A Adoração Aceitável a Deus O Jack P. Lewis O Escritor de Hebreus admoestou: “Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor; pois o nosso ‘Deus é fogo consumidor’” (12:28, 29; NVI). Duas idéias devem ser notadas aqui. Primeiramente, que a adoração é direcionada a Deus, e não ao público participante. Numa reunião de adoração, o dirigente de oração não está falando com o público ouvinte, mas com Deus. Num culto público, o coral não está se apresentando para a platéia, mas para Deus. Todavia, algumas igrejas aplaudem extensivamente o coral, como se a apresentação fosse para eles mesmos, e não para o supremo Deus. Talvez essa atitude revele o que de fato está acontecendo. O que mais impressiona ao estudarmos as alusões ao ato de cantar no Livro de Salmos é a frequência do convite para se “cantar ao Senhor” ou “a Deus”, quando é mencionada a adoração por meio de cânticos. Na adoração, os cânticos que entoamos são direcionados a Deus, e não a um público ouvinte. Ele é Quem deve se agradar. Adorar cantando não é um programa para expectadores. Em segundo lugar, Hebreus 12:28, ao falar de “adoração aceitável”, implica claramente que há adorações inaceitáveis a Deus. Colossenses 2:23 fala de servir a Deus “de todo o coração”. Uma possível tradução da série de termos usados no versículo seria “rigor na devoção, auto-humilhação e severidade ao corpo”. COMO A ADORAÇÃO PODE SER INACEITÁVEL A DEUS? Jesus falou de vã adoração (Mateus 15:9). O Senhor ordena que adoremos unicamente a Ele. Ele não divide a adoração com nenhum ídolo ou falso deus. Também vemos nas Escrituras Deus rejeitando adoração—uma adoração que aparentemente é sincera. Ele aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim (Gênesis 4:4, 5). Nadabe e Abiú, filhos de Arão, estavam adorando quando foram consumidos por usarem fogo estranho, não autorizado por Deus (Levítico 10:1, 2). O rei Saul foi informado de que seu plano de sacrificar ao Senhor em Gilgal era “rebelião” (1 Samuel 15:23). Saul rejeitou a palavra do Senhor e o Senhor o rejeitou. O profeta Amós serviu como um dos exemplos mais surpreendentes de adoração inaceitável. Hoje, é comum se pensar que sinceridade da parte do adorador tem mais valor do que qualquer coisa. Amós acusou Israel de injustiça para com o homem, mas não de insinceridade na adoração. Deus até menosprezou as festas que faziam. Ele não aceitou seus sacrifícios, e não deu ouvidos ao som de suas harpas (Amós 5:21–23). Meio-século depois, através de Isaías, Deus chamou os sacrifícios de Judá de “ofertas vãs” (Isaías 1:11–15). Ele não podia suportar as festividades deles. Sua alma odiava suas luas novas e festas fixas. Eram um peso para o Senhor. Ele estava farto de suportá-los. Não ouviria mais suas orações. Novamente, não se diz uma palavra sobre insinceridade da parte dos adoradores. A adoração tem que ser sincera, mas sinceridade não é o único teste para que ela seja aceita. Através da história, muitos parecem ter deduzido que o que se oferece a Deus deve ser esteticamente agradável aos olhos e aos ouvidos de quem oferta. Catedrais magníficas são construídas com finos vitrais e arte. Muitas obras hoje consideradas obras-primas eram pinturas para 1 decorar igrejas. Procissões com oficiais usando trajes coloridos foram criadas. A melhor música, a que mais agrada ao ouvido humano, foi escrita para a adoração. Amós salientou que a adoração humana não é necessariamente aceitável a Deus: Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene (Amós 5:21–24). Descreve-se que o Senhor inspirou o aroma suave do sacrifício de Noé oferecido após o dilúvio (Gênesis 8:20, 21). Todavia, através da Lei Deus ameaçou que, se Israel andasse