24-Fundamentos_A Obra de Cristo CD 7

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A Obra de Cristo – Parte 7
Romeu Bornelli
Obrigado Senhor pela Tua graça e bondade para conosco. Obrigado por termos
o privilégio de sermos Teus, de Te conhecer e termos sido resgatados, regenerados
por Ti. Senhor, nós desejamos que mais uma vez, pela Tua bondade, use de
misericórdia para conosco, e nos dê algo mais de entendimento, de visão, de
revelação da Tua Pessoa e obra. Agradecemos-Te pela Tua Palavra que em si mesma
é suficiente, perfeita, capaz de operar em nós os Teus propósitos e de conformar-nos
à imagem do Teu Filho. Te pedimos que o Senhor nos dê corações que se exponham
ao lavar da Tua Palavra nesta hora. Que o Senhor alcance o Teu propósito específico
para esta reunião, nos nossos corações. Pedimos que o Senhor nos cubra com o
precioso sangue do Senhor Jesus. Para Tua glória Te pedimos, em nome de Jesus.
Irmãos, na reunião passada nós começamos a destacar seis aspectos a
respeito da obra de Cristo, e dissemos que iríamos passar por eles lendo alguns
textos. Nós procuramos mostrar que a obra de Cristo, especialmente ali na cruz, Ele
tratou, resolveu ali na cruz, de uma vez por todas esses seis aspectos relacionados a
Deus, ao homem e até mesmo a Satanás. A obra de Cristo atuou, abrangeu esses
seis aspectos tratando-os de forma absoluta, definitiva, razão pela qual nós temos
perfeita segurança, gozo, paz, descanso, baseado na obra que o Senhor realizou no
Calvário. Nós vimos que, em primeiro lugar, o Senhor, ali na cruz, tratou no que
dizia respeito à lei de Deus, às exigências de Deus a nosso respeito, porque nós não
éramos, e nem somos, moralmente neutros diante de Deus, nós somos moralmente
pecadores, culpados. A lei de Deus que é uma extensão, um reflexo natural do Seu
caráter, faz exigências sobre nós, porque nós fomos criados por Ele. A criatura tem
uma ligação, por natureza, com o Seu criador. O caráter de Deus, o Criador, com
relação a todo homem criado por Ele, faz exigências sobre a Sua criatura, porque
Deus é moral, então, a Sua santidade, a Sua justiça, a Sua glória fazem exigências
porque Ele é o nosso Criador. Isto com relação a todos os homens, a todas as
criaturas, até os anjos. O Senhor julgou os anjos que pecaram, porque toda criatura
deve uma resposta ao Seu criador pela própria natureza das coisas. Ela é uma
criatura e Deus é o Criador, e como Criador Ele é um Ser moral, santo, glorioso,
perfeito, absolutamente glorioso em Si mesmo. Então, a Sua natureza faz
exigências, requer algo sobre as Suas criaturas. Baseado nesse Ser moral de Deus, a
Sua lei que nada mais é do que uma extensão do Seu caráter fazia exigências sobre
nós. Não que hoje deixou de fazer, mas a Sua lei faz exigências com relação a todo
homem no que concerne a obedecer a Deus, e nós, quando não conhecíamos a
Cristo, a lei de Deus fazia exigências sobre nós no que concerne a obedecer a Deus,
a responder a Deus. E quando digo nós, estou me referindo a todo homem, inclusive
aqueles que não creem em Cristo como Seu Salvador, como Seu Senhor. A lei,
então, faz exigências sobre o nosso ser com relação a essa santidade, porque nós
somos provenientes das Suas mãos, nós somos feitura dEle, nós somos criaturas
dEle, todos os homens.
Quando nós não conhecíamos a Cristo, as exigências do caráter de Deus
pesavam sobre nós, e pesavam fortemente. Embora, cada um de nós, na sua
história individual, tenha experimentado isso de uma forma, todo homem
experimenta essa condenação na sua consciência. Irmãos, essa condenação, essa
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acusação, é proveniente dos requisitos de Deus a respeito daqueles que Ele criou.
Nenhum homem vive sem condenação. A condenação é uma experiência universal.
Todo homem e toda mulher vive debaixo de acusação e condenação. Não importa de
que maneira ele sinta isso, não importa quais os subterfúgios que ele use para tentar
aplacar essa voz. Alguns, por exemplo, recorrem à religião: eu vou praticar essa e
essa religião, vou tentar cumprir esses e esses mandamentos, para eu poder agradar
a Deus, satisfazer a Deus. Mas esse é um caminho impossível a nós, porque existe
em nós algo chamado pecado que nos torna escravos e incapazes de cumprir a lei.
Então, não importa o quanto, como homens naturais, nós tivéssemos tentado na
nossa história passada satisfazer a Deus e por que meio - o meio da religião, quem
sabe o meio da boa moral, quem sabe o meio da boa educação, quem sabe o meio
dos bons relacionamentos ou seja o que for. Ainda pesava sobre nós aquela
acusação que ninguém podia remover - nem nossas boas obras, nem nossa religião,
nem nosso comportamento, nem nada - porque a santidade de Deus fazia exigências
sobre nós que não podíamos cumprir através dessas maneiras, sejam elas quais
forem.
