Força eletromotriz induzida Tiago de Almeida FIS01182 – Física II-C – Departamento de Física Universidade Federal do Rio Grande do Sul e-mail: [email protected] Resumo. Este relatório tem como objetivo demonstrar os resultados obtidos no experimento de força eletromotriz induzida. Neste experimento, basicamente duas experiências são feitas. Na primeira, mede-se a corrente induzida em uma bobina, cujo interior recebe uma variação de fluxo magnético. Tal variação é provocada por uma ímã permanente e por outra bobina ligada à uma fonte de tensão. Na segunda experiência, alinha-se duas bobinas, estando uma delas ligada à uma fonte de tensão alternada. Observa-se então a variação da f.e.m. induzida na outra bobina, dependendo da distância entre elas. Palavras chave: f.e.m. induzida, indução eletromagnética, fluxo magnético, variação de fluxo Introdução Estes experimentos demonstram resultados concretos para a teoria do fenômeno de indução eletromagnética. Basicamente, a Lei de Faraday e a Lei de Lenz oferecem a base teórica de conhecimento para entender os resultados obtidos nestes experimentos. Como sabe-se da Lei de Faraday, quando o fluxo magnético interno a uma expira varia, uma força eletromotriz é induzida nesta expira. Esta f.e.m. é responsável por fazer surgir uma corrente induzida na espira. Tal f.e.m. e corrente são conseqüências absolutas apenas da variação do campo magnético, e não de sua intensidade. Quando o campo existe, mas é constante, nenhum destes fenômenos pode ser observado na espira. A Lei de Lenz, por sua vez, fornece o sentido da corrente induzida na espira. Tal corrente produz um campo magnético que se opõe ao campo que a induz. Portanto, seu sentido deve ser correspondente a este campo opositor. Dois procedimentos são realizados, ambos envolvendo a indução de f.e.m. em bobinas, por variação de fluxo magnético. Bobinas são usadas, ao invés de simples espiras, para tornar mais perceptível a obtenção dos resultados. Para tais procedimentos, também são usados alguns outros instrumentos, como um galvanômetro, um ímã permanente, um interruptor, uma fonte de tensão, um voltímetro e um núcleo de ferro. As bobinas usadas são uma de 500 e outra de 1000 espiras. Procedimentos experimentais e seus resultados Primeiro Procedimento Neste experimento observa-se a indução de uma corrente em uma bobina, devido à variação de fluxo magnético em seu interior. Para tal, conecta-se às extremidades da bobina de 1000 espiras um galvanômetro, afim de medir a corrente que passa pelas suas espiras. Então, aproxima-se um ímã permanente, alinhado ao núcleo da bobina, cada vez mais perto do mesmo. Com o movimento do ímã pode-se observar uma corrente induzida sendo indicada no galvanômetro. Na Figura 1, pode-se visualizar as linhas de campo do ímã entrando no interior da bobina, e assim verificar a variação da densidade das mesmas dentro da bobina. Essa variação de densidade de linhas de campo demonstra a variação do módulo do campo magnético dentro da bobina e, através da Lei de Faraday, explica o surgimento de uma corrente. Figura 1: Indução de uma f.e.m. na bobina através do movimento de um ímã. O movimento relativo do ímã em relação à bobina (se aproximando ou se afastando), assim como a sua orientação, comandam o sentido da corrente induzida na bobina. De acordo com a Lei de Lenz, quando o ímã se aproxima com o pólo norte direcionado para a bobina, há uma variação positiva do campo entrando na bobina. Portanto, um campo contrário (para fora) surge na bobina, e a corrente induzida corresponde a esse campo. Quando o ímã é afastado, o campo e a corrente induzida mudam de sentido. Ainda, a velocidade com que o ímã é movimentado afeta a velocidade com que o fluxo magnético varia dentro da bobina, portanto afeta a f.e.m. induzida. Como segundo passo do primeiro procedimento, usa-se outra fonte de campo magnético. Ao invés do íma, usa-se a bobina de 500 espiras, ligada à uma fonte tensão, e um interruptor. Alinhando os núcleos das bobinas, aproxima-se as duas, observado-se os resultados. A corrente que passa pela bobina de 500 espiras produz um campo magnético nela. Esse campo magnético é que agora é usado para induzir um campo contrário e uma f.e.m. na bobina de 1000 espiras. Porém, esse campo varia apenas nos rápidos momentos em que liga-se ou desliga-se o interruptor. Nos demais momentos, ele permanece constante (ligado ou desligado). Portanto, há variações de fluxos magnéticos na bobina alimentada apenas nesses momentos, quando a bobina de 1000 espiras registra uma corrente induzida. Na Figura 2, pode-se visualizar as linhas de campo passando por dentro da bobina alimentada, e saindo para fora da mesma. Aproximando-se as bobinas, pode-se verificar as linhas de campo interagindo com a outra bobina. Quanto mais perto, maior a densidade de linhas de campo que entram na outra bobina. Essas linhas de campo representam a intensidade do campo magnético criado pela bobina de 500 espiras. Nos momentos em que se liga ou desliga a corrente nessa bobina, um