0 FACULDADES ICESP PROMOVE CURSO DE ENFERMAGEM RUTE GONÇALVES DA CUNHA SANDRA MARIA HELENA EVANGELISTA A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ÁGUAS CLARAS-DF 2013 1 RUTE GONÇALVES DA CUNHA SANDRA MARIA HELENA EVANGELISTA A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM. Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do curso de Bacharel em enfermagem apresentado a Faculdade Promove. Orientador: Luiz Carlos Schneider ÁGUAS CLARAS- DF 2013 2 A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM CUNHA, Rute Gonçalves da1 EVANGELISTA, Sandra Maria Helena1 SCHNEIDER, Luiz Carlos2 RESUMO O presente estudo teve como preocupação uma análise sobre a importância da Antropologia na formação dos profissionais de Enfermagem. Buscou-se suporte teórico em várias publicações especializadas com a intenção de se extrair dessas pesquisas elementos que fundamentassem tal importância. Trata-se de uma pesquisa de duplo caráter, ou seja, qualitativa e quantitativa. Destaca-se seu caráter qualitativo fundamentou-se em estudo bibliográfico classificado como de leitura seletiva com o intuito de explorar os textos escolhidos e buscar informações específicas no que se refere ao objeto de pesquisa, com a intenção de sistematizar aspectos já apreendidos por diversos autores e aplicá-los à pesquisa. Configura-se como pesquisa quantitativa a partir da intenção de analisar a percepção de estudantes do oitavo semestre de enfermagem de uma instituição de ensino superior privada sobre a importância da Antropologia enquanto disciplina no referido curso. Para tanto se utilizou questionário com questões fechadas com a finalidade de produzir estatística analítica. Assim foi objetivo da pesquisa analisar a percepção da disciplina de antropologia da saúde na formação dos acadêmicos de enfermagem. Secundariamente objetiva-se destacar a importância de uma formação crítica dos profissionais de enfermagem em relação à ciência/doença e o ser humano em sua integralidade e demosntrar que a qualidade do ensino pode ser melhorada com relação ao tema apresentado. Concluiu-se com a pesquisa que 95% dos entrevistados se sentem influenciados pela disciplina ao adquirirem uma visão holística do processo de cuidar e 99% acreditam que para que um paciente recebe o devido cuidado é necessário enxergá-lo em suas várias instâncias e acolhê-lo com base no respeito à diversidade. Palavras-chaves: Conhecimento. Assistência de enfermagem. Cuidado. Antropologia. ABSTRACT The present study was concerned an analysis of the importance of anthropology in training of nursing. We sought theoretical support in various publications with the intention of extracting these research elements that would substantiate their importance. This is a survey of dual character, ie, qualitative and quantitative. Stands its qualitative character was based on bibliographic classified as selective reading in order to explore the chosen texts and seek specific information regarding the 1 2 Formadas do curso de Enfermagem – ICESP-PROMOVE. Professor orientador. 3 research object, with the intent to systematize aspects already seized by several authors and apply them to research. Configured as quantitative research from the intention to examine the perceptions of students in the eigth semester of nursing of a private institution of higher education on the importance of anthropology as a discipline in that course. For this we used closed questions in order to produce analytical statistics. Thus objective of the research was to analyze the perception of the discipline of anthropology of health training of nursing students. The secondary objective is to highlight the critical importance of training of nurses in relation to science / disease and the human being in its entirety and likely to demonstrate that the quality of education can be improved with respect to the issue presented. Concluded with the research that 95% of respondents feel influenced by the discipline to gain a holistic view of the care process and 99% believe that a patient receives proper care is necessary to see it in its various instances and welcome it based on respect for diversity. Keywords: Nursing care. Care. Anthropology. Knowledge. 1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa teve como foco principal uma abordagem acerca da importância da antropologia no processo formativo do profissional de enfermagem, destacando a importância do ensino da humanização no contexto da integralidade do paciente cuidado considerando as várias instâncias constituintes de seu ser. É preciso, neste contexto entender o paciente não apenas como um indivíduo que necessita de um cuidado específico sob demanda médica, mas como ser que, mesmo em sua individualidade deve ser visto como pessoa que merece, além do cuidado demandado, atenção e respeito por sua história de vida. Tal entendimento faz parte dos conceitos divulgados por Laplantine (2003), o qual afirma que desde que o homem se integrou em uma comunhão social a mútua observação foi e, continua sendo, uma constante na vida humana. Todavia, tal comportamento tão antigo quanto à própria humanidade, segundo as palavras do autor, só começou a ser sistematizado num contexto científico a partir do