contrária a Ele, não mais se agradaria de seus aromas suaves (Levítico 26:31). A queima de incenso era uma parte específica do culto no dia da Expiação (Levítico 16:12, 13). O sacrifício de Cristo é equivalente a esse doce aroma (Efésios 5:2). O tabernáculo (e mais tarde o templo) tinha um altar de incenso, onde o sacerdote oferecia incenso de manhã e à noite. A oferta de incenso é mencionada favoravelmente em Salmos 66:15 e 141:2. O sacerdote Zacarias estava executando esse serviço quando o anjo Gabriel apareceu a ele dizendo que ele teria um filho, o qual conhecemos como João Batista (Lucas 1:8–23). O incenso também é descrito como estando no céu (Apocalipse 5:8; 8:3, 4). O amplo uso do incenso é mencionado em Malaquias 1:11a: “Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações”. Entretanto, através de Isaías, o Senhor descreveu negativamente a fumaça de incenso e sacrifício oferecidos pelos desobedientes como “no meu nariz como fumaça de fogo” (Isaías 65:5). O QUE DIZER DO SILÊNCIO DAS ESCRITURAS? Algum tempo atrás, a congregação onde sirvo estava entrevistando um candidato favorito para ser nosso pregador de púlpito. O homem era evidentemente capacitado e muito conhecido. Ele parecia ser uma ótima opção. Todavia, pelo que 2 notei, ninguém havia lhe perguntado o que ele pensava sobre várias questões que na época preocupavam a congregação. Fiz uma lista de perguntas para levar à reunião da liderança com ele, mas a perdi no trajeto. Uma congregação que não conhece a opinião de seu pregador está fadada à tragédia. Uma geração atrás, um pregador sabia que quando ele fosse entrevistado, os presbíteros lhe perguntariam o que pensa sobre várias questões. Perguntei ao pregador qual era seu ponto de vista sobre o silêncio das Escrituras. Ele pareceu confuso com a pergunta, então usei a ilustração das luzes de trânsito. “O silêncio das Escrituras é uma luz verde, que significa vá em frente, ou é uma luz vermelha?” O candidato, então, observou: “É uma luz de atenção”. Anteriormente, ao comentar sobre a congregação em que estava trabalhando, ele havia mencionado algumas práticas que não são autorizadas nas Escrituras. Após a resposta, algumas mentes pareciam, pela primeira vez, abertas a questionar se ele realmente era a melhor escolha. Em pouco tempo, ele mesmo, voluntariamente, retirou seu nome da candidatura. O Novo Testamento não contém uma listagem detalhada de todas as cosias que uma pessoa não deve fazer nos cultos prestados a Deus. Para a cristandade em geral, essa lista jamais teria fim. A Bíblia não diz que não devemos aspergir bebês; queimar incenso, realizar procissões religiosas, servir água ou Gatorade® na Mesa do Senhor, ou ter um papa, cardeais, superintendentes regionais e outros oficiais. Ela não diz que não devemos ter dias de jejum obrigatório, taxas anuais para os membros, velas, missas ou ritos especiais. Uma boa ilustração desse princípio é a arca e suas especificações. Sem declarar imperativos negativos, Deus proibiu Noé de construir outro tipo de barco ou o mesmo barco, porém com proporções diferentes. Noé fez tudo conforme o Senhor ordenou (Gênesis 6:22). O mesmo se aplica a Moisés com respeito ao tabernáculo (Êxodo 36:1; 40:16). Davi providenciou a Salomão a planta para a construção do templo que lhe foi dada por escrito por mandado do Senhor. (1 Crônicas 28:19). O mundo empresarial opera com base no princípio de que o silêncio é um sinal de proibição. Recentemente, na Internet, comprei uma passagem aérea para o Japão e paguei com cartão de crédito. Não foi necessário falar com ninguém, nem sobre o assento que eu ocuparia. Eu podia confiar que a empresa me mandaria somente a passagem que