Praia do sul gaúcho fica repleta de lixo

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Geral
ZERO HORA SEXTA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2011
FÁBIO LAMEIRO RODRIGUES, DIVULGAÇÃO
MAR DE SUJEIRA
Praia do sul
gaúcho fica
repleta de lixo
Garrafas e outros recipientes com rótulos
estrangeiros dominam a paisagem do local
Rio Grande/Casa Zero Hora
RAFAEL DIVERIO
Ao acompanhar um colega
em uma expedição para estudar
concheiros entre as praias do
Cassino e do Hermenegildo, no
litoral sul gaúcho, o oceanógrafo Fábio Lameiro Rodrigues teve uma surpresa: em vez de tapetes de concha, encontrou lixo.
Intrigado e indignado, documentou a cena e publicou um
artigo em um site especializado
em educação ambiental.
E
ntre o lixo acumulado nas dunas,
destaque para produtos importados. Há muitas garrafas e outros recipientes com rótulos árabes, chineses e
russos.
– Como não são facilmente encontrados aqui, acredito que tenham sido
dispensados pelas embarcações em al-
to mar ou na costa e chegou com uma
ressaca. Resta saber se foi intencionalmente – comenta Rodrigues.
Para reforçar a tese de que o lixo
veio do mar, a região é praticamente
desabitada. Não há balneários movimentados, como o centro do Cassino
ou do Hermenegildo. Há apenas pe- Em vez de conchas, expedição encontrou muito lixo espalhado na areia da praia quase desabitada
quenas comunidades pesqueiras.
Para piorar a situação, os órgãos
responsáveis por fiscalizar essas ações
não conseguem agir.Como são muitas
as embarcações que navegam na orla
brasileira, a abordagem de todas torO descarte de lixo na praia pode no estômago ou no intestino.
na-se quase impossível.As ações ocorcausar vários danos à vida marinha.
O Instituto Brasileiro do Meio Amrem por meio de denúncias.
Segundo o oceanógrafo Rodolfo Silva, biente e dos Recursos Naturais Reno– Parte deste material poderia estar
do Centro de Recuperação de Animais váveis (Ibama) alega que,sem flagranno oceano há anos. Não temos como
Marinhos (Cram), da Universidade te,não há o que fazer.
rastrear. Se fosse óleo, teríamos maior
Federal do Rio Grande (Furg), as tar– Normalmente, agimos por decapacidade de ação – explica o vice-altarugas são as maiores prejudicadas, núncia. Quando flagramos alguém
mirante Sérgio Correia deVasconcelos,
pois confundem plástico com comida. dispensando lixo, podemos autuar e
Capitão dos Portos de Rio Grande.
Mais de 80% das tartarugas que apreender a embarcação e o armador
morreram durante tratamento no – diz o agente federal ambiental do
[email protected]
Cram tinham algum resíduo plástico Ibama Paulo Iribarrem.
Tartarugas são afetadas
MUITO ACIMA DO NORMAL
Animais aparecem
mortos no litoral de SC
O aparecimento de dezenas de
animais marinhos mortos desde o mês passado no litoral de
Santa Catarina está preocupando pesquisadores e biólogos do
Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), instituição que monitora
as mortes há 18 anos.
– O número está muito acima do normal e, além do mais,
os casos estão concentrados em
uma região – disse o curador do
museu, Jules Marcelo Rosa Soto.
A
região fica no centro-norte de
Santa Catarina, entre Porto Belo e São Francisco do Sul. De acordo
com a Univali, em cerca de 30 dias foram encontradas 26 tartarugas verdes
(Chelonia mydas), 12 botos (Tursiops
truncatus), conhecido como “boto da
tainha”, e dois golfinhos cinza (Sotalia guianensis). Na manhã de ontem,
os biólogos recolheram um filhote de
baleia-minke-antártica (Balaenoptera
bonaerensis) na Praia de Porto Belo.
À tarde, foi identificada na Praia
Brava, em Itajaí, uma toninha (Pontoporia blainvillei) já em estado de decomposição. Na quarta-feira, uma baleia jubarte (Megaptera novaeangliae),
em decomposição, foi encontrada em
praia de São Francisco do Sul.
Segundo o curador do museu, o
mais provável é que as mortes te-
nham relação com a pesca de emalhe
realizada no litoral catarinense. Nesse
processo, a rede é lançada ao mar tendo pesos em uma das extremidades e
flutuadores na outra.Os peixes e crustáceos acabam presos nas malhas durante o processo de tentar se libertar.
Soto disse, ontem à tarde, ter recebido
denúncias de que um navio estaria
utilizando uma malha mais grossa e
com comprimento superior ao permitido pela legislação.
Baleia tinha sinais
de mordida de tubarão
Ele acentuou que o aparecimento da
jubarte pode ter sido coincidência,visto que, em Santa Catarina, ela fica em
alto-mar.O corpo tinha sinais de mordidas de tubarão-azul. Soto disse que
ainda iria verificar a denúncia sobre
o barco com as redes ilegais.Algumas
das tartarugas apresentavam sinais
que levam a crer que ficaram presas
em emalhe. Elas eram juvenis, com
tamanho entre 33 e 41 centímetros de
comprimento.Todos os animais foram
recolhidos para exame.
O coordenador do Projeto Tamar,
que estuda as tartarugas, ligado ao
Instituto Chico Mendes, em Florianópolis, Gustavo Stahelin, disse que não
tinha recebido nenhum comunicado do Museu Oceanográfico sobre as
mortes dos animais.
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