Regionalização do espaço mundial_1 (7,2

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A regionalização do espaço
geográfico mundial
Vimos no capítulo anterior que nos últimos anos a multipolaridade trouxe à tona
uma realidade mundial muito complexa. Diferentemente
do que aconteceu durante quase todo o século passado, hoje as oposições entre os países são mais
profundas no que diz respeito às desigualdades socioeconômicas
do que em relação
às diferenças ideológicas. Para conhecer melhor essa realidade, vamos analisá-Ia em
partes, valendo-nos do estudo das regiões.
Na ciência geográfica, o conceito de região está ligado à ideia de diferenciação
de áreas. Nesse sentido, regionalizar significa agrupar as extensões territoriais que
apresentam determinadas
características
comuns, distinguindo-as de outras áreas.
Tais características podem estar ligadas a aspectos naturais, como clima, vegetação,
solos e relevo, ou a aspectos socioeconômicos
e culturais, como produção industrial, distribuição da renda ou religião.
Observe os mapas abaixo. Os temas desses mapas exemplificam a regionalização
do espaço terrestre
com base em aspectos de ordem natural e socioeconômica.
O mapa à esquerda mostra a região dos municípios do Nordeste brasileiro atingidos periodicamente
pelo fenômeno das secas. Já no mapa à direita são representadas as áreas dos Estados Unidos onde são desenvolvidos determinados
tipos de
cultura e criação, os belts, palavra que, em português, significa "cinturões".
Assim, quando nosso objetivo é estudar a realidade mundial sob critérios de
natureza política e socioeconômica,
devemos buscar na história e nas informações
advindas de dados qualitativos e quantitativos (estatísticas) a base para a regionalização do espaço geográfico. Nas páginas seguintes, conheceremos
as principais
formas de regionalização
utilizadas nos estudos de Geografia durante o último
século.
Polígono das secas
no Nordeste do Brasil
Agropecuária
OCEANO
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A
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nos Estados Unidos
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60 km MÉXICO
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Ranching belt: região dominada pela pecuária extensiva e bastante influenciada
pelas condições naturais do clima Quente e árido.
•
Wheat belt domínio das grandes monoculturas de trigo, em que a existência de
extensas planícies favorece a mecanização.
Cotton belt: área onde se planta principalmente o algodão, cultivado na região de
clima mais quente desde o século XVII, no período colonial.
Dairy beft: área onde se desenvolvem a pecuária leiteira e a policultura intensiva
(hortaliças, frutas e legumes), destinadas ao abastecimento das grandes cidades.
Corn belt região produtora de milha, geralmente plantado em médias propriedades e
associado ã criação de suínos.
oL.....--...J
285 km
•
Culturas tropicais: praticadas em áreas de clima mais quente, que se destacam pela
presença de lavouras como arroz, cana-de-açúcar e frutas cítricas.
•
Policultura: região que se caracteriza pela existência de vários cultivos, entre eles o
tabaco, O milho e o amendoim.
o problema das secas e o desenvolvimento
do Nordeste semiárido. João Pessoa: DNOCS, 1994.
UNIDADE
I - A nova ordem e a regionalização
Reference atlas ofthe world. London:
Dorling Kindersley, 2007.
do espaço mundial
t
Prin~ip~isprodutos
ecnaçoes
f'Algodão
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"'" Arroz
Õ
J,
Frutas citricas
Fruticultura
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Tabaco
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Uva
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ti
c:l
Aves
Bovinos
-t> Ovinos
<:J
Suínos
Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo
No começo do século XX, o mundo estava dividido em duas áreas distintas: a das
metrópoles e a das colônias, estas sobretudo nos continentes africano e asiático.
Durante a Segunda Guerra Mundial, desencadeou-se o processo de independência política das colônias, que até então viviam sob o controle das potências europeias. Esse processo histórico ficou conhecido como descolonização.
Como estudamos no capítulo anterior, no pós-guerra houve a consolidação, em
termos geopolíticos, de um mundo bipolar, ou seja, de uma realidade com duas
faces: uma capitalista e uma socialista. Com o processo de descolonização, configurou-se um terceiro mundo, composto de países pobres, que haviam sido em sua
maioria colônias de exploração europeias.
A expressão "Terceiro Mundo" foi criada pelo economista francês Alfred Sauvy
(1898-1990), em 1952, para se referir às nações pobres que estavam à margem do
cenário político-econômico internacional naquele momento histórico.
