SEPI - Sistema de Ensino Presencial Integrado

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Economia de Mercado
Módulo 4 – NECESSIDADES ILIMITADAS
Este aspecto requer uma análise detalhada e sistematizada, dada sua importância e
vinculação com o equacionamento do problema econômico.
Uma primeira questão diz respeito ao volume de nossas necessidades. Evidentemente, um
ser humano que vive numa comunidade moderna, tem necessidades diversas e em maior
quantidade das de alguém na Idade Média. Andar por uma das alas comerciais de um
shopping center das grandes metrópoles ou meia hora de televisão comprovam facilmente
essa afirmação. Além do aspecto cronológico – hoje o mundo é completamente diferente do
de tempos passados – há que se considerar que, além do volume, também a composição
das necessidades varia entre habitantes de uma metrópole e de uma pequena cidade do
interior do Estado.
Em que pese a diversidade entre volume e composição das necessidades humanas, é
possível detectar várias características comuns: elas podem ser coletivas ou individuais e,
dentre estas, absolutas ou relativas. Vejamos cada uma dessas características com mais
detalhes:
a) necessidades coletivas
Nestas se enquadram as necessidades que todo grupo sente: de segurança, de defesa, de
educação, de saneamento básico, de cuidado com a saúde, entre outras. Essas
necessidades são supridas em parte ou totalmente pela ação do Estado.
b) necessidades individuais
Compreendem basicamente dois grupos: o das necessidades absolutas do ser humano, isto
é, relacionadas às exigências de natureza biológica, como: dormir, respirar, comer, habitar,
procriar, vestir-se... Veja que essas necessidades absolutas – ou também chamadas de
necessidades biológicas – nem sempre têm sua satisfação associada imediatamente a uma
solução econômica. A necessidade de respirar, por exemplo. Em muitas comunidades, a
preservação das áreas verdes e o controle da poluição do ar podem requerer grandes
esforços econômicos.
O segundo grupo das necessidades individuais compreende as relativas ou sociais.
Relativas porque não são idênticas para todos os indivíduos. Compreendem o conjunto de
hábitos, normas, costumes e valores (uso de talheres e pratos, cama para dormir, o hábito
da leitura, audiência de uma sinfonia e outros).
Quadro 1 - TIPOS DE NECESSIDADES
COLETIVAS
INDIVIDUAIS
Absolutas
Segurança,
defesa,
educação, Dormir,
respirar,
saneamento básico, saúde, entre habitar,
procriar,
outras.
entre outras.
Relativas
comer,
Hábitos,
normas,
vestir-se
costumes e valores.
As necessidades dos indivíduos modificam-se a cada novo dia, sejam absolutas, sejam
relativas. Alguns estudos a esse respeito, em especial o de Abraham Maslow, um psicólogo
norte-americano que viveu entre 1908 e 1970, revelam que as necessidades são
hierarquizadas, isto é, um indivíduo procura satisfazer suas necessidades em certo
momento ou período de sua vida, por etapas consecutivas, uma após outra. Imaginemos
uma escada, para dispor tal hierarquização. O primeiro degrau é reservado para as
necessidades biológicas ou básicas. Satisfeitas estas, o indivíduo busca a segurança em
seu mais amplo sentido: segurança no lar, na comunidade, no emprego. A etapa seguinte
refere-se à necessidade que o indivíduo sente de viver em comunidade, de ser aceito pelo
grupo, de relacionar-se. Na próxima etapa, para satisfazer seu ego, busca:reconhecimento,
status, poder. E, nessa evolução motivacional, a última etapa refere-se à auto-realização: o
indivíduo abre-se a novos desafios, procura a experimentação de forma decidida, como
alguns cientistas que injetam certo tipo de vírus no próprio organismo, para testar, em
seguida, determinada teoria ou vacina por ele desenvolvida.
Segundo esses estudos, uma necessidade superior não poderá ser suprida sem a
satisfação da necessidade imediatamente anterior. Outro aspecto revela que a posição do
indivíduo, na sua hierarquia de necessidades, é mutável ao longo do tempo, ou seja: o
indivíduo terá projetadas novas hierarquias introduzidas pelas transformações do meio
principalmente.