final do século XVIII, com a sistematização do saber a partir da objetivação do homem, tornando-o o próprio campo de abordagens antropológicas (LAPLANTINE, 2003). A intenção deste trabalho de pesquisa foi analisar as relações que os estudantes de enfermagem têm com a disciplina de antropologia quando ainda estão 4 em formação acadêmica. Vale ressaltar que, neste processo formativo a história da antropologia no âmbito da medicina se confunde com a própria história da antropologia. Além de analisar a contribuição que essas várias escolas ofereceram para esse campo de estudo, aponta-se o impasse atual que se está nele se verificando considerando a dificuldade que algumas correntes sentem ao analisar o indivíduo a partir de um olhar segregador ou limitador de suas potencialidades (QUEIROZ; CANESQUI, 1986). Com base na intenção da pesquisa foram levantandas algumas questões norteadoras com a finalidade de comprovar a importância da antropologia no processo de formação do profissional de enfermagem, com destaque para busca de respostas sobre como o profissional de enfermagem pode utilizar o conhecimento construído acerca da disciplina de antropologia na sua prática profissional; como o estudante de enfermagem deve ser formado para que entenda, perceba e veja o ser humano em sua integralidade, cuidando do paciente e não somente da doença; e como pode ser possível oportunizar uma reflexão teórico-crítica em enfermagem acerca de um novo paradigma, tendo como ponto de partida as percepções geradas a partir da disciplina de antropologia de forma a contribuir para uma formação profissional que supere o modelo hospitalocêntrico. Assim, como forma de se chegar ao esclarecimento das questões acima estabelecidas objetivou-se analisar a percepção da disciplina de antropologia da saúde na formação dos acadêmicos de enfermagem. Secundariamente objetiva-se destacar a importância de uma formação crítica dos profissionais de enfermagem em relação à ciência/doença e o ser humano em sua integralidade e demosntrar que a qualidade do ensino pode ser melhorada com relação ao tema apresentado. 5 MATERIAL E MÉTODO O estudo foi fundamentado num método misto de pesquisa quantitativo e qualitativo e, no que se refere à questão qualitativa foram utilizadas bibliografias orientadas com o intuito de se extrair conceitos chaves acerca da importância da antropologia na formação dos profissionais de enfermagem, bem como sua evolução, características e generalidades. O estudo bibliográfico está classificado como o de leitura seletiva com o intuito de explorar os textos escolhidos e buscar informações específicas no que se refere ao objeto de pesquisa, com a intenção de sistematizar aspectos já apreendidos por diversos autores e aplicá-los à pesquisa. Contudo, também será utilizado o método quantitativo, observando que, além de pesquisas bibliográficas, periódicos e em bases de dados será, também, verificado o contexto relacionado à aplicação da antropologia na formação de profissionais de enfermagem. Segundo Richardson (1999, p. 189): “Existem diversos instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados para obter informações acerca de grupos sociais, o mais comum entre estes instrumentos talvez seja o questionário (...)”. “Geralmente, os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social”. A pretensão quando da utilização de um questionário é de quantificar informações (ou variáveis) e transformá-las em gráficos ou tabelas para possibilitar uma análise mais dinâmica e concreta das estatísticas porventura produzidas. Ainda de acordo com Richardson (1999, p. 124-125): “O coeficiente estatístico relevante nas escalas nominais é o número de casos, porém, uma vez que se tenham formado classes ou categorias com vários indivíduos pode-se determinar a classe mais numerosa, o modo e, sob certas condições, pode-se testar pelos métodos de contingência, as hipóteses concernentes à distribuição de casos entre as classes”. 6 A pesquisa que ora se apresenta é do tipo descritiva, ao passo que se dispõe a analisar, de forma mais aprofundada o possível o objeto em questão. Desta forma, segundo Vergara (2005, p. 47): “A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”. Caracterização da pesquisa O presente estudo se caracterizou como uma pesquisa de revisão de literatura com trabalho de campo, do tipo descritivo e de caráter exploratório, onde foi realizado um trabalho observacional da amostra. População e amostra A amostra do estudo foi composta por estudantes de ambos os sexos estudantes do oitavo semestre do curso de Enfermagem da faculdade ICESPPROMOVE, Águas Claras-DF. A amostra obedeceu ao seguinte critério de inclusão: estudantes de enfermagem do oitavo semestre que aceitarem participar da pesquisa através da resposta de questionário. O critério de exclusão se deu com base na recusa na participação da pesquisa. Local e período da pesquisa Realizou-se a pesquisa numa entidade de ensino superior, em Águas Claras-DF, no período pré-estabelecido num cronograma para a presente pesquisa. 