação do solo. O teor de matéria orgânica no solo decresce, o que pode ser atribuído à escassez de liteira ao longo das avaliações, em razão da remoção do material cortado das parcelas. 43 6 REFERÊNCIAS AGUIAR, A. P. A. Possibilidades de intensificação do uso da pastagem através de rotação sem ou com uso mínimo de fertilizantes. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 14., Piracicaba, 1999. Anais... Piracicaba: FEALQ, Piracicaba, 1999. p. 85138. ALAKUKKU, L.; WEISSKOPF.; CHAMEN, W. C. T.; TIJINK, F. G. J.; VAN DER LINDEN, J. P.; PIRES, S.; SOMMER, C.; SPOOR, G. Prevention strategies for field trafficinduced subsoil compaction: a review. Part I – Machine/soil interactions. Soil & Tillage Research, Amsterdam, v. 73, p. 145–160, 2003. ALVIM, M. J.; MARTINS, C. E.; BOTREL, M. A.; COSÉR, A. C. 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