Então, irmãos, nós precisamos olhar para nossa própria experiência, já que
essa condenação é uma experiência universal para nós podermos vislumbrar a graça
que nos foi dada em Cristo, se é que hoje nós cremos nEle, todos nós que estamos
aqui. Se nós já conhecemos essa experiência de forma individual, reconhecemos o
nosso pecado, ou seja, a nossa incapacidade, levamos essa incapacidade ao Senhor
Jesus, e colocamos essa incapacidade aos pés da Sua cruz, confessando a Ele:
Senhor, eu sou um pecador, e só posso encontrar satisfação e descanso na Tua
justiça cumprida ali na cruz, que se reverte para mim em graça e misericórdia, em
justificação e em paz. Isto é salvação, isto é novo nascimento, é uma entrega
voluntária do nosso coração em confiança em outro, e não em nós. Salvação não é
alguma coisa emocionalmente estupenda, mística, arrasadora, extraordinária. A
salvação pode se expressar emocionalmente de muitas maneiras, às vezes por
alegria, às vezes por dor, lágrimas, mas o que importa é a essência do que isso
significa e a essência é uma entrega voluntária dos nossos corações ao Salvador, isto
é salvação. Não importa de que maneira nós experimentemos isto, importa que nós
tenhamos esta essência. A luz de Deus através do Evangelho, da Palavra de Deus,
que um dia nós ouvimos, quando essa luz do Evangelho clareou o nosso coração,
nosso entendimento, nossa consciência. Nós vimos o nosso estado lastimável apesar
das boas obras, apesar da religião, apesar de nós nunca termos feito mal para
ninguém, ás vezes costumamos falar assim, como se isso fosse alguma coisa
importante, mas nós falamos. Apesar disso, a luz de Deus raiou no nosso coração e
mostrou a nossa nulidade, incapacidade, e nós, então, recorremos ao Salvador,
porque essa mesma luz que mostra a verdade sobre nós, mostra a verdade sobre
Cristo. A luz de Deus sempre faz uma obra em dois aspectos, sempre nos traz a
verdade sobre Deus e a verdade sobre nós juntamente, nunca um lado só, nunca. A
luz de Deus sempre mostra esses dois lados. Então, nós damos uma resposta do
nosso coração através de uma entrega voluntária e confiante ao Senhor. Irmãos, isto
aconteceu conosco, foi possível a nós. Nós não fizemos obras para sermos salvos,
nós não estivemos procurando a salvação durante tanto tempo na nossa vida e um
dia nós alcançamos, não foi bem assim. Nós somos reconhecidos de que o Senhor
nos alcançou, Ele nos amou primeiro, de que, antes da fundação do mundo, Ele já
tinha nos separado para Ele. Esse misterioso e eterno propósito da Sua graça eletiva.
A nossa salvação, não importa em como nós a tenhamos experimentado, mas ela foi
assim para todos nós porque só pode ser assim, uma entrega voluntária e confiante
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do nosso coração a outro para nos salvar, e não a nós mesmos e aos nossos
recursos.
Por que isto foi possível a nós? Porque Cristo, na cruz, resolveu a questão da
lei de Deus, senão nós não teríamos esse caminho de salvação. Não adianta que nós
tivéssemos desenganados a nosso respeito: Senhor, eu sei que a minha obra não Te
agrada, meu comportamento não Te agrada, eu não consigo Te agradar, por mais
que eu tente fazer alguma coisa, a minha consciência ainda me acusa, eu não tenho
paz, eu não tenho segurança, não tenho descanso. A minha experiência de
condenação e acusação. Nós todos diríamos isso. Agora, por causa do que Cristo fez
na cruz, resolvendo a questão relacionada à lei de Deus, então, Cristo agora, Cristo e
não a lei é o nosso caminho de salvação. Porque nós já falamos que nós teríamos,
potencialmente, dois caminhos para nossa salvação, para sermos salvos, aprovados
diante do Deus santo, glorioso, perfeito. Dois caminhos: um caminho é cumprir a lei
para que o Deus santo, glorioso e perfeito olhe para nós e diga: Você está
justificado, você cumpriu toda justiça e Me agradou, agradou Meu coração santo,
Meu coração perfeito e Meu coração glorioso, 100%, então, pelos seus méritos, você
está justificado. Agora, isso é impossível para nós. É impossível porque, desde o
nosso nascimento, Salmo 51:5 diz: Eu nasci na iniquidade, e em pecado me
concebeu a minha mãe. Então, é um caminho potencial impossível a nós, nós não
podemos satisfazer a santidade de Deus.
Nós temos um outro caminho, aberto por Deus mesmo, que na verdade é o
único caminho. Foi por isso que o Senhor disse:...Eu sou o caminho...(Jo14:6).
Ele não disse: A lei é um caminho porque, na verdade, a lei não é caminho nenhum,
porque a lei de Deus, embora santa, justa, perfeita, espiritual, como Paulo fala em
Romanos 7, encontra um obstáculo em nós. Ela está enferma, Paulo usa esta
expressão – Romanos 8:3 – ...a lei, no que estava enferma pela carne... A lei é
santa, justa, boa (Rm 7:12), e espiritual, mas eu sou carnal, vendido à escravidão
do pecado (Rm 7:14). Quando o Senhor Jesus cumpriu a lei como homem perfeito,
homem nascido de mulher, em tudo semelhante aos irmãos, um de nós,
integralmente, menos o pecado, mas, integralmente, um de nós, senão não poderia
ser o nosso representante, Ele seria alguém, de certa forma, desvinculado de nós,
mas Ele não foi desvinculado de nós. É por isso que Paulo usa, em Coríntios, aquele
termo tão importante de 1Coríntios 15:45. Paulo chama o Senhor Jesus de “o último
Adão”, mostrando que Ele entrou em uma unidade orgânica conosco. Isto é muito
importante nós entendermos, que Jesus não foi uma terceira parte, mas que Jesus
entrou numa unidade orgânica conosco, Ele é homem, absolutamente igual a nós,
menos o pecado. Isso não O torna, em essência, diferente de nós, Ele é
absolutamente igual a nós, só que Ele não tem pecado, mas em tudo é semelhante
aos irmãos. Então, Seu Ser e o nosso ser são um ser semelhante, só não são
absolutamente idênticos porque nós temos o pecado, mas Ele é tão Homem quanto
nós somos homens. Ele participou de toda a natureza humana.
Quando Ele cumpriu a lei como Homem perfeito, Ele pôde – aí nós entramos no
segundo aspecto que já citei – resolver o problema da lei, porque Ele cumpriu a lei,
agradou a Deus, coisa que homem nenhum fez, nem Adão. Adão foi criado sem
pecado. Apenas dois homens experimentaram uma vida sem pecado: Adão foi criado
sem pecado até que caiu, e entrou, então, na experiência do pecado; e o Senhor
Jesus, que também foi gerado sem pecado, embora numa condição diferente de
Adão, porque Adão foi criado, o Senhor Jesus não foi criado, mas foi gerado. Mas, os
únicos dois homens que não experimentaram pecado, um caiu em pecado e o outro
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triunfou sobre o pecado. Foi por isso que nós vemos na história humana do Senhor
aquela voz do céu, duas vezes se abrindo, uma no batismo, e a outra três anos
depois, no monte da transfiguração. E aquela voz é a voz de Deus o Pai, o Deus
santo, perfeito, dizendo: Este é o Meu Filho amado, e nEle Eu tenho todo o Meu
prazer. Essa é a voz que mostra que aquela questão da lei de Deus foi solucionada.