7 Coleta de dados Para a coleta de dados e informações foram utilizados vários procedimentos metodológicos, tendo por base pesquisa em bibliografias referentes a livros, textos, artigos científicos e outros, além de aplicação de questionário com questões fechadas, bem como a realização de observações de campo. Análise de dados Os dados obtidos foram codificados, unificados, tabulados e organizados em tabelas e gráficos, para estatística descritiva simples, sendo analisado e discutido com base na literatura pertinente. REFERENCIAL TEÓRICO Assim como nas palavras de Esther Jean Langdon, em entrevista para a Revista Brasileira de Enfermagem, a antropologia estende seu olhar para os métodos ou procedimentos construídos a partir do coletivo e também leva muito em consideração a subjetividade contida no sujeito. Vale ressaltar que, como mecanismo de abordagem antropológica a narrativa é bastante utilizada para se conseguir embrenhar no vasto campo da subjetividade do indivíduo (BECKER et al., 2006). Neste aspecto a narrativa se constitui como um método conta com detalhes um determinado episódio ou evento, onde toda sua linha de raciocínio evidencia e assinala todo o desencadeamento dos acontecimentos em uma estrutura que respeita o princípio, o meio e o fim. Pode, neste sentido, descrever um passado bem distante que, por vezes está envolto em um contexto mítico ou pode descrever acontecimentos de uma história recente que envolve um indivíduo que está inserido num plano social coletivo (BOEHS, 2000). E é justamente por ser o homem um ser cultural, pois a cultura acaba por 8 influenciar todas as atitudes e atividades do indivíduo, sobretudo na sua maneira de pensar e de estabelecer relações entre pensamentos, de tomar decisões em ações individuais e coletivas, de articular seu comportamento diante de situações específicas, é que a antropologia se impõe como um importante segmento do conhecimento humano necessário e aplicável ao estudo de aspectos associados à saúde, neste caso específico a enfermagem numa perspectiva de formação do profissional, o qual será responsável por um comportamento moldado pelos padrões necessários e exigíveis para o cuidado (CORTEZ; TOCANTINS, 2006). Desta forma, associando a narrativa com o aspecto cultural inerente ao ser humano, o diálogo é um dos fatores mais importantes no processo do cuidar de enfermagem, pois o profissional em formação deve entender que é necessário escutar o que o paciente tem a dizer e não apenas olhar para o que o prontuário de atendimento está dizendo. Um trabalho humanizado quer dizer que ver o outro, enquanto paciente, não é o bastante, ou seja, é necessário enxergá-lo em suas várias instâncias, participar de suas angústias, saber de suas necessidades específicas que, em muitos casos, nem estão relacionadas com sua demanda patológica, mas suscitam cuidados e olhares mais abrangentes (CHAVES; MASSAROLLO, 2009). É muito importante relacionar a assistência de enfermagem, os cuidados paliativos a uma proposta cuidadora com características humanizadas. Não se deve entender tal assistência como uma obrigação, uma carga, mas como um processo dirigido com respeito e solidariedade. Vale ressaltar que um sem número de profissionais de enfermagem se vê desafiados na tentativa de promoção de uma assistência pautada na qualidade, sem, no entanto, deixar de lado a questão humana do cuidar (SANTANA et al., 2009). Num momento em que as exigências de saúde aumentam, é uma preocupação dominante para os enfermeiros exigir que o conhecimento da sua prática seja validado cientificamente. Para o Enfermeiro, é precisamente o ser humano, em toda a sua dimensão e vulnerabilidade, o objeto da sua prática profissional. Por isso, mais do que o seu saber e saber-fazer (conhecimentos técnicos e científicos), o enfermeiro deve também desenvolver o seu saber-ser e saber- estar tanto com ele mesmo, como na relação com o utente/doente (COSTA, 2011). 9 É preciso considerar que alguns tipos de patologias só podem ser explicados em sua integralidade ou mesmo entendidas em seu contexto se profissionais de enfermagem estiverem coadunados com a dimensão sociocultural que a mesma está inserida. Muitos relatos, ou melhor, dizendo, narrativas proferidas em estudos antropológicos relacionados ao âmbito da medicina mostram preocupação apenas em encontrar um método curativo que somente leva em consideração a experiência do indivíduo com a doença propriamente dita, dando explicações para corresponder a expectativas específicas que o paciente ou sua família ou comunidade porventura tenham. Neste ponto específico é que se deve dar um foco mais amplo no processo de formação do profissional de enfermagem no contexto do cuidado, fazendo-o entender as necessidades ‘globais’ do paciente, sobretudo no que diz respeito aos seus apelos emocionais (BÄCKSTRÖM, 2011). Fazer o profissional de enfermagem em formação entender que a narrativa da vida do paciente é um elemento de estrema valor e muita importância no processo de cuidar, pois vai dar subsídios para ajudá-lo a entender aspectos culturais inerentes a todos nós e, no caso também ao paciente, tais como crenças, valores, anseios etc. É, portanto, preciso entender e fazer entender que o cuidado ou a assistência de enfermagem está diretamente ligada às relações humanas, uma vez que lida de forma direta com uma especificidade de valores e crenças individuais de cada paciente (CHAVES, 2006). 