especifiquei. Eu sabia que eles entenderiam meu silêncio como um sinal de proibição para a compra de outros itens. Eles não me mandariam uma passagem para outro dia, outro horário ou para um destino diferente. Não me cobrariam por um almoço especial, um seguro ou material para leitura—somente pelo que eu especifiquei. Eles até poderiam cobrar outras coisas, pois tinham o número do meu cartão de crédito; mas entenderam que o silêncio não era um sinal verde. Quando levo meu carro para a troca de óleo, deixo-o ali confiante, sabendo que não receberei junto com a nota a cobrança de um jogo de pneus novos. Algumas lojas podem até tentar me vender os outros serviços que oferecem; mas sabem que o silêncio é um sinal vermelho. Precisam de autorização antes de fazerem qualquer coisa. O silêncio é sinal de proibição. No primeiro século, os apóstolos e presbíteros escreveram uma carta sobre pessoas que estavam insistindo para os gentios se circuncidarem. Eles alegaram que tais pessoas estavam fazendo isso “sem nenhuma autorização” (Atos 15:24). O silêncio dos apóstolos não era permissivo, mas proibitivo. O silêncio das Escrituras é uma parte da discussão em Hebreus. Na terra, Jesus não poderia ser um sacerdote porque a Lei nada dizia sobre sacerdotes da tribo de Judá (Hebreus 7:14). Um sacerdote dessa tribo era proibido pelo silêncio. O escritor também falou da superioridade de Cristo baseado em afirmações que Deus nunca fez sobre anjos (Hebreus 1:5). Algumas pessoas parecem persuadidas pelo seguinte raciocínio: “Eu li o Novo Testamento do começo ao fim e não encontrei nenhum versículo que diz que não pode haver música instrumental na adoração”. A falácia desse raciocínio torna-se evidente se aplicada a outros atos de adoração. O Novo Testamento não contém nenhuma passagem que diz que não se pode usar água na Mesa do Senhor em vez de vinho ou suco de uva. Quando o Senhor disse “o fruto da videira” (Mateus 26:29; Marcos 14:25; Lucas 22:18), isso eliminou o uso de qualquer outra bebida que não fosse vinho ou suco de uva, os quais provém do vinho. Usava-se incenso regularmente na adoração do Antigo Testamento. O incenso era oferecido no altar de incenso de manhã e à noite no tabernáculo, e depois no templo e é mencionado em Salmos 141:2 e Malaquias 1:11. Ele também é citado em Apocalipse 8:3 e 4. Não sabemos de alguma passagem no Novo Testamento que afirma que não podemos usar incenso na adoração da igreja, se quisermos”! Todavia, Deus não autorizou os cristãos a usarem incenso nos cultos. Também não encontramos nenhuma passagem no Novo Testamento que diga que a igreja não pode ter danças religiosas nos cultos. Algumas pessoas possuem um talento especial para dançar e agradam outros com suas apresentações públicas. Qual passagem proíbe a dança na adoração a Deus? Salmos fala de louvar o Senhor com dança (149:3; 150:4). A dança faz parte da adoração de alguns grupos religiosos da atualidade. Todavia, Deus nunca autorizou os cristãos a dançarem em adoração a Ele. Tendo lido e estudado o Novo Testamento desde a minha infância, nunca encontrei um versículo que diga para não aspergirmos bebês e chamarmos isso de batismo. Todavia, isso é universalmente praticado. Embora muitas vezes justificado pela afirmação de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos” (Mateus 19:14), há que se observar que Jesus não aspergiu as crianças. Ele pôs as mãos sobre elas e as abençoou. Os prérequisitos do batismo—crer e arrepender-se—são coisas que as crianças não podem fazer. A igreja existiu por séculos antes que o batismo infantil fosse introduzido. Semelhantemente, o Novo Testamento não autoriza o uso de instrumentos musicais na adoração da