Anos mais tarde, na década de 1960, uma nova forma de regionalização do espaço geográfico mundial foi criada com base nessa terminologia. Havia, então, o
Primeiro Mundo, conjunto dos países capitalistas industrializados com economia
mais desenvolvida, o Segundo Mundo, conjunto dos países socialistas de economia
estatal e planificada, e o Terceiro Mundo, conjunto dos países capitalistas economicamente menos desenvolvidos.
Observe no planisfério a seguir a forma como os países do mundo foram agrupados de acordo com esse critério de regionalização.
-. -
"
O€EANO
PAcíFICO
OCEANO PAcíFICO
Eq~
.'
Trépico d~_Ca~ricómio
OCEANO iNDICO
Primeiro Mundo
Segundo Mundo
Terceiro Mundo
1875
3750 km
L....-_....I''--_....I'
Demétrio
Magnoli. O novo mapa do mundo. São Paulo: Moderna.
Descolonização: processo de enfraquecimento
político. econômico ou militar das metrópoles
propiciou o surgimento dos movimentos de independência das colônias.
Colônias de exploração: terras que serviam exclusivamente
apropriavam das riquezas existentes nas colônias.
aos interesses das metrópoles.
CAPíTULO 4 - A regionalização
europeias que
As metrópoles
do espaço geográfico
se
mundial
1998.
Países ricos e pobres ou centro e periferia
A regionalização caracterizada pela divisão entre Primeiro, Segundo e Terceiro
Mundo foi amplamente utilizada durante a Guerra Fria, período em que prevaleceu
a rivalidade entre as duas superpotências.
No começo da década de 1990, com a
extinção da União Soviética e o enfraquecimento
do socialismo, o termo Segundo
Mundo tornou-se
obsoleto, pois deixou de ser representativo
como realidade
político-econômica
global.
A partir de então, as preocupações
mundiais voltaram-se
muito mais para as
desigualdades existentes entre os diversos países no que diz respeito ao acesso às
tecnologias, à distribuição de renda e ao nível de vida das populações.
Nesse contexto, foram estabelecidas
novas regionalizações, com o objetivo de
expressar com mais exatidão a organização do espaço mundial contemporâneo.
Entre elas, cabe destacar a seguinte:
• Países ricos ou centrais - grupo formado pelas nações mais ricas e industrializadas (como Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e países da
União Europeia) que se encontram no centro do sistema capitalista, exercendo
forte domínio econômico e tecnológico sobre as nações mais pobres.
• Países pobres ou periféricos - grupo formado pelo restante das nações do
planeta, que apresentam desenvolvimento
tecnológico e econômico menor,
assim como forte dependência financeira em relação aos países ditos centrais,
estando, por isso, na periferia do sistema capitalista.
Observe abaixo a regionalização do espaço geográfico com base na divisão entre
países centrais e países periféricos.
Países centrais e países periféricos
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OCEANO PAciFICO
,,
,
•
Países centrais
Países periféricos
~
Países c0n:! economia
em transicão
~
c:::J
c:::J Limite
UNIDADE
.
I
r
do centro
1- A nova ordem e a regionalização
o
I 625
!
!
3250 km
I
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_na_L_in_h_a....,.d.,..,o_E--',qu_a_d_or-The World Bank. Obtido em: <www.worldbank.org>.
Acessado em: 07/12/2009.
do espaço mundial
Países desenvolvidos e
países subdesenvolvidos
Outro critério de regionalização que leva em conta os aspectos relacionados
às desigualdades socioeconômicas
entre as nações é o nível de desenvolvimento,
ou seja, o patamar em que se encontra a economia de um país e o padrão de vida
de sua população em relação aos demais países do mundo.
Observe as principais semelhanças entre o planisfério abaixo e os vistos anteriormente
no que se refere à regionalização
político-econômica
dos países do
mundo. Identifique, com a ajuda do gráfico a seguir, a realidade da maior parte da
população mundial.
Países desenvolvidos
Circulo Polar Antártico
--
.J\,
D Países
[:]
desenvolvidos - do Norte -------_.é",--"---.~
Países subdesenvolvidos - do Sul 1--
~
Linha Norte-Sul
~
Países com economia em transição
e subdesenvolvidos
OCEANO GLACI~S,AfoIrÁRT~9." ~-.
't...