Esse Homem cumpriu a lei.
Irmãos, como nós precisamos ver Jesus desses dois lados: Ele é Deus e Ele é
Homem. Como nós precisamos vê-Lo bem nestas duas questões, nestes dois lados,
estas duas naturezas, porque quando nós vemos que Ele é Homem nós podemos
saber, dizer e confessar que o Homem satisfez a justiça de Deus. Os irmãos vêem a
importância disto? Nós podemos confessar que o Homem satisfez a lei de Deus. Eu
não satisfiz, mas o Homem satisfez, um Homem, um Homem real, nascido de
mulher. Paulo diz em Gálatas 4: nascido debaixo da lei. Jesus é nascido de mulher,
como eu e você, é nascido sob a lei, como eu e você. Isso aconteceu com Ele para
quê? Para que Ele pudesse resgatar os que estavam debaixo da maldição da lei: eu e
você, que estávamos debaixo da maldição da lei porque éramos pecadores e não
tínhamos recurso para sair dali, mas Ele, nascido de mulher, como nós, nascido sob
a lei, como nós, mas perfeito, um Homem perfeito. Então, Ele pôde cumprir a lei e
nos resgatar de debaixo do ministério da lei, da maldição da lei, como Paulo fala em
Gálatas. Isto é maravilhoso, irmãos. É por isso que nós só temos um caminho de
salvação, é por isso que nós não somos salvos por nenhuma filosofia, por nenhuma
ideologia, por nenhuma seita, por nenhuma obra, por nenhuma religião, por nada, a
não ser por Cristo. É por causa da glória de Cristo, por causa do que Ele é. Ele
satisfez a Deus, então, nós só temos um caminho de salvação.
Então, quando nós cremos em Cristo, e crer, este verbo no grego significa
“unir-se”, fala de um ato de entrega, de confiança. Eu não dependo mais da minha
obra, minha religião, minha idéia, meu caminho, minha maneira, mas eu me
entreguei a outro, a um Salvador, isto é fé. A fé não é algo no ar, não é algo sem
fundamento. Fé é uma entrega confiante a uma Pessoa, o Filho de Deus, o Senhor
Jesus. Nós encontramos o nosso caminho de salvação nEle, porque Ele cumpriu a
justiça de Deus. Por que isso foi possível para nós? Porque cumprindo a lei de Deus,
então, Ele foi à cruz. Nós precisamos agora combinar essas duas coisas e vê-las
bem. Se há um caminho de aprovação diante de Deus para aqueles que cumprem a
lei, Deus, digamos, que Ele é obrigado a justificar aqueles que cumprem a lei,
porque satisfazem ao coração dEle. Jesus cumpriu a lei, 100%, esse é o meu Filho
amado. Agora, nós precisamos olhar o que aconteceu com Ele. O que era para
acontecer com Ele depois daquela segunda vez que o céu se abriu e aquela voz foi
ouvida do céu: ...Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo a Ele ouvi
(Mt 17:5); no monte da transfiguração? O que era para acontecer com Ele era,
simplesmente, depois de 33 anos de vida, 3 anos de ministério, sendo tentado em
todas as coisas, como diz Hebreus, à nossa semelhança e sem pecado, obediente em
tudo, tentado particularmente, pessoalmente, pelo diabo. Não por um anjo caído
qualquer, por um demônio qualquer, mas pelo maioral dos demônios, pelo diabo em
pessoa ali no deserto, 40 dias, tentado em todas as coisas, e completamente
provado e aprovado. Então, esse Homem, ali no monte da transfiguração, teria que
receber essa aprovação de Deus e ter sido, dali do monte da transfiguração, é claro
que Ele não passaria pela morte, é óbvio, porque a morte é resultado do pecado, se
Ele não pecou então, não tem morte para Ele. Porque o salário do pecado é a
morte... (Rm 6:23), mas Ele não cometeu pecado, qual o salário que Ele tem para
pagar? Então, a partir do monte da transfiguração, o Senhor Jesus seria recebido na
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glória, esse era o caminho que Ele seguiria. Ele seria recebido na glória, porque Ele
merece, porque Ele é um Homem que merece, porque Ele satisfez 100% a Deus, não
ficou nada para trás. O Pai não olhou para Ele e falou assim: Meu filho, quase,
99,9% você me agradou, mas por causa de 0,1% eu vou ter que te deixar aí. O Pai
não olhou para Ele e falou quase, o Pai olhou para Ele e falou: nEle eu tenho todo o
Meu prazer. Então, do monte da transfiguração, Ele teria que ser recebido na glória,
e Ele poderia ser. Quando Ele se transfigurou diante dos discípulos, Ele revelou a Sua
glória. E os discípulos, sem entender nada do caminho da salvação, acharam que o
Senhor devia ficar daquele jeito e eles junto do Senhor. Quando Pedro falou para o
Senhor: Senhor, é tão bom estarmos aqui, vamos fazer três tendas: uma para o
Senhor, outra para Moisés, outra para Elias, e vamos ficar aqui no monte. Pedro não
entendia nada sobre a salvação, até aquele momento. Se o Senhor tivesse feito isso,
nós todos ainda seríamos filhos do inferno.
