Uso da Capecitabina para câncer de colorretal Dukes’C (estádio III) Brasília – DF Junho/2008 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia Parecer Técnico-Científico: Uso da Capecitabina para câncer colorretal Dukes'C (estádio III) Brasília – DF Junho/2008 2008 Ministério da Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. Este estudo foi financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/MS) e não expressa decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS). Informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 8° andar, sala 852 CEP: 70058-900, Brasília – DF Tel.: (61) 3315-3633 E-mail: [email protected] [email protected] Home Page: http://www.saude.gov.br/rebrats Elaboração: Revisão Técnica: Mário Henrique Osanai (CGATS/DECIT/SCTIE/MS) Luiz Henrique Picolo Furlan (CGATS/DECIT/SCTIE/MS) Fernanda de Oliveira Laranjeira (CGATS/DECIT/SCTIE/MS) Flávia Tavares Silva Elias (CGATS/DECIT/SCTIE/MS) Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse Nenhum dos autores recebe qualquer patrocínio da indústria ou participa de qualquer entidade de especialidade ou de pacientes que possa ser incluído como conflito. iv RESUMO O câncer colorretal Dukes C (Estádio III) é uma doença grave, com mau prognóstico e baixo índice de sobrevida, além de ser causa importante de mortalidade e comprometer significativamente a qualidade de vida dos doentes. A substância citotóxica 5-fluoruracil (5-FU), de uso intravenoso, já faz parte do arsenal terapêutico de esquemas consagrados no tratamento dessa doença. A capecitabina é um agente citotóxico (carbamato de fluoropirimidina) precursor do 5-fluorouracil (5-FU). É administrada por via oral e é convertida, através de várias etapas enzimáticas, para possibilitar a liberação intratumoral de 5-FU. A enzima envolvida na conversão final para 5-FU, timidina fosforilase, é encontrada em maiores níveis em alguns tumores do que no tecido normal, em tese, reduzindo a exposição sistêmica ao 5-FU. Para avaliar a eficácia e a segurança do uso da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III), foi realizada busca por evidências científicas nas bases PubMed/Medline, OVID, Science Direct, Biblioteca Cochrane, Sociedades de Especialidades, jornais especializados em oncologia e referências cruzadas dos artigos localizados. Para a avaliação da eficácia da capecitabina no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III), foi selecionada uma revisão sistemática (Nível de evidência 1A), uma avaliação de tecnologia, um estudo fase III multicêntrico randomizado “open-label” (Nível de evidência 2B) e um estudo fase II não randomizado, não controlado (Nível de evidência 4). Para a avaliação de segurança, foram incluídos, além dos já mencionados, três estudos fase III, multicêntricos, randomizados, “open-label” (Nível de evidência 2B) e um estudo fase II não randomizado, não controlado (Nível de evidência 4). Não foram incluídos os estudos que se referiam ao tratamento do câncer colorretal metastático. Até o momento, as evidências disponíveis sobre a utilização da capecitabina no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III) se referem a estudos demonstrando eficácia não inferior à infusão endovenosa “em bolo” do 5-FU (regime Mayo Clinic). No entanto, há consenso na comunidade científica sobre melhores resultados terapêuticos quando a infusão de 5-FU é realizada em infusão contínua endovenosa de baixas doses ou com a modulação com outros agentes. Por esta razão, há necessidade de estudos clínicos randomizados comparando a utilização da capecitabina e a infusão de 5-FU nos regimes usualmente praticados. Em relação à segurança do uso da capecitabina no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III), segundo os estudos identificados, os principais eventos Grau 3 e 4 foram a síndrome mão-pé (eritrodisestesia palmar-plantar), hiperbilirrubinemia e sintomas gastro-intestinais como diarréia, náuseas e vômitos. Faltam estudos que demonstrem o perfil de segurança em longo prazo, bem como estudos comparando o uso da capecitabina com os esquemas usuais de infusão do 5-FU. v SUMÁRIO Contexto ........................................................................................................................7 Questão Clínica ..................................................................................................................8 Introdução e aspectos epidemiológicos ..........................................................................9 Descrição do medicamento avaliado ................................................................................ 