2 GEO046 Geofísica Campo magnético a Materiais que apresentavam um comportamento interessante (magnetismo) era conhecido desde a antigüidade. a Esse conhecimento foi trazido por Marco Polo da China para a Europa. a A 1a obra científica sobre o campo magnético terrestre foi The Magnete, de Sir William Gilbert (1540-1603). Aula no 06 MÉTODO MAGNÉTICO Teoria básica e paleomagnetismo June 04 Hédison K. Sato 3 Campo magnético Supondo a existência de “cargas magnéticas ”, a força entre duas “cargas” m1 e m2 é dada por : 1 m1m2 F= r µ r3 Similarmen te aos campos gravitacional e elétrico, o campo magnético é força por unidade de “carga magnética” : F 1 m1 H= = r m2 µ r 3 assim, o potencial magnético fica 1m A= , tal que H = −∇A µ r 4 Campo magnético dipolar Somando as contribuições das m⎛ 1 1 ⎞ duas " cargas" , A = ⎜ − ⎟ µ ⎝ r1 r2 ⎠ Usando a lei do cosseno e a aproximaçã o r >> l [ = [r ] + rl cosθ ] r1−1 = r 2 + (l 2 ) − rl cosθ 2 −1 2 −1 2 ≈ r −1 (1 + (l 2r ) cosθ ) 2 r2−1 + (l 2 ) ≈ r −1 (1 − (l 2r ) cosθ ) O potencial do dipolo pode ser escrito como 1 ml cosθ 1 M cosθ , ou A = , A= 2 µ r µ r2 onde M = ml é o momento magnético. 2 5 Campo magnético dipolar θ r Hr r H Hθ 6 Bobina de corrente elétrica Considerando que H = −∇A, e coordenadas esféricas, 1 ∂A ˆ ⎞ ⎛ ∂A 1 ∂A ˆ θ+ φ ⎟, H = −⎜ rˆ + r ∂θ r sen θ ∂φ ⎠ ⎝ ∂r M 2 cosθ sen θ rˆ + 3 θˆ ⎞⎟, ou seja, H = ⎛⎜ 3 r µ⎝ r ⎠ M 2 cosθ M sen θ Hr = , e Hθ = µ r3 µ r3 θ r Hr r H Hθ Considerando uma bobina cujo diâmetro é muito menor que a distância r , e conduzindo uma corrente elétrica i , ela comporta se como um dipolo magnético cujo momento vale M = nai onde n é o número de voltas, a , a área da bobina e i , a intensidade da corrente elétrica. 7 Dipolo magnético terrestre No interior da Terra, o dipolo magnético orienta - se do pólo norte geográfico para o sul. Considerando que M sen θ M 2 cosθ , e Hθ = Hr = 3 µ r µ r3 podemos escrever uma relação entre a inclinação magnética e a latitude magnética : − Hr tan I = = −2 cot θ = 2 tan λ . Hθ 8 Intensidade de magnetização a Um material colocado na presença de um campo magnético pode magnetizar-se. a Em geral, proporcionalmente ao campo externo e com a mesma direção. a De certa forma, é um processo de alinhamento dos dipolos magnéticos do material. a Daí denominar-se, também, polarização magnética. Por ser distribuído, uma definição adequada é M I = , onde v é o volume. v 9 Susceptibilidade magnética 10 Indução magnética a Como visto, um material magnético sob a ação de um campo externo, torna-se magnetizado. O campo no seu interior passa a ser a soma do campo externo mais o campo associado à magnetização adquirida. a O grau com que a polarização magnética ocorre com um material é característico. a Quando a intensidade de magnetização varia linearmente com a ação do campo magnético externo, temos: I = kH onde k denomina - se susceptibilidade magnética. O campo magnético total é a indução magnética, representado por B = H + H ' = H + 4πI B = (1 + 4πk )H = µH , ou onde µ é a permeabilidade magnética. 11 Tipos de magnetismo a Diamagnetismo. Materiais com susceptibilidades negativas são diamagnéticos e constituem a maior parte dos casos. ` Prevalece somente quando o momento magnético atômico líqüido é nulo. ` Característico dos átomos com cujos orbitais estão completos. ` Ex.: grafite, gesso, mármore, quartzo e sal. a Paramagnetismo. Oposto ao diagmagnetismo. ` Ocorre quando o momento magnético atômico líqüido não é nulo. ` É típico com os átomos cujos orbitais não estão completos (emparelhados). ` Ex.: séries Ca-Ni, Nb-Rh, La-Pt, Th-U. 12 Tipos de magnetismo a Ferromagnetismo. Ferro, cobalto e níquel são elementos nos quais as interações magnéticas são tão fortes que provocam um alinhamento dos momentos magnéticos em grandes regiões ou domínios. a Enquanto as susceptibilidades diamagnéticas e paramagnéticas são da ordem de 10-3, no ferromagnetismo do Fe, Co e Ni são 106 maiores. a Aparentemente, minerais ferromagnéticos não existem na natureza. 13 Tipos de magnetismo 14 Tipos de magnetismo a Ferrimagnetismo. São materiais cujos subdomínios dividem-se em dois grupos alinhados em oposição, mas apresentando um momento líqüido não nulo. a Um grupo é mais forte que o outro mas ambos possuem a mesma quantidade de domínios. Ex.: magnetita, titanomagnetita e ilmenita, óxidos de ferro ou de ferro e titânio. a É maior o número de subdomínios em um grupo que no outro. Ex.: pirrotita. a Antiferromagnetismo. Se os momentos magnéticos líqüidos dos subdomínios paralelos e antiparalelos cancelam-se mutuamente no material, a susceptibilidade resultante é muito pequena, da ordem dos valores dos paramagnéticos. a Exemplo: hematita. 15 Histerese Os materiais ferromagnéticos apresentam um complexa relação entre B e H. Essa relação chama - se histerese. Nela se vê o magnetismo residual ( J r ). A magnetização de saturação ( J s ). O campo coercitivo ( H c ). 