campo contrário a esse surge na bobina de 1000 espiras, e a corrente nesta corresponde a esse campo. Quanto mais perto estão as bobinas, maior é o campo induzido, e maior é a corrente induzida observada no galvanômetro. Segundo procedimento Neste experimento, observa-se como uma bobina alimentada por uma corrente alternada e seu campo magnético induzem uma f.e.m. em outra bobina, variando de acordo com a distância entre elas (alinhadas pelo núcleo). Liga-se a bobina de 500 espiras (contendo o núcleo de ferro em seu interior) em uma fonte de corrente alternada, regulada para fornecer uma tensão de 6V. O núcleo de ferro não deve sobressair o lado da bobina voltado para a outra bobina. Na segunda bobina (1000 espiras), liga-se um voltímetro, regulado para escala 2V. O esquema de montagem pode ser visto na Figura 3. Figura 3: Esquema de montagem do segundo procedimento do experimento. A corrente que alimenta a primeira bobina é alternada. Consequentemente, o campo magnético criado na bobina também se alterna, na mesma frequência da corrente. Isso faz com que o campo esteja variando constantemente. Essa variação induz uma f.e.m. na segunda bobina, que se encontra perto da primeira. Quantos mais perto estão as bobinas, maior é a intensidade da variação do fluxo de campo magnético a que está exposta a segunda bobina e, portanto, maior é a f.e.m. induzida nesta. Para fins de medição, coloca-se inicialmente as duas bobinas encostadas uma na outra. Isso faz com que a distância entre seus núcleos seja 8,2 cm. Neste arranjo, espera-se encontrar o maior valor para a f.e.m. induzida. As demais distâncias arranjadas e correspondentes valores de f.e.m. encontrados encontram-se na Tabela I. Tabela I: f.e.m. induzida medida para cada distância entre as bobinas. Figura 2: Indução de uma f.e.m. através do surgimento de uma corrente em uma bobina próxima. Como última parte deste procedimento, colocase um núcleo de ferro dentro da bobina alimentada de 500 espiras. Os resultados observado são semelhantes ao anteriores, porém com maio intensidade. O núcleo de ferro presente na bobina alimentada tem a propriedade de aumentar o campo magnético criado nessa bobina. Portanto, quando liga-se o circuito desta, a variação de fluxo magnética é maior, e acaba induzindo uma f.e.m. maior na outra bobina. D (cm) 8,2 9,2 10,2 11,2 12,2 14,2 16,2 20,2 25,2 30,2 40,2 50,2 60,2 ε induzida (mV) 1400 1060 786 593 462 287 190 101 93 33 13 7 3 Como esperado, o maior valor (1,4V) foi encontrado no arranjo em que as bobinas estão encostadas. Quanto mais afasta-se as bobinas, menor é a intensidade do fluxo magnético que varia dentro da segunda bobina e, portanto, menor é a f.e.m. induzida nesta. Segundo a teoria, a relação entre os valores encontrados e as distâncias ajustadas respeita a seguinte equação: ε induzida = c . d n (1) Onde ε induzida é a f.e.m. medida pelo voltímetro, d é a distância entre os centros das bobinas, e c e n são constantes a serem determinadas. Aplicando logaritmo natural na equação, e substituindo os valores encontrados (e apresentados na Tabela II), encontramos os seguintes valores para as constantes: Substituindo ainda, os valores das constantes na Eq. 1, obtém-se a equação final: ε induzida = 709,38 . d n = -2,9 c = 709,38 ln(ε induzida) = n ln(d) + ln(c) Figura 4: Gráfico que relaciona ln(d) e ln(ε induzida). (2) -2,9 (3) Esta equação fornece o valor da f.e.m. induzida para qualquer distância entre os centros das bobinas. Conclusão Tabela II: Logaritmos naturais dos valores encontrados. ln(d) 2,104 2,219 2,322 2,416 2,501 2,653 2,785 3,005 3,226 3,407 3,693 3,916 4,097 ln(ε induzida) 7,2442 6,9660 6,6669 6,3851 6,1355 5,6594 5,2470 4,6151 4,5325 3,4965 2,5649 1,9459 1,0986 Os procedimentos verificam a validade das Leis de Faraday e Lenz. As f.e.m. induzidas nas bobinas aparecem devido à variação do fluxo magnético no seu interior, tanto causadas pelo movimento de um ímã permanente, como pelo surgimento de uma corrente em uma bobina próxima. Lei de Faraday explica esse fenômmeno. Já o sentido do campo magnético induzido, assim como da corrente induzida, dependem do fluxo e do sentido do campo indutor e respeitam a Lei de Lenz. Pode-se verificar também a validade do uso de linhas de campo como abstração para a intensidade do campo magnético. Como pôde-se observar, o campo diminui com a distância, assim como são desenhadas as linhas de campo. Referências Substituindo as constantes na Eq 2, observa-se que a equação corresponde a uma reta. O gráfico da Figura 4, para os valores da Tabela II, verifica essa observação. [1] Halliday, David, 1916 - Fundamentos de física, v.3 : Eletromagnetismo / David Halliday, Robert Resnick, Jearl Walker; tradução Sérgio de Biasi.-Rio de Janeiro: LTC , 2007. [2] http://www.if.ufrgs.br/fis182/labs/lab6.html Consulta: 13/07/2009 [3] Figura 1: http://cepa.if.usp.br/efisica/imagens/eletricidade_magnetismo/basico/cap 16/fig304.gif [4] Figura 2: http://cepa.if.usp.br/efisica/imagens/eletricidade_magnetismo/basico/cap 16/fig305.gif