10 Descrição das terapias em uso ...........................................................................................13 Estratégia de busca para síntese de evidências científicas ............................................14 Análise sobre a eficácia da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III)..15 Recomendação sobre a eficácia da capecitabina .............................................................17 Análise sobre a segurança do uso da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III) ........................................................................................................................18 Recomendação sobre a segurança do uso da capecitabina no câncer colorretal Dukes'C (EstádioIII) ......................................................................................................21 Observações ....................................................................................................................21 Conclusões finais .......................................................................................................... 23 Referências bibliográficas ............................................................................................24 vi CONTEXTO Este Parecer Técnico-Científico (PTC) foi elaborado pela Área de Avaliação de Tecnologias em Saúde do DECIT/SCTIE/MS para avaliar as evidências científicas disponíveis atualmente acerca da eficácia e segurança da tecnologia em questão, visando ao bem comum e à eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS). Este PTC tem a finalidade de subsidiar a tomada de decisão do Ministério da Saúde e dos demais gestores do SUS, e não expressa a decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação. 7 QUESTÃO CLÍNICA: População de interesse: Indivíduos portadores de câncer colorretal Dukes C (Estádio III) Intervenção (tecnologia): Capecitabina Comparação: Tratamentos já consagrados ou Placebo Parâmetros: Eficácia e segurança Desfechos (resultados em saúde): Respostas parciais ou completas, sobrevida global, efeitos adversos, toxicidade. A capecitabina é segura e eficaz no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III)? 8 INTRODUÇÃO E ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS: Câncer colorretal Dukes C (Estádio III) O número de casos novos de câncer de cólon e reto estimados para o Brasil, no ano de 2008, é de 12.490 casos em homens e de 14.500 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 13 casos novos a cada 100 mil homens e de 15 para cada 100 mil mulheres1. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o terceiro mais frequente na região Sudeste (19/100.000). Nas regiões Sul (21/100.000) e Centro-Oeste (10/100.000), este tipo de câncer ocupa a quarta posição. Nas regiões Nordeste (4/100.000) e Norte (3/100.000), ele ocupa a quinta e sexta posição, respectivamente. Para as mulheres, é o segundo mais frequente na região Sudeste (21/100.000), o terceiro mais frequente nas regiões Sul (22/100.000), Centro-Oeste (11/100.000) e Nordeste (6/100.000), enquanto, na região Norte (4/100.000), é o quinto mais frequente. (Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil.)1. No que concerne à incidência, o câncer de cólon e reto é a terceira causa mais comum de câncer no mundo, em ambos os sexos, e a segunda causa em países desenvolvidos. Os padrões geográficos são bem similares entre homens e mulheres, porém, a incidência de câncer de reto é cerca de 20% a 50% maior em homens na maioria das populações1. A sobrevida para este tipo de neoplasia é considerada boa, se a doença for diagnosticada em estádio inicial. A sobrevida média global em cinco anos varia entre 40% e 50%, não sendo observadas grandes diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Esse relativo bom prognóstico faz com que o câncer de cólon e reto seja o segundo tipo de câncer mais prevalente em todo o mundo, com aproximadamente 2,4 milhões de pessoas vivas diagnosticadas com essa neoplasia1. Aproximadamente 50% dos pacientes diagnosticados com câncer colorretal morrem pela doença. Em pacientes com carcinoma de cólon ressecado curativamente, o prognóstico depende do estadiamento patológico. A invasão dos linfonodos regionais, assim como tumores maiores, diminui significativamente a sobrevida em 5 anos destes pacientes2. 