10 Compreendendo que tal abordagem antropológica no processo de formação do profissional de enfermagem ou mesmo no processo do cuidar tem a capacidade de garantir aos profissionais de saúde entender as complexidades inerentes aos relacionamentos interpessoais e direcionar sua prática no dia a dia profissional com maior clareza, entendimento e aceitação do paciente, ou cliente doente, dando um toque pessoal ou particular no entendimento do processo e que o paciente se encontra inserido (IGOR, 2010). Portanto, conhecer os aspectos socioculturais permeados pela doença e narrados pelo paciente é de fundamental importância na prática cuidativa dos profissionais de enfermagem, pois terão a capacidade de entender como elementos culturais, tais como as crenças e valores, podem influenciar tanto na narrativa do paciente descrevendo suas queixas quanto na forma de compreender esta narrativa, o que irá influenciar de maneira decisiva no processo de cuidado (COSTA, 2011). A assistência de enfermagem pode ser entendida como o cuidado prestado ao paciente, sobretudo em unidades hospitalares. Tem uma associação direta com o manejo da dor, no cuidado de demandas específicas, entretanto há profissionais especificamente orientados e formados para este tipo de assistência. É preciso ressaltar que nesse momento onde, mesmo que o profissional de enfermagem deva estabelecer uma ligação íntima ou uma identificação com o paciente, ele aprende a desenvolver métodos psicológicos com a finalidade de se defender diante de tal envolvimento (SIMONI; SANTOS, 2003). Considerando tais preceitos parece contraditório falar em uma formação do profissional de enfermagem com bases antropológicas, todavia, “O modo como o enfermeiro representa a problemática da saúde e da doença poderá revelar se essa problemática se mostra culturalmente competente e/ou politicamente conforme. [...] É por isso que é tão importante perceber que modelos são elaborados para interpretar o fulcro problemático da ação do cuidar, que, a meu ver, é formado pela diferença e/ou pela identidade que se estabelece entre a saúde e a doença” (COSTA, 2011, p. 8). Hoje em dia é preciso levar vários aspectos culturais em consideração quando o assunto é o cuidar e um aspecto muito relevante está associado à diversidade cultural. Essa diversidade instiga a lançar novos olhares e calcular novas 11 práticas inerentes ao cuidade de saúde buscando sempre uma coerência neste processo cuidativo, considerando sempre uma prática coordenada e não isenta dos contextos individualizados e socioculturais dos pacientes. Urge entender, desse modo, que tanto a cultura quanto o entendimento das diversidades culturais irão oferecer o melhor caminho ou adequações para uma prática que leve em consideração as necessidades integrais de uma sociedade veementemente contemporânea. Sem dúvida não há que contextar que desafios são constantes e integram uma rede de discussões saudável para a formação do profissional de enfermagem, pois estes acabam tendo que entender que é necessário estar sintonizado com elementos transculturais, interculturais e/ou mesmo multiculturais, tal como a capacidade de conviver e respeitar as diferenças alheias (NUNES; RAMOS, 2011). As mesmas autoras ainda enfatizam que “conhecemos pouco sobre os outros, sobretudo o outro doente e o nosso etnocentrismo, [...], pode levar-nos a não valorizar convenientemente alguns aspectos identitários e comportamentais”, o que pode ocasionar um aumento da dor, além de provocar profundas marcas àqueles entregures aos cuidados de um profissional com tal perfil (NUNES; RAMOS, 2011, p. 75). Assim, é preciso entender a necessidade de que o processo comunicativo entre os pacientes e profissionais de enfermagem deve abranger várias formas de linguagem, sobretudo a não verbal, devendo esse profissional estar preparado para ouvir, sentir e perceber as necessidades e intenções do paciente. Quando um enfermeiro se encontra apto para se comunicar de várias formas, ele tem a capacidade de diminuir o sofrimento oriundo da internação, bem como pode facilitar o processo avaliativo da assistência de enfermagem (SILVA, 2003). É bom destacar que as ações de assistência de enfermagem ligada ao caráter humanístico e terapia paliativa vão além da prática de certos procedimentos técnicos. Pequenas ações na assistência de enfermagem, tais como um toque, um determinado carinho, trazem apreciações de atitudes e momentos de relativo prazer por parte do paciente. Isso promove um aumento na qualidade de vida que ainda resta para si. (CARVALHO; MERIGHI, 2005). Ainda nessa linha de argumentação é muito importante para os profissionais de enfermagem que promovem a assistência a pacientes, sobretudo 12 em estado grave, possuírem conhecimentos além de sua área profissional, tais como filosofia, sociologia e, sobretudo antropologia. Nesse sentido devem possuir habilidade para proceder ao cuidado do tratamento da dor, não aquela física somente, mas também a dor espiritual e a dor emocional (RODRIGUES; ZAGO, 2003). É comum observar entre enfermeiros o entendimento de que o paciente em estado grave é merecedor de um cuidado duradouro e contínuo, uma vez que se apresenta como um paciente diferencial, que não