16 Susceptibilidade das rochas Rocha Intervalo Média Sedimentar Calcáreo Rocha Intervalo Média Ígnea 2-280 25 Granito 0-4000 200 Arenito 0-1660 30 Dolerito 100-3000 Folhelho 5-1480 50 Diabásio 80-13000 4500 Média 0-4000 75 Gabro 80-7200 6000 Basalto 20-14500 Metamórfica Anfibolito Gneisse 60 10-2000 Quartizito Serpentinito Média Peridotito 350 250-1400 0-5800 Piroxenito 350 6000 10500 7600-15600 Andesito 13000 13500 Média ácidas 3-6530 650 Média básicas 44-9710 2600 17 Componentes magnéticos 18 Componentes magnéticos a O campo magnético terrestre aponta, grosso modo, do hemisfério sul para o norte. a De forma geral, o campo magnético pode ter qualquer direção ao longo da superfície da Terra. a Relativamente à direção do meridiano geográfico e ao plano horizontal, o campo geomagnético tem declinação (D) e inclinação (I). 19 Campo magnético terrestre a Observar que aos elementos geomagnéticos não coincidem com os geográficos. aos pólos e equador magnético referem-se ao dipolo magnético no interior da Terra que melhor reproduz os dados. aos pólos e equador magnético definidos segundo a inclinação do campo magnético. 20 Campo total (IGRF1980) IGRF International Geomagnetic Reference Field Três máximos desviando dos dois de um campo dipolar. 21 Campo não dipolar (1980) 22 Magnetização remanente Extensas anomalias sem relação com a geografia nem a geologia superficial. Têm relação com as fontes profundas no interior da Terra. a Magnetização remanente isotérmica (IRM): com a temperatura constante, a rocha é exposta a um campo externo por um curto período de tempo, tais como aqueles provocados pelo relâmpagos. São magnetizações localizadas, apresentam alta intensidade e distribuem-se irregularmente. a Magnetização remanente viscosa (VRM): adquirida de forma secundária pela longa exposição a um campo externo (como o da Terra). 23 Magnetização remanente a Magnetização termo remanente (TRM): adquirida pelas rochas durante o resfriamento a partir de uma temperatura superior a de Curie nas condições atmosféricas normais, porém na presença de um campo externo. a Magnetização remanente deposicional ou detrítica (DRM): grãos de minerais magnéticos com remanência adquirida previamente podem orientar-se com o campo da Terra à medida em que decantam permeando os sedimentos. 24 Magnetização remanente a Magnetização remanente química ou de cristalização (CRM): esta magnetização é adquirida quando ocorre a nucleação e o crescimento (ou recristalização) de finos grãos, devido a certas reações químicas, abaixo da temperatura de Curie), sob a ação de um campo ambiente. a Magnetização piezoremanente (PRM): geralmente adicional, é adquirida quando se aplica ou retira tensões mecânicas sob a ação de um campo ambiente a temperatura constante. 25 Paleomagnetismo 26 Paleomagnetismo a As hipóteses básicas do paleomagnetismo são: a A magnetização remanente da rocha é paralela ao campo magnético da Terra na época do registro da magnetização. a A intensidade da magnetização é proporcional à intensidade do campo magnético da Terra na época do registro da magnetização. a Em escala global, postula-se que o paleocampo magnético terrestre associa-se a um campo dipolar axial e geocêntrico: implicando que, em média, corresponde ao eixo geográfico. a Problema: Dadas a declinação e inclinação remanente (Dr, Ir) e a localização geográfica (λs, φs) de uma amostra, determinar as coordenadas geográficas do paleo pólo (λpp, φpp), no sistema de coordenadas geográficas presente. 27 Paleomagnetismo Separação angular do paleo pólo P ao local S da amostra : tan I r = 2 cot p onde p é a colatitude da amostra no paleo referencia l. Assim p = cot −1 ((1 2 ) tan I r ) Os " lados" do triângulo esférico NPS pode ser especifica dos em termos angulares : SOP = p , PON = (π 2 − λpp ), e NOS = (π 2 − λS ) e os " ângulos internos" N (= α ) , S (= Dr ) , e P . 28 Paleomagnetismo Das relações geométricas entre os lados do triângulo esférico NPS, tem - se cos(π 2 − λ' pp ) = cos p cos(π 2 − λS ) + sen p sen (π 2 − λS ) cos Dr que pode ser reescrito como sen λpp = cos p sen λS + sen p cos λS cos Dr ou, simplesmen te, λpp = sen −1 (cos p sen λS + sen p cos λS cos Dr ) latitude do paleo pólo no sistema de coordenadas geográficas atual. 29 Paleomagnetismo Paleomagnetismo Entretanto, se α > π 2 , o valor do seu seno não o distingüe de um ângulo menor que π 2 . Com relação à longitude φpp do paleo pólo, da figura, se vê que φpp − φS = α . Tomando a relação da geometria esférica (" lei dos senos" ) : sen α sen p = sen Dr sen (π 2 − λpp ) = sen Dr cos λpp , pode - se obter o valor de α . Felizmente essa ambigüidade pode ser desfeita, consideran do a expressão φ pp = φS + α quando cos p ≥ sen λs sen λpp ou φ pp = φS + π − α quando cos p < sen λS sen λpp . 31 Referências: a Sharma, P. V., 1986, Geophysical methods in geology. 2. ed., Elsevier, New York. a Telford, W. M., Geldart, L. P., Sheriff, R. E. e Keys, D. A., 1978, Applied geophysics. Cambridge University Press. 30