Banco estrangeiro reforça aposta em ações brasileiras

Propaganda
Imprimir ()
02/08/2016 ­ 05:00
Banco estrangeiro reforça aposta em ações brasileiras
Por Aline Cury Zampieri
Mariscal, do UBS: Brasil oferece interessantes oportunidades de investimento
Estrategistas de bancos estrangeiros têm reforçado as recomendações otimistas para o mercado de ações brasileiro, a
despeito de o Ibovespa já acumular alta de 30,92% neste ano. Os especialistas ainda veem espaço para ganhos, baseados
sobretudo na percepção de que a economia atingiu seu pior nível e que os lucros das empresas devem melhorar. A
expectativa de continuidade do fluxo externo para o país também ajuda nas previsões.
UBS, Citi, Bank of America Merril Lynch (BofA) e J.P. Morgan estão com posição "acima da média do mercado"
(overweight) para as ações brasileiras. E o Credit Suisse acaba de elevar sua recomendação, passando de abaixo da média
do mercado ("underweight") para em linha com o mercado ("market weight").
Além da melhora nas projeções para os lucros e da forte liquidez global, os preços mais altos de commodities justificam as
apostas. O UBS decidiu elevar de "neutra" para "acima da média" a recomendação para mercados emergentes de ações em
seu portfólio global ­ e o Brasil está entre os países preferidos no grupo.
Jorge Mariscal, diretor de investimento de mercados emergentes da UBS Wealth Management, diz que as condições para
os emergentes melhoraram não apenas porque bancos centrais mundiais reafirmaram seu comprometimento com uma
abundância de liquidez, mas também porque países importantes para a economia global estão exibindo fundamentos
positivos, como a produção industrial e o Produto Interno Bruto (PIB) da China mostram. Nos EUA, indicadores têm
sugerido que a economia continua a se expandir de maneira forte o suficiente para conter as preocupações em relação a
uma recessão, mas não ainda para elevar as expectativas sobre um aperto iminente de juros no país.
A despeito dos ganhos acumulados pelo Ibovespa, Mariscal diz não acreditar que o mercado esteja caro. "Está justamente
valorizado", afirma. Mas como a recomendação de comprar mais ações do Brasil se baseia em expectativa de crescimento
de lucros, o mercado ainda tem espaço para ser reavaliado e subir.
O especialista espera que o segundo semestre mostre uma melhoria visível na atividade econômica brasileira. Nesse
contexto, Mariscal continua a acreditar que o Brasil oferece algumas das mais interessantes oportunidades de
investimento entre os emergentes. Quedas de taxas de juros e da inflação, em particular, devem reduzir o custo de capital.
Essa queda no custo de capital levou o Credit Suisse a elevar a recomendação para Brasil. O estrategista­chefe de análise
de ações para a América Latina do banco, Andrew Campbell, elevou o preço­alvo para o Ibovespa no ano de 50 mil pontos
para 60 mil pontos ­ o índice fechou ontem aos 56.756 pontos.
A melhora do cenário derrubou o CDS (espécie de seguro contra calote) do Brasil, de cerca de 500 pontos­base no começo
do ano para 299 pontos. Essa pontuação indica a percepção de risco dos investidores em relação a um país. Quanto maior
a pontuação, mais elevado o temor de que o país deixe de pagar sua dívida. Uma queda de mais 100 pontos­base no CDS
do Brasil poderia levar o Ibovespa aos 70 mil pontos, mas esse cenário é improvável no curto prazo, afirma o estrategista.
Esses níveis colocariam o Brasil ao lado de países com grau de investimento novamente, mas ele diz que a relação entre a
dívida bruta e o PIB ainda está alta. Além disso, a agenda de reformas do governo, embora positiva, ainda enfrenta riscos
de aprovação e implementação e a incerteza política pode crescer no médio prazo, já que haverá eleições em 2018.
Também há dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia brasileira.
BofA e J.P. Morgan elevaram Brasil para "overweigth" há mais tempo, em março. No BofA, o estrategista de ações para
América Latina, Felipe Hirai, disse que segue com a visão positiva, a despeito do preço dos ativos. Ele comenta que ainda
há possibilidade de ingresso de fluxo para o país, já que os recursos que chegaram até agora foram parte de uma alocação
destinada a emergentes em geral, e não só a fundos dedicados a Brasil ou para fundos locais. Segundo o estrategista, até
agora os fundos de ações ainda não reduziram muito seu caixa e os multimercados não ampliaram muito o espaço em
ações.
Em relatório, o Citi reafirma estar otimista com as ações brasileiras. Além de projeções melhores para lucros, a casa diz
que os Jogos Olímpicos podem ajudar. Segundo o Citi, nas últimas cinco Olimpíadas, todos os países que sediaram os
jogos tiveram performance em bolsa melhor que o mercado global nos 12 meses seguintes. A exceção ficou com o Reino
Unido, que quebrou o padrão. Para o Citi, o Brasil terá mais atenção de investidores durante os jogos.
Leia mais em Ações de siderurgia têm recuperação
Download