depende de suas capacidades terapêuticas. Esse entendimento deve estar compreendido desde as ações e simples rotinas até uma assistência mais específica e complexa que possa possibilitar uma qualidade no cuidado (CHAVES, 2006). Em pesquisa realizada por Araújo (2006), num universo de 39 pacientes terminais, revelou-se que tais pacientes tinham o desejo de serem tratados com o máximo de humanidade uma vez que, além da dor física, eram detentores de problemas de cunho existencial e outras necessidades humanas básicas, principalmente no tocante a relacionamentos pessoais e familiares. Nesse sentido é preciso destacar que o conceito de humanização ou cuidado holístico aponta para uma relação de troca e mudança de valores não apenas no ambiente profissional, mas também nas relações interpessoais através da percepção de que todo e qualquer indivíduo é um ser constituído de relações, uma vez que em se tratando de humanização do cuidado do paciente, isso só ocorre porque se tem a consciência das influências socioculturais (SANTANA et al., 2009). Com base nesse processo de assistência de enfermagem humanizador, “É preciso resgatar de forma mais ampla o valor do cuidado que ficou em segundo plano ante a busca da cura das doenças, e que num sentido mais amplo, abrange aspectos humanos, espirituais e sociais. Estes cuidados são necessários à reabilitação dos pacientes, para que possam conviver com suas limitações, ou seja, mesmo que eles não tenham possibilidade terapêutica de cura clínica, que possam ter a sua condição de ser humano e ser social ativo, não apenas na dimensão biológica” (CHAVES; MASSAROLLO, 2009, p. 31). Uma assistência de enfermagem caracterizada pela dignidade e humanização, que vá além das possibilidades tecnológicas aplicadas nos pacientes 13 terminais é imbuída de outras características, conforme aponta Zoboli (2003, p. 38): “[...] o cuidar é mais que um ato ou momento de atenção, zelo e desvelo. É uma atitude. E por atitude, nessa situação, entende-se a fonte geradora de muitos atos que expressam a preocupação, a responsabilização radical e a aproximação vincular com o outro. Cuidar, portanto, configura uma atitude que possibilita a sensibilidade para com a experiência humana, reconhecendo o outro como pessoa e sujeito”. Assim, tal reconhecimento e sensibilidade com o próximo deve estar presente na prática de todo e qualquer profissional, não apenas na prática do enfermeiro. Mas deve ainda ser mais presente na assistência de enfermagem do paciente terminal, pois este se encontra por de mais fragilizado em decorrência de vários motivos, e o principal deles é a sua própria condição de saúde. 14 RESULTADOS De acordo com a aplicação do questionário os resultados da pesquisa podem ser observados nos gráficos a seguir. Ao ser questionado sobre a consideração acerca do processo pedagógico da instituição, no que diz respeito sobre sua crença sobre se o estudo da disciplina de antropologia pode formar um profissional mais crítico em relação a sua assistência de enfermagem, a população respondeu o seguinte: Gráfico 1 36% Sim Não 64% Fonte: Pesquisa das autoras (2013). Os acadêmicos do oitavo semestre ao serem questionados sobre a importância da disciplina de antropologia foram enfáticos na resposta, com 64% afirmando a importância e 36% negando-a. 15 Gráfico 2 8% Sim Não 92% Fonte: Pesquisa das autoras (2013). Ao serem questionados se acreditam que o conhecimento adquirido com a disciplina de antropologia pode ser aplicado no desenvolvimento das atividades de enfermagem a grande maioria, com 92% do total, respondeu que sim e apenas 8% responderam que não. Gráfico 3 44% Sim 56% Fonte: Pesquisa das autoras (2013). Não 16 Em relação ao questionamento, tomando por base o conteúdo ministrado em antropologia, se sente preparado para atuar conforme as propostas do SUS e a realidade social/capitalista que atualmente a área da saúde se encontra percebe-se que a maioria respondeu que não se encontra preparada, com 56% da resposta. Aqueles que se dizem preparados correspondem a 44% da amostra. Gráfico 4 42% Adaptando de acordo com o ambiente Utilizando metodologias diferenciadas 50% Trabalhando em grupo 8% Fonte: Pesquisa das autoras (2013). Em questionamento sobre qual procedimento tem adotado em estágio para tornar a sua assistência mais crítica e humanizada 42% responderam que estão se adaptando de acordo com o ambiente, 8% estão utilizando metodologias diferenciadas e 50% trabalhando em grupo. Ninguém admitiu estar trabalhando individualmente. 17 Gráfico 5 5% Sim Não 95% Fonte: Pesquisa das autoras (2013). Quando questionados se a disciplina de antropologia pode influenciar o profissional de enfermagem no sentido de fazê-lo ter uma visão holística e mais crítica acerca do cuidado em enfermagem, 95% foram enfáticos em dizer que sim, ao passo que apenas 5% da amostra disse que não. Gráfico 6 1% Sim Não 99% Fonte: Pesquisa das autoras (2013). 