9 Segundo a Classificação TNM, da União Internacional Contra o Câncer, independentemente do tamanho do tumor, quando há metástase em 1 a 3 linfonodos regionais (N1) ou metástase em 4 ou mais linfonodos regionais (N2), não havendo metástases à distância, este é classificado como Estádio III (TNM)3. Segundo a Classificação de Dukes, estes tumores com metástases em linfonodos regionais são definidos como Dukes C4. O tratamento do câncer colorretal estádio III contempla abordagem multimodal, associando cirurgia e quimioterapia. Esta última, geralmente, em esquemas baseados em fluorouracil. Para tumores de reto, considera-se a abordagem neoadjuvante com quimioterapia e radioterapia, cirurgia e quimioterapia adjuvante baseada em fluoruracil5. DESCRIÇÃO DO MEDICAMENTO AVALIADO: Capecitabina A capecitabina é um agente citotóxico, derivado do carbamato de fluoropirimidina, tumor-ativado e tumor-seletivo, que foi planejado para administração oral. A capecitabina é atóxica in vitro, porém, in vivo, a mesma é sequencialmente convertida para a fração citotóxica 5-fluorouracil (5-FU) que, por sua vez, é metabolizada adicionalmente. A formação de 5-FU é catalizada preferencialmente no tumor por um fator angiogênico associado ao tumor, denominado timidina fosforilase (ThyPase), minimizando assim a exposição dos tecidos sadios do organismo ao 5-FU sistêmico. A biotransformação enzimática sequencial da capecitabina para 5-FU leva a maiores concentrações dentro dos tecidos do tumor. Após a administração oral de capecitabina para pacientes com câncer colorretal (N = 8), a relação entre a concentração nos tumores colorretais e nos tecidos adjacentes foi de 3,2 (variação de 0,9 a 8,0). A relação entre a concentração de 5-FU no tumor e no plasma foi de 21,4 (variação de 3,9 a 59,9), enquanto a relação entre os tecidos saudáveis e o plasma foi de 8,9 (variação de 3,0 a 25,8). Foi medida a atividade da timidina fosforilase, sendo encontrado que a mesma é 4 vezes maior no tumor colorretal primário do que no tecido adjacente normal6,7. 10 Outras pesquisas demonstraram que diversos tumores humanos, como câncer de mama, gástrico, colorretal, câncer de colo de útero e ovariano, apresentam nível aumentado de timidina fosforilase (capaz de converter 5'-DFUR [5'-deoxi-5-fluorouridina] em 5-FU) do que os tecidos normais correspondentes6,7. Ambas as células normais e tumorais metabolizam o 5-FU para monofosfato de 5fluoro-2-desoxiuridina (FdUMP) e trifosfato de 5-fluorouridina (FUTP). Estes metabólitos causam dano à célula através de dois mecanismos diferentes. Inicialmente, FdUMP e o cofator folato N5-10-metileno-tetrahidrofolato ligam-se à timidilato sintetase (TS) para formar um complexo ternário covalente. Esta ligação inibe a formação de timidilato a partir do uracil. O timidilato é o precursor necessário do trifosfato de timidina, que por sua vez, é essencial para a síntese de DNA, de forma que uma deficiência deste composto possa inibir a divisão celular. Em segundo lugar, as enzimas nucleares de transcrição podem incorporar FUTP erroneamente, no lugar do trifosfato de uridina (UTP) durante a síntese de RNA. Esse erro metabólico pode interferir com o processamento do RNA e com a síntese protéica6,7. Posologia: A dose recomendada para monoterapia de capecitabina é 1250mg/m2 administradas 2 vezes ao dia (pela manhã e à tarde; equivalente a 2500mg/m2 de dose total diária) por 14 dias, seguidos de sete dias de descanso. Os comprimidos de capecitabina devem ser ingeridos com água, 30 minutos após a refeição6,7. Em combinação com docetaxel, a dose recomendada de capecitabina é de 1250mg/m2 administradas 2 vezes ao dia (pela manhã e à tarde; equivalente a 2500mg/m2 de dose total diária) por 14 dias, seguidos de sete dias de descanso associada ao docetaxel 75mg/m2 em infusão endovenosa durante 1 hora, a cada 3 semanas. A pré-medicação, de acordo com a bula de docetaxel, deve ser iniciada antes da administração de docetaxel para os pacientes que o estiverem recebendo em combinação com capecitabina6,7. Preço: O preço por comprimido de 500mg é R$19,10 e o preço por comprimido de 150mg é R$5,99 (preço máximo de venda ao consumidor)8. Esses valores são estimados para o Distrito Federal, com base em consulta à página eletrônica do Consulta Remédios8 (Caixa com 120 comprimidos de 500mg: R$2.292,07 e caixa com 60 comprimidos de 150mg: R$359,55). 11 A cotação de preço no Banco de Preços do Ministério da Saúde9 para o comprimido de 500mg varia entre R$10,11 e R$13,47, conforme tabela a seguir: Instituições Secretaria de Saude de Estado do Rio Grande do Sul / RS - BRA Secretaria de Saúde de Estado de Minas Gerais / MG - BRA HSE- Hosp.Servidores do Estado / RJ - BRA Hospital Municipal Dr Mario Gatti - HMMG / SP - BRA Data Per. Quantidade Preço Unit. % Comp Nome Comercial 19/12/2007 6 360 10,1100 48.042,86 Xeloda 05/09/2007 12 1.680 10,1500 48.233,33 Xeloda® 04/10/2007 10 1.000 13,3400 63.423,81 Capecitabina 12/05/2008 12 3.600 13,4700 64.042,86 Roche Registro ANVISA10: número 101000549 . Princípio ativo: Capecitabina. Nome Comercial: Xeloda®. Empresa: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. (Processo 