Após estudar os recursos escassos de produção e as necessidades humanas ilimitadas,
vamos organizar nosso aprendizado com relação ao conhecimento das diversas formas de
satisfação das necessidades humanas: os bens.
SUMÁRIO DO TEMA:
Identificadas como coletivas e individuais, esse tema investigou a classificação da
contrapartida de recursos escassos: as necessidades humanas.
1.3 Bens
A satisfação de uma necessidade, no sentido aqui tratado, requer um bem. Mesmo as mais
elementares necessidades são satisfeitas por certo tipo de bem. O ar, por exemplo, satisfaz
a necessidade de respirar. Em circunstâncias normais, quando se caracteriza a abundância,
este e outros bens, como a água do mar e a luz do sol, são bens livres. Não constituem,
portanto, um problema, cuja solução esteja no âmbito da análise econômica. Ocorre, no
entanto, que a maioria das necessidades dos indivíduos será satisfeita por bens escassos,
cuja obtenção requer certa quantidade de trabalho e, muito provavelmente, de outros fatores
de produção. Estes são os bens econômicos e compreendem duas categorias: os bens
tangíveis, isto é, que se podem apalpar, portanto, materiais, e os bens intangíveis, os não de
natureza física, são os serviços.
Na tentativa de melhor compreensão do fato econômico, a classificação dos bens completase com o enquadramento dos bens econômicos tangíveis nas seguintes categorias:
a) bens finais
São os bens de consumo, os produtos que se destinam ao consumo. Subdividem-se em
bens de consumo não duráveis, porque possuem existência muito limitada no tempo e
geralmente desaparecem ao satisfazer à necessidade, como os alimentos, e bens de
consumo duráveis, cuja utilização é substancialmente prolongada, como, por exemplo,
eletrodomésticos, automóveis, entre outros. Estes produtos promovem a atividade
econômica, porque na sua produção são utilizados produtos intermediários: máquinas,
fornecimentos de terceiros e um contingente considerável de pessoas direta ou
indiretamente ocupadas que, auferindo rendimento, poderão adquirir bens econômicos,
realimentando o processo de produção agregada de toda a sociedade.
Também fazem parte do grupo de bens finais os bens de capital, destinados à produção de
novos bens e também conhecidos por “bens de produção”. São as máquinas industriais,
ferramentas...
Nota-se, ademais, que um mesmo bem pode ser classificado em grupo distinto, segundo a
categoria uso. Assim, um automóvel pode ser um bem de consumo durável e, para aquele
que o utiliza como forma de prestação de um serviço – táxi, por exemplo, esse bem é um
bem de capital ou bem de produção.
b) bens intermediários
Certos bens, como o aço, o cimento, a cal e uma infinidade de outras mercadorias,
requerem transformações antes de converterem-se num bem de consumo ou bem de
capital. São, portanto, os bens intermediários.
Quadro 2 - CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS BENS
Bens Econômicos
Bens Tangíveis
Bens Finais
Bens de Consumo
Bens
Bens
Intangíveis
Bens
de Intermediários (serviços)
Bens Livres
(água
do
mar, luz do
sol, entre
Bens
de
Consumo
Nãoduráveis
(alimentos,
artigos de
vestuário,
entre
outros)
Bens
de
Consumo
Duráveis
(eletrodomésticos,
automóveis, entre
outros)
Capital
máquinas,
ferramentas,
entre outras
(a
cal,
o
cimento,
o
ferro, o aço,
alumínio,
entre outros)
outros)
SUMÁRIO DO TEMA:
As necessidades coletivas e as individuais são supridas pelos bens ou serviços. Este tema
tratou da identificação dos bens livres e dos bens econômicos.
1.4 Fluxos fundamentais
O funcionamento do sistema econômico caracteriza-se, de um lado, pela atividade de
obtenção de recursos – ou fatores – de produção em si e, de outro, pela obtenção de meios
financeiros e sua utilização. Caracterizam-se, portanto, dois mercados: o primeiro, de fatores
de produção; o segundo, de bens e serviços finais.