~
Padrão de vida:
nível de renda
e de acesso
a serviços de
saúde, educação,
habitação e lazer.
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,
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_
Jurandyr
População
L. S. Ross (org.).
2125
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••••• 1__
7%
subdesenvolvidos
desenvolvidos
com economia em transição
76 %
Programa
das Nações
Unidas
para o Desenvolvimento
Relatório do Desenvolvimento
<www.pnud.org.br>.
(PNUD).
em:
em: 09/1212009.
Humano 2006. Obtido
Acessado
De acordo com o critério utilizado para essa regionalização, podemos considerar desenvolvidos os países com alto nível de industrialização, amplo e diversificado mercado de consumo de bens e de serviços e cuja população usufrui de um
elevado padrão de vida. De maneira geral, a economia dos países desenvolvidos é
vigorosa, e seu crescimento depende, basicamente, de suas forças produtivas internas.
CAPíTULO 4 - A regionalização
•••• 1
Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.
mundial
D Países
D Paises
D Países
4250km
do espaço geográfico
mundial
Já os países com nível de industrialização mais baixo ou com economia baseada
predominantemente
no setor primário (agropecuária e atividade extrativa), dependentes tecnológica e financeiramente
dos países ricos e cuja população, em sua
maioria, apresenta baixo padrão de vida, são considerados subdesenvolvidos.
As nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas
Canção do subdesenvolvido
também são chamadas, respectivamente,
de países
As nações do mundo para cá mandaram
do Norte e países do Sul. Essa denominação
leva
Os seus capitais desinteressados
em conta, basicamente, a posição geográfica dessas
As nações, coitadas, queriam ajudar [...]
nações, pois, com exceção da Austrália e da Nova
E
começaram a nos vender e a nos comprar
Zelândia, os países desenvolvidos encontram-se
na
Comprar borracha - vender pneu
porção setentrional do hemisfério Norte, enquanto
Comprar madeira - vender navio
os subdesenvolvidos
situam-se, de maneira geral,
Pra nossa vela - vender pavio
ao sul das nações desenvolvidas.
Só mandaram o que sobrou de lá
A letra de música ao lado, composta em 1963 por
Matéria plástica,
Carlos Lyra e Chico Assis, satiriza a condição de subQue entusiástica,
desenvolvimento do Brasil diante das nações ricas e
Que coisa elástica,
indica a existência de uma dependência não apenas
Que coisa drástica
econômica, mas também tecnológica e cultural.
Rock-balada, filme de mocinho
Os conceitos de desenvolvimento e de subdesenAr refrigerado e chiclete de bola
volvimento passaram a ser usados com mais frequênE coca-cola! Oh ...
cia a partir da década de 1950, quando a Organização
Subdesenvolvido, 'subdesenvolvido ... etc.
das Nações Unidas (ONU) começou a divulgar
LYRA, Carlos. A música brasileira deste século
periodicamente
dados estatísticos de diferentes napor seus autores e intérpretes [CD).
ções do mundo, como taxa de mortalidade infantil,
São Paulo: Sesc, 2000, faixa 14.
expectativa de vida, analfabetismo, crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) e renda per capita. Esses dados revelaram a existência
de grandes contrastes entre as nações desenvolvidas e as menos desenvolvidas
economicamente:
nos dias atuais, sabe-se que cerca de 50,5% da população mundial vive em países cuja renda per copito anual é igualou inferior a mil dólares, o que
caracteriza uma situação de subdesenvolvimento;
já uma parcela restrita da população do planeta vive em países considerados
desenvolvidos, nos quais a renda per
copita anual é igualou superior a 30 mil dólares. Veja o planisfério abaixo.
Renda per capita nos países do mundo
OCEANO PAC;fK;O
Programa das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento
(PNUD).
Relatório do Desenvolvimento
Humano 2009. Obtido em:
<www.pnud.org.br>.
Acessado em: 19/11/2009.
2660
!
UNIDADE 1- A nova ordem e a regionalização
do espaço mundial
A renda per capita e os indicadores
sociais
A renda per capita é um indicador econômico que vem sendo amplamente utilizado há algumas décadas, sobretudo
pelos economistas,
para definir o nível de
desenvolvimento
dos países. Mas será que a análise isolada desse indicador oferece
uma visão real da situação socioeconômica
das nações do mundo?