Então, o que aconteceu com o Senhor Jesus? O Senhor Jesus desceu do
monte, e caminhou mais seis meses sobre a terra. Ele desceu de um monte para
subir em outro monte. Ele desceu do monte Hermon, o monte da transfiguração,
caminhou mais seis meses e subiu ao monte Calvário. Ele subiu ao monte Hermon
para que ficasse claro o que Ele é como Homem, absolutamente perfeito e aprovado,
dali Ele subiria ao céu, para que ficasse claro quem Ele é como Homem, Ele subiu ao
monte e levou os três discípulos para testemunharem isso. Lucas descreve que o Seu
rosto se transfigurou, e a aparência dEle era tão fulgurosa que eles nem podiam
olhar para Ele, tal era a aparência humana dEle, um Homem glorificado, um Homem
glorioso. Ele subiu ali e levou aqueles três para que eles vissem quem Ele era como
Homem, mas pela graça de Deus, e por causa do que estava no coração do
Salvador, porque esse Homem seria o nosso Salvador, é o nosso Salvador, é aquele
Verbo de Deus, eterno, que desde a eternidade resolveu, voluntariamente, no Seu
coração, que deixaria a glória para nos salvar, para resolver a questão do nosso
pecado, isso porque Ele quis, porque o Seu amor O moveu.
Então, Ele desce, decididamente, do monte da transfiguração, caminha mais
seis meses e sobe ao monte Calvário. Um monte que, na verdade, não tinha nada a
ver com Ele, porque é um monte no qual o pecado seria julgado na carne do homem,
o salário do pecado seria quitado, seria pago. Nós precisamos ver isto para nós
entendermos que o Senhor Jesus é, então, substituto. Este é o ensino mais
importante do Novo Testamento. É o que se chama substituição vicária, a morte
expiatória, o Senhor nos substituiu no Calvário, porque Ele tinha condição, só Ele
tinha condição, Ele era o Homem perfeito, era Homem, como nós, então Ele pôde
nos substituir. Não era ilícito, não era imoral da parte de Deus julgar o pecado
naquele Homem santo. Não tem nada a ver com imoral, tem tudo a ver com
misericórdia. Deus está julgando o pecado, e isto é justiça, e Ele está julgando na
Pessoa de um Homem santo, e isto é graça. Ele nos substituiu. Não há nada de ilícito
e nem de imoral na cruz. Na cruz há graça e misericórdia. Pedro diz que o justo foi
entregue pelos injustos. Até na lei dos homens, até na lei humana isto é permitido.
Uma pessoa pode pagar a culpa por outra, desde que certas características sejam
satisfeitas. Nós raramente vemos isso acontecer, eu nunca ouvi falar disso, mas se
os irmãos examinarem a questão jurídica, os irmãos vão ver que até na lei humana
isto é possível. Alguém pode se oferecer para pagar o pecado no lugar de outra, a
culpa no lugar de outra, para ser presa no lugar de outra, para ser morto no lugar de
outra, desde que certas coisas sejam absolutamente resolvidas. E o problema, na
maioria dos casos, são essas outras coisas. Essa pessoa tem que ser uma pessoa
que, por si mesma, não deve nada a ninguém, porque se ela tem uma dívida, como
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vai substituir outra se ela já tem a dívida dela? Ela tem que ser uma pessoa que não
deve nada a ninguém. Essa substituição tem que ser de tal forma, segundo a lei dos
homens, a lei humana, que a transferência de pena para essa pessoa não gere
consequências para outros. Portanto, uma pessoa casada, uma pessoa que tem
família não pode substituir outro na pena, porque ele vai deixar sua esposa, seus
filhos sem pai, sua esposa sem marido. Então, a lei estabelece critérios para que
possa haver uma substituição penal, mas ela reconhece a possibilidade porque isso
não é imoral, não é ilícito. Até na lei dos homens é assim. Agora, na lei de Deus, o
Senhor Jesus, em todos os sentidos pôde ser o nosso substituto, Ele é o Homem
perfeito. Ele não quebrou nenhum relacionamento de dependência dEle para que
pudesse ser o nosso substituto, o Senhor Jesus não tinha família, Ele não tinha que
cuidar humanamente de ninguém, não abandonou ninguém. Ele vivia isoladamente,
cuidava de Si mesmo. Até nos aspectos mais sutis, nós vemos que o Senhor Jesus
foi um substituto perfeito, em todos os sentidos, desde os menores até o maior e
mais importante: que Ele fosse um Homem perfeito diante de Deus, e era isto que
Ele era.
Quando o Senhor Jesus foi à cruz Ele resolveu não só a questão da lei de Deus
que fazia exigências sobre nós, mas resolveu o problema da ira de Deus. As duas
coisas andam juntas. A lei de Deus faz exigências sobre nós, e nós não podemos
cumprir. Uma consequência imediata dessa lei que faz exigências é a ira de Deus que
julga, porque a ira de Deus é tão santa quanto o Seu amor. É um atributo de Deus
tão perfeito quanto o Seu amor, na ira de Deus não tem nada de emocionalmente
turvo, na ira de Deus não tem nada de desvio espiritual. A ira de Deus é tão perfeita
e santa quanto o Seu amor. A ira de Deus é uma consequência dEle ser quem Ele é,
por Ele ser quem Ele é, precisa exercer a Sua ira, senão Ele deixa de ser Deus,
porque sem a Sua ira Ele deixa de julgar. A ira, então, é que dá expressão ao Seu
juízo. Nós, como pais, devemos exercer uma ira segundo Deus. Paulo, em Efésios
4:26, diz: Irai-vos e não pequeis. Porque na nossa história humana, por causa do
pecado, a ira e o pecado andam muito próximos. Todas as vezes que nós nos
iramos, o pecado está muito próximo a essa questão, a linha é muito fina, porque
nós somos pecadores, mas Deus é santo. Deus tem um tipo de ira que não tem nada
a ver com o pecado, é uma ira absolutamente santa. Em que sentido? Como é isso?