18 Sobre o questionamento se a pessoa considera que para que o paciente receba uma assistência de enfermagem humanizada é necessário enxergá-lo em suas várias instâncias, participar de suas angústias, saber de suas necessidades específicas que, em muitos casos nem estão relacionadas com sua demanda patológica 99% disseram que sim e apenas 1% disse que não. DISCUSSÃO Entende-se de grande importância a ministração da disciplina de antropologia em cursos da área de saúde, destacando a enfermagem pela sua importância no processo de cuidado e relação com o paciente ou ente cuidado. Essa disciplina, conforme pode ser verificado na sua estrutura ementária revela preocupação expressa com o alargamento do conhecimento acerca do sujeito que se coloca na posição de cuidado. Ressalta-se que um dos elementos básicos constituintes da disciplina de antropologia é justamente a busca pela compreensão do ser humano em sua integralidade e instâncias, mostrando-se completamente compatível com a conceituação de humanização (RABUSKE, 2003). Os conteúdos antropológicos aplicados no âmbito acadêmico, sobretudo aqueles sistematizados a partir de literatura científica e bibliografias clássicas geralmente oferece uma espécie de modelo etiológico, com esquematizações explicativas e modelos terapêuticos de modo que seja interpretado em conformidade com as demandas ou respostas de pacientes inseridos num contexto de cuidado ou de saúde-doença. Interessante ressaltar que através de tais esquemas é possível acessar a natureza das representações e valores constituídos de forma sociais pelos sujeitos que se encontram adoecidos (LAPLANTINE, 2004). Muito pertinente salientar que sendo consenso nas abordagens antropológicas acerca de saúde e doença, que no âmbito dos trabalhadores o processo de adoecimento só é levado em consideração e interpretado na sua amplitude e, consequentemente tratado se tal processo trouxer algum tipo de incapacitação que tire o indivíduo do seu circuito social, ainda que temporariamente, ressaltando o papel do trabalho neste contexto. Tal conceito é esclarecedor, pois a incapacitação física traz outras constantes alienantes, como a dificuldade de cuidar 19 da família e manter o status social, trazendo ao indivíduo um veemente sofrimento (MELO et al., 2011). E o elemento terminológico sofrimento é bastante tratado e discutido no âmbito disciplinar da Antropologia, considerando neste aspecto o sofrimento como elemento que constitui o próprio mundo social, estando às análises antropológicas debruçadas sobre o estudo de sociedades e culturas no que se refere ao processo de adoecimento, estabelecendo sua associação com as normatizações sociais, inclusive relacionando ética, moral e cultura no processo de cuidar. Este sofrimento pode ser entendido e interpretado de várias formas, tal como a própria disciplina sugere, ou seja, trata-se de uma desordem orgânica, aflição, perturbações que, invariavelmente acometem e transtornam a vida da pessoa doente (VICTORA, 2011). E é por isso que tantos estudantes e profissionais se sentem influenciados pela Antropologia, tal como pôde ser observado nos resultados da presente pesquisa. Percebe-se que tanto nas atividades de assistência ou cuidado e pesquisa, ao se entrar em contato com o doente fragilizado, sôfrego, percebe-se uma narrativa que vai além da anamnese e especificidades do seu processo de adoecimento. E é justamente onde reside a importância da Antropologia na formação dos profissionais de enfermagem, pois sabe-se que todas as informações obtidas junto aos doentes devem ser contextualizadas de acordo com a realidade de quem narra, obrigando o entrevistador a compreender sua narrativa e, para isso deve-se colocar numa posição de compreensão da realidade do entrevistado. Ou seja, “na antropologia, as narrativas sempre foram consideradas como a principal expressão usada pelas pessoas para contarem suas sagas coletivas ou individuais (conquistas, derrotas, dramas pessoais, alegrias, aflições) (SILVA; TRENTINI, 2002, p. 424)”. O olhar antropológico em qualquer área do conhecimento, mas com ênfase no âmbito da Enfermagem, exige uma postura livre de julgamentos ou preconceitos diante da diversidade, especialmente sob o ponto de vista étnicocultural, obrigando o profissional de enfermagem a adaptar seus próprios valores e conhecimentos de modo a expressar sua percepção de mundo de forma a orientar suas práticas para que compreenda as necessidades e anseios do outro e aprimore sua prática do cuidar (LANGDON; WIIK, 2010). 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na ementa analisada observou-se que a mesma é descrita, também, como ciência aplicada à saúde, compreendendo-se que, neste sentido também se aplica à Enfermagem. Sendo aplicada no primeiro semestre e com carga horária de 40 horas verificou-se que seus objetivos e conteúdo contempla a abordagem das dimensões constituintes do conceito de cuidado e humanização, dando direcionamento para um acolhimento aprimorado dos pacientes residentes em uma determinada realidade demandante de atenção e cuidados. Tal entendimento coligado com a disposição teórica disponibilizada através do conteúdo programático ressaltando, entretanto a ausência deste contexto uma especificidade relacionada a um compartilhamento de referenciais teóricos, ainda assim sugere uma estreita relação com as especificidades da enfermagem e seus conteúdos teórico-práticos relacionados com o cuidado e humanização aplicada a uma realidade assistencial específica. Estabelecendo uma comparação com a