A renda per capita é obtida mediante a divisão do PIB de um país (soma de
todas as riquezas geradas internamente
no período de um ano) por sua população
absoluta, ou seja, pelo número total de habitantes. Por ser um cálculo médio, esse
índice não revela as diferenças de rendimento
que podem existir no interior das
sociedades, sobretudo nos países subdesenvolvidos.
A renda per capita do Brasil,
por exemplo, em 2008, era de aproximadamente
8 695 dólares, já que o país
abrigava em torno de 184 milhões de habitantes e seu PIB era de I 600 bilhões de
dólares. Veja o cálculo:
Renda per capita
=
PIB (US$ I 600 bilhões)
US$ 8695
dólares/habitante
população absoluta
(184 milhões de habitantes)
Instituto
Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas da População.
Obtido em: <www.ibge.gov.br>.
Acessado em: 18/08/2007.
Almanaque Abril 2009. São Paulo: Abril. 2008.
Trata-se, à primeira vista, de uma renda per capita
baixa quando comparada à dos países desenvolvidos.
Mas é importante
saber que na realidade uma parcela reduzida da população brasileira recebe esse valor
anualmente: cerca de 23,9% dos habitantes vivem com
até I salário mínimo ao mês e outros 32,8% nem
sequer têm algum rendimento
em dinheiro. Observe
o gráfico ao lado.
Outra forma de relativizar os dados de renda per
capita dos países é compará-Ios a alguns indicadores
sociais, como as taxas de mortalidade
infantil, analfabetismo e expectativa de vida. Observe os dados, apresentados na tabela abaixo, referentes
a alguns países
desenvolvidos
e nações produtoras
de petróleo
do
Oriente Médio.
Renda da população brasileira
(em salários mínimos)
1.3%
Sem declaração
23,9%
Até 1
0.6%
Mais de 20
1,7%
De 10a 20
Li
<ri
'Inclusive as pessoas ~e receberam somente em beneficio~lj
Instituto
Brasileiro
de Geografia
e Estatística
(IBGE).
PNAD. Obtido em: <www.ibge.gov.br>.
Acessado
em: 19/08/2009.
Indicadores sociais em países
desenvolvidos e no Oriente Médio
Mortalidade
infantil (%0)
Expectativa
de
vida (em anos)
Noruega
3
79,8
Canadá
5
80,3
Japão
3
82,3
Arábia
Saudita
21
72.2
Irã
31
70.2
17.6
Kuwait
9
77.3
6.7
País
Analfabetismo*
(%)
17.1
Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento
(PNUD).
Relatório do Desenvolvimento
Humano 2007/2008. Obtido em:
J
*(-)Países
com indicadores
próximos
<www.pnud.org.br>.
08/12/2009.
Acessado
a zero.
CAPíTULO 4 - A regionalização
do espaço geográfico
mundial
em:
Analisando os dados do planisfério da página 64, podemos observar que a renda per capita dos países do Oriente Médio é superior à das demais nações subdesenvolvidas, o que a princípio os colocaria em uma situação de vantagem. Porém,
quando se avalia a renda per capita ao lado de indicadores sociais como mortalidade infantil, expectativa
de vida e analfabetismo, compreende-se
por que essas nações são enquadradas
na realidade socioeconômica do subdesenvolvimento.
Mas o que significa cada um desses indicadores
sociais? Vejamos:
• Mortalidade infantil- relação entre o número de
crianças que morrem antes de completar um ano
~
de idade e o total de crianças nascidas vivas. Essa
Em Daca, capital de Bangladesh, a taxa de
taxa é obtida com base no número de crianças
mortalidade infantil é uma das mais altas do
que morrem a cada mil que nascem, no período
mundo: cerca de 54%0 (por mil). As crianças
sofrem de doenças decorrentes
da falta de
de um ano.
saneamento básico e subnutrição. Na
• Expectativa de vida - estimativa do número médio
imagem, crianças em Daca no ano de 2008.
de anos que uma pessoa poderá viver considerando-se as condições socioeconômicas do país.
• Analfabetismo
- porcentagem
de pessoas que
não sabem ler nem escrever.
Retomando o caso dos países do Oriente Médio,
as altas taxas de mortalidade infantil, por exemplo,
apontam a existência de uma precária assistência médica às mães e aos recém-nascidos, assim como a falta
de campanhas de vacinação e de controle de doenças,
revelando um sistema de saúde deficitário.