É uma ira que se manifesta contra tudo aquilo que não é Deus, que não é de acordo
com Deus, porque Deus é vida, porque Deus é luz. Tudo o que é contrário à natureza
de Deus, Ele responde a isso com ira. Ira, então, revela a perfeição do Ser moral de
Deus. Se nós não exercêssemos ira no sentido puro, com relação aos nossos filhos,
por exemplo, nós não poderíamos discipliná-los. Nós seríamos um pai ou uma mãe
vale tudo: ah, não tem importância, não tem problema, tanto faz; mentiu, mesma
coisa; enganou, deixa para lá; desrespeitou não tem problema; é rebelde, deixa com
a rebelião. Que tipo de pai educa seus filhos assim? Isso não é educar nada. Então, a
ira é uma manifestação natural da justiça por isso que a Bíblia diz em Romanos
1:18 - A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens... Por causa de Deus ser quem Ele é a Sua ira se revela. Então, irmãos,
como a lei de Deus fazia exigências sobre nós que não poderíamos cumprir, a ira de
Deus estava sobre nós, porque nós não agradamos a Deus, e Deus não pode
recolher essa ira para Ele e ficar com essa ira contida. Ele não pode, senão o
universo passaria a ser um universo imoral. Deus tem que julgar.
Então, a ira de Deus é uma consequência do caráter de Deus, e a ira de Deus
era o segundo problema para nós que o Senhor tratou ali na cruz, nós precisamos,
também, ver isso. Nós precisamos ver que na Pessoa do Senhor (........) (31:43) Nós
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entendemos isso intelectualmente, mas não basta, de jeito nenhum. Nós precisamos
ganhar uma realidade espiritual maior do que isso significa, porque isso tem
implicações profundas na nossa vida. Implicações de descanso, de segurança, de paz
quando nós vemos que na Pessoa do Senhor Jesus a ira de Deus foi despejada. É por
isso que quando Ele fala para Tiago e João, quando eles estavam brigando,
disputando posição no Reino, trono - Senhor, quando o Senhor vier na Sua glória,
faz com que eu me assente à Tua esquerda e o meu irmão à Tua direita - enquanto
eles pensavam nesses aspectos de poder, de autoridade, domínio, o Senhor Jesus
disse assim para eles: ...Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber (Mt
20:22)? O Senhor queria mostrar para eles que o caminho da glória era o caminho
da cruz. Ele diz: Podereis vós beber o cálice? E eles não sabiam nem o que o Senhor
estava perguntando, mas disseram: Podemos. Eles responderam sem entender a
pergunta, e responderam que podiam, eles não tinham nem noção do que estavam
falando, porque aquele cálice, somente o Senhor Jesus poderia tomá-lo. Era o cálice
da morte, da alienação, da separação de Deus, porque é isso que o pecado significa.
O pecado lançou-nos em separação, alienação.
Quando Adão pecou, ele correu para se esconder - tive medo de Ti, me escondi
- a comunhão foi quebrada. Separação. Pecado é alienação, é separação. Era isso o
que o Homem Jesus ia experimentar na cruz. Não é nada menos. A cruz não é uma
estorinha. As palavras da Bíblia são drásticas, mas são verdadeiras. Elas não são
drásticas para tentar colocar a coisa num clima teatral, porque foi isso que aconteceu
ali realmente. Quando o Senhor falou: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste (Mt 27:45)? Não era porque Ele estava perturbado emocionalmente
que Ele achou que o Pai O tinha abandonado. Não é porque não estava sentindo a
presença do Pai, porque nós também deixamos de sentir a presença de Deus muitas
vezes, isto não significa que Deus nos abandonou. O que aconteceu ali na cruz vai
muito, mas muito além disso. Não é apenas um desamparo emocional - Senhor, que
dor que eu estou sofrendo, pregado na cruz, cravado na cruz, com coroa de
espinhos, uma morte torturante, dolorosa. Este não foi o maior problema da cruz, de
jeito nenhum. Quando o Senhor falou: Podereis vós beber o cálice que Eu estou para
beber? Quando Ele suou gotas de sangue no Getsêmani, não estava apavorado
diante da dor da cruz, Ele estava apavorado diante da dor da separação. Sabe por
que nós entendemos pouco disto? Tem dois motivos: o primeiro porque nós
nascemos em pecado, separados de Deus então, nós não sabemos o que é
comunhão com Deus. Nós não temos como avaliar, pesar o valor da comunhão, nós
nascemos sem comunhão, nós nascemos alienados, nascemos separados, como
vamos saber o que Jesus tem na Sua comunhão de Filho e Pai, comunhão eterna?
Nós não podemos entender isto. E, depois que nós nos convertemos, mesmo como
cristãos, a nossa comunhão com Deus é tão limitada. Tanta coisa enche o nosso
coração, tanta distração, tanta futilidade, tantas coisas que não são. Hoje, nós
sabemos o que é ter comunhão com Deus, todos nós que nascemos de novo
sabemos. Só que sabemos muito pouco do que é comunhão. Quem sabe o que é
comunhão é o Filho eterno do Pai eterno, este sabe o que é comunhão. Então,
quando Ele agonizou no Getsêmani, o motivo era este. É que Ele iria, literalmente não tem fantasia, não tem floreio - perder a comunhão que desde toda a eternidade,
Ele sempre teve, então, Ele sabia valorizar muito bem, sabia o significado dela.
Quando Ele ora em João 17:24, Ele diz assim: Pai, a minha vontade é que onde
eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha
glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.
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Nós precisamos ver que a comunhão que seria quebrada, rompida ali, era uma
comunhão do Deus Homem.
Nós não podemos dizer que o Homem experimentou a separação, mas o Verbo
não experimentou a separação, porque o Verbo e o Homem são uma Pessoa só.
Jesus não é duas pessoas, é uma Pessoa. Então, é claro que o Logos não morreu,
porque o Logos é Deus, Deus não morre, o Verbo não morreu, mas nós não
podemos, na cruz, separar o Verbo do Homem, seria como nós destruirmos a
Pessoa, porque Jesus é uma única Pessoa. Nós ficamos diante do mistério da cruz,
realmente, porque no mistério da cruz nós podemos dizer que o Deus Homem foi
separado de Deus. Nós não podemos dizer que Deus foi separado de Deus, mas
podemos dizer que o Deus Homem foi separado de Deus, isso nós temos que dizer,
porque aquela Pessoa é Deus Homem. Você não pode dizer que o lado divino dEle foi
mantido em comunhão e o lado humano foi separado. Isto é dissecar Jesus em duas
pessoas, e Ele não é duas pessoas, Ele é uma Pessoa. Então, nós temos que ficar
com o mistério da cruz, o Deus Homem foi separado de Deus o Pai. Foi isso que
aconteceu, e por causa disso Ele agonizou. Porque aquela comunhão eterna, que Ele
conhecia e que era a própria fonte da Sua vida, do Seu prazer, da Sua alegria, ia ser
literalmente quebrada, e foi quebrada.