ementa utilizada como parâmetro comparativo para o desenvolvimento da presente pesquisa é necessário salientar que, muito embora tal ementa tenha se auto descrito como ciência da saúde, subentendendo-se como ciência também aplicada à enfermagem e com apresentação de carga horária meramente teórica, sem contemplação de atividades ou conversões práticas, é perfeitamente viável sua aplicação no âmbito da humanização considerando-se uma realidade in loco através de reflexões a partir dos conteúdos abordados em sala de aula. Não se está sugerindo uma aplicação direta na prática de enfermagem, mas que seja levando em consideração o conhecimento apreendido e incorporado na assistência, observando princípios básicos como humanização e cuidado no desenvolvimento do trabalho no âmbito da enfermagem. Há ainda que se ressaltar sobre a vivência nos estágios através da disciplina de antropologia. O que houve, não raras vezes, é que não há nenhuma aplicabilidade prática dos elementos disciplinares antropológicos no dia a dia do profissional de enfermagem, o que, a nosso ver está muito errado. Acreditamos que é justamente através da antropologia que conseguimos ampliar a visão holística do 21 cuidado, tanto no que diz respeito ao aspecto biopsicossocial quanto espiritual. Essa visão holística do cuidar, cremos veementemente, é, em grande parte moldada pelos conhecimentos construídos a partir da disciplina de antropologia e isso nos faz profissionais preocupados com o ser cuidado, fazendonos mais preparados para compreendê-lo em suas várias instâncias. 22 REFERÊNCIAS ARAÚJO, M.M.T. Quando “uma palavra de carinho conforma mais que um medicamento”: necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos. São Paulo: Escola de Enfermagem da USP, 2006. (Dissertação de Mestrado). BÄCKSTRÖM, B. O olhar da comunidade cabo-verdiana em Lisboa sobre a saúde e a doença. Rev. Eletr. De Com. Inf. Inov. Saúde, v. 5, n. 4, p. 45-53, 2011. BECKER, S. G. et al. Dialogando sobre o processo saúde/doença com a antropologia: entrevista com Esther Jean Langdon. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, n. 2, p. 323-6, 2006. BOEHS, A. E. A narrativa no mundo dos que cuidam e são cuidados. Rev. Latinoam. Enfermagem, v. 8, n. 3, p. 5-10, 2005. CARVALHO, M.V.B.; MERIGHI, M.A.B. O cuidar no processo de morrer na percepção de mulher com câncer: uma atitude fenomenológica. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, 2005. CHAVES, A.A.B.; MASSAROLLO, M.C.K.B. Percepção de enfermeiros sobre dilemas éticos relacionados a pacientes terminais em Unidades de Terapia Intensiva. Rev Esc Enferm USP, v. 43, n. 1, 2009. CHAVES, A.A.B. Percepção de enfermeiros sobre dilemas éticos relacionados a pacientes terminais em Unidade de Terapia Intensiva. São Paulo: USP, 2006. (Dissertação de Mestrado). CORTEZ, E. A.; TOCANTINS, F. R. Em busca de uma visão antropológica no Programa de Saúde da Família. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 59, n. 6, p. 800-4, 2006. COSTA, J. C. P. As representações biomédicas da saúde e da doença tidas pelos enfermeiros no contexto multicultural da prestação de cuidados da UCCI da Santa Casa da Misericórdia de Portimão. Lisboa: Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, 2011. [Dissertação de Mestrado]. IGOR, E. Formação da identidade profissional de enfermagem: uma reflexão teórica. Estudos e Pesquisas em Psicologia, ano 10, n. 3, p. 967-71, 2010. 23 LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. NUNES, M. N.; RAMOS, N. Cuidar em contexto de diversidade cultura: representações e vivências do corpo em diferentes culturas. Rev. Eletr. De Com. Inf. Inov. Saúde, v. 5, n. 4, p. 70-86. QUEIROZ, M. S.; CANESQUI, A. M. Antropologia da medicina: uma revisão teórica. Revista Saúde Pública, v. 20, n. 2, p. 152-164, 1986. RODRIGUES, I.G.; ZAGO, M.M.F. 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Rev Estima, v. 1, n. 1, 2003. 24 APENDICE APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ENTREVISTA PARA A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Este questionário faz parte do estudo das alunas Rute Gonçalves da Cunha e Sandra Maria Helena Evangelista que estão realizando como pré-requisitos a sua graduação em Bacharel em Enfermagem, na FACULDADE PROMOVE em 2013, e tem por objetivo identificar “A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM”. Para tanto, solicito a sua colaboração no preenchimento do questionário. Rute Gonçalves da Cunha; Sandra Maria Helena Evangelista. Questão 1 1) Considerando o processo pedagógico da instituição, você acredita que o estudo da disciplina de antropologia pode formar um profissional mais crítico em relação a sua assistência de enfermagem? Questão 2 2) Você acredita que o conhecimento adquirido com a disciplina de Antropologia pode ser aplicado no desenvolvimento das atividades de enfermagem? Questão 3 3) Conforme o conteúdo ministrado em antropologia, você se sente preparada (o) para atuar conforme as propostas do SUS e a realidade social/capitalista, que hoje a área da saúde se encontra? Questão 4 4) Qual procedimento você tem adotado em estágio para tornar a sua assistência mais crítica e humanizada? ( ) Adaptando de acordo com o ambiente ( ) Trabalhando em grupo ( ) Utilizando metodologias diferenciadas ( ) Trabalhando individualmente Questão 5 5) A disciplina de Antropologia pode influenciar o profissional de enfermagem no 25 sentido de fazê-lo ter uma visão holística e mais crítica acerca do cuidado? Questão 6 6) Você considera que para que o paciente receba uma assistência de enfermagem humanizada é necessário enxergá-lo em suas várias instâncias, participar de suas angústias, saber de suas necessidades específicas que, em muitos casos, nem estão relacionadas com sua demanda patológica. 