igreja. Essa é a razão para nos opormos. A falácia do tipo de raciocínio que estamos analisando é que ele presume que o que não é especificamente proibido no Novo Testamento é permitido. Falta nele a pergunta: “O que Deus quer?”, em vez de somente: “O que nós queremos?” Segundo esse raciocínio, se um ato é desejável aos olhos humanos, deve ser aceitável aos olhos de Deus. Ele ignora que Deus disse expressamente: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos” (Isaías 55:8). Em relação às tentativas dos antigos de adorar sacrificando crianças, Deus disse: “o que nunca lhes ordenei, nem me passou pela mente fizessem tal abominação” (Jeremias 32:35; veja 19:5). A revelação de Deus no Sinai continha algumas proibições específicas relatadas na forma absoluta: “Não matarás”, mas aquela não era uma lista abrangente de todas as coisas pecaminosas 3 que a mente humana pode tramar. Nossa primeira pergunta ao buscar na Bíblia a vontade de Deus não deve ser “Onde ela diz que não podemos?”, e sim: “Onde Deus diz que isto Lhe agrada?” A adoração dentro do Novo Testamento não tem o objetivo de agradar pessoas. Há um provérbio que diz: “Gosto não se discute”. A raça humana tem milhares de gostos. Quando eu me casei, descobri que o meu gosto e o da minha esposa nem sempre coincidem. Contudo, em nome da paz e do amor, aprendi a deixá-la satisfazer seus gostos às vezes. Paulo não descreveu que o objetivo da adoração é Deus aceitar o que as pessoas querem. Pelo contrário, nosso objetivo é levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10:5). O próprio Jesus não veio ao mundo para fazer Sua própria vontade, mas a dAquele que O enviou (João 6:38). COMO A ADORAÇÃO PODE AGRADAR A DEUS? Na adoração, Deus é Quem deve ser agradado. Paulo foi explícito ao declarar que em sua pregação ele não estava tentando agradar pessoas, mas Deus (1 Tessalonicenses 2:4). João falou de receber o que pedimos na oração porque guardamos os mandamentos de Deus e fazemos o que Lhe agrada (1 João 3:22). Jesus descreveu Seu próprio comportamento dizendo: “...porque eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8:29). A oração de Jesus no Getsêmani foi: “não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lucas 22:42). Cristo não agradou a Si mesmo (Romanos 15:3). O alvo de Paulo ao pregar não era agradar a homens, e sim a Deus (1 Tessalonicenses 2:4); da mesma forma, ele insistiu para que aqueles irmãos agradassem a Deus (4:1). Ele orou para que os colossenses vivessem vidas plenamente agradáveis ao Senhor (Colossenses 1:10) e escreveu negativamente sobre o alvo de agradar a si mesmo. Ele sugeriu que agradar o próximo é para o bem e para a edificação dele (Romanos 15:1). A palavra eujar¿ estoß (euarestos) é traduzida por “agradável” três vezes no Novo Testamento. O presente que os filipenses enviaram a Paulo quando ele estava em Roma era “aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Filipenses 4:18). É agradável ao Senhor que os filhos obedeçam aos pais” (Colossenses 3:20). Os servos 4 devem ser, “em tudo, obedientes ao seu Senhor, dando-lhe motivo de satisfação” não sendo “respondões” (Tito 2:9). A palavra eujdoki÷a (eudokia) também é vertida para “agradável” ou “grato”. A bênção da Epístola aos Hebreus inclui um pedido para que Deus capacite o leitor a fazer o que é “agradável” aos olhos de Deus (Hebreus 13:21). O saldado na ativa deve satisfazer, ou “agradar” (aÓre÷skw, aresko) aquele que o alistou (2 Timóteo 2:4). Isso não acontecerá necessariamente se o s0ldado fizer o que for de sua preferência. As Escrituras nos dizem qual é a vontade de Deus no que diz respeito à adoração. Se o Espírito Santo disser alguma coisa diretamente