Então, nós vemos aquele brado do Senhor na cruz, um brado real, um brado
espiritualmente verdadeiro, não só emocionalmente verdadeiro. Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste (Mt 27:45)? Naquele momento, a face do Pai se
ocultou do Filho, do Deus Homem. Aquela face que o Filho, por toda eternidade,
sempre contemplou, desde toda eternidade. Naquele momento, porque o Verbo
agora, não estava com Deus, o Verbo agora, estava na terra, como Homem,
Emanuel, Deus conosco. O Verbo, agora, estava encarnado no Homem Jesus. Este
Verbo encarnado experimentou esse virar da face de Deus, literalmente, é isto que
significa: a face do Pai virada para o Filho. Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? A face do Pai virada contra o Filho encarnado, e Ele sabia que isto
ia acontecer. Irmão, o nosso caminho de justificação, de reconciliação com Deus
exigia isto. Porque o pecado não é algo geográfico. Nós precisamos entender essa
questão de pecado para entendermos o que aconteceu na cruz. O pecado é algo
espiritual, você não consegue pegar o pecado. Pecado é uma realidade espiritual.
Então, Deus julgou o pecado como realidade espiritual na Pessoa do Senhor ali na
cruz. Ali tudo que o pecado gerou, no que concerne à alienação, à separação, à
trevas, tudo o que o pecado gerou foi julgado na Pessoa do Senhor na cruz. O
Senhor Jesus experimentou o que, espiritualmente, se chama morte, separação.
Irmãos, nós, cristãos, que cremos no Senhor Jesus, nunca experimentaremos a
morte. Se o Senhor Jesus não retornar antes que a nossa morte biológica aconteça,
o nosso corpo vai passar pela morte biológica, porque o nosso corpo tem o pecado
nele, o pecado corrompeu nosso corpo, por isso que dia a dia ele está decaindo,
corrompendo, degenerando. Então, nós vamos experimentar a morte biológica. Mas
isto simplesmente é nada, porque morte não é isto, morte é separação da vida. Vida
é Deus, Deus é a fonte da vida. No sentido espiritual, teológico da palavra, morte é
separação de Deus, e isto o cristão nunca vai ter, porque o Senhor Jesus, na cruz,
experimentou a morte. Ele pagou o salário do pecado que é a morte. Ele foi alienado
para que nós nunca fôssemos alienados. Ele entrou nas trevas, para que nós nunca
mais tivéssemos nada a ver com as trevas. Ele tomou esse cálice até o fim, Ele
esgotou, tomou, sorveu esse cálice até a última gota. Ele não deixou um restinho
para você e um restinho para mim. É por isso que Paulo fala em Filipenses que partir
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e estar com Cristo, Paulo usa esta linguagem para se referir à morte, Ele diz: partir e
estar com Cristo é incomparavelmente melhor do que viver aqui na terra. Paulo não
era apologista da morte, ele era um apologista de Deus, Ele cria na soberania de
Deus. Ele diz assim: Mas, como eu entendo que, até o presente momento,
permanecer aqui, na carne, traz para vocês progresso e gozo na fé, então, entendo
que é melhor que eu permaneça. Só por esse motivo, por vosso progresso e gozo na
fé, até que Deus execute tudo o que Ele quer executar por meu intermédio, para
edificar vocês, mas, para mim, desejo partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor...(Fl 1:23). Foi assim que Paulo falou sobre a morte.
Agora, que morte é essa? Isso não é morte, isso é vida.
Salmo 116:15 diz: Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus
santos. Irmãos, a morte, para nós simplesmente significa um avanço positivo na
glória. Morte para nós é avanço, não é retrocesso. Este é o ensino bíblico. Sabe por
que nós não vemos assim? Agora, é claro, não significa que quando nós vemos a
morte, tocamos a morte, não sentimos dor, deixamos de sentir a perda, nada disso,
nós sentimos tudo isso, nós somos humanos. Mas a nossa visão da Pessoa e obra de
Cristo deve crescer a tal ponto que até mesmo nosso contato com a morte esteja
fundamentado nessa fé, nessa segurança, para que a dor esteja fundamentada na
segurança, na certeza. A dor da separação, da perda, esteja fundamentada na
alegria, no gozo, de que a morte para nós significa um avanço na glória, sempre é,
para todo cristão. Foi isto que Paulo quis dizer com incomparavelmente melhor. O
sentido do termo é exatamente este, é um avanço na glória, e não um retrocesso, e
nem uma paralisação - aquela pessoa estava caminhando bem com o Senhor,
crescendo no Senhor, sendo edificada e morreu, agora ela está paralisada até que
Jesus volte - alguns pensam assim a respeito da morte. Não é assim. O seu corpo
voltou ao pó, mas o seu espírito goza da presença de Deus, e isto é glória. Então, é
um avanço, não é nem um retrocesso, nem uma paralisação, a Bíblia ensina que é
um avanço. Por quê? Porque o Senhor Jesus venceu a morte, não no sentido físico
apenas. No sentido físico também, Ele ressuscitou, mas Ele venceu a morte no
sentido espiritual, é onde o fundamento da morte está. Nós morremos no corpo
porque morremos no espírito. Adão, primeiro foi separado de Deus porque ele pecou,
e depois ele morreu no corpo. Então, a morte não começa no corpo, a morte começa
no espírito. Nós precisamos entender bem essas coisas para que nós vejamos o valor
da cruz e o valor do que o Senhor executou por nós ali. Nós nunca saberemos o que
é morte. Os irmãos já pensaram nisto? Nunca saberemos, pela graça do Senhor,
porque Ele enfrentou a morte. Porque nós, cristãos, quando morrêssemos
fisicamente, se entrássemos na morte, isto seria a experiência mais apavorante da
nossa vida. Primeiro porque esta morte iria nos reter, porque nós somos pecadores
por natureza. Se o Senhor não tivesse tratado a questão da morte na cruz e nós
entrássemos na morte espiritual, como cristãos, se isso fosse possível, a morte ia
nos segurar, porque a morte é salário do pecado, e nós somos pecadores. Nós nunca
mais poderemos sair da morte. Os irmãos já pensaram nisto? Agora, quando nós
passarmos, se passarmos, pela morte física, se o Senhor não nos buscar para Ele,
antes disso, o que iremos experimentar é gozo, é gozo. Não é paralisação e nem
retrocesso.
