O USO DE FERRAMENTAS SIG NA CARTOGRAFIA HISTÓRICA Kairo da Silva Santos¹ Amanda Biondino Sardella² Pamela Marcia Ferreira Dionisio³ Paulo Márcio Leal de Menezes4 1 ­ Universidade Federal do Rio de Janeiro ­ Departamento de Geografia ([email protected]) 2 ­ Universidade Federal do Rio de Janeiro ­ Departamento de Geografia ([email protected]) 3 – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Departamento de Geografia ([email protected]) 4 – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Departamento de Geografia ([email protected]) RESUMO A cartografia é uma ferramenta de extrema importância para diversas ciências, como a geografia. O presente trabalho tem como objetivo abordar vantagens e desvantagens do uso de novas ferramentas digitais no estudo da cartografia histórica, vislumbrando um debate sobre importância do uso e interpretação desta ferramenta; sua interface e conexão com os estudos dos nomes geográficos em mapas históricos. Palavras­chaves: cartografia histórica, geoprocessamento, sigs. INTRODUÇÃO Os mapas apresentam­se como elemento fundamental para a ciência geográfica. Não é diferente com o uso de mapas históricos para compreender e analisar os fenômenos geográficos em sua escala espaço­temporal. Diante desta perspectiva, é de se valer que a cartografia histórica possui um enorme potencial de contribuição para os estudos geográficos, principalmente, para as pesquisas onde a ocorrência, distribuição ou 1 espacialização de fenômenos geográficos em uma longa escala temporal é essencial. O avanço no campo de ferramentas técnicas computacionais, ou sistemas de informações geográficas na concepção de Gilberto Câmara (1996), aplicadas aos estudos geográficos configura­se em uma grande ferramenta de impulso e aproximação entre os estudos geográficos e histórico­cartográficos. Essas novas técnicas podem, de forma geral, facilitar e melhorar o trabalho de recuperação e processamento das informações geográficas contidas nestes documentos históricos. Contudo, é necessário esclarecer que ao avanço das técnicas digitais não tem o caráter de suprimir eventuais problemas inerentes ao trabalho como a representação dos fenômenos geoespaciais, tais quais serão abordados ao longo da pesquisa. METODOLOGIA O trabalho desenvolvido consistiu na extração dos nomes geográficos, topônimos, de mapas históricos do estado do Rio de Janeiro, abarcando diferentes períodos. Dentre o material disponível foi escolhido o fragmento de mapa da “Carta Chorographica da Provincia do Rio de Janeiro”, de 1858 a 1861, de autoria de Pedro D. Bellegarde e Conrado J. Niemeyer. A pesquisa utilizou como ferramenta os softwares ArcGIS 10.0 e Adobe Photoshop 5. No Photoshop 5 foram aplicados filtros para melhorar a qualidade do mapa, facilitando a visualização dos registros contidos. Como o foco da extração foram os topônimos, sua representação ocorreu na simbologia de pontos. Dessa extração se objetivou retirar três tipos de informações: uma coluna contendo o nome do topônimo, uma segunda com o tipo de topônimo (baseado na simbologia da legenda) e uma terceira guardada para especificações intrínsecas as características de cada nome geográfico. Realizado o processo de extração, se dá inicio a segunda parte do projeto. Essa etapa cuida do georreferenciamento das informações extraídas. Este consistiu na escolha de pontos de controle no terreno e ajustar estes pontos no mapa, dando a todos os demais a mesma referência geográfica. Existem métodos e processos, tais como transformações por afinidade, polinomiais, projetivas, com ou sem ajustamento das observações. No ArcGis foram utilizadas as ferramentas "geoprocessing" e "spatial adjustment". Após este processo se obtêm um arquivo shapefile contendo, neste caso, toda a 2 ocorrência de feições distribuídas na área que compreende a parte do estado do Rio de Janeiro. RESULTADOS A pesquisa obteve como resultado um arquivo com 1298 pontos. Abaixo segue a área de trabalho onde ocorreu a extração do topônimos. Figura 1. Área de Trabalho do ArcMap 10.0 com o raster e o arquivo vetor de pontos. Como dito anteriormente, diversos problemas e limitações foram identificados no processo de manipulação da imagem. O problema da escala é o primeiro a ser abordado. Os mapas históricos aparecem nas mais diversas escalas de representação, dificultando uma comparação entre os próprios mapas históricos e as bases geográficas atuais. O segundo problema recorrente é o georreferenciamento das informações. Dois fatores atuam diretamente nele: a precisão das informações e a escala. A escala, confere diferente tamanhos e distâncias entre as informações o que pode dificultar a sobreposição ou associação de todos os pontos as coordenadas atuais. A precisão está ligada a fidelidade de representação dos fenômenos, uma vez que as técnicas de aquisição da informação estão em constantes mudanças. Apesar dos problemas e dificuldades, inúmeras são as facilidades apresentadas pelos SIGs. Dentre elas se têm a possibilidade de armazenar dados em um banco 3 georreferênciado, tornando possível sua utilização em diversas outras pesquisas; processamento das informações para gerar outros produtos, desde mapas até análises mais complexas; recuperação de documentos de inestimável valor para a comunidade acadêmica afim e sociedade como um todo, sendo um bem cultural. CONCLUSÃO O surgimento das ferramentas sigs trouxeram para as pesquisas em cartografia histórica inúmeras facilidades e questionamentos novos. Como mostrado ao longo do trabalho, diversos podem ser os enfoques e as análises pretendidas sobre as informações processadas, armazenadas e tratadas com as técnicas de geoprocessamento. Com a referente pesquisa conclui­se que, em primeiro lugar, modelar uma estrutura de tratamento dos mapas na coleta das informações geoespaciais é eficiente em um determinado caso específico. A especificidade de cada documento histórico fará com que a metodologia de análise altere­se e adapte­se a ele. O segundo ponto é que deve­se atentar para aos elementos dos mapas como escala, simbologia, projeção e até mesmo estado de conservação. Estas características irão influenciar diretamente na qualidade das informações obtidas e nas limitações de aproximação do real posicionamento, neste caso, dos topônimos. Foi possível mostrar que o papel das ferramentas de geoprocessamento no campo da cartografia histórica assumem cada vez mais destaque e importância. Igualmente necessário torna­se ter cuidados básicos ao manusear essas ferramentas, como nos processos de simbolização, extração, entre outros mostrados no corpo deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CÂMARA, G. Anatomia de sistemas de informações geográficas. São José dos Campos: Mct/inpe, 1996. 196 p. CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A.M.V.. Introdução à Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: Mct/inpe, 2001. 345 p. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livros.html>. Acesso em: 1 jun. 2013. CRAMPTON, JEREMY W.. Mapping: A Critical Introduction to Cartography and GIS. Hong Kong: Wiley­blackwell, 2010. SILVA, JORGE XAVIER DA. O que é Geoprocessamento? Revista do Crea-rj, Rio de Janeiro, n.79, p.42­44, Outubro/Novembro de 2009. 4