a mim enquanto eu estudo, medito, ensino ou prego, diferente do que eu li na Palavra de Deus, é porque estou sendo um ouvinte difícil. Sonhos também não podem revelar a vontade de Deus—aliás, eles geralmente são tão confusos que dificilmente eu confiaria neles. Tudo o que sei é que Deus disse: “entoando e louvando de coração ao Senhor” (Efésios 5:19; veja Colossenses 3:16). Ele disse: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13:15). Essas palavras não são obscuras. Quando queremos dar um presente especial a alguém, de nada valerá nossas melhores intenções se o artigo escolhido não for realmente o que a pessoa queria. Deus—e não o adorador— é quem deve ser agradado quando cantamos. Como descobrir o que Ele quer? Devemos deduzir que porque algo nos agrada também vai agradar a Deus? O que, então, é aceitável e agradável na adoração a Deus? Ele quer que nós, cristãos, cantemos e louvemos de coração. Muitos cristãos já tiveram ou têm contato com membros de diversos grupos religiosos. Geralmente é difícil para ambas as partes entrar em harmonia. Em todos esses grupos vemos pessoas dedicadas, estudiosas, que não medem sacrifícios, com altos padrões morais e elevados ideais. Também vemos pessoas distante dos ideais do grupo, assim como acontece conosco. Todos nós somos chamados para tornar os ensinos que seguimos atraentes aos outros através das vidas que levamos. Contudo, o que essas pessoas estão fazendo não está de acordo com a vontade de Deus. Somos chamados para fazer a Sua vontade independentemente do que os outros prefiram fazer. Josué expressou esse objeti- vo muito bem quando disse: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:15b). Perguntas Frequentes P: Como posso ter certeza de que Deus ouve e aceita os cânticos que eu canto nos cultos congregacionais? R: Deus ouve e responde aos que Lhe obedecem. “Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor” (Salmos 34:15; veja 1 Pedro 3:12); “O Senhor está longe dos perversos, mas atende à oração dos justos” (Provérbios 15:29). Durante Seu ministério pessoal, Jesus curou um mendigo cego (João 9:6–8). Em primeiro lugar, os judeus não acreditavam que ele fora curado. Depois, eles não queriam atribuir a cura a Jesus. Eles acusaram Jesus de pecador (João 9:24). Em resposta, o homem lhes disse: N Nisto é de estranhar que vós não saibais donde ele é, e, contudo, me abriu os olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende. Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito (João 9:30b–32). O homem que foi curado não era inspirado. Apesar disso, ele expressou uma verdade que é ensinada em outras passagens bíblicas. Observemos que ele não disse: “Eu sei”, mas: “Sabemos que Deus não atende a pecadores” (v. 31; grifo meu). Com “Deus não atende”, ele quis dizer “não atende ao pedido do pecador”. Isto é evidente porque ele mencionou que Deus curou-o por meio de Jesus. A verdade “Deus cura” teria sido reconhecida pelos judeus—não só porque era uma afirmação plausível, mas também por causa do que foi revelado no Antigo Testamento. Pedro citou Salmos 34:16 e aplicou-o à era cristã (1 Pedro 3:12). Deus ouve as orações dos justos, A Quem a Música da Igreja Deve Agradar? No âmago da discussão sobre a música instrumental na adoração está a questão: a quem nossa adoração deve agradar? Nossa principal preocupação é agradar aos gostos humanos, ou ao Senhor? Através dos séculos de existência da igreja, muito já se fez para satisfazer ao desejo humano pelo que é belo. Os tecidos coloridos das vestes eclesiásticas e das procissões e da arte nas catedrais atestam a crença de que os olhos de Deus veem a beleza como os olhos do homem. A falsa dedução é