25000.002251/98-73; Vencimento 12/2008). Apresentações: 150mg com 60 comprimidos revestidos: Registro: 10100.0549/0017, Local de Fabricação: Hoffmann - La Roche Inc., Nutley EUA – Estados Unidos; 500mg com 120 comprimidos revestidos: Registro: 10100.0549/002-5; 150mg com 10 comprimidos revestidos: Registro: 10100.0549/003-3; 500mg com 10 comprimidos revestidos: Registro: 10100.0549/004-1. Indicações constantes na bula6,7: Xeloda® (capecitabina) em combinação com docetaxel está indicado para o tratamento de pacientes com câncer de mama localmente avançado ou metastático, após falha da quimioterapia citotóxica. Esta quimioterapia prévia deve ter incluído uma antraciclina. Xeloda® (capecitabina) está indicado como monoterapia, para o tratamento de pacientes com câncer de mama metastático ou localmente avançado após o insucesso de um taxane e de um regime de quimioterapia contendo antraciclina ou para aqueles em que a terapia adicional com antraciclina não está indicada. Xeloda® (capecitabina) está indicado como tratamento de primeira linha para pacientes com carcinoma colorretal metastático. 12 DESCRIÇÃO DAS TERAPIAS EM USO: A literatura científica refere que, em pacientes com um carcinoma de cólon estádio III curativamente ressecado, a quimioterapia adjuvante com 5-fluoruracil (5-FU)/levamisol por 12 meses (esquema de Moertel) ou com 5-FU/leucovorin tem um efeito benéfico na recidiva tumoral e sobrevida global reduzindo o risco de recorrência do câncer e o índice de mortalidade global com estudos com mais de 5 anos de seguimento11,12. A quimioterapia paliativa é oferecida em uma proporção crescente de pacientes com câncer colorretal avançado. No entanto, não há uma terapia padrão universalmente aceita e a duração do tempo pelo qual o tratamento é dado varia amplamente. Uma limitação para as terapias atualmente existentes é o frequente desenvolvimento de toxicidade significativa. O 5-FU, tanto isolado quanto em combinação com outras drogas é amplamente empregado como terapia de primeira linha. Quando comparado com a injeção intravenosa “em bolo” de 5-FU, a administração de 5-FU por infusão endovenosa contínua em baixa dose, ou a modulação do 5-FU com agentes, como o leucovorin e o metotrexato, pode aumentar a resposta tumoral, apesar de não estender a sobrevida em pacientes com câncer colorretal avançado. Os regimes modulados podem, no entanto, aumentar a toxicidade, como a mielossupressão, diarréia, estomatite e alopécia. A infusão contínua requer menos tempo no hospital, mas necessita um cateter venoso central e uma bomba portátil13. 13 ESTRATÉGIA DE BUSCA PARA SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS: Para a localização de evidências científicas sobre o uso da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III), foi realizada busca na base PubMed, com a estratégia de busca pelas expressões: "capecitabine "[Substance Name] AND "Colorectal Neoplasms"[Mesh], com 423 resultados. A leitura dos títulos e dos abstracts, quando disponíveis, resultou na seleção de 17 artigos aplicáveis ao tema do parecer técnicocientífico. Para obtenção dos textos completos, foram realizadas buscas nas bases OVID, ScienceDirect, em arquivos de revistas de oncologia, como Journal of Clinical Oncology e Annals of Oncology. Foram pesquisadas, ainda, as páginas das agências de avaliação de tecnologias, como INAHTA (International Network of Agencies for Health Technology Assessment), CRD (Centre for Reviews and Dissemination) e NICE (National Institute for Health and Clinical Excellence). Além das referências obtidas nas buscas, foram avaliadas as referências cruzadas localizadas nos artigos selecionados. A busca no Google também foi utilizada como auxiliar para a obtenção de textos completos. Para a avaliação da eficácia da capecitabina no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III), foi selecionada uma revisão sistemática com avaliação econômica5 (Nível de evidência 1A), uma avaliação de tecnologia14, um estudo fase III, multicêntrico, randomizado, “open-label”15 (Nível de evidência 2B) e um estudo fase II não randomizado, não controlado16 (Nível de evidência 4). Foram localizados e utilizados, ainda, como textos de apoio e referências complementares, uma revisão sistemática sobre a quimioterapia paliativa do câncer colorretal avançado ou metastático13, uma revisão descritiva não sistemática11 e um editorial17. Para a avaliação de segurança, foram incluídos, além dos já mencionados, dois estudos fase III, multicêntricos, randomizados, “open-label”18,19 (Nível de evidência 2B). Não foram incluídos os estudos que se referiam ao tratamento do câncer colorretal metastático. 