Eu não sei se já citei uma frase de um homem de Deus chamado Martyn LloydJones. Ele morreu há uns oito anos e quando estava em seu leito de morte, sua
família estava ao seu lado, esposa, filhos, e ele fez um pedido a eles no seu leito de
morte. Ele escreveu, já bem fraquinho - um livro dele chamado “Cartas”, contém
várias cartas dele desde a sua mocidade, e no final do livro tem uma carta, seria a
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última carta da vida dele, na verdade, um bilhete que escreveu no final de sua vida
no leito de enfermidade, ele fez um pedido para a família dele - ele escreveu assim:
Por favor, meus filhos, não orem por mim, pela minha cura, não me retenham da
glória. Ele pediu, por favor, aos filhos para que não orassem pela sua cura, para que
não o retivessem da glória, tal a convicção que ele tinha de que, realmente, o
propósito do Senhor para com a vida dele havia terminado. Ele orou dessa maneira
por uma convicção pessoal, é claro. Então, esse é o significado da morte física para
os santos. A morte física para aquele que crê no Senhor é uma entrada no gozo, no
descanso, na paz, na presença de Cristo em espírito, até que, quando da volta do
Senhor, esse corpo ressuscite e nós, então, entremos em uma realidade de
intimidade com o Senhor ainda maior.
Vamos ler alguns versículos sobre essa questão da ira de Deus. Na reunião
passada nós falamos sobre a lei de Deus. Vamos ver três versículos sobre a ira de
Deus, como o Senhor tratou com esta questão ali na cruz. Queria que vissem Isaías
53:5-7. Aqui os irmãos vão ver os dois aspectos relacionados a Deus, que já
compartilhamos: a lei de Deus e a ira de Deus. Todo este capítulo é um capítulo
evangélico, ele fala sobre a beleza da Pessoa e da obra do Senhor na cruz. Mas ele
foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades (está vendo a substituição aqui? Pelas nossas transgressões, pelas
nossas iniquidades, então, substituição); o castigo que nos traz a paz (castigo por
quê? Por causa da ira de Deus, porque Deus é santo, Ele não pode deixar de julgar,
senão Ele deixa de ser o que Ele é, e Ele não pode, Paulo diz a Timóteo que Deus, de
maneira nenhuma, pode negar-se a Si mesmo, Ele é Deus, Ele não pode negar-se a
Si mesmo. Então, o castigo que a ira de Deus exigia, porque o pecado é pecado, o
castigo que nos traz a paz) estava sobre ele (substituição mais uma vez. A lei de
Deus, a ira de Deus exigia), e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós
andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho
(como falamos no início, não importa o caminho que nós tenhamos optado para
viver, para tentar apaziguar nossa consciência com relação a essa acusação, todos
nós andávamos desgarrados), mas o SENHOR fez cair sobre ele (de novo o
ensino da substituição) a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e
humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e,
como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. O
versículo 10: Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar... Se
nós não entendemos a natureza de Deus, fica difícil demais, impossível,
compreender a cruz. Parece que o Senhor, como está escrito aqui, Jeová, teve como
que um prazer mórbido - o que Eu vou fazer para salvar os pecadores? Eu vou ter
que moer o meu Filho, como se Deus fosse um, o Filho fosse outro e os pecadores
fossem outro, três partes envolvidas na redenção, mas não tem três partes. Nesse
drama da redenção só tem duas partes, porque Deus o Pai e Deus o Filho são um
único Deus. Não é um pai castigando um filho, é Deus Pai e Deus Filho, um único
Deus.
Então, irmãos, o que o Deus Filho experimentou na cruz, aquela quebra de
comunhão, Deus o Pai experimentou. Deus o Pai não foi crucificado, mas Deus o Pai
foi alienado do Filho tanto quanto o Filho foi alienado do Pai, e a dor foi mútua. Às
vezes nós olhamos para cruz e pensamos que a dor foi do Filho e o rosto virado,
impassível, foi do Pai. Está errado, porque é um Deus, então é um mútuo
sofrimento, é uma única agonia, Deus o Pai e Deus o Filho. Nós podemos ter um
entendimento muito leve disso olhando para nossa própria história humana. Seria
como você poder contemplar o seu filho sendo torturado, o sentimento que você
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teria de contemplar o seu filho sendo torturado, espancado, esbofeteado até a morte
e você contemplando. Será que você ficaria impassível, você não sofreria, não
sentiria nada? E Deus o Pai e Deus o Filho? O único Deus, uma perfeita comunhão de
amor. Nós somos maus, e nós teríamos sofrimento nessa situação, e Deus o Pai?
Paulo diz em 2Coríntios 5:19 -...Deus estava em Cristo, reconciliando consigo
o mundo... Deus o Pai não estava impassível e Deus o Filho sofrendo. Nada disso.
Foi um sofrimento de Deus o Pai e Deus o Filho.
Então, os irmãos vejam que a cada aspecto que nós conseguimos deslumbrar
um pouco mais, a glória da cruz cresce para nós, e junto com isto, a segurança da
nossa salvação, a beleza da graça de Deus, da misericórdia de Deus. Todavia, ao
SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a Sua alma
como oferta pelo pecado (por que Ele pôde dar a Sua alma como oferta pelo
pecado? Porque essa alma era uma alma santa. Ele pôde dar, ela pôde ser oferta
pelo pecado porque não tinha pecado. Se um animalzinho no Velho Testamento
estivesse doente, tivesse uma mácula qualquer no seu corpo, ele não servia para ser
oferecido, animal doente, ele tem mancha, tem mácula. Tem que ser um animal sem
defeito, porque seria um tipo, uma figura de Cristo. Então, essa alma pôde ser
oferecida como oferta pelo pecado porque era perfeita, pura) verá a sua
posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará
nas suas mãos (Is 53:10). Está vendo? O drama da redenção, portanto, é um
drama do Pai e do Filho. A vontade do Senhor vai prosperar nas Suas mãos, porque
é o Filho de Deus que está se oferecendo ali, Deus Homem, Homem santo, perfeito,
puro, Ele pôde nos substituir e, então, pôde nos resgatar.