que se as pessoas gostam de determinada coisa, Deus deve gostar também. Isto não é sugerir que Deus Se agrada mais do que é feio, mas nem sempre vemos como Deus vê. Ao mesmo tempo, Jesus e Seus apóstolos estabeleceram o alvo de agradar a Deus. O propósito de Jesus na terra não era simplesmente agradar a Si mesmo (João 5:30). Paulo buscou agradar Aquele que o chamou. O objetivo dele não era agradar a pessoas ou a si mesmo. Muito do que se denomina adoração hoje não é essencialmente diferente de um concerto sinfônico ou de rock. Anúncios são elaborados visando apelar ao desejo por entretenimento. Precisamos perguntar a nós mesmos: “A adoração é uma atividade em que somos espectadores, ou é algo que fazemos?” Se a adoração é um sacrifício espiritual oferecido a Deus (o que estou convencido de que é)—“o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13:15)—então temos que aprender o que é culto aceitável (Hebreus 12:28). As próprias palavras “culto aceitável” implicam que existe culto inaceitável. Israel caiu nesse erro no tempo de Amós. Deus disse ao povo: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (Amós 5:23). Isto nos leva de volta à pergunta: “Como saber o que é aceitável ao Senhor na questão da música?” Sabemos que o Senhor mencionou o ato de cantar e o fruto de lábios, mas até agora ninguém mostrou que Ele disse alguma coisa no Novo Testamento sobre apresentações ou acompanhamentos musicais. Por que razão deveríamos pensar que eles são agradáveis a Deus? Alguém pode argumentar que, se os adoradores são sinceros e honestos, Deus se agradará? Os defensores da música a capela nos cultos a Deus solicitam uma dentre duas coisas muito simples: que os que querem música instrumental nos cultos mostrem onde o Novo Testamento autoriza tal uso, ou que mostrem porque essa autorização não é necessária. Jack P. Lewis 5 mas Ele vira o rosto para os que fazem o mal. Os mesmos princípios que se aplicam às orações certamente se aplicam à adoração ou ao culto ao Senhor. Se Deus recusa-Se a ouvir as orações de certas pessoas, podemos presumir que Ele não ouvirá os cânticos de adoração entoados por eles. Davi escreveu em Salmos: Se eu acalentasse o pecado no meu coração, o Senhor não me ouviria (Salmos 66:18; NVI). As orações de uma pessoa podem ser pecado e abominação aos olhos do Senhor: Suscita contra ele um ímpio, à sua direita esteja um acusador. Quando o julgarem, seja condenado; e, tida como pecado, a sua oração. (109:6, 7). Lemos em Provérbios 28:9: “O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Deus revelou que Ele não prestaria atenção a Israel nem responderia suas orações por causa de seus pecados. Isaías escreveu: Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue (1:15). Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação en tre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça (59:1, 2). Os judeus confiavam na justiça da Lei, mas isto se degenerou para um esforço de tornar-se justo através de seus próprios feitos, incluindo a meticulosa observância da Lei. Paulo escreveu o seguinte a respeito dos judeus: Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus (Romanos 10:2, 3). Sem Jesus, ninguém pode se apresentar como justo (veja Romanos 3:10). O caminho da justiça não é por meio da Lei, mas por meio da fé em Jesus (Romanos 3:21, 22). O caminho da justiça divina 6 não se baseia na razão humana nem na Lei dada por Moisés, mas na revelação de Deus por meio do evangelho (Romanos 1:16, 17). “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gálatas 2:21). Paulo disse que ele não buscava justiça na Lei (Filipenses 3:9). Se houvesse uma lei que pudesse tornar as pessoas justas, a Lei teria