14 ANÁLISE SOBRE A EFICÁCIA DA CAPECITABINA NO CÂNCER COLORRETAL DUKES C (ESTÁDIO III): Os estudos disponíveis para avaliação da eficácia da capecitabina no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III) são poucos e de baixa qualidade metodológica16,15. A revisão sistemática de Pandor e colegas5, publicada em 2004, incluiu apenas um estudo referente à capecitabina. Neste estudo incluído, há comparação entre a monoterapia com capecitabina e o regime da Mayo Clinic, de infusão endovenosa “em bolo” de 5-FU. A revisão sistemática adverte que, para avaliar adequadamente as potenciais vantagens em termos de sobrevida livre de doença e de perfis de tolerabilidade e toxicidade, deveriam ser utilizados os regimes de infusão de 5-FU correntemente praticados no Reino Unido, sabidamente menos tóxicos. Esta informação é corroborada pela revisão sistemática realizada por Best e colegas13, do Centro Cochrane, em que é informado que o 5-Fluorouracil (5-FU), tanto sozinho como em combinação com outros agentes, é amplamente utilizado como tratamento de primeira linha. Quando comparada com a injeção endovenosa “em bolo”, a administração de 5-FU por infusão endovenosa contínua em baixa dose ou a modulação do 5-FU com agentes, como o leucovorin ou metotrexato, pode aumentar a resposta tumoral, mas não estende significativamente a sobrevida em pacientes com câncer colorretal avançado. Em maio de 2004, o Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria publicou boletim de resposta rápida em que manifesta a possibilidade de a capecitabina ter uma eficácia inferior aos esquemas usuais de infusão de 5-FU: “Apesar de os estudos clínicos não demonstrarem inferioridade da capecitabina em relação à infusão em bolo de 5-FU, é possível que a capecitabina tenha uma efetividade inferior aos esquemas usuais de infusão do 5-FU, que podem ter mais efetividade e menos toxicidade. Por esta razão, é recomendável que, para a avaliação da efetividade da capecitabina, sejam desenvolvidos estudos clínicos randomizados comparando-a com os esquemas usuais de infusão do 5-FU.”14. Dois estudos clínicos foram localizados15,16. O primeiro, de fase IIII, publicado em 2005 por Twelves e colegas15, não mostrou diferenças significativas entre a monoterapia com capecitabina e o 15 regime da Mayo Clinic de infusão de 5-FU com leucovorin, em termos de sobrevida livre de doença e de sobrevida global média. O outro estudo, fase II, publicado em 2008 por Choi e colegas16, utilizou a associação de irinotecan e capecitabina, em 43 pacientes. Não houve respostas completas, sendo observadas respostas parciais em 51,4% dos casos e uma sobrevida global média de 15,4 meses. Até o momento, as evidências disponíveis sobre a utilização da capecitabina no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III) se referem a estudos demonstrando eficácia não inferior à infusão endovenosa “em bolo” do 5-FU (regime Mayo Clinic). No entanto, há consenso na comunidade científica sobre melhores resultados terapêuticos quando a infusão de 5-FU é realizada em infusão contínua endovenosa de baixas doses ou com a modulação com outros agentes. Por esta razão, são necessários estudos clínicos randomizados em que seja comparada a eficácia da capecitabina em comparação à eficácia dos esquemas de infusão de 5-FU efetivamente utilizados5,11,13,14,17. Tabela 3. Estudos clínicos sobre a eficácia da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III) Estudo Tipo Choi CKK. et al. 2008 33 Estudo fase II (dois Resposta completa centros, não randomizado, Resposta parcial não controlado) n=43 Irinotecan + Capecitabine Sobrevida global média 0% 51.4% Estudo fase III Sobrevida livre de doença (multicêntrico, Sobrevida global média randomizado, controlado, open-label). NS NS Twelves C et al. 200532 Desfechos Resultados Capecitabina x comparação 15.4 meses NS – diferença não significativa Tabela 4. Revisões sobre efetividade da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III) Estudo Tipo de estudo Pandor A, et al Revisão sistemática com 20065 avaliação econômica (1 único estudo incluído referente a capecitabina) Resultados Evidência do estudo X-ACT demonstrou que a terapia com capecitabina foi ao menos equivalente em sobrevida livre de doença ao regime da Mayo Clinic com 5-FU/LV “em bolo” para pacientes com câncer de cólon ressecado estádio III. Em termos de sobrevida livre de recidiva, a monoterapia com capecitabina foi significativamente melhor que o 5-FU/LV “em bolo”. A segurança e o perfil de tolerabilidade da capecitabina foram superiores aos do regime da Mayo Clinic, mas não foram avaliados em comparação com os regimes menos tóxicos de 5-FU/LV correntemente em uso 16 no Reino Unido. Best L 200813 et al. Revisão sistemática 5-Fluorouracil (5-FU), tanto sozinho como em combinação com outros agentes, é amplamente utilizado como tratamento de primeira linha. Quando comparada com a injeção endovenosa “em bolo”, a administração de 5-FU por infusão endovenosa contínua em baixa dose ou a modulação do 5-FU com agentes, como o leucovorin ou metotrexato, pode aumentar a resposta tumoral, mas não estende significativamente a sobrevida em pacientes com câncer colorretal avançado. Wolpin BM et al. Revisão descritiva 200811 sistemática não Para pacientes com câncer colorretal estádio III (linfonodo positivo), o benefício para a sobrevida global com quimioterapia à base de fluorouracil já foi estabelecido firmemente, e dados recentes têm demonstrado maior eficácia com a inclusão de oxaliplatina em tais programas de tratamento adjuvante. Mayer RJ. 2007 Editorial 17 IECS 200414 A capecitabina substituindo FU infusional nas combinações pode estar justificada se os desfechos resultantes, perfil de toxicidade e custos forem (ao menos) indistinguíveis. Os dados disponíveis para tais comparações mostram “não inferioridade” terapêutica, provável toxicidade equivalente (com variabilidade geográfica), mas um custo quase duas vezes maior para a capecitabina. O caso para tal substituição, então, não é convincente e, no momento, quando usando uma combinação de oxaplatina mais fluoropiridimina, FOLFOX parece ser o padrão de tratamento. Avaliação de tecnologia Apesar de os estudos clínicos não demonstrarem inferioridade da em saúde. capecitabina em relação à infusão em bolo de 5-FU, é possível que a capecitabina tenha uma efetividade inferior aos esquemas usuais de infusão do 5-FU, que podem ter mais efetividade e menos toxicidade. Por esta razão, é recomendável que, para a avaliação da efetividade da capecitabina, sejam desenvolvidos estudos clínicos randomizados comparando-a com os esquemas usuais de infusão do 5-FU. RECOMENDAÇÃO SOBRE A EFICÁCIA DA CAPECITABINA: A recomendação é de que ainda são necessários estudos randomizados prospectivos e controlados, para avaliar a potencial eficácia da capecitabina, comparada aos esquemas usuais de infusão de 5-FU. As evidências disponíveis ainda não são suficientes para fundamentar a eficácia da capecitabina nesta situação clínica. 17 ANÁLISE SOBRE A SEGURANÇA DO USO DA CAPECITABINA NO CÂNCER COLORRETAL DUKES C (ESTÁDIO III): Em um estudo fase III, publicado em 2003, Scheithauer e colegas18 avaliaram o uso de capecitabina em relação à infusão endovenosa de leucovorin + 5-FU (regime Mayo Clinic). Foram observados eventos adversos como diarréia (46% capecitabina x 64% 5FU/LV) p<0.001; náuseas e vômitos (36% x 51%) p <0.001; estomatite (22% x 60%) p<0.001; síndrome mão-pé (62% x 10%) p<0.001; fadiga e astenia (23% x 23%) diferença não significativa; alopécia (6% x 22%) p<0.001; dor abdominal (10% x 13%) diferença não significativa; letargia (10% x 9%) diferença não significativa e anorexia (9% x 10%) diferença não significativa. Em 2005, Twelves e colegas publicaram estudo fase III15 (multicêntrico, randomizado, controlado, open-label), comparando o uso de capecitabina e 5FU/leucovorin (5-FU/LV), no regime da Mayo Clinic. Dentre os eventos Grau 3 ou 4 observados, foram descritos: Diarréia (11% capecitabina x 13% 5-FU/LV, diferença não significativa); náuseas ou vômitos (3% x 3%, diferença não significativa); estomatite (2% x 14%, p<0.01); síndrome mão-pé (17% x <1%, p<0.01); fadiga ou astenia (1% x 2%, diferença não significativa); dor abdominal (2% x 1%, diferença não significativa); alopécia (0% x <1%, diferença não significativa); letargia (<1% x <1%); anorexia (<1% x <1%, diferença não significativa); neutropenia (2% x 26%, p<0.01) e hiperbilirrubinemia (20% x 6%, p<0.01). Em 2007, Schmoll e colegas publicaram estudo fase III19, randomizado, controlado.comparando o uso de XELOX (oxaliplatina intravenosa + capecitabina oral) com FU/LV intravenoso “em bolo” administrado como regime Mayo Clinic ou Roswell Park. Neste estudo, 55% dos pacientes tratados com XELOX e 47% dos que receberam 5FU/LV apresentaram eventos adversos Graus 3 ou 4. O XELOX foi associado com menos neutropenia, neutropenia febril e estomatite, mas mais trombocitopenia comparado com FU/LV “em bolo”. Como esperado, a toxicidade neurossensorial e a síndrome mão-pé foram mais comuns com XELOX. Cardiotoxicidade relacionada ao tratamento foi observada em menos de 1% dos pacientes em ambos os braços do estudo. 