A baixa expectativa de vida também pode revelar
precariedade do atendimento médico-hospitalar voltado
à população adulta, além de falta de acesso a uma alimentação saudável e ausência de um sistema de previdência social justo. As altas taxas de analfabetismo, por
sua vez, indicam parcos investimentos no sistema de ensino formal e altos índices de evasão escolar, provocados
pelo ingresso precoce de crianças e adolescentes no
mercado de trabalho.
Por meio desses indicadores sociais, podemos concluir
que a elevada renda per capita desse conjunto de países
do Oriente Médio é decorrente do alto valor do PIB,
alcançado pela venda de petróleo no mercado internacional. Essa riqueza está concentrada nas mãos de uma
pequena parcela da população, já que, como foi visto, a
maioria de seus habitantes enfrenta graves problemas
sociais.
Tal exemplo mostra que em muitas situações a
renda per capita não exprime a realidade socioeconômica da população, sobretudo nos países subdesenvolvidos, e deve ser considerada um parâmetro médio
que precisa ser analisado com outros indicadores.
UNIDADE
1- A nova ordem e a regionalização
Nos países desenvolvidos europeus, a"
expectativa de vida é alta, e a população idosa
desfruta ótima qualidade de vida. Idosos
ingleses (em fotografia de 2009), por exemplo,
têm uma expectativa de vida em torno de
79 anos.
Brunei, localizada no Sudeste Asiático, é
uma das nações subdesenvolvidas
com
maior renda per capita (cerca de 50200 dólares ao ano), riqueza proveniente da
exploração do petróleo. No entanto, a
maior parte de seus habitantes vive em
condições precárias, como os moradores
dessa favela, localizada em Kampong Ayer.
Fotografia de 2003.
do espaço mundial
índice de Desenvolvimento
Humano
Vimos que a análise de um único indicador
capita, não é suficiente para avaliar o nível de
o objetivo de obter informações mais precisas
mundo, a ONU vem utilizando desde a década
índice de Desenvolvimento
Humano
socioeconômico,
como a renda per
desenvolvimento
de um país. Com
sobre a realidade de cada nação do
passada um indicador denominado
(IDH).
O IDH foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), com o objetivo de avaliar com maior fidelidade as condições em que vive
a maior parte dos habitantes de cada país, considerando
os seguintes critérios: a
longevidade da população, medida pela expectativa de vida; o acesso à escolaridade,
verificado por meio da taxa de analfabetismo; o poder de consumo de bens e serviços, determinado pela renda per capita; o acesso a condições sanitárias satisfatórias,
avaliado com base na taxa de mortalidade infantil.
Para calcular o IDH leva-se em conta a combinação de todos esses indicadores,
e o resultado varia em uma escala que vai de
a I. Quanto mais próximo de
é
o IDH de um país, piores são as condições socioeconômicas
enfrentadas
pela
população e, portanto, menos desenvolvido ele é. Quanto mais esse índice é próximo de I, melhores são as condições socioeconômicas
e maior é o nível de desenvolvimento do país.
O IDH é considerado
baixo quando inferior a 0,5, médio quando se encontra
entre 0,5 e 0,8, e alto quando é superior a 0,8.
A ONU calcula anualmente o IDH de cada país do mundo, já que muitos indicadores variam periodicamente.
Veja no planisfério abaixo o IDH de cada nação
no ano de 2008 e verifique se no Brasil esse índice é alto, médio ou baixo.
De acordo com o que você conhece a respeito da atual situação socioeconômica de nosso país, procure saber se a classificação da ONU é condizente com essa
realidade. Observe também o continente em que estão os IDHs mais altos e os
mais baixos. Em seguida, discuta com seus colegas os possíveis motivos de tal
distribuição espacial.
°
°
IDH dos países do mundo - 2008
IDH
dos paises do mundo
até 0,49
I--
de 0,5 a 0,69
de 0,7 a 0,791
2455
!
4910 km
!
•
de 0,8 a 1
IDH baixo
L IDH médio
I--
IDH elevado
Dados não disponíveis
CAPíTULO 4 - A regionalização
Programa das
Nações Unidas para
o Desenvolvimento
I (PNUD).
Relatório
do Desenvolvimento
2007/2008.
! Humano
'Obtido
em:
i <www.pnud.org.br>
rAcessado em:
!04/12/2008.
do espaço geográfico
mundial
.
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