provido isto (Gálatas 3:21). Porque nenhum indivíduo possui justiça pessoal, Jesus possibilitou a justiça a cada um por meio de um só “ato” (Romanos 5:18, 19): Sua morte na cruz. Aqueles que estão “nEle”, que entram no Seu corpo por meio da fé e do batismo, são considerados justos perante Deus porque Jesus se “fez pecado por nós” (2 Coríntios 5:21). Ninguém é justo, exceto os que são justificados em Cristo. Toda Escritura que faz alusão ao momento em que passamos a estar em Cristo afirma que o batismo nos coloca em Cristo (Romanos 6:3; Gálatas 3:27). O batismo marca o momento em que entramos no corpo de Cristo, porém há mais aspectos envolvidos no processo do que somente o batismo. Entramos no corpo de Cristo no batismo, se aprendemos sobre Jesus (Atos 8:5, 35); se cremos em Jesus e no Seu sangue purificador (Marcos 16:16; Atos 8:12; 18:8; Romanos 3:24, 25); se nos arrependemos (Atos 2:38), o que envolve a decisão de mudar de vida e confessar nossa fé em Jesus (Romanos 10:9, 10). Tendo feito essas coisas, somos salvos quando somos batizados (Marcos 16:16; 1 Pedro 3:21). A essa altura, somos perdoados (Atos 2:38; Colossenses 2:12, 13) e nossos pecados são lavados (Atos 22:16). Uma nova vida sucede o batismo, pois quem foi batizado deve morrer e ressuscitar para uma nova vida com Cristo (Romanos 6:4; Colossenses 2:12, 13). Isto quer dizer que o batismo é mais do que um ritual vazio ou uma cerimônia religiosa em resposta a uma ordem de Deus. O batismo é mais do que aspersão ou derramamento de água sobre a pessoa, pois no batismo o crente entra num túmulo de água para participar do sepultamento e da ressurreição de Jesus, ressurgindo para começar uma nova vida com Cristo. Paulo admoestou Timóteo, que se tornara um seguidor de Jesus, a buscar a justiça (1 Timóteo 6:11; 2 Timóteo 2:22). Dessa maneira, os cristãos preservam a justiça recebida (1 João 3:7) tornando-se seguidores de Jesus. Quem não pratica a justiça não é de Deus (1 João 3:10). Só os obedientes, não os desobedientes, estão em Jesus (1 João 2:3–5). Mostramos nosso amor a Deus obedecendo aos Seus mandamentos. Isto é verdadeiro porque o amor a Deus nos motiva a obedecer (João 14:15, 21, 23). Quem obedece permanece no amor de Jesus (João 15:9, 10). Embora certas ações não provem necessariamente que amamos a Deus, seremos obedientes se verdadeiramente O amamos. Deus ouve o fruto de lábios (Hebreus 13:15); e, mais que isso, Ele ouve a melodia do coração (veja Isaías 29:13; Mateus 15:8; Marcos 7:6). Com certeza, Hebreus 13:15 não significa que a mera expressão verbal é adoração. A verdadeira adoração é uma expressão dos lábios que emana do coração. Vejamos os requisitos de Jesus que devemos seguir antes de Deus aceitar nossos esforços para adorá-lO: • Respeitar Jesus e ouvi-lO (Mateus 17:5). • Crer que Jesus é o Messias (João 8:24). • Conformar nossas vidas à Sua vontade (Mateus 16:24) nos arrependendo (Atos 3:19). • Admitir verbalmente que Jesus é Senhor (Romanos 10:9, 10). • Participar da Sua morte, sepultamento e ressurreição no batismo, seguido por uma nova vida (Romanos 6:4; Colossenses 2:12). • Viver uma vida justa (1 Pedro 3:12). • Adorar a Deus em espírito e verdade (João 4:23, 24). A justiça vem pela fé (Romanos 3:22), uma fé que motiva as pessoas a obedecerem a Deus. (Veja os exemplos em Hebreus 11:4–31.) “E aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável” (1 João 3:22). Aqueles que ouvem a Deus e a Sua vontade são aqueles a quem Deus ouve. Se ouvirmos a Deus e Lhe obedecermos, Ele ouvirá nossas orações e nossos cânticos de louvor. Owen D. Olbricht © Copyright 2011 by A Verdade para Hoje TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 7