26 ANEXO EMENTA DA DISCIPLINA ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA APLICADA A SAÚDE DISCIPLINA PROFESSOR CARGA HORÁRIA TOTAL 40 Curso de Enfermagem PLANO DE ENSINO Antropologia e Sociologia Aplicada à Saúde Luis Carlos Schneider TURMA SEMANAL 1º Semestre Matutino Turma I 2 EMENTA SEMESTRE 1º/2013 Sociologia aplicada à Saúde. Antropologia aplicada à Saúde. Enfermeiro e as ciências sociais. Estudo sobre as condições sócio-culturais e de saúde envolvendo as minorias raciais. OBJETIVO GERAL Desenvolver o ensino reflexivo dos impactos causados pelo desenvolvimento biológico e cultural do homem na história. Permitir análise dos aspectos sociais e humanos relacionados ao favorecimento da saúde. Explanar sobre as ideologias, a visão de homem e do modelo de prestação de assistência à saúde sob a ótica capitalista moderno. Situar o aluno a identificar as influências ideológicas, sociológicas e antropológicas no Cuidado de Enfermagem. ESPECÍFICOS Ao término da disciplina o aluno deverá: a) Compreender as relações do Homem em sociedade, cultura, poder e regimes políticos, relação das minorias étnicas raciais com a saúde; b) Saber contextualizar o processo saúde/doença; c) Compreender a construção social do modelo de assistência à saúde; d) Compreender a dinâmica das relações complexas das estruturas antropológicas na construção do ?ser? social; e) Compreender e associar os conceitos da ciência cognitiva e neurociência com os conceitos da antropologia; f) Compreender o papel social do corpo na política e no poder e suas implicações no processo saúde/doença; e g) Estabelecer as ligações e correlações dos conhecimentos adquiridos com a prática profissional e o modo de vida. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE I: SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE a) Sociologia e as relações de interdependência para com a saúde. b) Construção social do Homem. c) O ser e fazer humanos. d) O Homem como fruto e construtor do meio onde vive. e) Sociologia médica e Sociologia da Saúde. f) Sociologia da saúde e a reforma sanitária. UNIDADE II: ANTROPOLOGIA APLICADA À SAUDE a) O estudo do Homem por inteiro. b) Corporeidade: usos e narrativas sociais do corpo. c) Relações Cérebro/Mente/Cultura e Representações Sociais. d) Mitos e lendas sobre saúde e doença. e) Medicina popular e medicina científica. UNIDADE III: O ENFERMEIRO E AS CIÊNCIAS SOCIAIS a) Implicações teórico/práticas para a formação profissional. b) Responsabilidade social e cidadania na abordagem profissional ao atender e compreender o universo das minorias étnico-raciais de populações minoritárias. c) Implicações sociais nas políticas públicas de saúde. METODOLOGIA COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Facilitar a apropriação, pelo educando, das seguintes competências e habilidades: - Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicações das Ciências 27 Sociais, amparadas nos vários paradigmas teóricos, e as do senso comum. - produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observações e reflexões realizadas; - construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana, ampliando a ?visão de mundo? e o ?horizonte de expectativas?, nas relações interpessoais com os vários grupos sociais; - Compreender o processo saúde doença como fenômeno social e ser capaz de argumentar sobre o tema. ESTRATÉGIA DE ENSINO: Aprender a ser, conviver, conhecer e fazer são os quatro pilares do Paradigma de Desenvolvimento Humano e a fundamentação didático/pedagógica da disciplina. Atendendo esta fundamentação, as aulas são voltadas para a reflexão, análise e crítica pelos estudantes, de maneira que, compreendam e assimilem os conceitos e sejam capazes de formular uma síntese. As aulas são sempre dialogadas e reforçadas com recursos audiovisuais. Fazer pensar, refletir, expressar o pensamento, compreender e relacionar o conteúdo da disciplina com seu mundo particular e o futuro profissional é a principal estratégia de aprendizado. Para o protagonismo e construção de seu próprio processo de aprendizado, são criadas situações de estímulo aos estudantes tais como: facilitar sua expressão, estimular seu raciocínio, expressar sua criatividade, assumir responsabilidades e desenvolver a autodisciplina. Para tanto, as aulas são fundamentadas na pedagogia ativa com contextualização e problematizarão sobre o conteúdo. Cada aluno terá um portfólio com material de pesquisa, anotações próprias e respostas de questionários pertinentes a cada tema. Serão realizados seminário e trabalhos em grupo com roda de análise. ESTRUTURA DE APOIO Retroprojetor; Datashow;Televisão e DVD;CD-ROM;Internet;Pesquisa Bibliográfica;Filmes temáticos.