Isaías 53:11 - Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma (depois
leia todo esse capítulo 53 de Isaías, você vai ver que com uma visão maior da cruz e
da Pessoa do Senhor você vai ver esse capítulo de uma forma muito mais gloriosa.
Ele verá o fruto do penoso trabalho da Sua alma. Está vendo? Penoso mesmo,
porque era separação real, era desamparo real, era sofrimento real) e ficará
satisfeito (o fruto do penoso trabalho é claro, é óbvio, que significa que, através
desse penoso trabalho, Deus iria se alegrar em muitos filhos. Deus iria se alegrar na
Sua Igreja que Ele resgatou por meio do Seu Filho); o meu Servo, o Justo (olha o
detalhe aí: o meu Servo, o Justo), com o seu conhecimento, justificará a
muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Aqui não diz justificará a
todos, toma cuidado. A morte de Cristo não foi universal, Cristo morreu pela Igreja e
somente pela Igreja. Com o Seu conhecimento, justificará a muitos e não a todos,
porque o Senhor morreu pela Igreja, e não por todos os homens. Ele realizou
expiação pelos mesmos que Ele intercedeu. Estes dois ministérios andam juntos na
Pessoa do Sacerdote. Ele não faz expiação por todos e intercede por alguns, não tem
sentido. Ele morreu por todos, mas ele intercede só por alguns, não. Ele morreu por
alguns, e Ele intercede por alguns. ...não rogo pelo mundo, mas por aqueles que
me deste, porque são teus (Jo 17:9) Ele disse para os fariseus: Mas vós não
credes porque não sois das minhas ovelhas (Jo 10:26), vós sois do diabo que é
o vosso pai. Então, a expiação de Deus foi uma expiação limitada, não no seu efeito,
mas na sua abrangência. Cristo morreu pela Igreja, e esse é mais um privilégio que
você e eu temos, porque Ele não morreu por você porque você era bonitinho,
louvável, religioso, cheio de aptidões, então despertou o amor dEle por você, não.
Ele morreu por você e por mim, apesar de você e apesar de mim, apesar do que nós
somos. Ele justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por
isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele
o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os
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transgressores (o versículo 11 diz: Ele é o Justo, com letra maiúscula, e no
versículo 12 diz: Ele foi contado com os transgressores. Os irmãos vêem a glória da
nossa redenção? Que Ele estava fazendo lá? Lá não era o lugar dEle, era o nosso
lugar. Foi contado com os transgressores, crucificado ao lado de dois ladrões);
contudo, levou sobre si o pecado de muitos (e não de todos, levou sobre si o
pecado de muitos: dos que crêem, dos eleitos) e pelos transgressores intercedeu
(Is 53:12). No mesmo capítulo você vê os dois ministérios do sumo sacerdote, dois
aspectos: expiação e intercessão. Termina falando de intercessão.
Como é gloriosa a cruz, a obra que o Senhor realizou ali. Nós precisamos ver,
para que a glória da cruz clareie para nós, que o primeiro fator envolvido na cruz foi
Deus, não foi o diabo, não foi o homem. A primeira questão envolvida na cruz foi
Deus: a ira de Deus, a lei de Deus, a lei santa e a ira santa, e nós tínhamos dois
problemas: problema com a lei santa e problema com a ira santa. A lei santa fazia
exigências sobre nós, a ira santa caía sobre nós, porque nós não cumpríamos as
exigências. Como é que nós íamos resolver o problema da lei santa e da ira santa do
Deus santo? Não tinha maneira. Então, o Filho santo, que se tornou um Homem
santo, resolveu o problema da lei santa e da ira santa do Deus santo. E por meio do
Filho santo, nós obtivemos paz de consciência, porque agora nós não temos o
ministério da lei sobre nós fazendo reivindicação: obedece isso e você vai ser
justificado, obedece aquilo e você vai ser aceito; você ser aceito diante de Deus está
dependendo do que você faz, se você não fizer isso Ele não vai te aceitar. Nós fomos
aceitos, Paulo diz em Efésios, no amado. Por que nós fomos aceitos? Pela graça.
Como nós fomos aceitos? Pela fé, porque a verdade do Evangelho resplandeceu nos
nossos corações e gerou fé. Fé para crermos no Salvador, e não para crermos nos
nossos caminhos, na nossa maneira, na nossa aptidão, mas para crermos no
Salvador, o único Salvador preparado por Deus, porquanto há um só Deus e um
só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, Homem (1Tm 2:5).
Senhor, como nós Te agradecemos pela segurança da nossa salvação. Como
nós Te agradecemos porque o Senhor realizou essa obra tão perfeita, tão plena, tão
absoluta. Como Te somos gratos, Senhor, porque vemos que o Senhor tomou esse
cálice da ira de Deus sobre o pecado até a última gota, separado do Pai, para que
nós fôssemos reconciliados. Pedimos que o Senhor possa esclarecer-nos, nosso
espírito, mente e coração sobre a profundidade, beleza, dessas verdades, para que o
nosso coração se reverta a Ti em entrega, em confiança, em adoração, em paixão,
em intimidade. Pedimos que o Senhor possa usar a Tua Palavra para clarear a nós
mais da obra de Cristo, Teu Filho. Obrigado, Senhor, porque essa obra é uma obra
consumada. Ajuda-nos, Senhor, crermos de forma mais completa ao mesmo tempo
em que Te agradecemos porque o Senhor já gerou fé em nossos corações pelo Teu
amor. Nós desejamos Senhor, ainda assim, crer de forma mais completa, mais plena
e perfeita. Pedimos que o Senhor nos assista e nos capacite para isso, e Te
agradecemos em nome de Jesus. Amém.
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