18 Comparado com o regime Mayo Clinic, o XELOX mostrou menos neutropenia, neutropenia febril e estomatite, mas mais vômitos, náuseas, dor abdominal, hipocalemia e trombocitopenia. Comparado com o regime Roswell Park, XELOX mostrou menos diarréia, náuseas, dor abdominal, desidratação e hipocalemia, mas mais neutropenia e trombocitopenia. Houve seis mortes relacionadas ao tratamento dentro dos 28 dias a partir da última dose de medicamento em cada braço do estudo (0.6%). As causas de morte no grupo que recebeu XELOX foram pneumonia (2 casos), isquemia intestinal (1 caso), hipotensão (1 caso), sepse (1 caso), e choque séptico (1 caso), e no grupo do FU/LV, pneumonia (1 caso), infecção por clostrídio (1 caso), isquemia miocárdica (1 caso), colite neutropênica (1 caso), sepse neutropênica (1 caso), e síndrome séptica (1 caso). O índice de mortalidade por todas as causas em 60 dias foi de 1% (nove pacientes) em cada braço do estudo. Três pacientes morreram subitamente por edema cerebral (XELOX), isquemia miocárdica (FU/LV), e edema pulmonar (FU/LV). Em 2008, Choi e colegas publicaram estudo fase II16 (dois centros, não randomizado, não controlado) sobre o uso de irinotecan + capecitabina em 43 pacientes. Não houve náuseas e vômitos em Graus 3 ou 4. A maior parte dos pacientes teve apenas náuseas e vômitos Grau 1. No total, 59.5% dos pacientes não apresentaram diarréia e 8.1% apresentaram diarréia Grau 3. Alopécia foi observada em 51.3% dos pacientes, mas a maior parte deles com Grau 1. 54,1% dos pacientes apresentaram síndrome mão-pé. Anemia Grau 3 foi observada em 2.7% dos pacientes e 5.4% apresentou neutropenia Grau 3. A maior parte dos pacientes teve toxicidade hematológica Grau 1. Em 2006, fora do contexto de ensaios clínicos, Wijesinghe e colaboradores20 relataram um caso de síndrome coronariana aguda como evento adverso decorrente do uso de capecitabina em uma paciente como quimioterapia adjuvante após a ressecção de um câncer de cólon Dukes B. É importante destacar que diversos estudos referem uma maior toxicidade do regime Mayo Clinic, utilizado como controle na maior parte dos estudos com a capecitabina em câncer colorretal Dukes C (Estádio III). Segundo estes autores, os regimes de infusão usualmente utilizados são menos tóxicos e potencialmente mais efetivos do que o regime da Mayo Clinic5,11,13,14,17. Por esta razão, os estudos de não inferioridade da capecitabina em relação ao regime Mayo Clinic são considerados insuficientes para a prática clínica 19 podendo, inclusive, representar maior toxicidade em relação aos esquemas usualmente empregados de infusão do 5-FU. Há recomendação de que sejam desenvolvidos estudos clínicos randomizados comparando a capecitabina com os esquemas usuais de infusão do 5FU, para verificação da segurança de seu uso no câncer colorretal Dukes C (Estádio III). Tabela 7. Segurança: estudos clínicos com capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III) Estudo Tipo Resultados Scheithauer W et Estudo fase III al. 200318 (multicentrico, randomizado, open label, controlado) capecitabine x leucovorin + 5-FU Diarréia (46% capecitabina x 64% 5-FU/LV) p<0.001; náuseas e vômitos (36% x 51%) p <0.001; estomatite (22% x 60%) p<0.001; síndrome mão-pé (62% x 10%) p<0.001; fadiga e astenia (23% x 23%) NS; alopécia (6% x 22%) p<0.001; dor abdominal (10% x 13%) NS; letargia (10% x 9%) NS; anorexia (9% x 10%) NS Twelves C et al. Estudo fase III 200515 (multicentrico, randomizado, controlado, open-label). Capecitabina (X) vs 5FU/leucovorin (5-FU/LV) Eventos Grau 3 ou 4: Diarréia (11% capecitabina x13% 5-FU/LV) NS; náuseas ou vômitos (3% x 3%) NS; estomatite (2% x 14%) p<0.01; síndrome mão-pé (17% x <1%) p<0.01; fadiga ou astenia (1% x 2%) NS; dor aAbdominal (2% x 1%) NS; alopécia (0% x <1%) NS; letargia (<1% x <1%) NS; anorexia (<1% x <1%) NS; neutropenia (2% x 26%) p<0.01; hiperbilirrubinemia (20% x 6%) p<0.01. Schmoll HJ et al. Estudo fase III, 200719 randomizado, controlado. XELOX (oxaliplatina intravenosa mais capecitabina oral) ou FU/LV intravenoso “em bolo” administrado como regime Mayo Clinic ou Roswell Park 55% dos pacientes tratados com XELOX e 47% dos que receberam 5-FU/LV apresentaram eventos adversos Graus 3 ou 4. XELOX menos neutropenia, neutropenia febril e estomatite, mas mais trombocitopeia comparado com FU/LV “em bolo”. Toxicidade neurossensorial e a síndrome mão-pé foram mais comuns com XELOX. Cardiotoxicidade relacionada ao tratamento foi observada em menos de 1% dos pacientes em ambos os braços do estudo. Comparado com o regime Mayo, XELOX mostrou menos neutropenia, neutropenia febril e estomatite, mas mais vômitos, náuseas, dor abdominal, hipocalemia e trombocitopenia. Comparado com o regime Roswell Park, XELOX mostrou menos diarréia, náuseas, dor abdominal, desidratação e hipocalemia, mas mais neutropenia e trombocitopenia. Houve seis mortes relacionadas ao tratamento em cada braço do estudo (0.6%). No grupo que recebeu XELOX, causas: pneumonia ( 2 casos), isquemia intestinal ( 1 caso), hipotensão ( 1 caso), sepse ( 1 caso), e choque séptico ( 1 caso), e no grupo do FU/LV, pneumonia (1 caso), infecção por clostrídio (1 caso), isquemia miocárdica ( 1 caso), colite neutropênica ( 1 caso), sepse neutropênica (1 caso), e síndrome séptica (1 caso). Mortalidade por todas as causas em 60 dias: 1% (nove pacientes) em cada braço do estudo. Três pacientes morreram subitamente por edema cerebral (XELOX), isquemia miocárdica (FU/LV), e edema pulmonar (FU/LV). Choi CKK. et al. Estudo fase II (dois 200816 centros, não randomizado, não controlado) Irinotecan + Capecitabine n=43 Não houve náuseas e vômitos em Graus 3 ou 4. A maior parte dos pacientes teve apenas náuseas e vômitos Grau 1.No total, 59.5% dos pacientes não apresentou diarréia e 8.1% apresentou diarréia Grau 3. Alopécia foi observada em 51.3% dos pacientes, mas a maior parte deles com Grau 1. 54,1% dos pacientes apresentaram síndrome mão-pé. Anemia Grau 3 foi observada em 2.7% dos pacientes e 5.4% apresentou neutropenia Grau 3. A maior parte dos pacientes teve toxicidade hematológica Grau 1. 20 RECOMENDAÇÃO SOBRE A SEGURANÇA DO USO DA CAPECITABINA NO TRATAMENTO DO CÂNCER COLORRETAL DUKES C (ESTÁDIO III): Os relatos de eventos adversos com o uso da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III) são oriundos principalmente de estudos fase II e III com amostras pequenas e se referem à não inferioridade da capecitabina em relação ao 5-FU em infusão endovenosa “em bolo” (regime Mayo Clinic). Há relatos isolados de óbitos, por diversas causas, e eventos adversos graves com o uso da capecitabina nos estudos avaliados. Por esta razão, conclui-se que faltam estudos com boa qualidade metodológica que apresentem mais tempo de seguimento, amostras maiores e comparem o uso da capecitabina com os regimes usuais de infusão do 5-FU, com menor toxicidade. Estes estudos poderão apresentar evidências de bom nível para a adequada avaliação da segurança no uso da capecitabina no câncer colorretal Dukes C (Estádio III). OBSERVAÇÕES: Coughlin e colaboradores relataram em carta ao editor do International Journal of Cardiology (2007) dois casos de angina vasoespástica induzida pela capecitabina em dois pacientes, com 75 e 52 anos de idade, que receberam capecitabina no tratamento neoadjuvante para adenocarcinoma de estômago e esôfago, respectivamente21. Pfeiffer e colegas (2006) publicaram um estudo22 que avaliou a preferência dos pacientes entre a infusão endovenosa de 5-FU conforme preconizado pelo regime Nórdico (com eficácia comparável aos outros regimes de infusão endovenosa, com menor toxicidade) e a administração oral de capecitabina em pacientes com câncer colorretal. Para isto, eles randomizaram 60 pacientes com câncer colorretal (53 pacientes receberam terapia adjuvante e sete pacientes receberam tratamento paliativo) para iniciar o tratamento com capecitabina oral ou fluoruracil/leucovorin em bolo, no esquema Nórdico. Após seis semanas de tratamento (dois cursos de capecitabina ou três cursos do FL Nórdico), os pacientes foram cruzados para o outro regime. Ao completarem 12 semanas de tratamento, os pacientes (49 pacientes avaliáveis) foram solicitados a escolher um dos regimes para 21 mais 12 semanas de tratamento. Os pacientes tiveram mais efeitos adversos quando tratados com capecitabina e um total de 30 de 49 (61%) preferiram o regime FL Nórdico e 19 (39%) preferiram capecitabina. Os autores concluíram que os pacientes preferem o regime com menor toxicidade e que é menos importante para os pacientes se a medicação é administrada pela via oral no seu domicílio ou endovenosa em um hospital. 22 CONCLUSÕES FINAIS: As evidências disponíveis são insuficientes para afirmar que a capecitabina seja eficaz e segura no tratamento do câncer colorretal Dukes C (Estádio III) . Faltam estudos de melhor qualidade metodológica que avaliem a utilização da capecitabina em comparação com os regimes de tratamento atualmente disponíveis e utilizados nestas indicações. O perfil de segurança ainda em análise, associado à gravidade de alguns dos eventos adversos já relatados e a característica de uso domiciliar da capecitabina torna urgente a realização de estudos de maior qualidade (bem como os resultados dos estudos já em andamento) para avaliar as reais segurança e efetividade desta droga nas indicações analisadas. 23 Referências bibliográficas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. TNM: classificação de tumores malignos / traduzido por Ana Lúcia Amaral Eisenberg. 6. ed. - Rio de Janeiro: INCA, 2004. Jones L, Hawkins N, Westwood M, Wright K, Richardson G, Riemsma R. 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