A obtenção dos fatores de produção e a produção e distribuição dos bens e serviços
constituem a atividade real da economia. Os indivíduos – proprietários dos fatores de
produção – fornecem às empresas – produtoras de bens e serviços finais – os recursos de
que elas necessitam para a produção de bens e serviços finais que satisfarão suas
necessidades. Como contrapartida, as empresas remuneram os indivíduos sob a forma de
salários (quando o fator fornecido é a mão-de-obra), juros (quando se fornece capital de
empréstimo para as empresas), lucros (quando o capital é cedido sob a forma de
participação no empreendimento) e aluguéis (quando se cede imóvel, terreno ou mesmo
máquinas para o exercício da atividade empresarial). Com esses recursos, os indivíduos
pagam às empresas pelos bens e serviços finais adquiridos. Esse processo de remuneração
e pagamento caracteriza o lado monetário da economia.
Combinamos, na Figura 1, os fluxos real e monetário; pode se nela visualizar a
interdependência e a caracterização dos dois grandes mercados em que se fundamenta a
organização econômica: o mercado de fatores – ou recursos – de produção e o mercado de
bens e serviços, nas partes superior e inferior dos fluxos respectivamente.
Figura 3 - OS FLUXOS REAL E MONETÁRIO E OS MERCADOS DE FATORES DE
PRODUÇÃO E DE BENS E SERVIÇO FINAIS
A linha cheia, indicando o fornecimento de fatores de produção e o suprimento de bens e
serviços finais, identifica o fluxo real. A linha pontilhada, pela qual dá a passagem da
remuneração pelos fatores e o pagamento dos bens e serviços adquiridos, constitui o fluxo
monetário.
Vazamentos e injeções no fluxo circular da renda a dois pólos
Nem todo o rendimento auferido pelos indivíduos ao fornecerem fatores de produção
constitui base para o pagamento pelos bens e serviços adquiridos. Uma parte desses
rendimentos pode ficar retida sob a forma de poupança — identificada pela letra S, do inglês
saving, na maioria dos trabalhos acadêmicos que focalizam essa importante variável
econômica. Esse ato representa um vazamento de recursos financeiros do sistema, já que
haverá produção que não será adquirida. Nesse fluxo circular da renda a dois pólos —
empresas e indivíduos —, as empresas também são poupadoras, na medida em que não
utilizam todo o lucro para a aquisição de novos fatores de produção, juntando se aos
indivíduos poupadores.
Por outro lado, nem toda a produção de bens e serviços finais é destinada aos indivíduos.
Uma parcela considerável é adquirida pelas próprias empresas, para constituírem seu ativo
permanente, ou seja: a parcela dos ativos totais da empresa que compreendem o ativo
imobilizado e os investimentos sob diversas formas, dentre outras rubricas. Esses
dispêndios das empresas, com aquisição de bens e serviços finais que irão ampliar seus
ativos, são os investimentos no sentido econômico e não financeiro, caracterizando,
portanto, uma injeção, ou seja, uma entrada de recursos no fluxo circular da renda.
Afirma-se que o sistema econômico equilibra-se quando os vazamentos são de mesma
magnitude que as injeções, ou seja: quando a poupança S é igual ao investimento I, tal que
I=S
Reproduzimos a Figura 3, incorporando os vazamentos e a injeção, isto é: a poupança dos
indivíduos e das empresas e os seus investimentos em ativos, conforme apontado na Figura
4.
Figura 4 - OS FLUXOS REAL E MONETÁRIO E OS MERCADOS DE FATORES DE
PRODUÇÃO E DE BENS E SERVIÇOS FINAIS, COM INCORPORAÇÃO DA POUPANÇA
(S) E DOS INVESTIMENTOS (I)
SUMÁRIO DO TEMA:
Este tema abordou o fluxo circular da renda em sua mais simples versão: a de dois pólos,
em que se situam as empresas e os indivíduos, como agentes econômicos que interagem
na produção e distribuição de fatores de produção e bens e serviços finais.
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